Texto 4 Unidade Ii Os Contos de Fadas e A Formação de Valores Morias
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v. 4, no. 2
ISSN: 1983-3873
ABSTRACT: Fairy tales delight the readers through fantasy and wonderment, but, at the
same time, they also help children understand the world and provide symbolic support for
the formation of their moral and ethical values, because they handle dilemmas that are
intrinsic to the human growth and externalize their deepest feelings, from the most
primitive to the most sublime ones. Therefore, this article talks about a theoretical and
analytical study of fairy tales and moral values, based on researches in many different
fields such as Literature, Psychology and Psychiatry. Initially, it is shown a brief theoretical
background on this narrative genre, handling basic concepts and drawing an overview of
the sociocultural history of these narratives. Then, by way of illustration, a brief analysis of
morals presented by Perrault in the tales “The fairies” and “Cinderella” is taken. It is
noteworthy that the objective of this article is not to turn fairy tales into a functional object,
but to highlight their contribution to the formation of the values of the younger generations,
because, according to Walter Benjamin, this literary genre is currently the children's
adviser, as it was the first of mankind.
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1 Introdução
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da Bela Adormecida. Geralmente, estas últimas trazem uma ligação íntima com as forças
diabólicas e são conhecidas como bruxas ou feiticeiras.
No dizer da escritora infantil Kátia Canton, a explicação para o termo “conto de
fadas”, a despeito de nem todas as histórias apresentarem fadas, seria uma maneira de
marcar um tipo de conto.
Fadas foram criadas para diferenciar os contos de gente rica, que vivia
perto do rei, dos contos dos pobres, que moravam no campo. Personagens
mágicas, com roupas de tule branco, chapéus pontiagudos e varinhas de
condão, as fadas faziam um modelito na França do século 17, do mesmo
modo como o estilo punk ficou na moda nos anos 80. (CANTON, 1997,
p.15).
Se o adulto é capaz de ler um livro ou ver um filme que acabe mal, sem
deixar de apreciar o livro ou o filme, pelo aspecto puramente artístico, ou
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Essa autora não defende o final com a mais absoluta felicidade, mas acredita que a
amargura não deveria ser desenvolvida no espírito infantil, uma vez que o leitor infantil
ainda não sabe lidar com finais tristes para as personagens do bem. Ao ver seus
problemas personificados por heróis e heroínas dos contos de fadas, a criança renova
sua esperança de um futuro melhor quando o bem triunfa no final.
Por serem de tradição oral, os contos de fadas perdem-se na memória dos tempos
e os estudos atestam que a origem desse gênero é complexa e imprecisa.
Provavelmente, esses contos são oriundos das narrativas primordiais que ensinavam aos
homens como enfrentar os poderes divinos, controlar as forças da natureza e
compreender os segredos da alma humana. As pesquisas mais recentes vêm ampliando
o conhecimento das longas e emaranhadas trajetórias percorridas por essas narrativas
arcaicas, até se transformarem na literatura folclórica em cada canto do planeta e nos
contos de fadas para crianças.
Para a produção deste breve panorama histórico, buscou-se a maioria das
informações em Coelho (1984, 1987, 2003) e não há, aqui, a preocupação de mostrar a
trajetória exclusiva dos contos de fadas, uma vez que a história destes está associada a
dos contos maravilhosos e dos contos exemplares. Além disso, no passado, não havia a
distinção entre esses gêneros, nem mesmo por parte dos especialistas, as narrativas
eram agrupadas por títulos genéricos. No Brasil e em Portugal, essas histórias surgiram,
no fim do século XIX, como contos da carochinha, já o folclorista Câmara Cascudo
denominou-as contos de encantamento. E a verdade é que mesmo hoje todas essas
histórias são chamadas vulgarmente de contos de fadas ou contos maravilhosos.
Segundo Coelho (2003), dentre as descobertas mais importantes desenvolvidas
por historiadores, antropólogos, filólogos, etnólogos e outros pesquisadores, está o
cruzamento das várias pesquisas que acabou revelando as raízes desses contos de
expansão popular: a fonte oriental (procedente da Índia, séculos antes de Cristo) que vai
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se fundir, ao longo dos séculos, com a fonte latina (greco-romana) e com a fonte céltico-
bretã (na qual originaram as fadas). Sabe-se, portanto, que os contos de fadas são de
origem céltica, século II a.C., e surgiram como poemas que revelavam amores estranhos,
fatais, eternos. Originalmente, foram concebidos como entretenimento para adultos e
eram contados em reuniões sociais, nas salas de fiar, nos campos e em outros ambientes
onde os adultos se reuniam. Para alguns estudiosos, não continham lições de moral e
apresentavam fortes doses de incesto, canibalismo, estupro e adultério.
Contudo, a partir dos estudos filológicos e antropológicos, desenvolvidos na
Alemanha a partir do século XVIII, visando estabelecer a “língua oficial alemã” em meio
aos vários dialetos orais, descobriu-se que as narrativas ancestrais – contadas nos serões
familiares ou “ao redor do fogo”- mais do que um mero entretenimento, eram valiosos
instrumentos transmissores de valores de geração em geração, consolidando o Sistema
de comportamentos consagrados por determinado grupo social (COELHO, 2003).
Como literatura destinada ao público infantil, historicamente, os contos de fadas
tradicionais, bem como a Literatura Infantil, nasceram na França do séc. XVII na corte do
rei Luís XIV pelas mãos do erudito Charles Perrault. Naquela época, o escritor reuniu
narrativas orais na obra intitulada Histórias e Contos do tempo passado, com moralidades
(1697), mais conhecida como Contos de Mamãe Gansa, e destinou essa coletânea às
crianças, acrescentando-lhes uma moralidade conveniente aos princípios educacionais da
época. Nos contos registrados por Perrault, estão: A Bela Adormecida no Bosque,
Cinderela, Henrique do Topete, O Gato de Botas, O Pequeno Polegar, As fadas,
Chapeuzinho Vermelho e Barba Azul.
Segundo Benedetti (2012), a autoria desses contos publicados pela primeira vez
em 1697 foi atribuída pelo próprio Charles Perrault a Pierre Darmancour, seu filho, que
tinha então dezenove anos. O objetivo era escapar das críticas por parte de seus
opositores na famosa polêmica entre os defensores dos antigos e os dos modernos.
Somente partir de 1781, a obra passaria a ser definitivamente atribuída a Charles
Perrault.
A origem dos textos utilizados por Perrault não é datada. Como tudo o que
pertence à cultura popular, não tem paternidade nem certidão de
nascimento. No entanto, seus contos estão impregnados da época em
que foram fixados por escrito. Roupagens, costumes, conceitos e
preconceitos são do século XVII. E assim fixados chegaram até nós.
(BENEDETTI, 2012, p.13).
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Algumas dessas narrativas foram recontadas pelos Irmãos Grimm, Jacob (1785-
1863) e Wilhelm (1786 – 1859), filólogos, folcloristas, estudiosos da mitologia germânica,
que viajaram, no século XIX por todas as regiões de língua alemã, coletando, da memória
popular, antigas narrativas maravilhosas, lendas e sagas que transcreviam à noite. Esse
fantástico material foi usado de forma sensível e com preocupação de estilo, conservando
a ingenuidade popular, a fantasia e o poético em uma coletânea conhecida hoje como
Literatura Clássica Infantil. Dentre os contos mais conhecidos estão: A Bela Adormecida,
Branca de Neve e os Sete Anões, A Gata Borralheira, Chapeuzinho Vermelho, Rapunzel,
João e Maria e dezenas de outras histórias maravilhosas que correm o mundo.
Inicialmente foram publicadas avulsamente entre 1812 e 1822, e mais tarde reunidas no
volume Contos de fadas para crianças e adultos, conhecido também como Contos de
Grimm.
É importante ressaltar que, influenciados pelo espírito cristão que se firmava na
época romântica e cedendo à polêmica levantada por alguns intelectuais contra a
crueldade de certos contos, os Grimm foram retirando episódios de demasiada violência e
crueldade das várias edições de suas publicações ao longo dos anos. Assim, o público-
alvo foi mudando e a edição compacta, de 1825, reunia apenas histórias maravilhosas de
cunho educativo voltadas especificamente para as crianças.
O acervo da Literatura Infantil Clássica seria completado anos depois com os
Eventtyr, 168 contos publicados entre 1835 e 1877 pelo dinamarquês Hans Christian
Andersen (1805 -1875). Filho de sapateiro e lavadeira, Andersen obteve fama ainda vivo.
Sua vida foi como seus contos de fadas, onde meninos e meninas pobres passam por
terríveis humilhações e, como por magia, experimentam situações maravilhosas. Parte de
sua obra foi retirada da literatura popular, mas muitos contos são criação do próprio
escritor. Histórias como O Patinho feio, Os Cisnes Selvagens, A pequena Sereia e A
Rainha da Neve têm encantado várias gerações de crianças e adultos em versões
alemãs, francesas, italianas, espanholas, portuguesas, brasileiras... No universo literário
de Andersen, não há o ludismo, a alegria e a leveza existentes na maioria dos contos de
Perrault e Grimm. Exceto os poucos momentos de bom humor, predomina, na obra desse
escritor dinamarquês, um ar de tristeza ou dor, porém há uma grande ternura voltada para
os pequenos e desvalidos, como na emocionante A pequena vendedora de fósforos.
Atualmente, Andersen é consagrado como o verdadeiro criador da literatura infantil
romântica por ter conseguido a fusão entre o pensamento mágico das origens arcaicas e
o pensamento racionalista dos novos tempos. Além disso, ele é “[...] a primeira voz
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Como já foi dito, os contos de fadas têm sido fonte de estudo para especialistas de
diversas áreas. Ao fazer uma correlação analógica entre as coordenadas do universo
literário e do universo humano propostas pelo etnólogo e folclorista Wladimir Propp, é
possível compreender a fascinação que esses contos têm sobre o espírito humano. Mas
apesar de Propp (1992) ter aberto o caminho para uma renovação dos estudos dos
contos, a partir de uma nova proposta de análise estrutural e das significações do conto
fantástico russo, foram os estudos centrados na psicanálise de Jung, Freud e Bettelheim
que difundiram no ocidente uma certa maneira de abordar os contos de fadas.
A partir da década de 80 do século XX, os psicólogos infantis passaram a valorizar
os contos de fadas, utilizando-os na terapia de crianças para ajudar a resolver problemas,
levando-as à reflexão sobre os acontecimentos que se desenrolam nos contos. Dessa
forma, elas encontram nos contos de fadas valores humanos éticos e morais, o que as
leva a uma identificação com as personagens do bem e ao desejo de vencer o mal. No
processo de mediação de valores:
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relacionam aos sonhos e devaneios. Para Bettelheim (1980), os contos de fadas falam-
nos na linguagem de símbolos que representam conteúdos inconscientes. Seu apelo é
simultâneo à nossa mente consciente e inconsciente, a todos os seu três aspectos – id,
ego e superego – e à nossa necessidade de ideais de ego também. No conteúdo dos
contos, os fenômenos internos psicológicos recebem corpo de forma simbólica.
Nesse sentido, os contos de fadas podem contribuir para formação de valores,
porque a criança imagina que sofre com o herói suas provas e tribulações, e triunfa com
ele quando a virtude sai vitoriosa e o mal é derrotado. A criança faz tais identificações por
conta própria, e as lutas interiores e exteriores do protagonista imprimem moralidade
sobre ela (BETTELHEIM, 1980). Portanto, não cabe ao leitor (ou contador de histórias)
adulto explicar os significados e as lições de moral veiculados pelos contos de fadas. A
própria criança, leitora ou ouvinte, deve apreender os significados e valores veiculados
por esse gênero literário.
Além disso, o maniqueísmo que divide as personagens desses contos em boas ou
más, belas ou feias, poderosas ou fracas, auxilia a criança na compreensão de certos
valores básicos da conduta humana ou do convívio social. Essa dicotomia, se transmitida
na infância (até os nove ou dez anos) por meio de uma linguagem simbólica, não será
prejudicial à formação da consciência ética, pois para a Psicanálise, a criança é levada a
se identificar com o herói bom e belo, não devido à sua bondade ou beleza, mas por
sentir nele a própria personificação de seus problemas infantis: seu inconsciente desejo
de bondade e beleza e, especialmente, sua necessidade de proteção e segurança
(COELHO, 1984).
Sobre a presença do mal nos contos de fadas, ele é tão onipresente quanto as
virtudes. Para Cashdan, cada um dos principais contos de fadas é único, à medida em
que trata de uma predisposição falha ou doentia do eu. Após o era uma vez em um lugar
muito distante, os contos falam de vaidade, gula, inveja, luxúria, hipocrisia, avareza ou
preguiça - os sete pecados capitais da infância. “Embora um determinado conto de fadas
possa tratar de mais de um `pecado´, em geral um deles ocupa o centro da trama.” (2000,
p.28, grifo do autor). Isso pode ser visto na vaidade da Rainha Malvada em Branca de
Neve e na inveja das irmãs de Cinderela.
Em praticamente todos os contos de fadas, o mal recebe corpo na forma de
antagonistas e suas ações. Na ficção, ao contrário da vida real, essas personagens,
geralmente, são boas ou más, sem meio termos. Essa polarização, ao invés de prejudicar
a criança, auxilia-a na compreensão da diferença entre virtudes e maldades, o que seria
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Essa produção voltada para a formação moral das meninas da França do século
XVII é facilmente percebida nas produções de Perrault. O enredo do conto de fadas
Cinderela, apesar de possuir aproximadamente trezentas versões, segue a mesma
linearidade até hoje, isto é, a heroína é humilde, faz serviços domésticos, cuida do
borralho da lareira, sofre nas mãos da madrasta e das irmãs, até encontrar redenção
pelas mãos da Fada-madrinha e pelo casamento com o Príncipe. Na versão de Perrault,
nada se sabe sobre o pai de Cinderela, que exerce um papel insignificante, e a mãe
biológica faleceu. Entretanto, a madrasta e as irmãs postiças têm grande destaque na
trama. Bettelheim (1980) salienta que antes de Perrault escrever o conto Cinderela ou
Gata Borralheira, o termo “viver entre as cinzas” simbolizava o rebaixamento de um irmão
em detrimento de outro, independentemente do sexo dele. Também afirma que o termo
era atribuído a qualquer empregada suja, de condições precárias, cujo ofício era limpar as
cinzas da lareira.
Após essa narrativa, como era peculiar em suas Histórias e contos do tempo
passado, com moralidades (1697), obra conhecida também como Contos de Mamãe
Gansa, o autor acrescentou as seguintes moralidades em forma de versos:
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Moral
Na mulher a beleza é um raro tesouro,
De admirá-la ninguém cansa jamais;
Mas chamamos de graça algo que mais
Valor ainda tem prata ou ouro.
Outra moral
Por certo é uma grande vantagem
Ter inteligência e coragem,
Ser bem nascido, ter bom senso,
E outros dons mais, em rol imenso
Que o Céu nos dá como quinhão,
Mas tudo isso será vão
Para na vida ter sucesso, caso não
Houver para vos dar uma mãozinha
Algum bom padrinho ou madrinha
(PERRAULT, 2007, p. 114).
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uma problemática existencial. Segundo Coelho (1987, p.13): “Ou melhor, tem como
núcleo problemático a realização essencial do herói ou heroína, realização que, via de
regra, está visceralmente ligada à união homem-mulher.”
Nessa produção de Perrault (2007), o narrador conta que era uma vez uma certa
viúva que tinha duas filhas: a mais velha, parecida com a mãe em feições e gênio, era
má e feia; já a caçula por sua doçura, gentileza e bondade era o retrato do pai. Por isso,
a mãe tinha uma enorme aversão pela filha mais nova e todo o trabalho doméstico era
delegado para ela, inclusive ir duas vezes por dia buscar água em uma fonte que ficava a
duas léguas de distância da casa delas. Um dia quando a heroína estava na fonte,
apareceu uma fada disfarçada de pobre mulher e pediu água para ela. Muito gentil, a bela
moça disse “Pois, sim, minha boa senhora”, e serviu a água. Como recompensa, a Fada
concedeu-lhe o seguinte dom: “[...] a cada palavra que disserdes, saia de sua boca uma
flor e uma pedra preciosa.” Ao voltar para casa, a cada gentileza dita pela moça, saiam
rosas, pérolas e diamantes de sua boca. Espantada, a mãe quis saber a razão disso e
logo enviou sua filha mais velha para a fonte. Mas esta muito mal-educada insultou a
Fada que lhe pediu água e, como castigo, a cada falar da moça, saiam serpentes e sapos
horrendos de sua boca. Ao ver isso, a mãe expulsou a heroína de casa e esta
empreendeu uma longa e penosa viagem até encontrar o filho de um rei, que vendo sua
beleza, sua gentileza e de sua fala sair joias, casou-se com ela.
Após a narrativa, Perrault (2007, p.107) acrescentou as seguintes morais:
Moral
As pístolas e os Diamantes
Podem as Mentes fascinar;
Mas as palavras confortantes
Têm ainda mais força, e um valor sem par.
Outra Moral
A honestidade exige alguns cuidados,
E quer também alguma complacência,
Mas cedo ou tarde tem sua recompensa,
E em momentos até os menos esperados.
6 Considerações finais
Este estudo não pretendeu de forma alguma desmerecer o caráter maravilhoso dos
contos de fadas. Como já foi dito, sabe-se que o encantamento desse gênero reside na
magia, na fantasia, na obra de arte literária. O que se buscou aqui foi voltar o olhar para
seu aspecto moralizante, estabelecendo um diálogo, sobretudo, entre Literatura,
Psicologia, Psicanálise e Semiologia. Para isso, buscou-se respaldo nos trabalhos de
estudiosos dessas diferentes áreas, como Todorov, Coelho, Benjamin, Bettelheim, Freud,
Yung e Propp, dentre outros.
Procurou-se desenvolver um estudo, apresentando uma pesquisa bibliográfica
sobre alguns conceitos elementares, a história sociocultural desse gênero literário e a
visão de alguns especialistas sobre o tema em questão. Por fim, realizou-se uma breve
análise das moralidades expressas nos contos Cinderela e As Fadas, de Charles Perrault.
Contudo, é importante dizer que toda a riqueza dos contos de fadas fica
comprometida por adaptações, suavizações e alterações das versões originais por meio
de edições escritas ou cinematográficas que pasteurizam os clássicos, tirando sua
densidade, significação e revelação. Para Bettelheim (1980, p.12): “A aquisição de
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habilidades, inclusive a de ler, fica destituída de valor quando o que se aprendeu a ler não
acrescenta nada de importante à nossa vida.”
Por fim, espera-se que este trabalho possa estimular novas análises de valores
morais e éticos em outros contos de fadas clássicos e/ou modernos, seja confirmando ou
refutando a abordagem adotada neste artigo. Além disso, sugere-se também uma
investigação de caráter qualitativo, nas áreas de Educação e/ou Ensino de Literatura, por
meio de uma pesquisa de campo para verificar se/como os contos de fadas estão sendo
abordados na escola e no contexto familiar.
Referências
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CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura infantil: teoria e prática. 5 ed. São Paulo:
Ática, 1986.
OLIVEIRA, Cristiane Madanêlo de. A desconstrução do medo de bruxa na literatura
infantil contemporânea. Disp. em: http://www.graudez.com.br/litinf/trabalhos/terror.htm.
Acesso em: 15 maio 2013.
PERRAULT, Charles. Contos e fábulas. Tradução e posfácio de Mario Laranjeira. São
Paulo: Iluminuras, 2007.
PROPP, Wladimir. Morfologia do conto. 3. ed. Lisboa: Veja, 1992.
TODOROV, Tzvetan. A narrativa fantástica. In: As estruturas narrativas. 2. ed. São Paulo:
Perspectiva, 1979.
WINCH, Christopher; GINGELL, John. Dicionário de filosofia da educação. Tradução de
Renato Marques de Oliveira. São Paulo: Contexto, 2007.
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