Aula 01 - Gestao de Recursos Hidricos

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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE SONGO

DISCIPLINA: CÁLCULO HIDROLÓGICO

GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS


GESTÃO DE RECURSOS HIDRICOS

É o equilíbrio entre DISPONIBILIDADE


(oferta) e DEMANDA (usos) e teve o
seu inicio na decada de 60.

Utilização de um conjunto de medidas estruturais (barragens, canais, adutoras,


etc.) e não-estruturais ( leis, regulamentos, instituições, taxas, etc.) para uso
benéfico da água pela sociedade e pelo meio natural.
Devido a complexidade das interações entre as diversas utilizações da água e as
consequências sociais, económicas e ambientais decorrentes para obter o máximo
beneficio colectivo e sustentabilidade há uma necessidade de gestão integrada dos
recursos hidricos como uma forma de minimizar os conflitos de uso.
Demanda (usos da água)

• Usos não-consuntivos: não há consumo significativo.

– Geração de energia eléctrica

– Navegação fluvial

– Recreação e harmonia paisagística

– Aquicultura e Pesca

– Diluição e transporte de esgotos

– Preservação da biota aquática

– Alguns usos industriais (lavagem, resfriamento)


Demanda (usos da água)

• Usos consuntivos: aqueles que efetivamente consomem água, pois o


volume captado é maior que o devolvido ao corpo hídrico. Exemplos:

– Abastecimento público (doméstico e industrial)

– Dessedentação (abeberamento) animal

– Produção de alimentos com irrigação


Disponibilidade (oferta)

• Quando as demandas dos usuários não são plenamente atendidas, diz-se


que a bacia enfrenta problemas de disponibilidade hídrica.

• O pleno atendimento às demandas pode ser comprometido sob dois


aspectos:

– Quantitativo:

Há água suficiente para todos os usos?

– Qualitativo:

A qualidade da água disponível é apropriada ao uso pretendido?


Disponibilidade (oferta)

• Formas de avaliar a disponibilidade hídrica em termos quantitativos:

a) Disponibilidade hídrica per capita em m3 /hab/ano (Banco Mundial):

– Menos de 1.500 m3 /hab/ano Crítico

– Entre 1.500 a 2.500 m3 /hab/ano Pobre

– Acima de 2.500 m3 /hab/ano Confortável

b) Razão entre demanda total e vazão média:

𝑄𝑅𝐸𝑇𝐼𝑅𝐴𝐷𝐴 Somatória das vazões retiradas a montante


𝑄𝑀𝐿𝑇
= Qmédia de longo período na seção

Se <5% Excelente. Requer pouca ou nenhuma atividade de gestão.

De 5 a 10% Confortável. Pode haver problemas locais.

De 10 a 20% Preocupante. Gestão necessária, médios investimentos.

De 20 a 40% Crítica. Gestão indispensável e grandes investimentos.

Se >40% Muito crítica.


E quanto à qualidade

Há vários índices de avaliação da qualidade. Exemplos:

• Índice de Qualidade da Água (IQA): avalia a qualidade para abastecimento


público segundo parâmetros de qualidade.

• Índice de Estado Trófico (IET): Avalia o potencial de eutrofização do corpo


hídrico a partir dos valores de 𝑃𝑇𝑂𝑇𝐴𝐿

CARGA ORG. LANÇADA


• Capacidade de assimilação de esgotos =
CARGA ASSIMILÁVEL
• Índice de Preservação da Vida Aquática (IVA);

• Índice de Qualidade de Água Bruta para Abastecimento Público (IAP)


Agenda para a acção – Conflitos pelo uso da água

• Aumento da participação dos usuários por meio de fóruns apropriados


para negociação transparente de conflitos
• Criação de entidades mediadoras supra setoriais
• Melhoria da base de informações disponíveis para conferir maior
segurança às decisões
• Definição de regras claras para racionamento nos períodos críticos em
que a escassez gera os conflitos

Nota: Uso múltiplo integrado (ex. Uma barragen para vários fins)
• Vantagen de atender vários fins para um mesmo sitema
• Desvantagem são de carácter gerencial, conflito entre usuários
Conferências das nações unidas em Mar del Plata
em 1977

• Considerou a gestão da água numa abordagem holística (como todo) e


abragente

• Na conferência discutiram-se temas chaves como: avaliação das


disponiblidades e das utilizações da água; eficiencia na utilização;
cheias e secas; ambiente, saúde e poluição; políticas, planeamento e
gestão; informação pública, educação, formação e investigação; e
cooperação regional e internacional.
Conferências de Dublin sobre água e ambiente
em 1992
Antecedeu a Cimeira do rio sobre o Ambiente e Desenvolvimento

Na conferência de Dublin foram proposto 4 princípios:

1. A água doce é um recurso finito e vulnerável, essencial para sustentar a


vida, o desenvolvimento e o ambiente

2 O desenvolvimento e a gestão dos recursos hídricos devem utilizar uma


abordagem participativa, envolvendo os utentes da água, planificadores e
fazedores de política a todos níveis

3. As mulheres desenpenham um papel central na provisão


(fornecimento), gestão e preservação da água

4. A água tem um valor económico em todas suas utilizações copetivas e


deve ser reconhecida como um bem economico
Outros dois princípios consensuais incorporados
nas legislações nacionais:
• Utlizador-pagador (consumo urbano “doméstico, público e
comercial”, consumo industrial, irrigação através duma
combinação de tarifas e taxas aplicadas de acordo com as
condições e a legislação de cada pais)
• Puluidor pagador visa preservar os ecossistemas aquáticos
e garantir a qualidade da água, promovendo a
internalização dos custos de tratamento dos efluentes e
dificil aplicar em paises em via de desenvolvimento pela
falta de recursos humanos, laboratórios, equipamentos e
recursos financeiros.
Grandes reuniões internacionais

• World Water Forum, organizados trinalmente a partir de


1997, e a conferência internacional sobre água, Bona,
2001, permitiram consolidar o conceito de gestão
integrdada dos recursos hídricos e avançar na sua
concretização em grande número de países.
Cimeira Mundial do Desenvolvimento Sustentável

Realizado em Johanesburgo, 2002, plano de inplementação aprovado


(UN, 2002) se refere permenorizadamente a gestão integrada de recursos
hídricos

Aspectos importantes referidos na cimeira:

• Programas, planos e estratégias nacionais e regionais para a gestão


integrada de bacias hidrográficas e águas subterrâneas;

• Medidas de aumentar a eficiência das infraestruturas hidráulicas,


reduzir perdas e aumentar a reutilização da água

• Instrumentos de política, incluindo regularização, monitorização,


medidas de mercados, mobilização social, gestão da terra,
recuperação de custos;
Cimeira Mundial do Desenvolvimento Sustentável
• Eficiencia da utilização da água e promoção da sua alocação dando prioridade a
satisfação das necessidades básicas e balaceando a necessidade de conservação
das necessidades de consumo domésticos, industrial e agrário;

• Programas para a mitigar os efeitos de cheias e secas

• Desenvolvimento de fontes de água não convencionais (dessalinização da agua do


mar, reutilização)

• Parcerias públicas privadas;

• Envolvimento de todas partes interessadas

• Apoio aos paises em desenvolvimento para monitorização e avaliação dos seus


recursos hídricos (quantidade e qualidade), com a expansão das redes e bases de
dados;

• Melhoria contínua da gestão da água e da compreensão do cíclo hidrologico,


através da utilização de tecnologias mais avançadas e do reforço da cooperação
internacional
Principais objectivos da gestão integrada dos recursos
hídricos (Correia, 2003b)

• Assegurar água suficiente para satisfazer as várias necessidades e


ajustar as necessidades as disponibilidades

• Proteger a sociedade de desastres naturais ou causadas pelo homem,


designadamente cheias, secas e poluição acidental, prevenindo ou
mitigando as suas consequências

• Garantir a longo prazo as origens da água, especialmente através da


preservação e melhoria da qualidade das massas de água e dos
ecossistemas delas dependentes
Boa gestão de recursos hídricos

• Uma boa gestão de recursos hídricos consiste


essencialmente em garantir um permanente
ajustamento entre a disponibilidade e necessidades
em termos de quantidade e qualidade, no espaço e
tempo, de maneira económica e socialmente viável,
satisfazendo de modo apropriado as funções
ambientais da água e dos ecossistemas dela
dependentes
Disponibilidade de água, procura e reserva ambiental
Gestão Integrada de Recursos Hídricos

A integração é um conceito chave subjacente à directiva Quadro da


Água, devendo considerar-se diversas dimensões de integração:
• Integração de todos recursos hídricos conjuntamente à escala da
bacia (águas superficiais, subterrâneas, zonas húmidas, recursos
hídicos costeiros)
• Integração dos objectivos ambientais de proteção de ecossistemas
aquáticos de elevado valor e assegurar um bom estado das águas
• Integração das várias utilizações e funções (água para saúde,
consumo humano, ambiente, sectores económicos, para
transporte, lazer ) num quadro político comum
Gestão Integrada de Recursos Hídricos
• Integração das diversas disciplinas e conhecimentos numa abordagem multi e
transdisciplinar

• Integração da legislação da àgua num quadro comum e coerente a nível


nacional, regional e internacional

• Integração de todos aspectos significativos de gestão e ecológicos relevantes


para o planeamento sustentável das bacias hidrograficas, incluindo a proteção
e preservação de cheias

• Integração de um leque de medidas: estruturais, de exploração de


infraestruturas económicas e financeiras, legislativas e regulamentadoras, de
desenvolvimento instituicional

• Integração das partes interessadas e da sociedade civil nos processos de


análise e decisão;
Diversas Divisões da integração
Necessidade do envolvimento das partes interessadas
Principais funções da gestão integrada dos recursos hidricos

• Monitorização dos recursos hídricos: recolha e processamento de informação


das componentes do cilco hidrológico incluindo a qualidade da água para
conhecer a situação de disponibilidade

• Controlo da poluição: prevenir a ocorrência da poluição por ser difícil combater,


caso não aplicar o princípio de poluidor pagador, é facil actuar sobre poluição
pontual ex. Resultante da rejeição de efluêntes industriais do que difusa
resultante da drenagem de áreas agricolas intensivas ou falta de ETEs nas
áreas periurbana

• Atribuição do direito da utilização da água: deve obedecer bases legais, definir


volumes de captação, verficar a eficiencia, contributo económico e social

• Gestão de cheias e secas; gestão económica; gestão da informação;


envolvimento das partes interessadas; planeamento dos recursos hídricos.
Planeamento dos recursos hídricos
• Boa gestão implica um adequado plano, todas as intervenções devem
serem analisadas, debatidas e acordadas por consenso pelas partes
interressadas . A Lei de Águas, Lei n⁰ 16/91.
• Comité de Bacias promove o envolvimento das partes interessadas
• Plano de gestão de bacias hidrográficas. A bacia é a unidade básica
de gestão de recursos onde se verifica a relação ocorrência e
utilização. Política de Águas de Moçambique, 2007.
• O plano de gestão da bacia exige o conhecimento da bacia
(demografia, aspectos socioeconómicos e ambientais, características
fisiográficas e hidrológicas, infraestruturas hidráulicas, consumo e
procura de água, ocupação de solo…)
Componentes do processo de planeamento de recursos hídricos
Instituições ligadas a área de recursos hídricos em Moçambique

Orgãos competentes
Centrais: MOPH&RH , DNA
Regionais: ARAs

Gestão Delegada
FIPAG
CRA
Adm. infra-estr Ag . e San.
Planeamento dos recursos hídricos usando modelos matemáticos

• Os modelos são utilizados para apoiar na identificação e avaliação de


alternativas para satisfazer os diversos objectivos de planeamento e gestão

• Os modelos fornecem uma via eficiente para análise de informação com vista a
predição, em termos de espaço e tempo, das interações e impactos das várias
componentes da bacia hidrográfica para diversas alternativas de projectos e
regras de exploração. Nota: Os modelos produzem informações e não
decisões.
Importância da Hidrologia

• Dimensionamento de obras hidráulicas

• Aproveitamento de recursos hídricos

• Controlo e previsão de inundações

• Controlo e previsão de secas

• Controlo de poluição

• Qualidade ambiental
Problemas Típicos

• Qual é a vazão máxima provável em um local proposto para uma


barragem?
• Qual é a disponibilidade de água de um rio e como ela poderá variar entre
estações e de um ano a outro?
• Qual é a relação entre a quantidade de água superficial e a água
subterrânea?
• Qual é a vazão mínima de um rio que é igualada ou superada 90% do
tempo?
• Qual é o volume de um reservatório necessário para garantir uma
determinada vazão a jusante?
• Qual é o tamanho adequado de um reservatório de armazenamento para
limitar as inundações a jusante a um nível pré-estabelecido?
Problemas Típicos
• Qual deve ser a capacidade de um canal ou de um aqueduto para evitar
inundações em determinadas áreas?

• Quais são o “hardware” (sensor de chuva, p. ex.) e o “software” (modelo


computacional) necessários para a previsão de cheias em tempo real?

• Qual é vazão necessária para manter uma determinada espécie ou um


ecossistema em um rio?

• Quanto tempo a planície adjacente a um rio deve ficar inundada para que se
complete o processo reprodutivo de uma determinada espécie?

• Como as mudanças de regime hidrológico decorrentes das atividades


humanas podem afectar as variáveis físicas de que dependem os
ecossistemas?
Fim da aula!

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