A Intertextualidade Entre Os Textos "A Um Poeta" E "Surge Et Ambuala" Da Autoria de Antero de Quental E Rui de Noronha

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A INTERTEXTUALIDADE ENTRE OS TEXTOS “A UM

POETA” E “SURGE ET AMBUALA” DA AUTORIA DE


ANTERO DE QUENTAL E RUI DE NORONHA

Enísio CUAMBA1

RESUMO
Discutir a intertextualidade implica, antes de mais nada, olhar para uma
série de conceitos como os de texto, dialogismo e paráfrase. O primeiro,
porque está ligado a uma discussão ampla nos dias que correm, afinal só
há cerca de cinquenta anos atrás a Linguística Textual colocou este conceito
no centro dos seus estudos. O segundo tem uma relação intrínseca com o
tema que pretendemos abordar na medida em que qualquer enunciação tem
carácter social e é sempre dirigida a um interlocutor em uma dada situação de
comunicação, originando um efeito intertextual que marca o carácter heterogéneo
de qualquer texto. O terceiro e último item, é a paráfrase que se relaciona com a
intertextualidade pelo fato de exigir que o parafraseador mantenha um desvio
mínimo e preserve a continuidade da ideologia dominante versada pelo
intertexto. Na verdade, a intertextualidade é um conceito amplamente utilizado em
trabalhos de literatura e linguística para referir textos que têm relações entre si. O
presente artigo pretende verificar como se dá a intertextualidade nos textos “A um
poeta” e “Surge et ambuala”, adoptando um dos modelos sugeridos por Santʼanna
(2003). Ao longo da análise, ficou provado que a intertextualidade é um
mecanismo que garante a heterogeneidade do texto. Também ficou claro
que há uma relação intertextual, entre os textos supracitados, centrada na
paráfrase, enquanto desvio mínimo, gerado pela retomada de elementos de
um texto no outro.

PALAVRAS-CHAVE
Intertextualidade; Dialogismo; Paráfrase.

1Doutorando em Letras/Linguística pela Universidade Estadual de Maringá – UEM. Membro do Grupo de Estudos em Análise do
discurso da UEM – GEDUEM/CNPq. E-mail: [email protected].
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1 INTRODUÇÃO

A adopção de construções intertextuais, como uma estratégia de


enriquecimento da escrita literária e como um mecanismo de construção
heterogénea do texto, é bastante comum no gênero soneto como em outros gêneros
textuais. Assim, nos textos que nos propomos a analisar, a intertextualidade parece
ser o elemento de convergência entre ambos, pois verifica-se um diálogo entre os
textos “A um poeta”, de Antero de Quental e “Surge et ambula” de Rui de Noronha.
Ao optarmos por aqueles dois autores, tivemos em consideração o fato de
existirem em Moçambique várias alusões à relação entre a Literatura Portuguesa e a
Literatura Moçambicana, mas nunca evidenciadas com base em textos concretos.
Assim sendo, sentimos a necessidade de trabalhar em prol dessa relação.
Para tal, guiamo-nos pelos seguintes objetivos: verificar como se dá o
processo de intertextualidade entre os textos “A um poeta” e “Surge et ambula”;
identificar o modelo de análise dessa intertextualidade e fundamentar em torno das
razões da ocorrência dessa intertextualidade.
Atualmente, tem crescido bastante as discussões académicas voltadas para a
noção de texto, o que, de certa forma, revela que foram abandonadas as reflexões
que se limitavam ao nível da frase pois, tais abordagens mostravam-se insuficientes
para dar conta dos diversos sentidos envolvidos no texto. Consequentemente,
começam a surgir interesses em temas como contexto situacional e discursivo,
coesão, coerência, intertextualidade e dialogismo.
É nesse diapasão que enquadramos o presente artigo, questionando sobre
como é que se constrói a intertextualidade entre os textos supracitados.
A seguir, apresentamos algumas reflexões em torno do conceito de texto.

2 CONCEITO DE TEXTO

Como referimos na seção anterior, atualmente, há um interesse crescente nos


estudos do texto. Mas nem sempre foi assim, pois durante muito tempo a Linguística
Estrutural ocupou-se fervorosamente da língua como sistema e código, com função
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meramente informativa. Nessa perspectiva, a frase assumia um papel relevante, afinal


era o elemento delineador do estudo da linguística.
Para a emergência da Linguística do Texto, foram identificados três momentos
da sua constituição, a saber: a) a análise transfrástica cuja orientação estava voltada
para fenómenos que não foram explicados pelas teorias sintáticas e/ou pelas teorias
semânticas que ficassem limitadas ao nível da frase; b) a construção de gramáticas
textuais cuja essência girava em torno da descrição da competência textual dos
falantes por influência do sucesso da gramática gerativa; c) as teorias do texto que o
concebem como um processo resultante de operações comunicativas e processos
linguísticos em contextos sociocomunicativos (BENTES, 2005).
Nos primeiros dois momentos iniciais, pensava-se que as propriedades
definidoras do texto estivessem vinculadas ao material linguístico, ou seja, existiriam
textos e não-textos. Em torno dessa perspectiva, o conceito de texto mais adaptado a
esta fase seria o de Stammerjohann (1975) citado por Fávero e Koch (2000, p. 18):

Sobre o termo texto, […] se trata do conceito central da Lingüística e


da Teoria de Texto, abrangendo tanto textos orais quanto escritos
que tenham como extensão mínima dois signos lingüísticos, um dos
quais, porém, pode ser suprido pela situação, no caso de textos de
uma só palavra, como “socorro!”, sendo sua extensão máxima
indeterminada.

Essa definição privilegia os aspectos formais do texto como a extensão e os


constituintes, colocando de lado elementos como a natureza sígnica (poema, filme,
pintura, etc.).
Como forma de abarcar as áreas excluídas por aquela conceituação de texto, a
Linguística Textual avança, tratando o texto como “um ato de comunicação unificado
num complexo universo de ações humanas”2. Desta forma, quando falamos de texto,
envolvemos todo um conjunto de materialidades que vão a partir das verbais até
não-verbais, desde que sejam resultantes da comunicação humana.
Nesse contexto, Fávero e Koch (2000, p. 25) apresentam uma noção de texto
abrangente que permita trabalhar textos verbais e verbais:

2
KOCH, I. G. V. O texto e a construção de sentido. São Paulo: Contexto, 1997.
40

[…] texto, em sentido lato, designa toda e qualquer manifestação da


capacidade textual do ser humano, (quer se trate de um poema, quer
de uma música, uma pintura, um filme, uma escultura, etc.), isto é,
qualquer tipo de comunicação realizado através de um sistema de
signos. […] o texto [em sentido estrito] consiste em qualquer
passagem, falada ou escrita, que forma um todo significativo,
independentemente da sua extensão.

Dessa forma, a conceituação de texto já não se limita exclusivamente a


passagens orais e escritas. Abre-se espaço para outras manifestações humanas que
vão desde a codificação oral e escrita até as formas artísticas como as artes plásticas
e a música. Essa ampliação conceitual permite que os estudos linguísticos possam
abarcar outras materialidades.

3 DIALOGISMO E INTERTEXTUALIDADE

A questão da heterogeneidade discursiva foi trazida inicialmente por Bakhtin,


revolucionando os estudos da linguagem. Para ele, todo o discurso é dialógico por
natureza, o que significa que o carácter dialógico da linguagem é o elemento
constitutivo da língua na sua vertente prática, como se pode ilustrar nas palavras do
autor:

A verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema


abstrato de formas linguísticas, nem pela enunciação monológica
isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo
fenómeno social da interação verbal, realizada através da enunciação
ou das enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade
fundamental da língua (BAKHTIN, 1992, p. 123).

Seria relevante frisar que para o autor, a concepção de diálogo extravasa os


limites da conversa feita em tom alto face a face entre dois ou mais interlocutores,
por isso não se pode confundir com o diálogo vulgar. Assim, qualquer ato de fala
constitui um elemento da comunicação verbal, consequentemente todo o discurso é
marcado por traços dialógicos.
O dialogismo é também concebido como sendo o espaço de interação entre
dois interlocutores num texto. Nessa perspectiva, cada interlocutor (eu - tu)
desempenha um papel relevante na constituição do sentido, afinal o “tu” é sempre
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responsável pela definição da “eu”, ou seja, nenhuma palavra é exclusivamente nossa,


o que quer dizer que cada palavra resulta da perspectiva de outra voz.
A noção de dialogismo comporta dentro de si o “diálogo entre os muitos
textos da cultura, que se instala no interior de cada texto e o define” (BARROS, 1999).
Dessa forma, esse diálogo entre vários textos que circulam no mundo materializa a
intertextualidade.
Para finalizar esta seção, pretendíamos falar, em linhas breves, da paráfrase.
Como refere Santʼanna (2003), não encontramos uma história para o termo para –
phrasis, que no grego designava a continuidade ou a repetição de uma sentença. A
não-história do termo, conforme o autor, é compreensível porque a história
frequentemente se debruça por aqueles que provocam ruptura e corte, criando
alguma invenção ou descontinuidade.
Do ponto de vista de vozes, a paráfrase seria um discurso sem voz, pois quem
fala traz o que o outro já disse. Na paráfrase, o posicionamento do texto novo é
sempre o mesmo que o do intertexto na medida em que quem parafraseia deve
manter a ideologia dominante que pauta pela manutenção da identidade, como o
autor refere, “na paráfrase não há a tensão entre os dois jogadores, é como se
estivessem jogando o mesmo jogo, do mesmo lado.” (SANTʼANNA, 2003, p. 30).
Neste contexto, o parafraseador é obrigado a estabelecer um paralelismo
entre os dois textos. É por isso que o autor que temos vindo a citar identifica a
paráfrase com a intertextualidade por semelhança.
Santʼanna (2003) aponta três modelos de interpretação deste fenómeno dos
quais só o segundo nos interessa por ser o que mais se ajusta a nossa análise. Esse
modelo apresenta três componentes: a paráfrase (desvio mínimo), estilização (desvio
tolerável) e paródia (desvio total).
Se olharmos para os textos de que dispomos, veremos que entre ambos há
uma relação parafrástica centrada no desvio mínimo, pois o autor do texto novo
prima pela manutenção do idêntico, como veremos mais adiante.
42

4 ANÁLISE DOS TEXTOS: PRÁTICAS INTERTEXTUAIS

Iniciaremos esta seção apresentando os textos “A um poeta” e “Surge et


ambula”, para depois discutirmos a intertextualidade do ponto de vista de forma e de
conteúdo.

A um poeta Surge et ambula


Surge et ambula
Tu, que dormes, esse espírito sereno, Dormes! e o mundo marcha, ó pátria do
Posto à sombra dos cedros seculares, mistério.
Como um levita à sombra dos altares, Dormes! e o mundo rola, o mundo vai
Longe da luta e do fragor terreno, seguindo…
O progresso caminha ao alto de um hemisfério
Acorda! É tempo! O sol, já alto e pleno, E tu dormes no outro o sono teu infindo…
Afugentou as larvas tumulares…
Para surgir do seio desses mares, A selva faz de ti sinistro ermitério,
Um mundo novo espera um só aceno… onde sozinha à noite, anda rugindo…
Lança-te o Tempo ao rosto estranho vitupério
Escuta! é a grande voz das multidões! E tu, ao Tempo alheia, ó África, dormindo…
São teus irmãos, que se erguem! são
canções… Desperta. Já no alto adejam negros corvos
Mas de guerra… e são vozes de rebate! Ansiosos de cair e de beber aos sorvos
Teu sangue ainda quente, em carne de
Ergue-te pois, soldado do futuro. sonâmbula…
E dos raios de luz, do sonho puro,
Sonhador, faze a espada de combate! Desperta. O teu dormir já foi mais do que
Antero de Quental (Sonetos completos, 1864-74) terreno…
Ouve a voz do Progresso, este outro nazareno
Que a mão te estende e diz: - África surge et
ambuala!
Rui de Noronha (África nº 1 Lourenço Marques 8/12/36)

Os textos apresentados são da autoria de Antero de Quental e de Rui de


Noronha, poetas português e moçambicano, respectivamente. Antero de Quental e
toda a geração de 70, em Portugal, persistiram na estética do considerado terceiro
romantismo cuja essência girava em torno do apelo social que mais tarde abriu o
caminho para o culto do sentimento de inquietação intelectual. Rui de Noronha
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assume, na Literatura Moçambicana, o papel de precursor, ou seja, o poeta da


transição entre as fases iniciais da literatura em que grande parte das poesias
produzidas eram feitas sem vinculação ao universo cultural moçambicano. A partir
dele, os textos literários começam a incluir o universo cultural nacional (MENDONÇA,
1988).
No que concerne aos textos, como ponto de partida, incidiríamos sobre os
aspectos formais. Em “Surge et ambula”, Rui de Noronha copia o modelo típico de
Antero de Quental como se pode ver no texto “A um poeta”, ambos adoptam o
gênero soneto cuja característica central é apresentar duas quadras e dois tercetos.
Essa prática revela o carácter heterogêneo do texto de Rui de Noronha.
Do ponto de vista rimático, ambos os textos apresentam concordância no final
dos versos, como ilustram os esquemas das duas primeiras estrofes de cada texto:
abab, abab e abba, abba.
No que tange aos títulos, podemos dizer que o texto “surge et ambula” serve
se do subtítulo do texto “A um poeta”. Por outras palavras, houve citação do
intertexto “surge et ambula”. Esta retomada do subtítulo reforça a legitimidade
daquele poeta emergente, pois a imitação de um “clássico da literatura portuguesa”
revelaria prestígio na sua época.
Diante do que constatamos até agora, fica claro que existe uma relação
intertextual entre os dois textos em análise. Essa relação está voltada para a paráfrase
ou intertextualidade por semelhança como refere Santʼanna (2003). Assim, o modelo
em voga seria o segundo que concebe a paráfrase como desvio mínimo, afinal o
parafraseador faz uma “imitação” dos aspectos formais do texto. Sobre a imitação,
podemos referir que é uma das técnicas da poesia clássica que garantia a
dialogicidade dos textos. Consequentemente, essa imitação de aspectos formais é
responsável por conferir ao texto o seu carácter heterogéneo (a voz de Antero de
Quental marcada/ecoando na produção textual de Rui de Noronha).
Quanto aos aspectos de conteúdo, podemos dizer que o texto de Rui de
Noronha vai buscar em Antero de Quental uma espécie de conflito interior do “eu”,
gerado, no contexto europeu, pelo fato de os jovens não querem se envolver na
guerra colonial que se intensificava nas colónias, como se pode ler nos seguintes
versos: “Tu que dormes, espírito sereno,/ Ergue-te pois, soldado do Futuro,/
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Sonhador, faze a espada de combate!”. Esses versos ocorrem no texto de Rui de


Noronha sob a forma de um intertexto mais acessível a variante linguística
moçambicana e ajustados àquele universo sócio-cultural, nos seguintes termos:
“Dormes! e o mundo marcha, ó pátria do mistério…/ Desperta. O teu dormir já foi
mais do que terreno…/ Ouve a voz do Progresso, este outro Nazareno.” Lendo
minuciosamente os versos, compreende-se que tanto em Portugal, quanto em África
havia gente dormindo, pelo que era necessário acordar essas pessoas para a guerra e
o progresso daí resultante. Para os africanos havia que tomar consciência do seu
subdesenvolvimento e lutar pelo progresso e autonomia a vários níveis. Em suma, há
uma relação intrínseca entre os dois textos.
Do ponto de vista estilístico e lexical, o texto “Surge et ambula” também
resgata elementos do texto “A um poeta”. Ambos os textos retomam
intertextualmente os verbos no subjuntivo e imperativo: “Dormes…, Lança-te…,
Desperta…, Ouve…” e “…dormes…, Acorda…, Escuta…, Ergue-te… ”. Há uma relação de
paralelismo típico da paráfrase na seleção vocabular que vai da constatação da
sonolência nos dois textos, passando pelo apelo para que se escute a voz do
progresso e culminando com a exortação para se levantar e agir. Este uso
parafraseado de verbos funciona como elemento de ordem para quem está
dormindo demais. Aliás, é nessa paráfrase que reside o carácter heterogêneo dos
textos.
Em suma, os elementos aqui arrolados são suficientemente esclarecedores da
intertextualidade entre estes dois textos. Se tivermos que olhar para os modelos
sugeridos por Santʼanna (2003), diríamos que estamos diante do segundo modelo
que nos sugere uma paráfrase enquanto desvio mínimo pois, o texto se conforma
com o seu intertexto. Por outras palavras, no texto “Surge et ambula” há uma
continuidade da ideologia dominante, fundando-se a manutenção do idêntico e
repetindo as informações como se de espelho se tratasse, como se pode ilustrar na
relação entre o título um texto e o subtítulo de outro.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em função das discussões feitas ao longo deste trabalho, bem como as


análises aqui desenvolvidas, conseguimos mostrar que o dialogismo, a
intertextualidade e a paráfrase são elementos que garantem a heterogeneidade do
texto. Afinal de contas, qualquer texto para se constituir busca fragmentos de outros
textos previamente apresentados.
Vimos também que o intertexto é uma característica ligada à produção verbal
dos seres humanos sendo gerados a partir do dialogismo e da polifonia. Assim, o
dialogismo é inerente à linguagem humana, assim, a linguagem é responsável pelo
diálogo entre indivíduos numa determinada situação comunicativa.
Nos textos analisados, constatamos que há uma relação entre si, baseada na
intertextualidade por semelhança porque, do ponto de vista, formal, por exemplo, o
texto “Surge et ambula” retoma intertextualmente o género soneto e o subtítulo do
texto “A um poeta”. Essa retomada parafrástica garante que parafraseador se
mantenha fiel ao intertexto.
Do ponto de vista de conteúdo, concluímos também que o texto “Surge et
ambula” retoma intertextualmente a temática voltada para despertar consciências
adormecidas do texto “A um poeta”. É certo que do lado português, os adormecidos
são os jovens que não se querem envolver na guerra e do lado africano, o povo se
faz pouco esforço para que o continente alcance o progresso.

REFERÊNCIAS

BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. 6ª ed. São Paulo: Hucitec, 1992.

BARROS, D. L. P. Dialogismo, polifonia e enunciação. In: BARROS, D. L. P.; FIORIN, J.


L.(Ogs.).Dialogismo, polifonia, intertextualidade em torno de Bakhtin. São Paulo: Editora
da Universidade de São Paulo, 1994.

BENTES, A. C. Lingüística Textual. In: MUSSALIM, F.; BENTES, A. C. (Orgs.).Introdução à


Lingüística: domínios e fronteiras. 5ª ed. São Paulo: Cortez Editora, 2005.

FÁVERO, L. L.; KOCH, I. G. V. Linguística textual: Introdução. 5ª ed. São Paulo: Cortez
Editora, 2000.
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MENDONÇA, F. Literatura Moçambicana: a história e as escritas. Maputo: Faculdade de


Letras e Núcleo Editorial da Universidade Eduardo Mondlane, 1988.

SANTʼANNA, A. R. Paródia, paráfrase e cia. 7ª ed. São Paulo: Ática Editora, 2003.

THE INTERTEXTUALITY BETWEEN THE TEXTS "A UM POETA" AND "SURGE ET AMBULA" BY
ANTERO DE QUENTAL AND RUI DE NORONHA

Abstract: Discussing intertextuality implies, first of all, to look at a series of concepts such as text,
dialogism and paraphrase. The first, because it is connected to a broad discussion nowadays, since it
got into the center of Textual Linguistics studies only about fifty years ago. The second has an intrinsic
relationship with the theme that we intend to address insofar in the sense that any enunciation has a
social character and is always addressed to an interlocutor in a given situation of communication,
giving rise to an intertextual effect that marks the heterogeneous character of any text. The third and
last item is the paraphrase that relates to intertextuality by requiring that the paraphraser keeps a
minimum deviation and preserves the continuity of the dominant ideology expressed by the intertext.
In fact, intertextuality is a concept widely used in literature and linguistics to refer to texts that are
related to each other. This article intends to verify how the intertextuality occurs in the texts " A um
poeta" and "Surge et ambuala", adopting one of the models suggested by Sant'anna (2003). From the
analysis made it was proved that intertextuality is a tool that guarantees the heterogeneity of the text.
It was also clear that there is an intertextual relationship between the above mentioned texts which is
centered on the paraphrase as a minimum deviation generated by the resumption of elements of one
text in the other.

KEYWORDS: Intertextuality; Dialogism; Paraphrase.

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