Acidentes Ambientais
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Acidentes Ambientais
Apresentação
A partir do momento em que os primeiros hominídeos deixaram a proteção das árvores para se
arriscar em espaços abertos, iniciou-se um processo incansável de adaptação do meio natural e de
transformação das matérias-primas abundantes na natureza, em produtos voltados aos desejos e às
necessidades humanas em busca de desenvolvimento social e tecnológico, dando origem à
atividade industrial. Porém, se todo esse avanço tecnológico nas atividades industriais, de um lado,
trouxe benefícios à população, de outro, também introduziu mudanças geralmente danosas ao meio
ambiente, capazes de provocar grandes impactos aos ecossistemas.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai ver conceitos e alguns dos principais acidentes
ambientais, por meio de um eixo condutor, representado pelo enfoque da gestão de risco, em que
se considera continuar avançando em direção à homologação de definições e à integração de
processos com o intuito de minimizar ou até mesmo evitar situações de emergência ambiental.
Bons estudos.
Confira.
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Conteúdo do livro
O homem tem transformado a natureza de forma drástica, destruindo espécies animais e vegetais,
desviando cursos de rios, cortando montanhas, drenando pântanos e liberando diversos tipos de
elementos no ar, na água e nos solos, esquecendo que a sua saúde e o seu bem-estar estão
diretamente relacionados com a qualidade do meio ambiente. Diante dessas informações, é
possível perceber que a poluição ambiental é um problema intenso e devastador que afeta a todos.
No capítulo Acidentes ambientais, da obra Avaliação de impactos ambientais, você vai ver o que é
poluição ambiental e os fatores de risco relacionados a ela, bem como os impactos negativos que
ela causa sobre o solo, os recursos hídricos, a atmosfera e a biodiversidade. Também vai ver os
principais acidentes ambientais no Brasil e no mundo e as consequências desses desastres. Além
disso, vai ver o que são os estudos de avaliação de impactos ambientais e de que maneira eles
podem ser utilizados para minimizar ou, quem sabe, até evitar tais impactos.
Boa leitura.
AVALIAÇÃO DE
IMPACTOS
AMBIENTAIS
Karine Scherer
Acidentes ambientais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A partir do momento em que os primeiros hominídeos deixaram a pro-
teção das árvores para se arriscar em espaços abertos, iniciou-se um
processo incansável de adaptação do meio natural e de transformação
das matérias-primas abundantes na natureza em produtos voltados aos
desejos e necessidades humanas em busca de desenvolvimento social e
tecnológico, dando origem à atividade industrial. Porém, todo esse avanço
tecnológico nas atividades industriais, se de um lado trouxe benefícios à
população, de outro, introduziu mudanças geralmente danosas ao meio
ambiente, capazes de provocar grandes impactos nos ecossistemas.
Neste capítulo, você verá conceitos e alguns dos principais acidentes
ambientais, com base em um eixo condutor representado pelo enfoque
da gestão de risco, na qual se considera continuar avançando em direção
à homologação de definições e à integração de processos com o intuito
de minimizar ou até mesmo evitar situações de emergência ambiental.
Riscos ambientais
Podemos considerar como risco tudo aquilo que se refere à possibilidade
de ocorrências indesejáveis e passíveis de causar danos para a saúde, para
os sistemas econômicos e para o meio ambiente. Portanto, entre os riscos
ambientais que, com maior frequência, dão origem a acidentes, estão aqueles
relacionados com o processamento, armazenamento e transporte de produtos.
Assim, visando a um melhor planejamento e um maior controle por parte das
empresas para evitar tais situações, a legislação ambiental está estruturada
para punir severamente uma empresa que transgrida padrões de qualidade em
suas descargas ou que introduza modificações indesejadas no meio ambiente,
pois os riscos de contaminação, principalmente quando atingem o solo e os
corpos d’água, podem ter proporções desastrosas.
A identificação dos riscos inerentes às atividades da empresa e a avaliação
de suas possíveis consequências constituem os passos iniciais para qualquer
sistema de gestão. Com a avaliação de riscos, como a identificação e qualifica-
ção dos diferentes tipos de falhas que podem ocorrer e os volumes de descargas
que podem ser lançados em caso de acidentes, calculando a possibilidade e a
amplitude de um possível acidente, pode-se propor mudanças no projeto, com
o intuito de minimizar tais riscos ou até mesmo evitá-los.
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Risco ao solo
A poluição dos solos é causada pela introdução de elementos químicos, como
hidrocarbonetos de petróleo, metais pesados como chumbo, cádmio, mercúrio,
cromo e arsênio e pela aplicação indiscriminada de pesticidas ou, então, por
alterações causadas pela ação do homem e seu mau uso, como a exploração
mineral não racional e a disposição inadequada de resíduos sólidos e líquidos,
que, além de contaminar o solo, podem atingir também o lençol freático.
O maior risco da contaminação do solo por elementos poluentes está no
fato de que essas substâncias sejam arrastadas pelas águas superficiais e
subterrâneas por distâncias que se encontrem fora das áreas sob controle e
monitoramento, gerando uma pluma de contaminação cuja remediação será
custosa e demorada. Por essa razão, o estudo da contaminação dos solos e as
soluções adotadas para que isso seja evitado estão quase sempre relacionados
com a contaminação das águas.
A contaminação dos solos é, hoje, um tema de grande relevância nas gran-
des aglomerações urbanas pela dificuldade de disposição adequada de seus
resíduos, gerados em grandes quantidades, pois uma área de disposição e
confinamento de resíduos pode gerar ainda outros riscos, como odores, gases
tóxicos, chorume, além do inevitável impacto visual negativo. Vale ressaltar
que a erosão e as inundações, provocadas pelo desmatamento de áreas, por
exemplo, também apresentam impactos consideráveis sobre o solo.
Risco atmosférico
A poluição do ar é provocada pelo acúmulo de elementos como monóxido de
carbono, hidrocarbonetos, óxidos de nitrogênio, de enxofre, ozônio, compostos
de chumbo, fuligem e fumaça branca que, em determinadas concentrações,
podem apresentar efeitos nocivos ao homem e ao meio ambiente. Essas subs-
tâncias, conhecidas como poluentes atmosféricos, podem aparecer sob a
forma de gases ou partículas provenientes de fontes naturais, como vulcões e
neblinas, ou ainda de fontes artificiais, produzidas pelas atividades humanas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2015), a poluição
atmosférica é responsável por mais de 7 milhões de mortes por ano no
mundo, devido à grande incidência de materiais particulados, constituídos
por poeiras e fuligem, que estão entre os principais causadores de doenças
Acidentes ambientais 271
Risco à biodiversidade
A conservação da biodiversidade e dos recursos naturais deve ser observada
no desenvolvimento de empreendimentos impactantes. Tendo em vista que
biodiversidade é a variabilidade entre os organismos vivos de todas as origens,
em todos os seus níveis e abrangências, que vão desde os microrganismos até
as grandes espécies aquáticas e terrestres, sejam elas endêmicas ou ameaçadas,
domesticadas ou selvagens, a sua preservação se torna extremamente impor-
tante, já que o seu equilíbrio facilita a polinização das colheitas, o controle
biológico de pragas e doenças, alimentação, medicamentos e, principalmente,
a manutenção do equilíbrio em todos os ambientes terrestres.
A interferência do homem de forma descontrolada sobre o meio ambiente tem
alterado a diversidade biológica de maneira drástica. Perda e fragmentação dos ha-
bitats, introdução de espécies e doenças exóticas, exploração excessiva de espécies
de plantas e animais, monocultura, pecuária, poluição, alterações climáticas são
apenas alguns dos fatores que estão contribuindo para o desequilíbrio da biodiver-
sidade. Estima-se que 27 mil espécies desapareçam a cada ano; se mantivermos a
devastação e os níveis de poluição neste ritmo, o planeta não conseguirá fornecer
os recursos necessários para a manutenção da população humana.
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ASSUNÇÃO, J.V.; PESQUERO, C.R. Dioxinas e furanos: origens e riscos. Revista de Saúde
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Brasília, DF, 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.
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BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos
Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Bra-
sília, DF, 2010. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.
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CARSON, R. Primavera silenciosa. São Paulo: Gaia, 2011.
CONAMA. Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Dispõe sobre critérios
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do Meio Ambiente, 1986. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/
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CONAMA. Resolução CONAMA nº 003, de 28 de junho de 1990. Dispõe sobre padrões de
qualidade do ar, previstos no PRONAR. Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente, 1990,
Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=100>.
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VALLE, C.E. Como se preparar para as Normas ISSO 14.000: qualidade ambiental. 2. ed.
São Paulo: Pioneira, 1995. 137 p.
Leituras recomendadas
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BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Brasília, DF, 2017. Disponível em: <http://www.
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PHILIPPI JR, A.; ROMÉRO, M. A.; BRUNA, G.C. Curso de Gestão Ambiental. São Paulo:
Manole, 2014, 1245 p.
PINTO, T. J. A. et al. Ciências Farmacêuticas: sistema de gestão ambiental. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. 354 p.
SÁNCHEZ, L.H. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. São Paulo:
Oficina de Textos, 2008. 495 p.
Dica do professor
Na Dica do Professor, você vai ver o que é eutrofização, quais são os elementos responsáveis para
que ela aconteça e algumas formas de minimizar esse processo. A eutrofização é um processo que
pode acontecer como consequência de alguma situação em que ocorre liberação de substâncias
tóxicas na água, que podem ser provenientes de algum desastre ambiental, como o rompimento de
um dique.
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Exercícios
Quais são os principais gases emitidos na atmosfera e que são responsáveis pelo efeito
1) estufa?
B) Dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, pois têm a capacidade de aquecer o ambiente.
A) A partir do momento em que o homem saiu de baixo das copas das árvores e passou a
construir suas casas.
B) Após o acidente nuclear de Chernobyl, que resultou na explosão de um reator, gerando uma
imensa nuvem radioativa de iodo-131 e césio-137.
E) Durante o período da Segunda Guerra Mundial, sendo que os índices de poluição diminuíram
após o confronto.
A) a camada de óleo impede a penetração de luz, assim, não ocorre a fotossíntese pelas algas
bentônicas que, no sistema oceânico, são os principais organismos fotossintetizantes.
D) o óleo, ao ser derramado, cria uma película superficial, o que não afeta tanto os organismos
marinhos, pois eles se deslocam. Porém, atinge as aves pescadoras, pois o óleo gruda em suas
penas, podendo ocasionar a morte por afogamentos.
Sabemos que a construção de usinas hidrelétricas como fonte geradora de energia é uma
4) questão bastante polêmica, em razão do risco ambiental que sua instalação causa ao meio
ambiente e às populações locais. Em um suposto caso, foi decidida a construção de uma
usina hidrelétrica em uma região que abrange diversas quedas d'água, com rios cercados por
mata, com a justificativa de que causaria um impacto ambiental muito menor do que uma
usina termelétrica. Assinale a alternativa que apresenta um dos possíveis riscos da instalação
de uma usina hidrelétrica nessa região.
Um dos maiores desastres ambientais da nossa história ocorreu em Mariana. De acordo com
5) alguns estudiosos, mais de 10 anos serão necessários para recuperar os danos causados,
principalmente no Rio Doce. Com relação a esse acidente, marque a alternativa correta.
A) Apenas a fauna do Rio Doce foi afetada, já que somente peixes morreram em função do
desastre.
B) Com o acidente, o Rio Doce morreu completamente e não há a menor chance de recuperar
suas águas.
C) Não foi alterada a oxigenação da água do Rio Doce, já que a grande quantidade de lama
sedimentou-se imediatamente após o acidente.
D) A vida aquática não foi afetada pela destruição de algas e plantas aquáticas presentes no Rio
Doce, com isso, o foco da recuperação deve ser o repovoamento dos peixes no local.
E) A recuperação da oxigenação da água é a principal ação para a recuperação do Rio Doce, pois
somente dessa forma os organismos poderão voltar ao rio.
Na prática
O Sr. Manoel recebeu uma notificação do Departamento de Meio Ambiente da cidade onde mora.
Ele estava sendo notificado como responsável pelo acidente ambiental que causou a queima de
árvores em uma área verde nas proximidades de sua indústria, pois os seus funcionários colocaram
fogo em restos de materiais que deveriam ter sido descartados de maneira correta.
A queima desse material aconteceu ao ar livre, sendo que, com o vento, as chamas se espalharam,
queimando uma parte da área verde.
O documento dizia que o Sr. Manoel deveria recuperar a área afetada pelo incêndio, de maneira a
minimizar o impacto causado na vegetação, em uma área considerada de preservação permanente
(APP), por meio da realização de um Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD), além de
pagar uma multa referente ao dano causado.
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