Aula 1 - Toxicologia - 2021.2

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 Descrever os mecanismos de toxicidade.

 Descrever a toxicocinética e
toxicodinâmica dos principais agentes
tóxicos.

 Avaliar da toxicidade e dos principais


grupos de toxicantes.
1. Introdução à Toxicologia
1. Histórico
2. Objetivos, finalidade e importância da Toxicologia
3. Conceitos básicos
4. Classificação das intoxicações
5. Características da exposição
6. Procedimentos de emergência
7. Aspectos gerais das análises toxicológicas
8. Análises toxicológicas de urgência
2. Toxicinética
1. Absorção
2. Distribuição
3. Armazenamento
4. Biotransformação
5. Excreção
3. Toxicodinâmica
1. Liberação do Toxicante
2. Interação com a molécula alvo
3. Disfunção e lesão celular
4. Avaliação Toxicológica
1. Avaliação de risco
2. Testes de toxicidade
3. Efeitos mutagênicos
4. Efeitos carcinogênicos
5. Toxicologia da reprodução

5. Áreas da Toxicologia
1. Toxicologia social
2. Toxicologia ocupacional
3. Toxicologia de alimentos
4. Toxicologia ambiental
✓17/08 ✓09/11
✓24/08 ✓16/11
✓31/08 ✓23/11- Prova AV2
✓07/09- Feriado ✓30/11
✓14/09 ✓07/12- Prova AV3
✓21/09 ✓14/12
✓28/09
✓05/10- Prova AV1
✓12/10- Feriado
✓19/10
✓26/10
✓02/11- Feriado
História e Conceitos
 É a ciência que estuda os efeitos nocivos causados pelas
substâncias químicas ao interagirem com organismos vivos,
sob condições específicas de exposição.
 KLAASEN, C.D. Casarett e Doull’s, 2008

 "Toxikon" tem origem grega (– τοξικός) seria o produto


intencionalmente obtido e adequado para se lambuzar as
pontas de flechas e lanças, com finalidade bélica ou de caça.
Era, portanto, o produto que matava o atingido.
 Fukushima e Azevedo, 2008.
A dose e a dosagem importam!!!
 A toxicologia remonta aos primeiros seres humanos, que usavam
venenos de animais e extratos de plantas para a caça, guerra e
assassinatos.

 A elucidação dos mecanismos de toxicidade dos tóxicos é


realizada hoje, entretanto o conhecimento desses tem
antecedência anterior.

 Na pré-história os homens classificaram algumas plantas como


nocivas e seguras, bem como cobras e outros animais.
Conhecimento X Sobrevivência
Ao longo da história do homem, conhecer plantas e animais tóxicos foi uma
questão de sobrevivência.

Ex: Curare utilizado nas flechas


História da Toxicologia
Papiro de Ebers

Medicina Egípcia, cerca de 1500 a.C.


Registra uma lista de mais de 700 ingredientes ativos e medicamentos populares.

Ex. cicuta, acônito, ópio e metais como o chumbo. Também há indicação de


plantas contendo substâncias similares às digitálicas e alcaloides – a mais antiga
farmacopeia.
História da Toxicologia
Livro de Jó (cerca de 1400
a.C.)
Uso de flechas envenenadas.

Hipócrates (cerca de 400


a.C.)
Postulou princípios de
toxicologia clínica referentes
a biodisponibilidade em
terapia e sobredosagem,
ainda estudou uma série de
venenos.

Sócrates (470 – 399 a.C.)


Condenado à morte.
Uso de substâncias tóxicas –
cicuta – em execuções
políticas.
História da Toxicologia
Theophrastus (370-287 a.C.)
De Historia Plantarum – numerosas referências
de plantas venenosas.

Roma século IV a.C.


Uso uso indiscriminado de venenos.
Lex Cornelia (cerca de 82 a.C.) – primeira lei
para punição dos envenenadores.

Mitrídates (120-63 a.C.)


Provavelmente foi o primeiro a realizar
experiências toxicológicas.
Testava nos escravos vários tipos de venenos,
com o intuito de desenvolver antídotos.
Mitridático = tolerância adquirida.
Mithridaticum
Theriacum
História da Toxicologia

Dioscórides (40-90 d.C) – médico grego


Fez a primeira classificação de venenos.
- Reino vegetal – ópio, cicuta, digitális e acônito.
- Reino animal – venenos de víboras, sapos e
salamandras.
- Minerais – arsênio, chumbo, cobre e antimônio.

Eméticos para envenenamento.


Ventosas para picadas de cobras.
IDADE MÉDIA

 Avicena (980-1037): Discussões sobre mecanismos de


ação de venenos incluindo neurotoxicidade e efeitos
metabólicos.

 Maimônides (1135-1204) incluíram um tratado sobre o


tratamento de intoxicações por insetos, cobras e cachorros
loucos.

 Maimônides descreveu o fenômeno da biodisponibilidade,


observando que o leite, a manteiga e o creme de leite
podem retardar a absorção intestinal.
História da Toxicologia
INÍCIO DO
RENASCIMENTO

Catarina de Médici
Testava misturas tóxicas, Marquesa de Brinvilliers
observando a rapidez da resposta Testava suas “receitas”, anotava
tóxica (início da ação), a eficácia e seus efeitos e locais mais atingidos.
potência do composto, o grau de
resposta das partes do corpo Catherine Deshayes – La Voisine
(especificidade e local de ação), Vendia veneno para esposas que
além dos sinais e sintomas clínicos. queriam desfazer-se de seus
maridos.
Madame Toffana
Preparava cosméticos à base de
arsênico.
História da Toxicologia
INÍCIO DO
RENASCIMENTO

Os venenos sempre foram chamados de “arma covarde” por serem


administrados, geralmente, de forma furtiva, aos poucos, e por um determinado
período de tempo. Geralmente, proporciona à vítima um sofrimento prolongado,
associado a um sentimento de ódio, sem compaixão. Um evento premeditado,
sem o calor da discussão.

Um dado curioso em relação aos envenenamentos é que, frequentemente,


quem os praticava eram mulheres. Na Idade Média conhecidas como bruxas,
várias foram queimadas.

Ao longo da história apareceram figuras famosas como os provadores, que


eram normalmente escravos de guerra na Roma Antiga.
História da Toxicologia
INÍCIO DO
RENASCIMENTO

Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim – Paracelso


(1493-1541)
Desenvolveu estudos e ideias revolucionárias na época, envolvendo a
farmacologia, a toxicologia e a terapêutica.

Seu postulado mais conhecido:


“Todas as substâncias são venenos; não há nenhuma que não seja um
veneno. A dose correta diferencia o veneno do remédio.”

Primeiro trabalho completo em toxicologia ocupacional.


RENASCIMENTO

 No Renascimento Paracelso, médico-alquimista, formulou


muitos pontos de vista revolucionários que permanecem
integrais na atual estrutura da toxicologia, farmacologia e
terapêutica. Ele considerou o agente tóxico primário como
uma entidade química e que:
1 - experimentação é essencial na análise de respostas a
substâncias químicas;
2 - deve-se fazer uma distinção entre as propriedades tóxicas e
terapêuticas
3 - estas propriedades são por vezes, mas não sempre
indistinguíveis exceto pela dose,
4 - pode-se verificar o grau de especificidade de produtos
químicos e seus efeitos terapêuticos ou tóxicos.
RENASCIMENTO

 Esses princípios levaram Paracelso a introduzir o mercúrio


como droga de escolha para o tratamento da sífilis, uma
prática que sobreviveu 300 anos.

 Primeira articulação sonora da relação dose-resposta, um


alicerce da Toxicologia:“A DOSE FAZ O VENENO”.

“Todas as substâncias são venenos; não há nenhuma que não


seja um veneno. A dose correta distingue o veneno do remédio”
(Paracelso)
História da Toxicologia
TOXICOLOGIA
MODERNA

Fontana (1720-1805)
Realizou estudos com venenos de serpentes que lhe valeram o título de
fundador da toxicologia moderna.

Joseph Plenck (1739-1807)


Surgimento da toxicologia forense. Introduziu técnicas analíticas para
identificar e quantificar os agentes tóxicos em tecidos.

Friedrich Accum (1776)


Aplicação da química analítica para detecção de contaminantes em
alimentos e preparações farmacêuticas.
 Em 1800 a química orgânica estava em seu início e em 1825
o fosgênio (COCl2) e gás de mostarda (C4H8Cl2S) haviam
sido sintetizados.
• Estes 2 agentes, juntamente com o gás cloro (Cl2) foram utilizados na
Primeira Guerra Mundial como armas químicas. Eles foram estocados
também estocados durante a Segunda Guerra Mundial, e usado pelo
Iraque na Guerra Irã-Iraque (1980).

 Em 1880, mais de 10.000 compostos foram sintetizados


incluindo clorofórmio, tetracloreto de carbono, éter dietílico
e ácido carbônico. Subprodutos de petróleo e carvão foram
utilizados no comércio.
• A Determinação do potencial toxicológico destes novos produtos
químicos criados tornou-se o suporte da ciência da toxicologia como
é praticada hoje.
História da Toxicologia
TOXICOLOGIA
MODERNA

Orfila (1787-1853)
“Traité de Toxicologie” –
Realça a importância da
combinação de toxicologia
forense, clínica e química
analítica.

Orfila usou material de autópsia e análises químicas de forma sistemática como


prova legal de envenenamento. A introdução desse tipo de análise sobrevive como
preceito básico da toxicologia forense.

Orfila, em 1815, publicou um importante trabalho dedicado expressamente à


toxicidade de agentes naturais.
História da Toxicologia
TOXICOLOGIA
MODERNA

Claude Bernard (1813-1878)


Introdução do conceito de toxicidade de substâncias
em órgãos-alvo. Estudo do curare, esclarecimento
de seu mecanismo de ação sobre a placa terminal
de músculos estriados e sua aplicação em
pacientes durante a anestesia cirúrgica.
História da Toxicologia
TOXICOLOGIA
MODERNA

Paul Ehrlich (1854-1915)


Estudo dos mecanismos de ação de agentes
tóxicos e de fármacos. Tornou-se o fundador da
teoria dos receptores.
História da Toxicologia
TOXICOLOGIA
MODERNA

A toxicologia evoluiu muito lentamente e mesmo nos


séculos XVII e XVIII os métodos de estudo eram muito
empíricos. Posteriormente, com a diminuição de
envenenamentos criminosos, devido ao
desenvolvimento das técnicas analíticas, a atenção
voltou-se para as intoxicações acidentais, muitas vezes
decorrentes das exposições ambientais.
História da Toxicologia
TOXICOLOGIA
MODERNA

James Marsh (1794–1846)


Detecção de arsênico em amostras tão pequenas
quanto 0.02 miligramas.
Adicionar zinco metálico puro e ácido sulfúrico à
amostra a ser testada. Se o arsênico (na forma de
óxido de arsênico) estiver presente na amostra, será
reduzido pelo zinco. Nessa solução ácida, os íons
As3- resultantes se combinam com íons hidrogênio
do ácido sulfúrico para produzir um gás conhecido
como arsina (AsH3).

A arsina é, então, passada por um longo tubo


aquecido. Calor provoca a decomposição da arsina,
que forma um filme prateado escuro de arsênico e
gás hidrogênio. “espelho de arsênico”.
TOXICOLOGIA
MODERNA

 Durante a década de 1890 e início de 1900 cientistas europeus relataram


a descoberta de Radioatividade e raios-x. Isso abriu precedentes para
novos estudos nas áreas de física, química, biologia e medicina.
Curiosamente, muitos desses primeiros pesquisadores morreram de
intoxicação por radiação.

 Rochas contendo rádio foram muito utilizadas como cura.

 Seus efeitos adversos eram desconhecidos e não afetaria ativamente a


ciência toxicologica até a era da Segunda Guerra Mundial.
História da Toxicologia
Incidentes no
século XX

Início da década de 1950


1937 – Elixir de Sulfanilamida – Epidemia de defeitos congênitos e
EUA doenças neurológicas na aldeia de
Substituição do solvente (glicerina Minimata causa: contaminação com
por dietilenoglicol) – Substituída, na metilmercúrio.
fórmula, a glicerina (que estava em
falta no mercado) pelo Etilenoglicol, 1962 – Talidomida – Europa
sem que tivessem sido realizados os Produto vendido sem prescrição,
testes de segurança e toxicidade milhares de crianças com
necessários. FDA considerou o deformações, nascidas de mulheres
fabricante responsável. grávidas que fizeram uso do
Morte de 107 pessoas por produto.
intoxicação.
 A década de 1960 começou com o trágico incidente da
talidomida, que provocou o nascimento de milhares de
crianças com sérios defeitos congênitos. – A toxicologia
celular e molecular desenvolveu-se, então, como uma
subdisciplina, e a avaliação de risco tornou-se o principal
objetivo das investigações toxicológicas.

 Por ser uma ciência que se desenvolveu por meio da efetiva


transdisciplinaridade, não apresenta um objetivo único.

 Essa diversificação permitiu o aporte de idéias e conceitos


egressos do meio acadêmico, da indústria e do governo.
História da Toxicologia
Incidentes no
século XX

1984 – India 1994 – Ataque do gás sarin no


Desastre de Bhopal – Isocianato de Metrô de Tóquio
metila. Em cinco atentados coordenados, os
autores liberaram o gás sarin em
1986 – Ucrânia várias linhas de metrô de Tóquio,
Desastre de Chernobyl. matando doze pessoas, ferindo
gravemente cinquenta e mais
ligeiramente 6.000 pessoas.

Sarin, ou GB, é um composto


organofosforado na formulação
[(CH₃)₂CHO]CH₃PF. É um líquido
sem cor e sem cheiro, usado como
arma química devido à sua extrema
potência sob o sistema nervoso.
História da Toxicologia
2004 – Intoxicação de Viktor
Incidentes no
século XX Yushchenko
O candidato da oposição à
presidência da Ucrânia, Viktor
Yushchenko, foi envenenado com a
2004 – Suspensão da venda do dioxina do tipo TCDD. Ele ficou com
Vioxx o rosto deformado como
Devido ao aumento significativo de consequência do atentado.
efeitos adversos cardiovasculares
com o uso contínuo de COXIB, a Dioxina é um nome genérico dado a
indústria fabricante do Vioxx® retirou toda uma família de subprodutos
o medicamento do mercado indesejáveis da síntese de
voluntariamente, já os demais herbicidas, desinfetantes e outros. A
medicamentos COXIB, foram dioxina mais comum é a
retirados pelo órgão de vigilância tetraclorodibenzeno-p-dioxina, (2, 3,
sanitária do EUA no país. 7, 8 - TCDD), ela faz parte de um
grupo de compostos persistentes no
meio ambiente e altamente tóxicos.
É cancerígena.
 Com um campo de atuação abrangente, essa denominação
da Toxicologia hoje em dia pode ser definida como “o
estudo dos efeitos adversos das substâncias químicas sobre
organismos vivos”.

 A avaliação do três fatores principais: risco x segurança x


benefício na exposição a substâncias químicas, dá a certeza
da possibilidade dessa convivência, através do estudo do
xenobiótico e de seu mecanismo de ação no organismo,
como ferramenta imprescindível à prevenção da
intoxicação.
Objetivos, finalidade e importância da toxicologia

Toxicologia, hoje, está voltada para o


conhecimento de todos os aspectos das
intoxicações, desde a prevenção da ocorrência até
a recuperação do paciente.

A toxicologia é hoje uma verdadeira ciência social,


cujo estudo visa propor maneiras seguras de se
expor às substâncias químicas, permitindo que o
homem se beneficie das conquistas da era
tecnológica atual.
 Na prática não é tão simples...
 O que é veneno?
 Como medir ou classificar os efeitos
tóxicos?
 A toxicidade não é um evento molecular
isolado (absorção, distribuição,
metabolismo, interações celulares, efeito
tóxico. Excreção e reparo).
Conceitos
Agente tóxico ou toxicante:
“A entidade química capaz de causar dano a um sistema
biológico, alterando seriamente a sua função ou levando-o
à morte, sob certas condições de exposição”.

Veneno:
• Termo popular;
• Substância química ou uma mistura de substâncias
químicas que provocam intoxicação ou
morte por baixas doses;
• Substâncias de efeito nocivo provenientes de animais.
OGA, CAMARGO E BATISTUTO, 2008
Conceitos
Xenobiótico:
Substância química estranha ao organismo.

Droga:
• Toda substância capaz de explorar o sistema fisiológico ou o estado
patológico, utilizada com ou sem intenção de benefício do organismo
receptor.

Fármaco:
• Toda substância de estrutura química definida, que é utilizada em
benefício do organismo receptor.

Antídoto:
Agente capaz de neutralizar, reverter ou reduzir os efeitos de uma
substância potencialmente tóxica.
OGA, CAMARGO E BATISTUTO, 2008
Conceitos
Toxicidade:
É a capacidade inerente a uma substância de produzir danos aos
organismos vivos, ou seja, é a medida relativa do potencial tóxico da
substância sob certas condições controladas de exposição.

Toxicidade x risco:
O termo risco traduz a probabilidade estatística de que se produzam
efeitos adversos ou danos por exposição a um agente tóxico, em virtude
das propriedades inerentes ao mesmo, bem como das condições de
exposição.

Intoxicação:
É o conjunto de efeitos nocivos representados por manifestações
clínicas (sinais e sintomas) ou laboratoriais que revelam o desequilíbrio
orgânico produzido pela interação entre o agente tóxico com o sistema
biológico.
OGA, CAMARGO E BATISTUTO, 2008
Conceitos
Segurança:
É a certeza de que não haverá efeitos adversos para um indivíduo
exposto a uma determinada substância, em quantidade e forma
recomendada de uso. Ou seja, quando se fala em risco e segurança,
significa a possibilidade ou não da ocorrência de uma situação adversa.

Ação Tóxica:
É a maneira pela qual um agente tóxico exerce sua atividade sobre o
organismo.

OBS: No caso de medicamentos, devem-se distinguir os efeitos


colaterais e a toxicidade propriamente dita. Portanto, os efeitos
colaterais de agentes terapêuticos são aqueles indesejáveis, mas,
muitas vezes toleráveis, que aparecem durante a farmacoterapia,
enquanto a toxicidade representa a manifestação de efeitos lesivos
de maior gravidade, podendo levar até à morte.
OGA, CAMARGO E BATISTUTO, 2008
 Ramo da ciência que lida com venenos.

 É a ciência que estuda o efeito adverso de substâncias químicas


(ou agentes físicos) sobre os organismos vivos, com a finalidade
principal de estabelecer o uso seguro dessas substâncias.

 É a ciência que estuda as substâncias nocivas à saúde, suas ações,


seus sintomas, seus efeitos e seus contravenenos.

 É a ciência que estuda a detecção, ocorrência, propriedades,


efeitos e a regulação das substância tóxicas.
 Os problemas encontrados, a ciência existente
por trás deles e sua resolução, buscando
responder, principalmente, como e porque
certas substâncias causam desordens nos
sistemas biológicos resultando em efeitos
tóxicos, definem a abrangência da Ciência
TOXICOLOGIA.
A toxicologia se apóia em 3 elementos básicos:

1) Agente Químico capaz de produzir um efeito;

2) Sistema biológico (seres vivos, meio ambiente) com


o qual o Agente Químico irá interagir;

3) O efeito resultante que deverá ser adverso para o


Sistema Biológico.
 Natureza;

 Órgão ou sistema onde atuam;

 Características químicas;

 Características físicas.
Classificação dos Agentes
Tóxicos
1. Quanto às Características Químicas:
Solubilidade, volatilização, estabilidade etc.

2. Quanto à Ação Tóxica:


Ação local (irritantes) ou ação sistêmica (asfixiantes, depressores,
hepatotóxicos, carcinogênicos).

3. Quanto às características físicas:


Líquidos, gases, vapores, sólidos.

4. Quanto ao método de análise:


Voláteis (gases e vapores), inorgânicos (metais), orgânicos (têm
átomo de carbono mas não são gases ou líquidos voláteis).
Classificação dos Agentes
Tóxicos
QUANTO À OCORRÊNCIA:
a) intencionais: suicídio, homicídio, farmacodependência a drogas de abuso,
doping.

b) acidentais: doméstico, ocupacional, farmacodependência a medicamentos.

QUANTO À DURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO:


a) Curto prazo ou aguda: exposição até 24 horas ou poucos dias (definição
clássica: uma ou mais exposições em 24h); manifestação rápida; em geral,
altas concentrações do agente tóxico.

b) Médio prazo ou subaguda ou subcrônica: repetição da exposição após


dias, semanas.

c) Longo prazo ou crônica: exposição por meses ou anos, manifestações dos


sintomas demoram a aparecer porque normalmente ocorrem com doses
baixas, porém acima dos limites de tolerância.
Classificação dos Agentes
Tóxicos
QUANTO À INTENSIDADE DOS EFEITOS:
a) Leve: geralmente é reversível com o término da exposição.

b) Moderada: as lesões podem ser reversíveis e irreversíveis, sem morte ou


lesão grave permanente.

c) Grave: há lesão irreversível, podendo levar à morte.

QUANTO À FORMA DE ATUAÇÃO:


a) Local: o efeito ocorre no local do primeiro contato do agente tóxico com o
organismo (ingestão de ácidos, inalação de vapores irritantes).

b) Sistêmica: o efeito tóxico ocorre distante do local de penetração do agente


após absorção pela corrente sanguínea (ex. efeito nefrotóxico do cádmio).
Todas as substâncias são venenos,
não há uma que não o seja.
Somente a dose determina que
uma dada substância não seja um
veneno (PARACELSUS-1493-
1541).

A dose faz o veneno !

Veneno é um conceito QUANTITATIVO.


“O que, enfim, é veneno? Há quem tenha
definições prontas, mas embora as pessoas
mais capacitadas tenham tentado definir
veneno, até aqui ninguém obteve sucesso.” (Sir
Robert Christison)

 Morfina
 Cobre
 Flúor
 Doces (???????)
 Definição de veneno perante a lei?
 Praticamente todas as substâncias (ou todas?) podem
provocar efeitos danosos em altas doses;

 Ao mesmo tempo, podem ser inofensíveis em baixas


doses;

 Grande variação de efeitos entre esses dois limites!


Como medir a toxicidade de um Agente Tóxico?
 Mais dificuldades...

 Toxicidade pode ser aguda ou crônica.

 Toxicidade variável de acordo com


espécies, linhagens, idade, sexo, dieta,
condições fisiológicas, etc.

 Em humanos → VARIAÇÕES GENÉTICAS;


Fatores que influem na toxicidade:
1 - Fatores ligados ao Agente Químico:
 Propriedade físico-química (solubilidade, grau de
ionização, coeficiente de partição óleo/água, pka,
tamanho molecular, estado físico, etc.);
 Impurezas e contaminantes;
 Fatores envolvidos na formulação (veículo, adjuvantes).
Fatores que influem na toxicidade:
2 - Fatores relacionados com o organismo:

 Espécie, linhagem, fatores genéticos;


 Fatores imunológicos, estado nutricional, dieta;
 Sexo, estado hormonal, idade, peso corpóreo;
 Estado emocional, estado patológico.
Fatores que influem na toxicidade:

3 - Fatores relacionados com a exposição:

 Via de introdução;
 Dose ou concentração;
 Frequência.
Fatores que influem na toxicidade:

4 - Fatores relacionados com o ambiente:

 Temperatura, pressão;
 Radiações;
 Outros (luz, umidade, etc.).
Como medir a toxicidade de um Agente Tóxico?

 DL50 – dose necessária para matar 50%


da população estudada (muito tóxico,
tóxico e nocivo);

 Provável dose letal oral para homens,


segundo HODGES & HAGGARD
classificada em 6 níveis (praticamente não
tóxica a super tóxica)
→ Provável dose letal oral para homens,
segundo HODGES & HAGGARD
É o conjunto de efeitos adversos
produzidos por um agente químico (ou
físico), em decorrência de sua interação
com o sistema biológico. É o
desequilíbrio orgânico ou o estado
patológico provocado pela interação
entre o agente químico e o organismo,
revelados clinicamente por um conjunto
de sinais e sintomas.
4 fases:
 Fase de Exposição: contato do agente tóxico com
o organismo.
 Fase Toxicocinética: consiste no movimento do
Agente Tóxico dentro do organismo. É formada
pelos processos de Absorção, Distribuição e
Eliminação (Bio-transformação e Excreção).
 Fase Toxicodinâmica: corresponde à ação do
Agente Tóxico no organismo.
 Fase Clínica: corresponde à manifestação clínica
dos efeitos resultantes da ação tóxica.
 Intoxicação
crônica – ação lenta e progressiva
de um agente ou produto químico.

 Intoxicação aguda – produzidas pela


introdução violenta de um agente químico no
organismo, dando o aparecimento rápido de
efeitos nocivos ou letais.
INTENCIONAIS ACIDENTAIS

 Homicidas;  Acidentes domésticos;


 Suicidas;  Acidentes trabalhistas;
 Alteração do humor e  Acidentes com plantas
percepção (drogas tóxicas ou animais
psicoativas); peçonhentos;
 Alteração do rendimento  Iatrogenia;
físico.  Idiossincrasia.
Elementos da toxicologia

A. A existência de uma substância química


(agente) que seja capaz de produzir uma
determinada resposta em um organismo
vivo;

B. A identificação do sistema (organismo)


sobre o qual a substância poderá
interagir;

C. A necessidade de que a resposta (efeito)


possa ser considerada nociva ao sistema
com o qual interage.
Larini, 1997
Toxicologia analítica ou química
Trata da detecção do agente tóxico ou de algum outro parâmetro
relacionado à exposição ao agente tóxico em diversas matrizes.
Finalidade:
• Diagnosticar;
• Prevenir;
• Dar subsídios para o tratamento de uma intoxicação.
Consiste na identificação e/ou quantificação dos:
• agentes tóxicos e/ou de seus metabólitos;
• ou na detecção de algum parâmetro relacionado à exposição que
provoque alterações bioquímicas

Toxicologia forense; Monitoramento terapêutico; Monitoramento


biológico;
Controle antidopagem; Diagnóstico laboratorial de intoxicação; Controle
de farmacodependência.
Divisões da Toxicologia

Toxicologia Médica ou Clínica


Atendimento ao paciente exposto ao
toxicante, com o objetivo de prevenir ou
diagnosticar a intoxicação e aplicar uma
terapêutica específica.

Toxicologia Experimental
Desenvolve estudos para elucidar o
mecanismo de ação dos agentes tóxicos
sobre o sistema biológico e para avaliação
dos efeitos dessa ação.

Permitir o uso seguro de substâncias


químicas.
Divisões da Toxicologia

 Detectar o agente químico ou algum parâmetro


relacionado à exposição ao AT, em substratos tais como
fluidos orgânicos, alimentos, água, ar, solo, etc, com o
objetivo principal de prevenir ou diagnosticar as
intoxicações.

 Busca métodos exatos, precisos, de sensibilidade


adequada para a identificação inequívoca do AT.
Fotos Laboratório PF
Os objetivos da toxicologia, qualquer que seja o ramo considerado, são o
diagnóstico, o tratamento e principalmente a prevenção de acidentes.

 Toxicologia ambiental

 Toxicologia ocupacional

 Toxicologia de alimentos

 Toxicologia de medicamentos/cosméticos

 Toxicologia social

 Toxicologia forense
Contem sempre comigo...
Profa Halyka Seródio

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