De Repente Mãe Do Herdeiro Do Príncipe Série Amores Reais Joane

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Copyright © 2024, Joane Silva

Silva , Joane

De repente mãe do herdeiro do príncipe

1ª Ed.

BRASÍLIA DF, 2024

Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa. Todos os


direitos reservados.

É proibida a reprodução total e parcial desta obra, de qualquer forma ou por


qualquer meio eletrônico, mecânico, inclusive por meio de processos xerográficos, incluindo
ainda o uso da internet, sem permissão de seu editor.

A violação de direitos autorais é crime previsto na lei nº. 9.610, de 19 de fevereiro


de 1998.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos


são produtos da imaginação do autor, qualquer semelhança com acontecimentos reais é mera
coincidência. Todos os direitos desta edição reservados pela autora.
EPÍGRAFE

O amor não se vê com os olhos, mas com o coração.

William Shakespeare
SUMÁRIO

PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
EPÍLOGO
LEIA TAMBÉM
SINOPSE
Aos dezoito anos de idade, a jovem virgem é inseminada por engano. Quando
um acordo entre o seu pai e o rei a obriga a se casar com o príncipe frio e cruel, ela
descobre que o homem é o pai do seu bebê.

Ignácio Vargas sempre seguiu as regras. Sendo um dos três filhos do rei de Solari, o
príncipe sempre soube qual era o seu lugar no mundo. Para ele, seguir na linha jamais foi um
desafio.

Tudo muda quando se apaixona pela garota inadequada e pela primeira vez deseja
ser capaz de seguir apenas o seu coração. O problema é que o seu coração é frio, prático e
calculista. Seu coração o faz perder seu amor.

Anos depois, ao chegar aos trinta e seis anos solteiro, o nobre não faz objeção
quando o rei em pessoa escolhe a sua noiva em um baile. Antes mesmo de a conhecer, sabe que a
jovem será mimada e fútil.

Ignácio está preparado para a odiar, mas a sua futura esposa não é nada como
imaginava.

Ela diz que tem um filho seu, o problema é que nunca a tocou.

Aos dezoito anos, Gabriela tinha grandes sonhos, até que um erro médico destruiu
os seus planos e fez dela mãe solteira.

Quando tudo parece voltar para o lugar na sua vida, seu pai arranja um casamento
de conveniência com ninguém menos do que o príncipe Ignácio Vargas de Solari, o homem que
não esconde que a despreza e que no futuro descobrirá ser o pai do seu bebê.
PRÓLOGO

Desde que me entendo por gente, aprendi que nasci em uma família com
obrigações e regras a serem cumpridas.

Claro que todo e qualquer ser humano nasce com o livre arbítrio de fazer muitas
escolhas.
Muitas vezes, mesmo não havendo esse livre arbítrio quando se nasce na realeza
como filho de um rei, a pessoa ainda pode se rebelar e lutar pelos próprios ideais e pela própria
felicidade.

Todavia, diferentemente dos meus irmãos, eu jamais consegui ir contra as regras.

Quando eu era criança, os meus coleguinhas burlaram as regras e fugiram da escola


antes do final da aula. Algo dentro de mim brilhou e eu quis muito seguir os meus amigos. No
entanto, não consegui dar um passo sequer quando pensei que poderia sofrer as consequências e
no quanto decepcionaria o papai.

Meus amigos foram para casa mais cedo e eu continuei até o final da aula, quando
tudo que eu queria era ter ido com eles.

Eu cresci assim e nunca mudei.

Poderia ter mudado.

Queria ter mudado.

Acima de tudo, deveria ter mudado.

Quando estava na faculdade de economia e de ciências políticas, tive a


oportunidade de me apaixonar por diversas garotas, mas só aconteceu uma vez, embora sexo
nunca tenha faltado.

Eu me apaixonei pela mulher errada.

Infelizmente, me apaixonei pela pessoa errada, porque o fruto nunca cai longe do
pé.

Meus irmãos sempre se envolveram e tiveram paixões por garotas que eram
plebeias. Sempre coube a mim brigar com eles, mas acabei ficando interessado por uma plebeia
que só estava frequentando a faculdade porque havia conseguido uma bolsa.

Estudando na mesma turma, Jane e eu ficamos amigos e a amizade logo se


transformou em paixão.

Nós ficamos juntos algumas vezes, mas quando ela me perguntou quando eu
pediria em namoro, fiquei sem palavras.

Minha falta de resposta a magoou, mas ela seguiu tendo esperanças de que eu faria
alguma coisa.

Ela pensou que seria assumida por mim.

Semanas se passaram e o meu silêncio continuou quanto ao assunto. O nosso


relacionamento ficou estranho, até que ela me colocou na parede e eu disse com todas as letras
que nós nunca poderíamos ser namorados.

Eu ainda a insultei quando disse que poderia ficar com ela em segredo, mas nunca
em público.

Quem está de fora não entende as regras e conceitos da realeza.

A mulher por quem estava apaixonado acreditou que eu sentia vergonha dela por
ser pobre, mas era muito mais do que isso.

Eu só queria continuar sendo o homem correto de sempre.

Por não querer sair da linha, acabei perdendo a mulher que tocou o meu coração
como nenhuma outra havia feito.

Ela saiu da universidade e nunca mais a vi.

Eu sabia onde ela morava, mas nunca fui a sua procura, porque não queria ter uma
fraqueza como Jane na minha vida.

Às vezes me pergunto se seguiu em frente depois de tantos anos.

Às vezes penso que é melhor que tenha me superado e que tenha se casado do jeito
que tanto sonhava com o homem por quem se apaixonou depois de mim.

Por minha vez, cheguei aos trinta e seis anos solteiro.

Depois que meu irmão se apaixonou e se casou, obviamente se casou por amor e
com a pessoa mais inadequada possível, os olhos do meu pai e de toda Solari se voltaram para
mim.

Um verdadeiro inferno sobre quando me casaria.

Muitas apostas de quem seria a noiva escolhida por mim.

Depois de ter o coração partido uma vez e alheio a todos que me cercavam, dei de
ombro quando meu pai falou que se eu não escolhesse a minha noiva, ele mesmo escolheria.

E ele escolheu.

Gabriela Solto Maior.

A filha do barão mais poderoso da região. Ele vive nas terras que fazem divisa com
as terras do palácio.

O acordo para o nosso casamento foi feito apenas por um boca a boca entre os
nossos pais.

A tentativa de concretização é recente, mas descobri que existe um acordo


comercial para o casamento de um dos filhos do rei com uma das filhas do barão desde que os
meus irmãos e eu éramos crianças.

Eu não tenho interesse em conhecer a minha noiva, porque claramente não será um
casamento por amor.

Não chegará nem perto disso.

Sei que não estou sendo razoável, mas não conheço a garota e já não gosto dela.

Como eu poderia respeitar a mulher que se sujeita a um casamento por


conveniência?

Ela e nada para mim são a mesma coisa.

Hoje cedo acordei incomodado e com a sensação de que tinha algo errado prestes a
acontecer.

Talvez tenha sido apenas paranoia da minha cabeça.

Provavelmente, foi apenas loucura da minha mente aflita, porque está chegando
perto do dia em que me amarrarei em um relacionamento com uma mulher que não conheço e
que o pouco que sei a seu respeito não me agrada nem um pouco.

Para começar, ela é mais nova do que eu quase vinte anos.

Em seguida, pelas poucas fotos que encontrei no Google, não passa de uma menina
mimada, que está sempre séria quando é fotografada em eventos importantes.

Certamente é uma garota fútil e chata.

Conviver com ela será um tormento, mas terei que suportar.

Eu procurei por isso quando abri mão da mulher que realmente amava para seguir
as regras impostas pela sociedade e pela família real.

A minha situação seria diferente se eu tivesse sido corajoso como meu irmão mais
velho e futuro rei foi.

Mas não posso chorar pelo leite derramado agora e vou aceitar o que o destino
preparou para mim conforme as escolhas que fiz no passado.

No momento, estou cavalgando pelas terras do palácio, olhando um pouco mais à


frente, mais especificamente para as terras da família Solto Maior.
Considerei algumas vezes ir até lá para conversar com a garota e a conhecer um
pouco mais, mas sempre desisti.

Eu não tenho interesse em conhecê-la.

O nosso casamento será apenas um acordo comercial e terei tempo o suficiente para
conviver com ela quando nos casarmos.

É isso.

Estou tão perdido em pensamentos que quase atropelo alguém se perceber.

Desesperado para evitar um acidente, seguro as rédeas do cavalo a tempo de não


atropelar a pessoa que entrou no meu caminho do nada.

Por um momento, tudo o que vejo é uma cesta voando nos ares e em seguida maçãs
caindo no chão com pequenos baques.

Assustado, desço do cavalo e paro ao lado da garota que está no chão, com seu
cabelo castanho cobrindo todo o seu rosto.

Fico ainda mais preocupado quando vejo que ela está grávida. Muito grávida,
considerando o tamanho da sua barriga.

— Você está maluca? Como atravessou o meu caminho dessa forma? Eu poderia
ter te matado, garota!

— Você deveria me ajudar a ficar em pé, não brigar comigo.

Em vez de fazer o que sugere, tiro o cabelo do seu rosto e o seu olhar encontra o
meu.

O seu rosto se reveste de puro horror.

Como se estivesse vendo um fantasma, ela empalidece.

Pisca várias vezes, para ter certeza de que não está tendo uma alucinação.

Por minha vez, fico impactado por sua beleza, porque na minha frente tenho a
mulher mais linda que tive o prazer de colocar os olhos.

Eu não diria que é uma mulher. Na verdade, a garota não deve ter mais do que vinte
anos.

A sua pele é clara e seus lábios são médios e rosados.

Seus cabelos são castanhos e longos.


Os seus olhos também são castanhos, embora por alguma razão eu pense que
deveriam ser azuis.

Azul combinaria com ela, assim como a sua roupa.

O que estou fazendo?

Acabei de atropelar uma garota grávida e estou pensando no quanto ela é linda.

Realmente, devo ter enlouquecido!

Acreditando que não vou mover um dedo para ajudá-la, ela tenta ficar em pé, mas
não consegue por causa do peso da sua barriga.

Como uma garota tão pequena e jovem pode estar grávida?

Ela parece tão linda.

Tão desamparada...

— Eu tenho que ir….

Bate as mãos para se limpar e recolhe rapidamente as maçãs em seguida.

— Pode deixar que eu te levo em casa — digo, tento segurar sua mão, mas a garota
não permite.

— Não! Eu tenho que ir sozinha — ela fala e olha uma última vez para mim, como
se estivesse com medo. Então vira as costas e sai correndo do jeito que pode.

Eu poderia ir atrás, mas não vou.

Olho por um tempo, prestando atenção na direção em que está indo.

Fico com a impressão de que está caminhando para as terras dos pais da minha
futura mulher.

Na verdade, realmente está. Nós dois estamos das terras do barão, porque cavalguei
até onde a minha futura esposa mora sem perceber.

O que merda isso significa?

Eu não estou curioso, estou?

Essa garota grávida...

Será que ela mora com eles?


Talvez seja uma funcionária.

O mais estranho em tudo isso é a maldita sensação de que já vi a garota em algum


lugar, mas não faço a menor ideia de onde.

Nos próximos dias, sigo em frente normalmente, fingindo que a minha vida não
está prestes a mudar.

Um pouco mais de três meses depois, no meu primeiro encontro com a mulher que
será minha esposa, descubro o porquê da sensação de que tinha visto a garota grávida antes.

Na segunda vez em que a encontro, os seus cabelos são loiros, os seus olhos são
azuis e não tem mais um bebê na sua barriga.

Ela é a minha futura mulher.

Que espécie de brincadeira é essa?


CAPÍTULO 1
GABRIELA AOS 7 ANOS DE IDADE
— Essa menina não pode ficar aqui!

Escondida atrás da porta, ouço a voz de um homem estranho.

É a primeira vez que o vejo, mas acho os seus olhos parecidos com os meus. É um
homem velho, mas bonito.

Por que ele parece estar com tanta raiva?

Por que mamãe fez uma mala para mim e me trouxe para essa casa tão grande e
bonita?

Esse lugar é quase tão bonito quanto o palácio que vejo na televisão. Mas não acho
que nessa casa imensa tem príncipes lindos como os três que moram no palácio.

Felipe.

Ignácio

Javier.

Posso ter apenas sete anos de idade, mas sei o que significa meninos bonitos e os
três príncipes, apesar de serem muito velhos e adultos para mim, são lindos!

Queria um dia me casar com um deles.

Mas não posso, não é?

Eles são príncipes.

São bonitos.

São ricos.

Eu sou apenas uma garota muito pobre, filha de uma costureira que mora em um
dos vilarejos mais pobres que ficam nos arredores da capital de Solari.

Mesmo sendo muito pobre, agora estou nessa mansão, muito perto do palácio. De
onde estava há alguns minutos, no jardim da propriedade, pude ver o palácio mais de perto.

Essas pessoas devem ser muito importantes, porque são vizinhos do rei.

Deve ser muito bom ter o rei de vizinho.

Eu só vi a realeza pela televisão.


Eles não parecem de verdade.

Será que vão ao banheiro como eu?

— Vai ficar me olhando, ou dirá o que veio fazer na minha casa, mulher?

Mamãe está parada na porta da mansão e não consegue abrir a boca.

Ela parecia nervosa quando acordou cedo, começou a fazer uma mala para mim e
disse que iríamos fazer uma viagem.

Mas a verdade é que ela está nervosa há um tempo.

Faz mais ou menos uma semana que mamãe mudou.

Ela foi ao médico quando sentiu dor de cabeça e desde então as dores têm sido
constantes.

Estou com medo.

Mamãe é a única família que tenho.

Não tenho um papai.

Quando pergunto, mamãe fala que ele não nos quis.

Tudo bem, eu também não o quero.

Não preciso de ninguém além da minha mamãe.

— Você foi até o vilarejo onde eu morava há alguns anos. Lembra de mim?

— Não — ele fala, mas não olha para mamãe como se não a conhecesse.

Seus olhos a estudam da cabeça aos pés. Ele tem um olhar estranho.

— Estão vou refrescar a sua memória. Você foi até o bar onde eu trabalhava como
garçonete. Bebeu com seus amigos e depois deu em cima de mim. Nós passamos uma noite
juntos. Eu sou a Lana.

— Lana? — Seus olhos se arregalam.

— Você dormiu comigo e foi embora na manhã seguinte. Deixou-me como se eu


fosse um pedaço de pano de chão velho, com algumas notas de dinheiro em cima daquele
colchão velho da pensão onde eu morava.

— E posso saber por que pensou que seria uma boa ideia vir até a minha casa
depois de todos esses anos? Eu não me importo com o que fiz oito anos atrás.

Minha mãe está muito brava.

— Você traiu a sua esposa oito anos atrás. Dormiu comigo e logo descobri através
de uma reportagem na televisão que na verdade havia feito sexo com o barão Solto Maior de
Solari.

Eu não estou entendendo quase nada do que eles estão falando. Mas mamãe
continua nervosa e o homem continua olhando feio para ela.

— Eu realmente não tenho tempo para você. Não apareça mais na minha casa!

O homem mau tenta fechar a porta na cara da mamãe, mas ela não deixa. Suas
próximas palavras o fazem recuar e olhar para o seu rosto novamente.

— Eu fiquei grávida.

— O que?! — ele grita, depois olha de um lado para o outro, para ter certeza de que
não tem ninguém por perto.

Por que esse homem está com medo?

Mamãe e eu não somos más.

— Você tem uma filha. O nome dela é Gabriela.

Quando ouço o meu nome, paro me de esconder atrás das pernas na mamãe e surjo
para que o homem me veja.

Eu não deveria ter feito isso.

Ele não gosta de mim.

— Você…

Seu rosto fica mais branco. Parece que está vendo um fantasma.

Sou uma menina, não um fantasma.

— Leve essa menina embora daqui agora mesmo! Nunca mais apareça na minha
frente!

Agora ele parece mais bravo ainda.

Quero chorar, mas não vou.


Preciso ser forte para defender a minha mamãe.

Esse homem é mau!

Sei que ele é.

— Não farei isso — afirma. — Não posso mais ficar com ela barão.

Ela não pode?

O que mamãe está dizendo agora?

— Não ouse…

Ela não deixa o homem terminar de falar.

— Fique com ela e se explique da melhor forma que conseguir. Faça isso, porque a
explicação que tenho para dar a imprensa sedenta por fofocas poderia destruir sua reputação. Não
é isso que você quer, é?

Os punhos do homem se fecham e, mesmo sendo muito pequena, envolvo as pernas


da mamãe com os braços, em uma tentativa de a proteger da sua fúria.

— Não posso… eu tenho uma esposa e duas filhas. Como vou explicar a existência
dessa menina?

— Será mais fácil explicar para a sua família do que para toda Solari. Estou de
dando tempo para inventar uma boa desculpa, barão.

— Você não pode fazer isso comigo. É dinheiro o que quer? Leve-a daqui e te dou
tudo o que pedir. De quanto precisa?

— Não se trata de dinheiro.

— Do que se trará, então?

— Não importa. É melhor que cuide bem da sua filha. E não tente fazer nenhuma
gracinha, porque vou ficar de olho e saberei de todos os seus passos. Não pensarei duas vezes
antes de jogar seus erros para o mundo todo se suspeitar que não está sendo um bom pai.

Depois das últimas palavras da mamãe, ele fica um tempo sem ter nada para dizer.

Então ela segura a minha mão e me leva alguns passos para longe.

Respiro aliviada, acreditando que finalmente iremos para casa novamente.

Fora o fato de ter visto o palácio mais de perto, não gostei dessa viagem.
— Vamos para casa agora, não é, mamãe? — pergunto quando ela se abaixa na
minha frente com os olhos marejados e acaricia o meu rosto.

— Você não pode voltar com a mamãe, Gabi. A partir de agora, você vai morar
com esse homem. Ele é o seu papai.

Meu coração acelera.

Balanço a cabeça negativamente de um lado para o outro.

— Eu não quero morar com ele. Esse homem é mau.

— Ele não é mau e vai cuidar de você.

— Você cuida de mim — falo, agora sem conseguir segurar as lágrimas.

— Mas não posso mais fazer isso.

— Por quê?

— Mamãe tem alguns problemas que você não poderia entender agora, mas
prometo que será melhor assim.

— Não… mamãe. Me leve com você!

Imploro aos prantos, ela me abraça apertado, me beija e então se levanta e vai
embora sem dizer uma única palavra a mais.

A minha vida muda completamente aos sete anos de idade.

Quando a vejo indo embora, ficando cada segundo mais distante de mim, tento
correr atrás, mas uma mão segura a minha com firmeza.

— Você fica, menina!

Com os olhos molhados, olho para o lado e encaro o meu pai.

— Vou morar aqui?

— Vai, mas será com regras impostas. Você será quem eu quiser que seja. Falará o
que eu quiser que fale. Você é um problema na minha vida, mas não vai me destruir!

Nos seus olhos não há amor por mim.

Há apenas medo e raiva.

Porque a pessoa que deveria me proteger será a que mais me machucará enquanto
estiver na minha vida.

Eu fui deixada para trás por uma mãe que não me queira. Ela me deixou com um
pai que não conheço e me também não me quer.

Estou sozinha no mundo.

GABRIELA AOS 10 ANOS DE IDADE


— Você quer fazer um acordo de cooperação para o abatimento de impostos, além
da promessa de vender seu café com o preço mais baixo para a minha gente por um preço menor
— o rei em pessoa fala na sala de reuniões do barão.

— Meu rei, sabemos que os acordos de negócios que fazemos sempre são
vantajosos para nós dois — meu pai fala, ao beber um pouco de licor.

— Mas dessa vez a aposta será maior.

— Gosto de apostar alto — o barão avisa.

— Eu também, homem. Então, que tal colocarmos um casamento no meio disso?

Casamento?

— Casamento? — meu pai indaga e parece surpreso.

Apenas o rei pode fazer algo assim com essa raposa velha.

Eu não diria que eles são amigos, mas o rei sempre vem para reuniões com o velho.

— Apenas um adendo para dar mais tempero nesse acordo. Sei que tem filhas. São
duas?

— Duas biológicas e uma adotada. A pobrezinha era filha de um funcionário meu.


Quando o homem veio a falecer, a peguei para mim e hoje a tenho como filha.

Mentiras.

Muitas mentiras.

É isso que a minha vida é.

— Então você tem duas filhas.

Assim como as pessoas a minha volta fazem todos os dias, o rei em pessoa acabou
de me descartar.
— Duas que valem a pena serem citadas, de qualquer forma. — Ele dá de ombro.

Dói.

Mas um dia vou me acostumar com o seu desprezo e esse vazio na minha alma.

— Qual tal acordarmos que uma delas se casará com um dos meus filhos quando
for adulta?

— Qual deles?

— Ignácio ou Xavier. Não vou envolver o Felipe nisso, afinal, ele é o herdeiro do
trono.

— Está insinuando que minhas filhas não são dignas do futuro rei de Solari?

— Não me entenda mal, mas tenho outros planos para o meu herdeiro. De qualquer
forma, temos Ignácio e Javier. São os melhores partidos de Solari.

— De qual filha estamos falando?

Tudo bem que não gosto das minhas irmãs malvadas, mas elas não merecem que o
pai as trate como se fossem mercadorias.

Não diria mercadorias baratas quando se trata de um casamento com um dos


príncipes.

— Vamos deixar para discutirmos os detalhes daqui alguns anos. Teremos tempo
— o rei fala.

Como se não tivessem acabado de negociar um casamento, os homens poderosos


voltam a falar de negócio e café.

Mesmo com dez anos de idade, sei que não estão fazendo uma coisa boa.

Eles são homens ricos, poderosos e maus.

São como deuses que podem determinar o passado e o presente de quem quiserem.

Para o bem e para o mau, meu destino está traçado e não há lugar para onde eu
possa ir que seja longe o suficiente das terras do barão, o homem que deveria ser meu pai.

— Menina! — Sinto minha mão sendo puxada e, com os olhos arregalados, olho
para trás.

Maria, a irmã da minha madrasta, está me olhando com cara feia.


— Desculpa, Maria — choramingo.

— Quantas vezes eu disse para você que é feio ficar ouvindo conversas atrás da
porta? — A mulher morena solta a minha palma e me empurra com as mãos nas minhas costas
para longe do escritório do meu pai.

Quando estamos do lado de fora da casa, ela se abaixa diante de mim e faz carinho
na minha bochecha.

Às vezes Maria é dura comigo, mas às vezes ela me olha como se me amasse.

Na verdade, acho que é a única pessoa nessa casa que me ama de alguma forma.

A mulher, que é irmã da esposa do barão, veio passar uma temporada na mansão
quando a conheci. Ela não fica o tempo todo, mas sempre que vem me ensina algo.

Ele é um pouco fria, mas tenta cuidar de mim do seu jeito.

Quando não estou trabalhando, a mulher entra no meu quarto e me ensina a ler.

Já conheço muitas palavras e tenho esperança de que um dia saberei ler e escrever.

Maria disse que não pôde ter filhos, acho que por isso gosta um pouco de mim.

— Você sabe que não pode ouvir as conversas das pessoas escondida, não sabe? —
Balanço a cabeça para cima e para baixo. — Se o seu pai te pegar…

— Ele não é meu pai! — esbravejo com rebeldia.

Se fosse meu pai, ele conseguiria olhar para mim.

Se fosse meu pai, não me trataria como uma empregada, mesmo quando essa
mansão tem pelo menos vinte pessoas trabalhando.

Ele me faz ajudar na cozinha, no jardim e até mesmo na limpeza dos muitos
quartos. Fala que preciso aprender a ter responsabilidades, quando não faz o mesmo com Ruth e
Marta, suas duas outras filhas.

Elas têm roupas bonitas e eu tenho trapos.

Elas dormem em quartos aconchegantes, eu durmo na ala dos empregados.

Elas têm mãe e eu não tenho.

Elas têm amor e eu tenho indiferença.

Estou aqui há três anos e sei que a única coisa pior seria não ter um teto sobre a
minha cabeça.

Não saio dessa propriedade porque ele não deixa.

Não tenho amigos e mal sei algo sobre a vida lá fora.

Existe mesmo vida lá fora?

Vivo como um bicho em uma gaiola de ouro.

Mas um dia vou embora para bem longe daqui e nunca mais voltarei.

Um dia, serei livre.

— Ele é seu pai, menina.

— Não é! Quando eu fizer dezoito anos, irei embora desse maldito lugar.

— Venha, você tem que almoçar — Maria fala, e sinto que ela não acredita que um
dia serie livre.

Tenho fé, porque é tudo o que me resta.

A felicidade parece apenas uma ilusão do que leio nos meus livros, mas quero
continuar acreditando que ela existe em algum lugar.

Quem sabe quando eu for adulta e me apaixonar, meu príncipe me levará para bem
longe daqui em direção ao pôr do sol.
CAPÍTULO 2
GABRIELA AOS 18 ANOS DE IDADE
— Senhora, é sério. Não precisa perder o seu tempo comigo.

Apesar das minhas palavras, sei que não adianta argumentar com a Maria.

Felizmente, muito rapidamente aprendi qual era o meu lugar na vida do barão Solto
Maior.

Eu sou tudo: a empregada da casa que não precisa de empregadas, a garota de


recados e o pássaro de estimação que o barão deixa preso em uma gaiola.

Tudo o que não sou é sua filha.

Faz muito tempo que o seu desprezo por mim e falta de amor não me causam mais
tristeza. Simplesmente me conformei com a realidade da minha vida e faço o melhor que posso
com o que tenho.

Foi difícil quando eu era criança, mas a vida me moldou para ser quem sou e agora
sei que está muito perto do dia em que pegarei os poucos pertences que tenho e então voltarei
para o lugar de onde não deveria ter saído.

Eu sempre soube que o meu lugar não era em uma mansão luxuosa.

Não pedi para crescer onde cresci, mas nem mesmo a minha mãe me quis.

A única pessoa que deveria ter me amado e a única pessoa que amei, me descartou
com facilidade. Nunca mais tive notícias dela.

Não sei se a mamãe está viva ou morta.

Ainda que eu carregue uma profunda mágoa dela, sei que teria ido procurá-la em
algum momento nos últimos anos, o problema é que sempre fui vigiada e meu querido papai não
permitiu nem mesmo que eu colocasse um dos meus pés para fora das terras.

Não sei nada sobre a vida e, aos dezoito anos de idade, não experimentei nada que
uma garota como eu deveria ter experimentado.

Não fui a faculdade.

Não me formei.

Não tive a chance de me apaixonar.

Simplesmente não existo para qualquer pessoa além das minhas irmãs, minha
madrasta, meu pai e os frequentadores da mansão do barão.
Ainda sonho com a liberdade, mas o meu espírito está cada dia mais abatido.

— Ei, menina.

De maneira delicada, a senhora Maria sacode o meu ombro.

Quando olho para ela, sinto dificuldade para enxergar o seu rosto bondoso, porque
os meus olhos estão cheios de lágrimas e minha visão está embaçada.

Eu não sei porque faz tanto por mim quando é apenas a irmã mais nova da minha
madrasta, que nunca escondeu o fato de não gostar de mim.

Embora meu pai tenha inventado uma mentira sobre como o seu coração foi
bondoso quando decidiu pegar a filha do seu funcionário para cuidar, sua esposa certamente não
acreditou na história.

No fundo, mesmo quando mantém a boca fechada para não confrontar o marido
poderoso, a mulher sabe que sou filha biológica dele.

Marlucia sabe que sou bastarda e não só porque supostamente fui adotada.

A verdade está escrita nos meus olhos que, infelizmente, são iguais aos dele.

Quase todos a minha volta me odeiam, mas, preso por causa da ameaça que foi feita
anos atrás pela minha mãe, meu pai biológico nunca teve coragem de me jogar na rua.

Passei a vida sendo um estorvo que ele teve que aguentar, mas duvido que continue
com essa farsa agora que tenho dezoito anos de idade.

Sempre sonhei com a minha liberdade, todavia, como posso almejar conhecer o
mundo quando não tenho onde cair morta?

Eu não fiz nada além de serviços domésticos e não tenho experiência com mais
nada nessa vida.

Apesar de todos os seus esforços, o máximo que Maria conseguiu foi me ensinar a
ler e a escrever.

Se não fosse por ela, nem isso eu teria.

— Por que você está estranha hoje? Conforme os anos foram passando, você foi
ficando cada dia mais calada e retraída, mas estou sentindo que hoje está agindo diferente do seu
normal.

— Hoje é o meu aniversário de dezoito anos — a minha voz é praticamente um


sussurro, enquanto esperamos na fila da clínica.
Eu tenho as mãos entrelaçadas uma na outra e as palmas suadas de nervosismo.

É a primeira vez que saio na rua em muitos anos e não sei como me comportar. Mal
consigo olhar para os rostos das pessoas que passam perto de mim.

Eu quase não me lembro mais de como socializar, essa é a verdade.

Fechei-me tanto dentro de mim mesma que as pessoas que me cercam, sobretudo
todos os funcionários da mansão, desistiram de tentar se aproximar de mim há muito tempo.

Todos simplesmente desistiram.

Não posso julgar ninguém, não quando eu mesma desisti.

— Querida! Não deveria estar mais feliz? Afinal, não é todos os dias que uma
mocinha linda como você completa dezoito anos de idade.

— Senhora… que razão eu tenho para me sentir feliz? Quantas vezes comemorei o
meu aniversário nos últimos anos?

— Sei que sua vida não é fácil e você não faz ideia do quanto tento torná-la melhor,
mas o meu cunhado simplesmente mantém aqueles olhos de águia em cima de mim e não me
deixa fazer muito.

— Maria, a senhora faz por mim mais do que qualquer outra pessoa. Sempre serei
grata.

— Seja grata se mantendo forte. Seja grata nunca deixando que a sua esperança
morra, porque algo me diz que você ainda será muito feliz, minha pequena. Antes de partir, verei
a sua felicidade.

— Não quero que fale em partir. A senhora ainda é muito jovem e vai viver muitos
anos.

— Deus te ouça. Mas agora quero que prometa que vai deixar essa tristeza de lado
e que voltará a ser a menina que sorria, mesmo sem ter motivos suficientes para isso.

— Eu prometo — falo apenas para fazê-la feliz, porque não tenho mais forças nem
mesmo para fingir sorrisos.

— Gabriela Peri — a voz desconhecida de uma mulher interrompe a minha


conversa com a única amiga que tenho.

Quando ergo a cabeça e seco as lágrimas que nem tinha notado que estava
derramando, me deparo com a médica segurando uma prancheta e olhando para mim.

Pela primeira vez depois de muitos anos, a senhora Maria decidiu ousar um pouco
mais em suas tentativas de me ajudar.

Primeiro ela me ensinou a ler e a escrever escondido do meu pai, minha madrasta e
das minhas irmãs.

Ela também comprou algumas roupas e sapatos para mim no decorrer dos anos.
Apenas por sua causa tive o que vestir.

Realmente não exagero quando digo que o meu próprio pai me odeia, tudo porque
ele transferiu para mim a raiva que sente pela minha mãe por causa da chantagem que fez.

Ele não se preocupou em suprir as minhas necessidades mais básicas, nem mesmo
no que tange a minha saúde.

É por isso que é a primeira vez que estou longe das terras do barão.

E a primeira vez que venho a uma clínica médica em muitos anos.

Maria não sabia que hoje é meu aniversário, porque nunca deixei a data escapar.

Sempre perguntou e nunca respondi até hoje.

Nunca foi importante, mas hoje algo me fez falar.

Se ela soubesse da informação, não teria me trazido para fazer exames de


prevenção com a ginecologista justamente hoje.

Embora esteja um pouco assustada e com medo das pessoas, um lado de mim está
feliz por ter finalmente constatado que ainda existe vida fora das terras do meu pai.

Ainda existe um mundo inteiro me esperando quando eu conseguir ser livre.

— Eu sou a Gabriela — digo com um pouco de insegurança, depois de quase um


minuto inteiro em silêncio, apenas observando a doutora.

— Você pode me acompanhar? — Eu não sei a razão, mas ela está analisando algo
na sua prancheta e me olhando de um jeito confuso.

Na verdade, há uma fila de pelo menos cinco pessoas esperando por seu
atendimento.

Eu imagino que não deveria haver fila em uma clínica de luxo como essa, então
provavelmente a doutora acabou se atrasando um pouco, o que atrasou também as consultas que
ela tinha marcado.

Antes de me levantar e seguir a médica, olho para a senhora e ela acena


positivamente para mim. Está tentando me acalmar com o olhar, dizendo sem abrir a boca que
terei que entrar sozinha na sala com a médica.

— Vai ficar tudo bem, minha menina. É apenas um exame de rotina de prevenção.

Eu balanço a cabeça para ela e sigo em frente. Mais uma vez, não deixo de notar o
quanto a médica morena parece aturdida e um pouco cansada.

Eu não sei nada sobre como exercer qualquer profissão, mas me pergunto se está
certo que faça atendimentos quando parece fora de si.

No fim das contas, antes mesmo de entrar na sala com ela, tiro a ideia da minha
cabeça. Eu sei que a doutora deve ser uma das melhores de Solari, ou então a senhora Maria não
teria me trazido até ela.

Além do mais, quem sou eu para julgar o cansaço de alguém?

Assim que acordei, porque nos dias em que faço aniversário o barão me odeia mais
do que em qualquer outro dia, é quando se lembra da minha existência e do dia em que nasci, ele
exigiu que eu ajudasse o jardineiro a cuidar das flores, de todas elas.

Como o idiota que é, o homem se aproveitou que tinha a minha ajuda e fez com que
eu trabalhasse mais do que ele.

Passei o dia quase todo debaixo do sol e agora no final da tarde o resultado é um
cansaço que me leva a quase não aguentar o meu peso sobre as pernas.

Embora esteja tentando parecer levemente animada, mal estou conseguindo manter
os meus olhos abertos.

Quando a senhora revelou que havia dito para o meu pai que precisava muito de
mim para acompanhá-la em uma consulta importante com sua médica, não entendi o que estava
querendo fazer, mas não argumentei, não com a única pessoa que se preocupa comigo.

Durante a viagem, explicou-me que estava na hora de fazer exames com a


ginecologista, além do exame de sangue.

Ela realmente se preocupa comigo e não tenho coragem de reclamar de uma


simples vinda a clínica, por mais que tudo que queira no momento é uma cama quente e uma boa
noite de sono.

Não que minha cama seja a melhor do mundo, mas ainda assim é a minha cama.

Apesar de tudo, sinto que posso começar a ter um pouco de fé no futuro.

Agora que tenho dezoito anos de idade, Maria terá mais poder para me ajudar.

Ela passou anos falando que depois que eu fizesse dezoito anos poderia fazer mais
por mim.

Sendo maior de idade, posso ir e vir quando bem entender.

Se a falta de um lugar para morar for um problema, ela terá a solução.

Não tenho um emprego que pague um salário mensal para que eu consiga me
sustentar, mas acredito piamente que Maria tem influência o suficiente para encontrar algo que
eu possa fazer.

Na situação em que me encontro, aceitaria qualquer coisa.

— Você pode se deitar na cama e relaxar.

A mulher não precisa pedir duas vezes. Eu simplesmente me deito e suspiro


profundamente.

Segundos depois, ela desaparece e volta depois de mais ou menos cinco minutos,
preparada para me atender com máscara e tudo.

Então a mulher pede para que eu me vista com uma daquelas camisolas azuis de
hospital, que via na televisão quando era criança.

Quando a doutora fala que posso deitar-me novamente de costas na cama e dobrar
os meus joelhos com os pés apoiados no móvel, simplesmente deixo escapar um sorriso, tudo
porque realmente estou precisando deitar, mesmo que seja em uma cama de hospital.

Depois de um longo suspiro, simplesmente não vejo mais nada.

Não sei quanto tempo passou.

Eu não sei o que a médica fez comigo, se foi doloroso ou se foi o exame mais
simples do mundo.

A verdade é que apenas confiei na senhora Maria quando ela disse que era
necessário que eu fizesse exames que nunca havia feito, afinal, ela é uma mulher vivida e sabe
muito mais da vida do que eu.

Quando abro os meus olhos novamente, tem uma mão sacudindo o meu ombro.

— Terminou?

Encaro o rosto da mulher e acabo ficando sem jeito quando deixo escapar um longo
bocejo.

— Terminamos.
— Vou enviar os resultados dos seus exames para a senhora Maria daqui alguns
dias, tudo bem? — ela pergunta e eu aceno positivamente com a cabeça. — Vejo que você está
cansada, eu também estou. Foi um longo dia, mas ainda não terminou para mim.

— Realmente foi um longo dia — exausta, rebato.

— Está tudo certo? — Maria pergunta quando deixo a sala de exames.

— Correu tudo bem.

— Você quer tomar um sorvete para comemorar o seu aniversário?

Não sei se me lembro de como se parece ter um sorvete derretendo na minha


língua, mas, por mais que a ideia seja tentadora, estou cansada demais para dar uma resposta
diferente.

— Agradeço a oferta, senhora. Mas eu gostaria de ir para casa. Estou muito


cansada… — a minha voz é apenas um sussurro.

Não estou conseguindo me aguentar em pé.

— Muito trabalho?

— A senhora não imagina o quanto — falo quando os meus ombros caem.

Morrendo de pena de mim, ela acaricia minha bochecha.

Embora não tenha dito nada para qualquer outra pessoa, confiei a verdade para a
Maria. A irmã da minha madrasta conhece a história de como cheguei a vida do seu cunhado.

Eu era apenas uma criança que não entendia muito o que estava acontecendo na
minha frente quando ouvi a conversa entre a minha mãe e o barão. Conforme fui ficando mais
velha, as peças começaram a se encaixar e as frases soltas que tinha na minha memória passaram
a fazer sentido.

Ela me ouviu e simplesmente acreditou na história que contei. A irmã da minha


madrasta sabe que sou filha biológica e bastarda do barão.

Não é por falta de vontade que não o enfrenta por mim. As pessoas simplesmente
temem o meu pai.

Quem seria louco o suficiente para encarar um homem tão poderoso?

Apenas um homem tão poderoso quanto o barão poderia fazer algo assim.

Mas duvido muito que exista qualquer chance de acontecer nessa vida.

— Não fique tão chateada no dia do seu aniversário. Você está fazendo dezoito
anos hoje e te prometo que não vai demorar para que o seu calvário chegue ao fim. Vou te tirar
das mãos do meu cunhado, nem que seja a última coisa que faça nessa vida.

Liberdade.

Ela está me prometendo a minha liberdade.

Essa promessa por si só muda completamente o meu dia e considero esse um dos
aniversários mais felizes dos últimos anos.

Esperança.

A esperança está latejando no meu coração.

Mas eu deveria saber que para mim algo como esperança não existe.

Sempre que ela surge, logo é esmagada e morta.

TRÊS SEMANAS DEPOIS


— Pelo amor de Deus! Não olha por onde anda, estorvo? — Marta esbraveja
quando esbarro nela no jardim.

Essa é a minha querida irmã.

As duas são lindas com seus cabelos escuros e peles morenas, mas a beleza de fora
não reflete por dentro. Por dentro, ambas são vazias e podres.

Nunca me trataram bem.

Sempre que tem a chance, as duas me humilham e zombam da minha cara de todas
as maneiras que são capazes.

Quando eu era criança, não entendia por que agiam dessa forma.

Agora sei que as duas simplesmente não podem aceitar ter alguém como eu como
irmã.
Eu sou indigna. Não sou filha da mãe delas e a ideia de que sou adotada me torna
inferior.

O que me deixa aliviada é que na maior parte do tempo não tenho que lidar com as
duas idiotas.

Elas não ficam no meu caminho.

Só me chamam quando precisam que eu seja a empregada.

Quando vão as compras, sou aquela que tem que guardar as peças novas no guarda-
roupas.

— Perdoe-me — digo tarde demais, porque a mulher já está a alguns metros de


distância, caminhando ao lado de uma de suas amigas, que está sorrindo de mim.

Sem cabeça para pensar em qualquer coisa relacionada à minha irmã agora, arrasto
os meus pés para um dos bancos que fica no jardim da propriedade.

Estou suando não só porque o dia está muito quente, mas também porque há algo
errado comigo e faz algum tempo que estou me sentindo estranha.

Ao me sentar, a sensação é de que o mundo está girando e que vou vomitar tudo o
que comi hoje até não sobrar nada no meu estômago.

Estou tentando segurar a barra, pois tenho muito trabalho para fazer, mas todas as
noites rezo para que passe logo, porque não posso me dar ao luxo de ficar doente nesse momento
da minha vida.

Tudo pode mudar a partir de agora e estou esperando apenas a visita da senhora
Maria para saber se ela já tem algo para mim.

Ela prometeu que iria me ajudar.

Eu só preciso de um emprego e de um lugar para morar.

Sair da prisão onde sou indesejada é mais do que um querer, é uma necessidade.

Depois de respirar profundamente por um tempo, a tontura passa.

Quando olho adiante, vejo a única pessoa que eu queria ver agora se aproximando
de mim.

Mas ela também não parece bem.

A preocupação e o medo no seu rosto, que está sempre sorridente, me assustam.


Maria se senta ao meu lado e imediatamente segura as minhas mãos.

— Senhora? Está bem?

— Eu…

— Pode falar — digo. Meu coração está disparado.

— A médica que te consultou há algumas semanas cometeu um erro. Um erro


muito grave. Ela… Ainda não entendo como foi capaz de…

Já não estou mais prestando atenção.

Como assim um erro?

Erro.

Erro.

Erro.

Muito grave.

A palavra fica se repetindo na minha cabeça quando a tontura volta.


CAPÍTULO 3
Eu não reagi quando a senhora Maria praticamente me arrastou do jardim para o
meu pequeno quarto na ala dos empregados que mal tem uma janela.

Então ela me ajudou a sentar-me na ponta da cama e se sentou ao meu lado.

Agora Maria está me olhando em silêncio e segurando a minha mão, mas mal posso
sentir a sua presença.

Eu estou perdida.

A mulher disse somente uma frase, mas essa única frase grudou na minha mente.

Eu sei.

De alguma forma sei que esse erro, que ainda não sei do que se trata, custará caro.

Custará a liberdade que não cheguei a experimentar.

Não tive a chance de sequer a tocar.

— Você está se sentindo melhor? — indaga.

Eu suspiro profundamente e então olho em seus olhos.

Tem algo que não sei como interpretar no seu olhar.

Preocupação?

Culpa?

Pena?

— A senhora disse que a doutora cometeu um erro? Foi um erro nos resultados dos
meus exames? Eu não estou me sentindo muito bem ultimamente. Estou doente, não é?

— Você não está se sentindo bem?

— Não. Venho sentindo enjoos, tonturas e muito cansaço — falo, seus olhos
crescem de tamanho quando solta minhas mãos e se levanta como se minha cama estivesse em
chamas.

Ela vira as costas para mim, como se no momento não conseguisse olhar nos meus
olhos.

Sou paciente e espero o tempo que precisa, embora eu mesma esteja desmoronando
por dentro e com muito medo do que dirá quando tiver coragem de começar.
Então, mesmo sem se aproximar de mim e segurar minha mão novamente, Maria
vira-se de frente e me encara.

— Quando te levei até a doutora Romana, fiz porque sabia que ela era a melhor
ginecologista e a mais qualificada para te atender.

— Eu sei, e sou grata por tudo que a senhora faz por mim.

— Pela primeira vez em anos de carreira, ela cometeu um erro e foi justamente com
você.

— Está me assustando. Que erro tão grave a mulher poderia ter cometido em
simples exames?

— Ela confidenciou há alguns dias que estava passando por um momento difícil
por causa da separação e que naquele dia em especial não estava se sentindo bem mentalmente.

— Se não estava se sentindo bem, não deveria ter feito atendimento com pacientes.

— Acredite, menina, eu disse as mesmas palavras para ela na primeira


oportunidade que tive.

— E então?

— Nada que eu dissesse seria o suficiente. Não havia como voltar atrás há alguns
dias. Não há como voltar atrás hoje.

— Fale de uma vez, senhora Maria. O que ela fez que te deixou tão aflita?

— No dia da sua consulta, a doutora Romana tinha um procedimento de


inseminação artificial marcado. Os seus exames estavam marcados para às cinco da tarde e a
inseminação estava marcada para às seis horas da tarde. Em meio ao cansaço físico e mental,
além da correria pelo atraso que teve naquele dia, ela acabou trocando sua pasta pela pasta da
outra paciente.

— O que?!

— Minha menina, infelizmente você foi inseminada por engano.

— Eu não estou entendendo. O que isso quer dizer?

— Perdão! Às vezes ainda esqueço que você não sabe de quase nada sobre o
mundo lá fora. Viveu a vida presa nessas terras malditas.

— Por favor…

Não sei pelo que estou implorando.


— Nesse procedimento, se tudo correr como deve, há grandes chances de a
paciente ficar grávida. Estou falando de forma simplificada, porque sei que de outra forma você
não entenderia, mas é muito mais complexo.

Meu coração dispara.

Minha boca fica seca.

— Não tem como uma mulher ficar grávida sem fazer sexo, senhora. Eu nunca…

— A medicina diz que pode, filha. Naquele dia havia uma mulher que não podia ou
não queria ter um bebê por meios naturais, então ela estava tentando a outra saída.

— E essa saída…

— Chama-se inseminação artificial. Romana trocou as pastas e você foi inseminada


no lugar da outra mulher.

Depois de um minuto inteiro tentando entender o que esse erro pode significar, a
bile sobe pela minha garganta, corro para o banheiro e vomito o café da manhã dentro do vaso.

Eu não me levanto até que não haja mais nada dentro do meu estômago que possa
ser despejado para fora.

Parecendo uma louca, vomito e choro ao mesmo tempo.

Não é uma cena bonita de se ver, mas, ainda assim, a senhora está atrás de mim
segurando os meus cabelos.

Quando me levanto, as minhas pernas estão trêmulas.

Então lavo a boca e as minhas mãos na pia do quarto.

Com as pernas trôpegas e sendo segurada pela minha única amiga, sento-me
novamente na cama e dessa vez ela se senta ao meu lado.

— Há quanto tempo a senhora sabe disso? — indago.

Tem culpa no seu rosto.

— No dia seguinte depois da sua ida ao hospital, a doutora me ligou muito aflita e
contou a verdade.

— Por que não me disse antes? Por que esperou três semanas para contar a
verdade?

— Eu não sabia como falar algo assim para você, menina. Você não passa de uma
criança.

— Estamos falando da minha vida! — esbravejo, pela primeira vez levantando a


voz para a minha amiga.

— Eu sei. Sinto muito, você pode me perdoar?

Não respondo, mas no momento também não há espaço para esse tipo de
ressentimento, não quando tenho muito com o que me preocupar.

— A senhora veio até mim para dizer que provavelmente estou grávida?

— Ainda não tem como sabermos. Segundo a doutora, há pacientes que precisam
fazer o procedimento algumas vezes para que realmente consigam engravidar.

— Eu não seria tão azarada, não é? Não é possível que logo na minha vez e com
uma inseminação por acidente tenha dado certo.

— Vamos pensar positivo, minha criança.

— Se bem que…

— Você está bem?

— Senhora Maria… Eu acho que estou grávida. As mulheres quando estão grávidas
têm sintomas, não é?

— Nas primeiras semanas, algumas mulheres sentem enjoos.

— Eu estou sentindo enjoos há alguns dias — confesso, e nesse momento meus


olhos estão cheios de lágrimas.

— Se acalme, há muitas causas para enjoos. O fato de estar sentindo não significa
que…

— Venho sentindo tonturas.

— Você só está cansada — ela continua rebatendo, mas percebo a mudança na sua
expressão facial a cada resposta que dou.

— Ultimamente tenho sentido muito cansaço e sono. Às vezes tenho a sensação de


que vou desmaiar a qualquer momento.

Depois das minhas respostas, a senhora fica um tempo em silêncio e então


finalmente se entrega ao fato de que é possível que eu esteja muito ferrada, mais do que sempre
estive.
— E agora, senhora? O que vou fazer da minha vida? Consegue imaginar o que o
meu pai fará comigo se eu estiver grávida?

— Querida, sei que não é justo pedir algo assim, mas preciso que tenha um pouco
de paciência e que fique calma.

— Ficar calma? — Agora sou eu que me aproximo da janela pequena do meu


quarto, em uma tentativa de respirar melhor, porque a sensação é de estar me sentindo sufocada.

— Antes de tomar qualquer atitude, precisa fazer um teste de gravidez. Eu poderia


providenciar um desses de farmácia, mas acredito que o ideal é irmos até a doutora Romana para
que você faça um exame de sangue. Além do mais, precisamos conversar com mais detalhes
sobre o que aconteceu naquele dia. Ela conversou comigo, mas quero que conte tudo para você,
porque você foi a principal afetada pelo erro que cometeu.

— A senhora sabe que não o direito de ir e vir nessa casa. Quando comecei a
acreditar que o meu pesadelo estava chegando ao fim e que a senhora estava vindo para dizer que
havia encontrado um emprego para mim, o que realmente trouxe foi uma bomba que pode tornar
a minha vida difícil ainda mais complicada.

— Eu sinto muito, menina.

— Por favor, pare de dizer que sente muito. Além do mais, a culpa não é da
senhora.

— Mas sinto como se fosse.

— Essa doutora Romana não pode simplesmente cometer um erro tão grande e
ficar impune.

— Não ficará, minha criança. Se você realmente estiver grávida, alguma coisa ela
terá que fazer para atenuar o impacto do fez. Não se preocupe, pois vou garantir pessoalmente
que você terá a assistência que merece.

Suas palavras deveriam me tranquilizar, mas não conseguem.

Estou mais do que sobrecarregada. Além de tudo, ainda existe a possibilidade de


um bebê pela frente, quando eu mesma mal sou uma adulta.

Como posso ter um bebê se nem mesmo sei o que é ser tocada por um homem?

Isso não é certo, é?

Como posso lidar com tudo?

A pessoa que está escrevendo a minha história possui um estranho senso de humor.
— O que fará para convencer meu pai a permitir que eu vá até a médica?

Não é como se eu tivesse permissão para colocar os meus pés para fora das suas
terras.

Estou presa!

— Ainda não sei, mas te garanto que darei um jeito. Quero que você fique com isso
aqui — fala, ao abrir a bolsa e colocar uma caixa quadrada nas minhas mãos.

Ansiosa, abro-a e vejo um aparelho celular moderno e novo.

— Não posso aceitar isso…— digo, tento devolver, mas a senhora não aceita.

— Sei que o maldito barão não permitiu que você tivesse um celular em todos esses
anos, mas agora precisarei manter contato com você de maneira mais direta e a melhor saída será
a comunicação através dos nossos celulares.

— Tudo bem. Eu não vou deixar que ninguém veja que isso está comigo — afirmo.

Enquanto ela liga o aparelho e eu a observo fazendo as configurações iniciais, tento


imaginar como será a minha vida daqui para frente, mas em seguida também tento tirar esses
pensamentos sobre o futuro da minha mente, porque simplesmente não posso começar a sofrer
por antecipação quando nem tenho certeza se estou realmente grávida.

No fundo, sinto que estou grávida, porque tenho todos os sintomas que vejo nas
mulheres grávidas nos filmes e novelas que assistia até os meus sete anos de idade, mas ainda
preciso me enganar por um tempo e fingir que há a possibilidade de que seja qualquer outra
coisa, menos um bebê na minha barriga.

Eu estou com a mente cheia de pensamentos desencontrados e tem muitos detalhes


que não entendo a respeito do procedimento que foi feito em mim por engano, então prefiro fazer
as perguntas quando estiver frente a frente com a médica, que será a melhor pessoa para falar
comigo sobre o assunto.

— Aqui está o seu novo celular. Por favor, fique de olho nele o tempo todo. Preciso
encontrar a melhor maneira de agir, e quando tiver algo mais concreto, te ligarei ou enviarei uma
mensagem.

— Não sei se aguento a agonia de esperar…

— Prometo que não vou demorar, minha querida. Encontrarei uma maneira de te
tirar novamente dessa casa sem levantar suspeitas no seu pai. Você vai fazer o exame de sangue
e esclareceremos todas as dúvidas que tiver com sua medica.

— Tudo bem — digo, mas sei que não está tudo bem.
Minha vida virou de cabeça para baixo,

— Agora eu tenho que ir.

Depois que a mulher sai, fico sentada em silêncio na minha cama durante um
tempo.

Na minha cabeça, ainda é difícil de acreditar em tudo o que saiu da boca da Maria.

A possibilidade de estar grávida sem nem mesmo ter feito sexo parece tão surreal
que sinto vontade de sorrir e depois de chorar.

Em qualquer situação, seria um choque pensar em uma gravidez sem ter planejado
um filho, mas no meu caso é ainda mais complicado, sobretudo porque a minha vida não me
pertence.

Por mais que a minha vontade seja de deitar em posição fetal e dormir até esquecer-
me da realidade, sei que não é uma escolha.

Quando deixo o meu quarto a procura de algo para fazer, sei que terei o meu
coração e os meus pensamentos em outro lugar.

Mesmo que a senhora demore apenas um dia para dar-me alguma notícia, sinto que
a sensação será de que demorou uma eternidade.

Será que realmente acabei acidentalmente grávida?

Um dia saberei quem é o pai, caso seja real?

Eu vou querer saber quem é o pai?

O que vou fazer com um bebê?

O que meu pai carrasco, que me criou presa, fará quando souber que estou grávida,
mesmo com todos os seus esforços para me prender?

Não! Não é possível que eu esteja grávida.

Eu não quero estar grávida.

DIAS DEPOIS
Positivo.

Uma única palavra que eu sei que mudará a minha vida para sempre,
independentemente da decisão que eu possa vir a tomar.
Maria demorou cinco dias para entrar em contato comigo. Na mensagem que
enviou mais cedo, disse que havia inventado para o cunhado que precisava fazer mais alguns
exames e que precisava de companhia.

Como o barão, sua esposa e suas filhas são incapazes de pensarem em qualquer
pessoa que não seja neles mesmo, a contragosto o meu pai acatou a sugestão da esposa de que a
sua irmã me trouxesse.

Orgulhosa da própria mentira, a mulher me pegou em casa depois do almoço e me


trouxe até a médica do diabo.

Dessa vez não tive que enfrentar fila.

Desde o momento em que chegamos, a doutora não parou de olhar para mim.

Ela tem um misto de curiosidade com o medo do que fez comigo no olhar.

Há alguns minutos, uma jovem enfermeira trouxe os resultados dos exames que fiz.
Desde que abri o envelope e li o resultado, ninguém mais disse sequer uma palavra.

Antes mesmo de ler o resultado, todas nós sabíamos que eu estava grávida.

De alguma forma e por razões diferentes, todas nós sabíamos.

Os meus olhos estão marejados e o meu coração está disparado.

Eu não tenho palavras.

A sensação é de que estou fora do meu corpo vendo tudo de longe.

Grávida.

Por causa de um erro, estou grávida.

Grávida quando nunca havia pensado sobre ser mãe.

Grávida de um desconhecido.

— Você está acabando com a minha vida — falo, encarando a maldita médica.

— Eu sinto muito.

— Você sente muito? É tudo o que tem a dizer depois da merda que fez? Você não
deveria salvar vidas em vez de destruir?

De repente, me vejo colocando tudo para fora.


Tudo o que vim guardando junto com o medo durante os últimos dias está
escapando.

— Você pode interromper, querida — a médica fala, olhando de mim para a


senhora Maria, que não abriu a boca desde que chegamos para falar com essa mulher.

Antes de pegarmos o resultado, Romana explicou sobre como funciona todo o


procedimento da fertilização in vitro e como foi capaz de confundir duas pacientes, mas confesso
que minha mente estava nos resultados dos exames de sangue que eu havia acabado de fazer.

Praticamente não estava a ouvindo.

Mas o que acabou de dizer ouvi perfeitamente.

— Interromper?

— A gestação está no começo, podemos interromper sem riscos para você ou para
o bebê. Não é algo que muitos consideram ético e estarei cometendo mais alguns erros, mas o
maior deles está feito, não é?

Ela não está sendo irônica, apenas passa a sensação de cansaço e de que está
entregando os pontos.

— Eu não sei… — olho para a senhora Maria em busca de apoio, mas ela parece
tão perdida quanto eu.

— O doador ainda tem material congelado. Se eu fizer o aborto, ele não será
severamente prejudicado.

A mulher havia falado sobre o tal doador antes, mas eu realmente não estava
focada.

É estranho, porque não o conheço e a forma como o bebê veio para a minha barriga
não é a convencional, mas, ainda assim, ele tem um pai.

Outra pessoa além de mim será metade da vida que carrego dentro de mim, caso eu
permita que o bebê nasça.

A minha mente está girando com tantas outras perguntas e possibilidades.

Mas o que realmente fica é o fato de que estou grávida.

Estou grávida e a pessoa que cometeu esse erro está me oferecendo possivelmente a
melhor saída.

A melhor solução para todos, até mesmo para o pai desse feto, que certamente não
imagina que tem uma mulher que nunca viu grávida dele.
— Eu…

Tudo em mim grita para que eu aceite tirar o bebê. Ele nem mesmo é um bebê
ainda.

É só um feto que não foi formado.

Não é meu filho.

Eu não quero esse bebê.

Mal tenho uma vida para pensar na possibilidade de ter um bebê.

Mesmo que meu desejo seja dizer as palavras sim, eu quero fazer o aborto, não
consigo.

Nada escapa da minha boca por um tempo.

Minutos passam de puro silêncio no escritório da médica.

Minutos em que não consigo reunir coragem para enfim dizer as palavras certas.

Então falo o que consigo no momento.

— Preciso de um tempo para pensar.

É isso.

Não sei porque não estou acabando com essa história agora mesmo, mas não posso
fazer algo para o qual não estou preparada.

Ainda não.

Acredito que preciso de tempo para despedir-me dele, mesmo quando nem mesmo
cheguei a aceitar sua existência dentro de mim.

— Você não tem muito tempo, quanto antes fizermos, melhor será.

— Não me pressione! — exijo, ao pegar minha bolsa e me aproximar da porta da


sala.

Preciso de um pouco de ar.

Mas o que realmente preciso é de uma direção.

Se a minha cabeça sabe qual a decisão devo tomar, considerando que nunca fui
dona das minhas vontades, o meu coração deseja outra coisa.
O meu tolo coração.

Sempre o meu coração, que me colocará em sérios problemas.

O meu tolo coração, que em breve tomará uma série de decisões questionáveis,
todas indo contra o bom senso, pois mesmo tendo a vida que tive, esse mesmo coração nunca
desaprendeu a amar.

Esse tolo coração nunca perdeu a esperança.

Esperança.

Amor.

Eu só preciso de um milagre. Pelo menos uma vez.

Antes de sair da sala, faço a pergunta que em seguida descobrirei que moldará o
meu futuro e a minha felicidade em todos os sentidos.

— Quem é o doador? Eu preciso de um nome.

— Eu não posso...

— O nome. Você me deve isso, doutora.

Não sei se o fato de saber o nome do pai do bebê mudará algo, mas meu tolo
coração precisa disso antes que uma decisão seja tomada.

Por alguma razão, só preciso sentir que não estou sozinha, que de alguma forma
alguém também é responsável por esse feto que por acidente está na minha barriga.

Quando a médica mostra a ficha que é altamente confidencial, minha visão


escurece e acabo desmaiando.

Nada me preparou para a identidade do doador.

O destino deve estar de brincadeira comigo.


CAPÍTULO 4
ALGUNS DIAS DEPOIS
A cena que está acontecendo agora poderia ser uma corriqueira como outra
qualquer de quando as minhas irmãs me maltratam com palavras.

Elas não precisam encostar a mão em mim para deixarem marcas na minha alma,
porque são plenamente capazes de me quebrar completamente apenas com seus olhares e frases
maldosas, que fazem com que eu me sinta um inseto que não tem nenhum valor.

Mas a culpa do que está acontecendo agora é única e exclusivamente minha.

Depois que voltei do encontro com a médica ao lado da senhora Maria, eu poderia
ter ficado quieta e apenas tentado colocar os meus pensamentos e sentimentos em ordem.

Em vez disso, sem ter para onde correr e com quem conversar, simplesmente pirei.

De maneira desordenada, comecei a fazer os testes que pedi para que a senhora
trouxesse para mim, porque ela começou a frequentar ainda mais a casa da irmã depois que fui
inseminada por acidente.

Ela prometeu que não sairia do meu lado e não saiu.

A cada ligação que fazia para mim, eu pedia para que trouxesse mais um teste de
gravidez, mesmo que todos continuassem dando o mesmo resultado.

Eu continuo insistindo, como se a qualquer momento, como em um passe de


mágica, um dos testes de gravidez fosse dar negativo e mostrar que o resultado anterior foi um
engano.

Mas os resultados nunca mudam.

Era óbvio que a minha imprudência e incapacidade de lidar com a situação de


maneira madura me colocaria em maus lençóis.

Eu fui descuidada quando descartei um dos exames em um dos banheiros da


mansão. Não sei o que é minha irmã mais velha estava fazendo fuçando no lixo, mas ela
encontrou o maldito teste descartado.

Agora estou em pé ao lado da mesa do jantar que acabei de servir, porque não
houve uma única noite em que o meu pai permitiu que eu me sentasse para jantar com a família.

Ruth tem o teste em uma das mãos e está exibindo para os olhos de toda a família
como se fosse um troféu de honra.

O meu coração está disparado no peito, porque sei que ela está fazendo isso para
me atingir. Minhas irmãs não suportam a minha presença e, assim como a mãe, tenho certeza que
não engolem a história fraca de que fui adotada.
Ela sabe que o nosso pai não reagirá bem a essa verdade sobre mim e está fazendo
uma cena da mesma maneira, tudo porque me odeia.

De repente, sinto vontade de chorar e então sair correndo, mas sei que não adiantará
agir dessa forma, porque ele entrará no meu quarto e eu terei que enfrentá-lo de qualquer
maneira.

— O que você está querendo mostrar com isso, minha filha? — o Barão pergunta.

Para piorar a minha situação, a senhora Maria não está aqui para me defender.

— Esse é um teste de gravidez. Eu imagino que não seja da minha mãe.

— É claro que não é meu, menina. Eu não tenho idade mais para isso.

— O teste é seu, Márcia?

— Não! — a outra se ofende.

— Bom, então sobra apenas a nossa querida irmãzinha bastarda, Gabriela. Esse
teste de gravidez que deu positivo é seu, Gabriela?

Há prazer no seu olhar e o veneno está escorrendo pelo canto da sua boca, quase
posso ver.

Antes mesmo que eu tenha a oportunidade de abrir a boca para dizer alguma coisa,
o meu pai joga o guardanapo que estava no seu colo sobre a mesa, se levanta e aproxima-se de
mim.

Com o rosto revestido de fúria, ele para na minha frente e segura o meu braço com
mais força do que deveria.

Certamente haverá marcas dos seus dedos na minha pele amanhã pela manhã.

— O que foi que você fez?

— Eu…— De repente, as palavras escapam da minha mente, talvez por saber que
nada que eu disser será o suficiente para convencê-lo de que não tenho culpa no que aconteceu.

Uma pessoa que nunca gostou de mim e que apenas tolerou a minha presença e
existência durante todos esses anos jamais acreditaria em qualquer palavra saída da minha boca.

Sempre pensará o pior de mim.

Até alguns anos atrás, eu sonhava em ser amada pelo meu pai. Hoje tudo o que
quero é me livrar dele.
Sei que é errado pensar assim, mas talvez esse filho, que mesmo depois de alguns
dias não consegui decidir se quero ter ou tirar, seja o meu passaporte para a liberdade.

— Aparentemente, você desaprendeu a como falar, mas foi esperta o suficiente


para agir como uma vagabunda e abrir as pernas para um qualquer, não é?

— Eu não abri as pernas para ninguém! — esbravejo mais alto do que deveria e a
sua mão pesada acerta meu rosto em um tapa forte e seco.

Esse homem sempre me feriu com a sua falta de amor e palavras duras nas poucas
vezes em que me deixou saber que se lembrava da minha existência, mas ele nunca tinha
levantado a mão para mim.

Acabou de me bater na frente da sua preciosa família.

Com os olhos cheios de lágrimas, levo a mão ao rosto ardido e mordo o lábio
inferior para não chorar.

— Você é uma vergonha para mim, menina. Nunca foi digna do meu sobrenome e
a melhor coisa que fiz foi não ter dado ele para você. Acabou de completar dezoito anos e já está
grávida, provavelmente o pai é um pobre coitado que não vai assumir essa criança e muito
menos você.

— Se o senhor me deixasse falar…— eu não sei porque ainda estou tentando.

— Eu não quero te ouvir, menina. Na verdade, não quero olhar para sua cara agora.

Então me mande embora.

Finalmente dê a minha liberdade.

Não sei o que fazer e não tenho para onde ir, principalmente estando grávida, mas
tudo é melhor do que continuar nessa casa.

Apenas me mande embora e me livre dessa prisão.

Eu mesma poderia ter cometido a loucura de pegar as minhas tralhas e fugir daqui,
mas sei que será muito melhor para mim se o barão em pessoa me colocar para fora de casa,
porque é dessa forma que ficarei livre para sempre.

Se a ideia for sua, sei que não virá atrás de mim.

— Vou arrumar as minhas coisas e…

Tento jogar um verde para testar sua reação.

Por favor, me mande ir embora.


— Você não vai a lugar algum. Ficará debaixo dos meus olhos até que eu diga o
contrário, porque não permitirei que uma mancha ambulante para o sobrenome da família
caminhe livre por Solari. Vá para o seu quarto! Só sairá quando eu decidir o que farei com você.

Sentindo-me muito triste e humilhada, corro para fazer exatamente o que o velho
maldito ordenou.

Estou chorando quando me tranco dentro do meu quarto, sobretudo, porque sei que
ele não quer me deixar sair da sua vida por medo do que a mamãe possa fazer.

Mas ele nem sabe se mamãe está viva.

Ou será que sabe?

É claro que sabe. O barão é o tipo de homem que está sempre a par de tudo que o
interessa.

Se está me prendendo depois de tantos anos, é porque ainda sente medo da mulher
que foi sua amante por uma noite.

Para manter sua reputação ilibada e a ilusão de que tem a família perfeita, está
disposto a me aturar.

O problema é que eu não aguento mais essa merda de vida.

— Está vendo o que você fez? A culpa é sua, bebê! — converso com minha
semente quando me jogo na cama. — Eu deveria ter me livrado de você, carrapato — brinco,
sorrindo entre lágrimas.

Tudo seria mais fácil se eu me livrasse dessa gravidez mais do que acidental aos
dezoito anos de idade e quando estou completamente perdida, mas dias se passaram e a doutora
ainda está esperando pela minha resposta.

Agora, em vez de planejar como será a minha vida fora desse inferno, terei que
esperar e torcer para que o velho perceba que não valho a pena.

Ele tem que me mandar ir embora, para que eu possa começar a finalmente viver a
minha vida em um lugar onde não sou indesejada.

O problema é que a espera pode ser torturante.

UMA SEMANA DEPOIS


Eu acordo sentindo enjoos, mas o que realmente me faz despertar é uma batida na
porta.

Aturdida, levanto-me da cama e atendo quem quer que esteja me incomodando.


— O barão pediu para que você vá até o escritório dele.

— Agora? — questiono a governanta da casa.

— Agora — ela responde de um jeito rude, porque até os funcionários dessa casa
me tratam mal.

Quando fecho a porta novamente, o nervosismo vem com força total, porque
acredito que finalmente a minha espera está chegando ao fim.

Depois de uma semana fazendo de tudo para não atravessar o caminho do velho, ele
finalmente quer falar comigo.

Não deveria ficar animada, mas preciso me agarrar a algum resquício de esperança.

Nos últimos dias conversei com a senhora Maria e ela acredita que o cunhado não
vai mais me aceitar por perto. Ela tem tudo pronto para mim quando eu deixar esse lugar.

Por um tempo, pagará um quarto de hotel e também conseguiu um emprego de


secretária com sua amiga que tem uma joalheria.

Só preciso que o barão me liberte e que me deixe certa de que nunca mais
atravessará o meu caminho.

Porque não há nada que me prenda a essa família e a essas terras.

Nem mesmo o fato de saber que sempre estive tão perto dos príncipes foi o
suficiente para aliviar a realidade terrível de viver anos em um lugar onde não me queriam.

Depois de tomar banho e fazer minha higiene matinal, coloco um vestido floral e
deixo o quarto com o coração aos pulos.

No fim das contas, não tive coragem de ir até a médica para me livrar da
sementinha.

Por causa do bebê estou nessa situação complicada, mas também é por ele que
quero ainda mais ser livre.

Meu bebê vai nascer.

Não sei como será nos próximos meses, mas ele é meu.

Se veio parar dentro de mim é porque tinha que ser assim e tem de haver um
propósito para o que está acontecendo.

Quando entro no escritório, toda a família está presente. Um pouco nervosa,


aproximo-me da mesa onde o barão está sentado.
Em pé na sua frente, espero até que comece a falar, como se ele fosse um juíz
prestes a me absolver ou dar uma sentença de morte.

— Tomei uma decisão quanto ao seu futuro.

Não digo nada.

— Você foi um estorvo mesmo quando passou todos esses anos tentando se manter
nas sombras. Embora finjam o contrário, todos aqui sabem que é fruto de um deslize meu e que
só fiquei com você porque fui chantageado por sua mãe. — Eu deveria estar com o coração
calejado, mas cada palavra abre um buraco mais fundo no meu coração. — Você está grávida e
não continuará sendo um problema meu, mas não posso te deixar livre para sair por aí fazendo e
falando besteiras.

“Você precisa ser mantida na rédea curta, é por isso que tomei essa decisão.
Gabriela, você irá se casar.

— O que?!

Só posso ter ouvido errado.

— Você irá se casar.

— Não, eu não vou.

— Vai se casar e sei exatamente com quem. A partir de hoje, você fará aparições
pontuais ao meu lado e ao lado das suas irmãs. Preciso que Solari se lembre que tenho três filhas.

— Eu não estou entendendo…

— Há muitos anos, fiz um acordo com um velho amigo. Prometi uma das minhas
filhas para um dos filhos dele em casamento. Dada as circunstâncias, a escolhida será você.

— Não posso, estou grávida...

— Ele não precisa saber — fala com frieza sobre enganar outra pessoa. — Quando
souber quem é o seu pretendente, por um momento parecerá que o casamento será um prêmio,
mas rapidamente perceberá que se casar com esse homem será o seu maior castigo. É o que você
merece por ter sido uma pedra no meu sapato por tantos anos.

— O senhor nunca me amou. Por quê?

— Olho para você e lembro do pecado. Você é minha vergonha ambulante.


Finalmente sairá da minha vida, mas não será da forma como sei que estava planejando. Nesse
novo lar, você ficará ainda mais presa. O seu futuro marido tem fama de que não tem coração.

Quando a vontade de vomitar vem com tudo, viro as costas para ele.
Antes de sair da sala, não deixo de ver os sorrisos vitoriosos das minhas irmãs e
madrasta.

Eu poderia simplesmente fugir agora mesmo, mas tenho que pensar no bebê na
minha barriga.

Ele é o barão. Se eu o afrontar, todas as portas serão fechadas para mim e nem
mesmo a senhora Maria será capaz de me ajudar.

Estou em uma encruzilhada e com o destino nas mãos de um segundo homem.

Um homem que não faço ideia de quem é, mas certamente deve ser o mal
encarnado, pois o barão definitivamente não me colocaria nas mãos de um homem bom.

— O que a gente faz, bebê?


CAPÍTULO 5

QUASE UM ANO DEPOIS


— Irmão, eu sugiro que você pare de beber! Quando se embriagar a ponto de não
conseguir mais sustentar o seu peso sobre as próprias pernas, não te levarei para casa nas costas
ou arrastado.
— O que você está fazendo aqui? Não deveria estar correndo atrás de um rabo de
saia? Sabemos que o seu dom está voltado para o fato de ser irresistível para as mulheres.

Depois de beber mais cervejas do que deveria para um homem na minha posição, a
minha voz está mais grossa do que o normal e a minha visão está turva.

Geralmente sou aquele que está sempre no controle das próprias emoções e que
nunca passa do ponto em quaisquer aspecto da vida. Mas tem dias que até homens como eu
acordam com o pé esquerdo.

Especialmente hoje, acordei com o pé esquerdo.

Minhas mãos estão amarradas e não sei como soltá-las.

A quem estou tentando enganar? Eu não irei soltá-las.

Sou o que sou e sinto que não saberia o que fazer com a liberdade se um pouco dela
fosse me dado.

— Conheço você e vejo no seu olhar que hoje não está tendo um bom dia, irmão.
Quando decidiu que viria se divertir, algo que é muito raro vindo de um robô, soube que teria
que ser a sua babá.

— Eu não preciso da porra de uma babá!

— Você precisa afrouxar o nó da gravata em volta do seu pescoço, está te


sufocando, mesmo que não esteja usando uma gravata.

— Javier, eu realmente não preciso dos seus conselhos e da sua tentativa de ser
meu psicólogo hoje.

Com um sorriso tenso no rosto, tomo mais um gole da minha bebida.

Por sermos príncipes, uma saída para nós dois nunca é uma simples saída. Por isso
meu irmão mais novo e eu estamos usando óculos escuros dentro de uma boate.

Também colocamos bonés nas nossas cabeças e cachecóis em volta dos nossos
pescoços, porque felizmente estamos no inverno e a peça ajuda a esconder um pouco mais as
nossas identidades.

Quando estava sentindo-me sufocado dentro do meu próprio quarto, decidi chamar
o Javier para sairmos. Seria uma tentativa de tirar o que me atormenta da minha mente, mas até o
momento não estou conseguindo ter sucesso no meu intento.

Apesar do álcool no meu sangue, continuo pensando na minha vida e na mudança


grande que experimentarei em breve.
— Meu irmão, por que não tenta ser mais corajoso pelo menos uma vez na vida?
Você não vai morrer se enfrentar o papai e dizer com todas as letras que não quer se casar com a
noiva que ele escolheu.

— Eu não sei se posso fazer isso.

— O seu grande problema é o medo de decepcionar as pessoas que ama. Desde


criança tenta andar na linha e não lembro de nenhuma vez que o nosso pai tenha te repreendido
por ter feito algo errado. Você sempre foi muito diferente de mim e do Felipe.

— É verdade, nunca fui idiota como vocês dois. — Tento um sorriso cínico, mas
sai uma careta.

— Você não tem que se casar e vou bater nessa tecla até que seja tarde demais.

— Eu deveria ter me oposto a ideia alguns meses atrás. Todavia, com todas as
letras autorizei o meu pai a escolher uma noiva para mim e não vou voltar atrás agora, não
depois de também colocar a ideia do casamento na cabeça da minha suposta noiva.

— Estamos falando da mulher que você ainda não conhece? — questiona-me por
estar pensando meus sentimentos dela.

— O nosso pai a conhece, ou você se esqueceu que o barão é amigo do rei?

— São tão amigos que o acordo de casar uma das filhas dele com um de nós existe
há anos e não fazíamos ideia. Em que era vivemos?

— Está decidido, Javier. Eu vou me casar e já aceitei esse fato.

— É por isso que estamos bebendo como dois gambás?

— Você não está fazendo nada além de encher o meu saco, irmão — digo. — Vá
atrás de mulher, sei que é isso que quer fazer. Deixe-me sozinho com os meus pensamentos.

— Tudo bem. Vou te deixar. Quem sabe a bebida não te faz criar um pouco de
coragem para dizer para o rei que ele pode ir para o inferno com o casamento arranjado que
inventou?

— Não prometo tentar — falo com ironia.

— Não saia sem mim. Voltarei para levar sua bunda bêbada para casa.

Respiro aliviado quando finalmente meu irmão me deixa sozinho.

Bebendo e ignorando a presença de pessoas me cercando com seus sorrisos que me


irritam e alegria de viver, começo a fazer a única coisa que tenho feito nos últimos meses: penso
na minha vida.
Penso.

E penso um pouco mais.

Não passa disso, porque nem mesmo consigo considerar a possibilidade de


desmanchar o compromisso que meu pai fez com o seu poderoso amigo, o barão do café.

Mas a verdade é que, mesmo se não fosse pelo acordo fechado há anos, um acordo
que não mudaria nada na vida do meu pai se fosse quebrado, ainda assim eu me casaria com a
mulher que ele dissesse ser a adequada para um homem como eu.

Sempre fui um seguidor de regras, algo em mim sempre se sentiu responsável para
dar ao meu pai a satisfação de ter um dos seus filhos se casando com uma moça perfeita,
segundo os seus critérios.

O desejo de acertar ficou mais latente depois que meu irmão mais velho e herdeiro
do trono se casou com uma plebeia.

Não o julgo por ter se apaixonado e por ter lutado por seu amor, mas sempre soube
que jamais agiria de forma semelhante.

Esse não sou eu.

Eu sempre soube que faria o que tinha que ser feito, mas ultimamente tem sido
mais difícil.

Fazia tempo que eu não pensava no meu amor do passado, na única mulher que
amei e de quem abri mão por ser o príncipe Ignácio de Solari.

Há alguns dias, comecei a pensar nela e a me questionar o que aconteceu com a sua
vida.

Será que se apaixonou novamente?

Será que se tornou mãe de um lindo bebê?

Será que se lembra que em algum momento da sua vida namorou um príncipe
babaca e que nunca teve a intenção de levar o relacionamento adiante?

Ela se lembra do homem que virou-lhe as costas quando tudo se tornou sério
demais?

Uma parte de mim deseja que Jane seja a mulher mais feliz do mundo nesse
momento, mas a outra parte deseja o contrário, tudo porque não quero ser o único infeliz nessa
história.

Depois que meu irmão mais velho se casou com a sua querida Elena e formou uma
bela família com ela e seu filho, não demorou mais do que alguns meses para que os olhos do
meu pai e de toda Solari se voltassem para mim, o segundo filho mais velho.

As perguntas sobre quando eu me casaria começaram a serem feitas. Como


resposta, eu sempre dava de ombro e dizia que me casaria no momento certo.

O problema é que eu sabia que, depois que abri mão da única mulher que amei, o
momento certo nunca chegaria.

No dia em que o meu pai me chamou no seu escritório para uma conversa, que na
verdade era apenas uma tentativa de me pressionar quanto ao futuro, ironizei o rei.

Eu disse que ele mesmo poderia escolher a minha noiva se estava com tanta pressa.
Completei dizendo que só assim ele poderia ter certeza de que foi feita a escolha certa segundo
os seus critérios. Sabia que optaria por uma mulher que de forma alguma seria julgada inferior a
um príncipe.

Na manhã seguinte, percebi que o homem levou a sério as minhas palavras, mas
não voltei atrás.

Então começou a sua corrida para limpar sua imagem ao conseguir para mim a
noiva perfeita. Veio a pressão de um casamento para mim, em sua clara tentativa de mostrar que
não havia perdido as rédeas sobre todos os filhos, apenas porque o mais velho e herdeiro do
trono o desafiou para ficar com a mulher que amava.

Acreditei que o rei daria bailes exaustivos para as moças do reino, em um esforço
para encontrar minha noiva perfeita, mas estava enganado.

O meu pai não estava dando bailes para escolher a minha noiva como fez com o
Felipe. Ele já tinha a pretendente mais do que escolhida.

Foi por acaso que meus irmãos e eu descobrimos que havia um acordo com o barão
Solto Maior e que um de nós teria que se casar com uma das três filhas dele.

Como Felipe se casou, sobrou o Javier e eu. Como sou o mais velho, a bomba caiu
no meu colo.

Faz meses que tenho conhecimento de que terei que me casar com a filha do Barão,
qualquer uma delas.

Faz meses que aceitei que não terei como fugir desse compromisso

Também faz meses que não faço a menor questão de fingir que estou feliz e
empolgado com iminente enlace matrimonial.

Eu não fiz nem mesmo questão de conhecer a minha pretendente.


Gabriela, esse é o nome dela.

A filha mais jovem do barão.

Até hoje não me importei o suficiente para marcar um encontro. Tudo o que sei, li
em tabloides de fofocas nas raras vezes em que me dei ao trabalho de pesquisar a seu respeito.

Há uma situação estranha que vai além do fato de eu estar prestes a entrar em um
casamento arranjado em pleno século vinte e um.

Não encontrei muito além do nome da moça nas pesquisas que fiz. As outras duas
filhas do barão aparecem bem mais nos eventos da alta sociedade de Solari.

Encontrei apenas duas fotos da minha futura noiva em eventos e nas duas imagens
ela pareceu séria e triste.

Seu rosto não é o foco nas duas imagens, então não sei ao certo o que pensar sobre
a aparência da moça, mas posso dizer que não gosto dela.

Não a conheço e ainda assim a desprezo.

Não há nada de especial em alguém que não sei nada a respeito para me fazer a
detestar, mas ela é filha de um Barão no final das contas. Eu sei como são as moças da alta
sociedade de Solari.

Elas são frias.

São fúteis.

São vazias.

Gabriela não deve ser diferente, não quando concordou em entrar nessa de
casamento por conveniência.

Todas são iguais. Só mudam de endereço.

Por isso meu irmão mais velho se casou com sua linda plebeia.

Se eu fosse um pouco como ele, provavelmente a essa altura estaria casado com a
minha própria plebeia.

Mas não sou como Felipe, por isso estou bebendo sozinho e brindando a minha
própria desgraça.

Depois que ficou decidido que eu me casarei com a filha mais jovem do barão,
segui com a minha vida como se nada estivesse atormentando o meu coração, embora não tenha
conseguido esquecer-me um minuto sequer.
Na minha mente e no meu coração, havia o peso de saber que a qualquer momento
poderia me casar, mas meses se passaram sem o casamento acontecer de fato.

Nas poucas ocasiões em que tive o desprazer de estar na presença do barão, porque
de alguma forma sinto que ele não é um homem de confiança, apesar da amizade com o rei, tive
a sensação poderosa de que estava com muita pressa para que a sua filha se casasse comigo de
uma vez.

Pareceu que ele queria se livrar logo da moça.

Se eu tive essa impressão, com certeza o meu pai, que sempre foi um homem de
intuição forte e que vive muito desconfiado de tudo e de todos, também teve.

Tanto teve que não fez nenhuma questão de me casar no espaço de tempo de um
mês.

Realmente acredito que o meu pai andou testando o barão do café em todo esse
tempo.

Tenho a teoria de que o rei percebeu que por alguma razão o barão estava mais
interessado do que ele na realização do meu casamento com a sua filha e deve ter imaginado que
havia uma razão a mais por trás de tanta pressa e insistência para que o enlace fosse feito de uma
vez.

Até agora não consegui enxergar algo que possa justificar a pressa do Barão, mas
meu pai segue o observando de perto.

Mas algo me diz que o teste está chegando ao fim, pois faz dois dias que papai
marcou o baile de noivado.

Ele esperou até o último momento para ter certeza de que não havia nada de errado
nas intenções do amigo de longa data ao cumprir com o acordo de anos, então, quando notou que
aparentemente não havia nada com o que se preocupar, decidiu que havia chegado a hora.

Passei vários meses assistindo o desenvolvimento dessa situação e a queda de braço


fria entre o meu pai e o barão. Assisti como um telespectador qualquer, como se o meu futuro
não estivesse em jogo.

Da mesma forma, a voz da minha futura esposa não foi ouvida em nenhum
momento e às vezes quase parece que ela não existe.

Eu realmente gostaria que não existisse.

— Gostaria de pedir mais uma garrafa de cerveja? — Essa voz…

Como se estivesse fazendo movimentos em câmera lenta, ou estou apenas bêbado


demais, viro a cabeça e vejo o fantasma do meu passado parado na minha frente.
Só pode ser ironia do destino.

Ou um sinal para que eu recue e ouça o meu coração.

Jane, a mulher que um dia amei e perdi não pode estar segurando uma bandeja,
parada na minha frente como um perfeito fantasma.

Jane, mais linda do que nunca.

Jane, que mesmo depois de anos está fazendo o meu coração bater acelerado e
trazendo o sentimento de culpa que ameaça me derrubar.

Estou sem fôlego quando aperto o copo entre os meus dedos, tão forte que ele pode
se estilhaçar.

Sem pensar no que estou fazendo, ajo por impulso, tiro os óculos escuros e coloco
sobre a mesa.

Algo em mim precisa que ela saiba quem sou.

No momento em que o seu olhar encontra o meu, Jane entende tudo.

Ela me reconhece.

Quando tenta virar as costas para me deixar como fez anos atrás, seguro-a pelo
pulso e faço com que fique.

Eu preciso disso.

Não fazia ideia do quanto.

Ela olha de um lado para o outro e então se senta na minha frente na cadeira que
estava vazia.

— O que você está fazendo aqui? — Tem tantas perguntas que quero fazer, mas
sinto que preciso começar por essa.

Há alguns anos fraquejei e fui até onde sabia que Jane morava, apenas para
descobrir que havia deixado o país.

Sofri naquele dia, porque bem no fundo tinha esperança de que algo pudesse
mudar, mas depois coloquei na minha cabeça que foi melhor para nós dois a sua partida para
bem longe.

As esperanças foram mortas e enterradas dentro do meu coração.

— Depois de muitos anos, decidi voltar para Solari, príncipe Ignácio — fala com
certa ironia.

Não a julgo.

— Por que você veio?

— Eu… senti que precisava te ver mais uma vez, mas fui surpreendida com a
notícia do seu iminente casamento. Parabéns.

Ela está falando da boca para fora.

— Obrigado — também falo da boca para fora, porque não preciso ser
parabenizado por um casamento que nunca quis.

— Você a ama?

— Não importa.

— Alguma vez me amou?

— Onde esteve em todos esses anos e por que está aqui agora?

— Morei com meu pai durante muitos anos. Casei-me, mas não deu certo, porque
não o amava como te amei. Então me separei, senti uma vontade incontrolável de checar como
estava o meu primeiro amor. Quando cheguei à Solari, voltei a me apaixonar por esse lugar e
estou aqui há meses. Moro no vilarejo e trabalho como garçonete.

— Veio por mim e não pensou em me procurar?

O que estou fazendo?

Ela teria sofrido mais se tivesse me procurado.

Eu também teria sofrido, porque nada mudou em todos esses anos.

— Porque você me magoou muitos anos atrás, Ignácio. Partiu meu coração quando
deixou claro que me amava, mas não o suficiente para lutar pelo nosso amor.

— Eu sinto muito.

— Você faria diferente se pudesse voltar atrás? — Ela segura a minha mão e meu
frio coração se enche de calor.

— Não faria. Esse sou eu, Jane. O Ignácio que você conheceu e amou nunca teve a
intenção de se casar com uma plebeia, uma simples camponesa. Não sou como os príncipes dos
contos de fadas.
— Você não é como o seu irmão.

Está se referindo ao Felipe, que amou tão profundamente sua amada esposa que
esteve a ponto de abrir mão do direito a coroa por ela.

— Não sou e nunca serei.

— Porque você não tem coragem de arriscar. Há anos preferiu abrir mão de mim
para não desapontar o seu pai e está prestes a se casar com uma mulher que não ama. Está
escolhendo ser infeliz.

— Sim, eu estou.

— Se um dia perceber que não precisa abrir mão da sua felicidade, porque não deve
nada a ninguém além de si mesmo, me procure — diz e se afasta, deixando-me com a sensação
de que a conversa e o encontro aconteceram apenas na minha imaginação.

Mas sei que não foi.

Sinto o cheiro do seu perfume no ar. O mesmo de anos atrás.

Novamente, tive a mulher que poderia me fazer feliz ao alcance das minhas mãos,
mas escolhi a deixar ir.

Depois de ter tido uma clara segunda chance, entendo com mais convicção de que
esse sou eu. Sempre farei a escolha mais lógica e a mais sensata.

Moldei-me para ser um homem que coloca o dever acima do amor, para fazer o que
tem que ser feito acima da própria ideia de ser feliz.

Esse encontro balançou as minhas estruturas, mas ainda ficarei noivo nas próximas
semanas.

Posso até não ser feliz com a minha escolha, sei que não serei, mas também sinto
que não seria plenamente feliz se me voltasse contra quem realmente sou.

Eu vou me casar em breve.

Gabriela e eu provavelmente seremos as duas pessoas mais infelizes do mundo,


mas seremos infelizes juntos.

Nós dois temos papéis a cumprir e cumpriremos.

Alguns acreditam no destino que dita o rumo de suas vidas, eu acredito em


decisões.

Por minhas próprias decisões, meu futuro foi selado, para o bem e para o mal.
Sinto que estou preparado para o que tiver que viver a partir de agora, porque meu
coração será o último a governar minhas decisões.

Quando abri mão da possibilidade de ser feliz, fiz para sentir que eu comando
minha vida, não um órgão tolo como o coração, cheio de emoções fugazes que traz dor, mesmo
em meio a felicidade.
CAPÍTULO 6
O último ano foi o mais difícil da minha vida sem sombra de dúvidas.

— Querida, você está linda! — Eu estou me olhando no espelho de um dos quartos


do salão de baile do palácio e mal consigo me reconhecer.

Estou tão linda com o meu vestido vermelho estilo sereia e tomara que caia que até
parece que sou como uma dessas moças finas e ricas de Solari.

Tenho brincos com pequenos diamantes nas orelhas, eles foram presentes da
senhora Maria, a viúva milionária que me trata como se fosse sua filha desde que eu era criança.

Os meus cabelos estão presos no alto da cabeça, em um penteado sofisticado e


muito bonito que me faz parecer mais velha do que sou.

A senhora Maria contratou uma cabeleireira e uma maquiadora profissional para


me deixarem bela.

Com os olhos marcados com a maquiagem prateada e batom rosa nos lábios, parece
que saí diretamente de um conto de fadas para o baile do príncipe encantado, mas a verdade é
que estou prestes a selar o meu destino da pior maneira possível.

Se não fosse pela senhora Maria, eu faria um papelão na frente das pessoas da mais
alta classe da capital de Solari.

Sempre preocupado com o seu sobrenome e reputação, o meu pai certamente


providenciaria um vestido bonito para mim, mas eu não estaria a altura das outras jovens que
estarão presente na noite do meu noivado.

Ele não faria tanto por mim, apenas o suficiente para satisfazer a si mesmo.

— Não me sinto bonita, apesar da imagem refletida no espelho.

Eu estou triste e desanimada, mas ainda tentando manter o sorriso no rosto por ela.

— Você está maravilhosa. Não fique assim, minha menina. Algo me diz que você
será muito feliz no casamento e que o príncipe Ignácio não é nada do que o seu pai pensou
quando te impôs esse casamento. Ele acredita que te castigou, mas tenho pra mim que foi um
presente.

Ela tem esperanças, mas sei que é apenas porque sabe quem é o pai do meu filho.
Maria é romântica, só que não há nada além de meras coincidências entre o noivado por
obrigação e a paternidade do meu bebê.

— Espero que a senhora esteja certa — falo, embora não acredite que esteja,
porque o barão quase nunca está errado.

Pelo que a mídia fala a respeito do príncipe Ignácio, ele é um homem bem mais
velho do que eu, pelo menos quinze anos, e tem o coração de gelo.

Sempre sério pelo que pude notar através dos jornais e revistas que Maria trouxe
para mim, ele passa a sensação de ser arrogante, o dono do mundo.

Procurei não pensar no meu futuro marido nos últimos meses, pois sempre que
pensei nele e li qualquer coisa a seu respeito minha pele arrepiou.

Algo em Ignácio me faz acreditar que ele é igual o meu pai e odeio o meu pai com
todas as minhas forças.

Com certeza um homem que se parece com ele também merecerá o meu desprezo.

Se estou ficando noiva hoje é pelo meu bebê, tão somente por ele.

Pelo filho que carreguei quase nove meses na minha barriga, esperei por esse
noivado e futuro casamento.

Eu suportei permanecer na casa do barão a espera do eminente enlace, apenas


porque acredito que quando sair das garras dele terei mais facilidade para escapar do meu
marido.

Na primeira oportunidade que surgir, irei embora de Solari para nunca mais voltar,
porque de maneira alguma permanecerei casada com um homem que não conheço e que detesto
só de ouvir falar.

De maneira alguma continuarei casada com o homem que pode perfeitamente me


separar do amor da minha vida.

Ao mesmo tempo em que estou me sentindo sufocada e triste por causa do que
estou prestes a fazer ao colocar uma aliança de noivado no meu dedo, também sinto esperança
quanto ao futuro.

Mais uma vez a esperança, espero que dessa vez tudo dê certo por mim e pelo meu
bebê.

— Querida, vou descer agora. Faça o mesmo em seguida. Está quase na hora da
troca de alianças e todos estão ansiosos para verem a misteriosa noiva do príncipe Ignácio.

Quando fico sozinha, olho-me mais um pouco no espelho e mal reconheço a minha
imagem refletida.

Pareço outra, mas por dentro sou a mesma Gabriela que não tem nada além de
esperança e o anseio pela liberdade dentro do coração.

O último ano foi uma mistura de sentimentos e não passou rápido o suficiente para
mim.
Depois que disse que eu iria me casar, o barão levou algumas semanas para revelar
a identidade do meu noivo.

Quando ele falou que eu me casaria com um príncipe Ignácio, aconteceu o que
disse que aconteceria e por um momento acreditei que na verdade estava ganhando na Mega
Sena.

Mas todas as ilusões morreram quando comecei a ler notícias a seu respeito com
muita avidez e curiosidade. A forma como o príncipe é retratado realmente me faz sentir que ele
não me tratará melhor do que o meu pai me tratou a vida inteira quando nos casarmos.

Passei a me sentir mais angustiada do que nunca, tendo a plena certeza de que
apenas trocaria uma gaiola de ouro por outra.

Uma prisão por outra e com um bebê no meio.

Mesmo com medo de me casar com o príncipe de gelo que eu não conhecia, ao
mesmo tempo desejei acabar de uma vez com a tortura da espera.

Como nada acontece como desejo, demorou quase um ano até a noite de hoje
chegar.

É claro que o meu pai queria se livrar de mim de uma vez por todas.

No segundo mês sem um anel de noivado no meu dedo, comecei a estranhar tanta
demora, porque o barão realmente queria se livrar de mim o mais rápido possível.

Ele precisava que o príncipe se comprometesse comigo e que se casasse antes que a
minha barriga começasse a aparecer.

Para que fosse possível enganá-lo, eu não poderia parecer grávida.

Quem frustrou os planos do velho barão Solto Maior foi o rei.

Segundo Maria, o monarca enrolou o quanto pôde para marcar a data do noivado,
por mais que meu pai tenha argumentado diversas vezes que não havia porque esperar.

Eu não faço ideia das razões que levaram o rei a demorar tanto, mas tive tempo de
gerar o meu bebê e de o colocar no mundo sem um anel de noivado no dedo.

O barão se arriscou muito, porque o rei poderia ter batido o pé para que o baile de
noivado ocorresse quando eu estava com oito meses de gravidez, embora saiba quão astuto para
o mal o Barão é capaz de ser.

Ele teria encontrado uma saída.

Talvez fosse preciso me trocar por uma de suas amadas filhas.


Na verdade, ele jamais faria isso.

O barão jamais ofereceria a mão de uma das suas filhas para Ignácio. Apesar de ele
ser um príncipe, meu pai o odeia.

Já o ouvi chamando o meu quase noivo de homem frio e arrogante. Ele o chama de
cruel e debochado.

Segundo o meu pai, Ignácio mal abre a boca, mas quando abre fere como uma
navalha com palavras.

Às vezes me pergunto se o príncipe é mesmo tão ruim, ou se apenas dá ao meu pai


o tratamento que ele merece.

O barão é um homem intragável.

Pelo menos, eu acho.

Ignácio é o castigo do meu querido pai para mim. Se fosse o príncipe Javier, Marta
ou Ruth estaria no meu lugar nesse exato momento.

Mas sou eu que estou prestes a ficar noiva de um príncipe, fui eu que esperei meses
por esse dia enquanto gerava o meu filho.

A minha gravidez poderia ter sido mais difícil, mas graças a senhora Maria, sempre
tão bondosa e amiga, tive uma gestação tão tranquila quanto poderia ter sido, apesar do estresse
de morar em um lugar onde sou desprezada.

Para ficar ao meu lado, ela praticamente se mudou para um dos quartos de hóspedes
da mansão, com a desculpa de que queria fazer companhia para sua irmã querida.

Foi graças a minha senhora Maria que tive com quem conversar.

Foi ela que tocou minha barriga e sentiu o meu Yuri chutar pela primeira vez.

Foi ela que me levou para fazer consultas com a doutora Romana, que não
questionou a minha decisão de ter o bebê.

Apesar de saber que estava cometendo mais um erro grave na sua carreira, ela
prometeu que não vai interferir na questão da paternidade do meu filho.

Com a ajuda da senhora Maria, pude passear pelas terras do barão de maneira
discreta. A área que ele possui é tão vasta que, com a peruca de cabelos castanhos que Maria
comprou para mim, pude passear sem medo de ser repreendida para colher as minhas maçãs.

Nós duas amamos comer as maçãs que pego no pé quando estou disfarçada.
Os passeios que eu fazia pelas terras durante a gravidez certamente eram as
melhores partes dos meus dias, se bem que…

O meu coração dispara ao lembrar de um episódio isolado, quando um homem


montado a cavalo me assustou até a morte.

Nunca fui capaz de esquecer-me dele e da forma como me olhou.

O meu futuro marido é lindo!

— Não pense nisso agora — digo baixinho na frente do espelho ao me olhar uma
última vez.

Com os seios pesados de leite e sabendo que o meu filho de apenas dois meses de
vida está com uma das funcionárias do palácio sob a supervisão da Maria, deixo o quarto para
encarar o meu destino.

Sentindo o coração na boca, caminho lentamente pelo corredor até alcançar o


começo das escadas que levam para o centro do salão de bailes do palácio.

Ao olhar superficialmente, identifico a minha maldita família sorrindo e


cumprimentando as pessoas, como se fosse um dia feliz e eles me amassem.

Também vejo de longe o príncipe herdeiro e a sua esposa, é um casal feliz e


inspirador.

O rei também está ao lado deles com o sorriso satisfeito no rosto, provavelmente
imaginando que finalmente está casando um dos seus filhos com uma nobre perfeita.

Mal sabe ele que eu era tratada como empregada na casa do meu próprio pai.

O rei não faz ideia que o seu suposto amigo está entregando nas mãos do seu filho a
única filha que ele não amou.

Valho menos do que uma plebeia, essa é a verdade.

O monarca está sendo enganado e não sabe.

Ignácio está sendo enganado mais ainda e ele não pode imaginar o quanto.

Eu tenho um plano. Se algo der errado, colocarei o plano B em prática, mas só pode
ser depois do casamento, quando ele já estiver preso a mim.

Direi a verdade se for preciso, porém, farei isso quando tiver alguma garantia de
que ele não ameaçará tirar o meu filho de mim.

O barão enganou o rei sem qualquer remorso. Ele simplesmente não se importou,
pois quando a verdade vier a tona e Ignácio descobrir que sou mãe, será tarde demais. Nós
estaremos casados, então o escândalo cairá no colo do reino e o barão sairá ileso das
consequências.

Ignácio terá uma esposa que está trazendo um suposto filho bastardo na bagagem.

E caberá ao rei e seu filho lidarem comigo depois do casamento. Era nisso que o
barão estava pensando.

Velho traiçoeiro.

É por culpa única e exclusivamente dele que estou em uma posição delicada em
que tudo pode dar errado por muitas razões diferentes.

Eu preciso ser tão cautelosa a partir do momento que descer as escadas que estou
com dor de cabeça de pensar.

Calmamente desço as escadas. O meu futuro noivo não está me esperando no final,
como era esperado pelo protocolo.

Eu nem mesmo sei onde Ignácio está.

Sem fazer questão de disfarçar, o procuro pelo salão e o avisto conversando com
uma jovem de cabelos escuros.

Ela é linda.

Deve ser sua namorada, porque não duvido que meu futuro noivo tenha uma
namorada.

Porque nada aqui tem a ver com amor e poucas pessoas estão fingindo que esse
evento é sobre um futuro casamento feliz.

Meu olhar desvia do maldito príncipe de gelo por um segundo, enquanto tento
encontrar o meu bebê.

Não o vejo, mas não me preocupo, pois confio na Maria e sei que ela está de olho
nele.

Quando volto a minha cabeça para frente, o príncipe está parado a poucos
centímetros de mim.

Nada me preparou para sua beleza fria tão de perto.

Nada me preparou para o impacto que sua presença está causando no meu corpo.

Nada me preparou para a forma como está me olhando.


Será que está me reconhecendo do encontro nas terras do meu pai meses atrás?

Se for o caso, tudo acabará antes de começar.

De repente, perco a força nas pernas, então o príncipe envolve a minha cintura em
um abraço, impedindo-me de cair na frente de todos.

Com medo e com o coração acelerado, quero desviar o olhar, mas tem uma força
me puxando para ele. Meu corpo está colado ao seu, mas essa força também precisa do olhar.

Quando encaro Ignácio, ele está buscando o meu olhar.

Enquanto nos encaramos, tenho a sensação de que só existe nós dois no salão.

O mundo não existe mais.

Apenas nós e nossas respirações tão próximas.

É como se ele estivesse buscando algo dentro dos meus olhos.

Respostas.

Eu sei o que o meu futuro marido está vendo.

Eu sei que ele não vai me deixar fugir sem a verdade.

Está me reconhecendo…

— Você? — finalmente diz.

Não havia como fugir disso.

Era inevitável, e talvez esteja na hora de arriscar.

Ignácio pode ser o monstro frio e sem coração que a mídia tenta pintar, mas talvez
eu precise que ele seja o meu monstro frio e sem coração.

Porque já lidei com monstros piores.

Esse monstro tão lindo seria capaz de me ferir mais do que o meu próprio pai e mãe
feriram?

Só tem um jeito de saber: apostando tudo e esperando pelo melhor resultado.


CAPÍTULO 7

Vi as horas se arrastarem até chegar a esse momento, não porque estava


especialmente ansioso, eu só queria que acabasse de uma vez o que nem havia começado.

No modo automático, coloquei o meu terno de três peças e me arrumei com esmero
para fazer a cena perfeita na frente de pessoas que não me importam em absoluto, mas tenho que
agir de determinada forma, afinal, sou o príncipe Ignácio Vargas de Solari.

Desde que entrei no salão de bailes no início da noite e comecei a receber


comprimentos e felicitações pelo noivado, apenas sorri e balancei a cabeça, embora tudo dentro
de mim estivesse com vontade de sair correndo, fugir para nunca mais voltar.

Mas é claro que eu jamais faria algo assim.

Eu vou até o fim com toda essa farsa, porque sei que nada no meu casamento será
real.

Passou-se mais ou menos meia hora desde o início da festa sem a presença da
bendita noiva.

Quando eu já não estava mais aguentando forçar sorrisos, mesmo sabendo que era
só o começo, me aproximei da Pérola, que é prima da esposa do meu irmão. Passei a sentir-me
um pouco melhor só por estar perto da garota.

Desde o começo, quando fui apresentado para a moça através da minha cunhada,
senti algo por ela. Não foi nada como a paixão pela Jane, que quase me fez duvidar das minhas
escolhas em outra fase da minha vida.

Acredito que não chegou nem mesmo a ser paixão. Tive um leve interesse que
rapidamente transformou-se em amizade e hoje Pérola é uma amiga querida.

Na verdade, a única amiga que tenho.

Que bom que não me interessei por ela o suficiente para questionar as minhas
escolhas de vida, porque Pérola não é diferente da Jane. Ela é uma plebeia e ainda mais pobre do
que a minha ex-namorada.

Inadequada para alguém como eu de todas as formas.

Para o seu próprio bem, Pérola nunca teve olhos para qualquer homem que não
fosse o pai da princesa Elena. Sim, porque estou rodeado de pessoas que fazem tudo em nome do
amor, o pai da princesa consorte também se apaixonou pela prima e melhor amiga dela.

Tanto Pérola quanto Leonardo lutaram pelos sentimentos que tinham um pelo outro
e, apesar de estarem passando por problemas no momento, sei que vão ficar bem.

Eles se amam como loucos.

É nítido até para mim.

O que vejo no olhar de um para o outro é o mesmo que vejo na forma como meu
irmão mais velho olha para a sua esposa. É amor em toda sua essência, do tipo que às vezes me
leva a questionar se o que senti por Jane realmente foi amor.

Se foi amor, não foi o suficiente, ou amei da maneira errada, porque não cheguei
nem perto de cometer loucuras em nome de tal sentimento.

Depois de um momento me sentindo como eu mesmo ao lado da minha amiga,


olhei para cima e vi uma moça linda e usando vestido vermelho descendo as escadas.

Ao terminar um longo gole na minha taça de champanhe, me aproximei do final das


escadas para segurar pela primeira vez a mão da minha futura esposa.

Eu estava pronto para fazer o que deveria ser feito pelo resto da noite, iria colocar
uma aliança no seu dedo e seguiria com a minha vida até o momento do ato final: o dia do
casamento.

Então ela olhou diretamente para mim há alguns segundo. Agora, a sensação é de
que o tempo parou.

Eu não sei quanto tempo passou. Se estamos parados nos encarando a alguns
segundos ou há uma hora.

Na minha frente, tenho uma das mulheres mais linda que vi na minha vida. E sendo
eu quem sou, tive a oportunidade de ver muitas mulheres bonitas. Não só de ver, mas também de
tê-las na minha cama.

Mas a dama de vermelho, que também está me analisando sem piscar, não é uma
mulher. Na verdade, é uma garota.

Se esse não fosse um casamento arranjado, fato que me faz ter certeza de que meu
pai não cometeria o erro de não checar a sua vida, poderia jurar que essa menina não é maior de
idade.

O seu rosto lembra a face de um anjo, uma mistura de delicadeza com uma pitada
de ousadia.

O seus olhos são azuis e imensos. Suas bochechas são coradas e altas. Seu nariz
fino e pequeno, quase como o de uma criança.

Sua boca pintada de rosa é larga e o seu lábio superior é levemente mais gordo do
que o inferior.

Com cabelos loiros quase brancos presos no alto da cabeça em um penteado


elegante, o seu rosto é uma obra de arte perfeita sem nenhuma mácula.

Gabriela poderia não ser real, e o que me faz saber que é de verdade se resume ao
fato de eu estar segurando a sua mão.
Com dificuldade para desviar a atenção do seu rosto, abaixo a cabeça e olho para as
nossas mãos juntas, viro sua palma para cima e passo a ponta do meu dedo indicador na sua pele.

Minha futura noiva não é perfeita, porque a sua mão tem calos, é áspera.

É muito estranho que sua mão se pareça com a de uma pessoa que está acostumada
ao trabalho pesado. Definitivamente não é a mão da princesinha que é filha de um nobre.

Eu poderia apenas admirar a beleza para a qual não estava preparada, como admiro
qualquer coisa que seja bela, mas sua mão, apenas sua mão, é o suficiente para mudar tudo.

De alguma forma, esse pequeno e inesperado detalhe me faz sentir que essa garota
pode não ser nada do que eu estava esperando dela.

Quando percebe onde está a minha atenção, Gabriela afasta a mão da minha sem
ser muito discreta.

De repente, quero olhar mais um pouco para o seu rosto, mas a garota foge do meu
olhar.

Com as bochechas coradas, ela observa os convidados no salão de baile, mas o seu
olhar não encontra mais o meu.

Eu poderia fazer algo para ter a sua atenção, porque não tive o suficiente nos
poucos segundos que imagino que ficamos nos encarando e fazendo uma cena para os
convidados, mas me contenho, pois não estamos sozinhos.

— Você é linda — falo no seu ouvido, depois de me aproximar.

— Obrigada… — a sua voz é insegura e apenas um sussurro.

Não sei o que estava pensando quando não me dei ao trabalho de saber mais a seu
respeito no último ano.

De repente, sinto-me um idiota por ter esperado uma mulher mais velha e mais
segura, quando na verdade tenho na minha frente uma menina que parece estar com medo das
pessoas que a cercam, sobretudo, de mim.

Várias dúvidas começam a surgir na minha mente, porque vendo-a a pessoalmente


começo a notar que tem algo muito estranho a seu respeito e que não me importei o suficiente
para buscar respostas.

Estou um pouco tonto, literalmente falando.

Gabriela tenta passar por mim, mas não permito. Em vez disso, seguro sua mão.
Pela primeira vez estou contente com o fato de essa ser a noite do meu noivado, porque assim
tenho uma desculpa para ficar com ela ao meu lado tanto quanto preciso.
Eu realmente não sei o que está acontecendo com a minha cabeça por causa de uma
menina que até agora não mostrou ser nada além de bonita. Ela não abriu a boca para me dar um
motivo para ter ficado tão impactado, mas vou descobrir o que está acontecendo comigo.

Sempre fui muito ligado as sensações, e a fragrância do seu perfume é


simplesmente viciante. Não sei se esse é o seu creme de cabelo, hidratante para pele ou perfume,
mas o cheiro que vem dela é uma mistura deliciosa e tentadora de baunilha com morango que
está me deixando muito consciente da sua presença.

Enquanto recebo cumprimentos de pessoas que não estão nem um pouco


preocupadas com a minha felicidade, seguro a vontade de enterrar o meu nariz no seu pescoço e
sentir com um pouco mais de intensidade o seu cheiro delicioso e o calor da sua pele.

Que porra está acontecendo?

Faz alguns minutos que conheci essa garota e já perdi a minha cabeça?

A sensação é de que estou preso em uma armadilha e não sei como me soltar,
embora na realidade sou eu que não estou querendo a deixar ir, quando claramente está
desconfortável ao meu lado.

— Relaxa, as pessoas estão começando a perceber que você não está nem um
pouco feliz no seu baile de noivado — falo no ouvido da dama de vermelho, enquanto
circulamos entre os convidados.

— Você também não está feliz — dessa vez, fala com um pouco mais de
segurança.

— Ainda assim, nós dois estamos aqui, fazendo uma cena. Então sugiro que você
seja uma atriz melhor, não queremos que haja comentários maldosos a nosso respeito, não é?

— Você está certo — diz, e força um sorriso.

Nos minutos que seguem, ela continua tensa e parecendo assustada enquanto
transitamos entre os convidados.

Definitivamente tem algo errado além do fato de que Gabriela obviamente quer se
casar comigo tanto quanto quero me casar com ela.

Como não fujo de um bom desafio, vou descobrir o que está ferindo essa bela
garota que carrega a tristeza no olhar.

Uma hora inteira passa. Quando percebo, estou no centro do salão segurando a mão
da minha futura esposa.

Ela está olhando para o meu rosto, mas a sensação é que não está realmente me
vendo quando coloco a aliança no seu dedo, depois de ter pedido sua mão de maneira formal
para o seu pai na frente de todos.

Não era obrigatório, mas também comprei uma aliança de noivado para mim e
Gabriela, com sua mão gelada e trêmula, coloca a aliança de noivado no meu dedo.

Quando todos começam a bater palmas, seguro sua cintura com o máximo de
delicadeza que consigo, tudo porque parece que ela desmoronará se eu a tocar com mais firmeza.

De alguma forma, o que parecia que seria uma noite entediante se tornou um
quebra-cabeça que quero encaixar peça após peça.

Depois do abraço apertado e um inesperado beijo no seu pescoço, que a faz fincar
as unhas nos meus braços, como se estivesse tentando se segurar para manter-se equilibrada
sobre as pernas, Gabriela encontra uma maneira de fugir de mim quando se aproxima de uma das
convidadas.

Ela começa a conversar e a sorrir de uma forma como não fez quando estava perto
de mim.

Porra! O seu sorriso é perfeito

O seu sorriso faz o meu coração gelado disparar e aquecer no peito.

— Irmão, eu estava de luto por causa desse circo que o papai armou para você, mas
agora tenho que te dar os parabéns.

É claro que o Javier não deixaria de vir para encher o meu saco na noite de hoje.

Como o que é ruim sempre pode piorar, dessa vez Felipe veio junto e sem a esposa
do lado para conter suas ironias.

— Hoje não é o meu aniversário, então você não tem que me dar parabéns.

— Não sei qual é o problema com os homens da nossa família que sempre gostam
de pegar ninfetas. Primeiro foi o Felipe, que se casou com uma mulher que quase tem idade para
ser filha dele.

— Quem precisa de inimigo quando tem um irmão como você? — Felipe fala, mas
tem um sorriso idiota no rosto, enquanto come a esposa com os olhos do outro lado do salão.

— É sério, você tirou a sorte grande Ignácio. Apesar de ter passado o último ano
com a cara de bunda por causa desse casamento forçado, no fim das contas você ganhou na
loteria. Ela é linda, e tão gostosa…

— Tire os olhos da minha menina! — exijo.

Nós três ficamos surpresos com a minha possessividade.


— Ciúme?

— Não! Mas, se você acha que ela é gostosa foi porque olhou por tempo o
suficiente para notar e nós estamos falando da minha futura esposa — explico.

Quanto mais falo, pior fica.

— Não dou dois meses para ter o meu irmãozinho completamente apaixonado pela
garota que jurava que não iria suportar — Felipe dá a sua opinião que não pedi, ergue a taça de
champanhe para um brinde e depois me deixa sozinho com o Javier.

— Não pretendo me apaixonar pela garota.

— Sei que você geralmente age como se não tivesse um coração, mas você tem. E
o coração é um órgão que segue as próprias regras, ninguém manda nele.

— Acredite, a razão me governa sempre. Não sou como você e o nosso irmão.

— Será? Mande notícias quando estiver chorando como um bebê por causa dessa
jovem boceta. — Ele faz o mesmo gesto de erguer a taça para um brinde e também me deixa
sozinho com os meus pensamentos.

Em vez de pensar demais, como vim fazendo durante os últimos meses, permito
que meus olhos procurem a garota pelo salão.

Enquanto esbarro em uma pessoa e outra, entre um comprimento e outro, bebendo


taças e mais taças de champanhe, nunca deixo de saber onde a minha noiva está.

Minha noiva, que parece um bichinho acuado.

Minha noiva, que parece não ter idade o suficiente para casar-se com homem da
minha idade.

Minha noiva, que carrega tristeza no olhar, tanta tristeza que a encarar faz com que
eu me sinta sufocado.

Então a observo atentamente, porque no momento em que a vi na escada, tive a


sensação de que não era a primeira vez que estava vendo o seu rosto.

Algo nela pareceu familiar, e quanto mais olho, mas a sensação de familiaridade
fica forte.

De onde te conheço garota…

Após se livrar da senhora que estava conversando com ela e gesticulando muito, a
garota, que mal falou com o pai ou com qualquer membro da família desde o começo do baile, se
esgueira cheia de tensão pelos cantos do salão.
Ela pensa que está sendo discreta, mas tem alguém muito atento em cada
movimento seu.

Assim que Gabriela desaparece pelo corredor que a levará diretamente para a
biblioteca do palácio, esquivo-me das pessoas que surgem no meu caminho e sigo-a de longe.

Gabriela está se escondendo por alguma razão e descobrirei o que está fazendo,
porque não me casarei enganado.

Escondido para não ser visto, vejo quando entra na biblioteca. Vejo também
quando um minuto depois a mesma senhora com quem conversou há pouco deixa o cômodo.

Ela olha para os lados de maneira bem suspeita, quase como se estivesse com medo
de ser vista com a minha noiva.

Por um breve momento, fico indeciso sobre o que fazer, mas rapidamente encontro
a melhor maneira de proceder nessa situação.

Na noite de hoje está acontecendo tudo o que eu não esperava que fosse acontecer.
Esperava tédio e estou recebendo em troca uma espionagem e uma noiva suspeita.

Assim que a senhora vira o outro corredor, atravesso o seu caminho e finjo esbarrar
nela sem querer.

— Perdoe-me, senhora. Eu estava distraído e não te vi.

— Está tudo bem, meu jovem — ela diz, sorrindo para mim como se me
conhecesse.

Eu não faço ideia de quem é essa mulher.

A única coisa que me interessa é o fato de que ela se encontrou com a minha
noivinha na biblioteca do palácio e que agora está sozinha.

Ou suponho que está sozinha. A outra possibilidade me enfurece.

As duas estão aprontando alguma coisa, isso é fato.

O que uma senhora e uma menina como a Gabriela poderiam estar aprontando
juntas em uma noite como a de hoje?

— A propósito, parabéns pelo noivado.

— Obrigado — falo. Estranhamente, não estou mais irritado com o fato de estar
sendo parabenizado pelo meu futuro casamento com a filha do barão.

Sinto como se vê-la tivesse tornado mais real e muito mais aceitável.
Ou talvez eu só esteja impressionado por causa de uma boceta jovem e muito,
muito bonita.

Deliciosamente cheirosa e gostosa.

Não posso tecer comentários sobre sua personalidade, considerando que mal abriu a
boca na minha presença.

Não sei se a loirinha é tímida ou se só odeia o fato de estar prestes a se casar


comigo.

Por alguma razão, a última possiblidade me incomoda.

— Se me der licença…

Ela tenta sair, mas faço a pergunta certa antes que fuja.

— Não lembro de ter visto a senhora antes. É da família da minha noiva?

— Prazer, Maria Maia. Sou irmã da esposa do barão. Embora não tenhamos laços
de sangue, Gabriela é como uma filha para mim, eu a amo mais do que qualquer pessoa nesse
mundo. Cuide dela, por favor.

Vejo a sinceridade e o amor no seu olhar.

— Não se preocupe, vou cuidar dela. Sempre cuido do que é meu — digo.

Não sei se poderei cumprir, mais vou tentar, porque fui sincero com ela: sempre
cuido do que é meu.

Quando a senhora me deixa sozinho no corredor, pondero por um momento sobre o


que fazer a seguir.

Segui a minha noiva cheio de suspeitas, mas agora acredito que ela provavelmente
só precisa respirar um pouco sozinha.

Não posso a julgar quando eu mesmo estou precisando de um tempo de toda essa
gente.

Não há nada de errado com Gabriela, posso voltar para o salão e continuar com o
meu sorriso forçado até a noite acabar.

Dou um passo, mas algo me puxa para a biblioteca, como se eu tivesse que entrar
no cômodo.

Pela primeira vez, não vou contra os meus instintos.


Pela primeira vez, não ouço a voz sensata da minha razão. Viro para o lado e, com
passos largos, aproximo-me novamente da porta da biblioteca onde a minha garota está.

Com cuidado e da maneira mais silenciosa possível, giro a fechadura da porta de


madeira e entro no cômodo, que estaria completamente escuro se não fossem as janelas altas.

Eu passei a minha infância toda brincando de esconde-esconde nessa biblioteca,


então a conheço como a palma da minha mão.

Imediatamente, olho para o sofá que fica na lateral da grande sala, mas ele está
vazio. Então meus olhos caem na poltrona acolchoada e verde de couro que foi colocada no
centro do cômodo para leitura.

A poltrona está virada na direção da janela, e pela sombra sei que é Gabriela que
está sentada.

Com cuidado, aproximo-me por trás. Quando chego mais perto e toco no seu
ombro, ela se volta com o corpo e com a poltrona giratória em minha direção.

Eu simplesmente perco o fôlego quando meus olhos caem sobre sua figura e vejo
um bebê recém-nascido nos seus braços.

Minha pequena noiva não está somente segurando um bebê, ele tem a boca atracada
no bico do seu peito, enquanto mama avidamente.

— Você… — as palavras somem da minha mente pela primeira vez.

— Eu posso explicar — diz, mas não acredito que possa.

Então, como se uma venda estivesse sendo tirada dos meus olhos, entendo de onde
estava vindo a sensação de que tinha a visto antes.
CAPÍTULO 8

Minha noiva, que duvido muito que tenha mais do que dezoito anos de idade, é
mãe.

Ela está aqui essa noite, firmando compromisso de casamento com um príncipe,
quando nitidamente acabou de ter um bebê.

Porra!

Ela tem um filho!

Gabriela está me olhando como se estivesse magoada comigo, quando na verdade


foi ela que escondeu algo tão importante quanto um bebê de mim.

Ela é a mesma mulher que meses atrás quase atropelei quando cavalgava pelas
terras do barão.

Lembro-me de que estava grávida e provavelmente prestes a dar luz. Pensei que ela
era uma das mulheres mais lindas na qual havia colocado os meus olhos.

Na ocasião, Gabriela tinha os cabelos castanhos e por isso não associei a


desconhecida grávida as duas imagens que vi da minha noiva nas colunas de fofoca de Solari
quando pesquisei a seu respeito.

Ela fugiu sem dizer-me o seu nome e preferi acreditar que se tratava de uma das
funcionárias do barão. Depois daquele encontro, apesar de a beleza do seu rosto ter me
impressionado, não dediquei um único pensamento a mulher desconhecida.

Mas aparentemente não era apenas uma garota aleatória que quase atropelei com
meu cavalo.

Era a mesma Gabriela que está me encarando agora, incapaz de dizer uma única
palavra para se defender.

A mesma mulher que permitiu que o noivado acontecesse quando estava


escondendo um segredo como esse.

Ela não faz ideia da merda que fez?

Nós estamos falando de um filho fora do casamento.

Um filho que não é meu.

Em qualquer outra situação, o relacionamento entre uma mãe solteira e um homem


qualquer não causaria nenhum impacto em pleno ano de dois mil e vinte e quatro, mas estamos
falando da realeza.

Um príncipe simplesmente não se casa com uma mãe solteira.

Ao meu lado, o seu filho sempre seria tratado como bastardo.

Não por mim, mas pelos outros.


Pelo meu pai, o rei.

Será que não pensou nisso antes de seguir com essa maldita farsa?

— Você disse que podia explicar, estou esperando que diga algo, menina.

Deus! Nesse momento ela parece ainda mais jovem e inocente, o que é uma ironia,
já que tem um serzinho minúsculo atacando o seu peito.

— Ele... é meu filho.

— Você o esconderia de mim até que fosse tarde demais? Deixe-me adivinhar: nós
iríamos nos casar e depois do casamento, quando eu já estivesse amarrado a você, me contaria
que tem um filho.

Quando a garota fica em silêncio e abaixa a cabeça, sei que era exatamente isso que
ela pretendia fazer.

— Posso explicar tudo, mas você tem que me ouvir.

— Perdão, mas não acredito que exista uma explicação para o que você tentou
fazer. Quem mais está com você nessa farsa? O seu pai com certeza está.

— Não! A culpa é única e exclusivamente minha.

— É melhor você se calar, porque, quanto mais fala, pior a situação fica. Não
existe a menor possibilidade de o seu pai não ter ciência desse bebê. O barão enganou o meu pai
da mesma forma que você imaginou que poderia me enganar, mas você não contou que eu fosse
te seguir até a biblioteca em uma das suas escapadas para amamentar o seu filho.

Quando seus olhos se enchem de lágrimas, sinto um misto de vontades opostas.

Primeiro quero abraçá-la, embora não tenha o costume de fazer isso com ninguém.
Em seguida sinto o desejo de sacudir os seus ombros para que olhe nos meus olhos e me conte o
que a levou a acreditar que poderia me fazer de idiota.

Passei meses tentando aceitar a escolha que eu havia feito, convencendo-me de que
agi como o esperado de mim, agora estou descobrindo que eles estavam planejando me fazer de
idiota esse tempo todo.

O que ela pensou que aconteceria?

De qualquer forma, quando a bomba explodisse depois que estivéssemos casados,


todo mundo saberia que havia me casado com uma mãe solteira.

Mas não seria um problema dela, não é?


Eu seria aquele que escolheu se casar com uma mulher que já tinha um bebê.

Seria só mais um filho do rei que fez a escolha errada.

Como o meu irmão.

Merda!

Quando viro as costas para sair da biblioteca, porque não aguento mais ficar na sua
presença e realmente preciso pensar em qual atitude tomar depois do que acabo de descobrir, ela
corre até mim e entra no meu caminho.

De maneira involuntária, os meus olhos caem em cima do bebê. Ele é tão pequeno
que não parece ser de verdade.

Por alguma razão, eu passo um minuto inteiro sem conseguir tirar os olhos dele, do
seu nariz bem feito e da sua pele clara.

Penso no filho que eu estava desejando e tentando ter através de uma barriga de
aluguel. Esse é um segredo sobre mim que ninguém sabe. Absolutamente ninguém sabe.

Eu não passaria a minha vida sem a emoção de ser pai, mas não pretendia de forma
alguma dar a mulher que não escolhi para mim o gosto de gerar os meus filhos.

Então cometi a loucura na qual não quero pensar agora.

Não agora.

— O que… o que vai fazer?

— Não se preocupe, logo você saberá — falo, então deixo a biblioteca, antes de
abraçá-la e jogar todo o resto para o alto.

Odeio toques, mas essa menina linda e mentirosa me faz sentir.

Sinto mais do que deveria.

É apenas a primeira vez que estou vendo Gabriela e me sinto essa bagunça da qual
não gosto.

Nunca fui esse tipo de pessoa.

Na verdade, controle sempre foi o meu segundo nome, mas agora, enquanto
festejam o meu noivado, não sei o que fazer com a criança que me foi dada como esposa.

Quando chego novamente ao centro do salão, a primeira coisa que faço é buscar o
barão com o olhar.
Imediatamente tenho que fechar os meus punhos para impedir-me de ir até ele e
socar o seu rosto pela farsa que criou.

Porque duvido muito que a garota tenha feito tudo sozinha.

Não duvido que tenha sido manipulada, quando não passa de uma criança que não
deveria nem mesmo estar cogitando se casar.

Por outro lado, sei que estou sendo hipócrita, porque eu mesmo fiquei bastante
impressionado com a sua beleza e não me importei com a sua idade.

Não sei exatamente quantos anos tem, mas certamente deve ter metade da minha
idade e nem um terço da experiência que eu deveria esperar da minha esposa, sendo ela de
conveniência ou não.

Durante alguns poucos minutos, tento me esconder enquanto bebo um pouco mais,
porque não serei capaz de devolver os sorrisos falsos que as pessoas estão insistindo em me
darem na porra dessa noite.

Tudo o que eu queria era poder fugir desse salão, porque só assim conseguiria
pensar com mais clareza no que farei a seguir.

Certamente não posso levar essa farsa adiante, mas também não posso fazer o que
desejo agora. Não posso causar um escândalo tão grande.

Não posso foder com tudo.

Não seria eu se fizesse.

Papai ficaria tão decepcionado…

Porra! Aquela pequena vadia é mãe.

Ela dormiu com alguém.

Sendo brutalmente sincero comigo mesmo, não sei se o que mais me incomoda
agora é o bebê e o fato de que estava planejando me enganar, ou se é pensar que deu o que é meu
para um babaca qualquer.

Enquanto estava esperando por esse dia, a maldita ninfeta também estava abrindo
as pernas e dando a boceta o suficiente para conseguir a proeza de engravidar.

Safada!

Com aquela carinha de anjo, é uma vadia ardilosa que está me fazendo
experimentar emoções inéditas.
Emoções que não quero sentir.

Esse acordo foi um erro.

Ou talvez tenha sido apenas a irmã errada.

Quando ergo a cabeça, vejo duas mulheres morenas e bonitas perto do barão. Elas
claramente são suas duas outras filhas e são mais velhas do que a Gabriela.

O problema é que a beleza de nenhuma das duas não causa um impacto tão grande
quanto aconteceu quando coloquei os olhos em cima da pequena trapaceira.

De maneira involuntária, volto o olhar em direção ao corredor onde fica biblioteca,


estou procurando a minha noiva.

Até que eu decida o que fazer, ela continuará sendo a minha noiva.

Após esvaziar mais uma taça de champanhe, incrédulo quanto ao fato de não ter
ninguém tentando ter a minha atenção há mais de dez minutos, sou abordado por ela: a pequena
noivinha.

Mesmo com a mente cheia de ideias de como retaliá-la por ter ousado mentir para
mim e acreditado que poderia me enganar, os meus olhos caem involuntariamente na parte da
frente do seu vestido. Mais especificamente, nos seus peitos.

Por um momento, começo a imaginar o tamanho exato dos seus seios, porque
provavelmente eles estão maiores e mais cheios por causa do leite materno.

De repente, como se eu fosse um moleque tarado, jogo a irritação que estou


sentindo para o lado e começo a me sentir excitado com a ideia dos seus seios cheios de leite
materno.

Você é doente, Ignácio!

Passei tantos anos sendo um homem controlado que agora enlouqueci de vez.

Tudo parece estar vindo de uma vez só e por causa de uma garota que jurei que
seria inofensiva.

— Nós precisamos conversar.

Parada ao meu lado, ela fala para que apenas eu escute.

— Engraçado você dizer isso, porque antes de ser pega no flagra com um bebê nos
braços, mal tinha aberto a boca. Pensei que não sabia falar.

— Não seja irônico


— Não seja uma vadia mentirosa — devolvo. — Não sei o que estou fazendo que
ainda não acabei com a sua farsa, garota.

— Por favor...

— Implora assim também quando se ajoelha para um amante? Implora para ter a
sua boca recheada com pau?

Esse definitivamente não sou eu.

Palavras tão vulgares nunca estiveram no meu vocabulário, não fora do quarto.

Quando Gabriela fecha os punhos e dá um passo a frente, deixando claro que está
prestes a tentar dar um soco no meu rosto, é interrompida.

— Chegou a hora da valsa oficial dos noivos. — Ouvimos a voz da cerimonialista.

Então nós somos obrigados a colocarmos sorrisos falsos nos nossos rostos quando
pego a sua mão e a levo para o centro do salão.

Envolvo sua cintura com braço e seguro sua mão pequena calejada.

Lentamente, voltamo-nos um para o outro, com a atenção de todos que vieram


prestigiar o nosso noivado em nós.

Nós dois estamos tensos. Apenas uma pessoa muito desatenta não perceberia que
na verdade estamos prestes a voar no pescoço um do outro.

É apenas uma música, digo para mim mesmo.

Então passa uma música,

A segunda música acaba.

Começa a terceira música e ela ainda está nos meus braços enquanto dançamos.

Pouco a pouco, apenas sentindo o seu cheiro e o calor do seu corpo pequeno contra
o meu, a tensão vai se esvaindo.

Depois de um tempo, não somos mais o centro da atenção de todos, não quando
outros casais começam a dançar a nossa volta.

Finalmente olho para baixo, é necessário quando ela é bem menor do que eu em
estatura. Encontro seu olhar, e o meu coração, sempre tão controlado quanto eu, acelera a ponto
de ser doloroso.

Desgraçada!
Essa menina jogou algum feitiço em mim?

Estou me sentindo confuso e perdido.

Gabriela é apenas uma jovem que pensou que poderia ser mais esperta do que eu.

Não posso permitir que me afete.

Ela não passa de uma vadia impostora que daria o filho de outro para que eu
criasse.

Aliás, onde está aquele ser minúsculo que não está atracado nos peitos deliciosos da
sua mãe?

Quando meu olhar preso no seu se torna intenso demais, simplesmente paro o que
estava fazendo e, sem me importar com quem está nos observando, viro as costas e deixo o salão.

Eu só preciso respirar um pouco antes que exploda.

Depois de alcançar a parte de trás da propriedade e chegar ao belo jardim de


inverno, olho para baixo e noto que estou de pau duro.

Sim, estava querendo esganar e ao mesmo tempo louco para rasgar o vestido da
mentirosa da Gabriela.

Pensei que teria uma vida sem muitas emoções quando abri mão do amor anos
atrás.

Uma vida no máximo satisfatória.

Pensei que me casar com uma garota que deveria ser fútil, vazia e chata seria o meu
destino no final das contas.

Todavia, Gabriela não é nada como eu imaginava e bastou apenas um único


encontro para me fazer perceber que ela tem potencial para me mostrar que pode ser
perfeitamente capaz de se tornar o meu calvário.

Apenas uma garota, mas que em pouco menos de uma hora tirou-me
completamente do eixo, algo que nunca havia acontecido em meus trinta e seis anos de vida.

Quem é essa garota?

Como um condenado no corredor da morte, conformei-me com as decisões que


tomei há vários meses, então fiz o necessário para nem mesmo lembrar da existência da mulher
com quem teria que me casar em algum momento.

Em consequência disso, conheci minimamente Gabriela e o pouco que sei foi


somente através das escassas informações a seu respeito que encontrei na web.

E mesmo com essas mínimas informações, no fundo sabia que havia algo de errado
com ela e com a história da sua existência.

Senti que havia algo estranho e preferi ignorar por escolha própria.

Ela quase nunca está ao lado do pai.

Nunca a vi com as irmãs nos eventos oficiais de Solari.

Na verdade, só soube da sua existência quando papai disse que iria me casar com
ela, porque, até então, poderia jurar que o barão tinha somente duas filhas.

Ela é linda, mas algo sobre Gabriela não parece real.

É como se ela não fosse de verdade, mas o personagem de um filme, moldado para
se adequar ao enredo de uma história em específico.

A minha história.

Agora que nos conhecemos, a nossa história.

Então lembro-me das suas mãos.

Mãos que são calejadas.

Ela tem as mãos de uma pessoa que trabalha, não de uma garota rica.

Quem é você, menina?

Por que os nossos caminhos se encontraram?

Foi apenas por causa do acordo sem quaisquer outras pretensões ou há algo maior
por trás?

O que há por trás da sua máscara?

Se eu a tirar, verei a face de um anjo, ou a face de um demônio?

— Ignácio, a gente precisa conversar — ouço.


CAPÍTULO 9

Essa garota é uma praga na minha vida.

Conheci há algumas horas, mas tenho a sensação de que nunca mais conseguirei
me livrar dela, porque até mesmo quando me afasto para ficar sozinho com meus próprios
pensamentos e companhia, ela vem atrás de mim.

Noiva, que piada!

— Gabriela, não quero conversar com você agora.

— Por favor — implora.

Ao chegar mais perto de mim, toca o meu braço com a sua mãozinha pequena.

— O que você tem para dizer? Acredita que existe alguma explicação para o fato de
você ser mãe? Quantos anos você tem, menina?

— Tenho dezenove.

— Pelo menos não é menor de idade.

— Só está irritado porque escondi o Yuri de você, mas durante quase um ano não
fez a menor questão de me conhecer. Eu realmente esperei que fosse se interessar pelo menos um
pouco por mim, antes de chegarmos ao dia de hoje.

Exasperado, viro-me de frente para Gabriela e a encaro.

Sozinha comigo nesse jardim, ela parece tão frágil e desamparada. O problema é
que eu não sei no que acreditar, não sei o que é real ou apenas uma tentativa de me enganar.

A verdade é que um homem como eu, que sempre esteve completamente no


controle da própria vida, não estava preparado para uma tentativa de manipulação vinda de um
velho barão e de uma garota que mal saiu das fraldas.

Dezenove anos.

Meu pai achou por bem forçar casamento com a filha mais jovem do Barão, e ela só
tem dezenove anos de idade.

Uma menina.

Uma menina que é mãe, porque não consigo superar esse fato.

— Onde está o bebê? — Por alguma razão que não consigo explicar, pergunto.

Ele não sai da minha cabeça.

Deve ser um pequeno feiticeiro como a mãe, que está mexendo com a minha
cabeça.

— Deixei com uma amiga. Está preocupado?


— Com ele, que é apenas um inocente que não tem culpa da mãe que tem.

Tudo bem, acho que estou pegando pesado agora.

Droga!

Quando ela morde o lábio inferior e abaixa a cabeça por um momento, sei que está
tentando não começar a chorar.

Tudo bem que Gabriela mentiu para mim e escondeu algo tão importante quanto
um bebê, mas estou sendo duro com ela.

Estou sendo mais duro com minha noiva do que já fui com qualquer pessoa em toda
a minha vida. Significa muito.

Mas é isso que ela faz comigo. Essa garota mexe com a minha cabeça.

Se ela fez tanto estrago em apenas algumas horas, me pergunto o que será de mim
depois que nos casarmos.

Por que estou pensando no casamento como se ele ainda fosse acontecer?

Eu já não havia decidido que tentaria encontrar uma maneira de desmanchar o


noivado?

Simplesmente não consigo imaginar-me passando por cima da realidade em que a


noiva que me foi prometida tem um bebê.

— O Yuri, ele é…

— Seu filho. Eu sei, você disse na biblioteca. Na verdade, disse tudo o que eu
precisava saber, até mesmo nos momentos em que não abriu a boca. Ficou claro o que estava
planejando fazer depois que nos casássemos, mas, se não está suficientemente claro, vou dizer
com todas as letras para que não reste dúvidas: esse casamento não vai mais acontecer.

Como se não estivesse esperando por essas palavras, os seus olhos arregalam e
então Gabriela para de evitar que as lágrimas caiam.

Quando as lágrimas começam a rolar pelo seu rosto, fecho os punhos em uma
tentativa de me segurar para não pegá-la em meus braços e abraçar apertado, mesmo quando fui
eu que a fiz chorar.

Estou descobrindo nesse momento que não posso suportar lágrimas nos seus olhos.

— Pare de chorar, garota! O que pensa que vai conseguir com esse choro? Acredita
que conseguirá se safar apenas porque o seu plano deu errado? Você não conseguirá — falo
entredentes, muito perto do seu rosto, porque não preciso que alguém nos ouça.
Não preciso de um escândalo hoje.

Na verdade, a melhor solução é acabar com esse compromisso da maneira mais


discreta possível. Apenas preciso encontrar uma desculpa convincente para dar para o rei e para
todos.

Uma desculpa que acalmará os ânimos da imprensa, que correrá atrás de mim como
um abutre.

Tenho que pensar nessa garota também.

Olhando para o seu rosto desejo por um momento que tudo fosse diferente.

Mas não é o caso. As coisas são como são e tenho que ser prático nas minhas
decisões.

Sempre.

Devo admitir que essa garota me impressionou, mas junto com ela realmente vem
uma bagagem que não posso carregar.

Se Gabriela tivesse me contado sobre o bebê esse baile não estaria acontecendo.

Estou cansado.

Louco para subir para o meu quarto e dar essa maldita noite por encerrada nos
próximos minutos, ergo a minha mão diante dos seus olhos e tiro a aliança que havia acabado de
colocar no meu dedo.

— Por favor… apenas me ouça. Se você desmanchar o nosso noivado, não sei o
que será de mim e do meu filho.

— Os seus problemas não são da minha conta, não é mesmo? — Sem ser muito
delicado, seguro o seu pulso, ergo a palma para cima e coloco a aliança de noivado dentro da sua
mão. Em seguida fecho sua mão em volta da joia.

Irritada como uma criança da sua idade, Gabriela joga a aliança no meu peito.
Perco a paciência e seguro-a novamente pelo pulso.

— Você está maluca?

— Você é um idiota! Eu iria me casar com você porque meu pai estava me
obrigando. Se dependesse de mim, jamais te escolheria para meu marido. Você não tem coração,
seu babaca!

Agora é a sua vez de tirar a aliança do próprio dedo e jogar contra o meu peito.
Nós definitivamente estamos fazendo uma cena, mas estou tão irritado que não me
importo nem mesmo com o risco de ter algum paparazzi nos filmando ou tirando fotos.

As chances se tornaram mínimas depois que o rei ordenou que a segurança fosse
redobrada há alguns meses, quando fui fotografado passeando no jardim com a Pérola.

Começou a chover especulações sobre um envolvimento romântico entre nós dois.

O rei não gostou da situação e foi difícil conter danos de uma fofoca tão grande a
meu respeito.

Felizmente, logo depois Leonardo Von Daren assumiu o seu amor pela Pérola e
tudo voltou ao seu devido lugar.

Mesmo sabendo os riscos, não me importo com eles.

Não agora.

Essa garota está me deixando cego!

— Terminou com o show? — quando faço a pergunta irônica, a loirinha avança em


cima de mim e começa a bater no meu peito com os punhos fechados.

É tão pequena que a cena seria engraçada se eu não estivesse muito puto com ela.

Em uma tentativa patética de contê-la, pego-a com firmeza pela cintura e ainda
assim continua chutando em todas as direções.

Alguns dos chutes acertam as minhas coxas, então sou obrigado a carregá-la para a
parede mais próxima.

De maneira nada delicada, infelizmente tenho que admitir, jogo-a contra o concreto
e seguro os seus braços no alto da cabeça.

Com a mão livre, tento conter as suas agressões com os pés que vestem saltos
altíssimos e que devem ter perfurado a minha pele em alguns pontos.

— É melhor você parar — aproximo a minha boca do seu ouvido e falo. — Você
não quer causar um escândalo agora, quer? Pense no seu filho.

A garota estava incontrolável, mas quando cito a sua criança, ela para
imediatamente. Fica tão quieta com o meu corpo contra o seu que por um momento parece que
não está mais aqui. O que a entrega é a respiração audível e acelerada.

Passa um minuto inteiro antes que eu sinta que é seguro soltar as suas mãos, porque
entendeu o meu recado e não irá me atacar mais como uma gata selvagem.
Quando dou um passo para trás, dando espaço apenas o suficiente para que não
fuja, eu mesmo respiro profundamente, pois sinto que também estou estragando tudo com a
minha impetuosidade.

Sempre me vi como um homem muito maduro e equilibrado, era assim até mesmo
quando criança e deveria agir como uma criança, então essa menina veio hoje e me tirou
completamente do eixo.

Felizmente, e não importa o que terei que fazer para remediar o estrago, Gabriela
sairá da minha vida tão rápido quanto entrou.

Apesar de tudo, ainda sou um homem com desejos e tenho um coração batendo no
peito, embora na maior parte do tempo finja que não tenho um coração.

É por ser humano que os meus olhos percorrem o seu corpo gostoso e os seus seios,
que estão quase escapando do decote do vestido vermelho por causa dos movimentos bruscos
que fez quando tentou atacar-me.

De repente, como se nós dois não tivéssemos acabado de nos engalfinharmos como
dois animais selvagens, meu foco muda para desejos mais básicos.

Então ergo o olhar para o seu rosto e, mesmo estando um pouco descabelada por
causa da nossa interação intensa, mesmo estando com a maquiagem levemente desfeita pelas
lágrimas, a maldita garota continua sendo a coisinha mais linda na qual coloquei os meus olhos.

Uma mentirosa.

É uma vadia burra que não pensou direito antes de abrir as pernas e muito menos
lembrou de se prevenir para não engravidar, mas ainda é perfeita da cabeça aos pés.

Seus cabelos… me lembram raios de sol.

Seus olhos são como o oceano de águas profundas, agitadas e perigosas, ainda
assim, são tentadores.

O fato de ser jovem, algo que até minutos atrás eu enxergava como um ponto
negativo a seu respeito, na verdade é um bônus que me faz vê-la como uma mulher altamente
desejável.

Não há como ser diferente quando seus peitos estão me tentando e minha mente
suja me faz questionar se também é feroz assim na cama.

Cenas sacanas dela começam a passar pela minha cabeça, são cenas nas quais está
sem roupas e montada em cima de mim, arranhando o meu peito enquanto fode o meu pau como
uma amazona gostosa.

Assustado com o desejo feroz que acabou de me atropelar, balanço a cabeça de um


lado para o outro para dissipar tais cenas, porque não posso ter esse tipo de pensamento sujo com
a garota.

Não posso!

Ela e eu não podemos ficar juntos de maneira alguma

Está decidido.

Sempre tentando ser sensato, porque é assim que sou e o que esperam de mim, farei
o que for melhor para nós dois, embora Gabriela não mereça consideração depois de ter
escondido um fato tão importante sobre si mesma de mim.

— Sei que os ânimos se exaltaram um pouquinho, mas quero que você saiba que
vai ficar tudo bem.

— Não, não vai ficar tudo bem — fala.

Ela está querendo chorar novamente?

Do que Gabriela tem tanto medo?

Quais as consequências sofrerá quando o nosso noivado for desmanchado?

— Você precisa se acalmar. Prometo que farei o que estiver ao meu alcance para
que o fim do nosso compromisso não cause impacto negativo na sua vida. Confie em mim —
peço.

Mas a verdade é que nem mesmo eu sei como lidar com as consequências do fim
do nosso noivado.

Meu irmão mais velho terminou um relacionamento de dois anos para ficar com sua
atual esposa, a diferença mora no fato de que não fiquei dois anos com Gabriela.

Ficamos noivos literalmente hoje.

Por outro lado, prefiro acreditar que um noivado desfeito será um escândalo menor
do que a descoberta de um filho fora do casamento.

Pensar em filhos fora do casamento me leva a pensar na loucura que estive prestes a
cometer.

O que eu estava pensando quando tomei a decisão de contratar uma barriga de


aluguel e fui longe o suficiente a ponto de a escolhida ter ido à clínica fazer a primeira tentativa
de inseminação?

Felizmente, a mulher não engravidou na primeira tentativa e então eu disse para ela
que era melhor esperarmos mais um pouco.

Na época do ocorrido, eu estava com muito tempo livre e fiz uma seleção
minuciosa.

A possível barriga de aluguel do meu filho tem um contrato com cláusulas muito
rígidas e claras. Trata-se de um contrato altamente confidencial e ela recebeu muito bem pelo
que estava disposta a me dar.

Fui longe demais quando o desejo de ser pai surgiu e permiti que ele me cegasse
um pouco. Não refleti no que viria depois, porque na minha cabeça haveria muito tempo entre a
gestação e a minha decisão sobre como criar o meu filho.

Havia um conflito muito grande entre o desejo de ser pai, que foi potencializado
quando vi de perto o amor do príncipe Felipe pelo seu pequeno herdeiro, e a certeza de que
jamais me casaria por amor.

Se não haveria casamento por amor, também não haveria filhos dentro do
casamento.

Eu não pretendia levar meu herdeiro para casa, não para junto da minha esposa
depois que me casasse. Não sabia mesmo o que iria acontecer, apenas agi e me envergonho
quando penso que tomei uma decisão tão importante quanto o meu futuro por impulso.

Eu não sou uma pessoa que age por impulso.

Nunca.

Tudo bem que aconteça algumas vezes para pessoas comuns, mas decidir ter um
filho por impulso, pelo desejo de ser pai e pela vontade inexistente de que a esposa que eu jamais
viria a amar fosse a mãe, foi além dos limites.

Fui tão insensato que me sinto hipócrita por estar tratando Gabriela dessa forma por
um erro que cometeu.

Seu erro é até menos grave do que o meu, porque ela pelo menos não planejou
engravidar aos dezoito anos de idade.

Foi um acidente.

Pelo menos, é o que acredito.

No meu caso, estive muito perto de cometer o maior erro da minha vida, apenas
pelo desejo egoísta de não dar o gostinho da mulher que eu nunca amaria de ser mãe do meu
filho.

Por ter estado tão perto de cometer a maior loucura da minha vida, não quero mais
esse casamento.

Por ter visto como o meu sobrinho foi tratado como um bastardo e como meu irmão
sofreu, não posso entrar de cabeça em um relacionamento com Gabriela.

Por mim e por ela, isso tem que acabar, antes que nós dois soframos,
principalmente ela.

Às vezes tento encobrir as minhas falhas com meu jeito seguro e a seriedade gelada
que se tornou uma lenda entre o povo de Solari, mas a verdade é que sou mais patético do que os
meus irmãos.

No fim do dia, sou fraco como eles, a diferença é que Felipe e Javier não escondem
quem são.

Se na frente de todos sou o filho perfeito, aquele que é incapaz de mostrar qualquer
rachadura na sua face tão adequada para os moldes da realeza, na intimidade de quem sou,
mostro meu verdadeiro eu.

Sou apenas um homem cheio de paixões e falhas.

Apenas um homem que luta para ser a sua melhor versão todos os dias.

Quando criança, era muito mais fácil ser o filho que o meu pai, que é um rei,
esperava.

Hoje, apesar de não ser tão fácil, se tornou natural. Hoje, tenho mais consciência do
que estou abrindo mão a cada escolha segura que faço.

Todos os dias, sinto que abro mão um pouco mais de ser feliz do meu jeito.

Faz tempo que me convenci de que uma vida feliz é uma vida tranquila e sem
grandes emoções. Uma vida feliz é uma vida ao lado de uma esposa que não amo e que não me
ama, porque o respeito deve bastar.

Mas a verdade é que não me convenci de nada disso, não é?

Quanto custa a felicidade?

Temo saber a resposta.

Estou há um tempo perdido em pensamentos quanto sinto o toque quente da sua


mão por cima do terno social azul que estou usando hoje.

Quando olho para baixo, vejo que a mão pequena da minha noiva, quase ex-noiva,
está no exato lugar onde bate o meu coração. Um coração que no momento está acelerado e não
sei por quê.
Eu não quero olhar para ela, pois tenho medo de fraquejar se fizer isso, mas a forma
como o seu olhar busca o meu é uma força da natureza e me vejo obrigado a encontrar a
profunda tristeza que ela carrega nas suas piscinas azuis.

Sempre certo do que queria para mim e o que deveria ser feito, a palavra confuso
nunca fez parte do meu dicionário, mas agora sinto como se fosse o homem mais confuso do
mundo.

Quero virar as costas para essa garota e nunca mais voltar a vê-la, porque ela é o
tipo de complicação que nunca quis ou esperei para a minha vida e isso ficou claro no segundo
em que a vi pela primeira vez.

Por outro lado, também quero a pegar em meus braços e devorar sua boca em um
beijo de roubar o fôlego.

Ela me deixa desesperado, mas também me deixa duro.

É uma maldita menina, que me faz sentir que foi feita para ser o meu veneno
particular.

— É melhor a gente voltar para o salão. Vou pensar no que fazer a respeito da
nossa situação, então espere por notícias minhas.

Quando dou um passo para trás, a garota maluca fica na ponta dos pés e me abraça
pelo pescoço.

Eu juro que o meu coração vai parar na garganta e o meu pau começa a endurecer
quando Gabriela cola o corpo no meu e me olha como se estivesse implorando para ter meu pau
na sua boca bonita.

— Você não pode fazer isso comigo…

Não tenho tempo de responder, porque Gabriela simplesmente gruda a boca na


minha, tomando completamente a iniciativa do beijo.

Apesar disso, nos primeiros segundos enquanto tenta me devorar, percebo que não
tem a menor experiência.

É como se nunca tivesse beijado na boca, embora não acredite que seja possível,
considerando que já fez sexo.

Ainda assim, governado unicamente pelo meu pau, seguro os cabelos próximos da
sua nuca com firmeza, envolvo sua cintura fina com um abraço e, tendo seu corpo pequeno
macio e gostoso completamente colado no meu, enfio a língua na sua boca e então ensino-a
como beijar na boca.

Apesar de começar acelerado, aos poucos passo a diminuir a intensidade do nosso


beijo. Devagar, exploro sua boca macia, a boca mais gostosa na qual coloquei a minha.

Demora vários segundos, mas Gabriela, entusiasmada e intensa, corresponde ao


nosso beijo, que se torna muito gostoso e quente.

Enfiando e tirando a língua dentro da sua boca, trago-a cada segundo para mais
perto de mim, mesmo que não seja possível, porque só ficaremos mais colados se nos fundirmos
um no outro.

Então a coloco novamente contra a parede, enrolo o tecido do seu vestido até sua
cintura e agarro os lados da sua bunda bonita. Ao içar seu corpo para cima contra a parede,
enrolo suas pernas em volta dos meus quadris.

Agora, com seus seios sendo esmagados pelo meu peito, com uma mão apertando a
sua bunda e a outra envolvendo um dos seus seios, praticamente como sua boca. Gabriela imita
cada gesto, deixando escapar gemidos de prazer enquanto também enfia a língua dentro da
minha boca.

Gostosa do caralho!

Definitivamente, não era isso que eu estava esperando quando aceitei me casar com
a herdeira do barão.

Nem nos meus melhores sonhos, ou nos piores pesadelos, esperei por Gabriela.

Quando o amasso se torna forte demais e o meu pau fica a ponto de furar o tecido
da calça, começo a esfregar o meu pau duro na sua boceta quente por cima da calcinha, que eu
daria tudo que tenho agora para dar uma boa olhada.

Correndo o risco de sermos pegos por qualquer pessoa, que seria mais do que
constrangedor, nós estamos fazendo uma cena pornô ao vivo.

Aposto que a visão do seu vestido enrolado na cintura, enquanto me tem entre as
suas pernas, seria capaz de deixar qualquer homem de pau duro.

— Você é gostosa, menina… pensei que não iria querer te tocar nem com uma vara
de três metros, mas agora só consigo pensar em te comer todinha…

— Por favor…

Ela está implorando pelo meu pau?

Posso fazer isso, não é?

Posso meter forte na sua boceta, porque está preparada para mim. Sei que a
encontrarei toda molhadinha quando a tocar com os dedos e depois com o pau.
— Está implorando? Quer o meu pau te rasgando?

— Só… não me deixa, por favor…

A frase ecoa na minha mente por trás da névoa do tesão, então entendo o que está
querendo fazer.

Imediatamente, me afasto da garota. Deixo-a jogada contra a parede e ela quase não
consegue se segurar, porque provavelmente suas pernas estão fracas.

Eu olho para Gabriela e vejo culpa no seu olhar, apesar do tesão.

Ela realmente tentou, e quase conseguiu, me seduzir para fazer-me mudar de ideia
sobre desmanchar o nosso noivado.

— Você não presta, garota! — esbravejo.

— Precisa me ouvir, príncipe Ignácio — fala, enquanto ajeita o vestido no corpo


que eu quis e ainda quero devorar.

— Acredite, ouvi e vi o suficiente de você por uma noite — afirmo. — Acabou,


menina. Seja qual for o jogo que está fazendo, ele acaba agora e você perdeu.

Viro as costas.

A ultima imagem que fica é dos seus olhos marejados, cheios de medo e de
desespero.

Olhos que não sairão da minha cabeça, porque rapidamente descobrirei que a nossa
história está apenas começando.
CAPÍTULO 10

— Para um homem que ficou noivo há dois dias, você não parece nada contente,
meu irmão — Javier interrompe o silêncio durante o café da manhã com o nosso pai para fazer o
comentário.
Ele não poderia simplesmente me deixar em paz?

Tudo que preciso no momento é esquecer do maldito noivado com aquela vadia, e
falar sobre o assunto não ajuda em nada na missão.

Gabriela não sai da minha cabeça.

O seu beijo… Eu ainda consigo sentir o gosto do seu beijo e a textura da sua língua
macia.

— Cuide da sua própria vida, deixe o seu irmão em paz — o rei Otávio interfere.

— Tenho que concordar com o Javier, porque Ignácio realmente não parece feliz
— Felipe se mete.

Embora seja casado e tenha um filho, ele continua seguindo a tradição e vem tomar
café com os irmãos e com o pai de vez em quando.

— Eu estou feliz. Esse sou eu sendo feliz, vocês não me conhecem? — Abro um
sorriso irônico, mas eles me conhecem perfeitamente e sabem que não estou feliz.

Como poderia estar?

Minha pequena noiva me colocou em uma posição difícil.

Sim, dois dias se passaram e, apesar das minhas palavras e das ameaças, ela ainda
é a minha noiva.

Todavia, não sinto como se fosse, considerando que agora tenho as nossas alianças
guardadas na minha escrivaninha.

Merda!

Porra!

As alianças.

Quando ergo o olhar, meu pai está fitando a minha mão e não há uma aliança em
nenhum dos meus dedos.

— Onde está a aliança que a sua noiva colocou no seu dedo há dois dias? É claro
que o meu pai não deixaria passar, é esperto demais para isso.

— Tirei para tomar banho ontem à noite e acabei esquecendo de colocar de volta,
mas está no meu quarto.

— Estou feliz com as escolhas de vida que você está fazendo, filho.
É claro que ele está satisfeito. Sempre fui o único que não o desafiou a cada passo
do caminho. Nunca causei escândalos, mas algo me diz que isso está prestes a mudar.

Sempre fui discreto com minhas amantes, ao contrário dos meus irmãos,
principalmente o Felipe, antes de conhecer a Elena e se apaixonar.

— Quem está fazendo as escolhas é o senhor, pai. Eu apenas digo amém — aponto,
surpreendendo a todos com minha sinceridade tardia. — Aliás, porque o senhor pensou na
Gabriela e não em uma das suas irmãs? Elas não são mais velhas?

Estou curioso.

— Pelo menos quinze anos, aposto — Javier fala.

— Por que a Gabriela? — insisto.

— Sugeri que fosse uma das mais velhas, porque também vejo que a menina é
muito jovem para você, mas Solto Maior insistiu pela mais jovem. Não me pergunte por quê.

— É sério? — pressiono, porque não há razões aparentes para que tenha feito tal
escolha.

A menos que eu esteja certo nas minhas recentes suspeitas e o barão realmente
tenha um plano em mente.

À princípio, pensei que queria somente empurrar a filha mãe solo para mim, mas
sinto que pode haver mais.

Muito mais.

— Ele bateu o pé quanto a esse assunto e me vi acatando a sugestão de te casar com


a Gabriela. Aliás, tem algo nela que sempre chamou a minha atenção.

— Além do belo par de seios?

Javier!

— Respeite o seu pai! — o rei fala.

Sinto vontade de socar sua cara por citar os seios da minha mulher.

Minha mulher, é sério?

— O que chamou sua atenção? — Sigo no assunto.

— Estive na casa do barão algumas vezes, mas nunca vi a sua noiva. Na verdade, se
estive com ela pessoalmente uma única vez foi muito. A menina parece um fantasma.
— Quanto as outras?

— Sempre na sala da casa e nos salões de bailes ao lado da mãe com os melhores
vestidos.

Interessante.

— Não me ocorreu citar antes, mas não é segredo para ninguém o fato de que a
Gabriela é supostamente adotada.

— Adotada? Essa história está ficando muito interessante — Felipe dá a sua


contribuição para a conversa.

— Na época em que ela apareceu na vida do barão, houve um escândalo sem


precedentes. Ele disse que pegou a filha de um funcionário para criar depois que o mesmo
faleceu, mas dizem as más línguas que a garota na verdade é filha bastarda do Solto Maior.

— Bastarda?

— Sim, você sabe que é dessa forma que chamam os filhos tidos fora do
casamento.

É claro, é por isso que preciso desmanchar o meu noivado com ela.

Gabriela sofreria com muitos julgamentos ao meu lado pelo simples fato de ser mãe
de um filho que não é meu.

Mesmo se fosse meu, também seria julgada por ter engravidado antes de nos
casarmos.

— Muito generoso da sua parte ter permitido que eu noivasse com a filha bastarda
do barão — ironizo.

— Para todos os efeitos, ela é legítima. Se está morando na casa dele e está sendo
tratada como filha, vale tanto quanto as outras duas.

Ou é assim que tem que ser.

Mas será que realmente acontece na prática?

A minha cabeça vai explodir com tantos questionamentos.

— O senhor está certo — falo, mas ainda não engulo o fato de que o pai dela
insistiu para que fosse escolhida para ser minha noiva.

Também fico questionando-me o porquê da sensação de que tudo sobre essa garota
é um mistério.
Contra a minha vontade, embora não tenha feito nada para encerrar a nossa ligação,
passei os últimos dias pensando na Gabriela.

Não pensei somente nos seus beijos e na forma como me deixou com tesão quando
senti o seu corpo macio contra o meu, também pensei em nós dois e me questionei se realmente
desmancharia o nosso noivado.

Por um lado, sei que sendo eu quem sou e sendo ela mãe de um bebê recém-nascido
que não é meu, ficarmos juntos não é uma opção, apesar de Gabriela ter acreditado que era
quando foi até o salão de bailes para trocar alianças comigo.

Por outro lado, algo me diz que não posso e não devo a deixar dessa forma.

Sou conhecido por sempre seguir a lógica e nunca agir guiado pelas emoções, mas,
por alguma razão que não poderia explicar, com ela é diferente.

Não é por falta de tentativa da minha parte que não consigo voltar a ser o mesmo de
antes. Mudou algo em mim no momento em que coloquei os meus olhos sobre Gabriela.

Eu simplesmente não consigo fingir que nada mudou.

Algo está confuso e não cheguei sequer perto de livrar-me do compromisso com
Gabriela, como ameacei para ela que faria.

Não nos vimos e não nos falamos desde o dia do noivado.

Todavia, ainda somos noivos.

Eu tenho que tomar uma decisão antes que seja tarde demais, mas antes preciso vê-
la uma última vez.

Fora de mim por ter descoberto que escondia um segredo na noite do nosso
noivado, não permiti que conversasse comigo, quando estava claro que tinha algo para dizer.

Agora está na hora de termos essa conversa definitiva antes de agir. Preciso fazer o
que é certo, porque não preciso carregar um peso na consciência.

Não sou tão babaca e preciso ter a consciência tranquila de saber que qualquer
atitude que eu vier a tomar não machucará a garota além do que ela possa suportar.

No final das contas, Gabriela é apenas uma menina.

Uma menina que me atrai profundamente, mas uma menina.

Enquanto meu pai e meus irmãos conversam e se alimentam, penso a respeito do


que farei quanto ao meu impasse com minha noiva.
Depois de alguns minutos, de maneira discreta para não chamar a atenção deles,
invento uma desculpa e deixo a mesa.

Então volto para o meu quarto, pego as nossas alianças na gaveta da escrivaninha e
guardo no bolso.

Não sei por que estou pegando as joias e qual destino elas terão, mas preciso tê-las
comigo, preciso carregá-las para o lugar onde estou indo.

Como as terras do palácio são vizinhas das terras do barão, não demoro mais do
que cinco minutos para chegar à cavalo até a mansão do Solto Maior.

Se eu tivesse seguido a etiqueta da boa educação, teria avisado para ele que estava
vindo fazer uma visita para a minha noiva, mas a ideia era mesmo pegar todos de surpresa.

Não sei o que irei encontrar, ou o que espero encontrar, mas realmente precisava
fazer dessa forma.

Um pouco apreensivo, bato na porta.

Segundos depois, a porta é aberta por uma mulher uniformizada. Provavelmente se


trata da governanta da família.

— A quem devo anunciar?

— Príncipe Ignácio, noivo da senhorita Gabriela. — Ela sabe quem sou, então
imagino que está apenas fazendo o que deve ser feito no seu trabalho.

Não deixo escapar a forma como o rosto da mulher se transforma e o seu corpo
tenciona quando menciono que vim fazer uma visita para a minha noiva.

— Algum problema?

— Não… — fala de maneira insegura. — O senhor não estava sendo esperado.

Parece que ela quer me colocar para correr como um cachorro sarnento. Como não
pode, dá espaço para que eu entre na sala da mansão sofisticada, apesar de parecer que saiu
diretamente do século dezoito.

O barão com o seu título cheira a dinheiro velho, ainda assim, ele tem mais posses e
poder do que a maior parte dos reles mortais.
— O barão não está — fala.

— Como eu disse, vim ver a minha noiva.

— Ela está sozinha em casa e não sei se é uma boa ideia que a veja.

A mulher está completamente apavorada, o que levanta ainda mais suspeitas em


mim.

É como se todos nessa casa tivessem algo para esconder e eu vou descobrir agora
mesmo do que se trata.

— Nós não estamos no século dezoito, então posso perfeitamente ficar sozinho com
a minha noiva e sem manchar a reputação dela. Sabia que podemos fazer sexo antes do
casamento? — As bochechas da mulher de meia idade coram, mas ela logo volta ao seu modo
apavorado de antes.

— Espere um momento, vou procurá-la e perguntar se deseja ver o senhor.

— Não. Eu mesmo posso fazer isso. Preciso que me indique onde fica o quarto da
Gabriela.

— Senhor…

— Por favor, eu preciso que você me indique o caminho para o quarto da minha
mulher.

Resignada, percebendo que não vencerá essa quebra de braço comigo, a governanta
do barão começa a caminhar, mas ela para quando a senhora que conheci na noite do meu
noivado surge no seu caminho.

— Há algo errado acontecendo? — pergunta para a mulher, antes de perceber a


minha presença.

— O príncipe Ignácio veio fazer uma visita para a noiva — a governanta fala, noto
uma troca de olhares entre as duas senhoras.

Quando me vê, a senhora que disse que tem Gabriela como uma filha sorri para
mim, um sorriso sincero e nem um pouco tenso.

Sua expressão facial é muito diferente do que vejo no rosto da governanta.

— Veio fazer uma visita para a sua noiva?

— Faz dois dias que não a vejo e estou morrendo de saudade.

Não foi bem por esse motivo que vim, mas também não é completamente mentira.
No fundo, uma pequena parte de mim está com saudade da peste.

Eu não sabia exatamente o que fazer ou dizer quando vim até aqui, mas tinha que
vir.

— Firmina, você pode se retirar — ela fala.

— Mas, senhora Maria…

— Eu disse que pode se retirar! Devo lembrar que quando seus patrões não estão
em casa você tem que obedecer as minhas ordens? — resignada, a outra mulher apenas balança a
cabeça e deixa a sala.

— Que bom que você veio, querido.

O quê?

— Está tudo bem? — indago.

O sorriso que havia no seu rosto morreu.

No seu olhar agora vejo preocupação e medo.

Tudo nessa casa é muito, muito estranho.

Essa família tem muito a esconder e não tenho mais dúvidas depois da reação que a
governanta teve ante a minha presença.

— Não está tudo bem, mas vai ficar.

— Não estou entendendo.

Poucas coisas me causam medo, mas tudo sobre essa visita surpresa…

O que vou encontrar quando vir a loirinha?

— Vossa Alteza, você veio no momento certo, mas não tem muito tempo. Os
patrões foram a um evento importante com as filhas e não vão demorar.

— Gabriela não está em casa? Eu pensei que…

— Você não entendeu, príncipe Ignácio. Eu quis dizer que o meu cunhado e minha
irmã saíram com as filhas. Eles não consideram Gabriela como uma filha.

— Seja mais clara, porque realmente não estou entendendo aonde a senhora está
querendo chegar.
— É melhor que você veja com os próprios olhos, será mais fácil de entender.

O que?

Nós dois caminhamos por alguns corredores da casa imensa, até pararmos em uma
ala que é mais simples do que todo o resto, do piso até as portas mais velhas, gastas pelo tempo.

— Não deveríamos estar indo para o quarto da minha noiva? — questiono ao segui-
la.

— É exatamente isso que estamos fazendo — ela fala.

— Esse não é o lugar onde fica os quartos dos empregados da família Solto Maior?

— Exatamente. É aqui também onde dorme a sua princesa e bela futura esposa.

Futura esposa.

É isso que Gabriela é para mim, não é?

Porque nos últimos dois dias não consegui pensar nela de outra maneira. Como
posso pensar em desfazer o nosso compromisso, mesmo que seja o certo a ser feito?

— A senhora não está querendo dizer que… — antes que eu tenha a chance de
completar a frase, a senhora abre a porta para mim.

Sem entender o que está acontecendo, entro no quarto e os meus olhos por um
momento não podem acreditar no que estão vendo.

Não pode ser real.

Porra!

Eu vou enlouquecer! Nada me preparou para essa situação de merda.

Nada!

A Gabriela, a minha noiva não viveria nessas condições.

Viveria?

Estou tendo a merda de um pesadelo.


CAPÍTULO 11
— Deu tudo errado, meu amor. — Sentada na cama com as costas contra a
cabeceira, falo com meu bebê.

Sei que ele não está entendendo nada, mas é a única pessoa que tenho para
conversar além da senhora Maria, que tem mais o que fazer do que passar vinte e quatro horas
por dia ouvindo as minhas tragédias.

Embora não tenha conhecido a realidade sem sofrimento depois dos meus oito anos
de idade, quando a minha própria mãe me abandonou e desapareceu da minha vida, nunca fui
uma pessoa pessimista e não sentia pena de mim mesma, apesar de tudo.

Todavia, ultimamente está sendo difícil me manter firme.

Tenho vergonha de admitir que nos últimos dias tenho sentido pena de mim
mesma, porque eu só tinha uma chance de sair do inferno e essa chance foi frustrada.

Agora, sinto que estou na corda bamba, mal estou conseguindo dormir à noite por
causa do medo de tudo desmoronar ainda mais a qualquer momento.

Tudo errado!

Eu passei quase um ano inteiro esperando pelo noivado e eminente casamento com
o príncipe, porque tinha esperança de que ao lado dele e longe das vistas do meu pai seria mais
fácil escapar e fugir para longe com o meu bebê.

Havia também um plano B, que seria a minha tentativa de fazer com que gostasse
de mim o suficiente para pelo menos tentar me proteger, caso não facilitasse a minha vida para ir
embora.

Mas percebi que daria tudo errado no instante em que coloquei os meus pés no
salão de baile do palácio na noite do noivado.

Primeiramente, eu não estava preparada para a reação que tive quando vi pela
primeira vez o meu até então futuro noivo duas noites atrás.

Claro que já tinha visto Ignácio nas revistas e até mesmo na televisão, além do
encontro acidental, mas vendo muito de perto o homem é mais bonito e o seu sorriso debochado,
que mal parece um sorriso, deixou as minhas pernas bamba no final daquelas escadas.

A forma como me olhou fez parecer que gostou de mim como mulher e o meu
coração disparou como se eu fosse uma tola apaixonada, mesmo nunca tendo me apaixonado,
porque o amor jamais esteve nos meus planos.

Como poderia estar se todos os dias é uma luta de sobrevivência morando no


inferno?

Fiquei presa ao lado do príncipe durante toda a festa do nosso noivado.


Sei que Ignácio percebeu que eu estava tão feliz quanto ele com a ideia do
casamento, ainda assim, fez questão de manter as mãos quentes nas minhas costas e às vezes até
mesmo minha palma dentro da sua.

Mesmo se não tivéssemos ficado próximos um do outro tempo todo, eu ainda assim
teria consciência da sua presença poderosa.

Definitivamente, ele não é um homem que pode ser ignorado.

Houve um momento rápido em que Ignácio se afastou de mim e se aproximou de


uma moça muito bonita. A forma como sorriu para ela me deixou incomodada, porque não deu
sorrisos para mim em nenhum momento.

Como não tinha como ser diferente, porque não confio em ninguém que mora na
casa do barão, tive que levar o meu bebê para o baile de noivado.

Ele ficou sob a supervisão da senhora Maria, que encontrou uma das funcionárias
do palácio para ajudá-la. Mas Yuri é só um bebê recém-nascido que precisa se alimentar com
frequência.

E quando os meus seios começaram a pesar e os mamilos a doerem, encontrei uma


maneira de fugir para encontrar a senhora Maria na biblioteca do palácio. Ela estava me
esperando com meu pequeno esfomeado.

Quando segurei o meu filho nos braços, foi o primeiro momento da noite em que
senti que era eu mesma, toda a tensão foi embora e até mesmo consegui sorrir e relaxar durante
alguns minutos.

Ao entrar no jogo do meu pai de esconder do meu noivo que eu tinha um filho,
sabia dos riscos que estava correndo, mas, ainda assim, principalmente sabendo que não tinha
como escapar do que ele havia preparado para mim, tive esperança de que poderia resolver a
situação depois que noivássemos ou nos casássemos.

O que eu realmente não esperava era que o príncipe fosse me segui até a biblioteca
e me pegar no flagra amamentando o meu filho.

Ignácio ficou furioso, e toda frieza e compostura que vi nele pessoalmente e através
da mídia desapareceu diante dos meus olhos.

Quando ele fugiu, o segui até o jardim de inverno, porque não podia deixar a
situação entre nós como estava.

Como não poderia deixar de ser quando ânimos estão exaltados, nós discutimos e
eu cheguei a agredi-lo. Em algum momento no meio da briga, as alianças desapareceram dos
nossos dedos.

Eu mal pude sentir o peso da joia cara no meu dedo e ela não estava mais comigo.
Deve ter sido o noivado mais curto da história da humanidade.

Seria até cômico se não fosse trágico.

Desesperada, porque não podia permitir que terminasse comigo, tudo por causa do
medo das consequências que eu sofreria pelas mãos do barão se o levasse a sofrer tamanha
humilhação, usei meu último recurso.

A sedução foi um plano para tentar fazer com que o príncipe voltasse atrás e pelo
menos tentasse me ouvir, algo que não havia se permitido fazer.

Apesar da minha inexperiência, porque presa nas terras do meu pai não tive a
oportunidade nem mesmo de sair para beijar na boca quando era adolescente, tomei a iniciativa
sem medo de passar vergonha, sendo guiada apenas pelo desespero.

Ignácio foi rápido ao tomar as rédeas da situação e ele simplesmente comeu a


minha boca.

Foi o meu primeiro beijo, mas com certeza o melhor beijo que experimentarei na
minha vida.

Ele foi intenso e quente, nada como a sua personalidade fria. Quando pegou na
minha bunda, o meu corpo tremeu de expectativa e de vontade de fazer algo que eu não sei
explicar do que se trata.

Tudo que sei é que meu sangue estava correndo quente nas veias.

Eu senti vontade de me esfregar nele como um gato.

Quando senti a dureza do seu membro contra a minha boceta, e a minha calcinha
estava muito molhada por causa do calor que ele estava me fazendo sentir, tive vontade de ficar
pelada na sua frente, para que sua boca gostosa acariciasse toda minha a pele.

Também quis arrancar sua roupa e tocar seu corpo com a boca e com as mãos.

O príncipe simplesmente fez o meu corpo cantar de alegria, e no momento em que


estava nos seus braços, esqueci-me completamente qual era o meu papel e a minha intenção com
aquele momento intenso.

Havia um plano, mas, enquanto durou o nosso amasso, eu simplesmente esqueci de


qual era o plano.

Sinto que chegou muito perto de fazermos algo mais íntimo em público, embora
não tivesse ninguém por nos vendo.

Tudo desmoronou quando palavras escaparam da minha boca.


Eu sei o que deve ter parecido, mas quando pedi para que não me deixasse, não fiz
de caso pensado.

Não fazia parte do plano, ainda assim, senti-me culpada quando ele me deixou
jogada como um pedaço de lixo contra a parede e se afastou de mim.

Embora o pedido tenha sido relacionado ao desejo de que fosse além e me tocasse
um pouco mais, a culpa veio quando pensei que tudo havia começado como um plano para o
seduzir.

Ainda assim, intencionalmente ou não, depois de estragar tudo pedi novamente para
que me ouvisse, mas o homem estava com muita raiva de mim e não podia mais suportar a
minha presença.

Quando Ignácio virou as costas e me deixou sozinha naquele jardim, simplesmente


me desfiz.

Ao cair dramaticamente com os joelhos no chão, chorei tanto que teve um


momento em que pensei que fosse entrar em colapso.

Eu corri muitos riscos, por exemplo, alguém poderia ter aparecido e visto uma
noiva desesperada e descabelada, logo depois de ter trocado alianças com o príncipe, um dos
homens mais belos e desejados de Solari.

Depois de reunir as forças que eu não sabia que tinha, sequei as lágrimas e voltei
para o salão, mas tive que lidar com o resto da festa sem a presença do noivo, que inventou uma
desculpa qualquer para desaparecer antes do final da festa.

Eu não sei o que ele contou para o pai, mas o rei justificou sua ausência dizendo
que o filho havia ficado um pouco indisposto, porque no mesmo dia visitou algumas famílias
para tratar de impostos ao seu lado.

O anúncio do rei foi o fim da festa de noivado, mas o monarca não foi convincente
o suficiente na sua explicação para o sumiço do filho.

Os meus olhos avermelhados por causa do choro copioso e a forma como meu
noivo desapareceu misteriosamente antes da festa acabar levantou suspeitas na minha família.

Assim que entramos em casa, minhas irmãs começaram a ironizar e a soltar veneno
para o nosso pai.

Minutos depois, ele estava acreditando que eu havia feito alguma coisa para chatear
o meu noivo.

Quando não viu a aliança no meu dedo, ficou ainda mais furioso e não aceitou a
desculpa de que eu havia a deixado cair sem querer.
Eu realmente não esperava pelo tapa forte que deu no meu rosto.

Quando comecei a sorrir de maneira histérica, porque já havia passado por muito
naquele dia e a minha mente estava entrando em colapso, o homem ficou ainda mais furioso.

Depois de pedir para que a sua família saísse da sala, porque sua esposa e filhas não
precisavam ver o monstro no qual se transforma quando fica furioso, o homem tirou o cinto,
pegou-me pelo cabelo e me jogou no chão.

Fazendo ameaças de que acabaria com a minha vida e que tiraria o meu filho de
mim se o príncipe voltasse atrás e me desprezasse dias depois do noivado, o homem me bateu até
se cansar.

Ele só parou quando não tinha mais forças nos braços.

Até então, o barão não tinha levantado a mão para mim, havia me machucado o
suficiente com palavras e olhares de desprezo.

Sozinha e chorando copiosamente, jogada no tapete da sala, fui amparada pela


Maria.

Assim que ele começou a me bater, sua cunhada se meteu no meio e tentou intervir,
mas meu pai a empurrou e fez ameaças para ela também.

O barão disse que se ela se metesse novamente iria proibir a sua entrada na casa.

Também deixou claro que sabia de toda a ajuda que ela veio me dando durante os
últimos anos em que passou a ficar mais tempo na sua casa.

Para não ser obrigada a me abandonar, a senhora simplesmente me levou para o


meu quarto depois que fiquei na sala completamente desamparada e chorando, sentindo a minha
pele arder por causa da surra de cinto que levei.

Faz dois dias que tudo de ruim aconteceu e não há mais lágrimas que eu possa
derramar.

Tenho vergões avermelhados por todo meu corpo, principalmente nos braços e nas
pernas, mas as marcas mais profunda e as feridas que não saram estão no meu coração.

Eu estou perdida, porque o que para o meu o pai é uma possibilidade, para mim é
um fato: o príncipe Ignácio terminou o noivado comigo.

Ele disse que me mandaria notícias, mas faz dois dias que não sei nada a seu
respeito.

Não tenho mais esperanças.


Todas elas se foram, e eu estou a ponto de cometer uma loucura, porque de maneira
alguma vou permitir que tentem me separar do meu filho.

Está chegando a hora de fugir dessa casa, mesmo que não tenha para onde ir.

Eu moro na rua, mas não fico mais nenhum dia nessa casa.

Esperei dois dias, porque durante esses dois dias acreditei que o príncipe fosse dar
um sinal de vida e que talvez até pudesse mudar de ideia, se um milagre acontecesse, mas está
mais do que claro que ele tomou sua decisão e seguiu em frente sem mim.

Faz dois dias que não saio do quarto. Foi um pedido do barão, porque ele tem uma
reputação a zelar e ninguém pode saber que agrediu a sua filha fortemente.

Até mesmo as refeições faço no quarto, graças a senhora Maria que traz alimentos
para mim.

Não sinto a menor vontade de comer, mas me alimento por causa do meu bebê. Ele
é apenas um recém-nascido e precisa de mim, por causa dele ainda não sucumbi a tristeza e a
desesperança.

— Eu amo você, meu menino… nunca vou desistir, não quando tenho você.

Apesar da vida difícil, nunca me arrependerei da decisão de ter o meu filho. Para
qualquer pessoa pode ser visto como um acidente inusitado, mas para mim Yuri é o meu milagre.

Além de amor, Yuri me traz um propósito para seguir respirando.

É tudo o que tenho.

— O que está acontecendo? — Assustada, dou um pulo da cama e vou parar com
meu bebê no canto do pequeno quarto onde durmo desde os oito anos de idade.

Na minha frente, olhando-me como se nunca tivesse me visto na vida, está o meu
noivo, ou ex-noivo, agora tanto faz.

Sei que é injusto responsabilizá-lo por qualquer coisa, mas ainda assim faço.

Irracionalmente, o culpo por ter apanhado e por ter sido ameaçada.

Eu deveria estar com medo, mas não estou mais. Sei o que Ignácio está vendo, mas
também não me importo em esconder as marcas.

Não me importo mais se o fato de ele estar aqui piorar ainda mais a situação com o
velho, está tudo acabado de qualquer forma.

O que Ignácio está vendo?


Ele poderia estar vendo uma garota rica e mimada, a garota que nasceu para ser
tratada com uma princesinha.

Mas o que o príncipe babaca realmente está vendo é uma mulher completamente
quebrada.

Acuada no canto do meu quarto, descalça e usando shorts curtos e camisa regata
sem sutiã para facilitar a amamentação do meu filho, observo seus olhos passeando por todo o
meu corpo.

A cada segundo que passa, mais a sua expressão facial se reverte em puro horror.

Ignácio está vendo marcas por todo o meu corpo, marcas avermelhadas que não
desapareceram em dois dias, porque as agressões foram tão fortes que não podem desaparecer
facilmente.

Ainda dói e arde um pouco, por causa disso não tenho conseguido dormir.

Por não estar conseguindo dormir, agora que o seu olhar está no meu rosto, estou
certa de que está vendo olheiras em volta dos meus olhos e provavelmente estou com a expressão
de cansaço tanto físico quanto emocional.

— O que… — está sem palavras, e realmente entendo.

— O que foi? Não sou a noiva que você esperava? Essa sou eu, príncipe. A minha
vida é uma mentira, mais uma mentira que te contei, porque sou uma vadia sem coração.

Quando tenta chegar mais perto de mim, recuo como se fosse um bicho assustado.

Com meu filho nos meus braços, o seguro ainda mais firme.

Ninguém vai tirá-lo dos meus braços, nem mesmo o seu pai.

Corajoso, ou apenas insensato, ele continua vindo em minha direção.

Quando estende os braços para pegar o meu filho, viro de costas.

Carinhosamente, de uma forma que achei que fosse incapaz de agir, Ignácio vira-
me de frente novamente.

— Eu quero ajudar, prometo para você — ele fala olhando dentro dos meus olhos e
algo nele faz com que eu acredite. Então me vejo balançando a cabeça positivamente.

Mesmo com medo, entrego o meu bebê para ele.

O príncipe segura Yuri com tanta confiança que parece que está acostumado a isso.
— Senhora, pode o levar por um momento? Eu preciso conversar com a minha
mulher.

Sua mulher?

Então, nós ainda estamos noivos?

Com cuidado, entrega o bebê nos braços da única amiga que tenho. Maria olha para
mim e mostra um sorriso cheio de esperança.

— Vai ficar tudo bem, querida. Agora, eu sei que vai. Você merece viver um conto
de fadas e ser a mulher mais feliz do mundo. Minha intuição diz que você não é uma princesa
que precisa ser salva por um príncipe, porque é perfeitamente capaz de salvar a si mesma, mas
um príncipe encantado não faz mal a ninguém. O seu príncipe encantado chegou — afirma, ao
deixar o quarto.

Embora seja uma situação complicada, as minhas bochechas ficam vermelhas por
causa do seu comentário bobo sobre príncipes encantados.

Se esse fosse um conto de fadas, Ignácio provavelmente seria o sapo.

Quando a porta fecha e nós dois ficamos sozinhos no quarto, a forma como seu
olhar para mim muda causa arrepios.

Eu vejo a frieza de sempre, mas também um pouco de fúria e uma determinação


ferrenha.

Eu esperava ver pena, um sentimento que não suporto, mas não há pena de mim no
seu olhar

Agora que está muito perto, posso sentir o calor da sua respiração.

De repente, meus sentimentos mudam.

Se estava revoltada e queria que ele me visse do jeito que realmente sou, agora me
sinto envergonhada pelo rosto cansado e sem maquiagem. Estou envergonhada pelas roupas
simples e pelo cabelo bagunçado.

Envergonhada principalmente pelas marcas da agressão na minha pele, nos meus


braços e nas minhas pernas, marcas que não poderia esconder.

— O que você… — antes que eu termine a frase, o príncipe coloca o dedo


indicador contra os meus lábios.

— Nós vamos conversar depois, agora quero que você use isso. — Olhando dentro
dos meus olhos, coloca uma mão dentro do bolso da calça e tira de dentro as nossas alianças.
Sem pensar duas vezes, devolve uma delas para o seu dedo, depois pega a minha
mão e coloca a minha aliança no meu dedo também.

— Agora, quero que você faça uma mala contendo apenas o que for essencial. Não
se preocupe em colocar todas as suas roupas, porque você não precisará delas, vou cuidar de
todas as suas necessidades, menina.

— O que você está pensando em fazer?

Estou confusa.

É bom demais para ser verdade.

— Por favor, faça o que estou te pedindo.

Parece mais frio do que o normal, mas, por alguma razão, não me assusta. Na
verdade, o fato de estar no controle em uma situação como essa me deixa mais calma e faz com
que eu me sinta segura.

Até minutos atrás, eu estava o odiando e culpando por tudo, mas sinto que esse
homem está sendo a minha salvação nesse exato momento.

Então, por mais frágil emocionalmente que eu esteja, começo a fazer a mala, não
colocando quase nenhuma peça de roupa para mim. Preocupo-me mais com os pertences do meu
bebê.

Apenas o essencial para que ele fique bem no lugar para onde estamos indo.

— Eu estou com medo de ter esperança. Então, por favor, diga que está finalmente
me tirando desse inferno.
CAPÍTULO 12

— O seu inferno acabou, princesa, mas o inferno dos outros está apenas
começando. Temos que sair daqui, mas quando chegarmos ao nosso destino, você me contará a
sua história e eu garantirei que cada um que te fez sofrer pague pelos erros — falo.
É uma promessa que estou fazendo agora.

Fazia uns dias que eu estava cheio de suspeitas a respeito da Gabriela, sobre a sua
vida de modo geral, mas nem por um segundo passou pela minha cabeça que ela estaria vivendo
dessa maneira.

Nem por um segundo passou pela minha cabeça que a encontraria completamente
agredida e com o olhar perdido. Se antes havia tristeza no seu olhar, agora vejo desesperança.

Eu realmente sou um homem que controla as minhas emoções, mas está sendo
difícil lidar com a visão da sua pele perfeita coberta de marcas, provavelmente ela foi agredida
com um cinto.

Mal consigo olhar para a minha noiva, porra!

Que tipo de monstro agride uma garota inocente dessa maneira?

— Por que você está me ajudando? — A garota para o que estava fazendo para
olhar para mim.

Gabriela precisa que eu seja sincero.

E eu serei totalmente sincero comigo e com ela.

Eu não sabia exatamente o que diria e qual decisão tomaria quando saí de casa com
as alianças no meu bolso, mas agora está claro na minha mente.

— Estou te ajudando porque esse é o meu dever e o meu direito. Eu vou te ajudar
porque você, Gabriela, é minha noiva e em breve será minha esposa.

— Mas você disse que…

— Esqueça o que eu disse, loirinha. Coloquei a aliança de volta no seu dedo,


significa que nós estamos noivo. A menos que não queira. Mas vou te ajudar da mesma forma,
ainda que me rejeite.

Depois de ter passado dois dias fingindo que não estava com saudade da garota que
convivi por no máximo duas horas, agora tenho Gabriela ao alcance das minhas mãos.

Olhando para os seus olhos, olhos azuis nos quais gostaria de colocar um pouco de
alegria, admito para mim mesmo que, indo na contramão do que eu queria acreditar, desfazer o
nosso compromisso nunca foi uma possibilidade.

Ela veio até mim como um rolo compressor e trouxe luz e o caos. Eu nunca quis
alguém tão complicado na minha vida, mas vou ficar com ela, mesmo sabendo que terei
problemas por sua causa.
Alguém que é capaz de balançar o meu mundo, certamente vale o esforço.

— Eu quero me casar com você — fala.

Mesmo que esteja dizendo as palavras apenas porque acredita que não tem outra
saída, quando ela mesmo disse que foi praticamente obrigada pelo pai a aceitar se casar comigo,
fico contente com a sua resposta.

Nós precisamos manter o nosso compromisso agora, então depois resolveremos as


nossas vidas da maneira correta.

O que eu não posso fazer é deixar essa garota perfeita vivendo dessa maneira.

Ela merece muito mais do que tem.

O animal gelado dentro de mim está louco para vir à tona, mas estou me segurando
bem, porque Gabriela precisa que eu seja exatamente como o meu eu controlado de sempre nesse
momento.

Ela precisa que eu diga o que deve fazer e como agir. Está desesperada por um
norte e por um bote salva-vidas. Eu serei esse norte e o bote salva-vidas.

Vou me preocupar com as consequências quando o momento chegar.

Agora é essencial levá-la comigo, ela e o bebê.

— Como queremos o mesmo, nós vamos nos casar — falo com a convicção que
precisa.

— E o fato de eu ser mãe?

— Nos preocuparemos com a nossa situação depois, está bem? Agora quero que
termine de fazer sua mala.

— Eu já terminei.

Olho para a pequena mala quase vazia em cima da cama e fico surpreso por estar
levando tão pouco, mas não questiono.

— Boa menina. — Pisco para Gabriela, então, por não conseguir me conter e
porque ela é minha para que eu faça exatamente isso como e quando desejar, chego mais perto e
beijo de leve os seus lábios.

Os seus olhos arregalam, provavelmente porque não estava esperando tal gesto da
minha parte.

Eu também não estava, mas não pude resistir.


Essa loira triste se tornou a ruína da minha existência no dia em que quase a
atropelei, foi quando a vi pela primeira vez.

E como um viciado em drogas, quero mais doses dela, mesmo que me destrua.

Nos destrua.

Se essa menina faz com que eu fique completamente fora de mim, então me
entregarei à loucura, porque os últimos dias foram o suficiente para me fazerem perceber que não
adianta tentar fugir.

Eu sei que, quanto mais me esconder, mais obcecado ficarei por ela.

Nunca fui um homem de obsessões, mas acredito que estou tendo a primeira.

Será o meu fim, para o bem ou para o mal.

— Pronta? — Quando a loira balança a cabeça positivamente, pego a sua mala de


rodas em cima da cama pela alça e com a mão livre entrelaço os nossos dedos.

— Nunca estive tão pronta — afirma.

Não passa batido que ela não perguntou para onde estou a levando. Estava tão
preparada e desesperada para sair do inferno que está confiando cegamente em mim, mesmo com
o risco de que eu seja o próprio diabo.

Eu gosto de ser a única pessoa que pode ajudá-la nesse momento.

Gosto que precise de mim.

Quando Gabriela precisa de mim, me sinto menos vulnerável nessa relação estranha
que começamos e que não sei onde vai dar.

Ao chegarmos a sala, sou surpreendido com a presença de toda a família Solto


Maior presente no cômodo.

Olhar para todos eles faz com que eu sinta vontade de destruir essa casa com todos
eles dentro, então olho para o lado e vejo a senhora bondosa segurando o bebezinho recém-
nascido nos braços e me sinto um pouco mais calmo.

Tem algo sobre esse bebê que não sei explicar, mas sinto uma ligação com ele
desde primeiro segundo em que olhei para o seu rosto de joelho, enquanto devorava o leite no
peito bonito da sua mãe.

— O que está acontecendo aqui? Príncipe Ignácio, você está apenas noivo da minha
filha, não deve fazer visitas sem avisar ou quando não estou em casa.
— Não se trata de uma visita — digo.

— Como assim, não se trata de uma visita? — pergunta, e só então nota que tem
uma mala na minha mão. — Você não está pensando em tirar Gabriela de casa antes do
casamento, não é? Um homem como você não tomaria uma atitude como essa, sabendo que vai
manchar a reputação das duas famílias mais importantes de Solari.

— Eu estou levando a minha mulher comigo e você não dirá uma palavra sobre
isso!

Eu realmente estou começando a perder a minha paciência, e se ficar mais um


segundo na presença desse maldito, vou matá-lo.

Eu vejo a forma como está fitando Gabriela, ele não a olha como um pai deveria
olhar para sua filha. Há desprezo e ódio, não há amor.

Que espécie de homem é Solto Maior?

Que tipo de vida minha mulher levou nessa casa com essa gente?

— Você deve ter enlouquecido, rapaz. Mas para tirar minha filha de casa, antes
você vai ter que se casar com ela!

As palavras fazem com que eu perca a paciência na qual estava me agarrando,


então avanço em sua direção e o jogo contra o braço do sofá verde de camurça.

Esse maldito agressor me deixou cego. Tudo o que eu vejo agora é vermelho.

Antes que tenha oportunidade de reagir, envolvo as minhas mãos no seu pescoço e
o aperto a ponto de roubar seu fôlego.

— Você pensa que é o dono do mundo porque tem dinheiro, sobrenome e um título
de nobreza? Também pensa que é o homem mais esperto do mundo, mas você não é. Induziu o
rei ao erro quando insistiu para que a sua filha mais nova fosse a escolhida para se casar comigo,
mas escondeu o detalhe de que ela tem um filho. Quer se livrar dela, porque a enxerga como um
problema, afinal, depois do casamento ela será minha responsabilidade e você estará lavando as
próprias mãos, não é?

— Largue-me, moleque! — Solto Maior se debate, mas não consegue sair do meu
aperto no seu pescoço.

Seu rosto está ficando muito vermelho, mas não me importo. Só consigo pensar nas
marcas de uma surra no corpo da minha noiva.

Esse filho da puta!

Eu vou matá-lo!
Como ousou tocar no que é meu?

Ninguém toca no que é meu. Ele fez isso quando ela já era minha.

— Não sei que tipo de inferno impôs para Gabriela desde que ela se mudou para
sua casa, mas vou descobrir. Se prepare, porque, quando eu souber de toda a história, vou acabar
com a sua vida medíocre! — ameaço sem pudor.

Quando ele mal consegue respirar, afasto-me e o deixo desesperado, tentando


respirar.

Então volto para o lado da Gabriela, que pegou seu o filho dos braços da senhora
Maria em algum momento.

Depois de entrelaçar os nossos dedos, levo-a em direção à saída e espero que seja
para nunca mais voltar.

Independentemente do que possa vir a acontecer na nossa relação, Gabriela nunca


mais precisará voltar para esse lugar, vou garantir isso, nem seja a última coisa que eu faça.

Quando estamos quase saindo, volto-me novamente em direção a todos eles e dou o
recado.

— Não voltem a chegar perto da Gabriela. Esqueçam a sua existência, e se eu


souber que qualquer um de vocês pelo menos olhou feio para a minha a noiva, essa pessoa
sofrerá as consequências.

Quando finalmente saímos da casa, eu me sinto como se tivesse passado todos


esses anos preso no inferno junto com ela. Estou me sentindo aliviado, então apenas imagino
como Gabriela está se sentindo.

Como não poderia deixar de ser, minha noiva está chorando, mas sei que é um
choro de alívio e felicidade.

Quero apressar o passo para deixar as terras do barão de uma vez, mas ela para de
caminhar quando estamos no pátio e faz com que eu olhe para o seu rosto.

— Aconteceu alguma coisa?

— Obrigada…— agradece e, com um bebê recém-nascido adormecido entre nós,


fica na ponta dos pés e beija o canto da minha boca.

Como se eu fosse um adolescente, meu corpo reage e meu coração acelera.

— Não por isso. Eu vou te proteger, farei porque é minha para proteger e também
para tentar compensar o erro que cometi com você
— Você não cometeu nenhum erro. Do que está falando?

— Eu tive quase um ano inteiro para vir até aqui para te conhecer, mas não vim. Se
tivesse vindo antes, teria te tirado do inferno mais cedo.

— As coisas acontecem como devem acontecer, está tudo bem — fala, ao acariciar
o meu rosto, como se fosse o seu papel me consolar.

Enquanto caminhamos para o palácio, seguimos de mãos dadas e nenhum de nós


dois parece capaz de se afastar do toque.

Por sua vez, o bebezinho dorme tranquilamente o sono dos justos e dos inocentes.

— O que a gente vai fazer agora?— Gabriela questiona quando estamos quase
chegando ao pátio do palácio.

— Vamos seguir em frente com os planos para o casamento.

— Onde vou morar?

— No palácio comigo.

— O quê?! Será um escândalo, porque ainda não somos casados.

— Que se fodam os escândalos. Se moro no palácio, você também vai morar,


porque não pretendo te deixar ir para lugar algum, Gabriela. Você é minha.

— Eu sou? — Não há temor na sua pergunta. Na verdade, sinto a esperança no seu


tom de voz e no seu olhar.

Por muitos motivos diferentes, essa garota quer me pertencer tanto quanto estou
começando a ter a necessidade latente de tê-la para mim para proteger e cuidar

— Completamente minha.

Pela primeira vez, ela mostra seu sorriso perfeito, ou um sorriso que seja de alegria.

Por esse sorriso, estou disposto a enfrentar tudo, até mesmo o meu pai, que terá
muito para dizer quanto ao fato de eu ter trazido a minha noiva para casa, a trouxe para morar
comigo dois dias depois de ter ficado noivo.

Sobretudo, terei que explicar essa criança.

Spoiler: o rei não vai gostar nada da situação.

Mas vai ficar tudo bem, porque decisões das quais não posso voltar atrás foram
tomadas.
Eu não quero voltar atrás.

— Minha — falo baixinho no seu ouvido quando voltamos a caminhar e sei que o
arrepio na sua pele é de prazer.

Apesar de termos brigado mais do que conversado e nos tocado nas poucas
interações que tivemos, temos química.

Muita química.
CAPÍTULO 13
Quando entro no quarto do príncipe Ignácio, a sensação é de que estou entrando em
um mundo diferente daquele que conheço.

Porque não importa o fato de eu ter vivido em uma mansão luxuosa durante quase
toda minha a vida, porque a minha realidade dentro de todo aquele luxo era uma paralela.

Eu frequentava basicamente a cozinha e ficava muito presa no meu quarto, que


provavelmente não tem a metade do tamanho do banheiro acoplado ao quarto do meu noivo.

Meu noivo, Ignácio ainda é meu noivo e me trouxe com ele.

Como se fosse um príncipe montado em um cavalo branco, o homem me trouxe


para dentro do palácio.

— Eu estou sem palavras… — digo, ao entrarmos no cômodo, em seguida ele


fecha a porta e nos isola do resto do mundo.

Imediatamente, me aproximo da cama imensa e coloco o meu bebê adormecido


deitado de bruços.

O meu coração está leve pela sensação de que ele está seguro, porque mesmo que
meu pai mal tenha olhado para o neto desde que ele nasceu, a verdade é que não sentia que Yuri
estava seguro perto daquele homem.

Depois de deixar o meu filho na cama, olho em volta do quarto, enquanto o


príncipe permanece olhando para mim com os braços cruzados. Seus olhares são intensos, mas
eles não me preocupam ou envergonham agora.

Gosto quando me olha, porque parece estar enxergando quem sou de verdade.

Eu ainda preciso me acostumar com a realidade de que estou aqui.

Não sei como aconteceu, mas nós conseguimos chegar até os aposentos do príncipe
sem sermos parados no caminho.

Um ou outro funcionário do palácio nos viu, então imagino que logo será de
conhecimento de todos que o segundo filho do rei trouxe a noiva para casa.

Ele trouxe para casa a noiva que tem um bebê. É uma informação que ninguém
além da minha família e agora o Ignácio conhece.

A minha vida é um prato cheio para escândalos na realeza, e Ignácio não me trouxe
com ele sem saber desse fato. Por essa razão, estou ainda mais grata pela forma como ameaçou
aquele velho maldito e o agrediu para me defender.

Nada será capaz de curar os anos de desprezo e as marcas da sua violência pelo
meu corpo, mas me senti um pouco vingada quando alguém além da senhora Maria ousou me
defender e enfrentou o poderoso barão Solto Maior.

Eu havia desistido de esperar por um milagre quando esse moreno com barba por
fazer, de olhos castanhos e intensos apareceu e me salvou como se fosse um príncipe montado
em um cavalo branco.

Agora sou a princesa.

Esse homem lindo e frio mostrou-se humano e nunca vou esquecer do que está
fazendo por mim.

Ignácio tinha todo o direito de cumprir com a sua ameaça de desmanchar o nosso
noivado e eu realmente acreditei que faria isso, mas ele fez o oposto.

— E agora? — a pergunta escapa da minha boca depois que paro de babar no seu
espaço amplo e com móveis escuros.

O quarto do meu noivo é muito masculino, mas ao mesmo tempo aconchegante de


uma forma que me faz ter a sensação de que não sou digna de estar aqui.

Aliás, por que no seu quarto e não em um quarto de hóspedes?

Qual o tipo de relação nós teremos?

Está me ajudando porque sente pena de mim, ou alguma parte dele deseja que eu
seja sua noiva de verdade?

Eu quero que o príncipe me deseje como sua mulher?

Estou preparada para ele e sua intensidade, que estao escondidas por trás da pose de
frieza e seriedade?

Tendo passado tantos anos da minha vida apenas lutando para seguir sobrevivendo
sem desistir de tudo, não tive tempo para pensar em homens, não tive chance de me apaixonar.

Mas agora que encontrei uma luz no fim do túnel, talvez eu esteja curiosa para
descobrir o que realmente acontece entre um homem e uma mulher quando eles desejam um ao
outro.

Talvez eu consiga me apaixonar.

— Agora vou cuidar de você e do bebê, loirinha.

— Por que me trouxe para o seu quarto? Poderia ter me deixado em um dos quartos
de hóspedes. — Eram questões que estavam rondando a minha cabeça, talvez as respostas me
façam o entender melhor.
— A minha intenção é te proteger, e para fazer isso preciso que esteja perto de
mim, o mais perto possível. Mas, se te incomoda ficar comigo, eu posso…

— Não! O seu quarto está ótimo para mim — falo, não querendo pensar em como
será quando a noite cair e tivermos que dormir juntos.

Nós vamos dormir juntos, não é?

Há espaço o suficiente na cama.

— Que bom que esse assunto está resolvido — fala e joga uma piscadinha para
mim. — Que tal você tomar um banho relaxante na banheira? — sugere.

A sugestão me deixa animada, porque nunca estive em uma banheira.

— O meu corpo, ele… está todo ferido — falo constrangida.

O que estou querendo dizer é que não sei se conseguirei ficar na banheira. Estou
sensível, e nos últimos dias era a senhora Maria que estava me ajudando com lenços umedecidos.

— Posso te ajudar — sugere, imediatamente as minhas bochechas ficam vermelhas.

— Como faria isso?

Em vez de falar, o príncipe Ignácio começa a desabotoar os botões da própria


camisa.

Quando finalmente a peça cai no chão, tenho dificuldade para desviar o meu olhar
do seu peitoral firme. O homem é sarado e muito gostoso com a sua pele morena.

Não consigo ficar encarando por mais do que cinco segundos. Quando viro o rosto
para o lado, o homem chega perto de mim e segura o meu queixo para que eu encare o seu rosto.

— Minha pele exposta está te causando constrangimento?

— Você é sempre tão direto?

— Procuro ser na medida do possível. Ser direto e sincero evita desgastes e


problemas de comunicação.

Ele está certo.

— E então, estou te constrangendo? — insiste na pergunta.

— Está, mas o problema não é você. É que eu nunca…

Como explicar que nunca vi um homem sem camisa, quando ele pensa que fiz sexo
antes, considerando que tenho um filho?

— Eu sei que a gente não tem intimidade, mas prometo que não vou te tocar sem a
sua autorização, Gabi.

Gabi?

Gosto do apelido na sua boca.

Parece carinhoso vindo de alguém como ele.

— Eu sei, confio em você — as minhas palavras são o suficiente para que ele
comece a tirar a calça.

O meu coração fica acelerado e tenho a impressão de que o meu rosto está
vermelho como um tomate maduro, mas dessa vez não desvio o olhar.

O homem é perfeito em todos os aspectos da beleza, desde os cabelos lisos, grossos


e castanhos, ao nariz aristocrático e a boca beijável.

Seus olhos castanhos e sempre tão frios ficam quentes quando olham para mim
agora e desde o dia em que nos vimos pela primeira vez e quase me atropelou com o cavalo e
nem sabia que era eu.

Quando penso que vai me fazer desmaiar ao tirar cueca boxer, peça que está
marcando com perfeição o seu membro que parece grande demais mesmo ainda coberto, o
príncipe para com o dedo no cós, mas não puxa para baixo.

Depois de dar uma piscadinha sacana para mim, algo me diz que está apenas me
provocando, se afasta um pouco e me olha da cabeça aos pés.

— É a sua vez, menina.

— O quê?! — a pergunta sai como um grito histérico.

— Para que seja justo, agora é sua vez de tirar as roupas. Além do mais, você não
pode entrar na banheira vestida.

— Mas eu…

— Princesa, não seja tímida. Prometo que não vou te morder, só quero cuidar de
você. Já disse — afirma, e mais uma piscada sacana para mim.

Reunindo a coragem que não sei de onde está vindo, um pouco envergonhada por
estar com o corpo cheio de marcas das agressões do meu pai, tiro meu short e em seguida a
camiseta.
Quando vejo a forma como o olhar do príncipe escurece, também percebo que não
tenho motivos para me envergonhar, porque ele está me olhando como se me desejasse.

Ignácio dá um passo à frente, mas logo recua novamente.

— Eu imagino que não é algo bonito de ver — falo.

Estou insegura, apesar de realmente acreditar que ele me deseja como mulher,
independentemente do que meu pai fez com meu corpo.

Como não estaria um pouco insegura se estou na frente do senhor perfeição?

— Você é linda, Gabi. Nem mesmo as marcas da agressão daquele covarde são
capazes de diminuir a sua perfeição — declara, e dessa vez elimina o espaço que separava os
nossos corpos.

Com exceção do nosso primeiro encontro, que não conto porque a gente não se
conhecia e eu estava com o cabelo castanho, fingindo para mim mesma ser outra pessoa, como
uma fuga do meu mundo medíocre, é apenas a segunda vez que estamos nos vendo.

Tivemos um encontro intenso no dia do nosso noivado, quando discutimos mais o


que qualquer coisa. Estamos nos vendo novamente hoje, porque esse homem maravilhoso me
tirou das garras do meu pai e defendeu-me quando eu não estava esperando.

Apenas dois encontros, mas a sensação é de que o conheço há muito tempo. No


fundo do meu coração, sinto que posso confiar no príncipe Ignácio.

Está sendo tudo muito rápido e intenso, mas depois de uma vida inteira apenas
sobrevivendo com raros instantes de felicidade, nesse momento estou prometendo a mim mesma
que serei corajosa e que não terei medo de me entregar a nada que for relacionado a esse homem.

Eu quero viver, finalmente viver e tentar ser feliz

Feliz sem medo do amanhã, porque o amanhã não parece mais tão sombrio.

— Você me ajudará a tomar banho? — crio coragem e faço a pergunta certa.

— Eu vou, porque você é minha para cuidar e proteger — fala, beija


demoradamente a minha bochecha e então segura a minha mão.

Depois de olhar para a cama para checar se o meu bebê ainda está dormindo, sigo
para o banheiro com o meu noivo, que é um príncipe em todos os sentidos da palavra.

Apesar de ter me dado para ele como um castigo, na verdade o barão fez uma coisa
boa e literalmente colocou um homem bom na minha vida.

Estar com Ignácio também me ajuda a compreender que nem todos os homens são
como o meu pai.

Eu sei que ele tem a fama de ser frio e muito sério, muitos até dizem que pode ser
cruel, mas depois do que fez por mim, mesmo quando tinha todo o direito de nunca mais querer
olhar na minha cara depois do que escondi, nada mudará a minha opinião sobre quem realmente
é.

Espere um pouco…

Eu preciso conversar com ele.

Por mais tentador que seja continuar fingindo que não existe um elefante na sala e
um assunto muito importante que precisamos conversar, o príncipe merece saber a verdade.

Eu não posso deixar que o medo cale a minha boca, porque esse homem não pode
ser enganado com um assunto tão sério.

Não faço ideia de qual será a sua reação, porque eu mesma não quis acreditar em
tamanha coincidência quando soube a verdade, mas ainda é o seu direito saber.

Quando chegamos perto da banheira, seguro a sua mão, antes que comece a
preparar o nosso banho.

— A gente precisa conversar. Tem algo que você precisa saber, é muito importante!

Agora estou nervosa. Ignácio percebe, por isso acaricia o meu rosto com a palma da
sua mão grande e macia, o oposto da minha.

— Princesa, seja o que for que você tem para dizer, pode ficar para depois. Agora
realmente preciso cuidar de você — fala, então volta a atenção para outra coisa.

Enquanto o homem prepara o nosso banho com espuma e sais cheirosos, acabo me
distraindo e esquecendo o assunto.

— Está pronta para o melhor banho da sua vida, princesa?

— Eu gosto que você me chame de princesa.

— Então se acostume, porque esse será o seu nome a partir de agora para mim.
Esqueça do Gabriela Solto Maior.

— Na verdade, é Gabriela Peri. O meu pai nunca deu o sobrenome dele para mim.

— Aquele velho maldito! Mas isso não importa agora. Quando nos casarmos, você
se chamará Gabriela Vargas. Minha princesa.

— Você é diferente do que eu imaginava.


— E o que você imaginava?

— Um pouco mais frio. Muito mais sério, mas nunca tão intenso como quando
brigamos. Nunca tão carinhoso como quando está cuidando de mim.

— Não conte para ninguém — sussurra no meu ouvido. — Acredite, nem eu


conhecia essa versão de mim mesmo, ela só existe por você e para você.

— Porque sente pena de mim?

Aqui está, o sentimento intrusivo de insegurança.

Ele não sente pena de mim.

Sei que não sente.

— Porque você balançou o meu mundo e me fez agir pela primeira vez com a
emoção, não com a razão. Você é como a minha fraqueza, e pela primeira vez não estou com
medo de seguir meus instintos, de fazer o que realmente quero. Não estou pensando demais. Não
estou abrindo mão dos meus desejos e impulsos.

— Se eu estou balançando o seu mundo, você está me salvando — declaro.

Há um sentimento forte de emoção no meu peito, fazendo com que eu sinta vontade
de chorar, mas me recuso a chorar agora, mesmo que seja de felicidade.

Há algumas horas eu estava sozinha no meu quarto e completamente sem


esperança, agora estou com esse homem e, de repente, sinto que nada de ruim poderá me atingir,
desde que eu esteja ao seu lado.

— É você quem está me salvando, menina — o príncipe fala, então envolve a


minha cintura com um abraço e me puxa para o seu corpo.

Sem dizer mais nada, meu noivo toma a minha boca em um beijo que começa a
lento e logo se transforma em algo pecaminoso e quente.

Quando as nossas línguas começam a se devorar, fico na ponta dos pés e seguro
com firmeza os cabelos da parte de trás da sua cabeça, como se estivesse com medo de acabar a
qualquer momento.

Eu não quero que acabe nunca!

Como aconteceu no dia do nosso noivado, o beijo logo se transforma em um


amasso intenso quando a sua mão livre desliza para a minha bunda e ele aperta a minha carne.

Apesar de também doer em algum ponto por causa da agressão que sofri, também
sinto prazer pelo toque que faz com que os nossos sexos fiquem em contato direto um com outro.
Esse homem está excitado, e saber que é por minha causa deixa a minha calcinha
molhada.

Sinto dor entre as pernas, a dor da vontade de ser consumida. É como se eu


estivesse vazia e pela primeira vez com vontade de ser cheia.

Quero sentir-me cheia dele.

Ousado, o príncipe enfia a mão dentro da minha calcinha e toca superficialmente


por cima da minha boceta.

Eu estou muito úmida, tudo por causa dos seus beijos.

O meu sangue está correndo quente nas veias e minha pele toda arrepiada de
expectativa.

Ao terminar o nosso beijo, meu noivo olha nos meus olhos enquanto me toca e eu
gemo de maneira desavergonhada, pela primeira vez sentindo um homem me tocando
intimamente.

— Isso tudo é por mim?

— Sempre será — declaro.

— Que bom que pensa assim, porque, a partir do momento que te tornar minha,
nunca mais você será tocada por outra pessoa além de mim. Quando se tornar minha, não terá
mais volta.

— Eu não preciso pensar sobre isso, sou sua, Ignácio Vargas. Você colocou uma
aliança no meu dedo — provoco.

— Minha garota — fala com um brilho no olhar. — Minha noiva e futura esposa —
ao final da ultima palavra, o príncipe bonito tira a mão da minha boceta e leva os dedos úmidos
para a boca. Ele os chupa e eu fico com vergonha. — Gostosa! Você tem o gosto perfeito e eu
posso me viciar nele.

Então ele desce a calcinha pelas minhas pernas e eu fico grata a mim mesma por ter
cuidado da minha depilação essa semana.

Em seguida, depois de lamber os lábios olhando para a minha boceta, meu noivo
olha diretamente para os meus seios que não estão cobertos com um sutiã, porque gosto de dar
acesso fácil para o meu filho. Só então lembro de algo que pode ser constrangedor para nós.

— Os meus seios, eles…

— Produzem leite, porque você é mãe. Aposto que é uma ótima mãe — diz. — Não
há nada sobre você que seja demais para mim — o belo príncipe declara, então captura com a
língua a gota de leite que estava vazando de um dos meus seios.

Esse homem existe?

Ele é demais para a minha sanidade mental.

Depois de lamber o outro mamilo de uma forma safada, que me faz apertar uma
perna na outra para aliviar a tensão, Ignácio se livra da cueca boxer.

Não posso deixar de arregalar os olhos para o tamanho do seu membro.

É um monstro!

Quando percebe a minha reação, ele não pode deixar de sorrir com arrogância.

— Vai caber, linda. Farei com que seja bom para você — declara.

Eu acredito, porque Ignácio parece ser exatamente o tipo de homem que cumpre
com as suas promessas.

Então ele segura a minha mão e me coloca dentro da banheira.

Depois de sentar-se, o homem me ajuda a acomodar-me entre as suas pernas. É


uma posição íntima, mas não parece de forma alguma que acabamos de nos conhecer.

Quando tem minhas costas contra o seu peito, o príncipe pega uma esponja macia
de banho e começa a passar pelo meu corpo com cuidado e carinho.

Tanto carinho que não posso evitar as lágrimas.

Emocionada, choro baixinho para que não perceba, porque ninguém nunca cuidou
de mim dessa forma.

Ninguém nunca se importou.

É nesse momento que percebo que será impossível não me apaixonar perdidamente
por esse belo príncipe. Sem saber, ele é tudo o que preciso.

Ele será o meu porto seguro.

Eu sei que será, sempre será.

Tenho medo de acreditar que, depois de tanto tirar, a vida está me dando algo bom
no qual me agarrar, mas escolho ter fé.

Não é apenas um sonho bom.


O meu filho e eu estamos finalmente tendo uma chance ao lado do seu papai.
CAPÍTULO 14

Falei sério quando disse para Gabriela que ela tem uma versão de mim que até eu
mesmo desconhecia.

Nunca fui o homem mais simpático com todo mundo.


Nunca fui de fazer promessas, porque promessas são feitas para serem cumpridas e
eu simplesmente levo tudo a sério demais para não fazer o que prometo.

Mas eu fiz promessas para ela. Promessa que tenho todas as intenções de cumprir.

Eu a beijei, desejei o seu corpo perfeito como nunca quis uma mulher antes, nem
mesmo a que estive apaixonado por um tempo.

Eu gosto dela, muito.

Não sei o que significa ou o nome que poderia dar aos sentimentos e emoções que
me atropelam e me cegam sempre que ela está perto de mim, mas eles existem e não quero que
sumam ou diminuam.

Eu deveria estar com medo dessa menina, mas não estou.

Na verdade, quero mais.

Porra! Como quero mais.

Então, isso é viver de verdade?

O que eu estava fazendo antes? Porque definitivamente não era viver.

Não, isso é diferente.

Gabriela já mostrou por vários motivos que não é a mulher certa para mim.

Ela seria a última escolhida em uma lista, mas o meu coração, que agora está
comandando as minhas ações, não se importa nesse momento.

Eu estou a escolhendo, porque seria como cavar uma faca no meu próprio coração
agir de outra forma, quando estou a tocando com carinho enquanto chora em silêncio por suas
dores.

Chora por tudo que sofreu quando eu não estava ao seu lado. Lutas que acredito
que vão além do que sequer posso imaginar.

Precisando desesperadamente olhar no seus olhos, ajudo-a mudar de posição, e


agora Gabriela está sentada de frente para mim, com as pernas em volta da minha cintura.

O seus peitos estão apertados contra o meu, mas resisto a tentação, porque suas
lágrimas me importam mais do que o meu desejo cru de transar com ela por uma noite inteira.

Ainda não é a hora, mas o momento certo chegará para nós dois.

Então vou tocar em cada pedacinho do seu corpo, e não haverá um único pedaço de
pele que não conhecerá o toque das minhas mãos e da minha boca

Irei tocar até apagar da sua memória as lembranças de qualquer outro homem que
tenha a tocado, porque só de pensar que pertenceu a outro alguém antes de mim me sinto irritado
e extremamente possessivo.

Porque o meu coração grita: minha!

— Não chore mais, princesa — peço, ao beijar por cima dos seus olhos. — Eu te
proíbo de chorar novamente.

— É um choro de felicidade — fala, enquanto seca o rosto.

— Se está feliz, então sorria — peço, Gabi me mostra seu belo sorriso.

Que mulher linda!

Onde ela estava esse tempo todo?

É claro, estava presa pelo maldito barão que deveria ser seu pai.

— Eu gosto de você, príncipe. Sei que o nosso começo foi difícil e sinto muito por
ter escondido o meu filho.

— Também gosto muito de você — declaro, pego sua mão e beijo com reverência
em cima da aliança. — Gosto de uma forma que estou descobrindo que nunca gostei de ninguém
— minhas palavras a fazem sorrir de contentamento.

Ainda é cedo, e talvez o nosso entendimento seja apenas algo fugaz, mas a verdade
é que a forma como estou em volta da Gabriela está me fazendo questionar certezas que eu tinha
até agora.

Estou questionando eu mesmo e tudo o que fui até hoje.

Estou questionando um amor do passado.

Sei que foi amor, mas, por que não lutei por ele?

Por que agora, e apenas agora, estou disposto a agir de uma forma como nunca
agiria antes por causa da noiva que não fui eu que escolhi?

O que há de especial nessa menina?

Sobretudo, o que há de tão profundo nos fios magnéticos e imaginários que estão
me puxando em sua direção desde o momento em que a vi descendo as escadas do salão de
baile?
Muitas perguntas, cujas respostas deixam de ser importantes quando a tenho nos
meus braços, me olhando e sorrindo para mim com seu sorriso perfeito.

Esse casamento parecia um castigo, apenas uma escolha de vida que eu tinha
aceitado, mas agora se parece com um presente.

Sinto que nenhum dia ao seu lado será como o anterior.

Definitivamente, Gabriela não é a herdeira fútil que eu esperava. Que bom que
estava enganado.

— Eu quero que você me beije de novo — pede.

— Sempre que você quiser, linda — falo contra a sua boca, antes de tomar seus
lábios macios e de gosto viciante novamente.

Por vários minutos, enquanto faço de tudo para ignorar o meu pau duro, nos
beijamos como se estivéssemos acostumados.

Tudo sobre os encontros que tivemos, principalmente o de hoje, traz a estranha


sensação de que a conheço há muito tempo.

O que está acontecendo entre nós, e todos os sentimentos confusos, parece ter vindo
cedo demais e rápido demais. Todavia, enquanto vivencio e experimento, o que sinto é diferente.

Sinto como se já nos conhecêssemos, como se esses sentimentos por ela fosse algo
antigo, de quando ainda não nos conhecíamos.

Mesmo com vontade de foder sua boceta, e sei que não me impediria, considerando
os seus mamilos duros entre nós, tiro-a da água e levo de volta para o quarto.

Enrolada em um roupão branco felpudo e com os cabelos presos no alto da cabeça,


Gabi está relaxada como ainda não tinha a visto.

Linda!

Durante um momento de fraqueza, decido que não fará mal ir mais rápido do que já
estamos indo nessa relação. Eu posso e quero a tocar um pouco mais.

É minha mulher!

Quando estou prestes a me aproximar para tirar o seu roupão e ter o seu corpo nu
para mim, o choro do bebê me impede.

Tão pequeno, mas já é um empata foda.

O empata foda mais lindo.


Gabriela sorri sem jeito para mim, pega o bebê na cama e coloca o seio na sua boca
pequena e faminta.

Olhar para eles me faz questionar quem será o seu pai.

Será que o seu pai será um problema para mim e para a sua mãe?

Porra! Não quero e não vou me preocupar com isso agora.

Cada problema em seu devido momento, porque terei a solução para cada um deles.

Como é linda essa cena.

Eu poderia passar horas assistindo a cena bonita, mas não quero parecer com um
psicopata.

— Você deve estar com fome, não é? Vou buscar o nosso almoço.

Em breve o meu pai descobrirá que ela está comigo, mas não é o momento certo.
Por enquanto, quero esses dois aqui, apenas para mim.

— Realmente estou com fome — diz, então jogo uma piscadinha para a minha
noiva, visto as minhas roupas e deixo o quarto.

Eu poderia ter evitado problemas com papai e a levado para um quarto de hóspedes,
mas a ideia não passou pela minha cabeça. Quando percebi, Gabi estava no meu quarto.

Não me arrependo.

Ela tem que ficar ao meu lado.

Quando chego à sala, vejo meus irmãos conversando perto da porta.

Provavelmente estão saindo para cuidarem de suas vidas, porque não somos
homens inúteis e fúteis como alguns que estão do lado de fora pensam.

Antes que eu possa passar para a cozinha discretamente, ambos me veem.

— Está tudo bem? — Felipe fala em voz alta para que o ouça.

Os dois se aproximam e sei que não terei como fugir dessa inquisição.

— Por que não estaria?

— Você escapou do café da manhã mais cedo e não tem o costume de fazer isso —
Javier completa.
— Está tudo bem — falo.

Mais do que bem.

De repente, mesmo sentindo que terei problemas à vista, me sinto leve e até mesmo
mais jovem.

Deve ser as consequências da companhia de uma jovem de dezenove anos.

Porra! A minha noiva é mesmo muito jovem.

Uma garota.

Linda.

E muito, muito minha.

Sim, estou estarrecido e me sentindo como um verdadeiro adolescente.

A sensação de abrir mão de todo o controle sobre as minhas emoções é boa, mas
também perigosa.

Perigosa e viciante, porque quero mais.

— Ele está estranho, irmão — Javier aponta.

— Não estou — falo.

— Está, acabou de sorrir de um jeito bizarro e você nunca sorri.

— Tudo bem, vou contar. Eu trouxe a minha noiva para o palácio. Quando saí
durante o café da manhã, fui até a casa do barão e não gostei do que vi. Então peguei a garota e a
trouxe comigo.

— Você está brincando, não é?

— Quem é você e o que fez com o meu irmãozinho?

Os dois falam ao mesmo tempo, completamente surpresos.

Sei que não é algo que eu faria.

Aparentemente, fiz.

— Um de cada vez — brinco.

— Onde ela está? — Felipe, agora o mais responsável e sensato de nós três, faz a
pergunta.

— No meu quarto.

— Quem é você e o que fez com o meu irmão? — Javier provoca ao repetir a
pergunta. — Você nem queria se casar com aquela coisinha jovem e linda!

— Mas eu vou me casar com ela! — Sou mais rude do que deveria.

— Está bem, Tarzan — Javier fala sorrindo.

Ele gosta do caos.

— Se a trouxe dois dias depois do noivado, fez porque teve os seus motivos. Mas
espero que saiba que o rei vai surtar. Logo você sendo insensato?

— Eu sei, mas não me arrependo. Tive que trazê-la comigo.

Eles estão chocados e nem imaginam que ainda tem o Yuri na história.

— Você, de todos nós, é aquele que sempre sabe o que fazer — Felipe diz. — Sei
que saberá conduzir a situação da melhor forma.

Eu aceno positivamente com a cabeça, então sigo o caminho para a cozinha, mas
não sem antes ouvir a provocação do idiota do Javier.

— Estou louco para rever a minha cunhadinha linda — respondo mostrando o dedo
do meio para ele, como costumava fazer comigo quando tínhamos oito anos de idade.

Contente por ter aberto o jogo com os meus irmãos, embora tenha omitido a parte
do bebê, preparo pratos com o almoço para levar para o quarto.

Pego de tudo um pouco e coloco em um carrinho, porque não faço ideia do que a
minha noiva gosta de comer.

Isso me faz perceber que precisamos de tempo para nos conhecermos melhor.

Ao entrar no quarto novamente, percebo que os meus planos de alimentá-la terão


que ser adiados por um tempo.

Em vez de estar esperando o almoço, na verdade minha mulher está deitada de lado
e dormindo profundamente.

Ao seu lado, Yuri está sugando um dos seios, com a mão pequena agarrada a sua
pele. Por um tempo, como se fosse uma bela paisagem, fico olhando para os dois.

Eles são lindos e vê-los na minha cama me faz sentir que estão no lugar certo.
Meus.

Quando Yuri começa a ficar agitado, me aproximo da cama e o pego em meus


braços. Faço morrendo de medo, porque faz tempo que não pego um bebê tão pequeno nos
braços e segurá-lo na casa do barão foi um ato de coragem.

Então, com cuidado, chego perto da janela com o pequeno. Olhando para o jardim
do lado de fora, o balanço nos meus braços. Depois de um tempo, seus olhos fecham lentamente
quando começa a cochilar.

Olhando para ele, sinto um aperto no peito, como uma estranha ligação que não
poderia explicar.

Ele me lembra alguém.

O seu nariz.

A boca…

— Você só está cansado, Ignácio — falo baixinho, ao me aproximar da cama e o


deitar ao lado da mãe novamente.

Como a cama é muito grande, mesmo com os dois deitados no centro, ainda sobra
espaço para mim.

Então, como se eu não tivesse obrigações para cumprir, tiro os meus sapatos, visto
o roupão novamente para ficar a vontade e me deito atrás da loirinha bonita.

Com sua pele cheirando aos meus sabonetes agora, chego o mais perto possível e,
incapaz de resistir, envolvo a sua cintura com o meu braço.

Como se estivesse ciente da minha presença, Gabriela suspira e se aconchega


melhor contra o meu corpo.

Ganancioso, enterro o nariz no seu pescoço macio e fico na posição por um tempo,
embriagando-me com o seu calor e com o cheiro da sua pele, que parece tão doce e familiar para
mim.

Como é possível que pareça tão certo e real quando acabamos de nos conhecer?

Em algum momento, acabo me entregando ao sono junto com os dois e durmo


antes de almoçarmos.

Porque nesse momento tudo parece estar em seu devido lugar.

Depois do que parece horas de um sono reparador, algo me desperta.


Com dificuldade, abro os meus olhos vagarosamente e encaro o teto. Estou deitado
de costas, embora na minha última lembrança estivesse abraçado a minha pequena noiva.

Antes que eu possa a procurar, sinto uma mão na minha barriga e uma boca macia
no meu pescoço.

Sua boca macia e sua mão pequena em mim.

Tem forma melhor de acordar?

Acho que não.

— Você estava sonhando comigo? — pergunto, ao erguer um pouco a cabeça.

— Está acordado? — Suas bochechas ficam vermelhas de vergonha.

Linda, porra!

— Você me acordou com a mão afoita e sua boca safada. No futuro, quero que me
acorde com os lábios em volta do meu pau.

— Não fale assim…

— Não seja tímida, princesa — peço, ao pular da cama, pegar Yuri e o deitar no
sofá lateral.

Felizmente, ele deve ter mamado há pouco e não acordará agora.

— Por que o levou?

— Ele é inocente e não precisa presenciar o que estamos prestes a fazer.

— O que estamos prestes a fazer? — pergunta.

Está claro que o seu ar de inocência não é falso. Não sei como explicar isso.

Não tem como ela ser virgem, embora pareça muito com suas atitudes.

— Vou te beijar todinha, até te fazer implorar para que eu coma sua boceta gostosa
— prometo, ao me aproximar da cama novamente.

Minha noivinha corajosa não foge. Muito pelo contrário, ela permanece deitada de
bruços, apenas me esperando.

Então, disposto a brincar um pouco, me livro do roupão e fico completamente nu


para os seus olhos.
Seus olhos e suas mãos.

Da mesma forma como tirei meu roupão, desato o nó do seu e afasto as duas partes.
Então eu me livro da peça e a minha boca saliva quando vejo o seu corpo perfeito e nu para os
meus olhos.

— Você é tão perfeita. Tão linda…

Subo na cama e, com uma missão, beijo com carinho cada marca que o maldito
deixou pelo seu corpo.

Ela treme de emoção, mas também de tesão.

— Ignácio…

— O que você quer, linda?

— Está doendo.

— Onde? — pairando sobre o seu corpo, pergunto alarmado.

— Aqui — diz, e aponta para a própria boceta.

Nesse momento, perco-me completamente.

Pela primeira vez, sucumbo à paixão.

Porque nada será capaz de me parar agora. Farei Gabriela Peri definitivamente
minha.
CAPÍTULO 15

Dessa vez não tenho medo de me entregar ao desconhecido, principalmente ao que


desejo com loucura.

Então, porque não posso esperar para tê-la para mim, como se estivesse há anos
com sede de estar dentro do seu corpo e sentindo o seu calor, posiciono-me na cama de uma
maneira que consiga afastar bem as suas pernas.

Quando olho para o seu rosto, minha noiva está com as bochechas coradas de
vergonha, porque ela é tímida quando se trata de intimidade física, percebi.

— Eu quero colocar a minha boca aqui — passo o dedo indicador de maneira


superficial em cima da sua boceta, que está rapidamente ficando muito úmida. — Você vai
permitir que eu coloque a boca e os dedos na sua bocetinha, minha linda?

— Nunca fiz isso — confessa.

Por um momento, penso que os homens que estiveram na sua cama, tudo nela me
leva a crer que deve ter sido no máximo dois, considerando a sua clara inexperiência, não foram
bons o suficiente para saciar o seu desejo.

Essa garota tem fogo dentro dela.

Eles simplesmente não estavam a altura, e agora vou mostrar para essa garota o que
é realmente ser completamente devorada por um homem que a deseja como nunca quis antes
nada na vida.

— Então vou te viciar, e não haverá um dia em que você não implorará pela minha
boca no seu sexo e pelo meu pau dentro da sua boca bonita — falo , ela sorri e balança a cabeça
positivamente, deixando claro que me permitirá ter e fazer o que quiser com seu corpo.

Eu pretendo fazê-la feliz, gritar o meu nome até ficar rouca.

Primeiro beijo as suas coxas, então desço a minha boca para a parte interna, muito
perto da sua bocetinha, mas ainda sem tocá-la do jeito que queremos.

Apenas porque quero o banquete completo e não estou nem um pouco apressado,
deslizo o meu corpo para cima, tocando em sua pele macia durante o processo, até que meu rosto
fique próximo ao seu.

Nossos rostos estão colados, e o calor da sua respiração contra a minha faz com que
eu me sinta mais vivo do que nunca.

São sensações inéditas. Nunca me senti assim.

Por um minuto completo, nós apenas encaramos um ao outro, como se


estivéssemos convencendo a nós mesmos que isso é real.

O seus olhos azuis estão mais escuros por causa do desejo que não consegue
controlar ou esconder, e eu espero que sempre seja transparente quanto ao que deseja, porque é o
meu direito dar o que minha mulher precisa.
— Eu quero beijar você, Gabriela — sussurro no seu ouvido, depois de mordiscar o
seu pescoço e então lamber.

— E eu quero que você me beije até me deixar sem fôlego — ela também sussurra,
mas contra a minha boca.

Então não espero mais, elimino os poucos centímetros que separavam as nossas
bocas e a beijo.

Nosso beijo é intenso desde o começo, quando enfio a língua na sua boca e roubo
para mim o seu gosto e todos os seus gemidos.

Tão sedenta quanto eu, minha loira finca as unhas nos meus ombros e enrola uma
das pernas no meu quadril, fazendo com que os nossos sexos se apertem um no outro.

É tão malditamente gostoso…

Meu pau está duro como uma barra de ferro. A sua boceta está quente e melada,
porque está pronta para mim.

Estou cego de desejo e tudo o que mais quero é enterrar na sua boceta durante a
noite inteira, mas sei que essa garota é um banquete que pretendo devorar até me fartar, e farei
isso sem pressa, saboreando cada segundo do que faremos.

Estou louco por ela, mas também sei que essa primeira vez é mais sobre os seus
desejos do que sobre os meus, quero que seja bom para a minha loira.

Preciso a viciar em mim da mesma forma como ficarei viciado nela, então Gabriela
nunca mais viverá um dia sem desejar ser devorada por mim.

Depois de vários minutos nos beijando, afasto as nossas bocas, porque nós dois
precisamos de muito mais do que as nossas línguas se buscando e dos gemidos que escapam das
nossas bocas.

Então desço os meus beijos para o seu pescoço, no processo dando uma mordida e
um chupão que deixará marcas amanhã.

Do pescoço, passo a lamber a pele perto do seu ombro e a beijar a junção que fica
entre os seus seios cheios.

Se Gabriela é magra e muito mais baixa do que eu, não chega a ter um metro e
sessenta de altura, os seus seios certamente são deliciosamente maiores, e não acredito que seja
apenas porque está amamentando.

Como não posso mais esperar, agarro os seus seios com a mão e brinco com o
mamilo que expele leite materno, mas nenhum de nós dois se importa com a bagunça que
estamos fazendo.
Desço a cabeça e chupo o mamilo do seu outro seio, enquanto mais embaixo
começo a moer o meu pau entre as suas pernas, provocando a sua boceta e deixando-a ainda mais
alagada e pronta para mim quando finalmente meter.

— Príncipe, por favor… Eu não aguento mais.

— O que você quer, querida? Quer que eu te faça gozar?

— Sim...

Gabriela está tão perdida de desejo que mal consegue falar.

Mas eu não pretendo facilitar as coisas para ela, não hoje.

Por mais que eu mesmo esteja sofrendo as consequências, farei tudo no seu devido
tempo.

Depois de tantos anos fazendo sexo com mulheres aleatórias e que eu sabia que não
passariam de uma noite, finalmente estou na cama com uma com quem me importo e sabendo
que ela não irá embora na manhã seguinte.

A sensação é estranhamente reconfortante e quente.

Por isso que preciso que seja especial, tanto para ela quanto para mim.

Gabriela e eu temos química, até mesmo quando estamos brigando, e quero que
essa química exploda, que fiquemos viciados um no outro tanto quanto possível.

Uma parte de mim sabe que, se eu ficar completamente perdido de paixão, não terei
medo de enfrentar o mundo inteiro por ela.

Não pretendo me enganar e não direi que será fácil. Entendo perfeitamente que
terei que fazer escolhas, caso realmente esteja certo de que ficaremos juntos.

Para fazer as escolhas certas, não posso sentir medo. E se eu estiver completamente
obcecado por Gabriela, o medo nunca será o suficiente para me parar.

Quanto a isso não terei problema, porque ficar obcecado não é uma possibilidade, é
um fato.

Não quero voltar aos velhos hábitos.

Era mais seguro, mas eu prefiro sentir o meu coração explodindo no peito como
está agora.

Era mais seguro me esconder e deixar a lógica me governar, mas prefiro a sensação
de que a paixão está transbordando e que vou explodir de tanto desejo a qualquer momento.
Depois de mamar nos seus seios, peitos que são lindos e verdadeiras tentações,
passo a descer os beijos para a sua barriga, sua barriga lisa, que faz parecer que não teve um bebê
recentemente.

Não há marca de uma cirurgia, então imagino que o seu parto não foi cesariana.

Beijo a sua pele castigada pela agressão e ela geme sem parar, contorcendo-se e
erguendo os quadris da cama para esfregar a boceta como pode no meu corpo.

Gabriela está desesperada para gozar, mas ela precisa de um pouco de estímulo e eu
serei aquele que dará o que ela precisa hoje e sempre.

Porque não importa como tudo isso começou, nós nos casaremos como havia sido
planejado.

Junto com o bebê, seremos uma família.

O futuro, que parecia que seria tedioso, agora está me fazendo ficar ansioso para
que chegue logo.

Quando finalmente a minha boca alcança o começo da sua boceta, beijo com
carinho em cima do seu sexo depilado e passo os dedos indicador e médio na carne úmida dos
seus lábios vaginais.

— Será que a minha noivinha quer que eu toque aqui? — provoco, ao continuar
passando a ponta do dedo entre as suas dobras molhadas de tesão.

— Eu quero muito.

Gabriela se contorce, então eu mesmo, que não aguento mais esperar, entrego-me

Primeiro enfio superficialmente dois dedos dentro da sua boceta, fazendo os


movimentos de tirar e colocar. Faço isso por um tempo, enquanto ela toca nos próprios seios, em
uma tentativa de acelerar o orgasmo que está muito perto de vir.

Com a boca salivando de vontade, louco para sentir o seu gosto direto na fonte,
abaixo a cabeça, afasto com os dedos as bandas do seu sexo e começo a comer sua doce boceta.

Minha doce boceta.

Apenas minha.

Com carinho no começo, passo a língua do início ao fim do seu sexo. Então, ainda
afastando os seus lábios vaginais com os dedos, enfio a língua na sua carne cálida e macia.

Por um tempo, ouvindo sua voz doce chamando sem parar o meu nome, enquanto
puxa o meu cabelo a ponto de eu sentir que ficarei careca muito em breve se fizermos sexo com
frequência, chupo, mordo e enfio a língua na sua boceta viciante.

Quando eu mesmo começo a sentir o líquido pré-gozo vazando do meu pau, coloco
a mão no meu membro e, com movimentos lentos de subir e descer, me masturbo para ela.

Com certeza está se tornando uma das melhores experiências sexuais que eu tive
em trinta e seis anos de vida.

É uma das melhores por estar sendo intensa demais. Muito quente com uma garota
que mal tem experiência com o sexo oposto, tenho certeza.

Ganancioso por causa do seu gosto bom, a boceta mais doce na qual pude tocar e
experimentar, só paro de comê-la quando a minha mandíbula começa a doer por não aguentar
mais tanto trabalhar.

Então, com uma última e intensa chupada, faço a minha noiva gritar o meu nome e
gozar gostoso para mim. Enquanto o seu corpo sacode sobre a cama, sofrendo espasmos por
causa do prazer sem limites que está recebendo, continuo a comendo gostoso.

No limite, como um adolescente gozo na minha própria mão, enquanto me


masturbo.

— Porra! A sua boceta é uma delícia, noivinha… se o mundo acabasse hoje, eu


gostaria de morrer com o rosto entre as suas pernas.

Depois de um tempo, e praticamente sem forças nas pernas, me deito de costas


sobre a cama ao seu lado e puxo-a para um abraço apertado.

Então nós voltamos a nos beijar, sem nos importarmos com o gosto compartilhado
da sua boceta nas nossas línguas.

Estamos tão perdidos um no outro que nada mais importa.

O almoço que eu trouxe está gelado e esquecido no carrinho ao lado da cama.

Felizmente, Yuri continua dormindo, enquanto a sua mãe e eu fazemos a festa,


como se o mundo lá fora não existisse.

O beijo longo rapidamente se transforma em algo a mais e o meu pau novamente


fica duro, mas, indo contra o que desejo fazer agora, decido nos acalmar, porque preciso
alimentar a minha garota antes de continuarmos.

Pouco a pouco, desacelero e deixo o clima esfriar por enquanto.

Ela protesta, então explico que precisamos almoçar para aguentarmos a energia que
gastaremos em breve, quando finalmente transarmos.
Sim, porque parece que estamos há séculos sem fazermos sexo um com o outro,
quando na verdade acabamos de noivar e ainda não tivemos a nossa primeira vez juntos.

Sentados lado a lado na cama e com as nossas costas contra a cabeceira, almoçamos
e conversamos um pouco sobre temas leves.

Comemos pelados, embora não seja o mais recomendado para a etiqueta ou o mais
higiênico.

Foda-se

Simplesmente não nos importamos com nada agora.

No momento, somos dois adolescentes, embora apenas um de nós seja praticamente


adolescente.

Quando ficamos satisfeitos, vamos até o banheiro para escovarmos os nossos


dentes e depois voltamos novamente para cama.

Ficamos conversando durante mais um tempo, enquanto a tarde se estende.

Quando alguém bate na porta para avisar que meu pai quer falar comigo, eu mando
dizer que estou ocupado, porque provavelmente é sobre um assunto chato com algum dos
súditos.

Geralmente sou eu que lido com o nosso povo e os conheço mais do que os meus
irmãos por estar sempre ao lado do nosso pai em visitas e reuniões.

Mas hoje quero fazer diferente.

Hoje desejo apenas a companhia da minha mulher, como se o mundo fora do nosso
quarto não existisse.

Sentindo que Gabriela está feliz pela primeira vez desde que coloquei os meus
olhos nela na noite do nosso noivado, ficamos juntos com o bebê durante a tarde inteira.

Ela o amamenta e nós dois brincamos com o pequeno nos momentos em que ele
acorda.

Como é recém-nascido, raramente os seus olhos estão abertos, o que eu vejo como
uma benção, porque sou egoísta e quero ter a sua mãe todinha para mim.

No começo da noite, Gabriela e eu nos calamos e voltamos a namorar, dessa vez ao


lado da janela, contra a parede.

Com suas costas contra o concreto e o meu corpo na frente pressionando o seu,
tenho as suas pernas em volta da minha cintura.
— Eu nunca vou me cansar de beijar essa sua boca gostosa — falo no seu ouvido,
enquanto ela esfrega a boceta no meu pau, que está completamente duro pela vigésima vez no
dia de hoje.

A partir de agora, provavelmente será o meu estado constante sempre que estiver na
sua presença

O que posso fazer se essa garota é gostosa além do que posso aguentar?

— Você está sendo a minha primeira vez em tudo. O meu primeiro beijo. Eu não
sabia que beijar na boca poderia ser tão viciante. Acho que posso passar o dia todo fazendo isso
sem me cansar — declara.

Estou aprendendo muito a seu respeito hoje e já descobri que sua sinceridade é uma
das suas características que mais amo.

— Se quiser que eu te beije sem parar só precisa pedir, linda — falo com um
sorriso no rosto. — Sou seu servo para fazer as suas vontades.

— Você é um príncipe — diz, e geme quando aperto a sua bunda, que nunca mais
foi coberta desde que tomamos banho na banheira.

Nós abrimos mão das roupas e estamos pelados um para o outro, como se
tivéssemos feito isso a vida toda.

Gosto da minha noiva porque, embora seja tímida, confia em mim e se sente à
vontade para ficar nua na minha frente e para me ver nu. Ela se sente à vontade para me tocar e
permitir-se ser tocada como e onde eu quiser.

No fim das contas, em todos os pontos que importam, Gabriela é mais do que
perfeita para mim.

— Eu sou um príncipe e você é minha princesa, por isso mesmo que sou seu servo
— afirmo.

— Esse foi o melhor dia da minha vida, Ignácio. Não quero que acabe, tenho medo
de acordar amanhã e perceber que foi tudo um sonho.

— Você não vai acordar desse sonho, loira. Eu falei sério quando disse que você é
minha, e eu cuido do que é meu. Mas não se trata apenas de cuidado, também darei o meu
melhor para que viva tudo o que não pôde viver antes.

— Eu não mereço você — fala, de maneira repentina.

— Você merece mais — falo, ela fica tensa e eu permito que fuja dos meus braços.

Imediatamente, sinto a sua falta.


O que está acontecendo agora?

— Se é sobre ter escondido o bebê…

— Não é apenas isso. Tem muito mais, você não faz ideia — assevera, ao se
aproximar da cama e pegar o roupão.

Quando Gabriela se veste, também faço o mesmo.

Se vamos ter uma conversa tensa, certamente não será com nós dois sem roupas.

— Eu não estou entendendo nada. Até agora estava tudo bem. Você parecia feliz
e…

Ela elimina a distância entre nós para olhar nos meus olhos de perto.

— Eu estou feliz! Você não faz ideia do quanto. É justamente por estar tão
completamente feliz que não posso mais guardar esse segredo para mim, porque você merece
saber a verdade. Mesmo que essa verdade te leve embora de mim. Mesmo que essa verdade se
coloque entre a gente e o que estamos começando hoje.

Gabriela parece nervosa e está realmente me assustando, porque não imagino que
verdade é essa que tanto deseja revelar.

— Fale, Gabriela. Diga de uma vez o que está escondendo de mim e que te deixou
tão aflita de repente.

— É sobre a paternidade do Yuri — fala.

— Se está preocupada e com medo de que o pai dele nos cause problemas, você
pode relaxar, porque vou cuidar de tudo para nós, linda. Vai ficar tudo bem.

— Você não está entendendo.

— Então me explica!

— O pai do Yuri é você, Ignácio.

O pai é você.

O pai é você.

As quatro palavras giram na minha mente quando dou dois passos para longe dela.

Por um momento, meu olhar desvia do seu rosto para o bebê que está na minha
cama.
— Acredito que não ouvi direito — falo.

— Você é o pai do meu filho.

Aparentemente, não entendi errado.

Novamente, Gabriela disse com todas as letras que sou o pai do seu bebezinho
lindo.

Eu me pergunto como isso pode ser possível se não a toquei antes da noite do nosso
noivado. Na verdade, não nos conhecíamos.

Nunca fizemos sexo.

Pelo menos, não até onde eu me lembro.

Eu lembraria se tivesse acontecido, não é?


CAPÍTULO 16
Depois que ele me fez feliz com a sua mão e sua boca, depois que me fez gozar
mais de uma vez, eu sabia que nós dois estávamos prestes a fazermos sexo.

Apesar de ter sido apenas a primeira experiência com o sexo masculino em todos os
sentidos, estava com muita vontade de me entregar para ele.

Estava perdida de desejo e estou ciente de que quase cometi mais um erro com o
homem que não merece nada além da minha sinceridade, da minha gratidão e do meu amor.

Tive que soltar a bomba no seu colo, antes que fosse tarde demais.

Quase foi tarde demais.

Poderia deixar que descobrisse que sou virgem quando tentasse enfiar o pau na
minha boceta e encontrasse uma barreira, mas jamais me perdoaria se fizesse dessa forma.

Então, porque não tinha outra forma de começar uma conversa tão difícil e dura,
comecei pelo final.

Ignácio ficou surpreso, e até mesmo acreditou que tinha entendido errado as minhas
palavras, mas ele não entendeu errado.

O príncipe Ignácio Vargas realmente é o pai do meu bebê, o pai biológico, o doador
de espermatozoide. Foi o seu esperma que fecundou o meu óvulo.

Eu sei disso desde o começo da minha gestação.

Depois de um minuto inteiro em choque, o meu noivo segurou a minha mão e me


levou para sentarmos lado a lado, um virado na direção do outro no sofá que tem no seu quarto.

Por outro lado, o nosso filho está deitado na cama, agitando um dos braços,
enquanto tem a outra mão enfiada na sua boquinha.

Felizmente, é um bebê calmo.

Até mesmo no momento de nascer, em um parto que só não foi mais difícil porque
a senhora Maria felizmente estava na mansão e me levou para o hospital mais próximo quando as
contrações começaram, ele foi um bom menino.

Provavelmente por causa do estresse emocional, meu bebê veio ao mundo semanas
antes do que era esperado. Ele nasceu muito pequeno e não tive tempo de sentir tantas dores do
parto antes de ver o seu rostinho perfeito.

Naquele dia, olhei para o seu rosto lindo e soube que a minha vida estava mudando
para sempre.

Olhei no seu rosto e soube que para sempre meu menino seria o motivo da minha
alegria.

O motivo da minha felicidade, apesar da forma inusitada como engravidei.

Fui inseminada por acidente no lugar de outra mulher.

Naquele dia, uma estranha estava tentando ter um bebê por um método não
convencional.

Naquele dia, aquela mulher estava tentando engravidar de um filho do meu noivo.

Eu soube depois de pressionar a médica. Ela já havia ferido gravemente a ética e


dizer o nome do doador foi mais um erro seu.

Mas eu precisava saber e soube.

Faz um tempo que Ignácio está no mais completo silêncio. Ele está olhando para
mim, mas não sei se realmente está me vendo.

— Você quer que eu saia? Se quiser ficar um pouco sozinho para…

Não sei o que estou falando.

Acho que só estou nervosa por estar fazendo a coisa certa.

Estou fazendo a coisa certa por nós dois, sobretudo agora que aparentemente o
nosso relacionamento será de verdade.

Eu iria contar a verdade de qualquer forma, mas agora que há mais em jogo, a
urgência se torna maior.

Muito maior.

O medo do resultado disso também é maior.

Mas a necessidade de fazer a coisa certa, mesmo com o risco de perder a minha
felicidade logo depois de ter encontrado, falou mais alto.

Não vou me arrepender.

— Como é possível que eu seja o pai do seu filho? — o príncipe finalmente faz a
pergunta mais importante.

Preparada, respiro fundo, torço pelo melhor resultado e começo:

— Há pouco mais de um ano, fui a uma clínica particular com a senhora Maria para
fazer exames de rotina com a ginecologista. Foi a minha primeira vez, porque é óbvio que eu era
negligenciada de todas as formas pela minha família. Romana Marques, especialista em saúde da
mulher e fertilização in vitro. Esse nome te lembra alguma coisa?

Como resposta, o príncipe apenas acena positivamente.

Provavelmente sua ficha está caindo agora, porque com certeza o seu esperma
congelado não foi parar nas mãos da doutora por engano.

— Naquele mesmo dia, uma outra mulher seria atendida pela médica. Por motivos
que agora não vem ao caso, a doutora não estava cem por cento bem e acabou trocando a minha
pasta com a da outra paciente. Você deve imaginar o que aconteceu. Em vez de inseminar a outra
paciente, ela me inseminou.

— Isso não pode ser sério… — a sua voz é apenas um sussurro.

Ele parece alheio e está com o olhar distante que apenas esse comentário me faz ter
certeza de que estava ouvindo tudo o que acabei de dizer

— Aconteceu, por mais inusitado que possa parecer. Eu comecei a sentir os


sintomas da gravidez, mas nem por um momento cogitei que pudesse haver algo de errado com o
meu corpo que fosse relacionado a um bebê. Foi através da senhora Maria que fiquei sabendo do
erro da médica, então fiz testes de gravidez e deu positivo.

— Não imagino o quanto você deve ter ficado assustada. — Nesse momento, o
príncipe finalmente olha direto nos meus olhos.

— A minha vida nunca foi fácil, com certeza descobrir que estava grávida por
causa do erro de outra pessoa me deixou em choque. Ainda assim, dias depois eu estava decidida
que teria o meu filho. Eu não consegui me livrar dele — digo.

Estou um pouco emocionada, porque pensar que poderia não ter o meu filho aqui
comigo agora me faz querer chorar e nunca mais parar.

Ele é tudo para mim.

Ele me salvou enquanto esteve na minha barriga. Deu-me um propósito para lutar
quando eu estava muito cansada de tudo e de todos. Depois que nasceu, meu bebê se tornou o
maior amor da minha vida.

Tudo para mim.

Meu bebê.

Meu e dele.

Por quase nove meses e sem o seu conhecimento, carreguei o herdeiro do príncipe.
Como Ignacio aparentemente está disposto a apenas ouvir, continuo falando.

— Por alguma razão, embora seja muito amigo do seu pai, o barão nunca gostou de
você. Percebi através de conversas que ouvi, quando se referia a você como aquele principezinho
arrogante, rude e frio. Sei que o acordo entre o meu pai e o rei existe há muito tempo, porque eu
era criança quando escutei uma conversa dos dois a respeito do assunto. Depois que fiquei adulta
o suficiente, também compreendi que a filha escolhida para se casar com você seria eu e que ele
faria a escolha por acreditar que nos casar seria um castigo para mim, mas também para você.

“O barão ficou muito furioso quando descobriu que eu estava grávida, ele me
agrediu com palavras, mas não deu uma surra como fez agora. A gravidez foi a maneira rápida
que ele encontrou para se livrar do problema que sempre fui na sua vida, mas o plano correu
risco de dar errado quando o rei começou a enrolar para não oferecer o baile de noivado ou
marcar a data do casamento. Para o barão, o nosso casamento deveria acontecer o mais rápido
possível, antes que a barriga começasse a aparecer.”

— Porque depois do casamento você e o seu bebê seriam problema meu, foi assim
que ele pensou?

— Foi. Está claro que o meu pai acreditava que você manteria a boca calada sobre
um filho meu fora do casamento, tudo para evitar um escândalo. Conforme o tempo foi passando
e o seu pai fugindo de marcar a data do nosso casamento, mais furioso ele foi ficando comigo.
Chegou um momento em que passei a evitar sair do quarto, tudo para não suportar os seus
acessos de raiva, palavras duras e até mesmo para evitar uma possível agressão.

“Para ele, tudo se resolveu quando o rei finalmente entregou os pontos e marcou o
baile do nosso noivado. Ele fez isso dois meses depois do nascimento do meu filho. O barão
seguiu com os planos de colocar um problema que era dele, era assim que me via, no seu colo.
Fez porque sabia que teria a minha colaboração. Eu não podia o enfrentar, pois sentia muito
medo dele e do que poderia fazer com o meu filho depois que ele nascesse.

— Eu sinto muito… — sua voz volta a ser um sussurro.

— Eu poderia nunca ter descoberto a identidade do doador, mas senti a necessidade


de perguntar para a doutora e exigir que ela dissesse o nome, como uma forma de compensar o
mal que havia feito para mim. Quando disse o seu nome, fiquei muito surpresa e, em um
primeiro momento, não soube o que pensar ou como reagir à notícia. Com o passar do tempo,
acabei me tranquilizando, porque sabia que provavelmente nós iríamos nos casar e eu teria a
oportunidade de pensar melhor no que fazer.

“Eu estaria mentindo se dissesse que sempre esteve nos meus planos te contar sobre
a paternidade do meu filho. Depois que ele nasceu e o baile de noivado foi marcado, decidi que
iria te conhecer primeiro, e dependendo do que sentisse a seu respeito falaria a verdade. Eu tinha
medo das consequências dele ser filho de alguém poderoso como você.”

Nesse momento, estou sendo brutalmente sincera com o Ignácio, porque é tudo o
que ele merece.
Por um tempo, o príncipe fica em silêncio, imagino que esteja digerindo tudo o que
escutou.

Enquanto ele pensa, Yuri chora na cama e eu vou até ele para pegá-lo.

Troco a fralda do bebê e Ignácio observa com atenção cada movimento meu. Mas
ele não diz nada e nem se aproxima novamente.

Querendo respeitar o seu espaço, sento-me na cama com as costas contra a


cabeceira e amamento Yuri.

Sem dizer uma palavra, o príncipe simplesmente se levanta, troca o roupão por
roupas e deixa o quarto.

Entendo que tem muito no que pensar, mas também admito que não é confortável
sentir-me no escuro.

Não faço ideia do que está passando pela sua cabeça, mas o que está passando pela
minha não é um cenário muito promissor.

A sensação é de que nesse exato momento estou perdendo a felicidade que não
cheguei a tocar com as duas mãos.

Ele é um homem honrado e sei que jamais deixaria a mim ou seu filho
desamparados. O problema é que, depois de ter conhecido o calor dos seus braços e
experimentado o gosto dos seus beijos, quero mais.

Eu quero tudo.

Quero ser feliz ao lado do meu príncipe de gelo.


Eu realmente acredito que um homem como eu, sempre prático, aquele que pensa
em tudo antes de tomar qualquer decisão, não estava pensando com tanta clareza quando decidiu
ter um filho por um método não convencional.

Foi uma loucura e não demorou muito para que eu percebesse.

Percebi e, depois da primeira tentativa, recuei. Passou praticamente um ano inteiro


depois da tentativa falha e eu sequer voltei a falar com a mulher que tem um contrato comigo
para gerar o meu filho.

Na verdade, eu havia esquecido desse assunto.

Eu havia superado, até que agora há pouco a minha noiva contou-me que na
verdade a tentativa foi bem-sucedida, mas, em vez de uma barriga de aluguel ter gerado o meu
filho, foi ela que gerou.

Puta que pariu!

Aos dezoito anos, quando a sua vida estava uma bagunça, a minha Gabriela foi
inseminada por engano.

Ela teve um bebê, o meu bebê.


Por causa de um erro, nós dois colocamos um filho no mundo e não tivemos que
fazer sexo para isso.

Agora que sei que Yuri é meu filho, entendo porque tive a sensação forte de que
havia uma ligação entre nós.

Ele é apenas um bebê fofo e qualquer ser humano decente teria gostado dele, mas o
carinho que senti pelo menino foi especial desde o começo.

Meu filho.

Porra! Eu tenho um filho com a minha noiva.

Será que essa garota vai deixar de me surpreender em algum momento?

Enquanto o cavalgo pelas terras do reino, porque é isso que gosto de fazer para
espairecer quando estou com a mente cheia, um sorriso genuíno surge na minha boca.

Então o sorriso tímido se transforma em gargalhadas histéricas, porque eu tenho um


filho.

Eu tenho um filho.

Eu tenho um filho.

A loucura da inseminação artificial surgiu porque um sentimento de rebeldia me


levou a desejar nunca dar para a minha esposa por conveniência o prazer de ser mãe de um filho
meu, mas o destino é tão sacana que agora estou descobrindo que a minha noiva por
conveniência e futura esposa já tem um filho que é meu.

Nosso bebê.

Tendo aceitado que Gabi é especial para mim, a realidade em que sou o pai do
bebezinho mais lindo do mundo não é nada além de uma boa notícia.

A melhor notícia que poderia ter recebido.

A melhor surpresa que ela poderia ter feito para mim.

A melhor verdade que poderia ter me dito.

O melhor presente.

Estar feliz com o fato de que tenho um filho com a garota que será minha esposa
muito em breve não elimina o fato de que um erro muito grave foi cometido.

E se a minha mulher não teve voz ou os recursos necessários para levar a médica a
pagar pelo que fez, eu com certeza não deixarei passar batido.

No fim das contas, Yuri veio como um presente na vida da Gabriela e agora um
presente para mim também, mas não significa que não houve um erro e a culpada por ele terá
que responder.

Algo tão grave como uma inseminação na mulher errada poderia trazer
consequências graves para qualquer uma que tivesse a realidade de vida ainda mais difícil do que
a da Gabriela.

Depois das marcas que o barão deixou pelo seu corpo, agora me sinto aliviado por
saber que Gabi simplesmente saiu das suas vistas durante a gravidez.

Estou grato ao fato de que o maldito tinha um plano para nós dois e com isso
colocou a mãe do meu filho na minha vida.

Sobretudo, preciso garantir que a história não vaze. Se vazar, que seja porque Gabi
e eu escolhemos assim.

Essa história vazada do jeito errado simplesmente seria um prato cheio para
escândalos.

Em breve a maldita médica receberá a minha visita e eu vou querer ouvir com todos
os detalhes sobre como aconteceu, mas não será hoje, porque hoje quero apenas ser feliz.

Então isso é me sentir completamente feliz?

Claro que é uma loucura e eu deveria estar preocupado com as consequências nesse
momento, mas a minha felicidade se sobrepõe a tudo.

A felicidade se sobrepõe ao medo das consequências. Como se eu pudesse ser


capaz de lidar com todas elas.

Talvez eu realmente seja.

— Ele é meu filho, porra!

Depois de cavalgar durante um bom tempo, desço do cavalo e, puxando a rédea,


começo a fazer uma caminhada, pensando em como a minha vida mudou tão de repente.

Em dois dias ganhei uma noiva e agora um filho.

Em questão de horas, me esqueci de como era minha vida antes de ter o meu
coração cheio deles dois.

Quando decido voltar para casa e para as duas pessoas mais importantes para mim
nesse momento, me surpreendo quando olho para o relógio e percebo que já passa das nove
horas da noite.

Eu fiquei mais tempo do que deveria fora de casa, mas pelo menos coloquei os
meus pensamentos e os meus sentimentos em ordem.

Sinto que estou bem para ser o que a minha mulher precisa que eu seja para ela.

Agora tenho que voltar, porque a loira deve estar preocupada. Os piores cenários de
como a desprezarei provavelmente estão passando pela sua cabeça, mas a princesa não poderia
estar mais enganada.

Gabriela foi vítima de um erro, um erro que nos deu um filho.

Nosso filho.

Hoje ela me fez feliz de tantas maneiras que não pode imaginar.

Ao entrar no palácio, mais uma vez sou surpreendido no interminável dia de hoje,
que parece que já dura um ano.

Com sua mala do lado, minha noiva está na frente do meu pai, que não pode tirar os
olhos do meu filho em seus braços.

Para completar o circo, meu irmão Felipe também está presente com seu filho e a
esposa.

Javier também está na cena, e pela primeira vez algo está o surpreendendo de
verdade.

Não era para ser assim, mas já que todos estão presentes e que aparentemente esse é
o dia da verdade…

— Filho. Pode me explicar porque sua noiva está no palácio e dizer quem é o bebê
nos braços dela?

— Mais cedo fui até a casa do barão e tirei Gabriela dele. A partir de agora, ela vai
viver comigo aqui no palácio. Se não for aqui, será em outro lugar, mas garanto que nós vamos
ficar juntos. Quanto ao bebê, ele é meu filho.

— Filho?

Todos na sala, menos a Gabi, falam ao mesmo tempo.

Esse sou eu, surpreendendo a todos e fazendo boas escolhas.

Porque eles dois sempre serão minha escolha a partir de agora.


Minha família. Será por eles que tomarei todas as minhas decisões.

Agora tenho a minha própria família para cuidar e amar.

Não me sinto mais vazio.


CAPÍTULO 17
Depois de tudo o que falei para o Ignácio, ele saiu e demorou muito para voltar,
pelo menos para mim, pareceu uma eternidade.

A insegurança veio com tudo e coloquei na minha cabeça que ele não voltaria mais
para mim e para o nosso filho.

Foi uma loucura, porque o príncipe deixou o seu filho e eu no seu quarto.
Racionalmente eu sabia que era impossível que não voltasse para o próprio quarto.

Então lembrei que ninguém sabia da nossa presença no palácio e a insegurança


ficou mais forte ainda.

Mas eu deveria saber que o homem que se mostrou tão carinhoso comigo e
diferente da versão dele que havia criado na minha mente não me abandonaria logo depois de eu
ter contado uma verdade tão importante para nós dois.

Ele precisava de um tempo, mas só cheguei à conclusões sensatas depois de deixar


a insegurança falar mais alto, de pegar a minha mala e sair do quarto com toda a intenção de ir
embora.

Eu não sabia para onde iria, apenas agi no momento de perturbação mental.

Quando desci as escadas, não considerei que alguém poderia me ver, por isso fui
surpreendida com a presença da família toda reunida na sala.

Foi impagável as expressões faciais de surpresas do rei, dos irmãos do Ignácio e da


princesa consorte quando me viram descendo as escadas.

Na frente deles, estava noiva do Ignácio com um bebê nos braços, um bebê que
ninguém sabia da existência até agora.

Eu poderia ter voltado novamente para o quarto e me escondido até o retorno do


meu noivo, mas ergui a cabeça e não parei de andar até parar no centro da sala.

Sabia que eles tinham perguntas para serem feitas, e prometi para mim mesma que
responderia todas elas, por mais difíceis que as respostas fossem.

Mas, antes que sequer conseguisse abrir a boca, Ignácio chegou e deixou claro para
a família que ficará comigo a partir de agora. Mas ele realmente me surpreendeu quando disse
com todas as letras que Yuri é seu filho.

No fundo, eu sabia que meu noivo não rejeitaria a realidade em que se tornou pai de
um momento para o outro. Por outro lado, sendo o homem sempre prático e sensato que dizem
que ele é, imaginei que fosse esperar o melhor momento para jogar a bomba no colo da sua
família.

Para um príncipe, revelar que tem um filho fora do casamento não causa o mesmo
impacto que qualquer homem comum dando a mesma notícia causaria.

Faz um minuto inteiro que as palavras saíram da sua boca e até agora ninguém
ousou falar mais do que duas palavras.

A expressão de cada um deles é impagável, mas quem realmente me preocupa é o


rei.

Se Javier tem um sorriso no rosto, um sorriso que me assusta, porque faz parecer
que ele é incapaz de ser verdadeiramente surpreendido com algo, há um misto de surpresa e
incredulidade nos rostos do príncipe Felipe e da sua esposa.

Todavia, no rosto do rei Otávio vejo horror e decepção. Percebo que as


engrenagens do seu cérebro estão trabalhando e que ele está considerando se realmente acredita
no que acabou de ouvir.

Além do choque que foi ouvir as palavras do Ignácio sem qualquer preparação,
imagino que não deve ser fácil pensar nele tomando as atitudes que tomou e revelando o que
revelou.

Simplesmente não parece o tipo de coisa que Ignácio faria ou falaria.

Em minha defesa, também estou surpresa com tudo o que se refere a ele.
Positivamente surpresa.

O príncipe é muito melhor do que eu sequer poderia imaginar.

Quando finalmente o rei abre a boca, percebo que seria melhor se tivesse
continuado calado.

— Você, dentre os meus três filhos, era aquele que eu tinha certeza de que nunca
me daria desgosto na vida.

— Eu não definiria o fato de estar querendo cuidar da minha noiva e do meu filho
como um desgosto — Ignácio rebate.

— Papai, tente se acalmar. Não é o fim do mundo. — Felipe se mete na conversa.

— Cale a boca, Felipe! Você é o último que pode dar qualquer palpite no momento,
depois de ter se casado com uma plebeia e desafiado as tradições.

Quando olho para a princesa consorte, em uma tentativa de checar se ela está
ofendida, tem um sorriso tenso no seu rosto. Quando percebe a minha atenção, ela dá de ombro e
joga uma piscadinha para mim.

Ela já deve estar acostumada com os barracos da realeza.


Eu imagino que para o rei não deve ser fácil ter três filhos belos e cheios de
personalidade. O único que parecia ser mais controlado está provando que não é muito diferente
dos irmãos rebeldes.

— Eu sabia que se tivesse deixado nas suas mãos, você teria escolhido se casar com
uma plebeia, com uma mulher sem sobrenome, assim como o seu irmão fez. Sem ofensa, Elena,
esse assunto está resolvido, mas o passado não pode ser apagado.

— Está tudo bem, sogro não estou ofendida.

É claro que ela está.

Eu estaria.

— Quando sugeri que eu mesmo poderia escolher a sua noiva, você não se opôs.
Na verdade, deu sinal verde. Então arranjei para você um casamento com a filha do barão. Ela
tem sobrenome e vem de uma família importante, mas o que importa quando você está fazendo
tudo errado?

— Tenho os meus motivos, papai. Ao contrário do que o senhor pensa, não estou
tomando essas atitudes apenas para desafiá-lo. Acredite, se pudesse fazer outra de forma, eu
faria.

— E você pode esclarecer quais motivos seriam esses? Não, esqueça! Não quero
saber. Não acredito que haja justificativas para o fato de o príncipe que todos consideram sensato
estar trazendo a noiva para dentro de casa dois dias depois do noivado. E essa nem é a pior parte,
ainda temos um bebê no pacote. De quem é essa criança?

Ignácio disse com todas as letras agora há pouco, mas o rei não pegou essa parte.

Ou não quis.

— É meu filho — é a minha vez de falar.

— Como acabei de dizer, eu sou o pai — meu noivo complementa.

— Está querendo dizer que você engravidou a moça antes mesmo de oficializarmos
a união? Não era você que passava a impressão de que não poderia suportar a sua noiva, mas que
estava aceitando se casar com ela de qualquer maneira?

Ele fez isso?

Eu procuro o olhar do Ignácio e ele me fita cheio de culpa.

Claro que fez.

— Sim, engravidei a minha noiva antes de oficializarmos o compromisso. Se


passava a impressão de que não gostava dela, fazia apenas para não correr o risco de ser
descoberto. A verdade é que sempre estive apaixonado por Gabriela.

Ele está mentindo descaradamente para o rei para me proteger.

O príncipe não quer que a história sobre a inseminação artificial por acidente se
torne pública nem mesmo para a sua família. Para me proteger, está fazendo com que as pessoas
que ama pensem mal dele.

— Na verdade… — começo a falar, porque não posso permitir tal injustiça.

Não por mim.

— Eles precisavam saber a verdade, amor — ele interrompe a minha fala.

— O que você pensou que iria acontecer? Acreditou mesmo que poderia chegar
aqui e simplesmente dizer que vai ficar com sua noiva antes do casamento, como se fossem
marido e mulher? Pensou que eu bateria palmas?

— Papai, o senhor precisa se acalmar. Juana, pegue um copo de água com açúcar
— Javier fala com a governanta do palácio.

Ele realmente precisa se acalmar, o rei está com o rosto todo vermelho.

Estou começando a me sentir muito culpada por ter causado essa situação.

A culpa é minha, não é?

Mas eu não vou chorar.

Quem vai chorar é o meu filho…

Ele já está chorando.

O som dos seus gritinhos faz com que o rei se cale e olhe para o bebê nos meus
braços como se ele não fosse nada além de um incômodo.

Eu quero sumir.

Então Elena se aproxima de mim mostrando-me seu sorriso doce e me abraça pelo
ombro.

— A noite está fresca hoje, que tal a gente dar um passeio no jardim? Vamos deixar
os homens conversarem — convida.

Tudo o que quero agora é fugir dessa situação, mas, ao mesmo tempo, não posso
deixar que Ignácio lide com tudo sozinho.
Quando olho para ele, o príncipe acena discretamente para mim, fazendo-me saber
que prefere que eu saia com Elena.

Ao chegarmos no jardim, finalmente respiro aliviada.

— Posso segurar ele um pouquinho? — pergunta, depois de ter deixado o próprio


filho com o pai na sala. — Você está tremendo.

Estou e nem tinha percebido.

Estou exausta!

Será que esse dia não chegará ao fim?

— Obrigada — agradeço, ao entregar o meu bebê em seus braços.

— Ele é muito lindo, Gabriela.

— Eu sei. Acho que vai ser parecido com o pai… — Quando menciono o príncipe,
olho na direção do palácio e Elena acompanha o meu olhar.

— Não precisa ficar tão preocupada, apesar das palavras duras do rei, no final ele e
o filho conseguirão se entender.

— Como você lida com o fato de estar na família real? Deve ser muito difícil.

— Para mim foi triplamente difícil, porque eu era uma plebeia quando me casei
com Felipe. Você deve saber. Mas quero te dizer que nada é mais gratificante do que lutar por
amor e vencer no final.

— Espero que, assim como você e o Felipe venceram no final, Ignácio e eu também
vençamos.

— Sei que vão vencer, porque vocês dois estão apaixonados um pelo outro.

— Não sei se ele chegou tão longe.

— Sei que acabou de conhecê-lo, mas o conheço há tempo suficiente e posso te


garantir que nos poucos minutos em que estive com vocês dois no mesmo recinto pude perceber
que meu cunhado está completamente diferente. Há um brilho no olhar dele, e se não fosse por
essa razão, o fato de estar enfrentando pai por você diz muito. Ignácio sempre foi o único dos
três filhos que obedecia o pai em tudo.

— Agora estou estragando a relação dos dois.

— Não, você está dando ao meu cunhado a possibilidade de ser feliz de verdade.
Quando ele não te conhecia, estava apenas resignado com a ideia de um casamento por obrigação
com uma mulher que não escolheu e que nunca amaria. Realmente estou contente que Ignácio
tenha tido a sorte de encontrar nos seus braços o que provavelmente não sabia que estava
procurando.

— Ele me salvou.

— Claro que salvou, porque é isso que os príncipes Vargas de Solari fazem. Eles
são rebeldes e deixam o rei com os cabelos brancos, mas quando realmente se apaixonam, lutam
pela mulher que amam com unhas e dentes.

Eu estava precisando das palavras da princesa consorte. Conversar com ela me


deixa mais calma, embora não consiga tirar da cabeça o que está acontecendo na sala enquanto
estou aqui fora.

Não posso negar que estou com medo.

Ignácio passou a vida inteira seguindo os passos do pai. Era um exemplo, e por
minha causa está tomando atitudes drásticas que não se parecem com ele.

Sinto muito medo de que se arrependa de mim e de nós.

Sua paixão, seus toques e a forma como me olhou nas últimas horas foram o
suficiente para me trazerem esperança. Espero que não seja tirada de mim, porque não sei como
sobreviveria.

Demorou apenas algumas horas para que o príncipe deixasse de ser um quase
desconhecido para se tornar um raio de sol na minha vida.

De repente, me vejo sem saber como poderia viver na mais completa escuridão
novamente.

Não pode terminar assim. Eu sei que ele vai passar por aquela porta e me levará
com seu filho para outro lugar.
Quando ela virou as costas e saiu para o jardim com a minha cunhada, vi no seu
olhar que estava com medo do resultado desse confronto com o meu pai.

É por isso que estou desesperado para ir encontrá-la, abraçá-la e dizer que está tudo
bem.

Não está tudo bem, mas vai ficar tudo bem.

Vai ficar tudo bem, porque não existe nada capaz de demover-me da decisão de
cuidar do que me pertence. E Yuri e Gabriela são meus, são meus para amar e proteger,
sobretudo agora que estão mais expostos.

Agora que a minha família sabe o que pretendo fazer, a sensação é de que
repentinamente o mundo inteiro saberá da verdade sobre nós dois e de como nosso
relacionamento começou, principalmente a respeito da concepção do nosso menino.

Eu mal tive tempo de respirar sozinho e de lidar com a verdade de que tenho um
filho, antes de ter que enfrentar o meu pai.

Não coloco os meus irmãos no mesmo balaio, porque sei que eles sempre estarão
do meu lado, assim como sempre estive e estarei do lado deles, mesmo nos momentos que não
concordo com as decisões que tomam.

Depois do pedido do Javier para que Juana pegasse um copo de água com açúcar, o
rei tomou a garapa e nós quatro nos acomodamos nos sofás, mas papai não parece estar se
sentindo mais calmo.

O homem está completamente irritado comigo. Principalmente, está decepcionado.

O que me deixa com o coração apertado, apesar da certeza do que estou fazendo, é
saber que ele tem motivos para estar se sentindo dessa forma, porque realmente o fiz acreditar
que era o único filho sensato.

Mas o que estou descobrindo é que não existe algo como ser sensato e fazer as
escolhas mais lógicas quando há sentimentos tão fortes envolvidos.

— Eu sinto muito, papai. Realmente sinto, não queria que fosse dessa forma, mas
tenho as minhas razões — volto a citar esse pequeno detalhe.

— Eu que sinto muito, filho. Será que não poderia esperar até o casamento para
tirar a garota de casa? Tinha mesmo a necessidade de fazer tudo errado?

— Tinha, porque o seu amigo bateu na minha noiva com um cinto até deixar
marcas no seu corpo. Ela vivia um calvário dentro da própria casa. Vivia com um monstro,
quando deveria ter tido um pai para a proteger!

Pensei por um momento que não falaria sobre esse assunto com papai e os meus
irmãos hoje, mas, vendo a decepção no olhar do rei e a forma como acredita que estou sendo
infantil e agindo apenas porque não posso ficar longe da sua doce boceta dois dias depois de
colocar a aliança no seu dedo, decido que o melhor que faço agora é contar a verdade.

Além do mais, ele pode ser um perfeito aliado para ajudar-me a acabar com a vida
daquele maldito barão.

Sem o rei ao seu lado, ele não terá metade da influência que tem. Porque para
pessoas como Solto Maior, dinheiro sem influência não vale de muita coisa.

Durante vários minutos, conto tudo o que descobri hoje sobre a vida que a minha
noiva levava. Otávio e meus irmãos escutam com atenção e tecem comentários ácidos a respeito
do barão.

Os meus irmãos estão indignados, mas quem realmente me surpreende é o rei.

Ele acredita em cada uma das minhas palavras, porque no fundo sempre teve um pé
atrás com o tal amigo barão. O rosto do homem não inspira confiança, e quando ele abre a boca e
solta suas frases de efeito, fica ainda mais nítido.

Foi por não confiar cem por cento nas intenções do velho que papai levou quase um
ano para realmente dar o baile de noivado para mim e para Gabriela.

Felizmente, no final meu pai acabou cedendo, porque senão eu não estaria com a
minha mulher agora.

Eu não teria descoberto a garota perfeita que ela é. Não teria descoberto que nós
temos um filho.

Mas eles realmente ficam estarrecidos quando conto a história sobre a inseminação
artificial, uma verdade que eu também decidi esclarecer de uma vez, para que todos entendam
que em nenhum momento Gabriela errou.

Se tem alguém que é vítima da situação que nos envolve, essa pessoa é ela.

— Agora vocês entendem porque estou agindo dessa forma? — questiono no final.

Os três estão em choque. Eu também estaria.

Tudo o que aconteceu no dia de hoje realmente é muito para ser assimilado. Para
todos nós.

— Você poderia ter sido claro desde o começo.

— Eu sei, mas confesso que por um momento pensei em manter o segredo sobre
tudo e apenas informar a decisão que havia tomado. — Dou de ombro.

— Eu deveria saber que você não seria maluco como os seus irmãos. Nunca foi.

— Pela forma como o senhor fala, papai, Felipe e eu somos dois irresponsáveis —
Javier diz.

Como sempre, tem um sorriso no seu rosto, porque quase nada o afeta.

— Vocês sempre foram rebeldes — o rei retruca.

— Eu pensava que a minha história com minha esposa tinha sido complicada, mas
a sua com a Gabriela está concorrendo fortemente ao troféu de romance que tinha tudo para dar
errado, mas não deu.

— Não dará — apresso-me em dizer.

— A sua fixação nessa moça é apenas por algum senso de responsabilidade, ou


você realmente está gostando dela de verdade? Estou perguntando, porque agora sei que não
fingiu que não estava empolgado para o casamento com ela. Realmente estava disposto a tirar as
piores conclusões sobre a moça antes mesmo de a conhecer — meu pai pondera.

Ele está certo nesse ponto. Não me dei ao trabalho de conhecer Gabriela e a julguei
sem razões.

— Bastou um único olhar, papai. No dia do nosso noivado, quando a vi no final


daquelas escadas, olhei nos olhos dela e senti que me surpreenderia. Naquela noite, nós
brigamos, mas também nos beijamos. Passei dois dias sem conseguir tirar a garota dos meus
pensamentos, então fui até a casa do barão e vi o que não gostaria de ter visto sobre a vida da
minha noiva ao lado dele, mas tenho certeza de que o que sinto não é pena ou algo parecido. Eu
gosto dela. Gosto muito.

“A garota é forte, é linda. Não tem nada da jovem mimada e fútil que pensei que
encontraria na minha futura esposa. Como poderia não gostar dela se tudo o que vi a seu respeito
até o momento me agrada?”

— Eu também me apaixonaria, Ignácio. Acho que estou apaixonado, na verdade —


Javier fala.

— Ela é admirável — Felipe diz.

Até ele, que é completamente louco de amor pela esposa, está impressionado com a
minha noiva.

Como eu poderia ter resistido aos seus encantos?

Não poderia. Essa é a resposta.

Ainda há tanto para explorar dos sentimentos que estou descobrindo que o fato de
saber que teremos tempo me deixa excitado.

No momento, estou apenas agindo e tirando as barreiras que poderiam surgir no


caminho.

Cada uma delas.

— Eu não quero ser o portador de más notícias, mas você sabe que ter bons
motivos para tirar a garota de casa não muda o fato de que haverá um escândalo quando todos
souberem que está indo viver com sua futura esposa dois dias depois do noivado.

— Eu sei pai — digo.

— Talvez a gente deva marcar logo a data do casamento e que seja para daqui no
máximo um mês — o príncipe herdeiro do trono fala.

— Concordo, mas não acredito que será rápido suficiente — Javier completa. —
Eles vão farejar.

— E nós não estamos mencionando o meu neto. Quando ele for exposto…

Eu fico emocionado com o fato de o meu pai estar se referindo ao Yuri como Neto.
Fico feliz que ele não tenha feito qualquer diferenciação entre o meu filho e seu neto mais velho,
apenas pelo preconceito de como ele foi concebido.

Provavelmente, meu herdeiro não será amado pela família da mãe, mas pela minha
ele será muito amado.

Sei que será.

Somos a realeza cheia de regras e etiquetas, mas o amor nunca faltou. Mamãe
ensinou seus quatro homens a como amar antes de morrer e nos deixar tão cedo.

— Eu posso tentar evitar que a mídia descubra tão cedo sobre ele. Se acontecer
depois do casamento será mais fácil, embora a gente saiba que não há como evitar os
comentários maldosos. Bastará que todos façam as contas e as perguntas começarão — pondero.

— Está certo, meu filho. Você só precisa ser discreto, mas confio que saberá como
agir da melhor maneira possível para preservar sua família — o rei entrega os pontos.

Depois de tudo o que ouviu e pela forma como prometeu que fará com que o barão
pague por ter tentado enganá-lo, além do tratamento que deu para a própria filha, o rei sabe que
não há nada mais que possa fazer ou falar. Só precisa me apoiar.

Acima de tudo, apesar de ser duro e teimoso, o rei é justo e nos ama.

Em situações como essa, seu amor fala mais alto do que o seu título de nobreza.

— Farei o meu melhor, papai. O senhor sabe que prefiro defender quem amo a lidar
com escândalos com a mídia

Sempre fui assim, mas a vida me deu um tapa na cara e me colocou em uma
posição difícil.

— Você sabe que o seu pai é velho e que tem ideias mais conservadoras, não sabe?

— Sei. Por essa razão, e para evitar um desastre ainda maior na união que pareceu
que seria a mais fácil e tradicional entre a filha mais jovem do barão e eu, o senhor não acredita
que seja de bom tom que a gente fique junto em um dos quartos do palácio — adianto-me, pois
sei que estava prestes a falar algo parecido.

— Que bom que você me conhece, mas nesse momento realmente estou mais
indignado com o que o barão fez e minha maior preocupação é com vocês dois.
— Eu tenho uma ideia — Javier fala, e todos nós voltamos às nossas atenções para
ele. — Por que você e sua noiva não ficam temporariamente na casa que servia para guardar as
armas de caça na época dos nossos avós? Durante todos esses anos, sempre cuidaram daquele
lugar, mas ele nunca foi realmente ocupado desde que papai proibiu a caça por lei.

Porra!

Eu não imaginava que meu o irmão pudesse ter algo além de festa e sexo na cabeça.

— Você me surpreendeu agora, Javier. Gostei da ideia — Felipe assevera.

Eu também gostei, mas preciso de uma terceira opinião

É importante para mim

— Papai?

— A casa fica na parte de trás do palácio, é discreta o suficiente para esconder dos
olhares da mídia o que ela não precisa ver e saber agora. Eu apoio a ideia — quando o rei
termina de falar, simplesmente vou até onde está sentado e o abraço apertado.

Constrangido, porque nós dois nunca fomos pessoas de abraços, ele dá batidinhas
nas minhas costas.

Como não sinto que é o suficiente, também me aproximo dos meus irmãos e abraço
os dois.

Falar com os três foi como tirar um peso muito grande das minhas costas.

Sentindo que estou com o coração leve, vou até o jardim para encontrar com a
minha loira.

Ela estava tensa e assustada, mas Elena, com a sua incrível capacidade de fazer
qualquer um sorrir, colocou um sorriso verdadeiro no seu rosto.

Sentadas no banco do jardim, elas sorriem como se fossem amigas de longa data,
enquanto brincam com o meu filho, que mal nasceu e já ama a atenção das mulheres.

— Está tudo bem? — O sorriso morre no rosto da Gabriela assim que ela me vê.

— Amei te conhecer, Gabriela. Agora vou buscar o meu marido e meu filho.
Deixarei vocês dois conversarem.

Minha cunhada se despede com um beijo no rosto da loira e no do meu filho. Antes
de se afastar, a bela mulher joga uma piscadinha para mim e eu devolvo.

Felipe passou metade da vida sendo um idiota, fingindo que não sabia que se
tornará o rei de Solari no futuro, mas ele definitivamente acertou na escolha de esposa.

Quando ficamos sozinhos, Gabriela se levanta e me encara.

— Estou com medo de perguntar como foi a conversa com seu pai e seus irmãos.
Eu ainda sou sua noiva? Você ainda quer ficar comigo?

Ela não faz ideia…


CAPÍTULO 18
Eu não sei como ler a expressão facial do meu noivo.

Se é que ele ainda é meu noivo.

O que estou pensando? É claro que é.

O Ignácio que me tocou como tocou, e que me olhou como se eu fosse a coisa mais
importante da sua vida depois que me tirou das garras do meu pai, não desistiria da gente tão
facilmente, mesmo se o rei fizesse um decreto o obrigando a isso.

— Eu sempre vou querer ficar com você, menina. E você só deixará de ser minha
noiva para se tornar minha esposa, algo que acontecerá em breve.

— Em breve quando?

Estou ansiosa para me casar, agora que não parece ser o pior destino.

Na verdade, parece o melhor.

— Devido as circunstâncias, daqui no máximo um mês estaremos casados,


princesa. Minha princesa. — Meu noivo abre um sorriso bonito no rosto e parece mais leve ao
acariciar a minha bochecha.

— Quero ser a sua princesa de uma vez por todas — assevero, embora ele saiba.

Está literalmente na minha cara.

Agora ciente de que o bebê é seu filho, o príncipe pega o nosso mini príncipe dos
meus braços e beija o seu rostinho com cuidado e carinho.

Yuri está acordado, olhando para o rosto do pai como se soubesse que ele é o seu
pai, embora saibamos que ainda não é capaz de entender nada.

— Meu filho… Eu vou proteger você e a sua mamãe de tudo e de todos.

— Pelo sorriso no seu rosto, imagino que a conversa com seu pai não foi tão ruim.

— Mais do que ser o rei de Solari, Otávio é um pai amoroso. Eu tive que contar
toda a verdade sobre a forma como seu pai te tratava e sobre a inseminação artificial — ele fala.
— Espero que esteja tudo bem para você.

— Eu confio nas suas decisões. — É incrível falar assim, quando nos conhecemos
praticamente hoje, mas esse dia parece estar tendo a duração de dois anos.

Além do mais, nas últimas horas esse homem tem me dado provas o suficiente de
que posso confiar nele.
— Como eu estava falando, Otávio também é pai e às vezes ele toma decisões
pensando apenas na felicidade dos próprios filhos. Depois que contei a sua história, ele desistiu
de se opor às decisões que tomei e as que posso vir a tomar a respeito do nosso relacionamento.
Mesmo que seja difícil para um homem de cabeça fechada como ele, Otávio não vai ficar no
nosso caminho.

— O que isso significa?

— Significa que tenho um lugar para te apresentar.

— Um lugar?

De repente, o meu coração dispara no peito, porque estou criando muitas


expectativas com apenas uma frase.

— Um lugar especial, porque nós o tornaremos especial juntos.

— Que dia me levará até esse lugar?

No momento estou ansiosa como uma criança.

— Agora mesmo — fala, então entrelaça os nossos dedos quando me puxa em


direção a área que fica na parte de trás do palácio

Nós caminhamos durante alguns minutos, até que paramos na frente de uma
pequena casinha de madeira.

Parece pequena, mas aconchegante vendo do lado de fora, como as moradias que
via nos filmes de Natal que eu não precisava ver o lado de dentro para saber que tinham uma
lareira e que cheiravam a biscoitos.

É uma construção rústica e parece antiga. Estar parada na frente dela me faz pensar
em lar. Em como seria bom ter o meu lar ao lado do meu noivo e meu bebê.

— Por que nós estamos aqui, Ignácio?

— Acompanhe-me, então te contarei.

Antes de entrarmos na casa, ele mais uma vez beija o nosso filho, dessa vez na
testa.

Eu havia percebido a forma como olhava para Yuri antes mesmo de saber sobre a
paternidade, mas agora que tem conhecimento de que é seu pai, o amor está brilhando no seu
olhar.

A forma como reagiu bem ao Yuri não causa tanta surpresa, porque se tinha uma
mulher disposta a fazer uma inseminação com o seu espermatozoide, era porque ele queria ter
um filho.

Ele desejava ser pai e o seu desejo foi concedido.

Não da maneira como havia planejado, mas foi.

Quando entramos na casa, fico ainda mais maravilhada com ela. A sala é pequena,
mas está limpa, significa que alguém cuida do lugar.

As paredes são de madeira e tem dois pequenos sofás preenchendo o espaço


juntamente com o painel da TV e uma mesinha no centro.

Na lateral vejo uma escada, e imagino que leve para o segundo andar. Mas o que
chama a minha atenção enquanto caminho é a cozinha.

Sem cerimônia, vou até o cômodo e meu coração fica aquecido quando vejo o
fogão de quatro bocas, os armários na cor marrom e uma mesa também de madeira no canto. A
cozinha, assim como a sala, é linda.

É pequena, mas ao mesmo tempo aconchegante o suficiente para alguém que está
construindo uma família.

— Essa casa é linda, Ignácio. Quem é o dono?

Quando olho para ele, finalmente me dando conta de que não estou sozinha,
percebo que há um pouco de mistério no seu olhar.

— O que você está aprontando?

— Nada. Só estou mostrando para você a antiga casa onde eram guardadas as
armas de caça. — O homem dá de ombro, então segura a minha mão para que juntos subamos as
escadas.

No andar de cima tem dois quartos, o primeiro é menor e poderia perfeitamente ser
o quarto de uma criança ou um bebê.

Ao entrar no segundo quarto, me deparo com um cômodo que tem o dobro do


tamanho do anterior, claramente o quarto de casal.

Há uma cama king, como se esse lugar estivesse esperando por moradores.

— Você disse que essa é a antiga casa de armas do palácio, mas se está limpa e
mobiliada, significa que alguém vive aqui.

— Você está enganada, loira. Ninguém vive nessa casa. Juana a mantém limpa a
pedido do meu pai, porque ele é um homem prevenido e deixa o lugar livre para prováveis visitas
mais demoradas ao palácio.
— É claro, mas ainda não entendi por que você me trouxe até aqui.

Ignácio olha para mim, mas, em vez de sanar a minha dúvida, ele se aproxima da
cama e deita o bebê, que acabou adormecendo nos seus braços.

Então vem até mim, me leva para perto da janela ampla e eu fico maravilhada com
a paisagem do jardim do lado de fora.

Os jardins do palácio sempre foram os pontos fortes da propriedade, mas vistos do


alto deixa a vista ainda mais encantadora.

— E então?

— Nós dois não podemos ficar no meu quarto até o casamento. Eu sabia disso, mas
o meu pai e meus irmãos me fizeram ficar ainda mais certo sobre esse ponto. Então eles
sugeriram que nós dois ocupássemos essa casa por enquanto.

— O quê?

Desde que abri os meus olhos no dia de hoje, eu já quis chorar ou chorei um milhão
de vezes, e desde que Ignácio entrou no meu quarto na casa do barão, todos os choros foram de
felicidade e todas as vontades de chorar foram de emoção.

— Eu sei que é um lugar simples por tudo que você merece, mas prometo que será
provisório, apenas até…

Meu noivo simplesmente para de falar quando percebe que estou chorando e não
estou tentando disfarçar o fato.

— Querida… Por que você está chorando? Eu não queria que você…

Ele me abraça. Durante alguns segundos, apenas me permite chorar, mesmo sem
saber a razão.

Então, depois que me recomponho, ergo a cabeça para olhar em seus olhos, sim,
porque meu noivo é muito mais alto do que eu. Abro um sorriso que irradia felicidade e o
príncipe entende que esse choro não é por outra razão além da completa alegria de o ter na minha
vida.

— Essa casa é linda, Ignácio. Acredito que você não pode entender o que estou
sentindo agora, porque essa é a primeira vez que não tenho a sensação de que o teto em cima da
minha cabeça também é a minha prisão. Obrigada

— Um dia farei com que você entenda que não precisa me agradecer por nada que
fizer para te ver feliz. Porque você é minha e eu prometo que nunca mais se sentirá em uma
prisão. Você está livre, raio de sol.
— Raio de sol. — O apelido me deixa com as bochechas coradas e com o coração
aquecido de felicidade.

— Esse seu lindo sorriso rasgado e os cabelos loiros me lembram os raios do sol.
Além do mais, você é como o sol na minha vida.

— Estamos em completa sintonia, porque penso em você da mesma maneira. Você


é o meu raio de sol, Ignácio — declaro. — Acredita que posso estar começando a me apaixonar
por você? É possível? A gente acabou de se conhecer.

— É possível, querida, porque está acontecendo o mesmo com o meu coração —


declara-se, então abaixa a cabeça e beija o meu pescoço. Em seguida, meu príncipe encantado
beija de leve os meus lábios.

— Agora fale para mim que nós vamos ficar aqui a partir de agora, nesse minuto.

— Nós vamos ficar aqui e essa será a nossa primeira noite na nossa casa, pequena
— ele sussurra no meu ouvido e morde a pontinha da minha orelha.

Pelos próximos minutos, ficamos namorando, seja no sofá da sala ou na varanda da


pequena casa que tem uma cadeira de balanço. O fato de ser apenas uma cadeira torna tudo
perfeito, porque segundo o meu príncipe é a sua oportunidade de ter-me em cima das suas
pernas.

Quando voltamos para dentro da casa está muito tarde.

Então, com o nosso bebê dormindo tranquilamente no cantinho da cama, depois de


ter sido alimentado com meu leite materno, Ignácio e eu deitamos lado a lado na mesma cama
pela primeira vez. Espero que seja a primeira noite de muitas.

Posiciono-me de lado, o homem que me salvou e que está se tornando o centro do


meu mundo se ajeita atrás de mim e envolve a minha cintura em um abraço. Eu estou quentinha
nos seus braços, sendo coberta em uma conchinha deliciosa.

Pela primeira vez desde os meus oito anos de idade, o meu coração está em paz.

Eu estou verdadeiramente em paz e feliz, ansiosa pelo dia de amanhã, porque algo
me diz que com Ignácio ao meu lado tudo sempre será mais fácil e o dia de sol sempre brilhará
ao raiar do dia.

Os desafios estão logo ali, porque, o que é a vida se não constantes desafios? Mas
sei que juntos venceremos todos eles.

— Descanse, querida — ele fala baixinho, quase dormindo e com o nariz enterrado
no meu pescoço.

— Eu tenho medo de dormir e acordar na casa do barão. Tenho medo de descobrir


que foi apenas um sonho e quando abrir os meus olhos pela manhã você não estar mais aqui...

— Sempre estarei aqui, Gabriela Peri. Porque não há outro lugar onde desejo estar
que não seja onde você estiver. Hoje pela manhã uma força me levou até você. Apenas ouvi o
meu coração, e por você sempre ouvirei o meu coração. Não importa onde esteja, sempre irei te
encontrar.

Essa foi a declaração mais linda e emocionante que eu poderia ter ouvido,
principalmente porque acredito em cada palavra.

Porque meu príncipe não é um homem que joga palavras ao vento.

Ele é meu.

Talvez amanhã a ficha caia e eu me convença de que finalmente estou começando a


ser feliz.

Hoje acordei sem esperança e agora estou indo dormir com um futuro promissor a
minha espera.

Mal posso esperar para viver todos os dias, não como se fossem os últimos, mas
como se fossem os primeiros.
CAPÍTULO 19

Quando o interminável dia de ontem chegou ao fim, lembro de ter me deitado na


cama da casa de armas e de ter envolvido a minha mulher em um abraço.

Cansado, adormeci sentindo a sua bunda macia contra o meu pau e o calor da sua
respiração me acalmando enquanto eu sentia o seu cheiro tão de perto.

Certamente, nunca tive problemas para ter boas noites de sono, mas fazia muito
tempo que eu não dormia tão maravilhosamente bem como ontem à noite.

Eu apaguei completamente, e acredito que a sensação de estar bem descansado


agora é por ter realmente dormido em paz, com a certeza de que fiz o que foi preciso fazer para
garantir que a partir de agora a minha mulher e meu filho tenham a tranquilidade e a paz que eles
merecem ao meu lado.

Mas não sei se esse despertar está sendo tão feliz quanto deveria, porque em vez de
acordar sentindo o calor e a maciez da Gabriela nos meus braços, quando passo a mão no seu
lado da cama sinto apenas o vazio.

Que horas são?

Será que ela acordou cedo ou fui eu que dormi demais?

Ao abrir lentamente os olhos, olho para o lado, especificamente para o cantinho


onde meu bebê deveria estar dormindo e também vejo o lugar vazio.

Então sento-me, termino de despertar e procuro a minha noiva com o olhar.

Primeiramente, vejo na parede que fica na frente da cama um cesto de palha que
lembra muito uma cama de bebê. O meu filho está dormindo dentro do cesto e parece um
anjinho.

Ao olhar para ele, sinto um misto de alegria e emoção de saber que sou seu pai.

Independentemente dos métodos de como aconteceu, essa criança linda é uma


mistura de mim e da mulher que está virando o meu mundo de cabeça para baixo de um jeito
bom.

Por alguma razão que nunca perdi tempo pensando, sempre quis ser pai. Mas ser
pai do filho da mulher que tem a minha admiração pela sua beleza e força tem um sabor
delicioso.

Segundos depois, quando desvio a atenção do meu bebê e olho na direção da janela,
vejo que a minha garota está parada na frente olhando para fora e que tem uma xícara de
porcelana na mão.

Ela está vestindo a camisa que descartei ontem pela madrugada. A peça alcança
metade das suas coxas e meu pau fica mais duro do que uma ereção matinal poderia justificar
quando penso que é a minha peça de roupa cobrindo o seu corpo.

Gabriela está envolvida pelo meu cheiro, mas na verdade eu gostaria que o meu
corpo estivesse envolvendo o seu nesse exato momento.
Quando o meu movimento sobre a cama faz um pequeno som, ela olha para trás e
sorri para mim.

— Bom dia, Ignácio.

— Bom dia, princesa. Faz tempo que você acordou? Acho que dormi demais.

— Você não dormiu demais, sou eu que tenho o costume de acordar cedo, mas não
passa das oito horas da manhã — ela fala, antes que eu pegue o meu celular para olhar as horas.

— Por favor, não saia daí. Já volto. — Um pouco confusa, ela apenas balança a
cabeça para cima e para baixo acenando positivamente.

Cheio de pressa, deixo o cômodo e vou até o banheiro que fica entre os dois
quartos.

Não estou usando nada além de uma cueca boxer, porque provavelmente tirei as
minhas roupas para me sentir mais à vontade durante a madrugada. Tentando me lembrar em que
momento fiz isso, escovo os meus dentes rapidamente e depois lavo meu rosto.

Assim como a minha mulher fez mais cedo, vou até a cozinha e pego uma xícara
com café puro. Gabriela deve ter preparado para nós.

Cheio de pressa para ficar com a minha garota o máximo de tempo que puder, volto
para o nosso quarto.

Da forma como pedi, Gabriela continua na janela, olhando para a paisagem das
terras prósperas do palácio.

A imagem dessa garota perfeita combinada a paisagem de fora seria o quadro


perfeito para os olhos criativos de um poeta.

Como não posso resistir a ela, me aproximo por trás e abraço sua cintura.

Logo enterro o nariz no seu pescoço e o seu cheiro é como se fosse uma droga
injetada nas minhas veias.

É o segundo dia e já estou completamente viciado no seu cheiro e no calor dos seus
braços. Duvido muito que possa um dia voltar a viver sem essa realidade. É por isso que, mas do
que uma necessidade para o seu próprio bem, preciso me casar de uma vez com Gabriela Peri.
Farei por mim mesmo.

Preciso sentir que ela é completamente minha e que nada e ninguém poderá nos
afastar.

— Agora sim, meu dia começou bem — digo baixinho perto do seu ouvido.
— Eu não lembro a última vez em que dormi tão bem quanto ontem à noite. Deve
ter sido por causa do calor dos seus braços e da cama aconchegante com a qual não estou
acostumada.

— É bom que você se acostume com a cama aconchegante e com os meus braços
em volta da sua cintura, porque será assim todos os dias a partir de hoje.

— É uma promessa? — provoca, ao jogar sutilmente os quadris para trás e esfregar


a bunda no meu pau.

A dúvida é se ela faz de propósito ou é algo involuntário.

Na verdade, uma dúvida muito maior surgiu na minha mente depois que soube que
foi inseminada por engano.

— Essa cestinha onde o nosso filho está dormindo, quem trouxe?

— Foi a senhora Juana. Ela disse que era um presente do príncipe Felipe. Como ele
também tem um filho, provavelmente imaginou que a gente poderia precisar de algo assim.

— Como você encontrou na cozinha todos os ingredientes para preparar o café?


Também foi presente do meu irmão?

— Por iniciativa própria, a senhora Juana trouxe alguns mantimentos para a gente,
além das minhas malas. Seu irmão Javier também pediu para que ela trouxesse algumas peças de
roupas para você.

— Todos eles estão sendo maravilhosos com a gente — comento.

— Muito. Estou impressionada, porque de onde venho as pessoas não costumam se


preocuparem umas com as outras. Na verdade, elas costumam se preocupar apenas com o
próprio bem-estar.

— Acabou, meu anjo — digo, então enfio o nariz no seu pescoço novamente e
mordo a sua carne macia e cheirosa.

Depois de tomar um novo gole no seu café, Gabi pega a xícara da minha mão e
coloca as duas sobre a mesinha que fica ao lado da janela.

Então Gabriela vem para os meus braços e, na ponta dos pés, beija de leve os meus
lábios.

— Posso saber o porquê disso? Você não parece ser do tipo que toma a iniciativa,
ainda não, mas ensinarei tudo que precisa saber.

Jogo uma piscadinha, e adoro o fato de as suas bochechas corarem como se fosse
uma adolescente sempre que algo a desconcerta.
— Estou feliz, porque tudo o que aconteceu ontem não foi um sonho. Estou feliz
por pertencer a você e a mais ninguém. É diferente com você ao meu lado, porque mesmo
estando em um compromisso que nos prende um ao outro, me sinto mais livre do que um
pássaro.

— Que bom ouvir essas palavras, princesa. Eu gosto muito de você, mas se um dia
eu sentir que precisa de espaço e que estar ao meu lado não é o que você quer, te deixarei livre,
mesmo que parta o meu coração e que eu nunca mais volte a ser o mesmo.

Eu não estou falando da boca para fora. Seria a pior sensação da minha vida a
deixar ir, mas não sinto que seria capaz de privá-la de algo, mesmo que seja a sua liberdade
longe de mim.

Eu não quero que o fato de termos um compromisso e de nos gostarmos se torne a


sua nova prisão.

Da minha parte, só me resta dar motivos para que queira ficar todos os dias. A farei
tão plenamente feliz, de uma forma como nunca foi, que nunca desejará ir para longe de mim.

— Ignácio, eu sempre vou querer estar com você, e não digo apenas porque me
salvou. Estou falando porque não sei se consigo mais passar um dia longe do seu calor e do seu
sorriso. — Mais uma vez fica na ponta dos pés e beija de leve os meus lábios.

Cada vez que faz isso, mais Gabriela se sente à vontade e eu gosto do fato de se
sentir à vontade comigo.

— Digo o mesmo, querida.

— Eu preciso te falar uma coisa… — diz, parecendo constrangida.

— Você sabe que pode falar o que quiser, não sabe? Eu nunca vou te julgar.

— Eu sei, mas não é fácil ser direta dessa forma.

— Apenas fale de uma vez e permita-me lidar com o que quer que seja.

Se acreditei que tinha visto essas bochechas vermelhas antes, foi porque não tinha
visto como está agora. O seu rosto parece um tomate maduro.

— No meu coração, sinto que pertencemos um ao outro desde o momento em que


você invadiu o meu quarto na casa do barão e me trouxe com você. Em termos prático, me
sentirei mais segura de que nunca te separarão de mim quando nos casarmos, mas ainda faltam
semanas para que o nosso casamento realmente aconteça.

— Aonde você está querendo chegar, pequena?

Eu imagino, mas não sei se ela me faria tão feliz.


Será que a Gabriela seria capaz de pedir o que tanto desejo fazer com ela?

— Eu te pertenço de alma, mas não de corpo. Quero que você faça sexo comigo e
me tenha de todas as maneiras que são importantes.

Porra, o seu pedido e a forma como fala naturalmente, apesar do constrangimento,


deixa o meu pau imediatamente duro novamente.

Meu coração dispara e a minha vontade é de pegá-la nos meus braços como um
homem das cavernas e simplesmente jogá-la na cama. Abrir suas pernas e meter na sua boceta
até não ter mais força no meu corpo para continuar metendo.

Então respiro fundo, tento voltar para o meu eixo e a encaro para ter certeza de que
não está pedindo por algo que não quer de verdade e está falando apenas porque acredita que é o
que deve fazer.

Todavia, pela forma como está mordiscando o lábio inferior, sei exatamente o que
Gabriela quer.

Ela quer transar comigo tanto quanto quero transar com ela aqui e agora.

Porra. Essa garota é mesmo de verdade?

— Você tem certeza? É mesmo o que deseja?— pergunto, embora a verdade esteja
estampada no seu rosto.

— Eu quero que você me ensine a como te dar prazer, que também aprenda a como
agradar o meu corpo, porque quero te fazer feliz na cama todos os dias. Com a minha boca, com
as minhas mãos e com a minha boceta, quero te agradecer todos os dias por ser meu e por
mostrar que posso ser feliz.

— Você quer fazer agora?

Por favor, diga que sim.

— Sim, agora.

Ousada de uma forma que não imaginei que poderia se tornar tão rapidamente,
minha garota ergue os braços e se livra da minha camiseta que estava cobrindo o seu corpo.

Não fico surpreso de perceber que não havia nenhuma peça íntima por baixo do seu
corpo, porque ela provavelmente também se incomodou com as vestimentas durante a
madrugada, viu minha camiseta descartada na cama e a vestiu depois que se despiu das próprias
roupas.

Agora há pouco, acordei duro por causa das reações naturais do corpo masculino,
então ela deixou-me ainda mais duro com a visão da minha camisa cobrindo o seu corpinho
gostoso enquanto apreciava a bela paisagem do lado de fora.

Mas realmente enlouqueci e fiquei prestes a gozar sem qualquer estímulo quando
pediu para transarmos.

Agora que estou vendo diante dos meus olhos o seu corpo completamente nu pela
primeira vez, sinto que posso explodir de tesão a qualquer momento.

Para apreciar melhor a visão do seu corpo, dou um passo para trás e, porra, essa
garota deve ser a mulher mais perfeita que existe sobre a face da terra. Ela foi desenhada com um
pincel pelo seu maldito pai e pela mãe que a abandonou sem olhar para trás.

A sua pele é clara e todas as suas curvas são proporcionais ao seu peso e a sua
altura. A cintura é fina e os seus quadril são mais largos.

Não preciso ver agora para ter certeza de que a sua bunda é perfeita, assim como
seus seios são empinados e grandes.

Se o rosto parece o de um anjo com seus olhos enormes e azuis, em conjunto com
os cabelos de fios curtos e loiros, o seu corpo é o pecado encarnado.

Com esse anjo do pecado, estou disposto a pecar até não haver mais salvação para a
minha alma.

Não preciso que haja salvação para a minha alma, porque, para ter o corpo dessa
mulher e seus gemidos de prazer no meu ouvido, vou para o inferno com um sorriso de orelha a
orelha.

Ávido, com as mãos coçando para tocá-la e com a boca salivando de vontade de
provar a sua pele, elimino a distância que nos separava e faço um carinho no seu rosto.

— Tudo o que eu mais quero é te comer e te tornar minha mulher em todos os


sentidos a palavra e da forma que tanto deseja, da forma que eu mesmo desejo com loucura. Mas
antes preciso fazer uma pergunta importante.

Eu sabia que esse momento chegaria.

Por alguma razão que não faz nenhum sentido, estou nervoso e ansioso pela
resposta.

Quero uma resposta que no final das contas não fará nenhuma diferença, porque
nada será capaz de me impedir de ter essa garota gostosa empalada pelo meu pau hoje.

Ela é minha e deixou claro com todas as letras que deseja o mesmo que eu.

— Pergunta? — Ela está curiosa e um pouco nervosa agora.


— Eu quero que me diga se você é virgem ou não — falo sem fazer rodeios.

A forma como desvia o olhar e por um momento abaixa a cabeça enquanto


mordisca o lábio inferior, um claro sinal de nervosismo, estou começando a conhecê-la para
saber disso, é a resposta que preciso.

Ainda assim, preciso que fale com todas as letras.

— Claro que sou virgem, Ignácio. Com toda razão, concluiu que eu não era porque
tenho um filho, mas também deveria ter se questionado como tive a oportunidade de transar
quando não podia nem mesmo sair de casa. Eu não conheci rapazes, príncipe. Antes de você,
sequer havia beijado na boca e tenho certeza de que percebeu. Com você, estou tendo a minha
primeira experiência com homens em todos os sentidos da palavra.

— Não é perigoso se apegar tanto e se casar com o homem com quem está tendo as
suas primeiras experiências?

Por que estou fazendo essa pergunta?

É como se eu estivesse querendo me sabotar.

Por outro lado, não estaria sendo justo com ela se não fizesse.

Apesar da forma como tudo está acontecendo entre nós dois, não posso esquecer
que sou um homem de trinta e seis anos de idade e que a minha noiva tem apenas dezenove.

Qualquer outra garota da sua idade naturalmente teria menos experiência do que eu,
mas no seu caso em específico tem menos ainda.

Não queria admitir, mas se um lado meu desejava ouvir que ela nunca foi tocada
por outro homem antes de mim, esse é o meu lado homem das cavernas falando mais alto, o
outro lado se sente levemente inseguro e com medo de que possa em algum momento desejar ter
outras experiências com outras pessoas.

— Quero que entenda que antes de você eu sequer tive o desejo de estar com um
homem. Relacionamento era algo do qual não sentia falta na maior parte do tempo, porque a
minha vida era complicada demais e tinha mais preocupações na minha cabeça do que ilusões de
uma garotas sem experiência com o sexo masculino. Mas bastou te olhar que todas as vontades
que nunca havia experimentado vieram a tona.

“Não é sobre as novas experiências, príncipe. É sobre você, se não fosse você e o
que me faz sentir, eu não estaria pedindo com todas as letras para que transe comigo. É você que
desperta o meu corpo. Mais ninguém. Eu quero você hoje, amanhã e sempre. Apenas você.”

Essa garota realmente sabe como me surpreender e me deixar sem fôlego.

Para provar um ponto, e para me atiçar ainda mais, embora eu tenha certeza que ela
não faz ideia do que está fazendo, Gabriela leva a mão até a frente da minha calça e segura o meu
pau duro.

— Querida, não comece a brincar com o fogo. Você ainda não está em condições
de se queimar — falo e pisco para ela, que afasta a mão do meu membro.

Então, porque já me entreguei e estou doido para ensinar para ela sobre todos os
prazeres da carne, enlaço a sua cintura.

— O nosso filho? — lembro-me do Yuri antes de começarmos. — Ele não vai


acordar?

— Não agora. Ele foi bem alimentado há pouco, e com a barriga cheia dormirá
durante algumas horas.

— Que bom, porque vou precisar de horas para satisfazer o seu fogo, minha gata
selvagem.

Com uma mão, porque a outra está ocupada deslizando da sua cintura para as
bochechas da sua bunda, desço a boxer pelas minhas coxas e então me livro da peça, ficando tão
pelado quanto ela.

Dessa vez, Gabriela não se assusta com o tamanho e a espessura do meu pau,
afinal, não é a primeira vez que está vendo.

Mas aposto que está apreensiva e com medo de que não caiba. Mas vai caber, e
acredito que chegará o momento em que Gabi perceberá que a sua boceta foi feita para receber o
meu pau constantemente.

Para começar a esquentar o clima, seguro os cabelos da sua nuca, trago a boca
gostosa para mim e a beijo de leve no começo.

Por vários minutos, apenas brincamos com as nossas bocas entre beijos brincalhões
e beijos intensos em que fodemos com a boca.

É impressionante como minha noiva aprende rápido, porque seu primeiro beijo foi
no dia do nosso noivado e ela já parece ser especialista. Beija tão bem que eu poderia
simplesmente passar horas e horas com a boca na sua

Enquanto nos beijamos no centro do quarto, também nos tocamos e exploramos o


corpo um do outro com as pontas dos nossos dedos, nos conhecendo primeiro através dos
toques.

A minha mão, sempre afoita quando se trata dela, desliza para a sua bunda. Aperto
as bandas macias e cheias, depois a puxo na minha direção e deixo com que sinta a minha pele.
Contra a sua barriga, o meu pau está expelindo líquido pré-gozo e mal começamos a brincar.
Não suportando mais apenas beijar, pego-a em meus braços e ela solta um gritinho
de contentamento quando a jogo na cama deitada de costas.

Safada, como se não fosse a sua primeira vez, Gabi afasta as pernas e com uma
mão aperta seus mamilos úmidos por causa do leite materno.

Essa mulher é gostosa de qualquer jeito, mas o fato de ser mãe do meu filho e está
amamentando é um afrodisíaco a mais que a torna ainda mais desejável para mim.

Por um momento, fico em pé ao lado da cama, apenas apreciando essa mulher


deliciosa que está aberta e pronta para receber o meu pau na sua bocetinha virgem.

Porra, o fato de ela ser virgem me deixa ainda mais insano de tesão, me deixa
satisfeito como se eu fosse o primeiro homem da face da terra que irá deflorar uma virgem.

Mas o que realmente mexe comigo é saber que serei o primeiro a tocá-la.
Literalmente o primeiro, porque antes de mim sequer tocou sua boca na boca de um garoto. Ela
não tocou outro homem de forma alguma antes de mim.

Saber disso me faz sentir tanta paixão que quase fico tonto.

Nunca fui assim, nunca foi tão intenso e ainda nem fiz sexo com ela.

A vontade que eu tenho é de foder tão duro que Gabi gritará até ficar rouca, mas é a
sua primeira vez e preciso que seja bom o suficiente para que queira repetir.

Eu preciso que seja bom o suficiente para que sempre se lembre de como se
entregou ao seu futuro marido aos dezenove anos de idade.

Então arrasto-me sobre os joelhos pela cama, coloco as suas pernas em cada um dos
meus ombros e afundo o meu rosto na sua pequena boceta, que para a minha surpresa está
molhada para mim.

Se eu estava de pau duro, minha garota também estava toda molhada e com vontade
de foder enquanto nos beijávamos e falávamos sobre sexo.

Esfomeado, como se eu não tivesse comido a sua boceta até me fartar ontem,
mordisco a sua carne cálida, lambo seus lábios vaginais e enfio a língua no seu canal apertado e
virgem.

Eu a como até que a minha mandíbula fique sensível novamente. Eu a fodo até que
me obrigue a cobrir sua boca com a mão, para que seu grito enquanto goza não acorde o nosso
filho.

Ele simplesmente não pode acordar agora e atrapalhar a nossa foda.

Enquanto fodo Gabi com a boca, também masturbo o meu pau de maneira lenta.
Estou pronto para gozar, mas me seguro, porque só quero fazer isso quando estiver dentro da sua
bocetinha. Eu só vou gozar quando tiver rompido o hímen da sua virgindade e a tornado minha
definitivamente.

Porque nenhum papel oficial que nos declarar esposo e esposa poderá se comparar
ao fato de que nos pertenceremos tão completamente quando os nossos corpos estiverem
intimamente conectados, pele com pele e coração com coração

Na mesma sintonia.

É isso que quero tanto, a ponto de quase gozar só de pensar.

Mesmo quando seu corpo se acalma, continuo chupando, agora com menos pressa e
saboreando a delícia que é o gosto da bocetinha no qual estou ficando viciado.

Porque não posso mais aguentar e por sentir que ela está quase chorando de
vontade de me dar a boceta, deslizo sobre o seu corpo até ficar entre as suas pernas, que se
arreganham ainda mais para mim.

— Safada! Você é inocente, mas é naturalmente gostosa e safada.

— Só para você, meu príncipe de gelo.

— Isso aqui parece ser de gelo para você? — provoco, ao esfregar o meu pau duro
entre as dobras úmidas da sua boceta.

Por sua vez, ela se segura nos meus ombros, pois sabe que a brincadeira começará a
ficar muito intensa.

— É porque comigo você se torna fogo puro — fala toda convencida, mas não
poderia estar mais certa.

Nunca fui assim.

Provavelmente nunca será assim com outra pessoa além dela. Eu vivi trinta e seis
anos sem sentir tanta paixão. Uma paixão que arde a ponto de me consumir e ameaçar me tornar
combustão pura.

Durante alguns segundos, esfrego o meu pau entre as suas dobras vaginais, sentindo
a umidade se acumular no seu sexo, enquanto alterno brincar com seus seios que vazam leite,
mas nenhum de nós dois se importa. Tudo o que importa é o nosso desejo no momento.

Enquanto nos tocamos de maneira safada, fazendo os nossos corpos dançarem


sobre a cama em perfeita sincronia, também nos beijamos de língua com os olhos abertos, um
testando a reação do outro através do olhar.

As pupilas dos seus olhos estão dilatadas de tanto desejo e tenho certeza que as
minhas também estão.

É isso que fazemos um pelo outro.

Tanta paixão, e estamos apenas começando.

Imagino como será a loucura quando estivermos acostumados um com outro na


parte do sexo.

— Tem certeza que já está pronta, linda? Estou a ponto de meter na sua bocetinha e
não haverá mais volta para isso depois que fizer. Apenas tenha a certeza de que quer perder a
virgindade agora e comigo.

— Não há nada que eu queira mais do que me entregar para você nesse momento,
príncipe Ignácio. Por favor, me faça sua tanto quanto possível. Faça-me sua mulher agora.

— Sempre, minha princesa. Sempre — a última palavra sussurro no seu ouvido.

Então, mantendo o seu olhar preso no meu, seguro o meu pau entre os nossos
corpos e o posiciono na entrada do seu sexo.

— Agora quero que você relaxe para que não seja doloroso.

Em vez de falar, ela balança a cabeça positivamente. Ainda assim, por um


momento não consegue relaxar, então brinco um pouco mais com seus mamilos e beijo a sua
boca, até sentir que o seu corpo finalmente está do jeito que preciso.

Ao separar os nossos lábios novamente, olho nos seus olhos, e em vez de entrar
centímetro após centímetro, meto todo o meu pau de uma vez, rompendo o hímen da sua
virgindade.

Quando o grito de dor que certamente acordaria o nosso filho escapa pela sua boca,
a minha cobre os seus lábios e em seguida a beijo intensamente.

Um beijo rápido, apenas para calar seu grito.

Gabi está com os olhos cheios de lágrimas enquanto eu, atento a cada reação sua,
permaneço sem me mover dentro da sua boceta.

E quanto mais intenso o nosso beijo se torna, mais sinto que o seu corpo está
naturalmente começando a aceitar a invasão do meu pau.

É assim que tem que ser, porque o ato de tirar a sua virgindade como me pediu é
apenas o começo do que farei por ela.

Porque, de uma forma que não sei como aconteceu, estou me apaixonando muito
rapidamente porque Gabi Peri.
Se for para ser sincero comigo mesmo, precisarei admitir que estou começando a
acreditar que foi paixão à primeira vista, no momento em que a vi deixando uma cesta com
maçãs voar pelos ares e nem sabia qual era o seu nome.

Até conhecer a Gabi, acreditava que havia experimentado a sensação de estar


apaixonado. Acreditava que havia amado Jane e que o meu senso de responsabilidade tinha sido
o motivo que me levou a não lutar pelo nosso amor.

Agora sei que não lutei porque não era amor o suficiente.

Agora sei o que é sentir uma paixão tão profunda que nada além dessa pessoa e o
desejo de fazê-la feliz importa.

— Está tudo bem, amor? Eu posso começar a me mover?

Com lágrimas nos olhos, me compadeço porque não deve ser confortável a invasão
quando o meu membro é maior do que a média e sua boceta é pequena e apertada, balança a
cabeça dizendo que sim.

Muito linda.

Corajosa.

E minha.

Tão minha que esse desejo dói na minha alma.


Eu havia lido antes sobre a dor de ter o hímen rompido, mas não imaginei que
pudesse ser uma dor tão intensa.

Ainda assim, quando lágrimas enchem os meus olhos, não é por causa da dor, mas
pelo sentimento de felicidade por estar me entregando de corpo e alma para o homem por quem
estou apaixonada.

Pode parecer precipitado, considerando a forma como cresci reclusa e sem contato
com o sexo oposto, mas, no fundo do meu coração, sei que esse sentimento tão forte que me cega
e ao mesmo tempo me torna lúcida é paixão.

Na verdade, é amor.

Eu amo esse homem.

Eu amo o meu príncipe, o pai do meu filho

O meu noivo.
Amo o homem que tem o membro completamente enfiado dentro da minha boceta.
Eu sei que, apesar do desconforto de agora, em algum momento se tornará menos doloroso e que
sentirei prazer.

Porque Ignácio não faz nada pela metade.

Beijando o meu rosto e a minha boca com carinho, ele me faz distrair da dor da
invasão, e então, depois de alguns minutos, começa lentamente a tirar e colocar o pau no meu
sexo.

É estranho quando deixa apenas a cabeça robusta que está me alargando e trazendo
a sensação de que estou sendo rasgada de dentro para fora.

Quando ele sai arde, e quando volta a meter novamente arde mais ainda.

Por um momento, chego a acreditar que estava enganada e que sexo não pode ser
bom de maneira alguma. Todas as mulheres que são viciadas nisso devem ser loucas.

Todavia, conforme o tempo vai passando e o meu namorado me tocando com as


mãos e com a boca, enquanto continua tirando e metendo no meu sexo, começo a esquecer o
desconforto e a realmente sentir prazer com o ato de transar pela primeira vez

E quanto mais o meu noivo me penetra, mas sinto o prazer se aproximando pouco a
pouco.

Depois de vários minutos dele metendo lentamente, sei que é uma tortura quando
está na cara pela forma que o seu maxilar está apertado que gostaria de me comer com força,
começo a sentir o orgasmo se aproximando.

Os meus olhos começam a rolarem para cima de prazer, a dor realmente é


esquecida e a sensação de estar sendo rasgada por dentro já não é mais incômoda, na verdade é
muito boa e prazerosa.

É como uma ferida que causa prazer e vontade de nunca mais parar.

É apenas quando acelera um pouco mais as estocadas na minha boceta que Ignácio
coloca a mão entre os nossos corpos, manipula meu clítoris e me faz explodir em um orgasmo
tão intenso que lágrimas escorrem pelos meus olhos. São lágrimas involuntárias, o meu corpo
respondendo a descarga sensorial.

Enquanto o meu corpo se desfaz, Ignácio continua metendo com um pouco mais de
força e intensidade. Então ele também goza, enchendo a minha boceta com o seu esperma.

Não posso deixar de pensar que se engravidar dessa vez será pelo método
convencional.

Nós dois não usamos camisinha e nem falamos no assunto antes de começarmos a
transar.

Mas não estou preocupada.

Essa é a verdade.

— Porra! Acho que perdi a cabeça com você, amor. Por um momento, esqueci de
que era a sua primeira vez e que deveria ser cuidadoso. Me perdoa — fala, ainda completamente
dentro da minha boceta.

— Você não tem nada para pedir perdão, porque também me perdi. Doeu, mas
depois da dor veio o prazer e nunca vou me esquecer da manhã em que perdi a minha virgindade
para o meu futuro marido. — Agora que as lágrimas foram, há um sorriso de realização no meu
rosto.

Eu não acredito que fiz sexo, quando acreditava que morreria virgem.

Não acredito que fiz sexo com um príncipe, o homem por quem estou apaixonada.
O homem com quem vou me casar muito em breve.

A vida é boa.

— Que sorriso é esse no seu rosto? — meu noivo pergunta quando sai com cuidado
de dentro da minha boceta e deixa a cama.

Em seguida, ele volta com uma flanela úmida nas mãos. Não deveria ficar
constrangida depois de tudo o que fizemos, mas fico quando afasta um pouco as minhas pernas e
começa a passar o pano úmido para limpar a mancha de sangue que estava cobrindo a minha
boceta e melando entre as minhas coxas.

Sensível e bastante dolorida, ainda consigo ficar um pouco excitada por causa do
seu toque na minha carne castigada.

— Eu imagino que você não faça uso de nenhum método contraceptivo —


comenta.

— Não — confesso.

— Não usamos preservativo.

— Eu sei — devolvo. Estou gemendo, e não é apenas pela sensibilidade dolorida


no meu sexo.

Seu toque nada sexual arrepia a minha pele e faz o meu corpo reagir.

— Não te causa preocupação?


— Nadinha — digo a verdade, Ignacio abre um sorriso bonito.

Eu posso me acostumar com esse sorriso. Como ele não é um homem que sorri para
todo mundo o tempo todo, sinto-me envaidecida por acreditar que sou especial o suficiente para
ter muitos sorrisos apenas para mim.

Acredito que a minha resposta deixou claro que a gravidez de um filho seu não
seria a pior notícia do mundo para mim. Aparentemente, para ele também não seria,
considerando que deixa o assunto morrer facilmente.

Depois de me limpar, meu noivo descarta a flanela, se deita na cama ao meu lado e
me puxa para um abraço.

Deito a minha cabeça no seu peito, amando o calor, a umidade e o cheiro do seu
suor misturado com perfume.

O sexo me deixou um pouco sonolenta, mas o fato de o meu homem estar


acariciando de leve meu couro cabeludo com seus dedos deixa ainda mais.

— Foi bom para você? — questiona.

— Diria que foi mais do que bom. Você me fez feliz — digo com sinceridade.

Foi especial.

— Que bom ouvir isso, princesa. Agora quero que descanse, pois quando acordar
você terá um dia de conto de fadas

— O que está querendo dizer com isso?

Parece ser algo bom.

Vindo desse homem perfeito, sei que será.

— Na hora certa, você saberá — fala com o tom de voz misterioso. — Mas antes
quero que reponha suas energias.

Claro que não consigo dormir imediatamente, porque, apesar do esgotamento físico
causado pelo sexo, a minha adrenalina está no alto.

Todavia, com suas carícias mais inocentes, acabo caindo no sono.

Eu durmo com um sorriso no rosto depois da entrega que tivemos. Durmo com um
misto de ansiedade e um frio na barriga, porque sei que quando acordar ele dará um jeito de me
fazer mais feliz.

Depois de tantos anos, estou pronta para ser feliz até transbordar.
Que a felicidade vire rotina na minha vida.

Ao seu lado, desconfio que esse desejo se tornará realidade.

Estou pronta para me sentir viva.

Sempre estive sedenta por viver, não apenas sobreviver.


CAPÍTULO 20
Quando acordo depois de algumas horas, faço com a sensação de que estou prestes
a gozar, mas não é possível.

Eu estava dormindo profundamente e…

Quando os gemidos escapam pelos meus lábios, ainda sonolenta pisco algumas
vezes olhando para o teto. Então meu corpo se contorce sobre a cama, porque ele tem vida
própria e não está conectado com meu cérebro no momento.

— Assim…— a palavra escapa da minha boca quando levo a mão para um dos
meus seios, cujo mamilo está dolorido, porque provavelmente está na hora do meu filho ser
amamentado.

O meu filho!

Esqueci completamente do Yuri, o que me torna uma péssima mãe.

Quando tento me sentar, uma mão grande aberta sobre a minha barriga segurando-
me no lugar com firmeza impede.

Então jogo-me deitada sobre a cama novamente e ouço a voz sexy e rouca que
deixa claro que meu noivo também acabou de acordar

— Preciso cuidar do nosso filho.

— Você estava tão cansada que acabou apagando completamente, mas quando ele
começou a chorar na cestinha, eu o peguei e coloquei ao seu lado na cama. O nosso filho é tão
esperto que encontrou seu seio, sugou por um tempo como um bezerro esfomeado e depois
voltou a dormir novamente.

Ouço seu relato e sinto minhas bochechas ficando quentes quando percebo que
meus mamilos estão doloridos por motivos que não têm nada a ver com o meu bebê.

— Ele realmente é muito esperto…— a última palavra quase não sai da minha
boca, porque estou perdida demais nas sensações para ser capaz de formar frases coerentes. —
Você pode continuar o que estava fazendo?

Apesar da minha boceta está sensível por causa da perda da virgindade mais cedo, a
forma como está me chupando e lambendo em todas as partes serve como calmante para a
sensibilidade e também para fazer-me tremer de prazer.

— Não precisa pedir, amor. Eu poderia passar o dia inteiro com o rosto na sua
boceta e nunca me cansar — afirma, então enfia um dedo no meu sexo e começa a me penetrar
enquanto me come. — Você é tão gostosa, noivinha. Eu estou viciado, porra!

— E eu estou viciada na sua boca — afirmo, então começo a brincar com os meus
mamilos, porque descobri recentemente que ajuda a aliviar um pouco a dor do tesão.
Acredito que o meu noivo estava brincando com o meu sexo vários minutos antes
de eu abrir os olhos, porque já estou praticamente gozando.

— Faça-me gozar, por favor...

— Tudo o que você quiser, Gabi.

Malvado, o meu príncipe começa a meter o dedo mais profundamente no meu sexo
e a me lamber com mais vigor.

— Assim! — Dessa vez não tenho uma mão tapando a minha boca e o meu grito
acaba fazendo com que o meu filho acorde e comece a chorar desesperadamente por causa do
susto.

O problema é que agora estou gozando tão fortemente que sou incapaz de pensar
com clareza ou de fazer com que o meu corpo reaja para que eu vá até o meu bebê, embora
minha mente esteja implorando para que eu faça isso.

Mostrando que é acima de tudo pai, meu príncipe deixa o meu corpo largado sobre
a cama enquanto tento acalmar a minha respiração e os tremores do meu corpo.

Ele vai até onde o nosso filho está, o pega em seus braços e tenta acalmá-lo
novamente.

— Perdoe a sua mãe, meu bebê. Ela ficou feliz demais com a brincadeira que o
papai estava fazendo e acabou gritando sem querer — ele conversa perto da janela ao balançar o
Yuri.

É impressionante como Ignácio leva jeito com o bebê. Ele parece ter a experiência
de um homem que é pai de cinco.

A cena é linda, mas meus pensamentos insistem em irem para cenários mais
libidinosos.

Jesus! Se eu for acordada com a boca do meu homem na minha boceta todos os
dias, a partir de hoje serei a mulher mais feliz do mundo.

Quando finalmente a minha mente deixa de ser apenas sexo, sento-me com as
costas contra a cabeceira da cama e o fato de estar completamente nua não me constrange nem
um pouco.

Ignácio não está nu. Em algum momento, ele vestiu a cueca boxer novamente.

— Você sempre quis ser pai? — ocorre-me perguntar agora.

— O desejo surgiu há uns dois anos, mas comecei a colocar em prática quando meu
pai me fez perceber que eu realmente casaria por conveniência. Além da vontade de ser pai, tinha
certeza de que te odiaria e que não sentiria o desejo de te tocar nem mesmo com uma vara de três
metros. Eu queria ser pai, mas não queria que você fosse a mãe.

Apesar de saber que não é pessoal, porque o príncipe não me conhecia e no fim das
contas eu também fiz um juízo errado dele, suas palavras machucam um pouco.

— Fico feliz em saber que você tinha uma opinião tão boa a meu respeito.

— Tão boa quanto você tinha de mim — devolve, olhando-me por cima do ombro
enquanto continua balançando o nosso filho, que se acalmou e está apenas choramingando agora.
— A vida quis me dar um filho justamente com a mulher de quem pretendia manter distância e
estou muito feliz com essa realidade, apesar de tudo. Sei que você é uma mãe maravilhosa e
pretendo te dar muitos bebês tão lindos quanto o Yuri, se for o que também deseja.

— Sempre fui muito sozinha, Ignácio. Então com certeza quero ter uma família
grande e não me importo de começarmos agora.

— O que está querendo dizer?

Apesar de ter passado apenas dois dias, posso dizer que esse homem está
começando a me conhecer bem. Ele sabe quando tem algo por trás das minhas palavras, mesmo
quando não sou tão clara.

— Eu não ficarei triste se o fato de não termos usado camisinha ontem à noite fizer
com que eu engravide.

— Está falando que posso continuar transando com você sem qualquer proteção?

— Se quiser. — Dou de ombro como se não fosse nada, mas na realidade é tudo o
que eu mais quero.

Estou desesperada para viver, como se eu estivesse com os meus dias contados.
Mas a verdade é que estou apenas tentando abraçar o mundo com as mãos, porque fui privada de
viver durante a minha vida quase inteira.

Quando a oportunidade de ser feliz surge, a melhor coisa que qualquer pessoa faz é
abraçar essa oportunidade e se jogar de cabeça.

Além do mais, mesmo quando as circunstâncias eram desfavoráveis, se tornar mãe


foi a melhor coisa que aconteceu com a minha vida.

— É tudo o que eu mais quero, meu amor. Eu quero tudo com você desde o
momento em que coloquei essa aliança no seu dedo — declara, um sorriso rasgado surge no meu
rosto

É isso, posso me acostumar a sorrir assim todos os dias.


Depois que Ignácio consegue fazer com que Yuri pare de chorar, ele o entrega nas
minhas mãos e eu o amamento durante um tempo.

Passamos vários minutos sentados na cama conversando sobre as nossas vidas e


depois fazendo planos para o dia de hoje, embora ele não queira dizer muito a respeito do que
faremos e para onde iremos quando sairmos de casa.

Depois descemos para a sala, ficamos mais um pouco passando o Yuri de um para
o outro, porque nós dois estamos completamente apaixonados pelo nosso bebê recém-nascido.

Quando ele se cansa e volta a dormir novamente, passa das duas horas da tarde e
nós percebemos que não comemos nada no dia de hoje.

Então deixamos o pequeno dormindo na cama e tomamos banho juntos. Um banho


demorado, no qual nos tocamos com as nossas mãos e as nossas bocas, mas não fazemos sexo,
porque meu príncipe está respeitando o fato de que estou dolorida por causa do sexo inaugural
mais cedo.

Como Ignácio não disse para onde iremos, opto por um vestido azul com flores
amarelas e que não alcança metade das minhas coxas. Ele é de alça e um pouco decotado, mas
me deixa bonita no estilo romântico sexy.

Nos pés coloco sandálias de dedos e sem saltos.

Quanto ao rosto, dispenso a maquiagem e deixo os meus cabelos soltos.

Como sempre, o príncipe está lindo com a sua roupa casual, que consiste em uma
calça de lavagem escura e camisa branca gola polo.

Depois que nos arrumamos, pego uma bolsa pequena e meu noivo segura nosso
bebê dentro do cestinho, antes de deixarmos a casa e caminharmos em direção ao palácio.

Ao chegarmos, meu noivo e eu vamos direto para cozinha à procura de algo para
comermos.

Apesar de ser tarde, felizmente ainda há comida recém-feita no fogão. Juana serve a
gente na cozinha mesmo, enquanto uma das garotas que trabalha como ajudante na cozinha pega
Yuri dos meus braços.

Depois que terminamos de almoçar, conversamos e decidimos que é melhor que o


nosso bebê fique em casa, porque não sabemos que horas votaremos e ele pode se cansar.

Antes de sair, tiro leite do meu peito e deixo duas mamadeiras de reserva para
quando o meu filho sentir fome nas poucas horas em que ficarei fora de casa.

Sinto um aperto no coração por sair e deixá-lo, mas meu príncipe me convence de
que é o melhor para ele, porque é novinho demais para ficar perto de tantas pessoas. Também é o
melhor para mim, que preciso de algumas horas dedicadas apenas a mim.

No fim, acabo dando o braço a torcer.

Enquanto ele dirige com uma mão só e tem a outra sobre a minha perna, observo a
paisagem pela janela, porque a capital de Solari é muito bonita e arborizada.

— Não vai me dizer mesmo para onde estamos indo?

— Eu já disse que estamos indo para o centro — ele fala, mas sabe que preciso de
mais informações.

— E o que estamos indo fazer no centro?

— Você verá quando chegarmos. Não seja ansiosa, loirinha — diz, ao entrelaçar os
nossos dedos e beijar a palma da minha mão.

Como hoje é uma tarde de sábado, é claro que o centro da capital está movimentado
e cheio de pessoas quando o meu noivo estaciona seu carro.

Nós estamos em uma rua cheia de lojas. O meu coração acelera, porque não tive a
oportunidade de colocar os pés nessa rua antes. Eu vi em reportagens na pequena TV que tinha
no meu quarto e pelas conversas que ouvia das minhas irmãs.

As vadias falavam alto o suficiente, apenas para que eu ouvisse. Elas gostavam de
jogar na minha cara que toda semana ganhavam vestidos novos e caros.

Elas ganhavam vestidos novos e caros, enquanto eu me contentava com trapos


velhos, alguns que elas descartavam e davam para mim como se estivessem fazendo caridade.

— Chegamos, amor.

— Aqui? — questiono. Ele balança a cabeça para cima e para baixo confirmando,
então envolve minha cintura com o braço quando abre a porta do carro e me ajuda a descer.

Caminhando comigo pela rua, o homem tem um sorriso tranquilo no rosto e está
agindo como se ele não fosse um príncipe belíssimo e cobiçado. Vez e outra, acena para as
pessoas que estão por perto e eu imagino o quanto ele e seus irmãos devem ser amados pelos
súditos.

Ignácio e eu simplesmente estamos caminhando de mãos dadas pelo centro


comercial mais movimentado de Solari. Aparentemente, ele não está preocupado com o fato de
que podemos ser fotografados. Podemos nos tornar alvos de fofocas amanhã.

Se ele não está preocupado, também não ficarei.

Nós não andamos muito. Depois de no máximo cinco minutos, o homem para na
frente da loja de grife mais cara de Solari. Sei disso porque ouvi o nome que está estampado na
placa na frente da loja diversas vezes. Minhas irmãs adoram esse lugar.

Percebendo que farei mais uma pergunta cuja resposta é óbvia, Ignácio
praticamente me arrasta para dentro da loja.

— Ignácio…

— Gabriela, trouxe você para comprar roupas, sapatos e lingeries novas. Tudo o
que você precisar.

— Está querendo dizer que não gosta das minhas roupas? — provoco, para
esconder a minha emoção.

— As suas roupas são lindas, porque tudo fica bonito em você, mas quero que
tenha o melhor. Eu quero que você fique ainda mais linda do que já é, porque se não foi tratada
da maneira como merecia dentro de casa, eu te tratarei como a princesa que é.

— Você não existe, sabia? — Os meus olhos estão marejados, mas ele beija por
cima das minhas lágrimas antes que elas caiam e eu acabo abrindo um sorriso.

— Eu sei que o próximo passo é me agradecer, mas não quero que faça isso. Não
preciso que agradeça nunca por te fazer feliz. Quando te faço feliz, também me faço feliz. Então,
acaba sendo uma troca justa. — Para ele é simples assim.

Sinto que me encher de mimos é também sua forma de demonstrar sentimentos, por
isso aceitarei de bom grado tudo o que tiver para me dar e sem fazer protestos.

No fim das contas, o prazer de fazer algo por mim está estampado no brilho do seu
olhar.

Eu amo esse homem,

Muito.

Um dia ele ouvirá com todas as letras.

Está muito perto, porque sinto que se não colocar para fora esse amor irei explodir.

— Vossa Alteza, que prazer tê-lo no nosso estabelecimento. — Uma mulher ruiva e
bonita se aproxima. Ela está uniformizada, é uma funcionária da loja. — Veio em busca de algo
especial?

Ela não está vendo que estou aqui?

Simplesmente está falando diretamente com ele e apenas com ele, ignorando
completamente a minha existência.
Sou a noiva de um príncipe e filha de um barão para todos os efeitos, então me
pergunto o que uma reles mortal tem que suportar quando entra nesse lugar e não tem as
referências que ela precisa.

— Eu trouxe a minha noiva para escolher algumas peças de roupas, sapatos e


também lingeries se vocês tiverem nessa loja. — De propósito, porque percebeu a forma como
me ignorou, ele olha com certo desdém para o estabelecimento.

— A sua noiva é linda, não será difícil escolhermos algumas peças ideais para ela.

— Eu quero um desfile — Ignácio fala.

— O quê? — a mulher e eu falamos ao mesmo tempo.

— Isso mesmo que você ouviu, traga uma taça de champanhe, porque quero ver
todas as roupas que a minha noiva colocar no seu corpo. — Nesse momento, ele está olhando
para mim.

Deixando a minha timidez de lado, aceno com a cabeça em concordância. Se


Ignácio quer ficar sentado tomando champanhe enquanto desfilo especialmente para ele, então
ele terá o seu desfile particular.

Por gostar de mim e por estar proporcionando experiências que imaginei que nunca
teria, mesmo tecnicamente sendo filha de um barão, farei o que desejar.

Até porque, esse homem sempre testa os meus limites de um jeito bom. Cada
experiência ao seu lado é uma descoberta deliciosa que no final me deixa querendo repetir.

Antes que a moça me leve com ela, ele me puxa para os seus braços sem qualquer
constrangimento e beija os meus lábios demoradamente

Então, enquanto estou sendo puxada pela mão, olho para trás e recebo uma
piscadinha sacana e contente do príncipe mais lindo de Solari.

A loja é maravilhosa com todas as suas opções de roupas, sapatos e lingeries, mas o
que realmente chama a minha atenção são as vitrines de vidro.

O lugar parece ser todo de cristal. Luxuoso como o cenário caro de um filme.

Mas é real e estou aqui para gastar o dinheiro do meu noivo, porque ele é muito
rico.

Conforme o meu gosto pessoal, depois que dou detalhes das cores que gosto, dos
comprimentos e do tipo de vestimenta que cai bem no meu corpo, a vendedora ruiva que se
tornou simpática me leva para um provador e depois busca várias peças para mim. São
combinações de roupas e sapatos.
De vestidos a shorts e saias curtas, começo a colocar roupas e mais roupas
caríssimas no meu corpo. As que ficam melhores levam-me até onde o meu noivo está.

Na primeira vez em que apareço usando um short curtíssimo de seda e um cropped


do mesmo tecido nas cores vermelhas, não me surpreendo com o fato de que ele realmente tem
uma taça de champanhe em uma das mãos enquanto folheia a revista que está sobre as suas
pernas.

Quando nota a minha presença, meu noivo ergue a cabeça e a forma como me olha
de cima a baixo me deixa um pouco envergonhada no bom sentido.

Fico envergonhada, porque está me olhando como se estivesse com vontade de me


devorar e está fazendo isso na frente da vendedora sem o menor pudor.

Quando gira o dedo em um sinal para que eu dê uma voltinha, faço como ele pede e
sinto os cabelos da minha nuca se arrepiarem quando espio por cima do ombro e percebo que
está secando a minha bunda.

Esse homem vai me fazer desmaiar e nós estamos apenas começando.

Quando meu noivo falou que me daria um dia de conto de fadas, não imaginei que
também me faria sentir tesão em uma loja luxuosa.

Então respiro fundo, e quando Ignácio diz que posso levar o look se tiver gostado,
porque ele também gostou, volto praticamente correndo para o provador.

— Você me permite fazer um comentário? — a vendedora pergunta enquanto me


ajuda a livrar-me do primeiro conjunto de roupas.

— É claro — digo, olhando-a através do espelho.

— A mídia estava insinuando que o casamento entre vocês dois seria apenas de
conveniência e que o príncipe até mesmo te desprezava, mas o que estou vendo agora é o
completo oposto. Vossa alteza está a ponto de pular em cima de você e nós mal começamos —
confidencia. — Essas peças serão as menos sexys que você experimentará hoje — seu
comentário me deixa um pouco envergonhada, mas no fundo estou adorando saber que alguém
além de mim percebe a forma como o príncipe me deseja.

Significa que não estou ficando louca.

No final das contas, até que a mulher não é tão ruim quanto pareceu no começo.

Ela é uma esnobe, mas é uma esnobe simpática.

Todas às vezes em que saio do provador e desfilo na frente do meu príncipe, ele me
olha com um pouco mais de tesão.
Eu percebo que ele gostou muito dos vestidos que são mais colados e que deixam
os meus seios empinados. Por causa das suas preferências, que no fim das contas também são as
minhas preferências, termino escolhendo mais vestidos e saias.

Talvez nós dois estejamos com segundas intenções, porque vestidos e saias darão
mais fácil acesso ao meu corpo.

Bastou algumas horas na sua companhia e já sou capaz de ter esse tipo de
pensamento, que provavelmente passou primeiro pelos pensamentos dele.

Depois das roupas e dos sapatos, porque a vendedora me ajudou a fazer as


combinações perfeitas entre os itens, chega a hora das lingeries.

Quando coloco a primeira lingerie azul e me olho na frente do espelho, a forma


como me vejo deixa claro que não sairei desse lugar ilesa.

O pensamento? Ele me excita.


CAPÍTULO 21

Eu deveria ter imaginado que assistir ao desfile particular da única mulher que me
interessa faria o meu corpo reagir como se eu fosse um adolescente na puberdade.

Porque ela merece ter tudo do bom e do melhor, tanto no que diz respeito aos
sentimentos quanto aos bens materiais, trouxe a minha mulher para o centro da cidade. Eu queria
que ela conhecesse outro mundo e que fizesse compras.

Eu queria que Gabriela comprasse novas roupas, sapatos e lingeries, não apenas
porque quero que se vista bem e que se sinta confortável na sua própria pele, mas também
porque ela nasceu para brilhar.

Gabriela é linda demais, e o fato de não ter tido tudo o que merecia na casa do pai
me faz ter vontade de ir até ele agora mesmo e o matar com minhas próprias mãos

Mas me contenho, porque sei que esse momento vai chegar mais dia ou menos dia.

Enquanto esse dia não chega, estou proporcionando pequenas alegrias para a
mulher que sempre mereceu ter o mundo inteiro aos seus pés, mas tudo isso foi arrancado das
suas mãos por causa de um homem covarde.

A intenção de trazê-la até essa loja foi nobre, mas a partir do momento em que a
minha noiva começou a desfilar para mim, o meu corpo começou a reagir com desejo e todo o
resto foi esquecido.

O meu pau começou a endurecer pouco a pouco, de uma maneira dolorosa e que
me fez ajeitar o corpo sobre o sofá diversas vezes, em uma tentativa de aliviar a dor do tesão.

Tive que colocar uma revista sobre o meu colo, para que a vendedora exclusiva não
perceba a minha excitação sempre que passa por mim para devolver e pegar mais peças.

Seria estranho e constrangedor para ela, mas para mim é apenas uma reação física
normal quando estou vendo a minha mulher gostosa desfilando na minha frente e sem poder
tocá-la do jeito que quero, tudo porque não estamos em um lugar adequado.

Apesar de que…

Se comporte homem! Você não pode ter esse tipo de pensamento.

É um príncipe, porra!

Além do mais, não sou mais um jovenzinho de vinte anos de idade que tem licença
poética para cometer loucuras por causa de uma boceta.

Mesmo que seja a boceta da mulher por quem estou apaixonado.

Pois é, estou apaixonado

Talvez eu tenha tentado me enganar durante algumas horas, mas a verdade é que
essa garota me impressionou desde o primeiro olhar.

Eu tinha certeza que seria fácil sair desse lugar sem causar nenhum incidente, mas a
certeza durou apenas até o momento em que ela começou a desfilar de lingerie para mim.

Juro que tentei me controlar, mas falhei miseravelmente.

Falo no passado, porque estou certo de que acabarei fazendo uma besteira
inadmissível para um homem na minha posição e com a minha idade.

Mas, se ninguém souber…

Primeiro ela saiu do provador com a lingerie na cor azul bebê, uma lingerie de
renda, mas que ainda parecia um pouco comportada. Todavia, foi o suficiente para deixar o meu
corpo pegando fogo.

A segunda lingerie era preta e um pouco menor do que a anterior. Eu tive que
apertar os meus punhos para não pegá-la em meus braços naquele momento.

Então veio a lingerie vermelha e eu pensei que seria a minha morte com suas
transparências e tecido nobre.

Mas o que realmente está me matando é o que Gabriela está fazendo agora.

Sabendo que estou completamente desesperado de desejo, Gabriela está mais perto
de mim do que antes. Ela está parada na minha frente, não usando nada além de uma calcinha e o
sutiã na cor branca.

As peças são as mais pequenas que colocou em seu corpo desde que chegamos
aqui. A calcinha não passa de uma tirinha toda transparente na frente, e quando minha noiva dá
uma voltinha, percebo que é pequena atrás também e que o tecido está enfiado na sua bunda.

Quando volta a virar-se de frente, encaro a parte do sutiã que levanta os seus peitos
grandes e os deixam mais suculentos do que já são.

A peça também é transparente e a única parte coberta, mas não completamente, são
os seus mamilos.

É isso, não dá mais para aguentar.

Se não gozar agora, sou capaz de entrar em combustão instantânea e queimar essa
loja inteira.

— E então, aprovou o meu desfile, noivo? — a safada, sabendo o estado que me


deixou, tem a ousadia de me provocar um pouco mais.

Gabriela não sabe que está cutucando uma onça com vara curta?

Bom, está na hora de ela provar o seu próprio veneno e descobrir que não pode
brincar com o seu homem e ficar por isso mesmo.
Gabriela aprenderá muito rapidamente que sempre que ela me provocar, receberá o
dobro de provocação. A diferença é que no meu caso não ficará apenas na provocação.

Em vez de respondê-la, chamo a vendedora que está atrás dela, fingindo que nós
dois não estamos quase trepando na sua presença.

Sinto que a mulher está um pouco constrangida e tentando ignorar a situação. Faz
isso porque sou um príncipe e a minha noiva é a filha do barão Solto Maior.

Eu posso me foder muito por causa dessa atitude, mas não estou sendo exatamente
sensato no momento e tenho ciência disso.

Quando a mulher chega perto e se curva até a altura do meu rosto como pedi, eu
falo:

— Você pode me deixar a sós com a minha querida noiva durante uns trinta
minutos?

— Eu não sei se…

Antes que eu termine de falar, coloco o meu cartão black sem limites na sua mão.

— Em breve pagarei toda a mercadoria que a minha noiva adquiriu e você terá
trinta por cento do valor total gasto direto na sua conta. — Seus olhos arregalam depois que jogo
uma piscadinha que confirma que não, não entendeu errado.

Realmente está sendo subornada para que me deixe a sós com a minha noiva. Estou
tentando a subornar pela oportunidade de dar uns amassos na mulher que é minha e que eu
poderia ter quando e onde quisesse.

O problema é que a quero aqui e agora

Não posso esperar.

Quando olho para Gabi, percebo que ela também está surpresa com a minha atitude,
mas não diz nada. Eu sei que se der certo, ela ficará feliz em fazer sacanagem comigo nesse
lugar.

Eu fico alguns segundos com a mão estendida, mas a mulher acaba pegando o
cartão da minha mão, deixando claro com isso que aceitou o meu dinheiro.

Como se seus sapatos estivessem pegando fogo, ela sai rapidamente da sala onde
minha garota estava provando as roupas e fecha as portas.

Como não quer perder o dinheiro que vai levar de mim, tenho certeza de que ficará
por perto para impedir que qualquer pessoa entre nos flagre.
— Não acredito que você fez isso — Gabriela fala.

— Fiz, não finja que não gostou — assevero, então pego a sua mão e a puxo para
que caia sentada em cima do meu colo.

Ela está sentada em cima de mim, com uma perna em cada lado da minha cintura.
O seus peitos, cobertos pela lingerie que poderia parecer virginal por causa da cor, mas que nela
não é nada mais do que extremamente sexy, estão praticamente enfiados no meu rosto.

Quase a melhor visão de todas, só pede para quando estou com o rosto enfiado
entre as suas pernas.

Como resposta para o meu comentário, a garota que mais cedo era virgem rebola no
meu cacete, sentindo a minha dureza contra o seu sexo.

— Já que você perderá tanto dinheiro por alguns minutos com a noiva que pode ter
quando e como quiser, diga-me o que quer de mim, meu príncipe.

— Eu quero que você chupe o meu pau e que me faça gozar com essa sua boca
perfeita — falo, ao passar o dedo por seus lábios, que são macios ao toque tanto quanto são
macios quando em contato com a minha boca.

Por mais que deseje que ela me chupe, porque ter a sua boca em volta do meu pau
entrou no topo das minhas fantasias sexuais, no momento é apenas um desafio.

Gabriela perdeu a virgindade há algumas horas e não sei se está preparada para ir
além, como fazer um boquete sem ter ideia de como funciona.

Quando tenta sair dos meus braços, seguro a sua cintura com firmeza e impeço.

— Eu estava te provocando, você não precisa…

Antes que eu termine de falar, um sorriso pecaminoso surge na sua boca e, como se
fosse uma mulher muito experiente, ela aproxima a boca da minha e me beija de língua,
dominando-me, porque aparentemente essa garota beija como uma expert.

Ela me beija até deixar-me ainda mais louco de desejo, quando acreditava que não
era possível porque estava no meu limite.

Quando vem a sensação de que estou começando a gozar involuntariamente por


causa da visão do seu corpo gostoso desfilando apenas para os meus olhos, Gabi termina o nosso
beijo molhado e realmente sai de cima de mim.

Então, como se fosse uma divindade do pecado, se ajoelha diante de mim e afasta
as minhas pernas.

— Você não precisa fazer isso, amor.


— Mas eu quero fazer. Você me ensina? — Eu me limito a balançar a cabeça,
porque pelo seu olhar está claro que aceitou o desafio e dará o seu melhor.

Quem sou eu para negar qualquer desejo da minha garota, não é?

Apressado, abro o cinto, o botão e desço o zíper da minha calça. Cheio de


adrenalina pela paixão que estou sentindo e pelo lugar inapropriado onde estamos, desço a peça
com a cueca boxer até a metade das minhas coxas, deixando meu pau duro e orgulhosamente
erguido, livre para ela fazer o que quiser.

Fascinada, a garota safada passa a língua pelo lábio superior e então segura o meu
membro com a sua mãozinha pequena.

Ela começa a me masturbar, subindo e descendo a mão pelo meu comprimento.

— É assim?

— Cuspa na sua mão para que o movimento se torne mais maleável. — Sem
pestanejar e sem fazer expressão de nojo, Gabriela cospe na mão e molha o meu pau com seu
cuspe.

Que tesão da porra!

Quando poderia imaginar que encontraria a minha outra metade em todos os


sentidos da palavra na noiva que eu tinha certeza que iria detestar?

Ela foi feita para mim.

— O que eu faço agora?

— Agora você coloca entre os lábios e começa a passar a língua ao redor da cabeça
— quando sinto sua língua, preciso apertar os meus punhos fechados sobre o sofá para não
encher sua boca com esperma, porque faz muito tempo que estou excitado e louco para gozar.

Faz vários minutos que está me provocando com o seu corpo gostoso e, pela forma
como me olhava, sabia o que estava fazendo comigo.

— Assim, princesa. Você é muito boa — elogio. — Agora preciso que você tente o
levar até o fundo da sua garganta sem engasgar — mal termino de falar quando a garota começa
a me levar para o fundo da garganta.

É impressionante como ela é boa, realmente boa.

Segundos depois, estou literalmente trêmulo de prazer, tendo o meu pau mamado
de maneira um pouco desajeitada e inexperiente, mas extremamente gostosa.

Ela tem ânsia de vômito, então recua e volta a tentar novamente, levando meu pau
cada vez mais fundo na sua garganta.

Gabriela me leva ao limite. Ela não faz ideia do poder que tem sobre mim e não é
só porque sabe como manejar o meu pau tanto com a boceta quanto com a mão e a boca.

Puta que pariu!

— Querida, estou tão perto. Preciso gozar, então sugiro que se afaste para que eu
goze nos seus peitos se não quiser que despeje a minha porra na sua língua.

— Goza na minha boca, amor. Não deve ser tão ruim — brinca e volta a banhar o
meu cacete com seus lábios gulosos, que tenho certeza de que chupará o meu pau com mais
frequência do que trocará de roupas.

Segundos depois, quando Gabriela começa a me chupar com mais vontade, passo a
erguer os meus quadris do sofá e eu mesmo controlo o boquete.

Gabi apenas deixa a boca aberta e os olhos em mim quando começo a gozar forte e
gostoso na sua garganta. Com reflexo e cheia de coragem, minha noiva engole cada gota.

Não deixa nada escapar.

Sua boceta simplesmente sugou todas as minhas energias, mas, ainda assim
encontro forças para a puxar novamente para cima das minhas pernas.

Quando a tenho nos meus braços, sentindo o seu calor e o seu cheiro gostoso, o fato
de estar sem energia não me impede de beijar sua boca por alguns segundos, porque às vezes
sinto que é impossível passar mais do que alguns minutos sem beijá-la.

Então desço a minha boca pelo seu pescoço e mordo a sua carne, sua pele
irresistivelmente sedosa.

Em seguida, beijo o início dos seus peitos que estão lindos na lingerie, mas que
prefiro sem nada os cobrindo.

É por isso que abaixo a peça para que os seus seios fiquem nus diante dos meus
olhos. Sedento, começo a chupar seus mamilos e abocanho o seu seio tanto quanto a minha boca
aguenta, enquanto brinco com o outro.

Como sempre, seus seios expelem o leite materno, e como sempre não é
impedimento para a minha boca e para a minha mão. Muito pelo contrário.

Quando tenho a minha noivinha safada e recentemente desvirginada esfregando a


boceta no meu pau com a barreira da calcinha entre nós, coloco a mão entre os nossos corpos.

Com os dedos indicador e médio, afasto sua calcinha para o lado, então começo a
tocá-la do jeito que gosta.
— Hum… os seus dedos são maravilhosos, mas quero o seu pau dentro de mim —
pede entre um gemido e outro.

— Não vou fazer sexo com você, linda. Você acabou de perder a virgindade e não
está em condições de me levar novamente. Não quero te machucar.

— Por favor… se doer, prometo que te peço que pare — implora pelo meu pau a
rasgando e a machucando ainda mais por dentro. Faz isso enquanto tenho os meus dedos indo e
vindo dentro da sua boceta.

— Tudo bem, linda. Você está em cima de mim, portanto estará no controle agora e
poderá tomar tanto quanto puder aguentar. Se for demais para você, permita que eu te faça gozar
de outra forma — peço.

Gabi me mostra seu sorriso bonito, porque sabe que conseguiu o que queria.

— Erga um pouco o quadril para mim, amor — peço e ela faz. Seguro o meu pau e
ela entende que precisa sentar.

Levando nós dois a loucura, Gabriela engole a cabeça da minha rola com a sua
boceta sedenta e com certeza ardida.

Ela faz uma careta de incômodo, mas ainda assim continua descendo o quadril e
sentando no meu pau centímetro a centímetro.

Quando me tem completamente dentro dela, suspira profundamente e então fica um


tempo sem se mexer enquanto beija a minha boca, tomando de mim tanto quanto deseja.

Rápido como um raio, passei a pertencer a essa garota de dezenove anos e não
quero ser devolvido a mim mesmo nunca mais.

Depois de me beijar durante alguns segundos, Gabi se sente confortável. Sendo


empalada por mim, começa a se mover, sentando no meu pau e depois saindo até que fique
apenas a cabeça dentro da sua boceta.

Com as minhas duas mãos segurando os lados da sua bunda, ela cavalga o meu pau
de forma gostosa, subindo e descendo. Nós dois gememos contra a boca um do outro enquanto
transamos dentro de uma loja, tendo uma das vendedoras como guarda do lado de fora.

Estou ciente da iminência de um escândalo se a mulher abrir a boca, mas no


momento, ou antes dele, não consigo me importar.

Essa garota me cega para tudo e para todos. Não sei o quanto esse fato pode ser
ruim, mas sigo não me importando.

É como se eu fosse um animal que passou muitos anos preso dentro de uma jaula, e
agora que me libertei das amarras que eu mesmo coloquei em volta do meu coração, estou
descontrolado.

Porque no fim, eu estava tão preso quanto a minha mulher. A diferença é que eu fiz
a minha escolha.

Todas as vezes em que Gabriela e eu sentimos que estamos prestes a gozar,


desaceleramos a forma intensa como os nossos corpos ondulam um no outro

Em algum momento, sentindo que ela está levando muito bem o meu pau na sua
boceta sensível, inverto as nossas posições e deito-a de costas no sofá, colocando-me entre as
suas pernas.

Então, com suas coxas em volta do meu quadril, começo a comandar o sexo e a
meter na sua boceta com um pouco mais de força enquanto chupo sua língua e aperto os seus
seios. Porque a sensação é de que não tenho mãos o suficiente para tocar em todas as partes
dessa garota gostosa.

— Assim, amor. Eu quero que você sempre mantenha as pernas abertas e a boceta
molhada para mim. Sempre estarei faminto por você.

— Serei o seu alimento — devolve contra a minha boca, toda entregue, gostosa e
suada.

Quando a orgasmo vem, vem para nós dois ao mesmo tempo. Então nos
entregamos ao prazer como se não estivéssemos em uma loja de luxo.

Mas a verdade é que esse fato tornou ainda mais gostoso o que nós sabíamos que
seria bom, porque a química que temos é inexplicável.

Por um minuto completo, apenas porque sabemos que não temos muito tempo,
ficamos nos braços um do outro, esperando nossas respirações se acalmarem.

— Uau! Isso foi...

— Uma deliciosa loucura? — brinco. Debaixo de mim no sofá, minha noiva sorri.

— Quando faremos de novo? — pergunta.

Será que essa mulher tem algum defeito?

Acho que não.


CAPÍTULO 22
Aparentemente, os príncipes de Solari têm prazer em chamarem atenção para
si mesmos de maneira bastante peculiar e escandalosa.

O que realmente deixou todo mundo surpreso foi o fato de que dessa vez quem
causou burburinho foi o príncipe Ignácio, o segundo filho do rei Otávio.

A surpresa mora no fato de que Ignácio sempre foi o mais calmo e sensato dos
três irmãos.

Todavia, aparentemente a sensatez foi jogada para escanteio quando o


herdeiro se envolveu com Gabriela Peri, a filha mais jovem do Barão Solto Maior.

Vale lembrar que os dois estão noivos e aparentemente prontos para subirem
ao altar. O que parecia ser apenas um casamento de conveniência tornou-se uma paixão
avassaladora, porque, segundo fontes sigilosas e seguras, os noivos teriam tido momentos
quentes, vamos assim dizer, quando o nobre levou Gabriela para fazer compras.

Quem poderia imaginar que o príncipe de gelo teria o seu coração derretido
pela belíssima Gabriela Peri?

Quanto a pressa para a realização do casamento real, especula-se que a jovem


possa estar grávida, mas trata-se apenas de especulações sem quaisquer indícios mais
contundentes que comprovem o fato.

De qualquer forma, vamos ficar atentos, porque muito em breve um novo


casamento real acontecerá e nós estamos esperando pelos próximos passos dos pombinhos,
que aparentemente não conseguem ficar com as mãos longe um do outro.

Veja abaixo imagens do príncipe e da sua noiva aos beijos na praça principal
de Solari.

— Fico aliviada de saber que estou passando a coroa de princesa do escândalo para
a nossa querida loirinha — a princesa Elena comenta, depois de ler no celular e em voz alta a
matéria tendenciosa e um pouco mentirosa.

Ignácio e eu estamos com pressa para a realização do casamento, mas


definitivamente não estou grávida. Pelo menos, acho que não.

— Ainda bem que a Gabriela existe, porque agora a imprensa definitivamente se


esquecerá de mim e do Leonardo. Finalmente não lerei mais comentários sobre como me casei
com o pai da minha melhor amiga — Pérola comenta, olhando para a melhor amiga.

Essas mulheres que estão se tornando minhas amigas, tiveram o início dos seus
relacionamentos tão peculiares quanto o meu.

Se Elena era apenas uma plebeia e a filha da governanta do palácio quando se


apaixonou pelo príncipe herdeiro Felipe Vargas e depois descobriu que na verdade era filha de
um viúvo bilionário, Pérola, sua prima e melhor amiga, se apaixonou justamente pelo pai recém-
descoberto da princesa Elena.

A união dos dois casais foi um escândalo que repercutiu durante meses em Solari.
Faz pouco tempo que a imprensa deixou de ter interesse no casal Pérola e Leonardo Von Daren,
mas apenas porque a corrida para o casamento do príncipe Ignácio começou.

— Fale a verdade, Gabriela. Você e o Ignácio realmente estavam se pegando no


provador da loja? — Pérola pergunta.

Mesmo quando eu não estava apaixonada por Ignácio no dia do nosso noivado,
confesso que me senti um pouco enciumada e incomodada com a proximidade dele com a
Pérola.

Mas depois que nos acertamos, ele explicou que Pérola é uma grande amiga e que
não teve mais do que um leve interesse por ela, tão leve que nem sabe se realmente foi interesse
ou apenas amizade desde o começo.

Há alguns dias, quando veio visitar a princesa Elena no palácio, Pérola e eu


acabamos conversando e descobrimos afinidades. Estamos nos tornando amigas. As duas estão
se tornando minhas amigas.

Não foi difícil perceber que poderia confiar nelas, por isso não demorei para contar
que na verdade meu filho, que ambas ficaram surpresas quando souberam da existência, também
é filho do meu noivo.

Elena e Pérola, muito apaixonadas por seus homens, não acreditam que foi mera
coincidência que o espermatozoide tenha sido justamente o do Ignácio, o homem que se tornaria
meu noivo no futuro.

Estou começando a pensar como elas.

Foi o destino.

Era para ser desde o começo.

— Querem mesmo saber? — animada, as duas balançam a cabeça para cima e para
baixo dizendo que sim com o gesto. — Tudo pomposo, o meu príncipe exigiu que eu fizesse um
desfile particular para ele enquanto experimentava as roupas que estava me dando de presente.
Estava indo tudo bem, mas tudo mudou quando chegou na parte das lingeries.

— Deixe-me adivinhar: ele não conseguiu resistir a sua beleza? Você é linda e tem
um corpo maravilhoso, Gabi. Imagino que um homem com sangue quente nas veias não resistiria
a visão de você vestindo lingerie sexy — essa é a princesa Elena falando, a própria rainha da
beleza.

— Ele não resistiu, mas eu já estava excitada quando pediu para que eu chupasse o
seu pau

— Eu gosto de você porque não tem papas na língua — sorrindo, Pérola comenta.
Por sua vez, as bochechas da futura rainha de Solari ficam vermelhas.

Eu também fico com um pouco de vergonha sempre que lembro-me daquele dia.
Foi uma das experiências mais deliciosas que vivi, como tudo o que venho vivendo ao lado do
meu noivo. O problema foi que o constrangimento veio depois.

Quando ele me limpou e ajudou-me a vestir minhas roupas, saímos do provador de


mãos dadas e eu fiquei com a impressão de que as vendedoras sabiam que a gente estava
transando.

Na verdade, acredito que não era apenas uma impressão, elas realmente sabiam.
Não fui silenciosa.

A vendedora que nos atendeu ganhou o seu dinheiro por ter nos deixado sozinhos,
mas não tenho certeza de que manteve a boca fechada, apesar de que haviam outras delas por
perto. Qualquer uma delas pode perfeitamente ter vendido a história para a imprensa.

— Tudo bem, Gabriela, você já pode sair do banheiro. Que demora é essa para
experimentar um vestido? — Pérola reclama.

Hoje é um grande dia.

Uma semana depois da experiência que o príncipe e eu tivemos naquela loja, e


tenho a impressão de que o tempo realmente voou, estou escolhendo o meu vestido de noiva.

Pois é, a ideia de que o casamento acontecesse logo não foi apenas uma ideia e no
dia seguinte começaram os preparativos para o grande evento.

Como eu não tenho a menor noção de moda e dos vestidos específicos que podem
ser bonitos o suficiente para não me fazer passar vergonha perante toda Solari, convidei as
minhas duas novas amigas para me ajudarem a escolher o meu vestido de noiva.

Deveria ser um momento especial entre mim e a minha mãe, mas a mulher me
abandonou e eu faço de tudo para não pensar nela, porque sei que se fizer sofrerei como se ainda
fosse aquela criança de oito anos de idade que foi abandonada nas mãos de um monstro.

Como estamos falando da realeza, o fato de eu estar experimentando o vestido de


noiva hoje não é apenas um acontecimento corriqueiro.

Eles realmente transformam qualquer ocasião em um evento maior do que deveria.

É por isso que, enquanto nós mulheres estamos em um dos quartos de hóspedes do
palácio experimentando os vestidos, os homens estão na sala, bebendo como se hoje fosse a
comemoração do aniversário de alguém.
Mas é apenas mais um passo nos preparativos para o meu casamento, que
acontecerá no mesmo salão de baile do noivado.

É o salão de baile onde acontece quase todos os eventos do palácio, mas de alguma
forma se tornou especial para meu noivo e eu, pois foi onde tudo começou há alguns dias.

A nossa história tem apenas alguns dias, mas a sensação é de que nos conhecemos
há anos e que os nossos sentimentos profundos vêm de outras vidas tamanha a nossa conexão
física e emocional.

— Só mais alguns segundos — falo do banheiro para as garotas que estão sentadas
na ponta da cama do quarto de hóspedes.

A princesa Elena tem o meu filho nos braços, enquanto seu bebê de três anos brinca
no tapete com suas peças de Lego. O pequeno príncipe é tranquilo e adora tentar pegar Yuri nos
braços.

Pérola está grávida, então em breve a família real contará com mais crianças para
fazerem bagunça e se tornarem amigas.

De um dia para a noite, eu saí do inferno e fui inserida em uma grande família. Eu
não poderia estar mais feliz, mas também estou assustada, com medo de que a qualquer
momento tudo seja tirado de mim novamente.

Por ter passado tantos anos da minha vida sendo maltratada, uma insegurança
profunda foi talhada dentro do meu coração e às vezes tenho que me convencer de que mereço
ser feliz, pois quando o medo bate, a minha mente perturbada me faz pensar que não mereço
nada disso.

É o terceiro vestido que estou experimentando, mas, vendo o meu reflexo no


espelho, sinto que tenho o escolhido.

No bom e velho estilo sereia, com um caimento que se molda às minhas curvas e
fica mais aberto apenas no final das minhas pernas, a peça certamente combina comigo.

O seu tecido é trabalhado com pequenas aplicações que lembram pérolas e passam
a impressão de sensualidade misturada com romantismo.

Tenho certeza de que as duas garotas concordarão comigo.

Com um sorriso no rosto na frente do espelho, prendo meu cabelo no alto da cabeça
com um elástico, imaginando como ficará quando eu colocar a tiara e o véu.

Os três vestidos foram obras da Elena e da Pérola. Quando me desesperei e disse


que não sabia o que fazer, ambas pediram para que eu deixasse tudo em suas mãos e eu deixei.

Elas levaram revistas até a casa onde estou morando e pediram para que eu
escolhesse os estilos que mais me agradavam.

Conforme o estilo que apontei, elas trouxeram os vestidos mais lindos do mundo.

— Estão preparadas? — questiono, parada na porta do banheiro.

Eu realmente espero que aprovem a minha escolha, porque esse vestido de noiva
definitivamente roubou o meu coração e tenho certeza de que ele vai deixar o meu príncipe ainda
mais encantado por mim.

— Mais o que preparadas, apenas saia de uma vez, Gabriela. Se demorar um pouco
mais, quando descermos para a sala os nossos homens estarão embriagados sobre o sofá — Elena
brinca.

Quando finalmente surjo na frente das duas, elas ficam com as bocas abertas e os
seus olhos arregalam. Pelas expressões faciais, tenho certeza de que aprovaram o mesmo vestido
que amei.

— E então? — questiono com um frio na barriga.

— Você está tão perfeita nesse vestido que nem parece ser de verdade. — Pérola é
a primeira a falar.

— Eu diria que esse vestido foi feito para você — Elena assevera.

— Então nós temos o escolhido, porque esse foi o vestido que realmente gostei e
tenho certeza de que Ignácio gostará também.

— Olha só para ela, pensando no noivo — Pérola provoca.

Essa garota é muito engraçada e provocadora. Está radiante de felicidade.

— Quem diria que Ignácio, com aquele jeito sério e completamente gelado teria o
coração de gelo derretido pela nossa loirinha, que parece uma adolescente sexy — Elena nunca
deixa de apontar sua surpresa, porque ela conhece o cunhado e sabe como era antes de mim.

Mas elas não me conheciam antes do Ignácio e não imaginam que eu era incapaz de
sorrir. Agora o sorriso não sai do meu rosto.

— Nós temos o vestido escolhido.

Nem acredito que estou tendo um momento tão especial quanto escolher meu
vestido de noiva.

— O próximo passo é irmos até o centro da cidade para escolhermos a decoração,


sobretudo as flores. Também temos que fazer a degustação dos bolos e salgados para a festa
depois da cerimônia. — A princesa consorte está se revelando uma perfeita planejadora de
casamentos.

Ela tem o espírito de liderança e tenho certeza de que no futuro será a rainha
perfeita.

— Jesus! Quantos compromissos. Eu não imaginava que teria tanto trabalho.

Não é uma reclamação, porque eu estou extremamente feliz com todos os detalhes
e com a perspectiva de que muito em breve me tornarei a esposa de Ignácio Vargas.

Antes do noivado, acreditava que o dia do casamento seriam um dos dias mais
infelizes da minha vida, porque apenas deixaria uma prisão por outra, mas hoje me sinto outra
pessoa. Estou ansiosa, muito ansiosa para que esse dia chegue logo.

Estou feliz.

— Depois do casamento, você terá que se acostumar com os grandes eventos,


afinal, fará parte da realeza, princesa Gabriela. — Pérola joga uma piscadinha para mim quando
entro no banheiro para tirar o vestido de noiva.

Por um segundo, fico parada na frente do espelho, apenas me admirando mais um


pouco.

Eu diria que os últimos dias para mim foram de descobertas.

Ignácio e eu nos acomodamos na casinha e fizemos dela um lar para nós e o nosso
filho.

Ele tem seus compromissos, pois antes de mim era aquele que mais atuava ao lado
do rei, mas meu noivo faz de tudo para conseguir passar o máximo de tempo comigo.

Como se eu nunca tivesse conhecido um único dia de infelicidade, estou sendo


completamente feliz. Nos últimos dias, amei e fui amada.

Ignácio e eu temos tido longas conversas nos finais dos nossos dias, depois que eu
amamento e coloco o nosso filho para dormir.

Conhecemos um ao outro tanto quanto possível, mas também nos amamos tão
completamente que a sensação que tenho é de que conheço o seu corpo do avesso, assim como
conhece o meu.

Por outro lado, todas as vezes em que fazemos sexo há novas descobertas para
serem feitas e a união física dos nossos corpos aumenta a paixão sempre que transamos.

Estamos completamente íntimos um do outro. Apaixonados de uma forma que


contraria a certeza que tínhamos de que isso não iria acontecer.
Por mais que o príncipe tenha feito pergunta sobre o meu passado e eu tenha
respondido todas, fiz de tudo para não falar a respeito do meu pai, porque tenho a sensação de
que o odeia mais do que qualquer coisa e é capaz de fazer uma besteira para se vingar do que me
fez sofrer.

Mesmo não querendo falar ou lembrar, às vezes acordo à noite tendo pesadelos e
Ignácio sabe qual a razão. Uma parte da minha mente não consegue se esquecer do passado,
ainda mais quando é tão recente.

Quando acordo suando e chorando, ele me ama com seu corpo e diz que sempre me
protegerá e cuidará de mim. O meu coração imediatamente se acalma, então lembro que não
tenho mais porquê sentir medo e muito menos ficar relembrando o passado.

Eu estou livre.

Relutante, mas sabendo que ele voltará novamente para o meu corpo, tiro o vestido
que as minhas amigas compraram para mim e o guardo novamente na sua capa de proteção.

Então solto os meus cabelos loiros que estão na altura do ombro e coloco de volta
no meu corpo o short preto e o cropped que cobre apenas metade da minha barriga.

As minhas roupas são mais curtas e justas, descobri que esse é o meu gosto
particular, e aprecio a forma como o meu príncipe de gelo não sente nada além de orgulho de
mim e adora as roupas que visto. Não é possessivo, pois sabe que só tenho olhos para ele.

Quando saio do banheiro, encontro Elena ajudando o filho a segurar o Yuri. Acabo
sorrindo pela forma como o principezinho está concentrado segurando o recém-nascido. Claro
que está fazendo isso com a ajuda da mãe, porque jamais conseguiria suportar o peso de um bebê
sendo quase um bebê também.

— Se Gabi escolheu o vestido de noiva, sugiro que a gente desça para a sala,
porque não confio naqueles homens sozinhos.

— O que eles podem fazer Pérola? Se embebedarem com vinho e colocarem fogo
um no outro? — Elena questiona em tom de brincadeira.

Eu não duvido de nada.

— Você confia no bom senso do seu cunhado? — Pérola rebate.

É por esse motivo que não duvido de nada.

O meu futuro cunhado é a alegria em pessoa, mas também um pouco


inconsequente.

Eu me pergunto se existe uma jovem mulher que será capaz de domar esse homem.
Por mais que as circunstâncias me levem a acreditar que não, quem sou eu para
duvidar das surpresas da vida quando me apaixonei pelo homem que tinha certeza de que seria
apenas mais um tormento na minha vida?

— Você está certa, prima. É melhor descermos — Ela se entrega.

Depois de guardarmos os três vestidos no guarda-roupas, para que dois deles sejam
devolvidos amanhã, descemos para a sala do palácio com dois bebês em nossos braços e dois na
barriga da Pérola.

Quando chegamos ao cômodo, vemos que o rei, dois dos seus filhos e o Leonardo
estão sentados nos sofás. Como não poderia deixar de ser, Javier está no centro da grande sala
em pé, falando algo que está fazendo todos sorrirem, principalmente o rei.

Quando percebem a nossa presença, os homens param o que estavam fazendo e nos
encaram com atenção.

Até parece que estavam muito entediados à nossa espera, não se divertindo com
taças de vinho e conversas idiotas de homens.

— Eu realmente pensei que vocês passariam o dia inteiro presas naquele quarto —
o príncipe herdeiro comenta, depois se levanta e pega o filho dos braços da esposa.

— Eu estava começando a acreditar que vocês duas iriam sequestrar a minha noiva
— Ignácio fala.

— Não duvidaria da possibilidade, porque sei que a minha Pérola é capaz de


qualquer coisa — Leonardo, o pai da princesa consorte comenta e joga uma piscadinha para a
mulher que ama.

— Ah! Pelo amor de Deus! Esse mel de vocês está me deixando com vontade de
vomitar — Javier fala.

— Não se preocupe, filho. A sua hora vai chegar muito em breve.

— É uma ameaça, papai? — com um sorriso no rosto, como se não acreditasse que
seu momento realmente chegará, Javier questiona o pai.

— Apenas um aviso, olhe para os seus irmãos.

— O que tem eles? Estou vendo que são apenas dois idiotas que se deixaram
dominar por duas mulheres gostosas. Sem ofensas, cunhadinhas, eu amo vocês.

Por alguma razão, o comentário sincero do príncipe mais jovem faz com que todos
riam.

Todos nós estamos felizes.


É como se nada pudesse atrapalhar esse momento, mas eu deveria saber.

— Vejo que estão felizes? Estão comemorando o fato de terem tirado a minha filha
de mim?

De forma inesperada, o Barão surge na porta de entrada, que alguém deixou


parcialmente aberta.

Definitivamente, não vai acabar bem.

Meu príncipe sabe, por isso se aproxima de mim e segura a minha mão com
firmeza, como se estivesse com medo de alguém me tirar dele.
CAPÍTULO 23

Na última semana, fui feliz de uma forma como não imaginei que poderia ser. Para
mim, a vida estava completamente planejada e o meu destino traçado.

Então, na forma da mulher que eu esperava que fosse ser apenas uma pedra no meu
sapato, encontrei a verdadeira felicidade e percebi que a vida não é preto no branco.

Na última semana, conheci ainda mais Gabriela e a amei infinitamente mais. Na


última semana, a nossa paixão ficou ainda mais intensa, enquanto os nossos corpos se conheciam
tão intimamente quanto possível.

Na última semana, descobri o que é ser um pai. O amor que sinto pelo meu filho é
diferente do amor que sinto pela minha mulher, mas ambos são intensos e gigantes.

Uma semana depois de ter Gabi para mim, sei que não posso mais voltar a ser o que
eu era antes

Aconteceu de forma rápida e intensa, mas hoje sinto que não posso viver sem os
dois, porque eu morreria se algo acontecesse e tirassem de mim a felicidade recém- descoberta
que eu não sabia que merecia.

Agora que a maior ameaça para a minha Gabriela está na minha frente, um medo
surreal surge, e a vontade que tenho é de me livrar dessa ameaça definitivamente, para que ele
nunca mais seja uma pedra no sapato da minha garota.

Gabriela veio experimentar o seu vestido, porque dentro de algumas semanas nos
tornaremos marido e mulher como estava planejado, tudo por causa de um acordo que meu pai e
esse maldito homem na minha frente fizeram quando a garota era uma criança.

A escolha do vestido se tornou um evento que reuniu as garotas no andar de cima


tanto quanto reuniu os meus irmãos, o meu pai e o maldito Leonardo Von Daren, que gosto de
provocar por saber que ele tem ciúme, ou tinha, da minha amizade com a Pérola.

Todos nós estávamos felizes, então, sem ser convidado, o antigo amigo do meu pai
surgiu e colocou uma nuvem negra em cima das nossas cabeças.

Mas não vou permitir que ele estrague tudo.

— O que você está fazendo aqui?— quem primeiro fala é o rei.

— Eu estava passando por perto enquanto fazia a caminhada da tarde e percebi uma
movimentação diferente. Vi carros lá fora e imaginei que estava acontecendo uma reunião
especial para a qual o meu grande amigo rei Otávio não me convidou.

— Você realmente não foi convidado e nunca mais será convidado para qualquer
evento que tiver dentro desse palácio — meu pai assevera.

— Não estou te reconhecendo, meu grande amigo. Por um acaso a minha filha
contou alguma mentira a meu respeito? Eu espero que você seja esperto e saiba que ela é uma
mentirosa compulsiva e que nada que sai da boca dela é verdade.

— Você está querendo me dizer que as marcas que vi no corpo da minha nora
foram imaginação da minha cabeça? Será que enlouqueci? Você estava maltratando sua própria
filha, seu infeliz! — o rei levanta do sofá e tenta ir em direção ao meu maldito sogro, mas Javier
o impede.

O meu pai não tem mais idade para entrar em uma luta corporal. Solto Maior
também não fica muito atrás.

— Essa garota sempre foi indisciplinada, ela mereceu a surra que levou.

— Saia dessa casa imediatamente! — ordeno.

Em vez de virar as costas e ir embora com sua dignidade, o homem mostra que não
tem qualquer dignidade e abre um sorriso debochado.

Ele sabe que perdeu, então veio para provocar e tentar estragar a nossa felicidade.

— Vejo que está completamente apaixonado por essa garota. Logo você, príncipe
Ignácio. Logo o único filho que era tão orgulhoso do próprio título e que dizia para os quatro
cantos que se casaria com uma nobre, com uma mulher educada e refinada. Preciso dizer que
você foi enganado, as minhas outras duas filhas são nobres, refinadas e educadas. Essa daí não
passa de uma vira-lata que fui obrigado a criar porque a mãe vadia estava me chantageando.

“Eu nunca quis essa filha, mas a puta da mãe dela me ameaçou e eu tive que ficar
com ela. O que me consola é saber que nunca teve um lugar à mesa na minha casa. Gabriela
nunca teve amor, nunca teve dignidade. Quando a entreguei nas suas mãos, fiz porque acreditava
que seria o maior castigo da vida dela. Como poderia ser feliz se casando com homem como
você?

— Um homem como eu?

— Sempre tão frio e distante dos reles mortais… — o homem cantarola.

A impressão que tenho é que ele está completamente insano.

Ao meu lado, Gabriela não tira os olhos dele. Ela está tremendo da cabeça aos pés.
Com medo de que cause um acidente ao nosso bebê, o tiro dos seus braços e o gesto chama a
atenção do barão.

— Vejo que você conheceu o bastardo. Ela deve ter dito que estava sendo mantida
praticamente refém dentro de casa, mas acredito que não é completamente verdade. Se fosse o
caso, não teria engravidado de um qualquer. Não passa de uma vagabunda!

Quando escuto a última frase, coloco o meu filho nos braços da Pérola, vou até o
homem e soco o seu rosto com toda a força que tenho.

Quando ele cambaleia, tento o segurar novamente pela gola da sua camisa, mas
uma mão toca o meu ombro.
Quando olho para trás, percebo que se trata do meu pai. Com o olhar, está pedindo
para que eu deixe que ele lide com o antigo amigo.

Eu dou alguns passos para trás com os punhos fechados, ainda tentando fortemente
me conter para não acabar com a sua raça e garantir que nunca mais faça a minha garota tremer
da cabeça aos pés.

Nunca mais tinha visto a tristeza e o medo no seu olhar, mas ele ressurgiu do
inferno e colocou novamente sentimentos ruins no olhar dela.

— Solto Maior, não volte a abrir essa sua boca suja para falar qualquer palavra
contra a minha nora e meu neto.

— Seu neto? Você realmente está com o coração mole, Otávio. Está até mesmo
aceitando netos bastardos.

— O único bastardo aqui é você, homem! É um monstro que foi capaz de tratar a
própria filha de maneira desumana e se orgulha desse feito. Mas não pense que ficará por isso
mesmo, porque vou garantir que a sua vida seja muito difícil a partir de hoje. Eu quero ver como
você vai vender as suas safras de café para o nosso povo sem a minha ajuda.

— Você não pode estar me descartando, o seu amigo de tantos anos por causa dessa
menina. Se ela está prestes a se casar com seu filho, foi porque eu a entreguei para ele.

— Apesar do acordo que fizemos, um acordo do qual me arrependo muito, ela não
é uma mercadoria, Solto Maior. Gabriela é parte da família, e se você não quiser sofrer mais
consequências além da perda de muito dinheiro, influência e prestígio, sugiro que não volte a se
aproximar da minha nora. Invente uma desculpa para justificar a sua ausência na cerimônia e na
festa do casamento, mas não compareça de forma alguma com a sua esposa e suas filhas na noite
que Ignácio e Gabriela se casarem. Não é um pedido, é uma ordem do seu rei

— Você conseguiu o que queria, não é?— cheio de ódio, fala olhando diretamente
para Gabriela.

Imediatamente, me coloco na frente dela, porque não quero que esse olhar a atinja.
Minha garota não deveria estar passando por isso quando ainda não superou o trauma.

— Saia da minha casa imediatamente! — o rei expulsa do palácio aquele que um


dia foi seu amigo.

— Isso não vai ficar assim — promete.

— É claro que vai. Se você sabe o que é melhor para a sua família, deixará as
coisas como estão e esquecerá a existência da Gabriela, do meu neto e da nossa amizade.

Sem abaixar a cabeça nem por um momento, o asno que veio perturbar a nossa
felicidade simplesmente vira as costas e vai embora.
Quando ele sai, todos na sala agem como se estivessem prendendo a respiração, e
por um momento ninguém ousa quebrar o silêncio.

Ao olhar para a minha Gabriela, percebo que ela está completamente perdida e que
a felicidade de antes foi embora. Não restou mais nada.

Está tremendo, e mesmo que esteja olhando para mim, é como se não estivesse me
vendo.

Ela precisa se acalmar e sei que só eu sou capaz de ajudar.

— Pérola…

— Cuide dela, ficarei com o Yuri aqui na sala. — É como se a minha amiga tivesse
lido os meus pensamentos.

Então envolvo o braço na cintura da minha noiva e levo-a para um dos quartos de
hóspedes do palácio. Tenho dificuldades para fazer com que ela suba os degraus da escada, mas
depois de alguns segundos chegamos ao quarto.

Depois que fecho a porta, Gabi se aproxima da grande janela que faz vista para o
jardim de labirinto e fica olhando para fora em silêncio.

Eu sei que no momento ela não está enxergando nada

Seus pensamentos estão perdidos no que aconteceu na sala, mas sei exatamente o
que fazer para a trazer de volta para mim.

Porque sempre a trarei de volta para mim, não importa a tempestade pela qual
passe.

Sempre de volta para mim e por mim.

Porque tem que ser assim.

Devagar para não assustá-la seja onde a sua mente estiver, posiciono-me atrás do
seu corpo

Então abraço-a pela cintura, deixando que sinta o meu calor e que volte para mim
lentamente.

Como ainda não reage, puxo de leve a sua cabeça para o lado, deixando o seu
pescoço exposto para a minha boca. Porque não posso resistir e também porque minha noiva
precisa disso, mordo a carne do seu pescoço com força o suficiente para fazê-la gemer.

— Eu estou aqui, minha loirinha. Aquele homem veio para te perturbar, mas ele
não tem o direito de tirar você de mim dessa forma, porque você é minha. Está me ouvindo? Eu
não permito que você deixe que ele te tire de mim.

— Eu sou sua — diz com a voz chorosa, mas ainda não está comigo e isso me
deixa desesperado.

Sem dizer mais nada e ainda atrás do seu corpo, alcanço o botão do seu short curto
e o abro. Em seguida, desço o zip e deslizo a peça para a metade das suas pernas.

Eu estava indignado e cheio de ódio do seu pai, mas a visão da sua calcinha
vermelha muito pequena e enfiada nas bochechas da sua bunda faz o meu pau endurecer
instantaneamente.

Instantaneamente também, os pensamentos sobre aquele maldito saem da minha


cabeça, porque estou com tesão e principalmente porque quero ajudá-la a voltar para mim da
melhor maneira possível. Pode não ser exatamente a melhor maneira, mas será a mais prazerosa.

Decidido, dou um passo para trás e livro meu pau da minha calça e cueca boxer.

Então toco na sua boceta por trás e manipulo o seu grelinho duro até sentir que está
ficando molhada para mim.

— Assim, meu amor. Eu estou aqui, volte para o seu homem, porque estou pronto
para cuidar de você — sussurro no seu ouvido, depois de morder dolorosamente a ponta da sua
orelha, de uma forma que faz com que solte mais um gritinho fino.

Para mostrar que está esquecendo o que acabou de passar na sala, Gabi empina a
bunda bonita para trás e se esfrega com uma rebolada deliciosa no meu pau, que fica dolorido
com mais tesão, louco de vontade de meter.

Nós estamos fazendo sexo todos os dias, pelo menos duas vezes ao dia, mas parece
que nunca é o suficiente

Nunca será.

Quando sinto o meu dedo completamente encharcado por cima da sua calcinha,
afasto a peça para o lado, antes de começar a passar a cabeça da minha rola na sua boceta por trás
e meter um tapa na sua bunda.

— Eu quero mais — implora.

Apesar de estar se tornando uma putinha completamente ousada e quente na cama,


sei que não pediria para apanhar desse jeito se não estivesse um pouco fora de si.

Sem culpa, eu aproveito a situação para bater no outro lado da sua bunda.

Por um breve momento, me ajoelho, seguro os dois lados da sua bunda perfeita e
mordo a carne com força.
Primeiro mordo de um lado, depois do outro, deixando a marca dos meus dentes na
sua pele. É claro que grita de prazer e de dor, mas não pede para que eu pare.

Eu amo esse lado aventureiro e completamente entregue que descubro todos os dias
na mulher que amo com todas as forças do meu ser.

Gabriela tem me transformado de dentro para fora todos os dias e eu mal me


reconheço quando me olho na frente do espelho.

O príncipe de gelo? Ele só existe para as outras pessoas, porque para a mulher que
ele ama é uma versão completamente melhorada e diferente.

Depois de me satisfazer com a sua bunda, que em breve levará o meu pau, levanto-
me novamente e esfrego o meu cacete completamente duro na mesma bunda que acabei de
deixar a minha marca.

Quando encontrei Gabriela na casa do seu pai, o seu corpo estava cheio de marcas.
Comigo seu corpo continua tendo algumas marcas, mas em todas elas no final Gabriela implora
para que eu a faça gozar gostoso.

É diferente.

— Continue apreciando a vista, minha bela noiva. Aprecie a natureza e se reconecte


consigo mesma enquanto enfio o meu pau na sua bocetinha. Eu vou te comer gostoso, e quando
terminar gozando na sua boceta, não haverá mais nenhuma lembrança dos momentos terríveis
que viveu agora há pouco. Eu te lembrarei a quem você pertence e porque estava tão feliz antes
de ser perturbada.

Quando termino de falar, seguro o meu membro, posiciono por trás na sua boceta e
começo a meter centímetro após centímetro

As minhas duas mãos estão segurando seus seios quando meto tão profundamente o
meu pau que nada fica de fora além das minhas bolas.

Como não é o momento para preliminares e as brincadeiras sexy que fazemos e que
nos deixam ainda mais loucos de desejo, começo a entrar e sair com força e rapidez, batendo as
nossas peles enquanto a como por trás.

Enquanto meto na sua boceta sem parar, fazendo com que o seu corpo solavanque
para cima, tamanha a profundidade das penetrações, belisco seus seios grandes e gostosos.

A safada da minha noiva gostosa apenas geme com a cabeça jogada no meu ombro,
completamente esquecida de que estava olhando pela janela quando estava perdida na própria
angústia

Em algum momento, quando nossos corpos começam a suarem, uma das minhas
mãos continua brincando com seus seios, enquanto a outra desliza pela sua barriga e toca entre as
suas pernas.

— Você sente como a sua bocetinha está melando o meu pau? Está toda molhada
para mim minha putinha… Minha futura esposa.

— Amor, por favor…

— O que você quer que eu faça, basta pedir que te darei, minha Gabriela — digo, e
continuo metendo sem parar, indo e vindo no seu calor apertado e completamente viciante.

— Eu quero gozar. Por favor, preciso gozar agora — implora com o tom da sua voz
choroso.

— Quer que eu encha a sua bocetinha com a minha porra? Quer que eu te encha e
coloque um novo bebê na sua barriga?

— Por favor, quero um bebê. Coloque um bebê em mim — embora esteja perdida
de desejo, sei que Gabriela quer dizer exatamente o que está dizendo.

É uma loucura, mas nós estamos loucos para sermos pais novamente e temos falado
sobre o assunto. Mas do que falarmos, estamos agindo quando não usamos camisinha quando
fazemos sexo e eu gozo dentro.

Por ser o que nós dois queremos, acelero ainda mais as metidas na sua boceta,
fazendo com que o som dos nossos corpos se chocando reverbere pelo ambiente. Ela geme e
grita o meu nome, e felizmente sei que não conseguirão nos escutar na sala.

Quando Gabriela começa a gozar, a sua boceta se contrai em volta do meu pau e ela
me faz gozar ao mesmo tempo. Gemendo de forma insana, encho-a com meu esperma do jeito
que queríamos.

Suados e cansados, os nossos corpos encontram o prazer sem limites e eu continuo


segurando-a até que se acalme.

Então, apenas porque quero e também por saber que não tem força nas suas pernas,
saio de dentro da sua boceta, a pego nos meus braços e levo até a cama.

Nós estamos sujos de esperma, mas no momento nada disso importa. Eu só quero
continuar segurando a mulher que amo nos meus braços, para ter a sensação de que nada e
ninguém a tirará de mim.

Não foi só a Gabi que ficou com medo da visita do seu pai.

Eu não confio nem um pouco naquele homem por tudo o que ele fez.

Depois de deitá-la de costas na cama, afasto as suas pernas e me coloco entre suas
coxas, porque é o melhor lugar do mundo onde eu gosto de estar.
Agora olhando-a de perto com a certeza de que voltou para mim, miro os seus
olhos e a amo um pouco mais.

— Eu não vou permitir que nada e ninguém nos separe. Nunca — declaro, ao
abaixar a cabeça e beijar de leve a sua boca.

— O meu vestido de noiva ficou tão lindo… — diz, um pouco emocionada, agora
que não está mais com a mente entorpecida pelo sexo.

— Sei que ficou, porque você é linda e será a noiva mais perfeita que Solari já viu.
Não vejo a hora de o nosso grande dia chegar, princesa.

— Nunca pensei que diria isso algum dia, mas também estou muito ansiosa. Quero
que você seja meu marido tanto quanto desejo a minha próxima respiração.

— Minha — digo.

— Meu — ela devolve com o sorriso que me desmonta por inteiro.

Como posso amar tanto essa mulher a ponto de não saber mais onde eu começo e
ela termina?

As nossas vidas se entrelaçaram de tal forma que um não existe mais sem o outro.

CAPÍTULO 24
Alguns dias depois que o meu maldito pai foi até o palácio para tentar estragar a
minha felicidade, nunca mais tive notícias dele e voltei a ser feliz.

Na verdade, imediatamente voltei a ficar feliz quando o meu noivo encontrou a


melhor maneira de me trazer de volta para ele ao tomar o meu corpo até a exaustão e me mostrar
porque não devo mais pensar no passado e apenas viver o presente no qual estou bem e prestes a
me casar.

Naquele dia, nós voltamos para casa no começo da noite e seguimos com a nossa
vida como antes, sem a mancha das ameaças do meu pai sobre as nossas cabeças.

Conforme os dias foram passando, os preparativos para o casamento aceleraram e


hoje vim com as garotas para fazermos a degustação dos docinhos e do bolo que serão servidos
na recepção depois da cerimônia de casamento.

Eu experimentei tantos sabores de bolos que acredito que vou gritar na próxima vez
em que alguém colocar um prato com um pedaço de bolo ou um doce na minha frente.

Sinto que Pérola também está um pouco enjoada depois de tantos doces, mas Elena,
que parece ser uma formiga, poderia passar o dia inteiro comendo isso e sorrindo sem sentir
qualquer ranço de açúcar.

Passa das cinco da tarde quando finalmente descubro que tenho preferência por
massas no sabor chocolate.

O problema é que depois que escolho a massa, eles querem saber sobre o meu gosto
para a cobertura e tenho que enfiar para dentro mais um pouco de açúcar.

Eu juro que não aguento mais…

Sinto a minha barriga estufada e estou a ponto de abri o zíper da minha saia jeans.

Felizmente, pude deixar o meu bebê no palácio com uma das garotas que trabalham
cuidando dos quartos, porque Yuri teria se estressado se tivesse passado mais de uma hora nessa
sala que cheira a algodão doce e todo o tipo de açúcares que existe sobre a face da terra.

Não é uma reclamação, só estou de mau-humor depois de ter provado tantos bolos e
doces.

Felizmente, Elena está cuidando da parte das flores e essa tem sido a parte mais
fácil, porque deixei claro logo de cara que sou apaixonada por rosas vermelhas.

Ela me garantiu que haverá muitas rosas vermelhas na ornamentação do salão de


baile quando Ignácio e eu nos casarmos.

Depois de mais alguns minutos, termino de fazer as escolhas perfeitas e fico feliz
quando a fornecedora nos dá um tempo para tentarmos respirar sem a sensação de que bolos
sairão pelos nossos ouvidos.

— Nossa! Acho que nunca comi tantos bolos gostosos em toda a minha vida —
Elena parece uma criança cujo pai permitiu que comesse toda a besteira do mundo em um único
dia.

— Realmente são muitos bons, mas depois do casamento ficarei alguns meses sem
querer ver bolos na minha frente.

— Concordo com você, Gabriela. Tudo bem que sou uma formiga, mas até as
formigas têm seus limites. Menos essa formiguinha chamada Elena — Pérola brinca com a
melhor amiga.

Nós três ficamos mais ou menos uma hora conversando no estabelecimento.

Depois que as minhas amigas se despedem de mim, fico esperando pelo meu noivo.
Ele disse que viria me buscar com o carro em cinco minutos.

Depois de cinco minutos, quando percebo que não está na rua, deixo a loja que está
fechando do dia e fico parada na calçada. Estou preocupada, porque ele não tem o costume de se
atrasar para nada.

Nunca conheci uma pessoa tão organizada e responsável quanto ele, e se a paixão o
mudou de diversas formas, não mudou essas características.

Por um momento, me perco em pensamentos quando vejo as crianças correndo na


praça de Solari, que é bastante movimentada.

Eu penso em como o meu bebê será feliz quando for como essas crianças, que
devem ter por volta de cinco anos de idade.

Daqui cinco anos, espero ter dado um ou dois irmãos para o Yuri. Daqui cinco
anos, espero estar casada com o meu príncipe de gelo e o amando tão profundamente quanto amo
agora.

Minha vida não tinha propósito, mas agora tenho planos para o futuro e mal
consigo dormir durante as noites, porque a felicidade me inunda de uma maneira que minha
mente não consegue se acalmar.

Quase todos os dias, eu só consigo realmente apagar depois que o meu noivo me
ama até deixar-me sem fôlego e completamente mole sobre a cama.

O que mais amo no Ignácio é que ele sabe exatamente do que preciso antes que eu
tenha a necessidade de falar.

Por estar encantada com a cena feliz das crianças brincando há alguns metros de
distância, não percebo quando uma mulher se aproxima de mim e para na minha frente muito
perto de mim.

Curiosa, olho-a da cabeça aos pés.

Trata-se de uma ruiva de olhos claros muito bonita. Ela realmente é bonita e parece
ser pelo menos uns quinze anos mais velha do que eu.

Não que se pareça velha ou algo do tipo, ela é apenas madura e carrega a
experiência no olhar, que me fita atentamente, como se eu fosse uma adolescente que não sabe
nada sobre a vida.

Não sei como sou capaz de ler tanto sobre o olhar de uma pessoa apenas por olhar
de volta para ela, mas estou fazendo isso agora.

— Está tudo bem? — começo questionando.

Por que uma estranha estaria parada na minha frente e me olhando dessa maneira?

Eu nunca a vi na vida.

Na verdade, as únicas pessoas que conheci em dezenove anos de vida foram


aquelas que frequentaram a mansão do meu pai.

A maioria delas olhava por cima do meu ombro e a única que realmente prestou
atenção em mim foi a senhora Maria, irmã da minha madrasta.

A minha melhor amiga é a senhora Maria. Ela está completamente satisfeita e feliz
com o fato de eu ter deixado o território do barão.

Depois que deixei aquele lugar, ela foi me visitar em casa pelo menos três vezes e
ainda sinto que não foi o suficiente.

Como a senhora Maria sempre encontrava maneiras de ficar perto de mim para me
proteger na casa do meu pai, eu a via praticamente todos os dias, então a única coisa que sinto
falta daquela vida terrível é da sua companhia, que não tenho com tanta frequência quanto
gostaria agora.

Sempre que recebo a sua visita, aproveito para matar a saudade e nós passamos
horas e horas conversando.

Ela sempre volta para me visitar novamente. Eu amo a mulher como se ela fosse a
minha mãe, ela foi o porto seguro que precisava para me manter sã e para provar para mim
mesma que alguém nesse mundo poderia me amar.

Nos momentos em que acreditava que ninguém gostava de mim porque eu era uma
pessoa ruim, olhava para a senhora e percebia que não era tão ruim assim, porque uma das
melhores pessoas que conheci me amava e queria me proteger.
— Eu não poderia deixar de vir até aqui para te olhar de perto — a estranha fala,
depois de ter levado algum tempo para me responder

— Perdão, a gente se conhece? Eu não lembro de ter te visto antes.

— Você nunca me viu, mas eu te vi nas colunas de fofocas por causa do seu
noivado e futuro casamento com um príncipe Ignácio Vargas de Solari.

— Entendi. Você conhece o meu noivo? — Ela abre um sorriso iluminado e eu não
gosto nada disso.

Por alguma razão, sinto-me ameaçada por uma mulher que nem conheço.

É como se eu soubesse que tenho razões para me sentir dessa forma.

Mesmo sabendo que não tenho.

Embora não tenha dito com todas as letras que me ama, sinto em cada olhar, em
cada gesto e na forma como me toca que o príncipe me ama tanto quanto eu o amo, se não mais.

— Conheço o príncipe muito bem. Na verdade…

— Vocês eram amigos?

Algo me diz que não gostarei da resposta que ouvirei.

Não deveria ter perguntado, deveria ter dado as costas e a deixado para trás.

— Na verdade, fomos mais do que amigos. Ignácio e eu nos conhecemos na


universidade e nos tornamos amigos. Então nos apaixonamos profundamente e namoramos por
um tempo. Nos amávamos e tive a esperança de que um dia ele me pediria em casamento.

Eu não quero saber.

Por que ela está me contando a história do seu passado?

Eu posso abrir a boca e pedir que pare, mas simplesmente continuo em silêncio.
Algo em mim precisa saber até onde a mulher irá.

Talvez eu esteja com tendências masoquistas.

— Eu estava muito apaixonada. Realmente tive esperança, entende? Esperei tanto


que ele fosse superar o fato de que era um maldito príncipe e eu uma plebeia para ficarmos
juntos com o marido e mulher. Então, apenas porque Ignácio não pôde suportar a ideia de se
casar com uma mulher que não estava altura dele, descartou-me como se eu fosse uma meia
velha. Quando fez isso, vi dor no seu olhar.
“Eu sabia que estava me deixando por causa do orgulho e do medo de decepcionar
o próprio pai, porque sempre falava de como precisava ser diferente dos irmãos para não causar
mais desgosto ao rei. Eu também sabia que o problema entre nós não era falta de amor.”

— Eu lamento que você tenha sofrido no relacionamento com meu noivo, mas
agora o príncipe está comigo e nos casaremos dentro de alguns dias — apesar das minhas
palavras, não estou me sentindo nem um pouco segura agora.

Em algum momento desde que começamos a ficar juntos, Ignácio chegou a


mencionar que teve um relacionamento antes de mim, mas eu não imaginava que tivesse amado
tanto outro alguém.

Se ela está falando sobre amor, provavelmente esse amor foi declarado com todas
as letras e foi mais de uma vez, de uma forma como ainda não se declarou para mim.

Ignácio nunca deu motivos para me levar a pensar dessa forma, mas tudo o que essa
mulher acabou de dizer me faz questionar se o que sente por mim realmente é amor, paixão ou
apenas o senso de dever depois da forma como me encontrou completamente perdida e quebrada
na casa do meu pai.

E se ele estiver confundindo tudo?

E se ele tiver tudo claro na sua mente e coração e na verdade sou eu que estou
confundindo tudo?

— Eu sabia que no fim, ele se casaria nessas circunstâncias.

— Que circunstâncias?

— Você não sabe? — Em vez de responder, dou de ombro.

Irritada, olho de um lado para o outro com a esperança de ver o meu homem
chegando, mas nada de ele aparecer.

O que será que aconteceu com o meu príncipe?

— Todo mundo sabe que o rei fez um acordo com o barão e por isso você se casará
com Ignácio Vargas. No fim das contas, ele fez o que disse que faria quando terminou comigo,
mas duvido muito que será feliz com você tanto quanto teria sido comigo se tivéssemos
terminado juntos.

— Não tem como você ter certeza — rebato com um pouco de grosseria.

— Você está certa, mas sempre ficará a sensação de que o nosso amor foi
interrompido sem ser vivido em sua plenitude. Tem ideia do que isso faz na cabeça de um
homem? Às vezes me pergunto se ele será capaz de amar outra mulher tanto quanto me amou.
— Não sei se percebeu, mas você está falando todas essas frases para a noiva do
seu amado amor perdido.

É impossível que essa mulher não esteja fazendo de propósito. Está se abrindo para
mim e matando a minha felicidade sem ao menos ter dito o seu nome.

— Não é pessoal, querida. Só não quero que você sofra por acreditar que terá algo
que esse homem nunca será capaz de te dar. Se ele fechou o coração para a mulher que dizia
amar, então não imagino que abrirá para a garota com quem está sendo obrigado a se casar e de
quem deve se ressentir por ter sempre que lembrar de que abriu mão de mim.

— Se ele realmente te amasse, lutaria por você — ataco.

— Está falando isso porque não conhece o homem com quem está perto de se
casar. É claro que Ignácio abriria mão de mim e de qualquer outra que viesse a amar. Ele faria,
mesmo amando profundamente, mesmo que isso o matasse. Esse é o homem com quem está
prestes a se casar.

— Se você já diz tudo o que tinha para dizer…

— Está tudo bem, querida? — Não sei de onde ele surgiu, pois estava tão focada na
mulher que não senti a sua aproximação.

Agora meu noivo está parado ao meu lado e olhando para a sua ex-namorada sem
piscar. Pela forma como está a encarando, percebo que realmente teve sentimentos por ela,
sentimentos profundos.

Há tantas emoções passando pelo seu olhar que para mim é impossível ler pelo
menos uma delas.

É um soco no meu estômago.

De repente, sinto como se estivesse atrapalhando um casal apaixonado.

— Vou esperar no carro para que vocês possam conversar.

— Gabriela.

Ouço o meu nome, mas não fico para ouvir o que tem a dizer.

Cansada depois de tanto experimentar bolos e de ter escutado tantas frases da boca
mulher da bonita, sinto que preciso de um tempo.

Meu coração está partido, mas é melhor que eles conversem, não é?

Posso perder o homem que me salvou e que amo com todas as forças que tenho no
meu coração, mas também acredito que não preciso ficar com um homem que não está cem por
cento completo para mim.

Nada nas atitudes do príncipe Ignácio passa a impressão de que não está inteiro
para mim, mas a mulher falou tantas coisas que me deixou confusa e com vontade de chorar.

Não vou chorar, é o que decido quando alcanço o carro do meu noivo, abro a porta
e sento no banco do carona.

Enquanto espero, sinto como se o mundo tivesse entrado em estado de espera.


Consigo ouvir as batidas do meu coração e a sensação é de que estou prendendo a respiração.

Será que o medo nunca irá embora?

Esse sentimento parece ser o meu fiel escudeiro.

Antes eu tinha medo do meu pai, medo de que ele encontrasse maneiras de me
tornar mais infeliz do que era. Agora que sou feliz e que estou prestes a me casar, sinto medo de
perder a minha felicidade, que ao mesmo tempo parece sólida e frágil.

O que seria do meu coração se perdesse o homem da minha vida?


Hoje o dia começou tão bem que não imaginei que no fim da tarde se transformaria
na eminência de um desastre.

Mais cedo deixei a minha noiva com as amigas para que escolhessem o que será
servido no nosso casamento.

Então aproveitei para fazer uma visita para a médica que fez a inseminação
artificial da Gabriela, porque precisava confrontá-la e entender exatamente o que fez.

A mulher falou comigo como se fosse uma grande profissional, como se não tivesse
cometido um erro imperdoável.

Quando perguntei o que fez para recompensar a minha mulher pelo erro que
poderia ter arruinado a sua vida, a mulher teve a cara de pau de dizer que apenas acompanhou a
gestação e o parto do meu filho.

Obviamente, não deixei de ameaçá-la e saí do seu consultório com a promessa de


que pagará uma indenização tardia para a minha noiva. A quantia é metade do que ela deveria
pagar, mas pelo menos será uma pequena compensação, uma troca menos do que justa para o
erro que cometeu.

No final das contas, peguei leve com a mulher, pois apesar de nada justificar o que
fez, sua atitude equivocada de certa forma me deu o meu maior presente.

O presente de ser pai. O presente de ser amado pela minha garota bonita e
maravilhosa de todas as formas que importam.

Por causa da minha visita à doutora, infelizmente acabei atrasando-me alguns


minutos.

Quando cheguei na frente da loja onde havia combinado de pegá-la, vi uma mulher
de costas conversando com a Gabriela e imediatamente reconheci Jane.

Seus cabelos ruivos são inconfundíveis para mim.

O meu coração acelerou no peito, porque sabia que não sairia nada de bom de uma
conversa entre as duas.

Por que minha ex-namorada procurou a minha noiva?

A forma como Gabriela não conseguiu olhar nos meus olhos e deu as costas para
mim gelou o meu coração.

Estou desesperado para ir atrás dela, mas antes devo esclarecer algo com a Jane.

— O que você faz aqui? O que disse para a minha mulher?


— Estava conversando com ela.

— Você não a conhece e não tem nada para falar com a Gabriela.

— Não é você quem decide, príncipe Ignácio.

— A situação era outra na última vez em que nos vimos e talvez tenha ficado um
restinho de esperança de que pudéssemos nos reencontrar para revivermos o antigo
relacionamento, mas não vai acontecer. Dentro de alguns dias, vou me casar com ela.

— Sempre o senso de dever falando mais alto — desdenha.

— É diferente, Jane. Realmente começou por causa do acordo entre o meu pai e o
pai dela, mas acabei me apaixonando de verdade pela Gabriela. Eu amo a minha mulher. — Seus
olhos ficam tristes por causa das minhas declarações, mas tem que ser assim.

Preciso que entenda.

Preciso que entenda para que nunca mais interfira na minha vida e não magoe a
princesa. Eu sei que ela disse palavras que machucaram a minha Gabriela

— Você também me amou e esteve apaixonado por mim algum dia. Não lutou por
mim, porque eu não era o suficiente e não estava a altura de um príncipe. Com ela parece fácil,
não é? A mulher que você ama agora tem sobrenome, é rica…

— Mesmo que ela fosse uma plebeia e não tivesse onde cair morta, eu continuaria
amando a Gabriela. Porque o que sinto por ela é muito diferente do que senti por você, Jane. Não
estou dizendo que não tive sentimentos por você em algum momento da minha vida, mas hoje
vejo que amor de verdade, o tipo de sentimento tão forte que é capaz de mudar uma pessoa,
experimentei apenas uma vez e não foi por você. Sinto muito.

Mesmo magoada, vejo no seu olhar que agora entendeu.

Não era para ser.

Não era forte o suficiente. Não dá minha parte.

— Seja feliz — diz.

— Eu serei, e desejo o mesmo para você — digo, então viro as costas para ela e
vou embora.

Tenho certeza de que Gabriela está chateada. Eu também estaria se Jane tiver dito
tudo o que imagino que disse, mas será um prazer provar para a minha menina que ela não tem
motivo algum para sentir insegurança.

Sou dela.
Eu era dela antes mesmo de ser.
CAPÍTULO 25

Quando entro no carro e coloco a chave na ignição, Gabriela está com os braços
cruzados sobre os seios e olhando pela janela, fingindo que não notou a minha chegada.

Em vez de começar a puxar assunto para tentar me entender com ela, começo a
dirigir em silêncio.

Depois de alguns minutos no mais completo silêncio, fiz de propósito, pois a


conheço o suficiente para saber que não iria aguentar, Gabi olha para mim.

Está completamente irritada e enciumada, mas não vai deixar de conversar e me


questionar até entender o que aconteceu.

Quando tem algo a incomodando, Gabriela me chama e conversa. Essa é uma das
características que me faz ser completamente louco por ela.

Apesar dos dezenove anos e de ser um pouco imatura às vezes, como qualquer
garota da sua idade seria, na maior parte do tempo minha noiva é madura até demais para idade.
Acredito que seja porque tem muita bagagem e por tudo o que já viveu.

Ela sempre resolve suas pendências e está prestes a resolver mais uma.

Mesmo que o medo do que ouvirá fira o seu coração.

— Aquela ruiva bonitona é sua ex-namorada?

— Sim, mas faz muito tempo. Eu era bem mais jovem e estava na faculdade
quando nos tornamos amigos e depois começamos a nos relacionar.

— Então meu noivo se apaixonou profundamente por uma ruiva linda e foi capaz
de abrir mão dela porque não era rica o suficiente? Que tipo de homem apaixonado faria isso?

— Na época, eu acreditava que estava fazendo a coisa certa para nós dois, porque
nunca seria feliz desistindo de quem eu era, nunca seria feliz decepcionando o meu pai por um
amor juvenil.

— Hoje você acredita que não fez a coisa certa? Se arrependeu da sua escolha?

— Se por um tempo reinou a dúvida, depois que te conheci passei a ter certeza de
que fiz a escolha certa quando terminei meu relacionamento definitivamente, antes que fosse
tarde demais.

— Por quê?

— Quando o homem ama uma mulher com todo o seu coração, ele está disposto a
tudo para ter esse amor. Quando um homem ama uma mulher com todo o coração, ele percebe
que moveria céus e terras para ficar com ela, independentemente se ela é rica ou pobre.
Independentemente se ela é a filha mimada de um barão ou a filha rejeitada de um barão que
cresceu como se fosse um bichinho enjaulado.

— Está falando de mim?


— Estou falando de mim, de você e dela. Depois de você, percebi que nunca amei
Jane o suficiente. Se eu tivesse amado o suficiente, teria ficado com ela, assim como fiquei com
você.

— Você não teve escolha. Eles fizeram um acordo e…

— Eu acho que você não entende…

— Então me explica — pede.

— No fim das contas, você se tornou menos adequada do que a Jane para ser minha
esposa

— O quê?!

Tenho certeza de que Gabriela não tinha parado para pensar por esse lado.

— O Barão tinha duas filhas perfeitamente adequadas para serem dadas como
minha esposa, mas ele escolheu você. Te escolheu porque sabia que não seria exatamente a
primeira escolha de um homem como eu. Pelo que me contou, você só aprendeu a ler por causa
da senhora Maria. Você nunca teve as melhores roupas e nunca foi mimada por seus pais ricos.
Você veio com um filho.

— O seu filho!

— Mas eu não sabia no começo e mesmo assim quis ficar com você. Eu te ameacei
de terminar o nosso noivado na noite do baile, mas assim que virei as costas depois do nosso
beijo, fiz sabendo que seria incapaz de terminar com você, mesmo tentando muito me convencer
do contrário. Percebe que eu quis ficar com você mesmo sendo completamente inadequada para
os padrões que eu havia criado para uma esposa ideal?

— Eu não imaginava — diz. Sua voz parece frágil.

De repente, está sendo muito difícil dirigir, quando tudo o que mais quero é olhar
em sua direção. Eu preciso do seu olhar no meu.

— Quando te vi pela primeira vez, não sabia que era você naquele acidente com o
cavalo, mas sua beleza me impressionou. Quando nos encontramos novamente na noite do nosso
noivado, porque fiz questão de te ignorar e de não te conhecer antes do grande dia, me apaixonei
e nunca mais consegui tirar você dos meus pensamentos. O que estou querendo dizer é que não
importa o que ela disse, porque a única verdade é que você é a única mulher que eu quero.

“Percebi que estava apaixonado por você quando comecei a agir de uma forma que
parecia que eu era outra pessoa. Você não era a noiva adequada, você tinha um filho que no
começo eu não sabia que era meu e era jovem demais… Tantos pontos contra e mesmo assim
não pude resistir. Eu me apaixonei como nunca tinha me apaixonado. Por você, eu desistiria de
mim mesmo. Consegue entender a diferença? Não estamos juntos pelo acordo, estamos juntos
porque queremos, porque nos fazemos bem mutuamente.”

Embora tenha amado o seu corpo de todas as maneiras possíveis, sinto que essas
palavras e declarações profundas estavam entaladas na minha garganta.

Agora Gabriela sabe o que significa para mim.

Eu espero que ela nunca mais pense em duvidar dos meus sentimentos, porque para
mim não há a menor dúvida de que realmente iria até o inferno para tê-la para mim.

Não importa o seu sobrenome.

Não importa a sua idade.

Não importa a vida que levou antes de mim ou o fato de ter crescido como uma
serviçal do próprio pai. Eu amo essa mulher.

Amo, porra!

Amo tanto que dói.

— Eu acredito nos seus sentimentos, amor. Eu só… por um momento a insegurança


bateu e senti medo de te perder para ela — fala. — Eu morreria.

— Você não vai me perder para ela e para ninguém. Nunca — declaro, ao pegar
sua mão e entrelaçar os nossos dedos.

Depois da nossa conversa, que acredito que foi o suficiente para que tudo voltasse
ao normal entre nós após o pequeno incidente com a minha ex-namorada, Gabriela e eu fazemos
o resto da viagem para casa em silêncio.

Não conversamos, mas permanecemos com as nossas mãos dadas. Está confortável.

Ao chegarmos em casa sem o nosso bebê, porque a mesma Gabriela que nunca quer
ficar longe dele hoje pediu para que o filho ficasse um pouco mais no palácio, ela sobe para o
nosso quarto sem dizer uma única palavra e me deixa sozinho na sala.

Sem entender nada, mas imaginando que tem algo em mente, sento no sofá e me
livro dos meus sapatos.

Está quase anoitecendo e tudo o que quero depois de um dia como o de hoje é me
aconchegar nos braços da minha mulher e descansar.

Todavia, a minha Gabriela mostra que tem outros planos quando desce as escadas e
me surpreende por estar completamente pelada.

Perfeita da cabeça aos pés, ela não tem uma única parte em seu corpo que não me
deixa babando e com vontade de tocar com as minhas mãos, com meus dedos, com a minha
língua e meu pau.

Então a gostosa para na minha frente, se ajoelha entre as minhas pernas e começa a
abrir botão após botão da minha camisa.

— Por que você está fazendo isso? Não estou reclamando, mas você surgindo na
minha frente completamente despida é uma novidade.

— Nada aconteceu. Eu só estou louca por você e quero mostrar o quanto estava
morrendo de saudade.

— Devo lembrar que você me acordou com a boca no meu pau hoje cedo? —
provoco.

— Parece que foi há tanto tempo, em outra vida.

Concentrada, minha garota bonita termina de abrir os botões e se livra da peça no


espaço vazio do sofá.

Então ela se concentra em se livrar da minha calça e não descansa até ter-me
completamente pelado como também está.

O meu pau não poderia estar diferente de duro por causa da visão do seu corpo
completamente despido para os meus olhos e para as minhas mãos.

Às vezes eu me pergunto se mereço uma garota tão linda como essa.

Não é somente pela beleza física, minha futura mulher é perfeita em todos os
sentidos da palavra.

Não tem uma pessoa que a conhece e que não gosta dela imediatamente.

Eu realmente não entendo como sua própria família a desprezou e maltratou.

Quando me tem do jeito que quer, a safada começa a passar as unhas pintadas de
rosa pelo meu abdômen trincado, porque felizmente as corridas com o cavalo me dão um ótimo
condicionamento físico, embora eu não frequente a academia.

As unhas que deixam marcas nas minhas costas sempre que transamos com mais
vontade estão arranhando a minha pele e me deixando com todo o corpo arrepiado de tesão.

— Você é tão safada, menina.

— A culpa é de quem? — rebate quando segura o meu pau grosso com firmeza e
passa a me masturbar lentamente indo e voltando.
— Apenas tirei o que havia de melhor em você. Não me arrependo, e se eu tiver
mais sessenta anos de vida, te corromperei tanto quanto puder.

— Estou pronta para ser corrompida pelo meu homem. — A minha vadia loira
abaixa a cabeça e passa a língua em volta da cabeça do meu pau.

Ela faz de um jeito tão gostoso que me custa não erguer o quadril e enfiar até o
fundo da sua garganta.

Faz pouco tempo que começamos a fazer sexo, mas somos tão íntimos que não
existe nada que seja uma zona proibida para nós dois.

Por falar em zona proibida…

Quando Gabriela leva o meu pau para o fundo da sua garganta, tudo e qualquer
pensamento some da minha mente.

Então ela começa a mamar com maestria, tão gulosa que rapidamente começa a
babar, mas não desiste de dar-me prazer.

O fato de estar me levando para a garganta também deixa a garota excitada, porque
Gabriela começa a tocar entre as pernas e eu amo o fato de saber que sua bocetinha está molhada
com as sensações de estar me dando prazer com a boca.

Gabi me chupa e me faz quase ver estrelas de tanto prazer. Quando estou prestes a
gozar na sua boca, ela simplesmente larga o meu pau e se levanta.

— O que você está fazendo? Eu quero gozar na sua boca, amor — reclamo.

— Ainda não. Quero que você goze quando estiver dentro de mim. — Em pé na
minha frente, e com os peitos praticamente no meu rosto, minha loira gostosa me beija de leve
nos lábios, mas não permite que eu aprofunde o beijo.

— Provoca, mas saiba que quando eu te pegar, vou acabar com você, noivinha.

A safada simplesmente dá de ombro, vai até a mesa de centro da sala e abre a


gaveta. De dentro tira um tubo e por um momento não entendo o que significa.

Quando joga para mim, vejo que se trata de um lubrificante.

Imediatamente, o meu pau começa a chorar de tesão, porque sei exatamente o que
Gabriela está querendo fazer agora.

Hoje realmente é meu dia de sorte.

— O lubrificante nas minhas mãos significa que vai me deixar fazer o que quiser
com seu corpo hoje?
— Vou deixar você meter na minha bunda. É isso que vem desejando há uns dias.
Não quer o meu cuzinho?

Não é como se estivesse a pressionando, mas faz uns dias que comecei a brincar de
passar a ponta do dedo no seu orifício anal. Então fui além e comecei a meter um dedo inteiro no
seu cu e depois o segundo dedo.

Descobri que não há nada mais gostoso do que comer a boceta enquanto enfio dois
dedos na sua bunda. A forma como meu pau fica ainda mais justo dentro dela me faz gozar tão
gostoso que vejo estrelas sempre que acontece.

— Eu quero. Quero muito o seu cuzinho, minha gostosa — declaro, ao puxa-la para
cima das minhas pernas e dessa vez a segurar com firmeza para que não fuja.

Então beijo a sua boca durante muito tempo, roubando seu fôlego e devorando a
sua língua como se nunca mais fosse parar.

Quando Gabriela começa a gemer dentro da minha boca e a rebolar no meu pau,
que está doendo de vontade de estar dentro da sua boceta, paro de beijá-la para segurar o meu
pau e posicionar a cabeça robusta entre os seus lábios vaginais.

A minha gostosa está completamente molhada, então deslizo para dentro com
facilidade, apesar de ainda ser muito apertada.

Nós dois gememos contra a boca um do outro quando entro centímetro após
centímetro até ficar inteiramente dentro.

Completamente apaixonado e louco de desejo, eu envolvo os seus cabelos no meu


punho, puxando o suficiente para que sua cabeça se volte para trás.

Eu sei que está doendo um pouco, por isso seus olhos se enchem de lágrimas, mas
preciso da sua atenção agora.

Apesar do conflito entre dor e desejo, sei que está gostando, porque a sua boceta
está ficando mais molhada enquanto ordenha o meu pau.

— Agora quero que você diga que é minha. Diga que é minha e que nunca mais
cometerá o erro de permitir que alguém coloque dúvidas na sua cabeça a nosso respeito.

— Hum… — geme, em vez de falar o que desejo ouvir.

— Preciso ouvir a sua voz, menina. Não seus gemidos. Diga que é minha, porra!

— Eu sou sua, Ignácio Vargas. Sou completamente sua para fazer o que quiser
comigo e nunca mais permitirei que ninguém faça a minha cabeça e me leve a ter dúvidas do que
sente por mim ou do que sinto por você. Completamente sua, porra! — No limite, ela perde o
controle.
Quando afrouxo o meu aperto no seu cabelo, Gabriela apoia as duas mãozinhas nos
meus ombros e então me castiga quando começa a pular no meu pau com tanta força que me faz
sentir que estou flertando com um desmaio.

— Que delícia! Acabe com o meu pau, sua gostosa do caralho!

E quanto mais eu falo, mais Gabriela quica em mim.

A safada morde os lábios e brinca com os próprios seios, completamente perdida no


próprio tesão enquanto sobe e desce no meu cacete.

Ela não para até gozar e me levar junto.

Nós dois gritamos o nome um do outro e nos agarramos ao sofrermos espasmos em


orgasmos que roubam os nossos fôlegos e a capacidade de respirarmos.

— Que delícia! Está cada dia melhor… — Gabriela fala com o corpo todo suado e
jogado em cima do meu.

Por minha vez, estou acariciando o seu couro cabeludo, no mesmo lugar onde puxei
com mais firmeza.

Ela ronrona como uma gatinha, mesmo sabendo que ainda não acabou

Na verdade, estamos apenas começando, porque desde que começamos a ficar


juntos, não sabemos a hora de pararmos.

Quando realmente nos damos por satisfeitos é porque não estamos mais
conseguindo suportar a exaustão física e mental de transar com tanto empenho e intensidade, vez
após outra.

Depois de alguns segundos descansando, começamos a nos beijar novamente e a


reacender o fogo da paixão.

Então a posiciono de quatro em cima do sofá e começo a comer sua boceta por trás
com a boca.

Depois de brincar com sua boceta, de uma forma que a deixa completamente
molinha de desejo e implorando para ser fodida, passo para a próxima e mais deliciosa fase.

Pego o tubo de lubrificante, passo uma boa quantidade no seu orifício anal e depois
faço o mesmo com o meu pau, porque não quero machucá-la além do que certamente machucarei
com meu membro grosso.

— Amor, vou fazer com cuidado. Se em algum momento sentir que é demais para
você, por favor, fale. Eu vou parar quando você quiser.
— Tudo bem — Gabi diz, olhando-me por cima do ombro. — Eu quero o seu pau
no meu cu.

Eu sei reconhecer os seus olhares. Agora, minha noiva está sentindo um misto de
tesão, nervosismo e medo pelo que faremos.

É tão sujo, mas ao mesmo tempo tão gostoso.

Fazer sexo anal é mais do que enfiar no seu buraco apertado.

Fazer sexo anal é saber que a tive de todas as formas possíveis.

É ter a certeza de que todo o seu corpo me pertenceu.

A partir de agora, Gabriela será ainda mais minha do que já é.

E eu só terei paz quando colocar uma aliança de casamento no seu dedo.

O dia está tão perto, mas a sensação que tenho é que esse dia nunca chegará

Com cuidado e sentindo a tensão no seu corpo, enfio a cabeça e encontro bastante
resistência. Então paro por alguns segundos e tento mais uma vez.

Leva vários minutos de tentativas, enquanto meus dedos brincam com seus seios e
sua boceta molhada na frente. Então finalmente tenho metade do meu pau dentro do sua boceta.

A essa altura, meu amor está chorando e dizendo que estou a rasgando ao meio.

Quando pergunto se precisa que eu pare e recue, Gabriela fica brava e pede para
que eu continue. Mesmo com a sensação de dor, é ansiosa para ter tudo de mim tanto quanto
quero tudo dela.

Suas dores.

Seus gemidos de prazer.

Seu amor.

Então vou até o fim, até que apenas as minhas bolas estejam fora do seu cuzinho.

Por um momento, fico apenas parado e completamente enfiado. Pela frente


continuo enfiando dois dedos na sua boceta, de uma forma que a distração a faça se esquecer da
dor.

Quando começa a gemer por causa das penetrações na boceta, passo a tirar e a
colocar o pau no seu cu, e os gemidos que ouço agora não são de dor, apenas de prazer.
— Está tudo bem, amor? Posso continuar rasgando seu cuzinho gostoso?

— Não pare nunca mais… — sua voz é praticamente um sussurro.

— Não pretendo parar — afirmo, ao me tornar um pouco mais ousado e passar a


penetrar mais rápido no seu orifício.

Eu espero a minha mulher gozar e faço o mesmo em seguida, alagando o seu rabo
gostoso com a minha porra.

Quando terminamos, estamos completamente suados e moles sobre o nosso sofá,


mas há sorrisos de satisfação sexual em nossos rostos.

— Está feliz? — ocorre-me perguntar. — Desde que te conheci, a sua felicidade é


tudo o que importa para mim, porque quando você é feliz, eu também sou feliz — declaro
enquanto faço cafuné na sua cabeça.

— Muito feliz. Para a felicidade ficar completa, falta nos tornarmos marido e
mulher — fala com a voz sonolenta.

Ela sempre cochila depois das nossas maratonas de sexo. Eu faço o mesmo.

— Será o dia mais feliz da minha vida — declara baixinho.

Quando caio no sono com a mulher que amo nos meus braços, sonho com ela
caminhando em minha direção com seu lindo vestido de noiva.
CAPÍTULO 26
VÉSPERA DO CASAMENTO REAL

Toda a comunidade de Solari está na expectativa para o dia de amanhã,


quando o segundo filho do rei Otávio subirá ao altar e dirá sim para a sua noiva, Gabriela
Peri.

Especula-se que o casal se uniu graças a um acordo entre o rei e o barão Solto
Maior, todavia, independentemente de como começou, até mesmo aqueles que são céticos
com o tal do amor percebem que há paixão entre os pombinhos.

O relacionamento é recente, mas a colunista que vos escreve precisa admitir


que está torcendo muito pelo casal.

Veja abaixo imagens do casal real andando de mãos dadas pelas ruas de
Solari.

— Senhora Maria, pedi para que não chorasse — apesar das minhas palavras, eu
mesma estou segurando as minhas lágrimas.

— Como não chorar? Eu estou vendo a alegria estampada no rosto da minha


menina. Você, mais do que qualquer pessoa, merece ser feliz, Gabi. Esperei tanto por esse
momento.

— Eu sei. Nunca serei capaz de retribuir o tanto que fez por mim. Amo você —
digo, agora sou eu que estou com vontade de chorar.

— Fiz tudo por amor e não espero outra retribuição além de mais um ou dois
netinhos para mimar — seu comentário faz a princesa Elena e a Pérola sorrirem.

— Os netos virão.

Claro que virão, sobretudo, se for considerar a quantidade de sexo sem proteção
que o meu príncipe e eu fazemos.

Hoje estou reunida com as minhas amigas e com a mulher que vejo como uma
figura materna.

Como é a minha despedida de solteira, Elena me convenceu a fazer uma reunião


íntima e apenas para as mulheres na casa onde mora com o príncipe Felipe.
Os móveis da sala foram afastados e agora há quatro mulheres bebendo e falando
de assuntos que não interessariam a pessoas do sexo masculino.

Por sua vez, sei que agora o meu noivo provavelmente está bebendo com seus
irmãos e o pai. Vale mencionar o Leonardo, que Ignácio provoca sempre que pode, mas sei que
gosta dele.

Algumas semanas passaram até chegar a véspera do dia do meu casamento, mas
agora que está tão perto, o nervosismo traz a sensação de que o tempo voou.

Amanhã irei me tornar esposa do príncipe Ignácio Vargas.

Muitas pessoas gostam de lembrar-me de que estou me casando com um príncipe e


casar com um príncipe é diferente de um relacionamento com um homem comum.

Todavia, mesmo sabendo que terei algumas responsabilidades a mais e regras de


comportamento a seguir, quando estou com o homem que amo não vejo um príncipe, vejo
apenas o homem que amo. Vejo o pai do meu bebê.

Se Ignácio é quente e amoroso comigo, para o resto do mundo ainda é o príncipe de


gelo e sou simplesmente a mulher mais feliz do mundo sempre que penso que tenho uma versão
sua que é exclusiva apenas para mim.

Embora o casamento esteja marcado para amanhã, nós passamos o último mês
vivendo como marido e mulher na nossa casa, que de provisória passou a ser definitiva, porque
nenhum de nós dois está preparado para se mudar do lugar onde a nossa história começou e se
desenvolveu.

Se estamos felizes onde estamos, por que nos mudarmos agora?

Queremos mais filhos, mas enquanto não chegam, a casinha de armas é o suficiente
para a nossa pequena família.

— Eu acho que estou ficando um pouco bêbada — Pérola brinca.

Eu poderia concordar, mas ela não tomou mais o que dois copos de suco. Não entra
bebidas alcoólicas no seu corpo por causa dos bebês que está gerando.

— A embriaguez imaginária seria uma desculpa para o fato de que você está com
vontade de chorar de emoção porque a nossa amiguinha está prestes a se casar? — Elena provoca
a prima e melhor amiga.

Nós quatro estamos sentadas no sofá da casa da princesa consorte, bebendo,


conversando e beliscando alguns quitutes que a princesa encomendou.

Há também música tocando, mas não muito alto, porque o pequeno príncipe está
brincando no tapete enquanto vez ou outra observa Yuri dentro do seu cestinho.
Meu filho está acordado no momento. Ele observa tudo com bastante atenção,
embora não entenda nada.

— A nossa amiguinha está se casando com o Ignácio. Você tem noção? Eu estou
feliz duplamente, porque o homem de gelo é meu amigo e torço muito pela felicidade dele.
Apenas para que você saiba, Gabriela, quero dizer que eu sabia que ele se apaixonaria por você
— Pérola afirma.

— Sabia?

— Tinha certeza e disse para ele no dia do noivado — acrescenta. — Proponho um


brinde ao casal do ano.

Todas nós erguemos as nossas taças.

Hoje, sinto que não falta quase nada na minha vida. A partir de amanhã, minha
felicidade estará completa e mal vejo a hora de despertar no dia seguinte sabendo que sou esposa
do homem que amo.

Eu não sinto falta de um pai que me fez sofrer durante a vida inteira e muito menos
das irmãs que nunca foram irmãs.

Também não tenho mais medo do que ele possa fazer, porque percebi que o barão
Solto Maior tem muito mais a perder se agir contra mim.

Acredito, e espero estar certa, que ele não voltará a ser um problema e que nunca
mais atravessará o meu caminho.

É tudo o que desejo.

Também não sinto falta da mãe que me abandonou quando eu tinha oito anos de
idade e nunca mais entrou em contato comigo.

Por um breve momento, imaginei que sentiria falta de uma figura materna em um
momento tão especial como o que estou vivendo, mas rapidamente percebi que tenho essa figura
materna há muito tempo.

A senhora Maria está ao meu lado, e com ela ao meu lado, não tenho porque sentir
falta da mãe que me deixou com um monstro.

Amanhã!

Amanhã será o grande dia, me tornarei esposa do príncipe Ignácio Vargas de Solari.
— Você não deveria estar lá dentro com os seus irmãos e alguns amigos? Não
deveria estar bebendo para comemorar o seu último dia solteiro? — Estou parado na porta de
entrada do palácio, observando a beleza que são os jardins desse lugar.

Nasci aqui e nunca me acostumei.

Mas a verdade é que não estou de fato concentrado nas imagens. Os meus
pensamentos estão longe.

— Voltarei, pai. Só estava precisando de um tempo sozinho para pensar.

— Está tudo bem? Você está estranho. — É claro que o meu pai perceberia.

Ele me conhece melhor do que ninguém.

Dos três filhos do rei, sou o mais próximo dele.

— Não sei explicar esse sentimento que está deixando o meu coração apertado no
peito — confesso, ao tomar um gole do gin que servi há pouco.

— Não tem certeza dos seus sentimentos pela garota? Ou não tem certeza sobre se
casar com ela?
— Não é nada disso, papai. Eu amo a Gabriela mais do que a mim mesmo. Tenho
certeza de que quero me casar com ela. Na verdade, nas últimas semanas tive a sensação de que
o dia nunca chegaria.

— Então não tem porque você estar com os sentimentos confusos — aponta. — Sei
que não falei antes, mas quero que saiba que sinto muito orgulho de você. Fiquei bravo quando
você agiu por conta própria e trouxe a sua noiva para casa dois dias depois da festa de noivado,
mas agiu com bons motivos e mostrou-se ser um homem bom e responsável. No final das contas,
conseguiu fazer o que era certo na escolha de esposa e teve a sorte de se apaixonar por ela. Não é
todo mundo que tem a mesma sorte.

— Pai, Gabi é perfeita para mim. Ela me faz viver.

— Eu sei, e quero pedir que não permita que o medo sabote e a sua felicidade

— Medo?

— O que você está sentindo é medo, filho. No fundo, está tão feliz que sente medo
de que a vida venha e tire tudo o que te deu nas últimas semanas. Mas não vai acontecer,
acredite.

— O senhor está certo.

É exatamente o que meu pai está falando.

Eu não estava conseguindo entender, mas o que sinto é um medo absurdo de que
algo ruim aconteça e leve embora a minha família.

Nas últimas semanas tenho sido tão feliz que às vezes acordo no meio da
madrugada e fico apenas olhando para a minha noiva dormindo pacificamente com o nosso filho
com os lábios em volta do seu peito.

Todavia, nos últimos dias também tenho olhado por cima do meu próprio ombro.
Não sinto que há um perigo concreto, é apenas o medo tentando sabotar a minha felicidade,
como meu pai acabou de dizer.

Como é possível eu estar sendo tão completamente feliz?

E se…

Antes que cenários ruins surjam, balanço a cabeça de um lado para o outro para
dissipar.

— Se estou certo, você vai entrar agora e aproveitará a sua despedida de solteiro,
porque amanhã finalmente conseguirá colocar a aliança no dedo da sua noiva.

Finalmente…
Passaram apenas algumas semanas desde o dia em que nos conhecemos, mas a
sensação é de que esperei por essa mulher durante a minha vida inteira.

Eu teria esperado muito mais pela possibilidade de ser feliz como estou sendo
agora.

— Só mais um minuto — falo, então o rei entra e fico sozinho, sentindo-me mais
calmo apenas pelo fato de ter admitido o medo.

Dará tudo certo, nada e ninguém irá nos separar. Nem hoje e nem nunca.

Não existe mais Ignácio sem Gabi, ou Gabi sem Ignácio.

Depois de mais alguns minutos acalmando os meus sentimentos, para em seguida


tentar me divertir na minha última noite como solteiro oficial, embora me sinta casado há
algumas semanas, viro as costas para voltar para dentro do palácio.

Antes que eu possa fechar a porta, ouço uma voz feminina que não conheço.

— Boa tarde. — Volto-me novamente e vejo uma mulher loira na minha frente.

O meu coração imediatamente dispara, porque ela tem o rosto muito parecido com
o rosto da minha mulher, é apenas mais velha. Provavelmente tem a idade próxima a minha.

Não tenho dúvidas, é a mãe da minha noiva.

— Posso ajudar em alguma coisa?

Essa mulher não veio bater na minha porta na véspera do casamento da sua filha,
veio?

— Você não me conhece, mas eu sou a mãe da Gabriela.

Quando ouço a sua frase, desço os degraus e paro muito perto dela.

Então encaro os seus olhos da mesma cor dos olhos da minha quase esposa e não
vejo nada além de vazio.

Aqui está uma mulher que não é feliz.

Sei porque vejo a expressão facial de um homem realizado todos os dias quando me
olho no espelho.

Como uma mulher poderia ser feliz depois de abandonar a própria filha?

Ela não olhou para trás, se tivesse olhado, teria voltado e salvado a filha de todo o
sofrimento pelo qual passou por sua causa.
— A minha noiva não tem mãe. Sugiro que diga de uma vez o que veio fazer aqui e
depois vá embora.

— Se você conhecesse a minha história, não estaria me julgando como sei que está
fazendo agora.

— Realmente não preciso conhecer a sua história, porque o que sei é o suficiente
para não gostar de você e para poder exigir que não se aproxime da Gabriela.

— Eu sou a mãe dela — fala, um pouco alto demais

Espero que não tenha chamado a atenção dos caras lá dentro.

No dia de hoje, drama é tudo o que não precisamos.

— Volto a repetir: você não é mãe da Gabriela. Como tem coragem de falar uma
coisa dessas depois de ter a deixado nas mãos de um estranho que dizia ser o pai dela? Você a
deixou e nunca mais voltou. A mulher que diz ser sua filha, sofreu nas mãos do próprio diabo por
sua culpa.

— Eu estava doente e acreditava que iria morrer. Agi em um momento de


desespero e só fiz o que fiz porque não queria que Gabriela ficasse desamparada quando eu
partisse

— Mas você não morreu, está muito viva. Parou para pensar que ficar desamparada
teria sido melhor do que viver ao lado de um pai que a odiava? Com sua chantagem, você não
conseguiu nada além de fazer com que o barão desprezasse a filha que ele não queria.

— Eu não sabia…

— Claro que não sabia. Não sabia porque não se importou o suficiente para a
procurar todo esse tempo, mas decidiu fazer isso hoje, na véspera do casamento.

— Amanhã será um dia especial para a Gabriela. Eu só queria falar com ela ou no
mínimo vê-la de longe.

As suas palavras não me comovem. Talvez pudesse ser diferente se eu não tivesse
visto as marcas da surra que o barão deixou espalhadas pelo corpo da própria filha.

— Saiba que a sua filha conseguiu sobreviver, apesar de você. Se realmente sente
algum amor pela Gabriela, dê meia volta e não a procure mais. Ela está feliz, mas tenho certeza
de que a sua visita a deixará perturbada e tudo o que a garota não precisa é ser perturbada um dia
antes do casamento

— Você a ama, não é?

— Mais do que tudo nessa vida — digo, embora não deva dar munição para essa
mulher.

Não sei quais são as suas intenções.

Não sei se devo confiar o mínimo que seja nela, pois além de ser uma
desconhecida, seu histórico de abandono é péssimo.

Eu a culpo por tudo que a minha garota passou nas mãos do pai, porque nada
justifica o que ela fez.

— Que bom. Faça a minha garotinha feliz, porque, acredite você ou não, já fui uma
boa mãe e errei por amor. — Chorosa, vira as costas.

Ela está indo embora fácil demais, mas sei que dará um jeito de estar no casamento
da filha, mesmo que seja de longe.

Não perguntei se mora em Solari ou como vive. Não perguntei nada a seu respeito,
porque não importa.

Ela não fará parte da vida da minha mulher.

Eu não quero, e sei que Gabi pensará da mesma forma.

Depois de um momento tenso com a visita inesperada que me deixou incomodado,


volto para festejar com os caras, mas a verdade é que a minha mente está em outro lugar.

Fico mais ou menos trinta minutos com eles, depois invento uma desculpa para sair
e encontrar a minha garota.

Fomos proibidos de nos encontrarmos até a sua entrada com o vestido de noiva
amanhã, mas temos os nossos celulares e conseguimos burlar as regras para nos encontrarmos.

O ponto de encontro? A cachoeira que fica na propriedade do babaca do Leonardo


Von Daren.

Felizmente as terras do Duque Von Daren ficam próximas demais do palácio,


significa que Gabi e eu não teremos problemas para chegarmos no local do encontro.

Quando chego, a minha mulher está me esperando

Gabi e está linda demais com seus cabelos presos e o vestido justo vermelho no
corpo estonteante.

A mulher deveria usar apenas a cor vermelha, pois fica sexy além da conta.

Quando a abraço por trás, ela solta um gritinho de susto, mas em seguida sorri,
derretendo-se nos meus braços.
— Eu estava morrendo de saudade da minha mulherzinha — sussurro no seu
ouvido, então Gabriela vira-se de frente para mim.

Na ponta dos pés, ela beija a minha boca de leve.

— Eu também estava morrendo de saudade de você, mas as garotas vão me matar


quando perceberem que fugi.

— E se eu te sequestrar? — provoco, ao deslizar as mãos para a sua bunda.

— Faça depois que nos casarmos, porque agora todos eles iriam atrás da gente —
fala, tão completamente feliz que não sei como reagirá com o que direi a seguir.

— Eu estava com saudade, mas marquei o encontro por outro motivo.

— Aconteceu alguma coisa?

— Como não sabia que você estava fora, a sua mãe foi até o palácio te procurar.

— Minha mãe?

Gabriela está chocada.

Ela não precisava saber agora, mas ao mesmo tempo senti que precisava contar de
uma vez, porque quero que nos casemos sem nenhum segredo nos ameaçando.
CAPÍTULO 27
A sua mãe foi no palácio te procurar.

Essa frase fica se repetindo na minha cabeça sem parar.

Como assim a minha mãe foi me procurar?

Eu não tenho mãe!

— O que ela queria?

— Disse que precisava te ver.

Tão simples assim?

Depois de sumir da minha vida por mais de dez anos só agora precisa me ver?

Logo agora que não estou mais implorando em agonia para que volte e me tire do
inferno?

Agora que não preciso mais de uma mãe?

— Que cara de pau! A mulher me deixou com oito anos de idade, nunca mais
entrou em contato e na véspera do meu casamento pensou que seria de bom tom me procurar?
Quem ela pensa que é?

— Sua mãe disse que estava doente e que acreditava que iria morrer. Por isso te
deixou com o barão. Ela não queria te deixar desamparada, foram essas as palavras que usou.

Por um momento, fico em silêncio, apenas refletindo o que Ignácio acabou de


contar, mas, ainda assim, não consigo encontrar uma razão para entender a escolha que fez.

Ela estava doente, mas se veio me procurar hoje, é porque em algum momento
ficou bem. Ainda assim, não foi me buscar na casa do meu pai e permitiu que eu sofresse até o
último momento.

Se não estou mais com ele, é porque na sua ganância de me fazer sofrer e se livrar
de mim para sempre, fez um acordo para que eu me casasse com o príncipe Ignácio. Se não fosse
por ele, eu ainda estaria sofrendo nas mãos daquele que deveria ter sido meu pai.

Realmente não há nada em mim que consiga entender as suas escolhas.

Eu sofri muito por sua causa.

Esperei tanto, mas chegou um momento em que deixei de sentir a sua falta. Deixei
de esperar pela sua volta a partir do momento em que percebi que não iria voltar e que minha
vida seria aquela.
Percebendo a minha fragilidade emocional, meu noivo me pega em seus braços e
abraça-me apertado. Por vários minutos, fico chorando baixinho e molhando a sua camisa.

Não estou chorando por ela, estou chorando por perceber que o fato de a minha
mãe ter ido me procurar não causa nada ao meu coração.

Eu não sinto amor, mas também não sinto raiva.

Simplesmente não sinto nada pela mulher que deveria ter sido mãe.

Não sinto nem mesmo curiosidade e quase acredito que sou um monstro como os
meus pais.

— Não sinto nada por ela. Não quero vê-la… Você acha que sou um monstro?

Com carinho, ele segura meu rosto com as duas mãos grandes e faz com que o
encare.

— Você é humana, princesa. Eu pedi para que ela ficasse longe de você e que não
tentasse se aproximar jamais, fiz porque sabia que teria dito o mesmo se tivesse a encontrado. A
sua mãe não te deu motivos para ser amada, muito pelo contrário.

— Eu não preciso de nenhum dos dois. A única mãe e pai que conheço se chama
Maria.

— É sim, amor. E a sua senhora Maria estará ao seu lado amanhã. É ela que estará
com você no seu momento mais especial depois do nascimento do nosso bebê.

— Não vejo a hora — declaro, rapidamente superando a notícia sobre minha mãe.

Não vou me cobrar em momento algum sobre a falta de reação ante a notícia,
porque simplesmente não conheço mais a mulher que me colocou no mundo.

Se as coisas são como são, ela é a culpada.

Não há como saber como será no futuro, e talvez eu até mude de ideia, mas no
momento realmente não sinto desejo de ver ou saber qualquer informação a respeito da minha
mãe.

— Está tão perto, meu amor. Acredito que não vou dormir essa noite — ele diz

— Eu também não, embora saiba uma maneira muito eficaz de esgotar as nossas
energias e nos fazer apagar…

Não era para o meu noivo e eu estarmos juntos na cachoeira e as garotas me


matarão se suspeitarem que fugi para o encontrar, mas já que estamos aqui…
— Você está querendo fazer sexo, mesmo quando as suas amigas nos afastaram por
causa de uma ideia boba?

Segundo elas, alguns casais abrem mão de ficarem com seus parceiros uma ou duas
noites antes do casamento, pois acreditam que o sexo fica mais apimentado na noite de núpcias.

Ignácio e eu não precisamos de mais pimenta.

— Elas não precisam saber — digo, ao descer a mão para o seu pau, que está
semiereto apenas pela menção à palavra sexo.

— Gabi…

— Você não me quer? — faço drama.

— Mais do que tudo — fala, e eu acredito.

Desde que começamos a ficar juntos, meu príncipe mostra de todas as formas o
quanto me deseja. Essa é a primeira vez que ficamos um dia sem dormirmos nos braços um do
outro.

Por causa das minhas amigas, que tiveram a péssima ideia, ontem à noite dormi em
casa sozinha com o bebê e o príncipe dormiu no palácio com os irmãos.

Elas que me perdoem, mas não posso esperar.

Não posso resistir.

É mais do que apenas o desejo de transar. Mais uma vez meu homem fez a coisa
certa, fez exatamente o que eu teria feito no seu lugar e agora quero demonstrar o meu amor da
única forma que sei além das palavras.

— Nós precisamos ser rápidos — digo.

Então nós dois nos afastamos e começamos a nos livrar das nossas roupas em
contato total com a natureza

Do nosso lado, a queda d’água é a trilha sonora especial e deixa o clima da noite
fresca ainda mais gostoso.

Quando termino de tirar as minhas roupas e encaro o homem perfeito fisicamente


falando que Ignácio é, sinto a minha boceta se contraindo de vontade.

Ao ver o seu membro duro, minha boca enche d’água, e sinto muita vontade de me
ajoelhar aos seus pés e tomar seu pau na minha boca.

Amo dar prazer para o meu homem dessa maneira, mas hoje não teremos tempo,
diferentemente de amanhã, depois que nos tornarmos marido e mulher.

Ele me pega em seus braços e me beija longamente.

— Eu amo os seus beijos — declara, ao deslizar a boca para o meu pescoço. Ama
mordiscar esse lugar e sempre deixa marcas.

Ando por aí marcada como se fosse uma adolescente.

No caso, uma adolescente completamente apaixonada. Mas também uma mulher


que está vivendo plenamente pela primeira vez aos dezenove anos.

Tudo poderia ter dado errado, mas o que pareceu que seria o maior tormento da
minha vida com o acordo feito pelo meu pai se tornou a minha salvação.

No final das contas, Ignácio foi o meu milagre e nunca vou deixar de o amar.

— Como se sente a sua bocetinha, meu amor? Será que ela está molhada para mim?
— o príncipe pervertido sussurra no meu ouvido e faz todo o meu corpo se arrepiar.

É impressionante como esse homem sabe como me tocar.

O meu corpo é tão sensível ao seu que às vezes ele nem precisa me tocar para que
eu sinta a sua presença em um ambiente.

— Por que você não me toca e descobre? — falo com ousadia.

Depois de termos passado as últimas semanas em cima um do outro, perdi qualquer


inibição. Quando se trata de nós dois tanto na cama quanto fora dela, sei que posso ser eu
mesma.

— Não precisa pedir, gostosa. — Então desce a sua mão pela minha barriga até
alcançar a junção entre as minhas pernas.

Olhando nos meus olhos, porque ele gosta de ler minhas expressões faciais de
prazer enquanto me toca com a mão, com o pau e com a boca, a sua mão aberta cai sobre a
minha boceta.

É óbvio que me sente toda molhada, porque apenas a expectativa de fazer sexo com
esse homem já é o suficiente para começar a me deixar pronta.

— Toda melada… eu te deixo excitada, princesa?

— Muito. — Não querendo ficar para trás, pego seu pau entre os dedos e começo a
masturbá-lo, fazendo movimentos de subir e descer, movimentos que o fazem deixar escapar um
gemido dos seus lábios bonitos.
Olhando nos olhos um do outro, vendo amor, paixão e um pouco da loucura que
envolve o nosso relacionamento, nos tocamos por um tempo.

Nos tocamos até deixar um ao outro louco e pronto para se entregar ao prazer.

— Segure-se em mim, loirinha, porque a partir de agora as coisas ficarão um pouco


intensas.

Por um momento fico sem entender, então ele segura meus braços e os envolve nos
seus ombros. Em seguida, desce as mãos para as bochechas da minha bunda e me pega no seu
colo.

Agora estou com as duas pernas em volta da sua cintura e sinto que o sexo nessa
posição será marcante e delicioso.

Meu homem posiciona a cabeça da sua rola na minha entrada que está molhada e
dolorida de vontade de o sentir me rasgando de dentro para fora.

Então o príncipe pede para que eu desça pouco a pouco e eu faço. Em pé e sendo
segurada pelo meu homem, solto um gritinho de prazer quando sinto todo o seu membro grosso e
grande socado dentro da minha boceta.

— Que delícia… eu nunca vou me cansar de você, lindo.

— Que bom, porque vou te comer pela eternidade. Porque te fazer feliz de todas as
formas se tornou meu objetivo de vida. Eu estava te procurando, Gabi.

— Que bom que me encontrou, amor. Que bom que encontrou a mim e ao seu filho
— falo com a boca colada na sua, quando começo a sentir as suas estocadas de baixo para cima.

— Gostosa! A sua boceta está estrangulando o meu pau — fala, e continua


entrando e saindo, movendo seu corpo e me segurando como se eu não pesasse nada. — Caralho!
Como é bom sentir essa bocetinha estrangulando o meu pau!

Quando meu noivo acelera as arremetidas, passo a gemer tão alto que fico grata por
não estarmos perto de outras pessoas.

Desesperada de tesão, começo a arranhar suas costas e a morder o seu ombro, em


uma tentativa de conter a minha agonia enquanto o orgasmo não vem.

Por mais que eu esteja desesperada para gozar, me seguro, porque não quero que
acabe tão rápido.

Pensando da mesma forma que eu, Ignácio também está se segurando. Quando
ficamos na beira do abismo, ele sai de dentro do meu corpo e me coloca no chão.

Imediatamente me sinto vazia.


— Quero te comer contra aquela árvore. — Aponta e me leva até ela com a mão. —
Apoie as suas palmas no tronco e empina essa bunda gostosa para mim, amor — exige.

Quando faço o que quer, meu homem estapeia a bochecha da minha a bunda, um
tapa seco que me faz gritar por causa da queimação, mas também é um grito de prazer. Eu amo
quando ele bate na minha bunda.

Quando meu homem volta a meter profundamente o membro na minha boceta,


começo a arranhar o tronco da árvore com minhas unhas, em uma tentativa de me segurar.

Segurando-me com firmeza pela cintura, Ignácio bate seu corpo no meu com tanta
força e rapidez que o som dos nossos corpos se chocando assusta os pássaros que estavam
sobrevoando em volta.

— Toma o meu pau, minha vadia! Minha gostosa! Meu amor! Amanhã você será
definitivamente minha, porra! — Afasta os cabelos do meu pescoço, morde a carne com força e
então nós dois gritamos quando o orgasmo nos alcança.

As minhas pernas ficam a ponto de cederem, mas o meu noivo, tão acabado quanto
eu, continua me segurando e ainda enfiando na minha boceta.

Eu me sinto completamente alagada por dentro enquanto seu esperma escorre pelas
minhas pernas. É a melhor sensação do mundo.

Sinto como se o meu coração estivesse pegando fogo de tanta paixão e amor.

Depois de um tempo, quando as nossas respirações se acalmam, nos sentamos.

Quando Ignácio senta com as costas apoiadas no tronco da árvore, ele abre as
pernas e eu me ajeito entre elas. Então o homem enfia o nariz no seu lugar preferido: meu
pescoço.

Aconchegados um no outro, ficamos em silêncio durante alguns segundos, ouvindo


o som da queda d’água e sentindo as gotículas respingando em nós. Molhando os nossos corpos
que têm cheiro de sexo.

— É amanhã, princesa — fala.

Acredito que o meu príncipe está mais ansioso do que eu.

— Amanhã. É engraçada a forma como me sinto — digo.

— Como você se sente?

— Estamos juntos há pouco tempo, mas parece que demorou anos para o dia do
nosso casamento. Como se fosse um relacionamento de longa duração — explico.
— Sinto-me da mesma forma, e acredito que seja porque em todos esses anos
estivemos esperando pelo dia de amanhã. Éramos um do outro antes mesmo de sermos.

Precisando ver o seus olhos, viro-me parcialmente de lado entre as suas pernas e o
encaro.

— A espera acabou, príncipe. O nosso momento chegou — declaro, e não estou me


referindo apenas ao casamento.

— Finalmente chegou, amor — sussurra contra os meus lábios, antes de me beijar.

O último beijo antes do primeiro dia do nosso felizes para sempre.

Amanhã!
CAPÍTULO 28
Quando acordo pela manhã, tenho a sensação de que os passarinhos estão cantando
mais alto e de que o sol está brilhando mais.

Quando acordo pela manhã, faço sabendo que hoje será um dos dias mais
importantes da minha vida.

Tenho vontade de rolar nos cobertores macios e dormir um pouco mais, apenas
para que a hora do casamento chegue mais rápido, mas não tenho a oportunidade.

— Está na hora de acordar, bela adormecida. Hoje é o seu dia da noiva e não
queremos que se atrase.

Quem está falando é a madrinha, Elena. E antes de abrir os olhos sei que a sua fiel
escudeira, Pérola também está presente.

Apenas por costume, estico o braço e passo a mão pelo espaço da cama que Ignácio
ocupa e o encontro vazio. Está vazio e frio, mas antes que o meu coração erre a batida, lembro-
me de que o meu noivo não está ao meu lado porque dormiu no palácio a pedido das minhas
amigas.

Mal sabe elas que ontem fugi da minha própria despedida de solteira para transar
com o noivo.

Quando voltei, elas me olharam com desconfiança e perguntaram onde eu estava,


obviamente menti e disse que havia saído para dar uma volta.

Duvido muito que tenham acreditado.

Felizmente, não insistiram no assunto.

— Eu não acredito que hoje vou me casar com um dos príncipes de Solari —
murmuro, ao me sentar sobre a cama esfregando os olhos para despertar.

As duas garotas estão paradas na porta do meu quarto, completamente lindas e


parecendo que acordaram às seis da manhã. Quando pego meu celular e olho o relógio, me
assusto ao perceber que passa das dez horas da manhã.

— Vocês não deveriam ter me acordado antes? — brinco.

— Era o plano, mas você terminou o dia ontem um pouco cansada, como se tivesse
gastado muita energia — pela forma maliciosa como Pérola está falando, fica claro que ambas
perceberam que dei uma escapada para ficar com Ignácio.

Em resposta, apenas mostro o meu sorriso tímido.

Eu só não sou tímida quando estou querendo fazer sexo com o meu noivo. Nesse
momento me torno a mulher mais safada do mundo
Depois de me levantar, recolho os meus pertences pessoais e saio com minhas
amigas para o dia de noiva no spa.

Durante horas, sempre com um frio na barriga de ansiedade pelo que acontecerá no
final da tarde, recebo massagens relaxantes. Profissionais renomadas fazem as minhas unhas das
mãos e dos pés.

Quando está faltando duas horas para o começo da cerimônia, a cabeleireira faz o
penteado elaborado no meu cabelo. Presos no alto da cabeça, meus fios loiros são enfeitados com
a bela tiara de diamantes que lembra uma coroa de princesa.

Ganhei o adorno de presente do meu noivo, que pediu para que entregassem nas
minhas mãos há alguns minutos.

Eu me emocionei e tive que segurar as lágrimas para não parecer uma boba na
frente de pessoas desconhecidas. Pérola e Elena me abraçaram e falaram do quanto estão feliz e
satisfeitas por saberem que o príncipe e eu agora teremos um ao outro.

Depois de deixar o meu cabelo lindo, a cabeleireira dá lugar para a maquiadora.

A mulher é muito boa. Ela simplesmente me deixa parecendo uma boneca. Não
pesa na maquiagem e faz de uma forma que combina comigo: tons claros nos meus olhos e
minha boca mais marcada com batom de tom puxado para o vermelho.

Quanto mais se aproxima do grande momento, mais fico nervosa, mas é um


nervosismo bom, não tenho dúvidas.

Com um bebê recém-nascido, vez e outra uma das minhas amigas entrega Yuri nos
meus braços para que eu o amamente ou acalme quando está chorando e precisando da minha
atenção.

Felizmente, não acontece com frequência, porque o meu bebê é muito bonzinho.

Hoje acordei morrendo de saudade de você, princesa.

Senti saudade do seu calor contra o meu corpo, do seu cheiro e até mesmo da
forma como ronrona como uma gatinha no meu ouvido quando está dormindo profundamente.

Que bom que o nosso grande dia chegou, porque não vejo a hora de poder te
chamar de minha esposa.

Hoje percebi que tem algo muito importante que preciso te dizer e ainda não disse.

Ei, não ocupe sua cabecinha com preocupação, porque é uma coisa boa, muito
boa. Eu apenas deixei escapar, mas consertarei esse erro hoje.

Talvez não tenha deixado passar e só estava esperando o momento certo sem
perceber.

Venha logo para mim, meu amor.

Eu realmente estou precisando ter você nos meus braços.

— Você não vai chorar, Gabriela — falo alto comigo mesma depois de ler a
mensagem que meu noivo enviou.

Quando finalmente chega muito perto do horário marcado para o início da


cerimônia, minhas amigas me ajudam a colocar o vestido de noiva.

Ele realmente ficou perfeito no meu corpo, molda as minhas curvas da maneira
certa e abre-se no final das minhas pernas, é como se eu fosse uma sereia.

A grinalda está presa na parte de trás do penteado e quando me vejo pronta para
casar na frente do espelho, sinto que tudo que passei até aqui foi para trazer-me até o dia de hoje.

Sem saber o que me esperava, suportei anos e anos de uma vida vazia e sem
perspectivas de felicidade.

Eu não sabia que um dia encontraria a minha felicidade.

Não sabia que encontraria o amor da minha vida, mas se alguém tivesse me dado
pelo menos uma dica do que estava por vir, sinto que teria aguentado o dobro do que aguentei.

Eu teria esperado uma vida inteira, mesmo que fosse para experimentar apenas um
dia da felicidade de ser amada e protegida não só pelo amor da minha vida, mas pelas novas
amigas que fiz e pela grande família que sei que estamos nos tornando.

Depois que fico pronta, espero alguns minutos pelo carro que o meu noivo alugou
especialmente para mim e para as minhas madrinhas, que estão lindas com seus vestidos cuja cor
se assemelha ao vermelho, mas um tom mais claro.

O meu pequeno príncipe está vestido como o seu pai, tão fofo com terno e gravata
borboleta que dá vontade de morder.

A viagem do spa onde estávamos até o palácio dura no máximo vinte minutos, e
durante a viagem, a conversa das minhas madrinhas me distrai e faz com que eu sorria.

Depois de me abraçarem, Pérola e Elena vão para as suas posições, porque elas
entrarão no salão de baile com seus pares antes de mim.

Eu não fico sozinha, porque a minha senhora Maria vem até mim com um sorriso
de orelha a orelha no rosto.

— Hoje é o seu dia, minha menina.


— Consegue acreditar? — questiono ao dar Yuri nos seus braços.

— Consigo, porque algo dentro de mim sabia que um dia você sairia daquele
inferno. Foi por acreditar que nunca te deixei entregar os pontos ou mesmo fraquejar. Você tinha
que se manter firme e sã para o que estava te esperando.

— Obrigada por ter acreditado em mim.

— Eu é que agradeço por você ter entrado na minha vida para ser a filha que não
tive a chance de ter — as suas palavras me fazem mais uma vez ser obrigada a segurar para não
chorar.

Estou emocionada, mas não posso borrar a maquiagem antes mesmo de ver o
noivo.

— Agora quero que você vá encontrar o homem que ama e nunca mais olhe para
trás. Esqueça definitivamente o passado e seja feliz. Você merece, minha menina.

Então ela devolve Yuri para os meus braços, porque além do casamento de conto de
fadas, Ignácio e eu também chocaremos Solari hoje, considerando que não tivemos a
oportunidade de mostrar o nosso filho antes.

Sozinha, posiciono-me na entrada do luxuoso salão de bailes do palácio. Pelo


pouco que consigo ver por não estar tão perto, noto que o lugar foi preparado para o momento do
jeito que eu havia imaginado.

Cadeiras foram separadas em duas fileiras. Um corredor foi criado e de cada lado
há arranjos de rosas vermelhas que quase tornam o antigo salão de baile irreconhecível.

Há um tapete vermelho para que eu passe por ele até chegar nos braços do meu
noivo. De modo geral, foi montado um cenário que parece mágico.

O conto de fadas não é apenas um modo de pensar. Tudo que foi preparado para o
meu casamento realmente lembra o cenário de um conto de fadas moderno e romântico.

Quando a cerimonialista se aproxima e para ao meu lado, ela faz um sinal para
avisar que o momento chegou. Eu respiro profundamente com meu filho em um dos meus braços
e o buquê de rosas vermelhas no outro.

Quando a música começa a tocar, me vejo praticamente flutuando para os braços do


homem que amo. O nervosismo e o frio na barriga de antes? Simplesmente desapareceram.

Tudo o que sinto agora é paz no meu coração e a certeza de que estou preparada
para o começo do meu felizes para sempre.

Estou indo para o amor da minha vida.


Estou indo para a segunda chance que a vida me deu, como recompensa por ter sido
tão má comigo por um tempo.

Eu sempre achei vergonhosa a forma como homens choram quando suas mulheres
entram com seus vestidos de noivas no dia do casamento.

Quando tive a oportunidade, ri do nervosismo do meu irmão e também do idiota do


Leonardo Von Daren quando ele brigou com Pérola.

O problema é que na minha vez sinto mais vontade de chorar do que imagino que
ele jamais sentiram.

Parecendo uma princesa, mais linda do que nunca, Gabi está vindo para mim e tem
um sorriso tão bonito no rosto que o meu coração dispara a ponto de eu senti que ele vai sair pela
boca.

Gabriela e eu estávamos tentando ser discretos quanto a existência do Yuri. Jamais


sentiríamos vergonha do nosso filho, mas sabíamos que precisávamos tomar cuidado para que
ele não fosse importunado e para que a descoberta da sua existência não se tornasse um circo.
Esperamos o momento certo, todavia, o tempo passou e o momento certo não
chegou.

As pessoas que não fazem parte da minha família e não são amigos próximos,
amigos que sabíamos que não vazariam a informação para a mídia, não faziam ideia que
Gabriela e eu tivemos um filho.

Elas não sabiam até agora.

Porque agora minha linda noiva e mulher amada está caminhando lentamente pelo
corredor no salão de bailes com o nosso filho nos braços.

Com a roupa igual a minha, Yuri não faz ideia de que a sua mãe e eu estamos
fazendo história nesse fim de tarde, cujo pôr do sol está tornando mágico o momento mais
importante da minha vida.

As pessoas que estão no salão, os mais de duzentos convidados, estão vendo pela
primeira vez a minha mulher com o nosso filho nos seus braços.

Os moradores de Solari, aqueles que ocupam as praças para assistirem o casamento


no telão ou aqueles que estão em suas casas assistindo a transmissão através das suas televisões,
todos estão descobrindo hoje que o nosso amor deu fruto. Um milagre que veio antes mesmo de
nos conhecermos.

Ontem à noite quando Gabriela e eu nos encontramos na cachoeira, decidimos que


faríamos o anúncio da melhor maneira possível, porque concluímos que é melhor que saibam
através de nós.

Além do mais, o escândalo será amenizado pelas notícias do casamento em si.

Esse era o plano, mas a verdade é que, além de qualquer estratégia, o fato de
Gabriela estar vindo até mim com meu filho é emocionante e simbólico.

É uma cena que não sairá da minha cabeça enquanto eu viver.

Parece demorar uma eternidade para que a minha mulher chegue até mim. Quando
ela para na minha frente, me curvo e beijo a bochecha do nosso menino.

De todas as alegrias que Gabriela está dando para mim, a maior delas é o fato de ter
me dado o privilégio de ser pai.

— Papai te ama — falo baixinho para apenas ela e eu escutarmos.

Então Gabi entrega o nosso menino para a senhora Maria e segura a minha mão.

Porque não posso me conter, passo por cima do que ensaiamos de maneira
entediante com a cerimonialista e beijo a palma da sua mão. Em seguida, jogo uma piscadinha
que faz Gabriela sorrir, antes de nos voltarmos em direção ao padre.

O homem começa a falar o que sempre fala em todos os casamentos, mas mal
presto atenção. Todo o meu foco está na mulher cheirosa e linda ao meu lado.

Nós dois estamos tão apaixonados que no momento de casarmos encontramos uma
maneira de colarmos os nossos braços e nos tocarmos com a pontinha dos nossos dedos sem que
ninguém perceba. Pelo menos espero que ninguém esteja percebendo

Temos que manter o protocolo.

É um casamento real, afinal de contas.

Se havia alguma dúvida de que mudei, essa dúvida acaba agora, porque
simplesmente não me importo com protocolos reais e regras a serem seguidas em uma
cerimônia.

Eu quero que acabe e que esse santo homem nos declare marido e mulher de uma
vez, para que eu possa fazer o que quiser com a minha esposa

Fazer o que eu quiser sem ter milhares de pessoas nos vendo, seja presencial ou
virtualmente.

Quando chega na melhor parte, pegamos as alianças das mãos do pajem, que por
sinal é o meu sobrinho fofo.

Agora finalmente posso segurar a mão da minha Gabriela, sabendo que quando
soltá-la haverá uma aliança de casamento no seu dedo.

Eu tenho que falar os meus votos.

Não quis ensaiar, porque o que não me faltam são palavras para serem ditas para
essa mulher

Se fosse declarar o amor que eu sinto por ela em todas as palavras, poderíamos
passar a noite inteira e ainda não seria o suficiente.

— Gabriela Peri, a sua chegada na minha vida foi planejada com antecedência. Eu
sabia que o dia em que seguraria a sua mão como faço agora chegaria, o que eu não sabia era que
nesse dia você já seria a pessoa mais importante da minha vida. Eu não sabia que a noiva que o
rei em pessoa escolheu seria a companheira ideal para mim. Eu poderia dizer que você é perfeita
para mim agora, assim como digo no particular. Mas a verdade é que você é mais do que perfeita
para mim, é muito mais do que eu mereço.

“Eu tinha uma série de requisitos para que uma mulher fosse ideal para se tornar
minha esposa e você passou longe de ter todos os requisitos. Que bom que é assim, porque tudo
o que você não é, e tudo o que eu não queria, se tornou exatamente o que mais amo em você. Eu
amo o fato de ter me permitido te amar, amo a sua coragem de me amar, mesmo quando o amor
nunca esteve nos seus planos. Eu nunca disse as palavras, e apenas ontem percebi, talvez tenha
esquecido porque palavras parecem nada perto dos sentimentos profundos que tenho por você.”

Gabriela está emocionada, olhando-me e tentando não chorar quando já tem uma
lágrima rolando pelo seu rosto.

— Preciso dizer com todas as letras que te amo. Estou falando pela primeira vez e
que bom que estou fazendo na frente de milhares de pessoas. Quero que o mundo seja
testemunha de nós. Eu te amo mais do que pensei que fosse capaz de amar alguém, princesa. Eu
te amarei todos os dias. Eu te darei provas de amor todos os dias. Te amar não estava nos meus
planos, mas que bom que aconteceu, porque meu amor por você e pelo nosso filho me torna o
homem do qual me orgulho. Te chamar de minha esposa será uma honra. Meu maior orgulho.

“Sempre será você, Gabriela. Será você, até depois do fim.”

Com a mão um pouco trêmula pela emoção, enquanto meu coração queima de tanto
amor e paixão dentro do peito, coloco a aliança no seu dedo. Em seguida beijo em cima do elo
do nosso compromisso um com o outro.

Quando chega a vez da noiva, ela leva um momento secando as lágrimas antes de
começar a falar.

Ao olhar para o lado, percebo que vários convidados estão com seus lenços nas
mãos.

— Eu estava perdida e você me salvou. Quando não conseguia mais ver o futuro
com uma possibilidade de felicidade diante de mim, você veio mostrou que a mesma vida que
me tirou tudo poderia me surpreender. Foi você, que todos chamam de príncipe de gelo, que
trouxe calor para o meu coração e que ensinou-me como amar e ser amada. Eu te esperei por
tanto tempo, Ignácio Vargas. Eu te esperaria a minha vida inteira pela possibilidade de um único
dia feliz nos seus braços.

“Dizer que te amo parece leviano para dimensionar os meus sentimentos. Ainda
assim, preciso dizer que te amo. Sempre vou te amar, porque você é o conceito de amor para
mim. Você me deu tudo: deu-me um filho lindo, um lar e sorrisos diários. Ser sua esposa é um
presente. Sempre será você, Ignácio Vargas, mesmo depois do fim.”

Porra! Ela quer me matar.

Quase choro quando coloca a aliança no meu dedo e depois a beija como fiz.

— Eu vos declaro marido e mulher. Você pode beijar…

O padre não termina de falar, simplesmente envolvo a cintura da minha mulher,


finalmente minha esposa, e a beijo.
Eu a beijo, porque estava morrendo de saudade.

Eu a beijo porque a amo profundamente.

Beijo Gabriela porque é o que quero fazer pelo resto da minha vida.

Minha esposa.

No mesmo salão onde aconteceu a cerimônia de casamento, foi separado um espaço


para a recepção.

Embora os convidados estejam animados, todos ansiosos para nos parabenizarem,


estou ansioso para ficar a sós com a minha esposa.

Eu preciso sentir que é real e sei que acontecerá quando estiver com ela nos meus
braços, olhando nos seus olhos e tocando-a do jeito que apenas eu posso.

Posso porque é minha esposa.

Para mim é uma tortura ficar duas horas recebendo cumprimentos e sorrindo para
todos.

Fiz isso a minha vida toda, mas hoje não posso aguentar.

Eu estou feliz pela presença dos meus pais, dos meus irmãos e amigos no dia mais
importante da minha vida até aqui, mas depois de horas, estou desesperado para ficar sozinho
com o amor da minha vida.

Minha princesa Gabriela.

Meu amor.

Quando o momento chega, respiro aliviado e despeço-me do meu filho.

Como temos um bebê de três meses no qual pensar, a noite de núpcias foi planejada
com antecedência.

Gabriela encheu duas mamadeiras com leite materno há alguns minutos e deixou
nosso bebê com a princesa Elena.

Como ela é mãe e sabe lidar com bebês melhor do que ninguém, ficará essa noite
com o nosso príncipe para termos nosso momento de recém-casados.
Gabi e eu não estamos fingindo que será fácil passar a primeira noite longe do
nosso menino, mesmo que seja por uma boa razão.

Mas será apenas uma noite, amanhã cedo buscaremos o nosso filho.

Não queríamos sobrecarregar Elena, mas ela insistiu e disse que será um prazer. A
mulher nasceu para cuidar.

Que bom que temos ela como nossa futura rainha.

Solari estará em ótimas mãos.

— Finalmente terei você apenas para mim? — falo com minha princesa quando
deixamos a recepção do nosso casamentos às escondidas e de mãos dadas.

— Finalmente, marido — a minha loira fala a palavra marido com orgulho na voz.

Poderíamos ter planejado passar a nossa noite de núpcias na nossa cama em casa,
mas quis que fosse especial.

Então reservei um quarto no hotel cinco estrelas mais luxuoso de Solari. Nosso
destino é a suíte presidencial, porque minha princesa precisa ser mimada hoje e sempre.

Dentro do carro e com um dos motoristas do rei, subo a divisória para dar-nos um
pouco de privacidade, pois não queremos que o pobre homem se sinta constrangido pelo que
possa vir a acontecer.

A minha esposa e eu não temos muito controle sobre a nossa própria paixão.

Tanto não temos que, logo no começo da viagem, quando a sua mão enfeitada com
a aliança de ouro toca a minha coxa, sinto o meu pau reagindo.

Então viramo-nos na direção um do outro e sorrimos. Quando isso acontece,


envolvo a sua cintura e puxo-a para cima das minhas pernas.

De maneira desajeitada, subimos a saia flutuante do vestido vermelho e sexy que


colocou especialmente para a recepção, até que fique enrolada na altura da sua cintura.

A minha esposa tem uma perna de cada lado da minha cintura e os seus peitos estão
contra o meu. A sua boca está a um centímetro de distância da minha e o calor da sua respiração
me deixa excitado, porque até a sua respiração me deixa duro.

A fragrância do seu perfume é tão familiar para mim que não consigo dormir sem
sentir o seu cheiro no meu nariz.

Apenas porque não posso me conter, ergo a mão e acaricio a sua bochecha, antes de
começar a demonstrar o meu amor e a minha paixão da melhor maneira que sei e sem parar pelas
próximas horas.

— Amo você, princesa Gabriela Vargas.

— Também te amo, príncipe Ignácio Vargas.

São as últimas palavras que falamos durante um tempo.

Durante a viagem, nos beijamos e nos tocamos de forma desajeitada no espaço


diminuto como se fôssemos adolescentes fazendo besteira escondidos dos pais.

E quando chegamos ao nosso quarto, mal terminamos de fechar a porta, apenas nos
atracamos ao mesmo tempo em que nos livramos das nossas roupas.

Nos amamos quase até o dia amanhecer entre o sexo sujo e o amor lento.

Todos os eu te amo que não foram ditos antes são repetidos muitas vezes enquanto
os nossos corpos se conectam vez após vez.

Quando adormecemos, não há nada que cause preocupação ou medo nas nossas
mentes.

Com alianças nos nossos dedos e um amor profundo, sabemos que juntos somos
capazes de tudo.

Porque éramos um do outro antes mesmo de sermos.

Tinha que ser.

Eu poderia romantizar e acreditar que foi o destino que nos uniu, mas não foi.

O que nos uniu foi um acordo entre dois homens poderosos e entediados.

O que realmente nos fez ficar juntos foi o amor que surgiu e que foi cuidado por
nós dois.

A inseminação foi um erro e o fato de eu ser o pai do Yuri é uma benção


concedida, porque, no fim das contas, aconteceu o que tinha que acontecer.

Gabi e eu poderíamos ter tornado a história de um casamento arranjado em algo


feio e sofrido, mas fomos contra todas as probabilidades e nos amamos.

O meu amor a salvou.

A sua fé em mim a salvou quando estendi a mão e ela a pegou.

O seu amor me salvou de um futuro previsível e sem os dias de sol.


O nosso amor foi o nosso milagre particular.

Sei que será assim todos os dias.

Para sempre.

Até depois do fim.


EPÍLOGO
MESES DEPOIS
— Durma bem, filho. O papai te ama muito — curvado no berço do Yuri, que em
breve fará um ano de idade, falo baixinho com ele.

Geralmente a sua mãe e eu o colocamos para dormir juntos, mas especialmente


hoje ela está ocupada, então coube a mim balançá-lo nos meus braços.

Felizmente, o meu menino é tranquilo e não demorou para cair no sono segurando o
meu dedo indicador.

Com cuidado, o deitei no berço, agora estou me preparando para sair do quarto. Foi
difícil no começo, porque queríamos que o bebê ficasse no nosso quarto, mesmo que fosse
dentro da sua cestinha, mas com o tempo aprendemos que não podemos ter os nossos filhos
debaixo das nossas asas o tempo todo.

Eles precisarão aprender a crescer independentes desde cedo.

Depois de pegar a babá eletrônica, apago a luz, deixo apenas o abajur aceso e saio
do quarto do Yuri.

Não vestindo nada além de uma calça moletom cinza, desço as escadas com
cuidado para que ela ainda não perceba a minha chegada.

Pode parecer loucura, mas amo observar a minha esposa quando ela não está
percebendo que está sendo observada.

Quando faço isso, a amo um pouco mais. Gabriela é perfeita e tem sido a melhor
esposa do mundo.

Essa mulher me faz feliz.

Estamos casados há alguns meses e todos os dias me apaixono um pouco mais.

Todos os dias acordo feliz e sedento para viver.

Como prometi, eliminei todas as possíveis ameaças que poderiam surgir para
atrapalhar a sua felicidade.

Com a ajuda do meu pai, consegui fazer com que o barão perdesse uma boa quantia
de dinheiro com a venda dos seus grãos de café, fiz pela necessidade de vingar-me dele, mas
também fiz para que ficasse como aviso de que não permitirei que sequer olhe na direção da
minha esposa.

E mesmo sentindo que deveria ter feito muito pior, parei antes de ir longe demais.
Não parei porque senti pena do homem, mas por ter sido alertado pelo meu pai de que o barão se
torna um homem perigoso quando fica acuado.
Se ele se tornar um homem perigoso, pode tentar revidar machucando a própria
filha.

Não quero que sequer um fio de cabelo da mulher que amo seja tocado, então
esqueci da existência do seu pai há alguns meses.

Esperei que fosse nos deixar em paz e ele deixou.

Hoje em dia, embora o passado seja recente, Solto Maior não passa de uma
lembrança ruim. Uma mancha e memórias que pretendo pagar da mente da minha esposa

Nós vivemos a nossa vida felizes, como se o mundo inteiro fosse apenas um detalhe
e nada pudesse furar a nossa bolha de felicidade.

Não nos livramos do escândalo que foi revelar que tínhamos um filho, mas a
história que todo sabem é que na verdade Gabriela e eu éramos namorados antes mesmo do
noivado oficial. Todos acreditam que escondi o meu filho e que papai obrigou-me a casar com a
Gabriela para que o meu herdeiro não fosse visto como um bastardo.

Então me apaixonei no processo e ficou tudo bem.

Esse é o nosso conto de fadas inventado pela mídia, embora eu prefira a versão
verdadeira.

A inseminação artificial por engano não vazou e espero que continue assim.

— Amor, sei que você está parado na escada me encarando. Por que não vem até
aqui?

Antes de notar a minha presença, Gabriela estava concentrada com um dos seus
livros sobre as pernas.

Depois que nos casamos e passou a ter mais tempo para si mesma sem todos os
planos para um evento grandioso como foi a nossa união, Gabriela começou a pensar no futuro
com clareza e pôde entender que estava livre para fazer o que quisesse.

Ela quis voltar a estudar.

Está sedenta para aprender tudo o que não pôde aprender antes.

Está muito empolgada e fala até mesmo em fazer faculdade no futuro.

É comum encontrar livros espalhados pela casa e não posso negar que vê-la lendo
toda concentrada sempre me deixa com tesão. Ela fica sexy.

Sendo sincero, quase tudo sobre essa garota tão jovem, mas ao mesmo tempo
madura, me deixa de pau duro.
Acho que isso nunca vai mudar.

Porque Gabi me chamou e também porque não poderia resistir de qualquer forma,
aproximo-me e sento no sofá ao seu lado.

Então, como também não aguenta ficar perto de mim sem estar perto demais, minha
esposa sobe nas minhas pernas.

Eu amo tê-la nos meus braços, principalmente porque sei que posso acariciar a sua
barriga de cinco meses de gestação.

Hoje nós dois sabemos que Gabriela já estava grávida quando nos casamos

— Você está bem?

Gabriela está tendo uma gravidez tranquila e mal posso me conter de felicidade por
dessa vez poder acompanhar todos os estágios da sua gravidez, ainda assim todos os dias faço a
mesma pergunta.

— Estou ótima e cheia de disposição, meu príncipe.

— Que bom ouvir a palavra disposição — falo contra a sua boca.

Mesmo quando passo horas dos meus dias no palácio para dar suporte para o meu
pai nos seus afazeres de rei, sempre volto para casa animado e louco para passar algumas horas
com meu filho e com minha esposa.

Quando estou com eles sou mais feliz.

São os melhores momentos dos meus dias.

— Ele dormiu rápido?

— Não deu trabalho, amor. E espero que a irmãzinha do Yuri seja tão comportada
quanto ele.

Sim, ficamos loucos de felicidade quando descobrimos que será uma menina dessa
vez.

A família toda está em festa há alguns meses.

A senhora Maria não para de mimar a Gabriela.

Por minha vez, além de estar feliz, também não consigo manter as mãos, a boca e o
pau longe, porque ela está mais linda e gostosa do que nunca.

— Ela será, porque nós merecemos — brinca.


— Sim, nós merecemos — digo, ao levantar a mão e tocar seu seio. — Quero te
foder agora — sussurro.

— Direto assim? — provoca, mas seu livro foi esquecido e já está rebolando a
bocetinha coberta com seu short de tecido fino e sem nenhuma calcinha por baixo no meu pau.

— Você quer que eu floreie um pouco mais com palavras românticas?

— De jeito nenhum. Eu gosto do fato de que o meu príncipe de gelo fala


sacanagens na hora do sexo.

É claro que ela gosta.

— Eu já disse que te amo hoje? — pergunto, ao ajudá-la a se livrar do short e do


cropped que está usando.

Não há calcinha e sutiã.

É com esse tipo de tortura que tenho que lidar todos os dias, não que esteja
reclamando.

Amo ser torturado por essa mulher e quero anos e anos disso todos os dias

Depois de tê-la nua, abaixo a minha calça moletom o suficiente para livrar o meu
pau duro.

Sem disposição para brincar, porque já estou louco de tesão, seguro o meu membro
e minha mulher apenas senta no meu pau.

A sensação de ter a sua boceta em volta do meu cacete é tão gostosa quanto da
primeira vez. Ainda é quente e apertada como da primeira vez.

— A nossa troca de mensagens te deixou molhada, esposa?

— Muito molhada, marido… se você tivesse demorado um pouco mais para descer,
eu teria me feito gozar com os dedos — declara.

Enquanto eu estava no quarto com o bebê e Gabriela estava aqui na sala estudando,
nós também estávamos trocando mensagens quentes e cheias de insinuações sexuais através do
aplicativo.

Estávamos no jogo em que um excitava o outro. Amamos jogos de sedução. É por


isso que nunca deixa de ser bom.

— Eu teria vindo em seguida para lamber os seus dedos melados e depois enfiaria o
rosto entre as suas pernas. Te faria gozar novamente, amor — digo.
— Eu sei…

Ela está no limite.

Tão perto de gozar…

— Cavalga no meu pau, amor. Senta gostoso e nos faça gozar do jeito que só você
sabe — falo no seu ouvido.

Em vez de me cavalgar como uma amazona, do jeito que gosta de fazer para nos
levar ao orgasmo rapidamente, minha mulher faz movimentos circulares com os quadris, toda
atolada no meu pau.

Então, o tempo todo buscando o meu olhar, Gabriela começa a subir e a descer tão
devagar que sinto vontade de chorar de tanto prazer.

Essa mulher será o meu fim!

Ela está fazendo amor gostoso e intenso comigo, quando na troca de mensagens
disse que queria foder duro e rápido.

Minha esposa me surpreende todos os dias.

Por isso e por tudo, a amo.

Por ser a minha luz e por permitir que a ame e proteja todos os dias, a amo.

Por ser a mãe dos meus filhos e a minha princesa perfeita, a amarei para sempre.

Quando os nossos olhares se encontram, falamos juntos frases diferentes, mas com
a mesma importância.

— Amo você.

— Sempre serei sua.

Gozamos juntos, com nossas mentes, almas, corpos e corações em perfeita sintonia.

Para sempre.

Mesmo depois do fim.

É uma promessa.
BÔNUS – Javier
Leia um trecho do próximo lançamento: A herdeira
que o príncipe rejeitou
Em alguma fase da suas vidas, meus irmãos chegaram a se ressentirem do fato de
sermos da realeza e desejaram ser outras pessoas.

Preciso ser claro e confessar que algo parecido não aconteceu comigo.

Porque eu desejaria ser outra pessoa?

O que sou além do terceiro filho do rei de Solari?

Se eu fosse um homem diferente do que sou, poderia ter algum ressentimento.

Se Felipe é o filho mais velho, o príncipe herdeiro e futuro rei de Solari, Ignácio, o
segundo filho, é aquele que tem a confiança do nosso pai. Ele é o seu braço direito.

Então temos eu: o filho caçula. Aquele que chegou de surpresa porque não estava
exatamente nos planos.

Sim, o filho caçula, aquele que é apenas o príncipe de quem ninguém espera algo.

Aquele que o rei ama, mas deixou de lado sem colocar grandes responsabilidades
sobre os ombros.

Se eu me importava com isso? Nunca.

Amava ser livre.

Amava não ser cobrado como os meus irmãos são cobrados.

Amava no passado.

Aos trinta e quatro anos, começo a ter ressentimentos.

Aos trinta e quatro anos, sinto que não tenho idade para ser aquele que todos
passam a mão na cabeça.

Aos trinta e quatro anos, não quero ser aquele que sai nas páginas de gosto
duvidoso de Solari apenas por ser bonito e por se deixar ser fotografado com as socialites mais
lindas do reino, tudo porque elas só querem a chance de passarem uma noite nos braços de um
príncipe e não se importam com o fato de que sempre deixo claro que não quero mais do que
uma noite.
De repente, estou cansado de ser quem sou e quero muito mais da vida

Mas o que eu poderia ser além disso?

Meus dois irmãos estão casados.

Os meus dois irmãos estão felizes com suas esposas e seus filhos.

E apesar de não desejar nada que tenha relação com a criação de uma família e ser
colocado em uma coleira como os meus irmãos foram, sinto que algo está faltando na minha
vida.

O problema é que não sei onde procurar.

O problema é que não sei o que quero.

Não sei como não ser o Javier que não tem propósito além de ser bonito, além de
ser amável e de fazer os outros sorrirem.

Eu estive apaixonado apenas uma vez. Mas o meu coração foi partido de tal forma
que o amor não deve ser o que estou procurando.

Quero tudo, menos o amor.

O amor machuca quando se ama a pessoa errada.

Ela era a pessoa errada.

Ela está fora da minha vida há dezesseis anos e não faço ideia de por que estou
pensando nela hoje.

Faz tanto tempo...

Não sei se está bem.

Não sei se casou ou se tem filhos.

Sei apenas que está viva. Pois se tivesse morrido eu teria ficado sabendo, mesmo
sem perguntar.

A única mulher que fez o meu coração realmente disparar no peito me odeia e não a
julgo por isso.

Eu dei motivos para ela me odiar.

Eu fui o homem que tirou a sua inocência e o sorriso do seu rosto.


E desde que destruí a vida de uma menina inocente, tornei da minha vida a missão
de fazer outras pessoas sorrirem sendo o palhaço de todas elas.

Eu esbanjo felicidade, mas faz tempo que carrego um buraco no meu peito.

Finjo que não sinto e que não vejo, mas ele existe.

Eu fiquei bem durante muitos anos, mas agora que os meus irmãos começaram a
construir suas vidas e me vejo sendo sufocado por tanto amor acompanhado de perto, não estou
mais me sentindo bem.

Talvez eu só precise procurar aquela garota e ver com os meus próprios olhos que
ela está bem.

Ver com os meus próprios olhos que conseguiu sobreviver, apesar de mim.

— O que aconteceu? Você está estranho. — Ouço o meu pai.

Nós dois estamos sozinhos na mesa do café da manhã, porque logo hoje nenhum
dos meus irmãos pôde deixar a cama da esposa para vir tomar café com o nosso pai.

É uma tradição que continuamos seguindo, mesmo depois que eles se casaram

— Está tudo bem, papai.

— Eu te conheço, filho. Fale comigo.

Meu pai se preocupa comigo, por isso que não consigo ter qualquer ressentimento
dele. Sei que me ama tanto quanto ama os meus irmãos. O problema sou eu.

Sempre foi.

— Estou me sentindo vazio — confesso.

— Talvez você só precise de um propósito.

— Um propósito?

— Você deve se apaixonar.

— Pai, sei que em algum momento terei que encontrar uma boa mulher para
construir uma família ao meu lado, mas nem sempre a felicidade de uma pessoa dependerá de
um relacionamento.

Sendo filho do rei, sei que não posso simplesmente não me casar, mesmo que papai
não me pressione como pressionou meus irmãos.
Ainda não.

— Eu sei disso, e já estava chegando na segunda parte — diz. — Para preencher o


vazio, talvez você deva encontrar algo que goste de fazer e se dedicar a isso. Se envolva mais nos
assuntos do reino. Tente encontrar uma ocupação para preencher o seu tempo e deixar sua mente
tão cheia que não pensará em besteiras.

— Está sugerindo que eu trabalhe?

— Se for o trabalho que preencherá o vazio…

— Eu não tinha pensado em algo assim, mas talvez o senhor esteja certo. Preciso
ocupar a minha mente. O senhor tem alguma sugestão?

— Estamos falando de uma ocupação, nada impede que encontre um emprego


comum, apesar do seu título. Eu estava pensando e…

— É claro que estava.

Às vezes acredito que papai está dentro das nossas mentes.

Antes mesmo que seus filhos exponham um problema ou uma situação, ele tem a
solução, porque antes estava observando.

— Você é formado em ciências políticas e em administração.

— Eu sou.

Embora os meus diplomas nunca tenham sido nada além de meros enfeites.

— O reitor da universidade de Solari está prestes se a aposentar. Esse será o último


mês dele à frente da instituição.

Papai sabe tanto porque ele mesmo levou o homem até a cadeira de reitor.

A universidade é custeada pelo reino e seus alunos ingressam através de provas de


conhecimento e uma série de outros requisitos, pois nossas vagas são dedicadas aos menos
favorecidos de Solari.

— O que o fato de o reitor estar se aposentando tem a ver comigo papai?

— Você poderia assumir a vaga dele. Seria uma grande responsabilidade, mas
talvez seja disso que esteja precisando, Javier.

— Eu não sei, papai.

Mas a verdade é que não é uma ideia tão ruim.


Talvez com tanta responsabilidade e trabalho eu possa me ocupar o suficiente para
não encher a minha cabeça de questionamentos.

Talvez eu consiga encontrar o meu propósito e não me sentir um inútil.

— Reflita sobre o assunto e depois dê a resposta para mim. Você ainda tem
algumas semanas para decidir.

— Tudo bem.

Não sei se tenho muito no que pensar, mas mesmo assim terei esse tempo e vou
usá-lo.

— Por falar no assunto, preciso que você faça um favor para mim.

— Claro.

Tenho medo de saber do que se trata.

Papai não é de pedi favores nem mesmo para os próprios filhos.

Sempre tem alguém para fazer tudo por ele antes que peça.

Deve ser algo especial.

— Nicolas não está em Solari essa semana.

O nome do seu secretário, motorista, fiel escudeiro e amigo íntimo faz o meu
coração disparar no peito.

— Eu sei. Ele finalmente está tirando alguns dias de férias o senhor — brinco, mas
o rei não sorri.

— Uma das filhas do Nicolas está vindo para Solari e ficará hospedada no palácio
por uns dias. Preciso que você vá buscá-la na rodoviária

De repente, fico sem fôlego.

Não pode ser.

— Filha?

— Só não me pergunte qual o nome dela, porque sabe perfeitamente que Nicolas
tem mais de uma filha. Pelas minhas contas, são quatro meninas. Não sei como conseguiu criar
todas elas sozinho depois que a esposa faleceu.

Eu tenho quatro chances.


Não será ela.

Jade não voltaria para Solari. Não depois de tudo.

Mas, e se…

Pare com isso, porra!

— A tal filha vem fazer o que em Solari?

— Não faça perguntas agora. Só esteja amanhã na rodoviária às dez da manhã.

DIA SEGUINTE – RODOVIÁRIA

Mesmo de longe, a reconheço vindo em minha direção.

Linda.

Jade.

A garota que abandonei.

A mulher que reencontrei há alguns anos em outro lugar, fodi enquanto estava
bêbado e deixei novamente na manhã seguinte porque era um covarde.

A mulher que sempre fez o meu corpo arder.

— Príncipe Javier Vargas, surpreso em me ver?

Ela não parece a mesma pessoa. Apenas a aparência física não mudou da época em
que era quase adolescente e de cinco anos atrás, na última vez em que a vi.

O que está diferente, completamente diferente, é o seu olhar.

É frio.

Distante.

Cheio de desprezo por mim.

Não estou surpreso.

— Jade. O que faz em Solari?

— Não está feliz em me ver?

O que eu tenho que responder?


Ela é um fantasma na minha vida.

Deveria estar feliz?

— Responda a minha pergunta.

— Estou de volta a trabalho. Serei a nova professora de artes plásticas da


universidade de Solari — diz.

É sério?

Como se estivesse acontecendo em câmera lenta, olho para o lado e vejo uma
menina de cabelos escuros. Ela não deve ter mais do que quatro anos de idade, mas algo no seu
rosto chama a minha atenção.

São os seus olhos.

Os seus olhos lembram os olhos de alguém que conheço.

— Sua filha?

— Não interessa a você, interessa?

Como uma espécie de carma, tenho a garota por quem me apaixonei aos dezoito
anos de idade.

Na minha frente, tenho a garota que foi o meu mundo e que acreditei que poderia
ser minha para sempre.

Nós dois nos iludimos, mesmo quando sabíamos no fundo que seria impossível.

Eu era um príncipe e ela era filha de um empregado.

A filha do motorista do papai. Filha do seu secretário faz tudo.

Mesmo assim, tentamos.

E quando algo aconteceu e eu entendi como uma ameaça para ela, simplesmente a
abandonei da pior maneira possível.

Fiz com que Jade me odiasse.

Ela foi embora. Foi estudar fora e morar com uma tia. Só voltei a vê-la novamente
depois de muitos anos.

De maneira inesperada, a encontrei na cidade vizinha em um bar.


Eu estava com alguns amigos e havia bebido. Quando vi uma mulher muito
parecida, uma versão mais velha da garota que eu havia amado, me aproximei e dei em cima
dela.

Ela foi grosseira comigo no começo, mas no final da noite estava quicando no meu
pau.

Nós transamos como loucos, e na manhã seguinte fui embora e deixei a mulher
adormecida.

Ela estava deitada de costas e eu não tinha certeza se havia realmente dormido com
o clone da Jade ou se havia imaginado o seu rosto enquanto transava com outra.

Ainda assim, fui embora sem olhar para trás.

E agora a sombra do meu passado está na minha frente e tem uma filha.

Ela veio para ficar.

Jade veio para ocupar um cargo na universidade, e agora que sei dessa informação
não tenho a menor dúvida de que aceitarei o desafio de me tornar o reitor da instituição.

Quanto à criança, vou descobrir o porquê da sensação de que seus olhos são
familiares.

— Seja bem-vinda de volta a Solari, pequena Jade. — Jogo uma piscadinha e ela
revira os olhos.

Se fosse a Jade adolescente, teria mostrado o dedo do meio para mim.

Quando passa por mim arrastando a mala de rodinhas com uma mão e segurando a
mão pequena da garota com a outra, a sigo sem tirar os olhos da sua bunda grande.

De repente, percebo que os meus desejos foram atendidos muito rapidamente.

Talvez eu tenha encontrado algo para ocupar a minha mente com o cargo na
universidade.

Quanto a Jade, ela é a dor de cabeça que eu estava precisando ter.

Mal vejo a hora de fazer com que haja como antigamente.

Primeiro ela me xingava e depois me beijava.

Primeiro ela me odiava e depois sentava no meu pau, gritando que eu era o seu
dono e que era minha garota.
Só minha.

Jade... você não deveria ter voltado!


LEIA TAMBÉM

Leia o primeiro e o segundo livro da série AMORES REAIS. Vale lembrar que cada livro
conta a história de um casal diferente, portanto, são independentes.

EM O HERDEIRO INESPERADO DO PRÍNCIPE, VOCÊ SE APAIXONARÁ PELA


LINDA HISTÓRIA DE AMOR DO PRÍNCIPE FELIPE E DA PLEBEIA ELENA. JÁ EM DE
REPENTE GRÁVIDA DO PAI DA MINHA MELHOR AMIGA,VOCÊ SE ENCANTARÁ
COM A HISTÓRIA DE AMOR DO VIÚVO LEONARDO E DA PÉROLA.
SINOPSE
Ele é o príncipe herdeiro.

Ela é a filha da governanta do palácio.

Depois de uma noite de paixão, o príncipe e a plebeia terão um bebê.

Felipe Vargas tem cada aspecto da sua vida planejado. Como príncipe herdeiro do
reino de Solari, ele sabe que deve seguir os planos e até mesmo o seu casamento acontecerá por
motivações políticas.

O príncipe, que a imprensa chama de “senhor perigo”, dar-se o direito de aproveitar


cada momento de liberdade fora das paredes do palácio, mas uma jogada do destino colocará sua
maior tentação no seu caminho.

Ela chega sem avisar.

Elena, a jovem plebeia que faz o seu corpo arder de desejo e sua mente esquecer
porque não deve se envolver com alguém como ela.

Elena passou a infância dentro do palácio e sonhava com o dia em que se tornaria
uma princesa, mas a maturidade a faz entender que sempre será apenas a filha da governanta.

No baile em que deveria escolher sua noiva, um incidente faz com que o príncipe
finalmente a enxergue, então a atração mútua e inevitável os leva a uma noite quente de paixão
inconsequente.

Eles vivem um sonho, mas a manhã seguinte traz a realidade de volta e Elena foge.

Ela corre o máximo que pode, sem saber que está levando consigo as
consequências de uma única noite com o herdeiro do trono.

Quando Elena é obrigada a retornar dois anos depois, ela traz consigo o herdeiro do
futuro rei.

Um filho, cuja existência Felipe desconhece. Um segredo que ela terá que guardar
para si, pois o príncipe está prestes a se casar e um herdeiro bastardo seria um escândalo grande
demais para o pequeno reino.

Elena só não sabe que, apesar dos seus deveres, o príncipe não conseguiu se
esquecer daquela noite. A jovem não contava com a perfeita sintonia entre pai e filho, que
colocará o segredo em risco de um grande escândalo real.
SINOPSE
Depois de beber mais do que deveria, o viúvo engravidará a melhor amiga da
sua filha, uma mulher vinte e três anos mais jovem.

Leonardo Von Daren, filho de um dos Duques mais antigos e prestigiados do reino
de Solari, perdeu a esposa cedo demais. Amargurado, o homem se fechou dentro de si e se
tornou avesso a qualquer tipo de relacionamento.

Quando descobre que tem uma filha, o viúvo sente que está tendo uma segunda
oportunidade e que o seu amor basta, mas sua vida muda quando conhece a melhor amiga da sua
herdeira.

Pérola é vinte e três anos mais jovem do que Leonardo, porém, a diferença de idade
não impende a atração que surge sem avisar.

Ele tenta resistir, mas acaba se entregando ao desejo e, depois de uma noite quente,
terá que lidar com a gravidez inesperada da garota que não deveria ter tocado.

O viúvo pretende assumir o seu filho, mas um acidente leva Pérola a perder
temporariamente a memória. A jovem não se lembra de que ficaram juntos e nem da identidade
do pai do seu filho.

Sobretudo, ela sequer consegue pensar na possibilidade de que tenha tido algum
interesse no pai da sua melhor amiga.

Agora, cabe ao homem superar o medo de perder novamente uma pessoa


importante e fazer com que sua mulher se lembre de que não só estiveram juntos como também a
engravidou.
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