Capítulo - Atena - 2018 - Bipolaridade-Estadista-Ideologica-Elizabeth-I-E-Pontificado

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Francisca Júlia Camargo Dresch

(Organizadora)

Impactos das Tecnologias nas Ciências


Humanas e Sociais Aplicadas 2

Atena Editora
2018
2018 by Atena Editora
Copyright da Atena Editora
Editora Chefe: Profª Drª Antonella Carvalho de Oliveira
Diagramação e Edição de Arte: Geraldo Alves e Natália Sandrini
Revisão: Os autores

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(eDOC BRASIL, Belo Horizonte/MG)
I34 Impactos das tecnologias nas ciências humanas e sociais aplicadas
2 [recurso eletrônico] / Organizadora Francisca Júlia Camargo
Dresch. – Ponta Grossa (PR): Atena Editora, 2018. – (Impactos
das Tecnologias nas Ciências Humanas e Sociais Aplicadas; v.2)

Formato: PDF
Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader
Modo de acesso: World Wide Web
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-85107-75-8
DOI 10.22533/at.ed.758180511

1. Ciências sociais aplicadas. 2. Humanidades. 3. Tecnologia.


I.Dresch, Francisca Júlia Camargo. II. Título.
CDD 370.1
Elaborado por Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva
dos autores.

2018
Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a
possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
www.atenaeditora.com.br
APRESENTAÇÃO

Me coube a apresentação deste exemplar cuja tarefa é a de estabelecer uma


linha de raciocínio dos textos que aqui constituem os 25 capítulos desta obra. Após a
leitura cuidadosa dos artigos submetidos, procurei conexões entre os contextos e as
dimensões que poderiam sequenciar as discussões – trouxe a reflexão Sociológica
que definem a vida humana na Terra através da produção de bens e serviços, refletidas
na organização social, econômica, política, histórica, educacional, ambiental, cultural
expressas pelas relações biopsicossociais do humano em seus ambientes.
Deste modo, poderíamos interrogar se nascemos ou nos tornamos humanos?
A pergunta nos remete primeiramente a reflexão filosófica – em que momento inicia
a vida sabendo que dependerá da abordagem selecionada, não há uma definição
única que seja capaz de defini-la assertivamente. Podemos tentar explicar pela
Religião, pelo Direito, e/ou pelas Correntes Filosóficas. Então, simplificamos vida é o
oposto da morte, resulta do movimento contraditório que repousa na certeza de que
vivendo estamos nos aproximando da morte. E para as ciências sociais, nascemos
biologicamente humanos e nos tornamos humanos ao viver em sociedades e, nelas
aprendemos agir moral e eticamente.
O desenvolvimento tecnológico atual nos situa na Era da Informática e das
Comunicações. Tais características têm possibilitado registros inovadores na história
humana. Nos interessa pontuar que o paradigma Neoliberal empregado para o
permanente crescimento econômico que estabelece os padrões de consumo é o
mesmo identificado no esgotamento dos recursos naturais, especialmente ao refletir
o distanciamento entre “os que acumulam, dos que nada possuem”. Ora se o Planeta
dá sinais de esgotamento e se as relações sociais apontam para a exploração sem
precedentes, nos parece lógico também pensar na responsabilidade social como
alternativa de sustentabilidade entre o educar para produzir e o papel das tecnologias
para desenvolver a cidadania.
Portanto a obra Impactos das Tecnologias nas Ciências Humanas e Sociais
Aplicadas 2, defende que a vida é patrimônio a ser preservado. Reúne debates acerca
de pesquisas empregadas nas organizações produtivas a partir das políticas que
permeiam processos de ensino e aprendizagem das instituições sociais. A cada autor,
nossos agradecimentos a submissão de seus estudos na Editora Atena. Aos leitores,
desejo proveitosa reflexão na trajetória apresentada

Francisca Júlia Camargo Dresch


SUMÁRIO

CAPÍTULO 1................................................................................................................. 1
VANTAGEM COMPETITIVA EMPRESARIAL PELO USO DE SACOS DE PÃES ECOLÓGICOS POR
PANIFICADORAS DE QUIXADÁ – CE.
José Cazuza Lopes Neto
Valter de Souza Pinho
Marcos James Chaves Bessa
Sérgio Horta Mattos
Danielle Rabelo Costa

CAPÍTULO 2............................................................................................................... 10
A GOVERNANÇA AMBIENTAL E AS COMPRAS PÚBLICAS SUSTENTÁVEIS NA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA FEDERAL
Anaítes Maria de Moraes Silva
Jaíra Maria Alcobaça Gomes

CAPÍTULO 3............................................................................................................... 28
A GESTÃO DE COMUNICAÇÃO OMNICHANNEL À PARTIR DOS EFEITOS DA TECNOLOGIA NUMA
SOCIEDADE PLURAL, INOVADORA E PARTICIPATIVA.
Ligia Fagundes

CAPÍTULO 4............................................................................................................... 42
ANÁLISE DA PAISAGEM RURAL DO MUNICÍPIO DE MARIALVA – PR: A EMPRESA BSBIOS COMO
AGENTE INDUTOR DA PAISAGEM
Isadora Pinheiro
Lucas César Frediani Sant’ana

CAPÍTULO 5............................................................................................................... 57
CONSÓRCIO PÚBLICO INTERMUNICIPAL: UMA ALTERNATIVA VIÁVEL PARA A GESTÃO E O
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM PEQUENOS MUNICÍPIOS
Tassiana Justino Fernandes
Maria das Graças de Lima

CAPÍTULO 6............................................................................................................... 72
A REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA IDENTIDADE DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO, SOB O OLHAR
DOS ACADÊMICOS EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO PRIVADAS.
Eudes Cristiano Vargas
Larissa Siqueira Camargo
Sandra de Cássia Franchini
Leticia Graziele Roque
Adriano Pereira Cardoso
Dênis Martins de Oliveira

CAPÍTULO 7............................................................................................................... 87
A EXPANSÃO DOS CURSOS PRIVADOS PRESENCIAIS DE SERVIÇO SOCIAL EM SALVADOR-BA:
IMPACTOS PARA DISCENTES E DOCENTES
Adriana Freire Pereira Férriz,
Taís Ana de Oliveira,
Thainan de Albuquerque e Santos,
CAPÍTULO 8............................................................................................................. 103
A COLETIVIDADE DOCENTE NA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO PARA
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Paulo Vitor Teodoro de Souza
Hélder Eterno da Silveira
Iara Maria Mora Longhini

CAPÍTULO 9............................................................................................................. 116


O CONTEXTO VIOLENTO DO ESTADO CAPITALISTA E O BULLYING
Giovanna Back

CAPÍTULO 10........................................................................................................... 129


O USO DOS PRINCÍPIOS DO DESIGN DE INTERIORES NA HUMANIZAÇÃO DA CASA DE APOIO
Rubia Maiara Silva Marcon
Larissa Siqueira Camargo

CAPÍTULO 11........................................................................................................... 141


TEORIAS DE APRENDIZAGEM DE SEGUNDA LÍNGUA: UMA ANÁLISE CRÍTICA
Laysa Cristina de Oliveira

CAPÍTULO 12........................................................................................................... 153


USO DO KAHOOT COMO FERRAMENTA DE APRENDIZAGEM
Ernane Rosa Martins
Wendell Bento Geraldes
Ulisses Rodrigues Afonseca
Luís Manuel Borges Gouveia

CAPÍTULO 13........................................................................................................... 160


O USO DAS REDES SOCIAIS NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
Juliana Santos Alves
Paulo Sergio Machado
Leila Maria Araújo Santos

CAPÍTULO 14........................................................................................................... 168


TECNOLOGIAS MÓVEIS EM CONTEXTO EDUCATIVO
Ernane Rosa Martins
Wendell Bento Geraldes
Ulisses Rodrigues Afonseca
Luís Manuel Borges Gouveia

CAPÍTULO 15........................................................................................................... 178


EVOLUÇÃO DOS ACIDENTES DE TRÂNSITO COM VÍTIMAS FATAIS EM ADULTOS JOVENS NO
NOROESTE PARANAENSE
Willian Augusto de Melo
Maria Antonia Ramos Costa
Neide Derenzo
Verusca Soares de Souza
Maria Dalva de Barros Carvalho
CAPÍTULO 16........................................................................................................... 188
BIPOLARIDADE ESTADISTA-IDEOLÓGICA: ELIZABETH I E PONTIFICADO
Giovana Eloá Mantovani Mulza

CAPÍTULO 17........................................................................................................... 195


CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE A CONVENÇÃO JACOBINA NA REVOLUÇÃO FRANCESA
William Geovane Carlos

CAPÍTULO 18........................................................................................................... 205


ANÁLISE DE TENDÊNCIAS DO CONSUMO MEDIADO POR DISPOSITIVOS DIGITAIS NO
MARKETING DE RELACIONAMENTO
Guaracy Carlos da Silveira
Fernando Augusto Carvalho Dineli da Cost

CAPÍTULO 19........................................................................................................... 218


CHILD OF THE DARK: A PRESENÇA DA MULHER NEGRA NAS LITERATURAS TRADUZIDAS
Tayza Cristina Nogueira Rossini
Letícia Toniete Izeppe Bisconcim
Welington Júnior Jorge

CAPÍTULO 20........................................................................................................... 229


INTERAÇÃO UNIVERSIDADE-EMPRESA NO BRASIL: MOTIVADORES E OBSTÁCULOS - UM
ESTUDO MULTICASOS
Vivien Mariane Massaneiro Kaniak

CAPÍTULO 21........................................................................................................... 240


ANÁLISE DE ATIVIDADES LOGÍSTICAS: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DO SETOR
ALIMENTÍCIO DO NOROESTE PARANAENSE
Renan Araújo de Azevedo
Daniel Mantovani
Aline Takaoka Alves Baptista
Leandro Ferreira Pinto
Amauri Henrique de Carvalho Júnior

CAPÍTULO 22........................................................................................................... 252


O PROGRAMA DE EXCELENCIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA E A SISTEMÁTICA DA GESTÃO DO
CONHECIMENTO ESTRATÉGICO NAS ORGANIZAÇÕES ESCOLARES DE EDUCAÇÃO INFANTIL
NA CIDADE DE SARANDI – PR
Tânia Corredato Periotto
Fabiana Azevedo Picanço
Tamires Selini Gouveia

CAPÍTULO 23........................................................................................................... 259


ESTUDOS DA LITERATURA SOB A VERTENTE DO LETRAMENTO: A LENDA DE RUFF GHANOR
E O UNIVERSO MULTIMODAL
Letícia Toniete Izeppe Bisconcim
Tayza Cristina Nogueira Rossini
Welington Júnior Jorge
CAPÍTULO 24........................................................................................................... 271
ESPORTE, MÍDIA CONTEMPORÂNEA E (IN)VISIBILIDADE SOCIAL: ATUAÇÃO PROFISSIONAL
COM AUXÍLIO DAS REDES SOCIAIS
Bruno Bember Lofiego
Afonso Antônio Machado

CAPÍTULO 25........................................................................................................... 282


A CULINÁRIA UCRANIANA NA CIDADE DE PRUDENTÓPOLIS, PARANÁ: ASPECTOS DA
IMIGRAÇÃO E A INFLUÊNCIA CULTURAL DAS COMIDAS TÍPICAS
Renan Valério Eduvirgem

SOBRE A ORGANZIADORA.................................................................................... 291


Capítulo 16

BIPOLARIDADE ESTADISTA-IDEOLÓGICA:
ELIZABETH I E PONTIFICADO

Giovana Eloá Mantovani Mulza Uniformity (1559), cujas análises críticas serão
Universidade Estadual de Maringá fundamentadas no arcabouço epistemológico
Maringá – Paraná de André Cellard (2008) e Silvia Hunold Lara
(2008).
PALAVRAS-CHAVE: disputa de poderes; era
elisabetana; Inglaterra quinhentista.
RESUMO: No que concerne à Inglaterra
quinhentista, a era elisabetana suscitou a
ABSTRACT: As far as sixteenth-century
explanação da bipolaridade empreendida
England is concerned, the Elizabethan age
entre a instituição pontifical e a monarquia
raised an explanation of the bipolarity between
inglesa. O antagonismo, por sua vez, vinculou-
the pontifical institution and the English
se a uma conjuntura na qual o absolutismo
monarchy. The antagonism, in turn, was linked
nacional verificou ascendente fortalecimento,
to a conjuncture in which national absolutism
cuja consolidação culminou na contestação da
verified a strengthening, whose consolidation
pujança exercida pelo papado. Homologando
culminated in the contestation of the strength
tendências precedentes, Elizabeth I (1558-1603)
exerted by the papacy. Accepting earlier
conferiu à monarquia uma integral autoridade
tendencies, Elizabeth I (1558-1603) conferred
política nos domínios ingleses, bem como
on the monarchy an integral political authority
reedificou a Igreja Anglicana a fim de estabelecer
in the English domains, as well as rebuilt the
a proeminência monárquica na esfera
Anglican Church in order to establish the
eclesiástica. A regência elisabetana, assim,
monarchical prominence in the ecclesiastical
compreendeu medidas que viriam a outorgar a
sphere. The Elizabethan regency thus
consolidação do absolutismo na Inglaterra. Por
understood measures that would come to grant
conseguinte, objetivar-se-á examinar a disputa
the consolidation of absolutism in England. It
de poderes empreendida entre Elizabeth I e o
will therefore be sought to examine the power
Pontifex Maximus com o intuito de compreender
struggle between Elizabeth I and the Pontifex
as implicâncias do fenômeno para a História
Maximus in order to understand the implications
inglesa. Sob tal intuito temático, receberão
of the phenomenon for English history. For
abrangência os documentos estatais Queen
this purpose, the State documents Queen
Elizabeth’s Proclamation to Forbid Preaching
Elizabeth’s Proclamation to Forbid Preaching
(1558), Elizabeth’s Supremacy Act, Restoring
(1558), Elizabeth’s Supremacy Act, Restoring
Ancient Jurisdiction (1559) e Elizabeth’s Act of
Impactos das Tecnologias nas Ciências Humanas e Sociais Aplicadas 2 Capítulo 16 188
Ancient Jurisdiction (1559) and Elizabeth’s Act of Uniformity (1559) will be covered,
whose critical analysis will be based on the epistemological framework of André Cellard
(2008) and Silvia Hunold Lara (2008).
KEYWORDS: power dispute; Elizabethan era; 16th century England.

1 | INTRODUÇÃO

O ínterim referente à cronologia quinhentista compreendeu a conjuntura na


qual o arcabouço político e eclesiástico do medievo verificaram explícitas alomorfias.
Assim como suscita Philippe Ariès (1991, p. 8), embora a religiosidade quinhentista
eximiu-se em exprimir tendências ao ateísmo, o atento à vida temporal obteve notória
expressão na literatura política. A centralização político-administrativa, por sua vez,
tornar-se-ia elemento determinante para o fortalecimento dos ascendentes Estados
europeus (WOODWARD, 1962, p. 87), cuja imprescindibilidade da supremacia
do poderio monárquico permanece expresso no modelo principesco de Nicolau
Maquiavel (1469-1527). Assim como assinala Joseph R. Strayer (1986, p. 18), o baixo-
medievo comportou uma conjuntura de relativa estabilidade política segundo a qual as
monarquias nacionais verificaram condições propícias à articulação da centralização
do poderio real.

[...] esses governantes desejavam assegurar a segurança interna e a existência de


laços organizados entre as comunidades locais e as suas cortes. Uma segurança
maior e formas de controle mais rígidas viriam incrementar, quase de certeza, os
rendimentos do soberano, aumentar o seu prestígio e ampliar suas possibilidades
de transmitir o poder e as suas possessões aos seus herdeiros. As ambições dos
governantes coincidiram com as necessidades dos seus súditos. (STRAYER, 1986,
p. 23)

No que concerne à Inglaterra, os déspotas Tudors – cuja proeminência assume


explícita magnitude entre 1485 e 1603 – suscitaram o fortalecimento da jurisdição
monárquica nacional em detrimento às intervenções exercidas pelos potentados
estrangeiros (WOODWARD, 1962, p. 88). Sob tautocronia, o influxo autocrata
culminar-se-ia na contestação do poderio pontifical, cuja influência em âmbito secular
permaneceu ascendente no baixo medievo. Assim como assinala Jean Fiori (2013, p.
198), as reformas de cunho eclesiástico empreendidas a partir do século XI outorgaram
ao clero ampla influência e poderio sobre a pujança real, bem como estabeleceram a
imprescindibilidade da aquiescência pontifical às coroações.

Uma igreja reformada e fortemente centralizada estava destinada a ter uma larga
influência nos assuntos seculares. Alguns reformadores pensavam até que a Igreja
deveria deter a autoridade suprema sobre todas as questões de relação social e
política. Se se pretendia que a Europa fosse realmente cristã, era necessário que
ela estivesse sob a autoridade dos dirigentes da cristandade. (STRAYER, 1986, p.
26)

Sob tal conjuntura quinhentista, ascendera uma explícita divergência de poderes


empreendida entre a monarquia inglesa e a instituição pontifical. Embora preceda a tal

Impactos das Tecnologias nas Ciências Humanas e Sociais Aplicadas 2 Capítulo 16 189
ínterim, o fenômeno antagonista verificou ampla proeminência a partir da regência de
Henry VIII (1509-1547). Para E. J. Woodward (1957, p. 94), o monarca Tudor interpresou
uma eminente ruptura política e dogmática para com a Santa Sé, prescrevendo
uma Igreja Nacional subordinada às deliberações estatais. Concomitantemente,
o reformismo religioso na Inglaterra quinhentista fora suscitado pelo governo real,
evidenciando seu vínculo ao intuito de consolidar a supremacia da monarquia diante
de potentados estrangeiros. O advento de uma Igreja nacional incondicionalmente
subordinada à supremacia real, no entanto, fora revogado pela regente Mary Tudor
(1553-1558), filha primogênita de Henry, a qual refutou suas determinações anglicanas
e impôs a perseguição aos protestantes, cujas chacinas atribuem ao seu governo
um amplo cunho intolerante e sanguinário. Após seu óbito relativamente prematuro,
ascendera à coroa sua irmã consanguínea, Elizabeth I (1558-1603).
Sob o intuito de reestabelecer a proeminência monárquica inglesa no território
nacional, Elizabeth I aderira ao protestantismo anglicano, bem como homologou
sua superioridade política ante às influências exercidas por autoridades laicas e
eclesiásticas externas. Compete à presente pesquisa, por conseguinte, atentar-se
às divergências empreendidas entre a monarquia inglesa e o Pontifex Maximus no
transcorrer da era elisabetana, bem como analisar suas implicâncias de tal bipolaridade
para a política da Inglaterra. Concomitante a tal intuito temático, obter-se-ão analises
a tríade de documentos estatais: Queen Elizabeth’s Proclamation to Forbid Preaching
(1558), Elizabeth’s Supremacy Act, Restoring Ancient Jurisdiction (1559) e Elizabeth’s
Act of Uniformity (1559).

[Elizabeth] afirmou a sua completa supremacia em todas as “coisas e causas” tanto


temporais como espirituais e declarou que “nenhum príncipe estrangeiro, prelado,
Estado ou potentado” tinha autoridade temporal ou espiritual dentro do reino da
Inglaterra. Embora o papa não fosse mencionado pelo nome, essa declaração
revelou a nação-Estado, na sua inteira independência. (WOODWARD, 1962, p. 100)

Concomitante à perspectiva corroborada por Lisa Hilton (2016, p. 11), confere-


se ao governo elisabetano um amplo arcabouço literário biográfico. Vinculadas a um
explícito cunho inoperante e romanesco, dispendiosas obras referentes à Elizabeth
I (1558-1603) suscitaram exames limitados à sexualidade da monarca. Exprimem,
por conseguinte, exacerbada proeminência a hipotética virgindade da regente em
detrimento às tangíveis implicâncias de sua gestão na centralização monárquica
inglesa (HILTON, 2016, p. 13). Ademais, as análises atinentes à temática da disputa
de poderes, por sua vez, permanecem amiúde restritas ao conflito verificado entre a
Santa Sé e o Sacro Império Romano-germânico, postergando as efetivas implicâncias
do fenômeno na ilha inglesa. Sob tal prisma, verifica-se uma explícita escassez de
análises referentes às divergências monárquico-pontificais na regência elisabetana,
cujos estudos exprimem preferência às medidas reformistas principiadas por Henry
VIII.
A instauração do anglicanismo no reinado de Henry VIII e sua revitalização

Impactos das Tecnologias nas Ciências Humanas e Sociais Aplicadas 2 Capítulo 16 190
na regência de Elizabeth I objetivavam conferir ao rei a superioridade nos assuntos
religiosos, bem como evidenciar sua integral autoridade na Inglaterra. Erroneamente,
autores como Liah Greenfeld (apud KNÖBL, 2011, p.48), conferem ao advento do
anglicanismo a proeminência de conceber o nacionalismo inglês. Tal prisma, por sua vez,
desvirtua a temática de sua concreta implicância, visto que as mudanças institucionais
da igreja na Inglaterra exprimem o intuito da monarquia em assumir poder absoluto em
âmbito espiritual. Por conseguinte, a Reforma Protestante na Inglaterra representou
um dos desmembramentos da disputa de poderes, evidenciando a tentativa do rei em
instaurar sua supremacia temporal e religiosa diante do papado.
Em relação às fontes elencadas, os documentos ratificados na regência de
Elizabeth I permanecem amiúde suscitados para o estudo da reintrodução do
anglicanismo na Inglaterra após a morte da rainha Mary Tudor. Sob tal arcabouço
teórico, infere-se que os decretos Queen Elizabeth’s Proclamation to Forbid Preaching
(1558), Elizabeth’s Supremacy Act, Restoring Ancient Jurisdiction (1559) e Elizabeth’s
Act of Uniformity (1559) não compreendem análises aprofundadas concernentes às
divergências entre Elizabeth I e a Santa Sé. A potencialidade dos decretos elisabetanos,
assim, não assume uma efetiva exploração, permitindo-se a realização de estudos que
se atentem à temática do conflito de poderes no século XVI, bem como ao fenômeno
de fortalecimento da figura real na política inglesa.
Sob tal arcabouço documental, o presente projeto de pesquisa objetivará analisar
a divergência de poderes evocada na era elisabetana, bem como compreender
aspectos concernente ao contexto político e religioso quinhentista. Auferir-se-ão,
ademais, análises referentes aos interesses implícitos ao antagonismo empreendido
entre pontificado e monarquia, quando ambos buscavam averiguar sua superioridade
temporal e religiosa na Inglaterra. O estabelecimento do anglicanismo no transcorrer
do século XVI, por conseguinte, receberá a hipótese de representar um dos
desmembramentos de tal conflito de poderes, em que o rei assume o poder religioso
supremo na Inglaterra em detrimento ao papa.

2 | MATERIAIS E MÉTODOS

Ante ao arcabouço metodológico suscitado por André Cellard (2008), compete


ao historiador reconhecer a imprescindibilidade das fontes escritas para o ofício
historiográfico. Concomitante aos documentos iconográficos e arqueológicos, a
tipologia textual desempenha relevante papel na elaboração do conhecimento histórico.
Para Arilda Schmidt Godoy (1995, p. 22), o intrínseco vínculo à conjuntura histórica
de produção torna-os aptos a fornecer a compreensão de tal contexto. Propiciam,
ademais, a interpretação de discursos sociais, bem como o estudo dos complexos
psíquicos das categorias socioeconômicas que puderam se expressar através da
escrita.

Impactos das Tecnologias nas Ciências Humanas e Sociais Aplicadas 2 Capítulo 16 191
Embora novas tipologias documentais tenham sido licitadas no decurso do
novecentos, os gêneros textuais não deixaram de desempenhar importância para a
compreensão do pretérito humano. No que concerne à temática elencada, compete
à historiografia reconhecer sua singularidade para a realização da pesquisa histórica.
Sob o intuito de apreender o antagonismo suscitado entre o pontificado e a monarquia
inglesa no transcorrer do governo elisabetano, os documentos escritos Queen
Elizabeth’s Proclamation to Forbid Preaching (1558), Elizabeth’s Supremacy Act,
Restoring Ancient Jurisdiction (1559) e Elizabeth’s Act of Uniformity (1559) conferem à
historiografia amplo arcabouço informativo.
Notoriamente, como frisa Cellard (2008, p. 299), os documentos escritos exigem
métodos de análise e abordagens específicos a fim de que efetivamente possam
permitir a compreensão do pretérito humano. Sob tal prisma metodológico, a crítica e a
investigação tornam-se fundamentais para que o documento escrito venha a contribuir
para a análise histórica. Corroborando ao pensamento de Cellard (2008), Silvia Hunold
Lara (2008) assinala a importância da investigação e problematização documental.
Segundo Lara (2008, p. 18) somente através da interrogação dos textos o historiador
poderá converter vestígios do passado humano em efetivas fontes para a formação do
conhecimento histórico.
A proficuidade dos documentos escritos prescinde da determinação da
localização dos textos, competindo ao historiador estipular se pertencem ao domínio
público ou privado, bem como se integram ou não arquivos (CELLARD, 2008, p. 297).
A crítica documental, por sua vez, evidentemente não se restringe ao conteúdo que
apresenta. No que tange ao contexto no qual a fonte escrita tenha sido redigida, deve-
se conhecer a conjuntura política, econômica, social e cultural que preconizou sua
elaboração (CELLARD, 2008, p. 299). Tal compreensão, possibilita a apreensão dos
conceitos empregados, bem como o entendimento dos indivíduos e fatos aos quais
se realizam alusão. Aferir a conjuntura em que tal documento foi produzido possibilita
ao historiador evitar interpretar seu conteúdo através de valores modernos e atribuir
sentidos errôneos a seus conceitos. Torna-se determinante, assim, para que práticas
anacrônicas venham a ser evadidas. Faz-se imprescindível, portanto, reconhecer o
contexto europeu que comportou a publicação dos decretos elisabetanos, quando o
fortalecimento das monarquias nacionais culminou na contestação da influência e do
poderio temporal do papado.
A crítica documental, ademais, evoca a necessidade de explicitar a identidade
do autor, bem como dos interesses que o levaram a produzir tal texto. Para Cellard
(2008), o historiador prescinde reconhecer que durante centúrias somente uma elite
letrada pôde expressar-se através da escrita. Sob tal prisma, inúmeros documentos
cultivaram um restrito público receptivo, cujos textos expressavam o pensamento de
tais categorias letradas e objetivavam atender aos seus interesses. Notoriamente,
Elizabeth I homologou seus decretos numa conjuntura na qual o acesso à escrita
permanecia amiúde restrito à nobreza e ao corpo eclesiástico inglês. O intuito de
Impactos das Tecnologias nas Ciências Humanas e Sociais Aplicadas 2 Capítulo 16 192
evidenciar sua supremacia política objetivava justamente atingir o conhecimento de
tais categorias letradas, sobre as quais havia a necessidade de afirmar seu poderio
diante de qualquer autoridade estrangeira.
Analisar a procedência do documento expõe-se como prática fundamental
para que a autenticidade do texto venha a ser verificada. Assim como evoca Lara
(2008), entre o historiador e o documento matriz houve inúmeras cópias e edições
que podem prejudicar seu conteúdo. Distinguir os originais de suas reedições mostra-
se imprescindível para se efetuar um estudo mais aprofundado do texto e para que a
qualidade das informações venha a ser reconhecida. Embora passível a alterações,
compete ao historiador lhe empreender um estudo crítico a fim de averiguar as
manipulações e compreender os possíveis interesses que culminaram em sua
modificação.
Para Godoy (1995), no entanto, determinadas dificuldades tangenciam as
pesquisas de caráter documental. Muitos dos documentos utilizados não foram
elaborados com o propósito de fornecer informações à História, mas somente com
o intuito de atender às necessidades de seu tempo. Compete ao historiador, assim,
analisar o porquê de determinado documento ter sido preservado até a atualidade em
detrimento a outros. A falta de um formato padrão e a complexidade da codificação
das informações neles contidas são aspectos metodológicos que também suscitam
dificuldades na elaboração das pesquisas históricas. Somente através da prática e de
um arcabouço metodológico o cientista estará apto a problematizar os documentos
escritos e convertê-los em fontes para o conhecimento histórico.

3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em função à primária elaboração de tal pesquisa, as investigações permanecem


prematuras, visto que as leituras recentemente foram iniciadas.

4 | CONSIDERAÇÕES FINAIS

Embora aufira caráter prematuro, o exame concernente às fontes elencadas,


mediante o arcabouço metodológico suscitado, evidencia uma impreterível consonância
da tríade documental para a apreensão de tal temática. A temática, por sua vez, exprime
imprescindibilidade a fim de propiciar a apreensão da história inglesa quinhentista,
cujo antagonismo empreendido entre os potentados tornar-se-ia determinante para o
pretérito ocidental. Naturais dificuldade permanecem amiúde suscitadas, sobretudo no
que tange às referências bibliográficas, eminentemente escassas.

Impactos das Tecnologias nas Ciências Humanas e Sociais Aplicadas 2 Capítulo 16 193
REFERÊNCIAS

ARIÈS, Philippe. História da vida privada (v. 3). São Paulo: Companhia das Letras, 1991.

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Impactos das Tecnologias nas Ciências Humanas e Sociais Aplicadas 2 Capítulo 16 194

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