Livro CAP1
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Livro CAP1
Prefácio
DIREITO CONSTITUCIONAL
TRANSCENDENTAL
VOLUME I
Teoria da Constituição
2022
Foto da capa: William Blake.
Bibliografia.
ISBN 978-65-00-39031-5
22-100155 CDU-342.4
Índices para catálogo sistemático:
1. PECULIARIDADES DO DIREITO
1.1. Noções preliminares
Desde a antiguidade, afirma-se que o ser humano é um animal
político, e viver em sociedade é inerente à sua natureza. Confor-
me ensinamentos de Aristóteles1, somente vivendo no seio social
o consegue desenvolver suas habilidades como a de pensar, de
amar, de inventar, de procriar, de se comunicar, de se relacionar,
dentre outras, com as quais evolui material, mental, intelectual,
moral e espiritualmente.
Dessa convivência social, caracterizadora das relações in-
terpessoais, surge para os seres humanos direitos e deveres, cuja
obediência e respeito devem ocorrer com reciprocidade, já que
todos, de modo concomitante, usufruem dos mesmos direitos no
recinto dessa vivência.
Os direitos, segundo John Locke2, são inerentes à natureza hu-
mana porque ao nascer o ser humano, com esse ato, eclodem
todos os seus direitos tal como a vida, propriedade, liberdade e
igualdade. Nasce com vida e ao nascer dispõe do direito à vida.
Por ter direito à vida, essa é de sua propriedade e por ser pro-
prietário da sua vida, possui direito à propriedade. Tem direito à
liberdade porque é livre para usar e usufruir da sua propriedade.
Por ser detentor dessa propriedade, logo, além de terem a mesma
origem e o mesmo destino, todos são iguais; portam o direito à
igualdade.
O reconhecimento da necessidade do mútuo respeito por
esses direitos provém das relações intrapessoais, que asseguram
uma convivência no âmbito social pacífica por meio das relações
interpessoais mesmo diante das diversidades sociais. Cada ser
humano é dotado de identidade própria, advinda da sua caracte-
rística denominada unidade existencial, que o conduz a possuir
valores, interesses, anseios, diferentes dos demais, configurando
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PECULIARIDADES DO DIREITO
referida espécie normativa.
É possível que uma repartição pública funcione sem uma
estrutura caracterizada por regras de comportamento e de pro-
cedimentos? O simples fato de se utilizar ou não determinada ex-
pressão visando a promover a desburocratização no tratamento
entre agentes públicos possibilita à prestação do serviço público
com mais eficiência, ou essa eficiência está atrelada às condutas
adotadas pelos seres humanos responsáveis em prestar o serviço
público? A distinção entre agentes públicos é estabelecida pelo
uso de pronomes de tratamento ou pela institucionalização hie-
rarquizada de cargos públicos, segundo privilégios que os assegu-
ra? Os obstáculos existentes entre os agentes públicos não seriam
provenientes dos instintos, emoções ou sentimentos impregna-
dos na alma do ser humano ocupante do cargo público?
De nada adianta abolir as formalidades, os pronomes ou as for-
mas de tratamento, se não houver o respeito que vem de dentro,
da intenção da alma, cuja exteriorização independe de formalis-
mo, mas, sem dúvida, da compreensão do alfabeto universal e do
agir de boa vontade.
Em 15/04/2019, a Presidência da República ao prestar homena-
gem honrosa a Arnold Schwarzenegger, o define como autoridade
estrangeira sem critérios objetivos. Entrega-lhe uma placa de boas-
-vindas com a seguinte mensagem: “Ao ilustríssimo senhor Arnold
Schwarzenegger. Os agradecimentos da República Federativa do
Brasil pela dedicação e integridade durante sua trajetória na vida
artística, social e política”.
Depreende-se que, o Direito é utilizado como mecanismo para le-
galizar comportamentos e interesses, independentemente das con-
sequências, somente, por ser elaborado por autoridade competen-
te. Posto que, a justificativa utilizada tanto na sua criação como na
sua aplicação carece de critérios pautados no ideal de justiça, pró-
prios das leis universais. Em vez de ser utilizado como instrumento
instituidor de proibições que atentam contra a essência humana, o
Direito deve legitimar a utilização de pronomes de tratamento já
que eles demonstram civilidade e respeito, padrões comportamen-
tais nas relações interpessoais, como forma de reconhecimento de
méritos adquiridos pelo ser humano por meio da boa vontade e de
experiência no exercício do seu livre arbítrio.
Ressalte-se que, essa conquista não deve ser internalizada nem
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PECULIARIDADES DO DIREITO
• tribunais que determinam quais as normas aplicáveis e quan-
do foram infringidas, e, estipulam a sanção a ser aplicada ou
a indenização a ser paga.
Se essas informações são do conhecimento geral, indaga Hart,
por que subsiste a pergunta “O que é o Direito?”, e por que tem
ela recebido tantas respostas diferentes e extraordinárias? Será
que isso se deve a que, além dos casos-padrão constituídos pe-
los sistemas jurídicos dos Estados modernos a respeito dos quais,
ninguém em sã consciência duvidaria de que são sistemas jurídi-
cos, há também os casos duvidosos sobre cuja juridicidade não só
os seres humanos instruídos, mas até os juristas se questionam?5
Explica o autor que, atualmente é de conhecimento geral que a
distinção de casos-padrão e de casos-limites questionáveis deve
ser feita no caso de praticamente toda palavra genérica usada para
classificar os fenômenos da vida humana e do mundo em que vi-
vem os seres humanos6. Posto que, às vezes, a diferença entre o
caso claro para o uso de uma expressão e os casos questionáveis é
5. Nos ensinamentos do autor, o Direito internacional é um dos mais desta-
cados entre esses casos duvidosos. E, muitos pensam haver razões, embora
não conclusivas, para se negar a exatidão do uso já convencional do termo
“Direito” nesse caso. Essa objeção deu origem a uma controvérsia prolonga-
da, mas ela não basta para explicar a perplexidade sobre a natureza geral do
Direito, expressa na pergunta persistente “O que é o Direito?”. Por duas ra-
zões, esse caso não pode ser a raiz da dificuldade: primeira, o Direito interna-
cional não dispõe de um poder legislativo, os Estados não podem ser levados
a juízo perante tribunais internacionais sem seu consentimento prévio e não
existe na esfera internacional um sistema de sanções eficiente, centralizado
e organizado; segundo, o fato do ser humano ser forçado a reconhecer a
existência tanto de casos-padrão como de casos limítrofes questionáveis não
é uma peculiaridade de termos complexos como “direito” e “sistema jurídico”.
Cf. Op., cit., p. 4-5.
6. Isto se deve à existência de expressões com significados ambíguos, aber-
tos ou indeterminados, cuja utilização depende do contexto em que está inse-
rida. Por exemplo, a palavra JUSTIÇA pode referir-se ao conjunto de órgãos
que formam o Poder Judiciário; bem como, o poder de fazer, de fazer valer
o direito de cada um; ou ainda, o princípio moral em nome do qual o direito
deve ser respeitado. A palavra CABO pode reportar-se a corda, fibra natural
ou sintética; bem como, um posto existente em várias forças armadas (paten-
te da carreira militar). A palavra PATENTE pode dizer respeito à concessão
pública ao titular de uma invenção os direitos para exploração comercial; bem
como, pode referir-se ao título oficial de uma concessão ou privilégio. A pa-
lavra BANCO pode estar relacionada a determinado assento, seja público ou
privado; bem como, pode referir-se a instituição financeira.
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PECULIARIDADES DO DIREITO
gações, o ser humano deve atuar conforme os valores virtuosos
constantes das leis naturais, segundo as quais não se deve fazer
ao próximo o que não quer que seja feito para si. O ser humano é
dotado de livre arbítrio e no seu exercício, livremente, deve agir
de boa vontade e ter a consciência de que todo ato ao ser pratica-
do gera uma consequência idêntica em proporção e efeito para o
autor da ação.
A terceira questão passível de intensa reflexão, nas lições do au-
tor, está atrelada à composição do sistema jurídico. Tanto aqueles
que encontram a chave para a compreensão do Direito na noção
de ordens apoiadas por ameaças como aqueles que a encontram
em sua relação com a moral ou a justiça se referem ao Direito
como uma disciplina que contém normas.
Para Hart, a insatisfação, a confusão e a incerteza do que de fato
são as normas, forma boa parte da perplexidade da natureza do
Direito. Isto porque existem vários tipos de normas: além das
normas jurídicas, existem as normas de etiqueta, as normas da
língua, as normas que descrevem as regras do jogo, as normas
de clubes ou condomínios. As normas podem ter origens diver-
sas, umas originam da legislação, outras de nenhuma deliberação
desse tipo. O mais importante é que algumas normas são vincu-
lantes, no sentido de que exigem que os seres humanos se com-
portem de certa maneira. Mas, o ser humano não é tentado a fazer
somente o que prescreve uma norma de caráter obrigatório. Inda-
ga-se, o que são as normas e até que ponto elas são os elementos
essenciais do Direito?
Por isto, afirma o autor, deve-se elucidar a diferença crucial en-
tre a mera convergência de comportamentos habituais num grupo
social e a existência de uma norma assinalada pelo uso das pala-
vras “precisa”, “deve” e “tem que”. No caso das normas jurídicas,
essa consequência previsível – a sanção - é organizada de forma
definida e oficial, ao passo que, no caso das normas não jurídicas,
embora se possa esperar uma reação hostil diante do desvio, essa
reação não é organizada nem definida.
Claro está, continua Hart, que a previsibilidade da punição é
um aspecto importante das normas jurídicas, mas isso não pode
ser aceito como descrição exaustiva do significado da afirmação
de que uma norma social existente ou do elemento traduzido por
“deve” ou “precisa” ou “tem que” está envolvido nas normas, já
que a sanção das normas não jurídicas é previsível, embora não
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sas trazem incertezas e a sua interpretação pelos tribunais além
de válidas, sob a ótica do próprio Direito, podem ser definitivas.
Vagas, porque se utiliza de expressões cujos significados não são
precisos e aceitos em todas as circunstâncias; duvidosas, porque
o seu conteúdo não exterioriza o ideal de justiça, mas conformam
ideias segundo as necessidades e interesses do próprio ser huma-
no.
Apesar de o Direito não depender de normas para alcançar sua
função, porque os seres humanos devem agir em consonância com
as leis naturais, quando as normas jurídicas se fizerem necessá-
rias devem apresentar a moral como conteúdo, pois, a materiali-
zação das leis universais ocorre pela exteriorização de princípios
éticos e morais, como meio de concretização do ideal de justiça. O
ordenamento jurídico como atividade humana deve ser desenvol-
vido adequadamente para alcançar o fim a que se destina.
Destarte, da resposta atribuída à pergunta “O que é o Direito?”
deve-se levar em consideração, além das normas, a realidade so-
cial ou fática (que é a exteriorização da essência humana) a res-
peito da qual se refere o sistema jurídico. Essa atividade humana
é controlada e inspirada por uma parte invisível do Universo de-
nominada de leis universais ou morais, presentes na consciência
humana, por tanto, por algo externo ao Direito.
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PECULIARIDADES DO DIREITO
14. Os rins têm como função central filtrar e purificar o sangue com o objetivo
de eliminar substâncias perigosas ao organismo por meio da urina. Seu mau
funcionamento pode causar doenças como cálculo renal, infecção urinária,
nefrite, dentre outras. A glândula suprarrenal se relaciona com os rins em ter-
mos de função: regula o metabolismo do potássio, do sódio e da água, além
de regular a reação do corpo ao estresse; produz hormônios como a adrena-
lina, responsável por preparar o ser humano para grandes feitos; e produz
o cortisol, hormônio de combate ao estresse. O baço, órgão rico em células
(macrófagos) que destroem microrganismos que penetram no sangue. É um
órgão importante nos mecanismos de defesa, produzindo glóbulos brancos
(leucócitos), além de atuar na degradação das células sanguíneas conheci-
das como glóbulos vermelhos (hemácias). Não é glândula endócrina, mas
age como se fosse. Seu mau funcionamento pode ser sintomas de infecções
virais ou parasitárias, leucemia, linfomas, dentre outras. As gônadas agem no
sistema urinário e reprodutor. Produz os hormônios responsáveis pela repro-
dução e ciclo de maturação. O estômago é o órgão do sistema digestivo em
que parte da digestão acontece. É responsável por produzir o suco gástrico,
quando o produz em excesso devido ao seu mau funcionamento, pode en-
sejar úlcera, gastrite, dentre outras. O pâncreas produz o hormônio insulina,
responsável pela redução da glicemia, ao promover a entrada de glicose no
sangue, e a somatostatina, hormônio proteico que regula a retroalimentação
negativa e, indiretamente, intervém na regulação da glicemia, modulando a
secreção da insulina. O coração é órgão responsável por impulsionar o san-
gue para o corpo. Devido a esse bombeamento as células conseguem adquirir
oxigênio e outros nutrientes necessários. Seu mau funcionamento pode gerar
doenças como infarto, acidente vascular cerebral (AVC), hipertensão arterial,
dentre outras. O timo produz a timosina, responsável em manter e promover a
maturação de linfócitos e órgãos linfoides, como o baço e linfonodos. No timo
se concentra a energia da compaixão, do amor incondicional, a fonte vital. A
laringe, órgão do sistema respiratório, é responsável pela produção da fala.
Nela se encontra as pregas vocais. Seu funcionamento inadequado pode cau-
sar doenças como a laringite, cisto de pregas vocais, câncer, dentre outras.
A tireoide produz a tiroxina, que estimula o metabolismo aumentando a taxa
funcional de outros sistemas do corpo; produz a calcitonina, hormônio que
possui importante papel na homeostase do cálcio; e regula as funções do co-
ração, cérebro, fígado e rins. O frontal, região do rosto acima da sobrancelha
constituída pelo osso frontal, que protege o lobo frontal do cérebro, além de
formar o maxilar, a cavidade nasal, a órbita ocular e as maçãs do rosto. A hipó-
fise armazena hormônios produzidos pelo hipotálamo como a oxitocina, que
serve para promover as contrações uterinas e diminuir o sangramento durante
o parto e para devolver apego e empatia entre pessoas. Produz hormônios do
crescimento – como a somatotrofina, proteína que estimula o crescimento. O
cérebro, órgão mais importante do sistema nervoso, está relacionado com a
memória, inteligência, excitação, motivação, controle motor e processamento
da visão, da audição, do olfato, do paladar e da fonação. Quando não funcio-
na adequadamente o ser humano adoece de cegueira, surdez, esquecimento
(Alzheimer), dentre outras. A glândula pineal regula o sistema imunológico,
ao produzir a hormona melatonina que serve para regular o sono - atividade/
repouso, sono/vigília. Por ser antioxidante, age na recuperação de células epi-
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telectuais.
Os centros de nível superior - o frontal e o coronário - estão re-
lacionados ao plano transcendental. O ser humano que consegue
ativá-los e os mantém equilibrados se mostra mais voltado para a
Consciência Universal, prefere as coisas espirituais as coisas ter-
renas.
Com os centros de forças ativados e equilibrados, o ser humano
se mostra detentor de saúde física, mental, emocional e espiri-
tual, consegue vivenciar a plenitude interior ou felicidade, porque
recebe por meio deles (especificamente pelo coronário) a energia
vital que emana da Consciência Universal e disseminar por todo
o ser. Por estar sintonizado em uma frequência vibracional posi-
tiva, o que possibilita a viver em consonância com sua verdadei-
ra essência da qual germina virtudes ou sentimentos superiores,
como: prudência, fortaleza ou amor, justiça, temperança, paz,
abundância, prosperidade, unidade, discernimento, sabedoria,
alegria, humildade, doçura, moderação, mansuetude, afabilidade,
gratidão, solidariedade, tolerância, abnegação, direção, perfei-
ção, resignação, esperança, paciência, beleza, verdade, harmonia,
compaixão, criatividade, coragem, piedade, perdão, beneficência,
ordem, obediência, dentre outros, porque esses sentimentos não
são senão energias positivas.
Com apenas um, desses centros energéticos, bloqueado ou de-
sequilibrado, o ser humano se afasta da sua essência e pode con-
trair enfermidades física, mental, emocional e espiritual, por não
receber da Consciência Universal a energia vital. Distante da sua
essência, por se encontrar em um estado vibracional negativo, a
pessoa não promove no corpo físico a transformação de energia,
impregnando, assim, sua alma de vícios ou sentimentos inferio-
res, como: orgulho, egoísmo, vaidade, soberba, estupidez, violên-
cia, insegurança, ambição, possessividade, opressão, imperfei-
ção, rebeldia, imprudência, negligência, presunção, hipocrisia,
obstinação, maldade, desprezo, inveja, ira, mágoa, ódio, rancor,
raiva, cólera, medo, desespero, desânimo, cinismo, repressão, de-
sordem, culpa, frustração, vingança, duelo, dor, tristeza, solidão,
desconforto, feiura, imperfeição, pessimismo, preguiça, tibieza,
gula, avareza, injustiça, traição, indignação, blasfêmia, luxúria,
dentre outros, já que esses sentimentos não são senão energias
negativas.
O bloqueio dos centros de forças e a impregnação da alma huma-
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nal positiva e atrai o bem, o amor, ficando suscetível a melhoras,
por emanar valores sublimes. Ao agir de má vontade, sintoniza-se
em um estado vibracional negativo, emitindo os sentimentos in-
feriores e atraindo para si situações embaraçosas resultantes de
sensações semelhantes.
Ressalte-se que, a manifestação das cinco leis espirituais, quan-
do da sua operacionalização pelo ser humano, ocorre mediante
as cinco leis físicas de operacionalização, que são exteriorizadas
por meio das ações humanas. O que significa dizer que essas leis
espirituais são reveladas nas ações humanas, quando o ser huma-
no age em pensamentos, palavras e ações em consonância com os
ensinamentos das leis físicas.
Depreende-se, o ser humano não é senão energia condensada
com que ocorre a materialização da Consciência Universal, cuja
finalidade é desenvolver, por meio da sua liberdade e da sua boa
vontade, o propósito de vida que é amar a si mesmo e ao próxi-
mo, amando ao inimigo e fazendo o bem àquele que o persegue.
Por meio desse amor Fraterno Universal, ou amor incondicional,
a pessoa humana consegue ascender-se auxiliando o semelhante
e, juntos seguem rumo ao progresso cada qual no estágio que se
encontra.
A prática do amor incondicional e invulnerável é o desígnio de
todo ser humano, que se evola do seu coração. Sua realização
ocorre com o reconhecimento e internalização da influência das
leis físicas nas ações humanas, com que a pessoa passa a atuar
em conformidade com as leis espirituais existentes em sua cons-
ciência, porque esse comportamento permite que todos os senti-
mentos inferiores, fontes do apego, de dores emocionais, aflições,
dificuldades, dilemas, medo, ansiedade e insegurança, sejam
transmutados para sentimentos nobres ou desfeitos pelo Univer-
so.
O Universo possui duas classes de seres corpóreos: uma for-
mada por aqueles que apenas existem – os inanimados -, como
as estrelas, planetas, satélites, árvores, automóveis, utensílios,
eletrodomésticos, dentre outros; outra formada por aqueles que
existem e vivem – os animados. Alguns que compõem essa classe
existem e vivem, mas não sabem que vivem, como o gato, cachor-
ro, cavalo, galo, macaco, dentre outros; outros existem, vivem e
sabem que vivem, como o ser humano. Este é o único ser do Uni-
verso que existe, vive e compreende. Sendo possível, inclusive,
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Continua o autor:
A noção de princípio ético, no sentido de ra-
zão justificativa, foi inteiramente substituída
pela de fundamento (Grund). Interrogando-
-se, assim, sobre a bondade ou a maldade da
natureza humana, Kant afirma que a resposta
a essa indagação só pode ser encontrada num
“primeiro fundamento” da aceitação pelo ho-
mem do bem ou do mal, sob a forma de máxi-
mas (subjetivas) de comportamento. Esse pri-
meiro fundamento, não podendo ser um fato
apreciável pela experiência, deve ser tido como
inato, no sentido de ser posto por algo que an-
tecede a todo o uso da liberdade24.
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1.4. O Direito em compreensão
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produz efeitos para o seu autor. Assim, pode-se afirmar que o ser
humano é o exercício daquilo que pensa e do que faz.
Dentre as forças naturais que o cercam, o ser humano tem certa
liberdade para pensar e agir, e, portanto, mérito e responsabilida-
de. O livre arbítrio, quando utilizado adequadamente pela pessoa,
demonstra sua evolução nos aspectos material, emocional, inte-
lectual, ético, moral e espiritual, de modo que ao interrogar sua
consciência quando das guerras internas, deseja ardentemente
combater todos os vícios que constituem um estado físico, emo-
cional, psíquico e/ou espiritual doentio.
O ser humano é capaz disso porque “é um bambu pensante”,
parafraseando Pascal. Um bambu agitado e curvado por todos os
ventos de todas as direções. Porém, um bambu que pensa e que
tem livre arbítrio, porque passada a ventania procura, como o
bambu, a ascensão. Em outros dizeres, a pessoa humana quando
em dificuldades, imerge-se em um estado de desânimo, de fracas-
so aparente, mas, utilizando-se da sua liberdade, se volta para si,
por meio da reflexão se fortalece e obtém consciência da situação,
em seguida, posiciona-se em direção à verdade Universal, à sua
essência verdadeira.
De outro modo, o ser humano cambaleia, às vezes, como o bê-
bado, mas como este, diz sempre que não está bêbado. Ele tem
consciência que a linha do bêbado não é a linha correta. Quando
cambaleia é porque se afasta da Consciência Universal e, ao se
afastar, cai porque se animaliza e fica de quatro. Após um desas-
tre, apruma-se, adota postura descente, a única que lhe foi traça-
da pela Consciência Infinita para chegar à sua essência verdadei-
ra. Basta interrogar sua consciência para compreender a Unidade
Cósmica, da qual faz parte, e se erguer naturalmente e de forma
inteligente.
A grande diferença entre o ser humano e os outros animais, já
que todos tem alma como princípio da vida, é o senso ético e mo-
ral. O animal humano é um ser à parte, um ser superior que, por
ter adquirido racionalidade, consciência de si, no momento da
sua criação, desenvolve durante a sua existência o intelectual, a
personalidade e a vontade, exteriorizando essas faculdades por
meio de pensamentos, palavras e ações. Essas habilidades cons-
tituem a ascensão como destino humano, já que fazem parte da
sua alma eterna, pela qual o ser humano se comunica com a Cons-
ciência Universal.
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Essa missão só é possível devido ao livre arbítrio. Para se cons-
cientizar da necessidade de ascender-se, o ser humano deve rela-
cionar a razão com a moral, porque à medida que a ciência avan-
ça surge a compreensão da ordem para explicar o que parecia,
até então, mistério: de onde veio, porque veio e para onde vai.
Somente a razão humana pode decifrar os mistérios da Unida-
de Universal. Essa explicação tem a fé (o acreditar) por caminho,
uma vez que a caminhada deve ter como parâmetro a Consciência
Universal, que o aponta nas leis da ciência e nas leis da moral, as
quais aclaram todas as interrogações humanas, conforme o esta-
do vibracional em que se encontra o ser humano.
Em outras palavras, na compreensão de si mesmo e da Cons-
ciência Universal, condição à realização do seu desígnio, o ser
humano necessita de diretrizes que são adquiridas pelas leis da
ciência ou físicas e pelas leis da moral ou espirituais. Utilizando-
-se somente a ciência, cai-se, às vezes, no materialismo de que
surge o orgulho, o egoísmo e a vaidade, porque “a ciência incha”.
Somente com a moral, cai-se, às vezes, na superstição e no fana-
tismo ou intolerância, porque se entrega a uma fé (a uma crença)
cega.
A impregnação de sentimentos inferiores na alma humana
ocorre porque ela é composta de três partes: a mente, emoção e
vontade. A mente tem por função o conhecer, o saber e o lembrar;
a vontade tem a função de buscar, recusar e escolher; e a emo-
ção tem por função atribuir cor à vida humana, manifestando-se
por sentimentos como o amor, alegria, verdade, humildade, ódio,
rancor, pesar, tristeza, saudade, desejo, dentre outros. As leis da
ciência desenvolve a mente e a vontade e as leis da moral, desen-
volve as emoções e a vontade. Ou seja, de nada vale compreender
pela razão - conhecer, saber e lembrar - se não houver o entendi-
mento e aceitação da lição pela emoção, mediante a qual ocorre
a compreensão verdadeira, porque vem do mundo interior, fonte
de manifestação da boa vontade.
O conhecimento e o exercício das leis físicas e das leis da moral
delineia a personalidade no ser humano, qualquer fase da vida.
Esse caráter desenvolve o sentimento mais sublime que existe:
o amor incondicional. O único sentimento que reúne todas as
aspirações e revelações humanas, quando vivenciado em pensa-
mento e exteriorizado por palavras e ações amplia a consciência
e a pessoa humana cumpre o propósito da Consciência Universal,
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as situações que se deve passar. Isto se deve ao fato de ser o pen-
samento e as palavras energias, sem limites de espaço e tempo.
Quando se direciona pensamentos de amor e desejos de felicida-
de para os doentes da sociedade, por meio da operacionalização
do Direito, eles perdem todo o poder de resistência. Pois, existe
um conhecimento de poder da linguagem falada que, quando se
quer realmente produzir o bem-estar e o progresso, deve-se ad-
quirir esse conhecimento, que é o amor incondicional, e estabele-
cer as conversas de acordo com ele.
Esse conhecimento se adquire por meio da instrução nas leis
da ciência e nas leis da moral, porque permite o ser humano a se
conscientizar de que toda ação humana gera uma reação na mes-
ma proporção em sentido oposto, e que não se deve fazer a outrem
o que não quer que seja feito para si mesmo. Devendo o ser huma-
no obter esse conhecimento para desenvolver pensamentos posi-
tivos, capazes de elevar a sua vibração mental, e proferir palavras
com a finalidade de curar, abençoar e prosperar. Somente, assim,
elimina em si mesmo todas as memórias causadoras de proble-
mas internos e externos, e, por conseguinte, retorna ao vazio infi-
nito em que a inspiração Universal age naturalmente.
Justamente, nesse diapasão, encontra-se a bondade da
Consciência Universal ao colocar na mente humana pensamentos
e ideias, concedendo ao ser humano a capacidade de realização
do bem no seio social, atribuindo-lhe a missão de elaborar e ope-
racionalizar o Direito em consonância com a sua verdadeira es-
sência, que está atrelada à lei da verdade Universal (a lei do amor
e da justiça), como instrumento de cura social.
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PECULIARIDADES DO DIREITO
virtudes inatas, para que posteriormente não o seja privado do
necessário ao seu aperfeiçoamento.
A lei de sociedade abarca a necessidade do ser humano de vi-
ver no âmbito social. Dotado de habilidades comunicativas, pos-
sui o dever/poder de viver em sociedade e de trabalhar pelo pro-
gresso da humanidade. Não devendo se isolar do mundo social,
uma vez que com essa atitude comete um ato de egoísmo. Sendo o
isolamento absoluto da pessoa contrário a essa lei, exceto quando
visar a abandonar os prazeres materiais, deve a Constituição Fe-
deral adotar mecanismos que proporcionem, nessa convivência
social, existência digna ao ser humano, em que consegue alcançar
a plenitude interior, e, por conseguinte, desenvolver atos de soli-
dariedade, fraternidade e o amor incondicional.
A lei do progresso cuida da ascensão do ser humano de pri-
mitivo para a civilização material, desta para a intelectual, desta
para a moral, e desta para a ascensão espiritual. Advindo do vazio
infinito, a pessoa progride intelectualmente para depois alcançar
a ascensão moral, o que nem sempre ocorre de imediato, assim
como a ascensão intelectual não é condição para o progresso mo-
ral. Mas, quando o ser humano consegue ascender-se, apenas, in-
telectualmente, não deve utilizar desse progresso para fazer o mal
de forma elaborada com o intuito de alimentar seus sentimentos
inferiores. A princípio, deve conhecer o certo e o errado que vai
orientar o seu livre arbítrio, uma vez que o conhecimento aumen-
ta a responsabilidade sobre suas ações. Ao optar por fazer sempre
o bem ou o correto, consolida-se em si o aperfeiçoamento moral e
espiritual. Cabe a Constituição Federal estabelecer instrumentos
que lhe assegure méritos e responsabilidades como consequência
das suas ações, visando a propiciar a utilização da boa vontade
nesse processo evolutivo.
A lei de igualdade consiste em afirmar que todos os seres hu-
manos são iguais, advindos da mesma origem e determinados a
alçar para o mesmo destino. Apesar de terem sido criados iguais,
submetidos às mesmas leis e condições, as experiências e a boa
vontade de cada um, diferem-no dos demais, mas essa diferença
constitui uma desigualdade de mérito e não uma desigualdade
social. Diante dessa desigualdade de aptidões, e como conse-
quência, de posição social, a lei de igualdade possibilita a todos
o exercício do livre arbítrio para escolher a melhor forma de agir
em seu progresso, uma vez que todos experimentam situações de
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meio das relações intrapessoais e interpessoais, respectivamente.
A consciência humana desenvolvida pela fruição dos direitos
fundamentais confere a pessoa humana, principalmente nos mo-
mentos de dificuldade (nos obstáculos impostos no caminhar pela
vida), o reconhecimento de que existe algo acima de si, a que deve
buscar para ser feliz, ser pleno. Dotado de conduta consciente, me-
diante a boa vontade, o ser humano consegue elevar o pensamento
e adentrar no plano da Superconsciência, no que se entrelaça com
a Consciência Universal, que o indica de onde veio, porque veio e
para onde vai. Com efeito, reconhece-se que a pertence.
Ao compreender que todos têm a mesma origem e o mesmo des-
tino, o ser humano em pensamentos, palavras e ações reconhece
conscientemente que todos são iguais, dotados de liberdade, e,
por conseguinte, que cada um deve agir com tolerância para com
seu semelhante, porque o que os separam são os degraus da es-
cada evolutiva em que cada um se encontra. Essa aceitação lhe
possibilita a enxergar o seu semelhante como parte integrante de
si mesmo (todos são Consciência Cósmica), de modo que, ao agir
passa a fazer ao seu semelhante o que quer que seja feito para si,
por já entender que o próximo é seu espelho, o que faz ao próximo
faz a si mesmo.
Tudo isso é devido à vida social. Ao atribuir ao ser humano a pa-
lavra e as outras faculdades necessárias à vida de relação, a Cons-
ciência Universal não o criou para viver no isolamento. Como lei
natural, a vida em sociedade exige assistência mútua para que
todos concorram para a ascensão até a perfeição relativa, de modo
a conquistar a felicidade, a saúde mental. Esse triunfo o ser hu-
mano não consegue de forma isolada, porque não possui todas as
faculdades que lhe são exigidas pelo seu processo evolutivo. To-
davia, essa vida social deve ter como regras norteadoras das suas
ações as leis espirituais e as leis da ciência de operacionalização,
para que se desenvolva a tolerância e aumente os laços de família.
Com a consolidação dos laços de família entre os membros da so-
ciedade, por meio das relações interpessoais, o progresso moral
considerado uma necessidade humana é realizado.
Com a ocorrência do aperfeiçoamento moral, os seres humanos
amam-se fraternalmente, e, por conseguinte, reconhecem a so-
ciedade como civilizada. Para cumprir essa missão, deve o Direito
assegurá-los o desenvolvimento das suas habilidades – pensar,
raciocinar, escolher, recusar, rir, chorar, amar -, com as quais se
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Essas normas referentes ao direito tributário, ao direito do tra-
balho e às disciplinadoras da ordem econômica, elaboradas e
interpretadas em consonância com as leis naturais e da ciência,
visam ao aperfeiçoamento moral do ser humano, porque extirpam
da sua alma os vícios como o orgulho, egoísmo, vaidade, possessi-
vidade, opressão, imprudência, negligência, ambição, avareza, in-
justiça, fraqueza, dentre outros, e desenvolvem sentimentos supe-
riores como amor, paz, justiça, fortaleza, prudência, temperança,
humildade, tolerância, compaixão, piedade, solidariedade, dentre
outros. Como consequência, permitem aos seres humanos, no âm-
bito social, a agir por meio de pensamentos, palavras e ações con-
forme as leis morais e físicas de operacionalização.
Desta forma, como obra do Universo, o Direito é instrumento de
materialização das leis morais e remédio de cura social que con-
tribui para o desenvolvimento material, emocional, mental ou in-
telectual, moral e espiritual do ser humano, porque lhe assegura a
efetivar o processo de transmutação, na sua alma, no que extirpa
os sentimentos inferiores e a impregna de nobres sentimentos,
e, por conseguinte, se reaproxima da sua verdadeira essência, de
acordo com as aptidões e possibilidades adquiridas pela expe-
riência e pela boa vontade.
No que concerne ao reconhecimento da igualdade entre os seres
humanos, afirma-se que essa igualdade natural é adquirida desde
o nascimento, uma vez que todos provêm da mesma origem e ten-
dem para o mesmo fim. Nascem com a mesma fragilidade, estão
sujeitos às mesmas dores e submetidos às mesmas leis e condi-
ções, porque foram criados do vazio infinito, e têm por propósito
a ascensão até a perfeição relativa. Porém, devido à experiência e
boa vontade provenientes do exercício do livre arbítrio, cada ser
humano, na utilização dessa faculdade natural (da liberdade), ad-
quire habilidades diversas, caracterizando, assim, as denomina-
das desigualdades de mérito.
Essa diferença é necessária para que cada ser humano possa
contribuir na realização do bem maior, como seu propósito de
vida e do seu semelhante, nos limites de suas forças físicas e nos
limites do seu aperfeiçoamento intelectual e moral, o que faz de
cada uma das pessoas peça útil na realização desse feito, de acor-
do com suas capacidades atribuídas pela Consciência Universal
e desenvolvidas conforme a sua vontade e experiência, na utili-
zação do livre arbítrio, em consonância com as leis espirituais e
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físicas de operacionalização.
Não obstante a necessidade da existência dessa diferença de ap-
tidão, devido ao seu estágio atrasado, o ser humano desenvolveu
em si o orgulho, o egoísmo e a vaidade, dentre outros sentimentos
inferiores, que caracterizam as desigualdades sociais. Desigual-
dades estas que estão em desacordo com a verdade Universal,
porque não representam a exteriorização das leis morais de estru-
turação, e como consequência seus instituidores não observaram
as leis espirituais e físicas de operacionalização.
Cabe ao Direito coibir as práticas abusivas do ser humano pro-
venientes de sua posição de superioridade, adquiridas pelas qua-
lidades pessoais, quando visam a oprimir àqueles que estão com
a consciência adormecida, principalmente, para tirar proveito,
além de extirpar do âmago da pessoa humana os sentimentos in-
feriores como o orgulho, egoísmo, vaidade, dentre outros. Essa
função do Direito, além de exercida em consonância com a lei
natural da igualdade, visa a tutelar a humildade pela prática da
solidariedade e fraternidade.
Desta maneira, o Direito deve, portanto, proibir a todos os
agentes públicos a prática de qualquer ato em razão de posição
de superioridade criada pela ação humana, como aceitar viagens
ou presentes pelo fato de exercer determinada função pública.
Devendo exigir desses seres humanos, na execução de qualquer
ato relacionado à função que lhes foi confiada, a mesma respon-
sabilidade e as mesmas condições em que estão submetidas todas
as pessoas presentes no âmbito da sociedade. Não deve conceder
aos agentes públicos prerrogativas de foro em razão da função,
nem tampouco imunidades; bem como, não deve outorgar direi-
tos a gratificações como auxílio transporte, auxílio saúde, verbas
de representação, carro oficial com motorista, secretária particu-
lar, apartamento funcional ou auxílio moradia, dentre outras.
Assegurar aos agentes públicos essas prerrogativas em razão
da função que os exerce, é utilizar o Direito como instrumento
para promover a institucionalização da injustiça, estabelecendo
as desigualdades sociais, a intolerância e a corrupção por falta de
transparência na prática dos atos públicos, necessários ao desen-
volvimento das relações interpessoais. É legitimar a ação humana
com a finalidade de alimentar seus sentimentos negativos. Essas
previsões são imorais, antiéticas e injustas porque estão em dis-
sonância com as leis naturais de sociedade, de conservação, do
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trabalho, do progresso, de igualdade, de liberdade e de justiça e
de amor. Consequentemente, impossibilita aos seus destinatários
de agir em consonância com as leis espirituais e físicas de opera-
cionalização.
No concernente à liberdade como um direito natural, afirma-se
que esse direito é relativo porque todos os seres humanos, inde-
pendente da posição que ocupam no âmbito social, devido às suas
inclinações, necessitam uns dos outros. Devendo ser parcimonio-
so no agir de modo que seus pensamentos, palavras e ações não
venham a ocasionar dano a si e ao próximo.
No seu livre arbítrio, nem tudo que o ser humano pensa e tem
vontade de fazer, deve ser por ele realizado. Ao desenvolver apti-
dões, o torna capaz de instruir-se nas leis da ciência e da moral e
de compreender, com o coração, as leis espirituais, que o conduz
a sopesar com seus vícios como o orgulho, o egoísmo, a vaidade,
entre outros, e escolher o que deve fazer e o que não deve fazer.
Somente, assim, está agindo em conformidade com a lei natural
de justiça e de amor.
Quanto mais inteligência desenvolvida possuir o ser humano
para essa compreensão, que deve ser de coração, mais adiantado
se encontra no caminho da Unidade Cósmica, porque age de boa
vontade, uma vez que ao utilizar da sua liberdade de pensamento
e de consciência de forma adequada, pensa sem limites, mas in-
terroga sua consciência. O que impede de proceder com manifes-
tações que sejam prejudiciais a si, à sociedade, na qual habita, e
ao Universo, do qual é parte.
Destarte, as liberdades de pensamento e de consciência são ab-
solutas. Mas, a liberdade de agir, proveniente do livre arbítrio e
que se constitui na vontade de fazer algo, é relativa. Pode-se pen-
sar em tudo, mas nem tudo deve ser feito, porque as liberdades
de expressão e de manifestação são limitadas. São limitadas pela
própria consciência. É dizer que o ser humano pode tudo, mas
nem tudo lhe convém.
O Direito deve assegurar ao ser humano as liberdades de pensa-
mento, de consciência, de expressão, de manifestação, de reunião
e de associação conforme a lei espiritual. Na fruição das suas ap-
tidões, ao exercer o seu livre arbítrio, deve agir de boa vontade,
manifestando-se ou expressando-se por meio de pensamentos,
palavras e ações, de modo que seus atos não sejam prejudiciais a
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Tais relações devem ser pautadas, única e exclusivamente, em
algo reconhecido e aceito por todos independentemente de tempo
e lugar. Esse “algo” sempre foi denominado de valores ou dogmas
aceitos no âmbito social em que vive o ser humano. Esses valores
o orientam no crescimento pessoal por meio do convencimento
intelectual, porque a inteligência humana os conhece, aceita e
vive como algo bom para si e para o próximo.
Porém, nem todos consideram as mesmas realidades como va-
lores, mesmo havendo mútuo respeito. Para que desenvolva sua
função de instrumento de justiça e remédio de cura social, o Di-
reito deve considerar como condição disciplinadora das relações
humanas os valores provenientes de virtudes, por possuir caráter
universal, uma vez que o que for uma virtude em um ser humano
a é em todos os outros. O que ocorre quando o Direito é elabo-
rado e interpretado em consonância com as leis espirituais e da
ciência, exteriorizadas por meio de princípios éticos e morais e
mediante ideais de justiça válidos e aceitos por todos em qualquer
tempo e lugar.
Ressalte-se que, as afirmações proferidas por meio de pensa-
mentos, palavras e ações, tanto na elaboração como na inter-
pretação do Direito, que se destinam a atribuir nova direção às
energias, ou transmutá-las, quanto mais convincentes e apoiadas
nas leis universais e físicas de operacionalização serão mais po-
derosas e efetivas. Em outros dizeres, as forças criadoras do ser
humano se manifestam de forma propícia ao bem maior, para si e
para o próximo, quando os seus atos forem justificados por valo-
res virtuosos universais, uma vez que constam das leis da moral.
Cumpre-se essa recomendação, quando o Direito for produzi-
do pelos seres humanos que já ativaram e equilibraram os cen-
tros de força superiores, porque estão voltados para o intelecto
e Consciência Universal. No exercício desse poder, são capazes
de expressarem sentimentos superiores, uma vez que estão sin-
tonizados em uma frequência vibracional positiva. Na ausência
de seres humanos com esse perfil, deve ser elaborado por aqueles
que já conseguiram desenvolver os centros de forças medianos, já
que conseguiram ou estão lutando por equilibrar as suas emoções
e sentimentos, e os comunicarão em consonância com as leis es-
pirituais e da ciência.
O Direito, em especial o Direito Constitucional, é formado de
regras e princípios. Os princípios devem prescrever decisões polí-
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