Cap 2 Desenvolvimento Urbano e de Transportes

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Curso de Engenharia Civil

Planejamento Urbano e Transportes

2 Desenvolvimento Urbano e de Transportes

Para que as áreas urbanas possam apresentar desenvolvimento sustentável torna-se

necessário que, dentre outros aspectos, exista um planejamento integrado das atividades. Este

planejamento pode ser classificado em 3 níveis:

1º Nível – Planejamento Urbano

2º Nível – Planejamento de Transportes


3º Nível – Planejamento da Circulação

Estes níveis não representam maior ou


menor importância, mas sim o nível da
abordagem a ser considerada. Enquanto o
Planejamento Urbano se refere a aspectos
estratégicos e estruturais do
desenvolvimento da cidade, o Planejamento
da Circulação contempla aspectos mais
operacionais da circulação dos veículos.

2.1 1º Nível – Planejamento Urbano

Conceito: O Planejamento Urbano é uma atividade coordenada pelos órgãos de governo, com o
objetivo de interferir no processo de crescimento da cidade. Como produtos do planejamento
urbano tem-se:

 regulamentação do uso do solo

 ordenação do espaço urbano

 criação de infra-estrutura (habitação, saneamento, sistema viário e de


transportes)
Planejamento urbano: É a atividade que define as condições de uso e ocupação do solo,
como por exemplo, os usos habitacional, industrial, comercial e de lazer. Ela define também a
localização dos equipamentos públicos como escolas, parques, hospitais e conjuntos
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habitacionais. Os deslocamentos cotidianos das pessoas e das mercadorias entre origens e


destinos são, portanto, diretamente influenciados pelas decisões do planejamento urbano. Esta
atividade está normalmente ligada à Secretaria de Planejamento da Prefeitura, embora possa
estar sob a responsabilidade de outros órgãos municipais.

2.2 2º Nível – Planejamento dos Transportes

Conceito: “Um processo cujo objetivo, no sentido amplo, é desenvolver um sistema de


transporte que vai permitir às pessoas e mercadorias trafegarem com segurança e economia”
(Pignataro)

São definidos como produtos:

 As vias para o escoamento do tráfego geral;


 As redes de ônibus, os sistemas para circulação de determinados modos de
transportes como o trem e o metrô – e os terminais de carga.

2.3 3º Nível – Planejamento da Circulação

Conceito: Consiste na ordenação e regulamentação da circulação no espaço urbano e no


sistema viário já definidos previamente.

• Define o padrão de circulação e regulamenta através de sinalização

• Visão Tradicional

– Planejamento da circulação como atividade essencialmente técnica, um


problema físico-matemático de otimizar a circulação de pessoas e mercadorias
em um espaço viário pré-definido.

• Visão Moderna

– Introduz a dimensão dos valores e dos interesses dos grupos sociais, ou seja,
introduz a dimensão política nas análises da política de circulação.

Planejamento da circulação: é a atividade ligada ao “trânsito”, ou seja, é aquela que define


como a infra-estrutura viária poderá ser utilizada por pessoas e veículos. Esta definição
envolve também as atividades de administração do aparato de trânsito, de fiscalização sobre o
comportamento dos usuários e de promoção da educação para o trânsito. Ao definir como as
vias podem ser usadas, o planejamento da circulação influencia a escolha dos caminhos e dos
meios de transporte que têm melhores condições de serem utilizados. O planejamento da
circulação está ligado aos órgãos municipais de trânsito ou então incluído na Secretaria
Municipal de Transportes.
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2.4 A Questão dos Transportes nos Centros Urbanos1

As cidades são centros de produção e consumo de bens e serviços onde são exercidas diversas
atividades relacionadas à moradia, trabalho, estudo, lazer, compras etc.

Estas atividades tendem a se distribuir em diferentes áreas, formando zonas com certo grau
de homogeneidade. A necessidade de interligação das diversas áreas urbanas entre si e com
aquelas localizadas fora da cidade implica o surgimento da atividade circulação. Esta é uma
atividade meio, sem a qual se torna impossível o desempenho das demais.

Assim, a circulação é o deslocamento das pessoas e mercadorias, tendo reflexo, portanto, nos
aspectos sociais e econômicos do desenvolvimento urbano.

Como atividade meio, a circulação é fortemente influenciada pela localização das demais
atividades na área urbana. Assim, a localização do comércio atacadista e de indústrias em
áreas mais distantes diminui a circulação de veículos de carga no centro da cidade; a
disseminação de escolas pelas áreas residenciais reduz o número de viagens por ônibus e
automóveis, e assim por diante. Os deslocamentos das pessoas podem ser classificados
segundo o motivo pelo qual são realizados, ou seja:- Trabalho; Estudo; Compras; Lazer;
Negócios.

Cada meio de transporte apresenta vantagens e desvantagens para o usuário e para o tráfego
em geral. As características das viagens é que vão definir qual o melhor meio a ser utilizado.

O que é viagem?

Conceito: percurso entre dois pontos com um OBJETIVO ESPECÍFICO. Assim, as viagens a pé, que
têm uma total flexibilidade e não causam maiores problemas ao tráfego, só são possíveis
quando as distâncias são pequenas e as condições de segurança razoáveis

FOP Paris

1
Rogério Carvalho Silva e Maria Amália Magalhães Fagundes – Empresa Brasileira de Planejamento de
Transportes – GEIPOT, Belo Horizonte, 1984
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Assim, as viagens a pé, que têm uma total


flexibilidade e não causam maiores
problemas ao tráfego, só são possíveis
quando as distâncias são pequenas e as
condições de segurança razoáveis.

A bicicleta, que apresenta uma série de


vantagens, como baixo custo, economia de
combustível, grande flexibilidade, pequeno
uso de espaço e baixa perturbação
ambiental, tem sua utilização limitada pelas
condições de clima e topografia, pelas
distâncias, bem como pelas condições de
segurança do tráfego.

Para distâncias maiores são mais utilizados


os ônibus e automóveis. O automóvel
apresenta uma série de desvantagens para
o tráfego e a comunidade. Dentre elas,
ressalta-se a poluição ambiental, o levado
consumo de combustível, bem como o
grande espaço ocupado, não só para a
circulação, mas também para
estacionamento.
Os ônibus são os veículos que conseguem
transportar o maior número de pessoas no
menor espaço, trazendo, portanto, grandes
vantagens para o tráfego. Entretanto, para
que seja vantajoso também para o usuário,
é necessário que atenda com eficiência as
necessidades da população.
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O tipo de veículo mais adequado ao


transporte de cargas dependerá não só da
espécie e volume da carga a ser
transportada, mas também das condições
de tráfego.

Sistema viário é o espaço onde se dá a


circulação, que compreende o conjunto
formado pelas avenidas, ruas, calçadas e
praças, que têm como função interligar as
diversas áreas da cidade. Este espaço vai
cumprir com maior ou menor eficiência
essa função, de acordo com o grau de
racionalidade de sua utilização.

Quando as cidades são pequenas, suas urbanas são bastante restritas, a circulação
diversas atividades se desenvolvem num de mercadorias é pequena. Resumindo, as
espaço limitado, bem próximas umas das atividades se desenvolvem com folga no
outras, não havendo uma setorização espaço urbano, praticamente inexistindo
acentuada do uso do solo. A maioria das problemas de transporte.
pessoas pode se deslocar a pé, com
segurança e conforto, graças às pequenas
distâncias e ao reduzido número de veículos
que circulam em vias descongestionadas, e
conseguem estacionar facilmente. O
transporte coletivo é desnecessário e as
bicicletas circulam livremente, em boas
condições de segurança. Como as funções
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À medida que as cidades vão crescendo, as um processo de maior setorização do uso


funções urbanas vão se tornando mais do solo, nem sempre ordenado. As pessoas
complexas, implicando aumento da passam a morar em locais mais distantes e
população, desenvolvimento das atividades começam a surgir indústrias na periferia.
econômicas e expansão da área urbana. Em
conseqüência, crescem a demanda por
transportes e as distâncias a serem
percorridas.

O centro da cidade passa a abrigar


múltiplas funções que se complementam e
se conflitam, o que se reflete na disputa
pelo espaço. Simultaneamente, inicia-se

São Paulo

Em conseqüência, há um crescimento da frota de veículos motorizados e, como no centro ao


adensamento das atividades não corresponde um aumento proporcional do espaço viário,
começam a aparecer problemas, tanto no que diz respeito à circulação, quanto ao
estacionamento.

Como a maioria da população não tem condições de se utilizar de automóveis, surge a


necessidade da criação do serviço de transporte coletivo. Além disto, a diversificação e o
crescimento das funções urbanas acarretam um crescimento do transporte de carga.

Por outro lado, tanto os pedestres quanto as bicicletas passam a disputar o espaço com os
veículos motorizados, passando a circular em más condições de segurança, uma vez que são
os componentes mais fracos do tráfego.

É nessa fase que começam a surgir os


problemas de natureza ambiental, pela
emissão de gases e ruídos, de
congestionamento de tráfego, com
consumo desnecessário de combustível e
desperdício de tempo e de elevação no
número de acidentes, com prejuízos
materiais e de vidas humanas.

Estes problemas – quase imperceptíveis no início – vão se agravando e se tornando


extremamente críticos. Isto porque, na maioria das vezes, o crescimento da utilização do
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sistema de transporte não é acompanhado pela criação, por parte do poder público, dos
instrumentos institucionais e técnicos adequados.

A legislação vigente estabelece claramente as competências dos três níveis de governo, no que
diz respeito ao sistema de transportes.

Ao governo federal compete, principalmente, o estabelecimento da legislação e normas de


trânsito, e ao governo estadual fazer cumprir a legislação de trânsito, através do policiamento,
licenciamento de veículo e expedição de carteiras.

A prefeitura é responsável pela construção e manutenção das vias públicas, pela


regulamentação de seu uso e pela gerência do sistema de transporte.

Paralelamente, cabe também ao poder público municipal a elaboração de toda a legislação


urbanística, que tem grande influência nos sistema de transporte.

A prefeitura deve estabelecer uma política para o setor, com objetivos de melhoria da
qualidade de vida da população, com ênfase para a população mais carente, através do
aumento das condições de segurança, redução nos custos de transportes, melhorias nas
condições ambientais e adequação do sistema de transporte às necessidades da população.

Para tanto, devem ser levadas em consideração as peculiaridades locais, os recursos


disponíveis e as aspirações da comunidade.

Embora essa política deva ser estabelecida para um horizonte de médio e longo prazo, várias
medidas podem ser tomadas, visando, em curto prazo, resolver os problemas existentes.

INTERVENÇÃO DE MÉDIO E LONGO PRAZO

A intervenção de médio e longo prazo consiste no estabelecimento de uma legislação


urbanística que regule o uso e ocupação do solo e possibilite a definição e a hierarquização do
sistema viário.

A atuação sobre o uso do solo é feita através do estabelecimento do zoneamento (definição das
áreas destinadas à habitação, comércio, indústria, lazer etc), da definição da intensidade de
ocupação de cada zona (taxa de ocupação e coeficientes de aproveitamento) e das normas de
loteamento (tamanho dos terrenos, reservas de áreas verdes, articulação do sistema viário
etc).

Estas diretrizes vão condicionar o dimensionamento do sistema viário futuro e a adequação do


sistema viário existente. Simultaneamente, o sistema viário será um indutor do uso do solo, já
que tem um efeito estruturante muito forte sobre o espaço urbano. Assim, a abertura de uma
avenida, facilitando o acesso a uma determinada região da cidade, provocará uma ocupação
em maior escala de suas áreas adjacentes. Caso não haja uma legislação que controle o uso
do solo dessas áreas, essa avenida, que seria uma solução para o acesso, pode vir a se tornar
um novo problema.
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Da mesma forma, a estrutura do sistema viário e a densidade de ocupação permitida nas


diversas áreas da cidade é que vão favorecer ou não o sistema de transporte coletivo.

A hierarquização das vias deve ser compatível com o uso do solo adjacente, com suas
características físicas e com o volume e tipo de tráfego que delas se utilize. Essa
hierarquização define o papel que cada via vai desempenhar no sistema viário, possibilitando a
ordenação e separação dos diversos tipos de tráfego.

A função da via e, consequentemente, o volume e a composição do tráfego previsto, é que irão


definir tanto o espaço que deve ser reservado, quanto o tipo de tratamento a lhe ser dado.

INTERVENÇÃO DE CURTO PRAZO

A curto prazo, várias medidas podem ser tomadas visando minorar os problemas existentes,
tanto no que diz respeito ao tráfego em geral, quanto em relação à circulação. Elas visam,
principalmente, a maior fluidez do tráfego e a melhoria nas condições de segurança e de
acessibilidade, o que pode ser obtido através da regulamentação do uso das vias, ou seja:
estabelecimento do sentido de tráfego dentro de um plano geral de circulação, definição de
locais para estacionamento de veículos e para a operação de carga e descarga, reserva de
áreas para pedestres e de faixas para ciclistas e ônibus, definição de locais para terminais e
pontos de parada de ônibus e de táxis, estabelecimento de rotas para veículos de carga etc.

Estas medidas são concretizadas através da sinalização, que deve obedecer às normas ditadas
pelo Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN), podendo ser complementadas, caso
necessário, por modificações na geometria das vias (construção, modificação ou condições
locais, como intensidade e composição do tráfego, dimensão das vias, ambiente urbano, uso
do solo na área etc. Assim, por exemplo, em áreas onde há uma grande demanda por
estacionamento e espaço insuficiente, pode-se adotar a solução de estacionamentos rotativos;
em ruas com grande fluxo de pedestres, pode-se alargar os passeios ou até mesmo criar vias
exclusivas para eles; nas áreas congestionadas, pode-se restringir o estacionamento de
veículos, o que aumenta a capacidade da via; em outros casos, a simples regulamentação de
locais e horários para carga e descarga já possibilita que se atinja o objetivo desejado.

2.5 Elementos do Sistema Viário

As áreas urbanas se caracterizam pela concentração de construções e pessoas, desenvolvendo


atividades especializadas, que se complementam através de trocas na própria cidade com a
área rural e com outras cidades. Essas concentrações, desde a Antiguidade, se formam em
pontos do território que ofereçam facilidade de obtenção de água, alimentos, acesso e
segurança. Aí se localizam, pouco a pouco, as diferentes atividades: porto, armazéns, quartéis,
habitações, igreja etc.
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À medida que se desenvolvem tais funções, FOP


novas porções de terra passam a ser
utilizadas e interligadas às já ocupadas.
Crescendo a superfície de terra utilizada,
aumentam as distintas formas de usá-la, o
número de pessoas e as distâncias entre as
diversas localidades. Com isto, as relações
de troca se tornam mais complexas e há
necessidade de serem criadas certas
facilidades.
Paris

Os caminhos que ligam uma atividade a outra precisam ser regularizados, tratados de maneira
que não façam poeira e não deixem empoçadas águas das chuvas. Os dejetos das fábricas,
das cozinhas, dos sanitários precisam ser canalizados. Como aumentou o número de pessoas,
e também as distâncias entre elas, são necessários vários outros serviços de higiene,
segurança e comunicação à distância.

Pouco a pouco, vão surgindo canalizações, postes, fios aéreos e novos espaços para as novas
atividades, que se fazem necessárias. Nascem crianças e então é preciso construir escolas,
praças, mas também morrem pessoas e é preciso fazer um cemitério, ou mais de um, de
acordo com as crenças religiosas dos habitantes que preencha os requisitos de higiene, se
possível afastado das áreas de habitação. A esta altura, o comércio varejista já se destacou do
atacadista e, se a cidade for junto ao mar ou a um grande rio, a zona próxima ao cais do porto
se torna exclusiva das atividades portuárias. O comércio varejista passa a dominar certas ruas,
das quais, pouco a pouco, as habitações vão se retirando e formando zonas quase
homogêneas, que, por sua vez, atraem o comércio de novo.

Isto, na linguagem técnica, significa que na


cidade se formam setores com funções e
hierarquias muito diferenciadas, as quais
são articuladas pelo que se costuma
chamar a estrutura da cidade.

FOP

Lisboa
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A estrutura da cidade é formada, basicamente, por 4 elementos:

Ruas, praças, quarteirões e lotes.

As ruas que no seu conjunto recebem o nome de sistema viário constituem o


espaço onde se realiza a vida urbana. Através do sistema viário, fluem as relações
de troca e os serviços que mantêm a própria vida urbana.

Por maiores que sejam as variações,


basicamente todos os sistemas viários
se enquadram em dois tipos: grelha e
radial, ou na combinação de ambos.

A rua dá acesso ao uso do solo

A cidade se organiza em setores. Com


funções diferenciadas. Mas, em cada
setor, podem coexistir diversas
atividades que atendam a interesses
de pessoas variadas, as quais chegam
até lá partindo de pontos diversos da
cidade, usando diversos meios de FOP
transporte, através do sistema viário.

Porto

A rua liga diferentes setores da cidade

Além de dar acesso aos diversos tipos de uso do solo que se apresentam ao longo
de seu percurso, a rua também serve de passagem aos veículos que se destinam a
outras ruas.
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Este último tipo de tráfego, por não


ter relação direta com a rua em que
está circulando, constitui um
elemento que perturba o uso do solo
e seus acessos. Por sua vez, o acesso
ao uso do solo, com as constantes
entradas e saídas de veículos dos
prédios situados nos terrenos
FOP
lindeiros, mais o estacionamento
permanente e as paradas para deixar
Johannesburg
passageiros, perturba o tráfego de
passagem.

A rua tem atividades próprias

A circulação de pedestres e de veículos, vista até aqui com seus interesses


diversos, de acesso ao uso do solo lindeiro e de passagem, dá origem a vários
conflitos, como é fácil perceber. A primeira solução para reduzi-los é a mais
conhecida de todas e consiste em criar áreas de uso só de pessoas, chamadas
calçadas, ou passeios e áreas de uso predominante de veículos (e eventual de
pessoas), chamadas faixas ou pistas de rolamento ou caixas de rodagem. Embora
esta solução seja muito antiga e atenda também a outros objetivos, não dá conta
de todos os conflitos (há cidades em que os carros estacionam sobre os passeios!)
e de todas as atividades que a rua tem ou pode ter.

FOP

FOP

Durban Paris

Embora integrados – rua e terreno – a rua é um espaço público, onde se realiza o


direito de ir e vir – uma das principais conquistas da cidadania. Ao contrário, os
lotes pertencem a particulares, que fazem opções, escolhas e têm direito à
privacidade.
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Quem cuida dos problemas da cidade, como uso do solo, sistema viário etc., está
sempre empenhado em harmonizar estes dois direitos contraditórios dos cidadãos.

A rua como as casas têm mobiliário

Conforme os seus ambientes, as


casas têm pisos de madeira, ladrilhos,
ou são atapetadas, têm luminárias de
tipos diferentes, telefones, cadeiras,
bancos etc. As ruas também podem
ter tudo isso.
FOP

Paris

A rua como canal de serviços públicos

As ruas dão acesso a outros tipos de locais interessantes – lojas, armazéns,


farmácias, bancos, hospitais, escolas etc. – localizados em lotes de propriedade
particular ou do Estado.

A cidade oferece bens (alimentos, vestuário, equipamentos) e serviços (bancos,


correios, cartórios, sapateiros, barbeiros) que se localizam (por tipos, formas de
prestação de serviços etc) em certos setores urbanos – centros, bairros, ruas
principais.

As cidades também oferecem outros serviços que se deslocam e chegam


continuamente até residências ou locais de trabalho, por meio de tubulação ou
redes constituindo os serviços públicos de energia elétrica, água tratada,
esgotamento de águas e dejetos, rede telefônica e gás.

Sistema Viário Urbano

Cada rua se relaciona com as que lhe dão acesso e, por meio delas, com todas as
outras da mesma cidade, formando o que se chama o sistema viário urbano. Este
pode ser em grelha, radial ou uma combinação dos dois. As ruas do sistema viário
apresentam-se hierarquicamente diferenciadas e se classificam segundo sua
função, e de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, em vias de trânsito rápido,
arteriais, coletoras e locais.
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Marcos Referenciais

As ruas orientam os percursos dos


habitantes da cidade que nelas
identificam pontos de referência,
através de imagens que privilegiam –
edifícios, praças, cruzamentos – e
guardam a memória daquele meio
urbano.
FOP

Lisboa

Tudo o que foi visto tem o objetivo de identificar os elementos que fazem parte do
sistema viário urbano e suas inter relações.

A rua constitui um mundo, um universo, do qual fazem parte, tráfego de veículos,


circulação de pedestres, algumas atividades do dia a dia dos cidadãos, serviços
públicos e condições de topografia, solos e meio ambiente. Este universo está ainda
estreitamente relacionado com o uso do solo.

Qualquer intervenção no sistema viário – conserto de um defeito, pavimentação,


definição de traçado, instalação de serviços públicos e equipamentos, planejamento
de tráfego, transportes etc – não constitui um fato isolado, mas interfere, em maior
ou menor escala, em todo o universo da rua.

Um simples conserto de uma


tubulação subterrânea, se não levar
em consideração a hierarquia da via,
o uso do solo vizinho, os outros
serviços públicos etc. poderá, ainda
que por curto espaço de tempo,
causar transtornos sérios à economia
e à vida social urbana.

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