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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E URBANISMO

Avaliação do Desempenho Térmico de Três Tipologias de


Brise-Soleil Fixo

Grace Cristina Roel Gutierrez

Campinas
2004

i
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E URBANISMO

Avaliação do Desempenho Térmico de Três Tipologias de


Brise-Soleil Fixo

Grace Cristina Roel Gutierrez

Orientadora: Profª Drª Lucila Chebel Labaki

Dissertação de Mestrado apresentada à


Comissão de pós-graduação da Faculdade
de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo
da Universidade Estadual de Campinas,
como parte dos requisitos para obtenção do
título de Mestre em Engenharia Civil, na área
de concentração de Edificações.

Campinas, SP
2004
iii
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA
BIBLIOTECA DA ÁREA DE ENGENHARIA E ARQUITETURA - BAE - UNICAMP

Gutierrez, Grace Cristina Roel


G985a Avaliação do desempenho térmico de três tipologias
de Brise-Soleil fixo / Grace Cristina Roel Gutierrez.--
Campinas, SP: [s.n.], 2004.

Orientador: Lucila Chebel Labaki


Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual de
Campinas, Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e
Urbanismo.

1. Conforto térmico. 2. Arquitetura e radiação solar.


3. Calor – Radiação e absorção - Medição. 4. Calor solar
– Medição. I. Labaki, Lucila Chebel. II. Universidade
Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia Civil,
Arquitetura e Urbanismo. III. Título.

Titulo em Inglês: Thermal performance of three different fixed shading devices


Palavras-chave em Inglês: Shading devices, Sun-breaker, Thermal performance,
Sun control, Prototypes measurements
Área de concentração: Edificações
Titulação: Mestre em Engenharia Civil
Banca examinadora: Rosana Maria Caran de Assis, Leonardo Salazar
Bittencourt, Leandro Silva Medrano
Data da defesa: 03/12/2004

iv
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E URBANISMO

Avaliação do Desempenho Térmico de Três Tipologias de


Brise-Soleil Fixo

Grace Cristina Roel Gutierrez

Dissertação de Mestrado aprovada pela Banca Examinadora, constituída por:

Campinas, 03 de Dezembro de 2004

v
DEDICATÓRIA

Para Ricardo, com amor,


meu norte, meu sul, meu leste e oeste.
Para nossas meninas, Sabrina e Bruna.

vii
AGRADECIMENTOS

À Profª Drª Lucila Chebel Labaki, minha inspiradora, por sua orientação norteadora e
paciência. Por ter enxergado e aprimorado um potencial que desconhecia;
Ao Ricardo, meu esposo e maior incentivador, pelo seu apoio operacional e
experimental, e pela revisão do texto deste trabalho;
À Adriana, amiga e companheira de campo, pela sua colaboração em todo o processo
experimental;
À FAPESP, que financiou a aquisição de equipamentos e construção dos protótipos,
através do Auxílio à Pesquisa (Processo 99/11097);
À Lia e ao Mariano, grandes amigos, pelo auxílio na execução das janelas e brise-soleil;
Aos técnicos Obadias e Daniel do LACAM FEC, pelo trabalho árduo, apoio
experimental nos protótipos e monitoração dos dados;
À Profª Drª Rosana Caram, pelo apoio no planejamento dos protótipos da pesquisa;
Ao Prof. Dr. Carlos Tadeu dos Santos Dias do Departamento de Ciências Exatas da
ESALQ/USP, e ao sr. Geneville, pela colaboração no tratamento estatístico;
Ao sr. Mauro do Laboratório de Espectrofotometria da EESC USP, pelo seu auxílio nos
testes de espectrofotometria das amostras de cores do brise-soleil;
Ao amigo Ivan, pela sua colaboração no tratamento das imagens;
À Kika e Rubia, que participaram das discussões do grupo de pesquisa nos protótipos;
Ao Prof. Dr. Osny Pelegrino Ferreira, pela memória do grupo de pesquisa;
Ao Guto, que auxiliou no transporte das janelas dos protótipos;
E também as pessoas que de uma ou outra forma apoiaram o desenvolvimento desse
trabalho, Ilza, Maria, e Roberto Bocchio. OBRIGADO

ix
“Para o arquiteto é tão importante saber
projetar um brise tanto quanto um pilar”.
Louis Kahn
(apud Vianna & Gonçalves, 2001)

xi
SUMÁRIO

página
Lista de Figuras . . . . . . . xv
Lista de Tabelas . . . . . . . xix
Lista de Equações . . . . . . . xix
Lista de Quadros . . . . . . . xx
Resumo . . . . . . . xxi
Abstract xxiii
1. Introdução . . . . . . . 01
2. Objetivos . . . . . . . 05
3. Revisão bibliográfica . . . . . . . 07
3.1 Adequação ao clima . . . . . . 07
3.1.1 Adaptabilidade humana ao clima . . . . 07
3.1.2 Abrigo e arquitetura . . . . . 11
3.1.3 Adequação da arquitetura ao clima . . . 14
3.2 Brise-soleil . . . . . . . 19
3.2.1 A criação do brise-soleil . . . . . 21
3.2.2 O brise-soleil na arquitetura moderna brasileira . . 23
3.2.3 Características . . . . . . 39
3.2.4 Indicação . . . . . . . 42
3.2.5 Funcionalidade . . . . . . 45
3.2.6 Avaliação da eficiência do brise-soleil . . . 49
xiii
página
4. Materiais e métodos . . . . . . . 63
4.1 Caracterização da área de estudo . . . . 63
4.2 Descrição dos protótipos . . . . . . 67
4.3 Descrição do brise-soleil . . . . . . 74
4.4 Períodos, horários e intervalos das medições . . . 82
4.5 Equipamentos . . . . . . . 83
4.6 Coleta de dados . . . . . . . 90
5. Resultados e discussão . . . . . . 93
5.1 Temperatura interna . . . . . . 101
5.2 Temperaturas superficiais . . . . . 116
5.3 Análise estatística . . . . . . 128
5.4 Considerações finais . . . . . . 138
6. Conclusão . . . . . . . . 141
7. Referências bibliográficas . . . . . . 145
Anexos . . . . . . . . . 151
Anexo I – Radiação solar . . . . . . 153
Anexo II – Cálculo do painel equivalente . . . . 161
Anexo III – Tempo solar . . . . . . 169
Apêndice . . . . . . . . 173

xiv
Lista de Figuras

Capítulo 3. Revisão Bibliográfica página


3.1. Edifício da Associação Brasileira de Imprensa - ABI . . 24
3.2. Edifício da Obra do Berço . . . . . . 25
3.3. Pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova York . . 25
3.4. Detalhe do brise-soleil do Ministério da Educação e Saúde . 26
3.5. Edifício do Ministério da Educação e Saúde –MES . . 26
3.6. Estudo para projeto do brise-soleil horizontal móvel do MES . 28
3.7. Edifício Bristol . . . . . . . 29
3.8. Edifício Caledônia . . . . . . . 29
3.9. Conjunto Residencial do Pedregulho – Bloco A . . . 30
3.10. Conjunto Residencial do Pedregulho, acesso ao bloco A . . 30
3.11. Conjunto Residencial do Pedregulho – Bloco B . . . 31
3.12. Conjunto Residencial do Pedregulho, vista posterior do bloco B . 31
3.13. Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro . . . 31
3.14. Detalhe da fachada do edifício Sede do Instituto de Previdência do Estado da
Guanabara, RJ . . . . . . . 32
3.15. Edifício Sede do Instituto de Previdência do Estado da Guanabara, RJ 32
3.16. Detalhe do Edifício Seguradoras . . . . . 32
3.17. Edifício Clemente de Faria . . . . . 33
3.18. Edifício Instituto Vital Brazil, fachada posterior . . . 33
3.19. Casa de Heitor Almeida . . . . . . 34
3.20. Casa de João Paulo de Miranda Neto . . . . 34
3.21. Varanda da Casa de João Paulo de Miranda Neto . . . 34
3.22. Edifício Caramuru . . . . . . 35
3.23. Edifício Renata Sampaio Ferreira . . . . . 36
3.24. Detalhe da trama da fachada do Edifício Renata Sampaio Ferreira 36
3.25. Residência no Jardim Paulista . . . . . 36
3.26. Residência do arquiteto Oswaldo Bratke . . . . 37
3.27. Residência da rua Suécia . . . . . 37

xv
página
3.28. Edifício Copan . . . . . . . 38
3.29. Edifício Copan, detalhe do brise-soleil . . . . 38
3.30. Edifício Copan, vista da fachada principal . . . 38
3.31. Maquete do edifício Copan . . . . . 38
3.32. As tipologias de brise-soleil e máscaras de sombra. . . 39
3.33. Absorção, reflexão e transmissão da radiação solar incidente sobre as
superfícies. . . . . . . . 47
Capítulo 04. Materiais e Métodos
4.34. Mapa do Campus da UNICAMP . . . . . 64
4.35. Localização dos protótipos no terreno da FEC . . . 64
4.36. Diferença da radiação solar em função das condições de céu . 65
4.37. Carta Solar de Campinas . . . . . . 66
4.38. Vista geral dos seis protótipos no terreno da FEC . . . 67
4.39. Vista de dois protótipos . . . . . . 69
4.40. Vista dos protótipos finalizados . . . . . 69
4.41. Implantação, planta e cortes dos protótipos . . . 70
4.42. Fachadas dos protótipos . . . . . . 71
4.43. Face norte . . . . . . . 73
4.44. Face leste . . . . . . . 73
4.45. Face sul . . . . . . . . 73
4.46. Face Oeste . . . . . . . 73
4.47. As três tipologias de brise-soleil em ensaio. . . . 74
4.48. Máscaras de sombra para as três tipologias em estudo . . 75
4.49. Carta Solar de Campinas, e identificação do período de calor excessivo 75
4.50. Máscaras de sombra sobre carta solar de Campinas . . 76
4.51. O elemento vazado utilizado e suas dimensões . . . 77
4.52. Vistas externa e interna da janela com elemento vazado . . 77
4.53. Protótipos com brise-soleil vertical de madeira e concreto . . 78
4.54. Protótipos com brise-soleil horizontal . . . . 78
4.55. Gráfico de refletâncias das amostras de tons de cinzas. . . 79

xvi
página
4.56. Gráfico de refletância 50%, amostra selecionada . . . 80
4.57. Vista dos protótipos sem os dispositivos . . . . 80
4.58. Vista dos protótipos com dispositivos na fachada norte . . 80
4.59. Vista dos protótipos com dispositivos na fachada oeste . . 81
4.60. Área experimental com identificação dos protótipos . . 81
4.61. Vista dos protótipos . . . . . . 84
4.62. Estação meteorológica . . . . . . 84
4.63. Esquema da estação meteorológica Campbell Scientific . . 86
4.64. Sensores da estação meteorológica . . . . 87
4.65. Posicionamento dos sensores nos dispositivos de proteção . 89
4.66. Posicionamento dos sensores no ambiente interno . . 89
Capítulo 05. Resultados e Discussão
5.67. Gráfico de temperatura e umidade relativa para o período de 11 a 18/01 95
5.68. Gráfico de radiação solar para o período de 11 a 18/01 . . 95
5.69. Gráfico de temperatura e umidade relativa para os dias 09 e 10/02 96
5.70. Gráfico de radiação solar para os dias 09 e 10/02 . . . 96
5.71. Gráfico de temperatura e umidade relativa para o período de 20 a 25/03 97
5.72. Gráfico de radiação solar para o período de 20 a 25/03 . . 97
5.73. Gráfico de temperatura e umidade relativa para o período de 26/03 a 02/04
. . . . . . . . . 98
5.74. Gráfico de radiação solar para o período de 26/03 a 02/04 . . 98
5.75. Gráfico de temperatura e umidade relativa para o período de 26/06 a 01/07
. . . . . . . . . 99
5.76. Gráfico de radiação solar para o período de 26/06 a 01/07 . . 99
5.77. Gráfico de temperatura e umidade relativa para o período de 03 a 07/07 100
5.78. Gráfico de radiação solar para o período de 03 a 07/07 . . 100
5.79. Gráfico de temperatura do ar no período de 11 a 18/01 – fachada norte 102
5.80. Gráfico de temperatura do ar nos dias 09 e 10/02 – fachada oeste 102
5.81. Gráfico de temperatura do ar no período de 20 a 25/03 – fachada oeste 106

xvii
página
5.82. Gráfico de temperatura do ar no período de 26/03 a 02/04 – fachada norte
. . . . . . . . . 106
5.83. Gráfico de temperatura do ar no período de 26/06 a 01/07 – fachada oeste
. . . . . . . . 110
5.84. Gráfico de temperatura do ar no período de 03 a 07/07 – fachada norte 110
5.85. Gráficos de temperatura do ar, aberturas situadas na fachada norte (verão,
outono, inverno) . . . . . . . 113
5.86. Gráficos de temperatura do ar, aberturas situadas na fachada oeste (verão,
outono, inverno) . . . . . . . 115
5.87. Gráfico de temperaturas superficiais no período de 11 a 18/01 – fachada norte
. . . . . . . . . 118
5.88. Gráfico de temperaturas superficiais nos dias 09 e 10/02 – fachada oeste 118
5.89. Gráfico de temperaturas superficiais no período de 20 a 25/03 – fachada oeste
. . . . . . . . . 120
5.90. Gráfico de temperaturas superficiais no período de 26/03 a 02/04 – fachada
norte . . . . . . . 120
5.91. Gráfico de temperaturas superficiais no período de 26/06 a 01/07 – fachada
oeste . . . . . . . . 122
5.92. Gráfico temperaturas superficiais no período de 03 a 07/07 – fachada norte
. . . . . . . . . 122
5.93. Gráficos de temperaturas superficiais, aberturas situadas na fachada norte
(verão, outono, inverno) . . . . . . 125
5.94. Gráficos de temperaturas superficiais, aberturas situadas na fachada oeste
(verão, outono, inverno) . . . . . . 126

xviii
Lista de Tabelas

Capítulo 03. Revisão Bibliográfica página


3.1. Coeficiente de sombra para diferentes elementos de proteção solar. 52
Capítulo 04. Materiais e Métodos
4.2. Dados climáticos da região de Campinas . . . . 65
Capítulo 05. Resultados e Discussão
5.3. Dados de direção e velocidade dos ventos para o período de 11 a 18/01 95
5.4. Dados de direção e velocidade dos ventos para os dias 09 e 10/02 96
5.5. Dados de direção e velocidade dos ventos para o período de 20 a 25/03 97
5.6. Dados de direção e velocidade dos ventos para o período de 26/03 a 02/04 98
5.7. Dados de direção e velocidade dos ventos para o período de 26/06 a 01/07 99
5.8. Dados de direção e velocidade dos ventos para o período de 02 a 07/07 100

Lista de Equações

Capítulo 03. Revisão Bibliográfica página


3.1. Coeficiente de absorção, reflexão e transmissão. . . . 46
Capítulo 05. Resultados e Discussão
5.2. Modelo matemático do delineamento experimental da ANVA . 129

xix
Lista de Quadros

Capítulo 3. Revisão Bibliográfica página


3.1 Diferenças entre adaptação e ajuste . . . . 10
3.2 Comparação entre orientações indicadas para uso do brise-soleil . 42
3.3 Indicação de tipologia em relação à orientação da fachada . . 43
3.4 Necessidade de proteção solar, mês x orientação, em Londrina PR 44
Capítulo 5. Resultados e Discussão
5.5. Comparações simples e duplas . . . . . 131
5.6. Comparações triplas e quádruplas . . . . 131
5.7. Interação entre fatores para temperaturas internas . . 132
5.8. Interação entre fatores para temperaturas superficiais superiores ou esquerda
. . . . . . . . . 135
5.9. Interação entre fatores para temperaturas superficiais inferiores ou direita
. . . . . . . . . 136
5.10. Comparação entre os resultados da interação entre fatores para cada variável
analisada . . . . . . . . 137

xx
RESUMO

Esta pesquisa avalia o desempenho térmico do brise-soleil, em relação à


radiação solar incidente em ambientes com aberturas protegidas. Os dispositivos
testados foram selecionados considerando as tipologias e materiais utilizados em
edificações da arquitetura moderna brasileira entre os anos 1930 e 1960. O
desempenho térmico do brise-soleil é reconhecido em estudos de geometria de
insolação e simulação com software, porém são raras as avaliações experimentais sob
condições climáticas reais. A metodologia utilizada é baseada em pesquisas de
desempenho térmico de elementos e componentes construtivos realizadas em
protótipos. Através de um sistema de aquisição de dados são verificadas: variáveis
ambientais (temperatura do ar, umidade relativa, radiação solar, pluviosidade, direção e
velocidade dos ventos), e variáveis medidas nos protótipos (temperaturas do ar e
superficiais). Os ensaios de campo foram realizados em protótipos localizados em
Campinas, SP. Foram testados brise-soleil horizontal e vertical em madeira e concreto,
e elemento vazado (concreto), fixos, expostos nas fachadas norte ou oeste, durante
uma semana em cada orientação, nos períodos próximos aos equinócios e solstícios de
verão e inverno. Nos ensaios realizados, os resultados mostraram a redução pontual de
até 4,14ºC na temperatura interna, sendo o melhor desempenho térmico o da tipologia
combinada. O brise-soleil vertical fixo perpendicular à fachada apresentou os piores
resultados na fachada oeste, contrariando indicações usuais da literatura arquitetônica.

Palavras Chave: brise-soleil, proteção solar, desempenho térmico, avaliação em protótipos.

xxi
ABSTRACT

In this work the thermal performance of shading devices regarding solar radiation
in indoor spaces with protected openings is analyzed. The typology and materials of
shading devices were selected considering the elements used in Brazilian modern
architecture buildings between the 1930 and 1960 decades. Most studies about shading
devices are based on geometric drawings and software simulation analyzing the
efficiency of provided protection during specific periods, however there are few
experimental works performed under real climate conditions. In this investigation, three
different devices were evaluated in the most problematic conditions of exposure, by
acquiring measurable data of external parameters (air temperature, relative humidity,
solar radiation, rain, wind speed and direction) and internal parameters (air temperature
and surface temperatures) to verify their efficiency. These experiments were conducted
at School of Civil Engineering, Architecture and Urban Design of State University of
Campinas (UNICAMP) in the State of São Paulo, Brazil. The investigated devices were
horizontal and vertical sun-breakers of concrete and wood, and concrete eggcrate sun-
breaker, fixed, on north and west exposures, for a week in each façade, in equinox and
summer and winter solstices periods. In these tests, the eggcrate typology showed the
best thermal performance, with a punctual reduction of up to 4,14ºC on internal air
temperature. The vertical fixed devices registered the worst results on west façade, in
contrast with current Brazilian architectural literature recommendation.

Keywords: shading devices, thermal performance, sun control, prototypes measurements.

xxiii
1. INTRODUÇÃO

A edificação, o abrigo, possui função de proteção às intempéries, às variações


do clima. Diferentes estilos, técnicas construtivas e programas arquitetônicos
respondem mais ou menos satisfatoriamente à necessidade de proteção utilizando
técnicas, materiais e elementos construtivos disponíveis em cada época, criando
espaços adequados às necessidades humanas.

No Brasil, a influência da radiação solar sobre as edificações é crítica devido à


faixa de latitudes do país (entre 5º N e 34ºS1) e ao clima, na sua maioria, caracterizado
pela grande insolação, alta umidade relativa e predominância do período quente. Para
assegurar o conforto térmico dos usuários de uma edificação faz-se necessário o
controle do ganho de calor solar.

O brise-soleil ou quebra-sol2 é um dispositivo de proteção solar, constituído por


uma ou mais lâminas, geralmente paralelas, externas à edificação. É um elemento
construtivo que permite minimizar o aporte de calor solar pela envoltória da edificação,
principalmente nas aberturas e superfícies transparentes ou translúcidas. A importância

1
O limite da fronteira norte do Brasil é o Monte Roraima - RO (± 5º N), sendo Oiapoque - AP (3º 54’ N) a cidade mais a norte do
país. A cidade de Chuí - RS (33º 40’ S) localiza-se na fronteira sul.
2
Brise-soleil, quebra-sol, sun-breakers, parasol, quebra-luz, corta-luz, external shading devices, são algumas das denominações
dadas a esse elemento construtivo. Segundo Corona e Lemos (1972), a expressão brise-soleil é um “termo de aplicação constante
na linguagem comum da arquitetura contemporânea brasileira, que provêm do francês ´brise-soleil´, cuja tradução literal ´quebra-
sol´, apesar de designar a mesma coisa, não atingiu a popularidade do vocábulo ´brise´, que por isso mesmo, deverá fazer parte
de nossa língua como aquisição definitiva.”

1
desse dispositivo passivo reside na redução da incidência da radiação solar direta na
edificação em função do sombreamento proporcionado. O bom desempenho térmico do
brise-soleil é reconhecido em várias pesquisas desenvolvidas através de estudos de
geometria de insolação e simulação com software; entretanto são raras as avaliações
baseadas na aquisição de dados experimentais através de protótipos para medições
em campo sob condições climáticas reais, para comprovação de sua eficiência.

O brise-soleil, criado por Le Corbusier por volta de 1920, foi adotado,


desenvolvido e amplamente utilizado pela arquitetura moderna brasileira em resposta à
necessidade de proteção à radiação solar excessiva, visando o controle do calor e luz.
Além dessa função, esse elemento possui uma expressão formal marcante, e adquire
grande importância caracterizando as obras realizadas entre os anos de 1930 e 1960.

A disseminação de seu uso expõe o desconhecimento e a falta de domínio das


ferramentas de projeto para a correta orientação, especificação de tipologia e
dimensionamento. Sem conhecimento técnico, a expressão arquitetônica resultante do
uso deste elemento acabou por configurar um modismo ou ornamento, passando a ser
criticado pelo próprio movimento moderno. Outro fator que contribuiu para a redução de
sua utilização e de outras soluções de condicionamento passivo foi o desenvolvimento
e acessibilidade aos equipamentos de condicionamento artificial, principalmente do ar
condicionado, resultando em edificações encerradas e isoladas do meio ambiente.
Porém, o alto consumo energético e questões relativas à psicologia ambiental
proporcionaram discussões, reavaliando o uso generalizado desses sistemas,
procurando valorizar o condicionamento natural e soluções que contemplem o
desenvolvimento de tecnologias e energias alternativas. A integração de ambos -
condicionamento natural e artificial, é indicada, sendo os sistemas artificiais uma
complementação ao natural, exceto em atividades específicas que exijam um controle
ambiental bastante rígido.

Embora a utilização do brise-soleil seja recomendada, proporcionando conforto


ao usuário e benefícios econômicos, observa-se que a conscientização da importância
desse elemento de condicionamento passivo é mínima, bem como da divulgação de
2
seu uso e propriedades térmicas. Propõe-se o resgate desse elemento construtivo com
ênfase na função de proteção solar, avaliando sua eficiência, projeto e indicação, e
também valorização de sua expressão plástica. Dessa forma, este estudo avalia o
comportamento térmico do brise-soleil em relação à radiação solar incidente, em
protótipos sob condições climáticas reais.

Os capítulos que compõem este trabalho estão estruturados da seguinte forma:


na revisão bibliográfica, parte-se da adequação climática e sua relação com o abrigo,
comentando brevemente uma das “funções essenciais da arquitetura” (CORONA &
LEMOS, 1972). Apresenta uma abordagem histórica (arquitetura moderna) sobre a
criação desse elemento construtivo: o brise-soleil, desenvolvido em resposta às
condições climáticas e que se tornou uma característica marcante na expressão formal
das edificações. Segundo Bruand (2002) sua utilização no Brasil confere identidade à
arquitetura moderna nacional.

Destacada sua importância na arquitetura brasileira, o brise-soleil é abordado


nas suas especificidades: a identificação dos dispositivos de proteção solar - definição,
função e tipologia; e avaliação de desempenho da relação aplicação/eficiência,
baseada na geometria de insolação e “método gráfico”, na simulação com uso de
softwares, e pesquisas de campo sobre desempenho térmico.

Em materiais e métodos, é apresentada a parte experimental dessa pesquisa.


Caracterizada a área de estudo e clima local, descreve-se os protótipos e as tipologias
de brise-soleil em ensaio. Os equipamentos utilizados são apresentados e definidos
períodos de medição e parâmetros ambientais monitorados. A medição em campo
testando diferentes tipologias de brise-soleil foi realizada no terreno da Faculdade de
Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da UNICAMP, em Campinas, SP.

Nos resultados e discussão, são mostrados e discutidos os resultados dos


dados coletados, gráficos e seu tratamento estatístico. As conclusões dessa pesquisa
são apresentadas no último capítulo.

3
2. OBJETIVOS

Objetivo geral

O objetivo deste trabalho é avaliar o desempenho térmico, em relação à


radiação solar incidente, de protótipos com superfícies verticais transparentes
protegidas por brise-soleil, típicos da arquitetura moderna brasileira.

Objetivos específicos

Coleta de dados experimentais em protótipos com três diferentes tipologias de


dispositivos de proteção e duas orientações, em condições climáticas reais.

Análise dos dados experimentais obtidos com o uso desses elementos nas
fachadas mais críticas, norte e oeste, em relação à incidência da radiação solar direta.

Avaliação quantitativa da eficiência do brise-soleil, para cada tipologia,


comparando os dispositivos em estudo com o protótipo referência e seu comportamento
frente ao clima.

Comparação dos resultados de ensaios de campo com estudos de geometria


de insolação, analisando as indicações de uso correntes, como tipologia e orientação,
com a resposta térmica obtida.

5
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Para compreender a importância do brise-soleil, pesquisou-se sobre a evolução


dos dispositivos de proteção solar, sendo conveniente ressaltar a função primordial
deste elemento: a proteção da incidência direta da radiação solar. Essa função está
ligada à necessidade de proteção do homem frente às intempéries e ao abrigo – uma
das “funções essenciais da arquitetura3”.

3.1 Adequação ao clima

3.1.1. A adaptabilidade humana ao clima

A adaptabilidade humana ao clima é inerente aos seres vivos, pois “os


organismos, humanos ou não, respondem a características estruturais e funcionais do
seu ambiente” (MORAN, 1994). A resposta humana frente às condições do meio
ambiente, porém, é extremamente flexível, uma vez que o homem atua sobre o
ambiente. Para Rivero (1986) “os seres vivos têm três exigências fundamentais para
que o seu desenvolvimento seja normal: disponibilidade de alimentos, segurança diante

3
CORONA e LEMOS, 1972.

7
da possível agressão de outros indivíduos e adequação das propriedades físicas e
químicas do meio envolvente com a sua constituição orgânica”.

Estudos na área de sociologia procuram explicar a relação do homem com o


meio ambiente sob os mais diversos enfoques. Segundo Moran (1994), do período
greco-romano até 1950 três teorias explicam a interação dos indivíduos com a
natureza. A mais antiga foi o determinismo ambiental greco-romano, para o qual o
homem está sujeito ao efeito determinante da natureza cuja influência se dá por meio
da ação do clima, enfatizando a natureza. Gerbi (1996) apud Segawa (2001) comenta
que “na antigüidade, o nexo entre clima e gênio era lugar comum”, e que Hipócrates
estabelecia uma relação entre as alterações do clima e a fisiologia humana. Um
exemplo dessa teoria é a associação ao clima quente como causador de uma
população preguiçosa, dentre outras visões típicas dessa corrente. Filósofos como
David Hume, Voltaire e Montesquieu são expoentes dessa visão determinista
geográfico-climática.

De acordo com o Moran (1994), duas outras teorias surgiram em períodos


bastante próximos, no século XIX e XX: o possibilismo e o evolucionismo.

No possibilismo, o meio ambiente tem um limite, um fator de restrição para a


ação humana. Segundo Segawa (2001), no século XIX a relação homem/clima perde o
caráter incondicional do determinismo, apresentando uma visão possibilista onde “se
vislumbrava uma interação menos absoluta e submissa entre o ambiente e os
humanos”. Assim, com o processo de urbanização e o desenvolvimento da medicina
científica, o enfoque se volta à questão da salubridade.

A versão adaptativa/evolutiva ou evolucionismo considera a adaptação dos


seres vivos ao meio ambiente, sendo seu maior expoente a teoria de Darwin.

Teorias antropológicas mais recentes acrescentam outros fatores na explicação


da relação homem/natureza, focados na ação humana sobre o meio ambiente, e no
desenvolvimento de técnicas e tecnologias. Esta pesquisa não tem o objetivo de

8
abordar outras teorias antropológicas, pois envolve questões relativas à religião,
processo de trabalho, entre outros aspectos.

Para Moran (1994), “o corpo humano é capaz de adaptar-se por meios


genéticos, fisiológicos, comportamentais e culturais”. Dessa forma, a adaptabilidade
humana envolve vários mecanismos de adaptação e ajustes. O autor trata a adaptação
basicamente como genética ou evolutiva e as respostas socioculturais e fisiológicas
como ajustes, procurando fazer uma distinção entre esses mecanismos. Estas
respostas de ajustes - socioculturais e fisiológicas, “(...) proporcionam um mecanismo
mais rápido para aumentar as chances de sobrevivência do que as mudanças
genéticas, que se acumulam ao longo de várias gerações”. Assim, “as respostas
reguladoras ocorrem de forma rápida e refletem a flexibilidade fisiológica e
comportamental de um organismo. Quase todo comportamento é uma forma de
resposta reguladora que serve para manter uma relação estável com o meio
ambiente ou que permite um ajuste a mudanças ocorridas no mesmo. As estratégias
culturais de vestuário e abrigo estão entre os mecanismos reguladores mais comuns
que aumentam as possibilidades humanas de sobreviver e viver com relativo bem-
estar em ambientes variados. As respostas de aclimação4 levam mais tempo para
entrar em operação, pois exigem uma mudança na estrutura do organismo. Para que
ocorram, é preciso que haja um estímulo externo por um período de tempo
suficiente. São geralmente reversíveis quando cessa a situação que produziu a
alteração orgânica. Por exemplo, o desenvolvimento muscular em virtude de
exercícios físicos freqüentes e vigorosos reverte-se quando o indivíduo passa a levar
uma vida mais sedentária” (MORAN, 1994).

Dessa forma, a relação homem/clima será tratada como um ajuste, pois o termo
adaptação refere-se a uma população, sendo um processo lento com alterações
genéticas, envolvendo a seleção natural, e restrita ao habitat (quadro 3.1), condições

4
Segundo o dicionário Aurélio, os termos aclimação e aclimatação são sinônimos. Holanda (1999) define “aclimação: [de aclimar +
ação] sf. 1. Ato ou efeito de aclimar. 2. biol. Faculdade que tem um ser vivo de, à custa de algumas modificações, viver e reproduzir-
se em novo meio, diferente do habitual. 3. p. ext. Adaptação, ajustamento”. E “aclimar: [de a+ clima +ar] vtd.1. Habituar a um clima.
2. Habituar, acostumar, afazer, adaptar.(...)”. E define também: “adaptação: [de adaptar + ação] sf. 1. Ação ou efeito de adaptar-se.
2. biol. Ajustamento de um organismo, particularmente do homem, às condições do meio ambiente. (...)”; e “ajustar: [de a + justo +
ar] vtd. 1. Tornar justo, exato, unir bem, igualar. 2. Convencionar, combinar, estipular. 3. Adaptar, acomodar, harmonizar. (...)”.

9
que só tem possibilidade de ocorrer quando uma determinada população encontra-se
isolada geograficamente, sem contato com quaisquer outros grupos humanos.
Analisando a ação do homem sobre o meio ambiente, seus avanços tecnológicos,
aprimoramentos da medicina, condicionamento artificial, biotecnologia e outros; bem
como os resíduos provenientes da ação humana, vários pesquisadores argumentam
que o processo de seleção natural tornou-se inválido para o ser humano ou discutem-
no com sérias restrições.

Mecanismo Nível Tempo Classificação Características Tipo Flexibilidade Vantagem Limitação


Adaptação População lenta Genética ou Alterações nas - Irreversível reprodutiva, restrita ao
evolutiva freqüências dos genes seleção natural habitat
Ajustes Indivíduo rápida Fisiológicas Mudanças na Desenvolvi- Irreversível ajuste vitalício, ocorre na
estrutura orgânica ou mento característico de infância e
em seu um determinado juventude
funcionamento ambiente
Aclimação Reversível é uma ocorre
adequação após a
temporária a um fase de
determinado local desenvolvi
-mento
Socioculturais Abrigo, vestimenta, e Reguladores Reversível são mais rápidas depende
várias formas de e mais comuns, da ação
organização social comportamentais, do homem
dependem sobre o
menos do meio
organismo físico ambiente
refletindo sua
flexibilidade
fisiológica
Quadro 3.1 Diferenças entre adaptação e ajuste (quadro desenvolvido pela autora, baseado em texto de MORAN, 1994).

Segundo Rivero (1986), “cada ser vivo tem poderes de adaptação que lhe
permitem sobreviver quando alguma daquelas variáveis se modifica; mas sempre é
possível estabelecer limites ótimos dentro dos quais cada espécie se desenvolve em
sua plenitude”. Assim, foram pesquisados índices de conforto para o ser humano
identificando “valores ótimos de temperatura, pressão, umidade, luminosidade, nível
sonoro, conteúdo de oxigênio e anidro de carbono requeridos pelo seu organismo.
Estes parâmetros dependem da aclimação do indivíduo, da sua idade e sexo, mas
sempre chegaremos a valores extremos válidos para toda a espécie”. Os trabalhos de
maior destaque na área de fisiologia humana e conforto térmico foram os desenvolvidos
por Fanger (1972), e Humphreys (1976).

O homem é o único ser que age sobre o meio ambiente, e Lemos (1999), ao
comentar o trabalho de Eunice Durham coloca que “... o homem foi o único animal que
10
organizou ‘sua conduta coletiva através de sistemas simbólicos’, propiciando ‘uma
forma específica de adaptação e utilização do ambiente’, com o envolvimento da
produção de conhecimentos, de técnicas ou comportamentos padronizados”. E
acrescenta “... nesse sentido, todo o comportamento humano é artificial e não natural’’.
O homem, assim, construiu ‘um ambiente no qual vive e o qual está continuamente
transformando. A cultura é, propriamente, esse movimento de criação, transmissão e
reformulação desse ambiente artificial”.

Rivero (1986) descreve que “a vestimenta é a primeira tentativa de criar ao seu


redor um meio adequado. (...) lhe permite movimentar-se por outros ecossistemas mais
hostis, (...), ampliando assim a dimensão do meio habitável”. Porém, “a vestimenta não
é uma solução satisfatória para realizar a maioria das funções humanas. Aparece então
a envolvente que amplia o espaço acondicionado...”, sendo “a última etapa desta
evolução a cidade”. E conclui, “um projeto adequado, como veremos, permitiria
melhorar sensivelmente suas condições de habitabilidade”.

3.1.2. Abrigo e arquitetura

A adequação ao clima sempre foi um fator determinante para a implantação de


grupos humanos e domínio de território, e das tipologias construtivas desenvolvidas. A
fixação de grupos humanos num local ou num determinado território gerou a
necessidade da construção e abrigos que atendessem essas exigências de proteção ao
clima. A permanência desses grupos nesses locais por gerações proporcionou um
conhecimento do clima, do solo e da vegetação, que foram continuamente incorporados
na cultura construtiva, limitada a condicionantes climáticas, materiais disponíveis e
técnicas construtivas usuais. A proteção ao clima assegurada pelo abrigo está
relacionada à abordagem relativa aos ajustes, principalmente as respostas
socioculturais, sendo imperativo à sobrevivência da espécie.

11
É interessante definir o conceito de abrigo. Em dicionários da língua
portuguesa, como Houaiss & Villar (2001) e Holanda (1999), o sentido do abrigo é
aquecer ao sol, abrigar-se do frio, e especificamente algo ou local que oferece proteção
contra os rigores do tempo – sol, chuva, vento, e neve. Já em dicionários específicos de
arquitetura encontra-se:

“Abrigo – Qualquer espaço coberto. O termo é particularmente aplicado quando


referido à construção situada em espaço aberto, com ou sem paredes de
vedação, destinada a proteger as pessoas das intempéries...” (CHING, 2000).

“Abrigo – lugar onde o homem pode ficar e que constitua um meio de proteção
contra a intempérie, chuva, vento, frio ou calor excessivo e a neve. Toda e
qualquer construção concebida com a intenção de vencer um espaço para uso
do homem, uma das funções essenciais da arquitetura. Segundo André
Wogenscky: ‘graças a ele (o abrigo) o homem pode viver em climas que de outra
maneira não poderiam ser suportados, em regiões que lhe seriam interditadas,
tirando dele o melhor proveito’. Habitação”. (CORONA & LEMOS, 1972)

Assim, a função do abrigo é oferecer proteção ao clima e principalmente que o


abrigo é uma das funções essenciais da arquitetura. Entretanto, quando se define
arquitetura, o sentido do abrigo praticamente desaparece.

Para Houaiss & Villar (2001):

“Arquitetura – (do latim architectura). s.f. 1.ARQ arte e técnica de organizar


espaços e criar ambientes para abrigar os diversos tipos de atividades humanas,
visando também a determinada intenção plástica. 2. ARQ conjunto das obras
arquitetônicas executadas em determinado contexto histórico, social ou
geográfico. 3. ARQ maneira pela qual são dispostas as partes ou elementos de
um edifício ou de uma cidade. 4. ARQ conjunto de princípios, normas, materiais e
técnicas usadas para criar o espaço arquitetônico. 5. p. ext. conjunto de princípio
e regras que são a base de uma Instituição. 6. p. ext. conjunto de elementos que
perfazem um todo, estrutura, natureza, organização. (...)”

12
E Holanda (1999):

“Arquitetura – (do latim architectura). s.f. 1. Arte de criar espaços organizados e


animados por meio do agenciamento urbano e da edificação, para abrigar os
diferentes tipos de atividades humanas. 2. O conjunto das obras de arquiteturas
realizadas em cada país ou continente, cada civilização, cada época, etc. 3.
Disposição das partes ou elementos de um edifício ou espaço urbano. 4. Os
princípios, as normas e técnicas utilizadas para criar o espaço arquitetônico. (...)”.

Mesmo Corona & Lemos (1972), que no verbete do abrigo indicavam a função
de proteção às intempéries, quando definem arquitetura restringe sua abordagem a
“determinado meio”.

“Arquitetura – pela conceituação mais remota é a arte de compor e construir


toda a sorte de edifícios, segundo as regras e proporções convenientes (...).
Lúcio Costa, (...) diz: ‘ arquitetura é construção concebida com a intenção de
ordenar plasticamente o espaço, em função de uma determinada época, de um
determinado meio, de uma determinada técnica e de um determinado programa’.
É a arte que deve ser concebida e realizada no sentido de criar um espaço ao
mesmo tempo humano – pelo homem que o necessita e não vive só, mas em
aglomerados, social – pela realidade que preside o aparecimento da obra
arquitetônica, que além do mais deve ser bela”.

Somente Rivero (1986) define “... uma das funções da arquitetura é a de criar
espaços, tanto interiores como exteriores, ajustados a normas de habitabilidade física,
química e de segurança, determinadas pelas necessidades dos indivíduos que os
ocupam”, além disso, “...o projeto terá que resolver múltiplos aspectos funcionais e
estéticos dentro de complexas solicitações sócio-econômicas, culturais e
tecnológicas.(...), para ter uma moradia que lhes proporcione abrigo, segurança e
intimidade”.

13
Na etimologia da palavra arquitetura, Houaiss & Villar (2001) indicam sua
origem latina architecturae – que significa “a arte de edificar”, na composição do latim
architecturae, de arqu(e/i) e tectum, onde:

tectum - cobrir, recobrir, ocultar, esconder, encobrir, proteger, abrigar,


resguardar, telhado.

arqu(e/i) – diz respeito à arquitetura ou aos arquitetos. 2. com fecundidade


moderna, serve como verdadeiro morfema prefixal hiperbolizante ou
superlativizante.

Assim, o termo arquitetura também pode ser entendido como “melhor abrigo”.

3.1.3. Adequação da arquitetura ao clima

A adequação das edificações ao clima é uma condicionante de projeto. A


produção do abrigo, do espaço construído pelo homem, juntamente com parâmetros de
organização sócio cultural, tem o objetivo de atender as necessidades humanas. Dessa
maneira, o programa de necessidades, os materiais e técnicas construtivas, o clima, e a
intenção plástica; formam um conjunto de elementos condicionantes ou determinantes
do partido arquitetônico.

Desse conjunto de elementos observa-se que o programa de necessidades, a


intenção plástica e a técnica construtiva, em função da evolução sócio/cultural e
técnico/econômicas da população sofrem variações, entretanto a única condicionante
que se mantêm constante na história é o clima. É claro que existem variações
climáticas sazonais, e outras variações oriundas de fenômenos naturais ou decorrentes
do processo de urbanização, porém dentro do panorama histórico essas mudanças
podem ser consideradas mínimas frente aos outros três aspectos apresentados.

14
Na Antigüidade, o conhecimento sobre o clima pressupunha a permanência de
uma população numa determinada área territorial, por sucessivas gerações. Isso se
reflete nas construções produzidas visando a uma melhor adequação climática.
Juntamente com a técnica construtiva decorrente principalmente da disponibilidade de
materiais, e do programa de necessidades dessa comunidade, surge uma determinada
tipologia construtiva, somada a questões de identidade e cultura, denominada
vernacular.5

Lemos (1999) define que “na arquitetura vernacular, as técnicas construtivas e


os programas se desenvolveram juntos – o ‘saber-fazer’ aperfeiçoou-se a partir do
domínio dos recursos do ambiente e sempre atendendo às solicitações da sociedade,
que esperava da habitação algo além de mero abrigo contra as intempéries ou à ação
das feras ou inimigos”.

Para Behling (1996), “a exploração humana de novos territórios e zonas


climáticas fizeram necessário o desenvolvimento tecnológico de forma a assegurar ao
homem sobrevivência e conforto”. Segawa (2001) comenta que “a colonização foi um
vetor de investigação climática e a aclimação como processo para aliviar a inserção
humana em latitudes diferentes da origem européia do agente colonizador”.

Entretanto, verifica-se que embora houvesse uma preocupação com relação à


adequação climática, as edificações coloniais tinham o caráter de reproduzir a cultura
construtiva do colonizador, limitada ao uso de materiais e técnicas disponíveis no novo
território.

No Brasil, a espessura das paredes de taipa se deve mais à técnica construtiva


do colonizador ibérico e a limitação dos recursos materiais disponíveis, do que a
preocupação em proporcionar uma temperatura interna mais amena ou proteção à
insolação excessiva dos trópicos. A presença de treliças, gelosias e muxarabis está
mais relacionada à questão cultural de resguardo da mulher e da família, do que a uma

5
“Arquitetura vernacular – aquela que utiliza os materiais disponíveis em um determinado local ou região e/ou técnicas de
construção tradicionais de uma cultura”. (HOLANDA, 1999)

15
forma de controle ambiental. Embora seja reconhecido que os elementos citados
oferecessem uma boa resposta ao clima local, observa-se a existência de alcovas sem
aberturas que garantissem insolação e ventilação.

Já no século XIX, com a disponibilidade de recursos econômicos gerados pela


cana e pelo café, e disponibilidade de mão de obra qualificada dos imigrantes, o
panorama construtivo se altera. A economia permite a importação de novos materiais
construtivos e o imigrante trouxe consigo novas técnicas construtivas. Observa-se a
substituição das casas de taipa por edifícios de tijolo, ferro e vidro. Um novo programa
de necessidades, uma nova concepção arquitetônica.

Outro aspecto é o crescente processo de urbanização promovida pela punjança


econômica do café, o início de uma produção industrial nas cidades e o crescimento da
população com disponibilidade de mão de obra. É justamente nesse período que
ocorrem as primeiras reformas urbanas no país, a partir dos trabalhos dos engenheiros
sanitaristas e códigos sanitários, revelando uma preocupação com as questões
relativas à higiene e salubridade das habitações. Percebe-se que a procura pela
salubridade das edificações em conjunto com uma nova técnica construtiva, possibilita
a adoção de recuos laterais nos lotes urbanos, o uso de porões, do pé direito elevado,
de aberturas maiores e um número maior de janelas, para insolação e ventilação
visando garantir condições higiênicas às habitações. Inicialmente, os engenheiros
sanitaristas buscavam assegurar um mínimo de horas de insolação. Entretanto, as
regras e códigos sanitários se baseavam em trabalhos desenvolvidos em países
europeus, de clima temperado, para os quais as necessidades de insolação e
ventilação são bastante distintas dos trópicos.

Embora tenha contribuído para o desenvolvimento da salubridade, e condições


de insolação e ventilação, o ecletismo é visto pelos modernistas com antipatia, pois era
considerada uma arquitetura elitista, fútil, e decorativa, promovida pela riqueza
proporcionada pelo café, baseada na importação de variados estilos arquitetônicos, de
mão de obra, materiais e técnicas construtivas alheias às tradições construtivas,

16
desprezando as características locais como o clima, e que valorizavam os
estrangeirismo em detrimento à cultura nacional.

Segawa (2001) comenta que em meados do século XX já existe um grupo de


profissionais que busca proteger as aberturas contra a insolação excessiva. Aqui se
inserem as pesquisas de Paulo Sá, um dos pioneiros a desenvolver estudos de
insolação para as edificações. Eduardo Kneese de Melo preocupava-se com o sol
excessivo e procurava elementos para proteger o interior das edificações, como uma
orientação adequada, o posicionamento e área das janelas.

Lúcio Costa, ao procurar embasar e consolidar o movimento moderno no Brasil,


resgata na cultura construtiva popular brasileira o “saber fazer”, as condicionantes
climáticas e os materiais disponíveis como uma identidade nacional para o modernismo.
A necessidade do rompimento com o ecletismo, que se apropriava de técnicas e
importação de materiais europeus, independentes da realidade brasileira, reforçou a
busca pelas “raízes” da cultura construtiva brasileira. Já para Lemos (1999), as raízes, a
arquitetura vernácula brasileira ou as origens de nossa cultura construtiva e de
adaptação ao meio ambiente remontam ao período pré-colonial, das origens indígenas
do território brasileiro6.

Ao identificar-se com a época colonial, Costa ressalta muitos aspectos da


relação do saber-fazer do mestre de obras e tenta adaptá-las as condições tecnológicas
e dos novos materiais disponíveis em meados do século XX. O modernismo traz

6
Lemos (1999) não concorda com a visão dos arquitetos do início do modernismo no Brasil, principalmente Lúcio Costa, ao propor
uma identidade nacional como contraponto ao ecletismo que importava desde materiais, técnicas e mão de obra. Procura valorizar
a origem da arquitetura nacional, vernácula, buscando no período do Brasil colônia as suas raízes, apresentando a arquitetura
bandeirista como exemplo. Porém para Lemos, é na arquitetura indígena que temos toda a expressão do saber fazer, das
condições locais (relevo, vegetação, hidrografia), dos materiais e técnicas, e principalmente do clima.
Para o autor, a arquitetura vernacular brasileira é a indígena. E comenta “...é a relação espaço-atividade doméstica, onde a técnica,
manipulando os recursos da natureza envoltória, satisfaz às exigências de todo um complexo cultural que rege a vida cotidiana.
Essa é a arquitetura dita vernácula, porque mantém aquela relação entre a construção e o modo típico de usufruí-la, sempre alheia
a influências de culturas externas”. Descreve, “a morada indígena é conseguida através de madeiras roliças fincadas no chão e
vergadas superiormente, definindo um espaço abobadado de planta onde predomina a linha curva. Toda a estrutura é recoberta de
palha, para o isolamento térmico, prevendo-se pequenas aberturas de entrada e sistemas superiores de ventilação. É a oca escura,
mas fresca e a salvo dos mosquitos, sendo, afinal, a solução milenar que o homem definiu ao participar do ecossistema tropical das
terras pela primeira vez descritas por Pero Vaz de Caminha”. Pois, “a evolução das habitações atenderam à imposições de ordem
cultural...”, da transposição da cultura construtiva ibérica e influências sofridas, que apesar de se inserirem numa sociedade
altamente miscigenada como a que havia em São Paulo (portugueses, espanhóis, e numerosos índios e mamelucos), a presença
da cultura indígena não se apresenta nem no programa, na técnica, ou na intenção plástica adotadas, somente a percebemos
claramente na língua, nos equipamentos e na culinária.

17
consigo a ciência e a racionalidade ao processo de projeto. A arquitetura moderna não
é um estilo, mas uma forma de viver.

O emprego de novos materiais e tecnologias construtivas, como o vidro, o


concreto e o aço, pela arquitetura moderna transformou a linguagem de composição, de
arranjo espacial e estruturação da edificação. Le Corbusier revoluciona a relação
espacial da arquitetura propondo a utilização dos cinco princípios: o uso de pilotis, a
planta livre, o terraço jardim, a estrutura independente e fachada de vidro.

Maragno (2000) comenta que “a redução dimensional dos elementos portantes


e sua separação dos elementos de vedação permitiram a utilização do vidro em
superfícies cada vez maiores até chegar às fachadas totalmente envidraçadas”,
proporcionando transparência e integração visual.

Entretanto, Givoni (1981) afirma que a ampla utilização da pele de vidro nas
fachadas das edificações na arquitetura moderna alterou a relação entre o ambiente
interno e o clima, enfatizando o problema do superaquecimento proporcionado por esse
material construtivo.

Segundo Bruand (2002), “as teorias e o exemplo de Le Corbusier (...)


enalteciam a abertura dos edifícios para o exterior, proporcionando-lhes a penetração
do ar, da luz, e da natureza. Entretanto, a aplicação desses princípios nos países de
clima quente exigia uma certa adaptação ao meio ambiente e o emprego de alguns
dispositivos capazes de combater a insolação e o calor excessivos”.

Dentre outras preocupações, que compunham o discurso modernista de então,


havia a necessidade de adaptação às condições climáticas regionais. Para o Brasil,
país tropical situado entre as latitudes de 5ºN a 34ºS com a maior parte do seu território
localizado entre o equador e o trópico de capricórnio, “o clima foi o fator físico que mais
interferiu na arquitetura brasileira”. (BRUAND, 2002).

18
3.2 O brise-soleil

O brise-soleil7 é um entre vários tipos de dispositivos de proteção solar8. É um


elemento construtivo constituído por lâminas geralmente paralelas, externas à
edificação.

A função primordial desses elementos é impedir que a incidência da radiação


solar direta atinja as superfícies da edificação, principalmente as transparentes ou
translúcidas, interceptando os raios solares. Desta forma, atua no controle e redução do
ganho de calor solar, pois promove o sombreamento das superfícies por eles
protegidas, dependendo fundamentalmente da orientação da fachada.

Possui também funções secundárias como o controle do excesso de


luminosidade, característico de regiões de climas quentes. Outros aspectos que
também sofrem influência desses elementos são a visibilidade para o exterior e a
ventilação da edificação.

Lemos e Corona (1972) assim o definem:

“Brise soleil – Elemento arquitetônico de proteção, com a finalidade principal


de interceptar os raios solares, quando estes forem inconvenientes”. 9

7
Brise-soleil, quebra-sol, sun-breakers, parasol, quebra-luz, corta-luz, external shading devices, são algumas das denominações
dadas à esse elemento construtivo. Segundo Corona e Lemos (1972), a expressão brise-soleil é um “termo de aplicação constante
na linguagem comum da arquitetura contemporânea brasileira, que provêm do francês ‘brise-soleil’, cuja tradução literal ‘quebra-
sol’, apesar de designar a mesma coisa, não atingiu a popularidade do vocábulo ‘brise’, que por isso mesmo, deverá fazer parte de
nossa língua como aquisição definitiva”.
8
“Dispositivos de proteção solar ou de sombreamento: podem ser desde uma simples cobertura que ofereça sombra, beirais,
terraço / varanda ou alpendre, muxarabis, marquises, toldos, venezianas, cortinas e vegetação. Geralmente protegendo as
aberturas das edificações. Incluem os chamados ‘brise-soleil’ ou quebra-sol, sendo estes caracterizados por lâminas horizontais
verticais ou combinadas, moldadas in loco, ou existentes denominados combogó ou elemento vazado. Internamente também são
consideradas como dispositivos de proteção as venezianas, cortinas, etc”. (ALBERNAZ & LIMA, 2000).
9
Completam o verbete as informações: “o elemento arquitetônico com função de quebrar a direção dos raios solares já comparece
em muitas arquiteturas, mesmo de épocas mais remotas. Porém, do gênero placas horizontais ou verticais, móveis ou fixas, com o
nome específico de ‘brise-soleil’, constitui uma sistematização criada por Le Corbusier para um de seus projetos de 1933. Tendo o
mestre contemporâneo aplicado esses elementos para o Ministério da Educação no Rio de Janeiro, ficam eles decididamente
incorporados ‘a arquitetura brasileira. (...). Daí por diante, os arquitetos brasileiros conscientes da importância e da excelência
desses elementos especiais na arquitetura brasileira, passaram a usá-los nas diversas soluções que hoje se revestem de
características bem nacionais. (...)” e “Termo de aplicação constante na linguagem comum da arquitetura contemporânea brasileira,
que provêm do francês ‘brise-soleil’, cuja tradução literal ‘quebra-sol’, apesar de designar a mesma coisa, não atingiu a
popularidade do vocábulo ‘brise’, que por isso mesmo, deverá fazer parte de nossa língua como aquisição definitiva”. (CORONA &
LEMOS, 1972).

19
Para Ching (2000):

“Brise soleil - Anteparo, normalmente de palhetas, colocado na parte externa


de um edifício a fim de proteger as janelas da incidência direta da luz solar”.

“Quebra-sol - Qualquer um dentre uma série de dispositivos externos que


constituem em lâminas horizontais ou verticais, inclinadas para proteger uma
janela da incidência direta da luz solar”.

Para Holanda (1999):

“Brise soleil – Conjunto de chapas de material fosco que se põe nas fachadas
expostas ao sol para evitar o aquecimento excessivo dos ambientes sem
prejudicar a ventilação e a iluminação”.

Para Houaiss & Villar 2001):

“Brise soleil – (fr) sm. ARQ. elemento arquitetônico em forma de placas


horizontais ou verticais, fixas ou móveis, aplicadas sobre a fachada do edifício,
para barrar a incidência direta dos raios solares; quebra-luz, quebra-sol”.

Para Albernaz & Lima (2000)

“Brise – Anteparo composto por uma série de peças, em geral placas estreitas
e compridas, colocadas em fachadas, para reduzir a ação direta do sol. Suas
peças podem ser móveis ou fixas, dispostas na horizontal ou vertical. Quando
convenientemente disposto, protege o interior do prédio da excessiva insolação
preservando a visão para o exterior. É adequado seu uso em edifícios situados
em locais de clima quente10.

10
Albernaz & Lima, 2000 afirmam que “freqüentemente é desnecessário na face sul do prédio, parcialmente dispensável na face
leste, indispensável na face norte e na face oeste. Recomenda-se o uso de brise com peças horizontais na face norte do prédio e
com peças verticais na face oeste. O brise móvel, por ser regulável, protege convenientemente da incidência de raios solares e
assegura máxima visibilidade externa, mas exige cuidados e manutenção. O brise fixo não exige qualquer cuidado, é mais
econômico e particularmente recomendado para fachadas orientadas a norte ou nordeste. Além do seu aspecto funcional, tem
ainda efeito decorativo, tendo sido um elemento muito marcante como meio de expressão plástica em muitos edifícios que
introduziram o modernismo no Brasil. É também chamado de brise-soleil e mais raramente quebra-sol”.

20
3.2.1 A criação do brise-soleil

Idealizado por Le Corbusier em meados do século XX, o brise-soleil tem


influência de elementos construtivos como dispositivos de proteção solar oriundos de
culturas construtivas árabes e asiáticas em sua concepção. Segundo Maragno (2000),
“sua origem pode ser identificada com elementos de arquiteturas tradicionais utilizados
para filtragem da radiação solar, da luz e do calor aplicados principalmente na
arquitetura árabe”. Não possuem necessariamente a mesma forma, material ou
linguagem, mas o mesmo princípio de atuação: sua função essencial é o controle da
radiação solar excessiva em países de clima quente. Corona & Lemos (1972)
comentam sobre a origem desse dispositivo e da originalidade de linguagem: “o
elemento arquitetônico com função de quebrar a direção dos raios solares já
comparece em muitas arquiteturas, mesmo de épocas mais remotas. Porém, do gênero
placas horizontais ou verticais, móveis ou fixas, com o nome específico de ‘brise-soleil’,
constitui uma sistematização criada por Le Corbusier para um de seus projetos de
1933”.

Segundo Fathy (1986), o brise-soleil é na verdade uma releitura da persiana,


sendo seu desenvolvimento uma questão de escala, pois as dimensões de suas
lâminas são aumentadas, e sua aplicação foi estendida a toda área das aberturas, para
a proteção de fachadas inteiras. Para Mindlin (2000) embora “qualquer tipo de brise-
soleil possa ser considerado uma imitação dos velhos e tradicionais métodos de
proteção contra a ofuscação e o calor”, sendo possível identificar “reminiscências e
variações das rótulas e persianas do período colonial”, a linguagem desse novo
elemento extrapola a referência histórica trazendo base científica na sua elaboração,
avaliação da necessidade de sombra e luz, passa a compor a estrutura da edificação;
sua forma e a multiplicidade de soluções definem texturas, planos, profundidade, ritmo
e movimento, enfim, possui uma identidade e estética próprias.

Para Maragno (2000), o brise-soleil é “uma resposta às transformações


arquitetônicas introduzidas pelas possibilidades tecnológicas e pelos conceitos da
arquitetura moderna”. Está associado à necessidade de proteção solar dos edifícios
21
modernos, por terem transformado a linguagem de composição, de arranjo espacial e
estruturação da edificação, com a intensa utilização de novas tecnologias e materiais.

Baker (1998) explica que “a atitude de Le Corbusier com relação à superfície


envoltória de seus edifícios mudou quando percebeu os problemas provocados (...) pelo
emprego de uma membrana fina com grandes áreas envidraçadas” e comenta que “o
problema era agudo em países quentes e a solução foi o desenvolvimento de uma
forma de anteparo solar conhecido como brise-soleil”. Para Maragno (2000), “Le
Corbusier deparou-se com a contradição entre a desejável visibilidade da paisagem do
exterior do edifício e a necessidade de controle da radiação solar”.

Segundo Maragno (2000) “o brise-soleil constituiu-se em excelente solução


para viabilizar o uso dos abundantes panos de vidro contínuos e transparentes na
resolução das fachadas, por permitir a iluminação natural, a integração visual do interior
com o exterior e evitar a incidência direta dos raios solares e os ganhos térmicos por ela
ocasionados”.

Segundo Baker (1998), “o brise-soleil atua como um filtro, criando uma película
permeável ao redor do edifício que permite a penetração no espaço interno e suaviza o
impacto da forma (...)”. E comenta que esse elemento “levou ao abandono do efeito
cúbico das primeiras casas (...)” modernistas.

A concepção desse elemento é basicamente funcional, porém sua aplicação


passa a dialogar com a composição arquitetônica da edificação. Assim, também se
enquadra nos preceitos modernista visto que sua “forma segue a função”.

A criação desse elemento construtivo, o brise-soleil, que foi desenvolvido em


resposta às condições climáticas, é uma característica marcante na expressão formal
das edificações.

22
3.2.2 O brise-soleil e a arquitetura moderna brasileira

Segundo Cavalcanti (2001), além dos cinco princípios básicos do modernismo


outros elementos compõem a linguagem da arquitetura moderna brasileira: uso de
rampas, formas livres e flexibilidade de volumes; proteção solar; curvas e estrutura com
intenção plástica (elementos expressivos); e indistinção dos espaços interno e externo.
Para o autor, a arquitetura moderna brasileira com suas formas revolucionárias
representa uma assimilação transformadora ao reinterpretar os princípios modernistas e
passa a influenciar a linguagem internacional do pós-guerra. Para Goodwin (1943),
essa é a “primeira aplicação em larga escala dos princípios de Le Corbusier, Gropius e
Van Der Rohe (...), que no Brasil tinha agora encontrado sua expressão artística”.

Mindlin (2000) destaca dois fatores que contribuíram para o desenvolvimento da


arquitetura moderna brasileira: “a pesquisa sobre problemas de insolação11” e “o
desenvolvimento de uma técnica avançada de uso do concreto armado”. Para o autor,
“esses dois fatores estão associados às duas características mais salientes da
arquitetura moderna no Brasil: o emprego de grandes superfícies de vidro, protegidas,
quando necessário, por brise-soleil, e o uso de estruturas livres, apoiadas sobre pilotis,
com térreo aberto quando possível”, marca da influência de Le Corbusier.

Segundo Bruand (2002), a introdução do brise-soleil no Brasil se dá com a


influência de Le Corbusier sobre o grupo de arquitetos do Rio de Janeiro e São Paulo,
do início do modernismo brasileiro.

Conhecidos posteriormente como Escola Carioca, as soluções desenvolvidas por


essa geração de arquitetos tinham como estratégia de projeto a preocupação de
projetar com o clima, adotando sistemas de condicionamento passivo. A ventilação
cruzada, beneficiada pelas grandes aberturas, meias paredes e térreo livre com o uso
de pilotis, é um desses exemplos; e principalmente o brise-soleil, que foi aprimorado e

11
Data de 1916 o primeiro ensaio sobre o assunto, por Alexandre Albuquerque no Rio de Janeiro. Em São Paulo, Lúcio Martins de
Rodrigues desenvolve estudos na Escola Politécnica no qual “estabelece base científica para orientar edifícios em relação ao sol”.
Mais tarde, no Rio de Janeiro, Paulo Sá, Atílio Corrêa Lima, Hermínio de Andrade e Silva também realizam estudos. Por fim, “sob a
liderança de Paulo Sá, formulou-se uma doutrina, baseada em extensa pesquisa experimental, cobrindo todos os aspectos do
problema da insolação nas edificações: astronômicos, térmicos, de ofuscação, sombra, etc”. (MINDLIN, 2000).

23
alvo de inúmeras composições e soluções distintas na arquitetura moderna brasileira,
sendo utilizado das mais variadas formas.

Maragno (2000) comenta


que foram os jovens arquitetos
brasileiros que assimilaram a
solução oferecida pelo brise-soleil e
“aperfeiçoaram a idéia inicial,
desenvolvendo um sofisticado
sistema que combinava placas
verticais com horizontais móveis”.
Embora as primeiras aplicações do
sistema de brise-soleil tenham sido
soluções de placas verticais, como
no edifício da ABI (Associação
Brasileira de Imprensa) dos irmãos
Roberto em 1937 (fig. 3.1), e na
Obra do Berço (fig. 3.2) de Oscar
Niemeyer em 1939, ambos no Rio
de Janeiro, foi no projeto do
Ministério da Educação e Saúde (fig.
3.5) que ocorre a primeira aplicação
do brise-soleil em um edifício de
grande porte.

Fig. 3.1. Edifício da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), 1936-38, Rio de Janeiro, irmãos M.M.
Roberto. As duas fachadas orientadas a norte e noroeste foram protegidas por brise-soleil verticais fixos
em concreto armado, interrompidos pela marcação da laje. “O sistema de proteção contra o excesso de
insolação consiste em faixas de brise-soleil verticais, cobrindo as duas fachadas, e separadas das
paredes exteriores das salas (feitas com portas de vidro com ventilação na parte superior) por um
corredor que assegura ventilação auxiliar e atua como zona de dispersão de calor”. (MINDLIN, 2000;
Fonte da fotografia: UNDERWOOD, 1994).

24
Fig. 3.2. Edifício Obra do Berço, Rio de Janeiro, 1939, de
Oscar Niemeyer. (Fonte da fotografia: Underwood, 1994).
Segundo Mindlin (2000) e Cavalcanti (2001), o projeto da
proteção solar proposta originalmente por Niemeyer era
composto por elementos vazados tipo colméia, com
placas horizontais inclinadas, para melhor proteção
contra o sol da tarde. Porém, sua instalação foi realizada
quando o arquiteto estava em viagem a Nova York para a
obra do Pavilhão Brasileiro na Feira Mundial, e sendo mal
executada, resultou na ineficiência do dispositivo e justas
reclamações da instituição. Assim que retornou,
Niemeyer mandou substituí-la às próprias custas, por um
sistema de brise-soleil vertical móvel, inspirado na
solução do edifício da ABI.
Segundo Bruand (2000), essa obra é o “primeiro exemplo
de integração do brise-soleil móvel na arquitetura”.

Fig. 3.3. Pavilhão do Brasil na Feira Mundial em Nova York, 1938-39, Nova York. Arquitetos Lúcio Costa
e Oscar Niemeyer. Na fachada sul, protegendo da insolação havia um painel fixo, em formato de colméia.
(Fonte da fotografia: UNDERWOOD, 1994).

25
O edifício do Ministério da Educação e Saúde é o primeiro e mais
representativo exemplar da arquitetura moderna brasileira, aplicando todos os
princípios de Le Corbusier num edifício de grandes dimensões: o terraço jardim, a pele
de vidro, a estrutura independente, planta livre, e o uso de pilotis, e incorpora também
características que passam a compor a linguagem da arquitetura brasileira: formas
livres e flexibilidade de volumes; proteção solar; curvas e estrutura com intenção
plástica (elementos expressivos); e indistinção dos espaços interno e externo.

Fig. 3.4. Detalhe do brise-soleil


combinando placas verticais
fixas e horizontais móveis.

O edifício do Ministério da
Educação e Saúde possui duas
belas e imponentes fachadas,
sendo uma totalmente
envidraçada a sudeste, e a outra
a noroeste, protegida por brise-
soleil horizontal móvel, de
cimento-amianto, na cor azul,
fixado em esbeltas placas
verticais e horizontais em
concreto armado.

Fig. 3.5. Edifício do Ministério da Educação e Saúde, atual Palácio Gustavo Capanema, Rio de Janeiro,
1937-43. Projetado pelos arquitetos Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Affonso Reidy, Jorge Moreira, Carlos
Leão e Ernani Vasconcelos, com consultoria de Le Corbusier. (Fonte das fotografias: BONDUKI, 2000).

26
Para descrever o sistema de sombreamento utilizado nesse edifício, apresenta-
se um trecho sobre o sistema de brise-soleil adotado, explicado no memorial descritivo
da solução definitiva para o projeto do Ministério da Educação e Saúde, elaborada pela
equipe de arquitetos, transcrito de Bonduki (2000).

“De acordo com a disposição do bloco, as salas de trabalho ficaram orientadas


para SSE e NNO. Na face SSE, insolada fracamente em alguns dias do ano, pela
manhã, adotamos grandes caixilhos envidraçados até o teto, que permitirão perfeitas
condições de ventilação e iluminação, além de agradável vista para a baía; serão
usadas nos mesmos cortinas de réguas de madeira (venetian blinds) para graduar a
intensidade luminosa.

Na face NNO, insolada quase todo o ano durante as horas de expediente, foi
adotado um sistema de proteção que importa examinar, passando em revista,
preliminarmente, os processos até então usados, para mostrar alguns de seus
inconvenientes.

Os sistemas de proteção mais conhecidos entre nós são os de varandas e


cortinas. O tipo de proteção por varandas, quando usado em edifícios desse gênero,
apresenta sérios inconvenientes de ordem técnica e econômica, pelos problemas de
ventilação que acarreta e pela área de construção praticamente perdida que
representa. (...). As cortinas de enrolar, das quais diversos tipos são usados aqui no
Rio, além de apresentarem desvantagens equivalentes, dariam ao conjunto o aspecto
comum de apartamento, o que, no caso, seria lamentável.

Restava portanto uma única solução, o ‘brise-soleil’ proposto por Le Corbusier


para a Argélia. Consiste este sistema em uma série de placas adaptadas à fachada, a
fim de protegê-la dos raios solares, em disposição a ser estudada de acordo com os
casos apresentados. Tornava-se entretanto indispensável, uma vez que até então não
fora usado este meio de proteção, elaborarmos estudos cuidadosos do tipo a ser
empregado.

27
A inclinação do sol e a sua trajetória em relação à fachada insolada estavam a
indicar que o sistema de proteção preferível deveria ser constituído por placas
horizontais, pois, de outra forma, seríamos forçados a adotar vãos diminutos,
acarretando perda de visibilidade. Por outro lado, verificamos que a adoção de placas
fixas, se bem que pudesse resolver o problema da insolação, seria menos satisfatória
no tocante à iluminação, pois, tendo sido calculada para dias claros, resultaria por força
deficiente nos sombrios, obrigando ao uso da luz elétrica em horas que outros prédios
poderiam dispensá-la.

Além disso, consideramos que, sendo a direção dos raios solares variável em
relação à fachada, o melhor sistema de evitá-lo, deveria ser móvel (fig 3.6). Com essas
razões e baseados em experiências feitas com os melhores resultados – no prédio da
Obra do Berço, na Lagoa Rodrigo de Freitas, onde, devido à orientação, foi adotado o
tipo vertical – decidimos empregar também um processo semelhante que garantisse em
qualquer hora e dia disposição adequada às necessidades do trabalho.

O sistema empregado no edifício do MES consiste em lâminas verticais fixas de


concreto, ligadas aos pisos e placas horizontais basculantes de eternite, armadas em
ferro.

As placas horizontais ficarão afastadas cerca de 0,50m das esquadrias,


formando um vazio para tiragem do ar, a fim de evitar a entrada de calor por irradiação
nas salas de trabalho, e tendo as verticais somente dois pontos de contato com a
estrutura, ainda para evitar um conjunto rígido que facilitaria a transmissão de calor.

As básculas serão constituídas por placas duplas de cimento-amianto, cujas


propriedades isotérmicas são conhecidas.”

Fig. 3.6. Estudo para o projeto do brise-soleil horizontal


móvel. (Fonte: BONDUKI, 2000).

28
Fig. 3.7. Edifício Bristol no Parque Guinle, Rio de Janeiro,
1954, de Lúcio Costa. (Fonte: MINDLIN, 2000)

Fig. 3.8. Edifício Caledônia, Parque Guinle, Rio de


Janeiro, 1950, de Lúcio Costa. (Fonte: MINDLIN, 2000).

Edifícios Bristol (1950) e Caledônia (1954) no Parque Guinle, bairro de Laranjeiras, Rio de Janeiro, de
Lúcio Costa. (Fonte das fotografias: MINDLIN, 2000)

Segundo Cavalcanti (2001), os edifícios “foram construídos sobre pilotis, com estrutura independente em
concreto armado, planta livre, fachadas livres, brise-soleil e cobogós para proteção contra o sol”. O autor
comenta que “as fachadas longitudinais orientadas para oeste foram divididas em quadros retangulares,
sendo-lhes aplicadas diversas formas de proteção contra o sol, de acordo com a função de seus
correspondentes internos: brises verticais, cobogós, tijolos vazados, de vidro, treliças de madeira”.
Mindlin (2000), comenta que a orientação fora escolhida em função da implantação no parque e pela bela
paisagem, porém era desfavorável para insolação. “Esta desvantagem foi, no entanto, minimizada pelo
tratamento das fachadas, nas quais foram fixados brise-soleil e painéis de cobogós de cerâmica,
produzindo jogos de textura e luz muito característicos dessa fase da arquitetura brasileira”.

29
Fig. 3.9 e 3.10. Conjunto Residencial do Pedregulho,
1947-52, Rio de Janeiro, de Affonso E. Reidy. Vista
do Bloco Residencial A, edifício sinuoso com 260m
de comprimento. O terceiro andar é aberto com o
acesso ao edifício e distribui a circulação. “Na
fachada noroeste posterior, tijolos vazados
funcionam como ‘treliças’ protetoras contra o sol”.
(CAVALCANTI, 2001). (Fonte das fotografias:
BONDUKI, 2000).
Atrás da fachada de elementos vazados, há um
corredor de acesso aos apartamentos, que oferece
proteção à insolação direta, mantendo a filtragem da
luz e ventilação permanente.

Bonduki (2000) apresenta um texto de Affonso Reidy e Carmem Portinho


descrevendo o projeto do Pedregulho, sendo transcrita a seguir a parte sobre insolação:

“Foram adotados diversos tipos de dispositivos para corretores do excesso de


insolação e procurou-se, sempre que possível, assegurar a ventilação transversal. As
faces mais castigadas pelo sol foram protegidas com quebra-sol de diferentes tipos:
móveis de eixo vertical ou horizontal, conforme a orientação oeste ou norte (...); peças
de terracota de diferentes tipos – quadrados, retangulares, hexagonais (...); e blocos de
cimento (...).

30
Fig. 3.11 e 3.12. Conjunto Residencial do Pedregulho, 1947-52, Rio de Janeiro, de Affonso E. Reidy.
Vista do Bloco B, apartamento duplex. “A varanda alterna um fechamento em grades de ferro baixas e
cobogós, enquanto os quartos são ventilados por janelas altas que aparecem como uma fita nas
fachadas. O corredor de acesso aos apartamentos protege a área de estar da insolação mais
desfavorável e a presença de janelas nas fachadas opostas propicia a ventilação cruzada no setor dos
quartos”. (CAVALCANTI, 2001). (Fonte da fotografia: BONDUKI, 2000)

Para corrigir o excesso de insolação dos compartimentos situados na face


oeste dos blocos A e B, foram usadas venezianas de madeira, tipo guilhotina
equilibrada, no bloco A, e basculante nos blocos B1 e B2 (...)”.

Fig. 3.13. Museu de Arte Moderna, 1953-68, Affonso E. Reidy, Rio de Janeiro. “A estrutura é indissociável
da arquitetura, funcionando como elemento plástico”. No terraço, a pérgola em concreto é o sistema de
sombreamento adotado, integrando e dando continuidade aos espaços interno e externo, com ritmo e
vista da paisagem do mar. (CAVALCANTI, 2001). (Fonte da fotografia: BONDUKI, 2000)

31
Fig. 3.14. Detalhe da composição de brise-soleil do
Edifício Sede do Instituto de Previdência do Estado da
Guanabra, Rio de Janeiro, 1957. (Fonte das
fotografias: BONDUKI, 2000)
Fig. 3.15. Edifício Sede do Instituto de Previdência do
Estado da Guanabra, Rio de Janeiro, 1957. A fachada
oeste é protegida por um quebra-sol parcialmente
removível. Originalmente horizontais, passaram a
verticais na construção do edifício. (Fonte das
fotografias: BONDUKI, 2000)

Fig. 3.16. Detalhe do edifício Seguradoras, 1949-51, irmãos Roberto, Rio de Janeiro. Adoção de soluções
passivas para o conforto térmico: Na fachada norte, venezianas externas reguláveis e controle interno,
permitindo ao usuário ajustá-las conforme incidência do sol. As venezianas estão montadas num sistema
pivotante em eixo horizontal e distam um metro da face transparente. Nota-se também, a preocupação
em ventilar esse espaço entre o brise e a janela, impedindo a concentração de ar quente. À leste, a
fachada envidraçada não conta com nenhum sistema de sombreamento. (CAVALCANTI, 2001).
32
Fig. 3.17. Edifício Clemente de Faria – Sede do Banco Fig. 3.18. Edifício Instituto Vital Brazil,
Lavoura, Belo Horizonte, 1951, por A. Vital Brazil. A Niterói, 1941-42, de Vital Brazil. A
fachada noroeste é protegida por brises verticais necessidade de controle ambiental desse
móveis em cimento amianto, enquanto na fachada edifício é essencial à sua atividade
leste foi realizada uma trama com marcação horizontal laboratorial, sendo a proteção solar
das lajes e vigas.“ (CAVALCANTI, 2001). (Fonte da passiva um elemento chave nesse
fotografia: CONDURU, 2000). projeto. A fachada norte é protegida do
excesso de insolação por um sistema
especial de aberturas. Na torre a escada e
os banheiros, contam com uma trama de
elementos vazados. A face sul é
envidraçada. (Fonte da fotografia:
CONDURU, 2000).

Nas obras pesquisadas, observam-se indicações do uso de soluções passivas


como a orientação adequada das fachadas, uso de dispositivos de sombreamento e
distanciamento desses elementos das aberturas para evitar a transmissão de calor por
condução, assegurando um espaço de ventilação nos sistema brise-fachada para
retirada do ar quente, acessos livres e ventilação cruzada no ambiente interno, visando
equacionar a redução do aporte de calor solar, a entrada de luz natural, a ventilação
adequada do ambiente, e a função do ambiente interno.

A concepção do brise-soleil fazia parte do processo de projeto. Destaca-se o


estágio de desenvolvimento avançado dos estudos de insolação permitindo a aplicação
adequada as necessidades de cada edificação, o uso de soluções passivas nos

33
Fig. 3.19. Casa de Heitor Almeida, Santos, 1949, de J. Vilanova Artigas. Pátio protegido por pérgola,
integrado ao volume da construção, e que oferece proteção ao escritório. “A faixa de brise-soleil, ao longo
das janelas dos quartos, permite o controle da luz do sol, mesmo com as venezianas abertas. (MINDLIN,
2000).

projetos arquitetônicos da primeira metade do século XX, e a preocupação dos


arquitetos com o projeto adequado dos dispositivos, bem como a variabilidade de
soluções e integração às fachadas.

Fig. 3.20 e 3.21. Casa de João Paulo de Miranda Neto, Maceió, 1953, por Lygia Fernandes. Na fachada
leste, as treliças em madeira protegem a varanda em frente aos quartos. (MINDLIN, 2000).

34
Mindlin (2000) destaca que esse
edifício possui uma solução impar e,
delicada e extremamente detalhada
de proteção solar e ao clima quente
da Bahia. “O arquiteto projetou um
sistema de leves grades de ferro, de
2 por 3m, destacadas da fachada e
dispostas em dois planos,
alternando-se em tabuleiro de
xadrez, espaçadas de 25 cm e
apoiadas em consolos de concreto
salientes das lajes dos andares.
Essas grades são cobertas por uma
espécie de veneziana feita de tiras
de bronze de 1 mm de largura, (...)
sob forma de tela metálica. A
proteção contra o excesso de
insolação assim obtida, como se um
mosquiteiro fosse transformado em
brise-soleil, é total e não impede que
se possa desfrutar da vista”, e
também dá ritmo à fachada
retangular.
Segundo Cavalcanti (2001), “o
elemento do prédio que mais atraiu
interesse, à época de sua construção
foi o sistema de proteção contra o sol
em duas de suas fachadas. (...) O
arquiteto projetou um sistema de
finas lâminas móveis e verticais,
apoiadas em um sistema de grades,
colocado no exterior do edifício. O
efeito plástico desse sistema é
bastante particular, com a textura da
trama estreita acentuada pelo jogo
de luz e sombra, em contraste com
as faces lisas da fachada”.
Fig. 3.22. Edifício Caramuru, Salvador, 1946, de Paulo A. Ribeiro.
(Fonte: CAVALCANTI, 2001)

O uso desse dispositivo de sombreamento pode compor nuanças e diferentes


texturas à fachada, oferendo à mesma dinamismo, ritmo e textura.

Segundo Bruand (2002) as soluções de brise-soleil formam “composições tão


engenhosas quanto variáveis, estes elementos, concebidos originalmente com
finalidade puramente prática, transformando-se num meio de expressão plástica que
marcaram profundamente a arquitetura brasileira contemporânea”.

35
Fig. 3.23. Ed. Renata Sampaio
Ferreira, São Paulo, 1956, de
Oswaldo Bratke. (Fonte: SEGAWA,
1997). Além da proteção solar, a
trama oferecia proteção às
esquadrias de madeira.
Fig. 3.24. Detalhe da trama da
fachada.

Fig. 3.25. Residência no Jardim


Paulista, São Paulo, 1948, de
Oswaldo Bratke. (Fonte: SEGAWA,
1997).
O arquiteto definia planos e
modulações, num jogo de volumes
com o uso de elemento vazado.

36
Fig. 3.26. Residência do Arquiteto Oswaldo Bratke – Morumbi, São Paulo, 1951. Essa edificação é um
belo exemplo de composição geométrica. Possui um “recuo imposto pelas diferentes necessidades de
proteção determinadas pela orientação de cada lado do plano. (...) Os painéis exteriores de cobogós de
concreto pré-moldado corrigem o excesso de insolação e protegem a privacidade da casa”. (MINDLIN,
1956; foto SEGAWA, 1997).

Fig. 3.27. Residência da Rua Suécia, São Paulo, 1956, Oswaldo Bratke. O arquiteto trabalha a
modulação estrutural, com jogo de cheios e vazios, e protege o vazio da composição frontal com
elementos vazados de cimento e madeira. (Fonte: SEGAWA, 1997).

37
3.28

3.29

3.30

Fig. 3.28. Edifício Copan, São Paulo, 1951-57, de


Oscar Niemeyer. O brise-soleil horizontal fixo cobre
toda a fachada, compondo junto com a curva, ritmo
e movimento. (Foto: Ivan Moretti)
Fig. 3.29. Detalhe do brise-soleil horizontal fixo e
contínuo. (Foto: Ivan Moretti).
Fig. 3.30. O edifício Copan, vista da fachada
principal. (www.vivaocentro.org.br/imagens)
Fig. 3.31. Maquete do Edifício Copan, São
Paulo, 1953. (Fonte: MINDLIN, 1956).
38
3.2.3. Características

De modo geral, o brise-soleil é definido pelas seguintes características:

- São elementos externos à fachada;


- São compostos por uma ou mais lâminas, geralmente paralelas.

Pode ser classificado por sua tipologia, mobilidade e composição


arquitetônica:

Tipologia:

- Horizontais;
- Verticais;
- Combinados (horizontal e vertical)12.

Fig. 3.32. As tipologias de brise-soleil e máscaras de sombra. (OLGYAY & OLGYAY, 1957).

12
Os tipos combinados são compostos por lâminas horizontais e verticais. Também são chamados de mistos, modulares,
grelha ou ”eggcrate”.

39
Cada tipologia protege mais adequadamente a determinado ângulo de
obstrução: a horizontal intercepta os raios solares quando o sol está mais alto; a
vertical é mais eficaz quando os raios solares estão mais baixos, porém
dependem fundamentalmente da variação do azimute em relação à orientação da
fachada; e a combinada associa ambas as proteções da horizontal e vertical.

Mobilidade:

- Fixos;
- Móveis.

Com relação à mobilidade, o brise-soleil móvel possui lâminas pivotantes ou


basculantes, que acompanham o movimento do sol provendo sombra nos
momentos de incidência indesejada, de acordo com as necessidades do usuário,
e permite ampla abertura e visualização do exterior quando não há insolação.
Dessa forma, oferece flexibilidade e maior eficiência. Atualmente existem sistemas
mecanizados que através de sensores ficam posicionados na orientação que
proverá o melhor sombreamento. Entretanto, são sistemas mais caros e exigem
manutenção. Já o brise-soleil fixo é mais simples, barato, de fácil instalação e
manutenção, sendo mais indicado para os ângulos típicos da fachada norte, e
independente da manipulação do usuário. Segundo Givoni (1981), a mobilidade é
a principal característica de eficiência do brise-soleil.

Composição arquitetônica

Embora a função seja o princípio para a utilização desse elemento, suas


variações e multiplicidade de soluções resultam numa segunda pele da edificação,
conferindo ritmo, dinâmica, e forma à linguagem arquitetônica. Lam (1986) e
Maragno (2000) procuram identificar padrões de composição arquitetônica de
acordo com a integração e interferência do brise-soleil na fachada da edificação, e
a expressão formal resultante.

40
Lam (1986) estuda o efeito da utilização do brise-soleil considerando sua
eficiência e definição da forma arquitetônica, ou seja, na relação técnica x estética:

- escala do elemento: grande, média e pequena;

- visualização do exterior: ampla, média, restrita;

- interferência da cor do elemento na relação com sua eficiência;

- impacto do elemento na concepção formal: maior ou menor importância.

Com relação à forma, Maragno (2000) propõe uma análise das


características considerando a linguagem arquitetônica: “incorporação ao
conjunto, inserção na fachada (posição), leitura arquitetônica e importância na
composição”.

- incorporação ao conjunto: integrado ou adicionado;

- posicionamento na fachada: recuado, alinhado, saliente;

- leitura arquitetônica: descreve sucintamente a forma predominante (painel,


faixa, platibanda/marquise, balcão/sacada, moldura, outros);

- importância na composição: contribuição ou não ao resultado formal da


edificação, sendo divididas em três graus de contribuição: define
plasticamente, valoriza e compõe, ou detalhe discreto.

Outros aspectos que configuram expressão e formas geométricas:

- relação do brise com a abertura: restrito à área da janela (isolado), faixa


de abertura (ligação das aberturas em linha ou coluna), painel (segunda
pele), ou caixa;

- textura: profusa, marcada, ou discreta;

- sombras: ressalta volumes ou confere profundidade;

- acentua a relação de leitura: horizontal, vertical ou definida por um plano.

41
3.2.4. Indicação

Na literatura, principalmente em livros de arquitetura13, encontram-se


recomendações acerca da tipologia ou da necessidade de proteção adequada
para a orientação da fachada. Mindlin (2000) ao comentar sobre a utilização do
brise-soleil explica que esses dispositivos “móveis ou fixos, verticais ou
horizontais, são projetados de acordo com a orientação do prédio e sua finalidade,
em uma grande variedade de materiais: concreto armado, alumínio, asbesto,
cimento, placa metálica, lã de vidro inserida em placas de vidro, placas de madeira
compensada, persianas em caixilhos, etc”.

Bruand (2002) e Albernaz & Lima (2000) indicam um conjunto de regras


relativas à necessidade de sua utilização:

Bruand (2000) Albernaz & Lima (2000)


N dispensável no inverno indispensável
Orientação

E parcialmente dispensável parcialmente dispensável


S desnecessário desnecessário
O indispensável em qualquer indispensável
estação
Quadro 3.2. Comparação entre orientações indicadas para uso do brise-soleil.

A crítica acerca desse tipo de recomendações genéricas amplamente


divulgadas, é que desconsideram o local, latitude, época do ano, e o clima, sem
avaliar se realmente se enquadram nessas diretrizes. No Brasil, essas
recomendações surgiram voltadas para a necessidade de proteção da arquitetura
moderna no Rio de Janeiro e em São Paulo, e enfatizava a proteção contra o
excesso de sol, e a fachada sul não necessitar proteção. Entretanto, o país se
localiza numa ampla faixa de latitude (5ºN à 34ºS), sendo que para localidades
próximas ao equador a fachada sul recebe insolação, e é simétrica na latitude 0º

13
Bruand (2002), Albernaz & Lima (2000), Goodwin (1943), Mindlin (2000).

42
em relação à norte; já para as cidades mais setentrionais é necessária insolação
no período de inverno.

Outro conjunto de informações generalizadas é relativo ao tipo de


proteção solar recomendado para cada orientação. O uso do brise-soleil vertical
voltado a leste e oeste é questionável, pois essa tipologia não barra os raios que
incidem perpendicularmente à fachada, e nota-se que o brise-soleil é praticamente
ineficaz analisando a sobreposição das máscaras de sombra e carta solar, onde
se verifica que as áreas protegidas não pertencem à trajetória solar. Para barrar
os raios mais baixos no horizonte utilizam-se principalmente lâminas móveis ou
com inclinação acentuada, porém essa alternativa reduz muito a visibilidade e a
disponibilidade de luz natural do ambiente interno. Entretanto, para latitudes mais
elevadas como em climas temperados, a eficiência dessa tipologia tem
significativo acréscimo nas fachadas leste e oeste.

Bruand (2000) Albernaz & Lima Atem & Basso Leite & Araújo
(2000) (2004) (2004)
local Brasil (RJ, SP) sem indicação Londrina PR Natal RN
23º 25’S 5º 55’S
N horizontal indispensável, peças combinado com horizontal ou
horizontais horizontal móvel e combinado
vertical fixo

NE - - horizontal

E vertical parcialmente combinado com horizontal


dispensável horizontal fixo e
Orientação

vertical móvel

SE - - horizontal

S desnecessário desnecessário vertical móvel combinado à direita

SO - - combinado inclinados

O vertical ou combinado indispensável, peças horizontal ou vertical combinado inclinados


verticais com mobilidade total

NO - - combinado inclinados

Quadro 3.3. Indicação de tipologia em relação à orientação da fachada.

Em estudos mais recentes Atem & Basso (2004) e Leite e Araújo (2004), o
dispositivo de sombreamento é avaliado em função da latitude e necessidade ou
não de insolação, para as cidades de Londrina PR e Natal RN, respectivamente.

43
Leite e Araújo (2004), apresentam a necessidade de sol e sombra baseados no
método de Olgyay, com a identificação dos períodos de calor excessivo (ou
superaquecimento) na carta solar de Natal RN, 05º 55’ S. Comparando as
recomendações para Rio de Janeiro, São Paulo, Londrina e Natal no quadro 3.3,
nota-se diferenças para a escolha das tipologias mais adequadas para os
dispositivos de sombreamento para cada orientação. Observa-se uma diferença
de abordagem nos estudos apresentados acima, um maior número de
orientações, posicionamento e mobilidade dos dispositivos.

Atem & Basso (2004) apresentam um quadro com as necessidades de


sombra e sol para Londrina PR (23º 25’ S), baseados na aplicação dos dados
climáticos na Tabela de Mahoney.

Mês Orientação Norte Leste Sul Oeste


Janeiro [ [ [ [
Fevereiro [ [ Ò [
Março [ [ - [
Abril [ [ - [
Maio Ò 5 - [
Junho 5 5 - 5
Julho 5 5 - 5
Agosto Ò Ò - [
Setembro Ò 5 - [
Outubro [ [ Ò [
Novembro [ [ [ [
Dezembro [ [ [ [
5 necessidade de sol, Ò proteção parcial, [ necessidade de proteção solar, - não há radiação direta.
Quadro 3.4. Necessidade de proteção solar, mês x orientação, em Londrina PR. Fonte: Atem & Basso (2004)

Entretanto, somente recomendações de tipologias e orientações para


determinadas localidades não consideram os fenômenos físicos envolvidos no
processo de proteção solar. Outros aspectos devem ser considerados na escolha
de uma solução mais adequada, assegurando a eficiência do brise-soleil.

44
3.2.5. Funcionalidade

Conforme citado anteriormente, a função primordial do brise-soleil é


impedir que a incidência da radiação solar direta atinja as superfícies da
edificação, principalmente as transparentes ou translúcidas, interceptando os raios
solares14. Desta forma, atua no controle e redução do ganho de calor solar, pois
promove o sombreamento das superfícies por eles protegidas. Para entender seu
funcionamento é imprescindível compreender a radiação solar.

Denomina-se radiação solar à energia emitida pelo sol e que se propaga


sob a forma de ondas eletromagnéticas, no espaço ou num meio material. O
espectro solar é subdividido em três faixas de acordo com seu comprimento de
onda: ultravioleta, luz visível e infravermelha, estando associadas a diferentes
fenômenos ou propriedades que interferem no meio ambiente e afetam o homem
de forma distinta15.

Para Olgyay & Olgyay (1957) a questão do controle da radiação solar


deve considerar sua composição espectral, pois suas características particulares
demandam diferentes estratégias de controle. Assim, a radiação ultravioleta com
comprimento de onda acima de 290nm que atravessa a camada de ozônio,
embora apresente vantagens terapêuticas, é barrada também pelo vidro comum
que é opaco ao seu comprimento de onda. Já os referentes à descoloração dos
materiais podem ser minimizados e até eliminados com a utilização de películas
poliméricas aplicadas aos vidros. No caso da luz visível, a função da janela é
admitir luz suficiente e reduzir o brilho e contraste. Segundo os autores, é fácil
realizar seu controle no interior do ambiente construído. Com relação ao
infravermelho, alertam para a vulnerabilidade da envoltória, pois essa radiação é
considerada de difícil controle e seu impacto no ambiente é o mais representativo
ao desempenho térmico da edificação. A radiação infravermelha, seja de ondas

14
Possui também funções secundárias como o controle do excesso de luminosidade, característico de regiões de climas
quentes. Outros aspectos que também sofrem influência desses elementos são a visibilidade para o exterior e a ventilação
da edificação.
15
Ver anexo 01. Radiação solar.

45
curtas, médias ou longas16, é invisível ao olho humano, porém é percebida como
fonte de calor.

Ao interceptar os raios solares, os dispositivos de sombreamento barram a


radiação direta, seja ultravioleta, luz visível ou infravermelha. O brise-soleil deve
admitir a entrada da luz, porém sem provocar ofuscamento; e barrar o
infravermelho, reduzindo o ganho de calor para localidades com climas quentes.

Quando a energia solar incide sobre um corpo, ela é absorvida, refletida

ou transmitida. Os coeficientes de absorção (α), reflexão (ρ) e transmissão (τ)

correspondem ao quociente da respectiva parcela sobre o total da energia


incidente (RIVERO, 1986). A soma dos mesmos corresponde ao total dessa
energia, expressa na relação:

α + ρ +τ = 1 [1]

Para as superfícies opacas não há transmissão sendo τ = 0, e α + ρ = 1.

Para Olgyay & Olgyay (1957), Croiset (1976), Givoni (1981) e Rivero
(1986), a função essencial do dispositivo de proteção solar é o controle do ganho
de calor solar. Atua como um filtro, uma segunda pele, impedindo a incidência da
radiação solar direta nas superfícies da edificação. Embora seja mais utilizado nas
superfícies transparentes, chegando a eliminar a transmissão, também é
significativa a redução do aporte de calor nas superfícies opacas.

Rivero (1986) escreve que “os materiais se comportam seletivamente com


relação à radiação incidente; isto significa que a quantidade de energia que
absorvem, refletem e transmitem é diferente para cada comprimento de onda”.
Segundo Croiset (1976) para as aberturas protegidas por dispositivos, os valores

16
Radiação infra-vermelha: ondas curtas (780 a 1400nm), médias (1400 a 3000nm) e longas (3000 a 10000nm).

46
de α, ρ, e τ dependem da cor, do material, e da transparência desse elemento.
Outro aspecto acerca dos materiais opacos e transparentes é com relação às
diferenças no processo de absorção da radiação ao longo da espessura, havendo
uma distribuição de energia e fluxos térmicos distintos. (SANTOS, 1999).

Considerando uma superfície transparente ou translúcida, a radiação


incidente se divide em três componentes: uma parte é refletida, sem causar efeitos
térmicos no material; outra absorvida, independe do ângulo de incidência, e é
dissipada por convecção e irradiação de ondas longas; e a terceira parte é
transmitida através do material, e depende do ângulo de incidência e das
propriedades espectrais do vidro. Givoni (1981) descreve o princípio do
funcionamento dos dispositivos de proteção solar: a radiação é interceptada
externamente ao vidro, e “parte é refletida para o exterior, parte é refletida para o
interior e o restante é absorvido, elevando a temperatura” do dispositivo.

Superfície opaca Sistemas de aberturas

τ=0 Abertura (a) Superf. transparente (b) Associação de superf.


opaca + transp. (c)
Radiação solar Radiação solar Radiação solar
incidente incidente incidente

ρ
Ig Ig Ig Ig τ
α ρ
α
ρ
α fluxo da radiação solar
fluxo da radiação solar
absorvida e dissipada α
α
absorvida e dissipada para o interior
fluxo da radiação solar
absorvida e dissipada
para o interior
fluxo da radiação solar
α
para o exterior absorvida e dissipada
τ
para o exterior
τ
ρ radiação solar transmitida
radiação solar transmitida
ρ ρ
radiação solar refletida
radiação solar refletida τ=0

Fig. 3.33. Absorção, reflexão e transmissão da radiação solar incidente sobre as superfícies.

Quando o dispositivo de sombreamento intercepta os raios solares, ele


reduz ou elimina a incidência dessa radiação no vidro, e assim, a transmissão
dessa energia para o ambiente interno (fig. 3.33). Caso proporcione sombra a toda
a área da superfície, a transmissão é eliminada. Se sombrear uma parte e admitir
insolação na restante, a redução dependerá do percentual da área sombreada
sobre a total. No caso de uma orientação ou dimensionamento inadequados, não

47
haverá sombreamento e a superfície receberá a totalidade da radiação incidente.
Nos estudos de geometria de insolação, essas situações são denominadas,
respectivamente, como eficiências totais, parciais e nulas. Essa classificação
adotada refere-se à necessidade de sombreamento, entretanto quando os
dispositivos são projetados considerando a necessidade de insolação no inverno
para determinada localidade, é incoerente denominar como eficiência nula, pois
satisfaz ao requisito projetual. Olgyay enfatiza a avaliação dos períodos de
superaquecimento como princípio para o projeto desses elementos, mas apenas
para sombreamento total e não faz referência às situações em que a sombra é
parcial. Frota refere-se à eficiência total, parcial e nula, mas não parte da
identificação dos períodos de necessidade de proteção.

Fathy (1986) menciona que a eficiência desses elementos é da ordem de


1/3. Segundo a ASHRAE (2001), para aberturas totalmente sombreadas por
dispositivos externos, pode haver uma redução do ganho de calor solar em até
80%. Olgyay (1963) apresenta coeficiente de sombreamento17 de até 87% (para
brise-soleil vertical móvel, adequadamente projetado).

Já para Givoni (1981) o sombreamento externo possibilita eliminar mais de


90% do ganho de calor solar, (o valor máximo considera a abertura vedada à
ventilação), sendo que a eficiência térmica é maior quando os dispositivos são
pintados com cores escuras. O autor afirma que para elevar a eficiência do brise-
soleil o ideal seria a utilização de cores escuras, principalmente o preto.
Considerando essa informação pode-se raciocinar que, tendo cores escuras um
coeficiente de absorção elevado, o brise-soleil negro funcionaria bem na proteção
de superfícies transparentes e translúcidas, pois, devido também à alta
emissividade, reirradiarão em onda longa a radiação solar absorvida. Para essa
radiação, esses materiais são opacos. Esses brise-soleil funcionariam bem com
um posicionamento distante da superfície sob proteção, pois aumentariam a
dissipação do calor reirradiado com a ventilação dos elementos. Entretanto, se

48
não houver distanciamento da superfície da edificação, sua eficiência seria
bastante reduzida, pois o calor absorvido passaria ao interior por condução. É
necessário observar, porém, que essa solução é bastante prejudicial em relação a
eficiência luminosa.

Contrapondo essa informação, Rivero (1986) aponta na direção inversa,


com a utilização de cores claras com alto índice de reflexão, pois deixaria de
absorver o calor em função do aumento da parcela refletida, e conseqüente
redução da absorvida. Nesse caso, a manutenção da limpeza dos elementos é
essencial para assegurar sua eficácia, e também pode ocorrer problema de
ofuscamento do usuário, dependendo do posicionamento do brise-soleil.

Em consonância com Givoni, Góes (1995) afirma que “as janelas fechadas
se beneficiam com cores escuras, quando a reflexão da porção visível da radiação
solar para a fachada diminui e o vidro da janela, opaco à radiação infravermelha,
não absorve a carga térmica irradiada pelas placas. Já as janelas abertas se
beneficiam com o brise-soleil de cores claras, em que o ar de entrada no ambiente
interno se ressente menos das trocas por convecção e radiação com o brise-soleil.
A influência dos materiais no desempenho do brise-soleil implica na transmissão
do calor por radiação e convecção de suas placas para o ambiente interno, e por
condução para as paredes envolventes, através dos suportes”.

3.2.6. Avaliação da eficiência

A eficiência do brise-soleil depende do local, clima, orientação e período


para o qual foi projetado.

17
Coeficiente de sombreamento tem o objetivo de comparar o controle solar efetivo obtido por diferentes sistemas de
aberturas. Expressa uma relação entre o ganho total de radiação solar de uma abertura externa com ou sem proteção solar,
comparado a uma abertura de referência com vidro simples de 3mm incolor, sob mesmas condições ambientais.

49
O estudo que apresenta uma abordagem ampla sobre os dispositivos de
proteção solar foi o realizado por Vitor e Aladar Olgyay, sendo até hoje
extremamente relevante, divulgado no livro “Solar control and shading devices” de
1957. Apresenta os dispositivos de sombreamento como um elemento
arquitetônico, descreve a técnica para o projeto da proteção solar, comenta o
método proposto numa aplicação prática, e através de exemplos de edificações
comenta sua expressão arquitetônica. Enfim, analisa a forma e função do
elemento, discutindo a expressão arquitetônica resultante e sua eficiência através
de métodos gráficos e medições, tanto em modelos como em materiais e
componentes construtivos.

Dispositivo de proteção solar

As avaliações relativas à eficiência dos dispositivos de proteção solar são


abordadas basicamente de três formas: geometria de insolação, simulações com
softwares, e medições em campo ou em laboratório. Um método menos usual é o
balanço térmico de radiação e dados climáticos. As pesquisas com enfoque na
geometria solar são as mais utilizadas, e os métodos gráficos para a determinação
de sua eficiência os mais estudados. Os autores que abordam o assunto de forma
mais abrangente são Olgyay & Olgyay, 1957; Croiset, 1976; Givoni, 1981; e
Rivero, 1986. Abordam a relação do sombreamento e controle do solar ganho de
calor solar, analisando relações de superfícies opacas e
transparentes/translúcidas, e fatores de transmissão, absorção e reflexão da
radiação solar.

Olgyay & Olgyay (1957), analisando os elementos que constituem a


edificação, consideram o vidro como o elemento mais vulnerável à ação da
radiação solar. Nesse trabalho afirmam que a ultravioleta é facilmente controlada e
a luz visível necessária no ambiente, pode ser controlada internamente com

50
relativa facilidade. Assim, concentram seu estudo na radiação infravermelha, de
impacto mais profundo, pois nessa faixa a edificação é mais vulnerável.

O método proposto pelos autores para o dimensionamento e avaliação da


eficiência dos dispositivos de sombreamento para controle da radiação solar
incidente é composto por quatro etapas:

- determinação dos períodos de superaquecimento, ou seja, quando o


sombreamento é necessário. Utilizam-se dados das variáveis ambientais e
a carta bioclimática;
- com o uso da carta solar em projeção eqüidistante, localiza a posição do
sol e nela são marcados os períodos de necessidade de sombreamento;
- escolha da tipologia e posição do dispositivo, através do uso da carta solar
com a sobreposição de um transferidor auxiliar para o traçado da máscara
de sombra;
- com os ângulos de sombra definidos, dimensiona-se o elemento de
proteção de forma que obstrua os raios solares nos períodos de
superaquecimento e permita insolação nos períodos de frio.

Complementam o método com cálculos de radiação e o uso de


nomogramas sobrepostos a carta solar e ao transferidor de sombras.

Dutra (1994) comenta que o método Olgyay é de simples utilização, com a


aplicação direta das cartas solares, entretanto é restrito em relação à performance
dos dispositivos, não permitindo quantificar a sombra do brise-soleil ou qualificar a
necessidade de sol, pois considera apenas situações de 100% de sombreamento
e necessidade de sombra no período de superaquecimento.

Olgyay & Olgyay (1957) também estudaram o sombreamento em modelos


com ensaios sob condições reais com relógios de sol, e em condições artificiais
com uso de equipamentos para simulação da trajetória solar. E abordaram a

51
avaliação da eficiência dos dispositivos de sombreamento, e a transmissão de
calor dos materiais de construção, através de medições.

Em outro trabalho Olgyay (1963) elabora um quadro onde apresenta a


classificação dos dispositivos e seu coeficiente de sombreamento (tabela 3.1).
Verifica que os dispositivos externos são mais eficazes, pois barram a incidência
da radiação solar direta antes de atingir as superfícies da edificação, ou seja,
reduzem ou eliminam a transmissão através das superfícies transparentes e
translúcidas e funcionam também para reduzir o aporte de calor de superfícies
opacas.

Elemento de proteção solar Coef. sombra


Janela de vidro comum incolor 1,00
Cortina interna de enrolar escura com meia abertura 0,91
Cortina interna de enrolar de cor intermediária com meia abertura 0,81
Cortina interna de enrolar escura totalmente baixada
Persiana interna de palhetas escuras totalmente baixada 0,75
Cortina interna de enrolar clara com meia abertura 0,71
Vidro absorvente de 6mm 0,66
Lâmina cinza de 6mm
Persiana interna de palhetas de cor intermediária totalmente baixada 0,65
Película levemente pigmentada aplicada sobre o vidro
Cortina interna de enrolar de cor intermediária totalmente baixada 0,62
Vidro absorvente de 6mm com lâmina polida de 6mm 0,60
Lâmina cinza de 6mm com lâmina polida de 6mm
Cortina de tecido em cor cinza escuro 0,58
Persiana interna de palhetas branca totalmente baixada 0,56
Árvores como elemento de proteção solar 0,55
Vidro absorvente de 6mm com persiana de palhetas 0,53
Vidro com pigmento de cor semi-escura 0,52
Cortina de tecido de cor semi-escura 0,47
Persiana interna de palhetas de alumínio refletor 0,45
Persiana externa rebatível 0,43
Película sobre vidro escuro translúcido 0,41
Cortina de tecido em cor branca 0,40
Cortina interna de enrolar de cor branca totalmente baixada
Brise-soleil de lâminas verticais fixas nas fachadas leste e oeste 0,32
Toldo externo inclinado de cor intermediária ou escura 0,25
Brise-soleil horizontal contínuo na fachada norte
Veneziana externa cor creme 0,15
Veneziana externa rebatível cor branca
Brise-soleil horizontal móvel 0,13
Brise-soleil vertical móvel
Tabela 3.5. Coeficiente de sombra para diferentes elementos de proteção solar.
(Fonte: Maragno, 2000; adaptado de Olgyay, 1963).

52
Segundo Santos (2002), “o coeficiente de sombreamento foi criado pela
ASHRAE com o objetivo de comparar o controle solar efetivo obtido por diferentes
sistemas de aberturas com ou sem proteções solares internas ou externas. É
definido como a relação entre o ganho total de radiação solar, considerando
transmissão, absorção e reemissão, de uma abertura externa com ou sem
proteção solar, comparado a uma abertura de referência com vidro simples de
3mm incolor, sob mesmo conjunto de condições ambientais e incidência de
radiação solar”.

Givoni (1981) procura em seus estudos determinar a eficiência do brise-


soleil, abordando principalmente a questão térmica da radiação infravermelha.
Apresenta resultados de ensaios e simulações computacionais com diferentes
tipologias, orientações e cores.

Rivero (1986) discorre sobre as superfícies opacas e


transparentes/translúcidas e sua relação com o ganho de calor solar. Ressalta a
importância da adequação climática e apresenta o brise-soleil como elemento de
controle, enfatizando tipologias, eficácia e exemplos de utilização em edificações
sul-americanas.

Geometria de insolação

A geometria de insolação foi estudada por diversos autores, cujos


enfoques estão relacionados com a sua tipologia, e a correta especificação para
utilização e orientação nas fachadas para uma determinada latitude. Sá, 1942;
Cavalero e Silva & Malato, 1969; Fonseca, 1983; e Bittencourt, 1996, abordam o
tema com ênfase na insolação e cartas solares. Outros autores como Lam, 1986;
Hopkinson et alii, 1966; discutem sua relação com a iluminação natural. Frota,
2004; e Frota & Shiffer, 1987, trabalham com o dimensionamento do brise-soleil.

53
Sá (1942), um dos pioneiros nesse estudo no Brasil, apresenta gráficos de
sombra para dimensionamento do brise-soleil e recomendações para orientação
de edificações no Rio de Janeiro. Mindlin (2000), comenta sobre o trabalho de
Paulo Sá, Alexandre Alburquerque e outros profissionais que estudaram a
insolação no início do século XX, que “o manejo de gráficos e tabelas de consulta
fácil é uma prática que remonta a algumas décadas, permitindo um cálculo preciso
na solução dos problemas de insolação”, sendo bastante conhecido, utilizado e
divulgado pelos arquitetos do início do modernismo no Brasil. Segawa (2001)
também salienta a importância desse grupo de profissionais que passam a
considerar a proteção à radiação solar excessiva nos trópicos. No memorial
descritivo sobre o Ministério da Educação e Saúde, os arquitetos apontam para
estudos sobre os ângulos de inclinação de acordo com a trajetória solar, e outros
detalhes como o afastamento do elemento em relação à fachada, evitando a
condução do calor, e ventilando para a retirada do ar aquecido por condução e
irradiação. É interessante observar que a maioria das publicações sobre o assunto
são posteriores aos edifícios projetados nessa época.

Aronin (1953) divulga cartas solares e alguns métodos gráficos como


exemplo de utilização do brise-soleil. Cavalero e Silva & Malato (1969) abordam o
tema da insolação com o auxílio de instrumentos como os quadrantes solares para
avaliação da insolação em modelos.

Fonseca (1983), apresenta um estudo de projeções para geometria de


insolação baseado nos estudos de Olgyay com projeção eqüidistante de cartas
solares para as latitudes brasileiras, e também aplicações do uso do brise-soleil,
nomogramas de radiação e obstrução do entorno.

Bittencourt (1996) apresenta um método para a construção da carta solar,


e sua utilização pelos projetistas. Oferece uma abordagem didática da aplicação
do método, o dimensionamento do brise-soleil, e evidencia aspectos como
eficiência, plasticidade, privacidade, luminosidade, ventilação e visibilidade.

54
Koenisgsberger et al (1974) classificam o brise-soleil como elemento de
controle passivo, indicado para utilização em países de clima quente.

Szokolay (1978) destaca a flexibilidade do elemento, e o classifica em três


tipos: negativos – excluem o sol; seletivos - admitem ou excluem o sol em alguns
períodos; e ajustáveis – com liberdade de controle. Ressalta que seu tamanho ou
tipologia não é restritivo. A eficiência do mesmo está associada à determinação do
ângulo de sombra, permitindo que diferentes soluções tenham a mesma eficiência.

Aroztegui (1980) apud Dutra (1994), desenvolveu o método das radiações


ponderadas e propõe seu uso complementando o método gráfico de Olgyay.

Hopinkson et al (1975), estudam o dispositivo com ênfase na questão da


iluminação natural. E identificam a necessidade de sua adoção por três razões:
evitar o ofuscamento, os efeitos térmicos e a elevação da temperatura dos
ambientes. Recomendam a utilização das cartas solares e do transferidor de
sombra.

Lam (1986) destaca a importância do brise-soleil para a distribuição da luz


natural no ambiente. Apresenta uma variação desse elemento para que além de
barrar a insolação e o calor, possibilitasse a reflexão da luz para o interior: o
lightshelf ou prateleira de luz. Atenta para a relação delicada do balanço entre a
disponibilidade de luz e o ganho de calor solar.

Esses estudos consideram a orientação das fachadas, os períodos de


sombreamento necessário, a carta solar local e o dimensionamento do dispositivo
com o uso do transferidor auxiliar para determinação das máscaras de sombra. A
funcionalidade do brise-soleil à radiação solar direta é avaliada em termos de
eficiência total, parcial ou nula. E se referem à análise da sobreposição da
máscara de sombra à carta solar local, e o atendimento ou não do período de
proteção proposto, na relação entre a orientação da fachada em estudo e os
períodos de sombreamento.

55
Frota e Schiffer (1987) afirmam que “um dispositivo de proteção solar será
eficaz quando for capaz de barrar a radiação solar direta sobre uma dada
superfície ou abertura no período que julgar conveniente”. As autoras trabalham
com um método gráfico denominado traçado de máscaras em projeção
estereográfica, que auxilia na especificação do tipo e dimensão do dispositivo,
através dos ângulos de sombra.

Cálculo de balanço térmico

Croiset (1976) apresenta uma avaliação dos dispositivos de


sombreamento considerando o conforto térmico de verão, e a proteção tanto de
superfícies transparentes como opacas. Não avalia o projeto ou recomendações
de uso, tipologia e orientação, mas analisa a contribuição do sombreamento no
balanço térmico da edificação. Considera que a eficiência de um brise-soleil
depende: da cor da face externa, do isolamento do material, da emissividade da
face interna, da ventilação da camada de ar, e distância da superfície.

Dutra (1994) avalia os três métodos de diagnóstico de brise-soleil: Olgyay


(1963) – método gráfico, Aroztegui (1980) - método das radiações ponderadas, e
Jorge (1993) – método de isolinhas de coeficientes de sombreamento,
comentando as limitações de cada metodologia. Para o autor, os dois primeiros
métodos gráficos consideravam apenas dispositivos com sombreamento total. Já
o de isolinhas, era bastante complexo e de difícil utilização (na época ainda em
desenvolvimento), e em todos critica o referencial: a temperatura externa da
edificação. Propõe então, uma correlação com os dados climáticos da localidade
em estudo, bem como sua aplicação na carta bioclimática de Givoni para definição
de estratégias de projeto. Através de cálculos e softwares, Dutra utiliza arquivos
de dados climáticos TRY (Test Reference Year), cálculos com o método da
admitância, e comparando com a carta bioclimática de Givoni. Ao inverter a

56
metodologia de cálculo, parte do resultado desejável de fator solar, para definir a
estratégia e o desenho do dispositivo.

Simulações com softwares

Góes (1995) avalia, através de simulações com o software “radbrise18”, o


desempenho térmico do sistema brise-soleil/janela. Sugere o uso do software em
conjunto com as técnicas do método gráfico para dimensionamento do brise-soleil,
suprindo aspectos relativos às características físicas do elemento não
consideradas pelos métodos gráficos. Também aponta para a restrição do
software “casamo-clim19” que limita as datas de simulação e desconsidera as
refletividades dos dispositivos.

Kensek et al (1996) desenvolvem um software - “shading mask20” que gera


diagramas solares, desenho do dispositivo de sombreamento, calcula os ângulos
de altura solar e máscaras de sombra.

Kabre (1999) apresenta um aplicativo para ambiente CAD (Computer


Aided Design) denominado “Winshade21”. Segundo a autora, é uma ferramenta de
projeto do controle solar passivo para sistemas de aberturas, que seleciona
dispositivos de proteção solar e o tipo de vidro apropriado à determinada situação.

Laar (2001) utiliza o software “radiance22” na avaliação do brise-soleil do


edifício do Ministério da Educação e Saúde no Rio de Janeiro, simulando três
ângulos distintos para as placas horizontais. Embora considere que a edificação
funciona sem ar-condicionado e seus usuários estão satisfeitos com o clima

18
Software Radbrise. GÓES, C. A. Tese doutorado.
19
Software Casamo-Clim. ABDESSELAM, M. et al. CASAMO-CLIM: Cahier Scientifique. Paris: Agende Française pour la
Maitrise de l’Enegie, 1990.
20
Software Shading Mask. KENSEK,K. et al. Shading Mask: a teaching tool for sun shading devices. University of Southern
California.
21
Software Winshade. KABRE, C. Winshade: a computer design tool for solar control. University of Queensland.
22
Software Radiance.GREENUP, P.; EDMONDS, I. R. Lawrence Berkeley National Laboratory. University of California.

57
interno, enfatiza que as lâmpadas estão sempre acesas, desenvolvendo sua
abordagem em relação à eficiência do elemento em relação à iluminação natural.

Datta (2001) avalia o desempenho térmico do brise-soleil horizontal


incorporando modelagem de sombreamento de janelas ao programa TRNSYS23.
O autor procura desenvolver uma avaliação onde é considerado o controle da
radiação solar, com redução no verão e ganhos no inverno, para reduzir o
consumo de energia, seja de resfriamento seja para aquecimento artificiais.

Corbella e Castanheira (2001) criticam a recomendação amplamente


disseminada de ser desnecessária a utilização de proteção para fachadas sul para
latitudes entre 10 e 35ºS, considerada equivocada baseada em estudos através
de simulações com software “radiação24”.

Edmonds & Greenup (2002) estudam o sombreamento proporcionado por


dispositivos de proteção solar em área tropicais e subtropicais, enfatizando a
redução da luz natural nos ambientes em decorrência do uso desses elementos.
Apresentam exemplos de sistemas mais eficientes para o redirecionamento da luz
natural, com simulações com o uso do software “radiance”.

Práticas experimentais

São poucas as pesquisas que analisam a eficiência dos dispositivos de


proteção solar baseados em experiência de campo. A dificuldade de realização de
ensaios experimentais se deve aos aspectos restritivos, como a variabilidade das
condições climáticas, a pouca disponibilidade e o custo dos equipamentos
necessários, bem como o período de medições necessário a esse tipo de estudo.

23
TRNSYS. Transient simulation program, versão 14.2. Solar Energy Laboratory, University of Wiscosin.
24
Software Radiação. CASTANHEIRA, R. G. 2001. Radiação solar incidente em planos inclinados, fachadas e telhados no
Rio de Janeiro. (mestrado). Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. UFRJ.

58
Lee et al (1998) estudam o balanço entre a admissão da luz natural e a
rejeição ao ganho de calor. Trabalham com uma simulação com o software
“radiance”, e duas experiências práticas: uma utilizando uma câmara calorimétrica
(MoWiTT25) e outro utilizando duas salas idênticas num edifício de escritórios,
durante um ano, sob condições climáticas reais. São comparados os resultados
obtidos para dois tipos de persianas: uma fixa e outra automatizada.

Rivero (1986) comenta estudos desenvolvidos com brise-soleil em


medições de campo. Croiset (1976) relaciona algumas regras para conseguir o
melhor desempenho dos dispositivos de proteção solar, baseado em dados de
ensaios de campo.

Perdigão (1994) testou o “beiral quebra-sol / quebra-chuva”, típico da


arquitetura regional do norte do Brasil, verificando a resposta térmica através da
medição de parâmetros ambientais e coletando dados nos protótipos, sob
condições climáticas reais.

Silva (2001) desenvolveu sua tese simulando sistemas de sombreamento


associando três tipologias de brise-soleil e diferentes tipos de vidros de alto
desempenho. Utilizou o método da caixa quente protegida adaptado e simplificado
para medições de campo, com base na experiência realizada na universidade de
Berkeley (LA-USA) com o MoWiTT.

Kuhn et alli (2001), desenvolveram um estudo de sistemas de


sombreamento utilizando estratégias de controle associadas para avaliação do
conforto térmico e luminoso, cujo objetivo era analisar dispositivos de
sombreamento interno e externos combinados a vidros.

Kapur (2004) estudou o impacto da transferência de calor proveniente da


irradiação das proteções solares através do vidro, variando o tipo de material e
propriedades das superfícies desses elementos, utilizando calorímetros adaptados

25
MoWiTT – Mobile Window Thermal Test. Lawrence Berkeley National Laboratories. University of California.

59
sob condições climáticas reais.

Em relação aos ensaios envolvendo medições em campo ou em


laboratório, Kuhn et alli (2001) afirmam que atualmente não existe uma
metodologia padrão para avaliação de desempenho desses sistemas.

As experiências realizadas em laboratório estabelecem condições de


ensaio e controle, das variáveis envolvidas, concentrando seu foco na análise do
parâmetro desejado, e geralmente utilizam abordagens relativas à calorimetria.
Esse controle sobre as condições de teste se torna inviável para ensaios de
campo devido à variação das condições climáticas. Sendo assim, as pesquisas
realizadas em campo normalmente adotam parâmetros de medição baseados em
experiências que testam o comportamento de outros elementos construtivos,
como as coberturas, vidros e painéis de vedação, coletando dados quantitativos e
efetuando análises comparativas do comportamento dos elementos ensaiados. De
qualquer forma, são poucos ensaios de dispositivos de proteção solar envolvendo
procedimentos de medição, seja em campo ou em laboratório.

Elemento de composição arquitetônica

A composição arquitetônica e a linguagem estética da edificação são


abordadas pelos livros de arquitetura, podendo-se citar Bruand (2002), Mindlin
(2000), Goodwin (1943), e Banham (1975). Estudando o brise-soleil na relação
forma e função, temos os trabalhos de Olgyay & Olgyay (1957), Szokolay (1978),
Rivero (1986), Maragno (2000), Cavalcanti (2000) e Atem (2003). Outros autores
como Conduru (1994), Segawa (1997), e Bonduki (2000) escrevem sobre a obra
de alguns arquitetos comentando a utilização do brise-soleil em seus projetos.

Bruand (2002) destaca o papel do brise-soleil não somente pela sua


função de adequação ao clima local, mas principalmente do resultado plástico

60
formal da aplicação desse elemento nas edificações brasileiras. A variabilidade de
soluções e a expressão arquitetônica geram uma identidade da arquitetura
contemporânea brasileira. Extrapola a função e se afirma como um elemento de
composição arquitetônica.

Goodwin (1943) divulga as obras de arquitetos brasileiros para a


exposição Brazil Builds, em Nova York. Destaca a importância do brise-soleil
como solução ao calor e luminosidade excessiva dos trópicos. Elogia a linguagem
formal resultante do uso desses elementos.

Para Mindlin (2000), “o brise-soleil adicionou um novo elemento à nossa


arquitetura, seja por sua independência com relação às janelas, seja por sua
integração às fachadas, dando-lhes ao mesmo quando fixo, mas mais
especialmente quando móvel, uma característica dinâmica”. O autor mostra a
variabilidade de tipologias e expressões arquitetônicas resultantes da aplicação do
brise-soleil nas obras de arquitetos brasileiros.

Segundo Banham (1975), Le Corbusier se preocupou com a questão


ambiental após adotar as superfícies de vidro como solução formal, e ao deparar-
se com os problemas térmicos conseqüentes, busca uma solução: a criação do
brise-soleil.

Atem (2003) estudou a eficiência do brise-soleil analisando a escolha da


tipologia, orientação e o sombreamento proporcionado por esses elementos, na
obra do arquiteto Vilanova Artigas em Londrina PR.

Maragno (2000) relacionou ambas as abordagens: a eficiência ambiental


do brise-soleil e seu papel na composição plástico formal da edificação, aspectos
até então dissociados nas pesquisas sobre o tema. Nesse estudo, levantou as
estratégias de proteção solar: suas limitações e eficiência relativa à geometria de
insolação, características tipológicas como mobilidade, posição, e material; e o

61
elemento frente à composição arquitetônica, sua inserção no conjunto,
composição, caracterização, importância do elemento na obra. Finaliza
apresentando um quadro síntese de análise comparando ambos aspectos.

Cavalcanti (2000) apresenta uma série de obras do modernismo brasileiro


e descreve a tipologia e funcionamento do brise-soleil dessas edificações.

62
4. MATERIAIS E MÉTODOS

Esta pesquisa sobre dispositivos de proteção solar integra um projeto de


avaliação do comportamento térmico de coberturas e materiais transparentes através
de medições em protótipos, financiada pela FAPESP26. As medições foram realizadas
na área experimental da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da
UNICAMP, em Campinas (interior do estado de São Paulo, Brasil).

4.1 Caracterização da área de estudo

As coordenadas geográficas da cidade de Campinas são: latitude 22º 54’ S,


longitude 47º 03’ W, e 694m de altitude. A região possui topografia levemente ondulada,
em zona de planície, estando exposta à intensa ventilação e insolação.

26
Projeto de Pesquisa FAPESP “Sustentabilidade e eficiência energética: avaliação do desempenho térmico de coberturas e do
comportamento de materiais transparentes em relação à radiação solar” (Processo nº99/11097-6), desenvolvido na Faculdade de
Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (UNICAMP) em conjunto com o Departamento de Arquitetura e Urbanismo (EESC/USP).
Embora, o estudo do brise-soleil não estar previsto no projeto inicial, foi incorporado à pesquisa por se enquadrar no tema de
desempenho térmico de componentes construtivos.

63
Fig. 4.34. Mapa do Campus da UNICAMP – Campinas, SP. (http://www.prefeitura.unicamp.br/prefeitura/ca/mapa/unidade.html)

Fig. 4.35. Localização da área dos protótipos no terreno da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e
Urbanismo – UNICAMP.

64
Segundo Chvatal (1998), o clima da região de Campinas caracteriza-se por um
período de verão abrangendo os meses de novembro a março, e de inverno de junho a
agosto. Nota-se o período de verão maior que o inverno, e portanto, a predominância
do calor sobre o frio. Na tabela a seguir são apresentados os dados climáticos para a
região de Campinas.

temp. média temp. média amplitude umidade chuva total nebulosidade direção velocidade insolação diária
mês máxima (ºC) mínima (ºC) média (ºC) relativa (%) (mm) média ventos ventos (m/s) média (h)
JAN 29,9 19,6 9,3 77,7 252,4 5,9 C 2,0 6,1
FEV 29,7 19,5 10,2 78,5 198,4 6,1 C 2,0 6,4
MAR 28,9 18,7 10,2 77,6 191,0 5,4 SE 2,1 6,5
ABR 27,8 17,4 10,4 76,3 80,3 4,5 SE 2,2 7,5
MAI 25,3 14,8 10,5 76,4 97,1 4,2 C 2,0 6,9
JUN 24,1 12,5 11,6 73,5 43,2 3,5 C 2,1 7,3
JUL 24,6 12,4 12,2 68,0 32,1 2,7 SE 2,7 7,9
AGO 26,3 13,3 13,0 63,9 32,1 3,2 SE 2,9 8,1
SET 26,6 15,0 11,6 68,1 80,7 4,2 SE 3,4 6,4
OUT 28,5 16,8 11,7 68,2 90,8 4,4 SE 3,3 7,0
NOV 29,0 18,3 10,7 69,6 134,6 4,9 SE 2,9 7,5
DEZ 29,1 19,9 9,2 75,3 217,6 6,3 SE 2,5 6,2
Tabela 4.2: Dados climáticos da região de Campinas, período de 1983 a 1997.
Posto meteorológico do Instituto Agronômico de Campinas - Seção Climatologia Agrícola.
Latitude 22º53’S, Longitude 47º04’W, Altitude 694m.

Observa-se que os meses mais quentes são janeiro e fevereiro com médias
máximas entre 29,7 a 29,9ºC, e os mais frios são junho e julho com 12,5 e 12,4ºC
respectivamente. A umidade relativa média do ar é de 76% nos meses de dezembro a
junho, e de 67% de julho a novembro. A época das chuvas é nos meses de dezembro a
março, sendo janeiro o mês mais chuvoso (252,4mm). Os ventos predominantes são de
sudeste e as velocidades próximas a 2,0 m/s na maioria dos meses, exceto em
setembro e outubro, com médias de 3,35 m/s.

a) céu limpo b) parcialmente nublado c) encoberto


Fig. 4.36. Diferença da radiação solar em função da condição de céu em Campinas, solstício de verão.
(Gráficos simulados com o software Luz do Sol, de Maurício Roriz).

65
O número de horas de insolação é menor no verão, devido às condições de céu
predominantemente nubladas, dado confirmado pelos valores de nebulosidade e
chuvas nesse período, embora os meses de verão tenham radiação e duração do dia
maior que no inverno. No inverno o céu limpo possibilita um maior número de horas de
insolação. A maior média ocorre no mês de agosto com 8,1 horas de sol, contribuindo
para isto a baixa umidade relativa e a velocidade dos ventos de 2,9 m/s.

De acordo com a classificação climática de Köppen, o clima da região de


Campinas é o Cwa: clima mesotérmico com verões quentes e estação seca de inverno,
sendo que o mês mais frio apresenta média mensal inferior à 18o C, no verão o mês
mais quente tem média superior à 22o C, e no mês mais seco recebe menos de 60 mm
de chuva. Também sofre a influência das massas de ar Equatorial Continental (Ec),
Tropical Atlântica (Ta) e Polar Atlântica (Pa).

Embora sejam considerados os dados climáticos gerais para a região de


Campinas, a monitoração do microclima local é de grande importância para
estabelecermos relações comparativas com as leituras dos sensores instalados nos
protótipos. Esses parâmetros apresentam variações, que se comparadas com as
médias históricas, podem mascarar a análise dos dados coletados. As variáveis
ambientais monitoradas junto aos protótipos foram: temperatura do ar (ºC), a umidade
relativa (%), velocidade (m/s) e direção (º) dos ventos predominantes, a radiação solar
incidente (W/m2), e pluviosidade (mm).

Fig. 4.37. Carta Solar de Campinas, latitude 22º 54’ S.

66
4.2 Descrição dos protótipos

O desenvolvimento do estudo sobre a eficiência de diferentes tipos de sistemas


de sombreamento, mais especificamente de diferentes tipologias de brise-soleil, foi
baseado em medições em protótipos localizados no terreno da Faculdade de
Engenharia Civil da UNICAMP. Foram construídos seis protótipos para um grupo de
pesquisa. Desta forma, foi avaliado o desempenho das diferentes tipologias de brise-
soleil em relação a um protótipo de referência (sem proteção), para duas orientações
distintas (norte e oeste27) durante uma semana em períodos próximos aos solstícios e
equinócios28, no decorrer de um ano, sob condições climáticas reais.

Fig. 4.38. Vista geral dos seis protótipos no terreno da FEC (fase de finalização).

O projeto do protótipo foi proposto com base nas dimensões, materiais


construtivos e detalhamentos semelhantes aos protótipos desenvolvidos na USP de
São Carlos, pois a meta do grupo era coletar dados experimentais em São Carlos e
Campinas para efetuar comparações acerca dos diferentes climas das cidades. Dessa
forma, ambos os conjuntos em ensaios na UNICAMP e na EESC/USP foram

27
As orientações norte e oeste são as mais expostas a radiação solar incidente, dentre as superfícies verticais. A primeira recebe o
maior número de horas de insolação, e a segunda embora seja simétrica à exposição leste, recebe o sol da tarde quando as
temperaturas do ar externo estão mais elevadas do que as registradas nos horários da manhã.
28
As datas próximas aos solstícios e equinócios foram selecionadas por serem as situações mais significativas em relação ao
movimento aparente do sol, representando as alturas solares máxima, média e mínima.

67
construídos em condições idênticas. Entretanto, optou-se por trabalhar numa
universidade o ensaio de coberturas (superfície horizontal), e na outra os ensaios das
aberturas com vidro e/ou sistemas de sombreamento (superfície vertical).

Assim, foram realizadas adaptações no projeto dos protótipos visando obter a


melhor situação de coleta de dados para o plano vertical que contém os sistemas de
abertura em estudo: as dimensões da abertura foram definidas com base em padrões
de janela disponíveis no mercado, para permitir futuras comparações; o ganho de calor
pela cobertura deveria ser minimizado com a utilização um sistema composto por laje,
ático ventilado, e filme de alumínio polido tipo “foil” junto ao caibramento da cobertura
de telha fibro-vegetal; e também, todas as faces do protótipo pintadas de branco para
aumentar a reflexão da radiação solar. Optou-se por pintar todas as faces do ambiente
interno de branco, procurando criar condições semelhantes à maioria das edificações
existentes, prevendo a realização de um teste futuro envolvendo medições com
diferentes colorações do ambiente interno, registrando possíveis diferenças nas
temperaturas e nas condições de luminosidade.

Para facilitar a troca das fachadas em ensaio, o painel equivalente era


removível, sendo confeccionado em moldura de madeira, e travado em sua posição
com auxílio de pequenos fechos metálicos.

Foram inseridos nas fachadas sistemas para a sustentação de cada elemento


de sombreamento em estudo: um requadro para acomodar as nove peças do elemento
vazado, barras de metalon para apoiar o brise-soleil horizontal e “mão francesa” para
fixar a tipologia vertical. Esses suportes foram distanciados da alvenaria em 5 cm e
poucos pontos de apoio, evitando o contato do brise-soleil com a parede para reduzir a
transferência de calor por condução e permitir a circulação de ar. Como os ensaios de
cada pesquisador se intercalaram durante o ano, os elementos de sombreamento
deveriam ser removíveis.

De acordo com o desenvolvimento do trabalho do grupo de pesquisa, foram


construídos seis (6) protótipos, sendo um para referência e controle, e os cinco

68
restantes para ensaio dos elementos construtivos. Foi elaborado um cronograma para
organizar as seqüências de medições de cada pesquisador, prevendo uma semana de
testes para cada orientação.

Descrição

O protótipo experimental foi construído sobre uma base de radier de concreto


desempenado (3,20 x 3,70m), com piso interno em concreto com revestimento em
argamassa de cimento desempenada. Possui paredes de tijolos de barro maciço sem
revestimento (½ tijolo / 10,0 cm espessura), assentados com argamassa comum de
cimento e pintados na cor branca (interna e externamente). Dimensões externas de
2,20 x 2,70 m e internas de 2,00 x 2,50 m, com uma área útil de 5,00 m2, pé direito de
2,40m, e volume interno de 12,00 m3.

Fig. 4.39. Vista de dois protótipos em finalização. Fig. 4.40. Vista dos protótipos finalizados.

Na face superior, uma laje pré-moldada (cerâmica e concreto) também pintada


de branco, com ático ventilado por aberturas em trama de tijolos de barro nos oitões
das faces leste/oeste. A cobertura é de telha fibrovegetal, pintada externamente de
branco, e junto ao caibramento de sustentação, um filme de alumínio polido (isolante
térmico tipo “foil”), reduzindo a influência da superfície mais exposta à radiação solar

69
Cobertura

Fig. 4.41. Cobertura, planta e cortes dos protótipos.

70
Fig. 4.42. Fachadas dos protótipos.

71
nos resultados das medições. As portas e janelas são de madeira (cedro), e para a
superfície transparente foi adotado como referência o vidro incolor de 4mm.

As duas aberturas para análise estão voltadas para as faces norte e oeste
(orientações mais problemáticas), com dimensões de 1,20 x 1,00m, e peitoril de 1,10m.

A fachada maior está orientada a Norte/Sul (2,70m) e a menor a Leste/Oeste


(2,20 m).
Quando uma das fachadas estava sendo avaliada a outra teve sua abertura
vedada por um painel com resistência térmica equivalente29 à parede de tijolos, estando
ambas totalmente seladas para evitar a interferência da ventilação. Para facilitar o
manuseio e troca de vidros e painéis equivalentes, optou-se por colocar o vidro numa
moldura de madeira sobre batente, com alças e fechos de travamento, ficando a área
envidraçada efetiva com as dimensões de 0,86 x 1,06 m, e área de 0,91 m2.

As superfícies envidraçadas não possuem aberturas para ventilação, sendo o


interior dos protótipos um ambiente fechado. A intenção era de restringir as variáveis
envolvidas, pois a ventilação poderia interferir na temperatura interna, trazendo o calor
dissipado pelos dispositivos.

Um protótipo foi destinado para referência e controle, estando totalmente


exposto à radiação solar, nas mesmas orientações, porém sem os dispositivos de
proteção solar.

Nos demais protótipos foram instalados sobre a superfície transparente os


seguintes dispositivos de sombreamento: brise-soleil horizontal (madeira e concreto),
brise-soleil vertical (madeira e concreto), e elemento vazado (concreto).

Os protótipos estão distanciados de forma que não haja sombreamento das


paredes ou sombras de vento, a fim de garantir condições homogêneas de implantação
para todos.

29
Ver anexo 02. Painel equivalente.

72
Fig. 4.43. Face Norte Fig. 4.44. Face Leste

Fig. 4.45. Face Sul. Fig. 4.46. Face Oeste.

73
4.3 Descrição do brise-soleil

As tipologias de brise-soleil adotadas nesse estudo são brise-soleil horizontal,


vertical e combinado, fixos, sendo os materiais utilizados concreto e madeira.

(a) brise-soleil horizontal (b) brise-soleil vertical (c) brise-soleil combinado


Fig. 4.47. As três tipologias de brise-soleil em ensaio.

Os dispositivos de sombreamento estudados foram dimensionados com base


no ângulo de sombra do elemento vazado, disponível comercialmente, que foi adquirido
para este estudo.

A partir das suas dimensões, foi montada a máscara de sombra deste elemento
sobre a carta solar para a latitude de Campinas e do transferidor auxiliar. O ângulo de
obstrução obtido foi adotado como parâmetro para definir as dimensões das outras
tipologias de brise-soleil. Dessa forma, foi determinada a largura das peças em 0,34m.
A espessura dos elementos também foi baseada na dimensão da parede das células do
elemento vazado, sendo de 0,025m.

Adotou-se um padrão para estabelecer comparações entre os dados a serem


coletados, uma vez que a avaliação de eficiência do brise-soleil pela geometria de
insolação é analisada pelo ângulo de obstrução, independente da variação formal da
solução adotada. Entretanto, as máscaras de sombra resultantes de cada tipologia são

74
distintas, pois os elementos em teste não são infinitos, restringindo-se a encobrir
apenas a área envidraçada.

Fig. 4.48. Máscaras de sombra das três tipologias em estudo.

25/06 a 08/07

17/03 a 05/04

09/02 a 11/02

09/01 a 19/01

Fig. 4.49. Carta Solar de Campinas, latitude 22º 54’ S, identificação do período de calor excessivo, e
indicação das datas de medição.

75
Fig. 4.50. Máscaras de sombra dos dispositivos de proteção aplicadas sobre a carta solar de Campinas e
período de calor excessivo, conforme orientação da fachada em teste.

Todos os elementos foram colocados a uma distância de 0,05m da fachada,


evitando o contato direto das peças com a alvenaria, com o objetivo de reduzir a
condução de calor e promover alguma circulação de ar entre as peças e a alvenaria.

Os materiais construtivos utilizados foram o concreto e a madeira30, em


referência às edificações da arquitetura moderna brasileira. Embora utilizasse outros
materiais construtivos, como o cimento amianto e o alumínio, entre outros, o material
adotado com maior freqüência era o concreto.

Propriedades térmicas dos materiais: concreto: ρ 2200 kg/m ; λ 1,75 W/(m.K); c 1,00 kJ/(kg.K).
30 3

madeira: ρ 500 kg/m ; λ 0,15 W/(m.K); c 1,34 kJ/(kg.K).


3

76
Elemento vazado

Fig. 4.51. O elemento vazado utilizado e suas dimensões.

Foram utilizadas nove peças do elemento vazado para fazer a proteção solar de
um dos protótipos. Esse elemento combina lâminas verticais e horizontais, e é
denominado "combinado". Cada uma das peças pesa 18 quilos, totalizando 162 quilos
na trama ensaiada. Cada peça possui uma área de 0,16m2 e área de trama de 0,10m2.
A área da trama das 9 peças (0,57m2) sobre a área envidraçada (0,91m2), representa
uma relação de 62,6% da área do vidro sombreada pelo sistema.

Foram colocados sobre um requadro metálico, e como era necessário que


fossem removíveis (para a troca de fachada), não foi utilizada argamassa de
assentamento, ficando apenas sobrepostos e amarrados com arame zincado.

Fig. 4.52. Vistas externa e interna da janela protegida pelo elemento vazado.

77
Placas horizontais e verticais:

O comprimento do brise-soleil horizontal e vertical foi definido com base nas


dimensões da área da janela, 1,20 x 1,00m, acrescido de 0,05m para permitir a fixação
dos dispositivos na fachada. As dimensões dos dispositivos são: 1,25 x 0,34 x 0,025m.

As peças de concreto foram moldadas com cimento, areia e pedrisco, traço de


1:3:2; e tela de galinheiro. Cada placa de concreto pesa 25 quilos. As placas de
madeira foram feitas com pinho, e pesam cerca de 7 quilos.

Para compor a tipologia horizontal foram instaladas três peças, sustentadas por
apoios metálicos. A tipologia vertical é composta por quatro placas, instaladas com
auxílio de mão-francesa.

Fig. 4.53.Protótipos com o brise-soleil vertical Fig. 4.54. Protótipos com brise-soleil horizontal.
de madeira e concreto. Ao lado o protótipo referência, e ao fundo
o protótipo com elemento vazado.

Quando as placas são dispostas na posição horizontal, a área da trama


(0,106m2) sobre a área envidraçada (0,91m2), representa uma relação de 11,6% da
área do vidro sombreada pela tipologia horizontal em estudo. Para a posição vertical, a
área da trama (0,086m2) sobre a área envidraçada (0,91m2), representa uma relação de
9,5% da área do vidro sombreada pelo sistema.

78
Cores:

Na revisão bibliográfica foram encontradas diferentes abordagens em relação à


influência da cor dos elementos de sombreamento e sua eficiência. Como a influência
da cor não era o foco desse estudo, optou-se por adotar um padrão de cinza claro com
refletância de 50% para comprimentos de onda do espectro solar. Para comprimentos
de onda longa a cor não interfere na absorção de calor dos elementos.

Dessa forma, todos os dispositivos de proteção solar foram pintados com a


mesma cor, que foi selecionada após um teste espectrofotométrico31 de dez amostras
de madeira de 0,03 x 0,03m, pintadas com uma mistura de tinta branco neve com
pigmento preto em diferentes percentuais de diluição.

Refletância - Ensaio Proporções

100

90

80
Branco Neve
70 50ml 5
50ml 10

60 50ml 15
Refletância (%)

50ml 20
50ml 25
50
50ml 30
50ml 35
40 50ml 40
50ml 50
30 50ml 60
Pigmento Preto
20

10

0
248
298
348
398
448
498
548
598
648
698
748
798
848
900
1000
1100
1200
1300
1400
1500
1600
1700
1800
1900
2000
2100
2200
2300
2400
2500

Comprimento de Ondas (nm)

Fig. 4.55. Gráfico das refletâncias das amostras de tons de cinza, obtidos através de teste
espectrofotométrico.

31
O teste espectrofotométrico foi realizado no Laboratório de Espectrofotometria da EESC USP, São Carlos.

79
Refletância - 50ml30

100,00

90,00

80,00

70,00

60,00

Refletância (%)
50,00

40,00

30,00

20,00

10,00

0,00
248
298
348
398
448
498
548
598
648
698
748
798
848
900
1000
1100
1200
1300
1400
1500
1600
1700
1800
1900
2000
2100
2200
2300
2400
2500
Comprimento de Onda

Fig. 4.56. Gráfico de refletância 50%, da amostra selecionada, diluição 50ml / 30 gotas.

Foi selecionada a cor da amostra que continha 30 gotas de pigmento preto


diluído em 50ml de tinta branco neve, que apresentou uma refletância média de 50%
para os comprimentos de onda da radiação solar.

Os protótipos na área experimental

Fig. 4.57. Vista dos protótipos finalizados, sem Fig. 4.58. Vista dos protótipos com os dispositivos
a instalação dos dispositivos. de sombreamento em ensaio na fachada norte.

80
Fig. 4.59. Vista dos protótipos com os dispositivos de sombreamento em ensaio
instalados na fachada oeste.

Identificação dos protótipos:

- Protótipo A – Brise horizontal de concreto;


- Protótipo B – Elemento vazado (concreto);
- Protótipo C – Brise horizontal de madeira;
- Protótipo D – Referência (sem dispositivos de sombreamento);
- Protótipo E – Brise vertical de concreto;
- Protótipo F – Brise vertical de madeira.

N
ta l
r ime n
e xpe
á rea
A
B

C
D

E
F

. rua

Fig. 4.60. Área experimental com identificação dos protótipos. (desenho sem escala).

81
4.4 Períodos, horários e intervalos das medições

Período de Medição

O período de medição foi de um ano acompanhando a variação sazonal


do clima. Dessa forma, foram coletados dados nos meses de janeiro32, março, e
junho de 2004, com medição das variáveis dos protótipos - temperatura do ar e
temperaturas superficiais. Cada dispositivo foi testado durante uma semana,
expostos nas fachadas norte ou oeste, em três estações do ano (verão, outono e
inverno).

Durante cada estação monitorada, as medições foram realizadas em


datas próximas aos solstícios e equinócios, visando facilitar a comparação com
estudos de geometria de insolação.

Horário de Medição

Na carta solar, os horários representados são referentes ao tempo solar


verdadeiro (TSV) e não o horário do tempo legal (– 3:00 horas em relação a
Greenwich, no Brasil denominado horário de Brasília). Para Campinas, latitude 22º
54’ S e longitude 47º 03’ W, as maiores diferenças de horário observadas (meio-
dia solar) para os períodos monitorados foram no dia 11/02 com + 06 minutos e 04
segundos (12:06:04 horas), e no dia 05/04 com – 05 minutos e 36 segundos
(11:54:24 horas). Constatou-se que a variação é pequena, e não altera
significativamente as observações realizadas no tempo legal.

No anexo III – Cálculo do horário solar, apresentam-se os valores da


equação do tempo para a cidade de Campinas (latitude 22º 54’, longitude 47º 03’),
para os períodos monitorados no ano de 2004.

32
Por problemas operacionais e de datas de férias da universidade, a medição de dezembro foi adiada para janeiro. Outro
problema ocorrido foi a perda de dados na segunda semana para a fachada oeste. Assim, foram complementados com
dados coletados nos dias 10 a 12 de fevereiro.

82
Na configuração do sistema de aquisição de dados, não foi considerado o
horário de verão, mantendo o horário legal como padrão durante todo o período de
medição.

Intervalos de Medição

A leitura dos sensores foi configurada, em intervalos pré-estabelecidos,


registrando os dados a cada 30 segundos, com totalizações a cada 10 minutos, a
partir desses dados foram calculadas as médias a cada 30 minutos.

4.5 Equipamentos

Para realizar as medições foi utilizado um sistema de aquisição de dados


composto por duas unidades básicas que fazem a coleta automática e o
armazenamento dos dados meteorológicos e das temperaturas dos protótipos:

- registrador automático (data logger CR 10X - measureament and


control system);

- multiplexador33 com 32 canais (AM 416), conectado ao data logger.

Acessórios:

- painel solar, 10W (suprimento energia da bateria, orientado a norte,


com inclinação de 10º para a latitude de Campinas, limpo
periodicamente);

33
Mutiplexador é um equipamento que possui diversas entradas e uma saída, efetuando um roteamento dos dados de
saída conforme a configuração do intervalo de aquisição de dados.

83
- bateria recarregável 12V (PS12LA, regulador de voltagem, filtro e
proteção contra raios);

- cabo serial padrão (RS 232, SC25PS);

- módulo externo de memória (SM192);

- interface serial para módulo de memória (SC32A);

- teclado externo;

- software PC 208W Data Logger Support Software, versão 3.3,


Campbell Scientific.

Ambos - data logger e multiplexador, e a bateria estão abrigados numa


caixa selada instalada no tripé da estação meteorológica, assim como o painel
solar. Os demais acessórios são guardados no Laboratório de Conforto Ambiental
e Física (LACAF) que realiza o monitoramento da estação.

A estação meteorológica (tripé e sensores), e o sistema de aquisição de


dados estão instalados na área experimental da Faculdade de Engenharia Civil,
Arquitetura e Urbanismo da UNICAMP.

Fig. 4.61. Vista dos protótipos com as tipologias em ensaio Fig. 4.62. Estação meteorológica

84
Estação Meteorológica

As variáveis ambientais (temperatura do ar, umidade relativa, direção dos


ventos predominantes, velocidade do vento, radiação solar e índice pluviométrico)
foram medidas por uma pequena estação meteorológica marca Campbell
Scientific, composta por:

- tripé (CM 6, altura variável até o máximo de 3,50m);

- e sensores:

- termo higrômetro CS 500 - temperatura (-34 a +50ºC) e umidade


relativa (0 a 90%, precisão de ±3% , a 20ºC), com proteção para
radiação térmica (abrigo meteorológico);

- sensor de direção ( vane - 0 a 355º e precisão 5º) e velocidade dos


ventos (anemômetro wind sentry – de 0 a 60 m/s, precisão 0,5 m/s) -
(conjunto 03001);

- piranômetro SP-lite, Kipp & Zonen – radiação solar (400 a 1000 nm –


compreende região do visível e infra-vermelho próximo, precisão de
±3% , a 20ºC), com base de nivelamento (limpo periodicamente);

- pluviômetro TB4–L – precipitação. Sistema de báscula.

Os sensores estão montados sobre o tripé de 3,5m de altura máxima, com


exceção do pluviômetro que conta com apoio próprio independente dessa
estrutura. Nessa estrutura também foi alocado o painel solar, um para raios com
aterramento (fio terra), e uma caixa selada contendo o data logger, o
multiplexador, e a bateria.

Os serviços de instalação e montagem da estação, e do sistema de


aquisição de dados, bem como a configuração dos parâmetros de coleta e

85
registro, foram executados pelos representantes técnicos da Campbell Scientific
do Brasil, e acompanhados pela equipe de pesquisa.

Fig. 4.63. Esquema da Estação Meteorológica Campbell Scientific.

86
Fig. 4.64. Sensores da Estação Meteorológica Campbell Scientific

1. Temperatura e umidade relativa 2 e 3. Direção e velocidade dos ventos

4. Radiação solar

5. Pluviômetro 6 e 7. Data logger e multiplexador

87
Termopares

Os dados relativos aos protótipos foram coletados através de termopares


tipo T (cobre-constantan), 24 awg, ANSI (padrão americano), conectados ao
multiplexador (seus 32 canais possibilitam a conexão de todos os termopares
instalados em cada um dos protótipos, permitindo leituras simultâneas).

Localização dos termopares

Para aquisição dos dados de temperatura interna e temperaturas


superficiais foram utilizados cinco termopares em cada um dos seis protótipos,
estando distribuídos da seguinte forma:

- 01 termopar no centro do protótipo, a uma altura de 1,30m (altura do


tórax) , para medir a temperatura do ar ambiente (bulbo seco) - n.º 1.34

- 01 termopar na superfície interna do vidro (centro), para leitura da


temperatura superficial deste elemento - n.º 2.

- 01 termopar na superfície interna da parede em estudo, abaixo da


janela (0,50m do piso) - n.º 3.

- 01 termopar externo ao protótipo, na superfície superior (ou


esquerda) do dispositivo de sombreamento em estudo (centro da peça)
- n.º 4.

- 01 termopar externo ao protótipo, na superfície inferior (ou direita) do


dispositivo de sombreamento em estudo (centro da peça) - n.º 5.

Para minimizar a influência da radiação solar incidente nas leituras dos


termopares foi utilizado um pequeno pedaço de isopor (± 3 x 3cm e 0,5cm de
espessura) para cobrí-los, fixados na superfície com cola quente. Para aumentar o
contato do sensor com a superfície utilizou-se pasta térmica.

34
Este sensor permite avaliar as influências de cada configuração dos dispositivos através da medição da temperatura do ar
ambiente, sendo destinado a monitoração do comportamento térmico do ar no interior da edificação (sofre influências dos
mecanismos de troca de calor por condução, convecção e radiação).

88
Assim, coleta-se os dados do ambiente interno, e temperaturas
superficiais da parede, do vidro e dos dispositivos de sombreamento.

Fig. 4.65. Posicionamento dos sensores nos dispositivos.

Os sensores foram instalados nas peças mais centrais de cada


dispositivo. No elemento vazado, foi colocado na peça do meio, nas superfícies
superior e inferior. No brise-soleil horizontal, na placa do meio, nas superfícies
superior e inferior. E no brise-soleil vertical, foi localizado na terceira placa (a partir
da esquerda), e posicionado na peça nas faces esquerda e direita em relação ao
observador olhando para a fachada do protótipo.

Fig. 4.66. Posicionamento dos sensores no ambiente interno, temperatura do ar e temperaturas


superficiais internas do vidro e da parede.

89
4.6 Dados coletados

O sistema de aquisição de dados efetuou as leituras dos sensores e


termopares (através do multiplexador), e armazenadas no data logger. Depois,
transferidas ao módulo de memória (cabo RS 232), e descarregadas no
microcomputador - software PC-208W Campbell Scientific.

Foram realizados alguns testes iniciais, como forma de treinamento dos


usuários, com o sistema de aquisição de dados (modo de coleta e descarga) e uso
do software com assessoria de representantes da Campbell Scientific do Brasil.

Foram adquiridos dados diários das variáveis ambientais (temperatura do


ar, umidade relativa, radiação solar, índice pluviométrico, direção e velocidade dos
ventos), e das variáveis medidas nos protótipos (temperatura do ar, temperatura
radiante, temperaturas superficiais e umidade relativa), expostos nas fachadas
norte ou oeste durante uma semana (cada orientação), por estação do ano nos
períodos próximos às datas de equinócios e solstícios de verão e inverno.

Por exemplo, coletou-se dados diários em médias de 30 minutos, para


cada sensor, para cada protótipo com uma das tipologias em ensaio, para uma
dada orientação, durante uma semana (7 dias), em determinada estação do ano.
Coletando 48 dados diários, 5 sensores, 6 protótipos, 7 dias, 2 orientações, 4
estações do ano, totalizando 80.640 dados brutos das variáveis medidas nos
protótipos. Somam-se também os dados das variáveis ambientais, sendo 6
sensores, com 48 dados diários, por duas semanas (14 dias), 4 estações do ano.

Considerando válidos apenas os dados coletados em situações de


incidência solar direta35, sendo descartados os dias com condições de céu
encoberto ou chuvosos, uma vez que o brise-soleil tem por função interceptar os
raios solares. Outras medições desprezadas foram as referentes aos dias de troca
dos elementos de fachada.

35
Embora a radiação difusa represente uma pequena contribuição, não será tratada neste estudo.

90
Dados

Devido a razões de ordem operacional, as medições só foram iniciadas


em setembro de 2003, a partir de um pré-teste. Neste momento somente o
protótipo B contava com o dispositivo de sombreamento instalado (elemento
vazado), os demais protótipos passavam por testes com medições com os vidros
(outra pesquisa ligada ao grupo de trabalho dos protótipos).

Em janeiro de 2004 iniciaram-se as medições. Os dados brutos coletados


pelo sistema de aquisição apresenta uma tabela em extensão “.dat”, padrão do
programa “PC 208W Data Logger Support Software”. Este foi convertido em
planilhas EXCEL (.xls), sendo classificados em vários arquivos com dados diários
referentes a cada período monitorado.

Os gráficos apresentam médias diárias para as variáveis ambientais, o


protótipo referência e demais protótipos, contendo as variáveis neles monitoradas.

Também foram elaborados gráficos considerando as comparações entre:

- Para temperatura do ar externo e temperaturas do ar interno dos


protótipos;

- para temperaturas superficiais medidas nos protótipos por estação;

- para temperaturas superficiais por orientação da fachada.

Análise dos resultados

Os dados coletados pelo sistema foram avaliados em etapas:

1) dados brutos sem tratamento;

2) seleção de dados;

3) gráfico dos elementos atmosféricos externos;

91
4) análise comparativa do comportamento térmico dos dispositivos de proteção
solar, considerando:

- as variáveis ambientais monitoradas pela estação meteorológica;


- o protótipo referência e cada um dos protótipos com diferentes dispositivos;
- os protótipos e a estação do ano;
- os protótipos entre si.

5) análise estatística.

- análise da variância para os dados monitorados.

Foram elaborados planilhas e gráficos em MS Office EXCEL,


apresentando os dados coletados, mostrando os resultados para cada tipologia
dos dispositivos de sombreamento testados. Os resultados foram comparados
com estudos gráficos de geometria de insolação para cada situação em estudo.

92
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seguir, são apresentados e discutidos resultados dos gráficos das médias dos
dados diários coletados para cada horário, por estação.

No verão o período de coleta foi de 09/01 a 11/02, no outono de 17/03 a 05/04,


e no inverno de 25/06 a 08/07. Entretanto, os dias 26/03 e 02/07 não foram
considerados, pois os protótipos estavam sendo reconfigurados para alteração das
fachadas de oeste para norte. Assim como nos dias 09/01, 11/02, 17/03, 05/04, 25/06 e
08/07, para os quais os dados coletados foram parciais, e também estavam em troca os
vidros, e fixação ou retirada dos dispositivos de proteção solar em estudo. Portanto, os
intervalos de dados analisados foram:

Verão: - fachada norte: de 10 a 18 de janeiro;


- fachada oeste: 09 e 10 de fevereiro36.

Outono: - fachada oeste: de 18 a 25 de março;


- fachada norte: de 27 de março a 04 de abril.

Inverno: - fachada oeste: de 26 de junho a 01 de julho;


- fachada norte: de 03 a 07 de julho.

36
Por problemas operacionais ocorreu uma perda de dados na segunda semana para a fachada oeste. Assim, foram coletados
apenas os dias 09 a 11 de fevereiro, sendo desprezado o dia 11, por estar em troca de fachada, vidros e dispositivos em teste.

93
Nos intervalos definidos acima, para que as médias dos valores horários dos
dias monitorados pudessem ser utilizadas como parâmetro de análise e comparação,
os dias atípicos foram desprezados (condição de céu encoberto ou chuvoso, e também
algum evento isolado que refletisse em alteração do padrão da temperatura do ar
externo). Constam do apêndice – Dados Coletados, os gráficos diários para todas as
situações monitoradas.

Na análise estatística verificou-se que não houve diferença significativa entre os


parâmetros ambientais dos dias monitorados, apontando apenas para alguns desvios
ou dispersão de dados, relacionados com situações de queda brusca da temperatura
externa por alteração das condições climáticas (chuva ou céu encoberto). No caso da
temperatura interna dos protótipos, foi registrado um evento isolado denominado como
“efeito jardineiro”: refere-se aos dias em que o jardineiro ia ao campo experimental para
realizar a manutenção e serviços de jardinagem do gramado, nessas ocasiões as
portas dos protótipos eram abertas, alterando os valores coletados. O evento ocorreu
em horários próximos das 11:00 horas, nos dias 10/02, 18/03 e 27/0337.

De qualquer forma, como foi coletada uma quantidade de dados expressiva, e


com o intuito de filtrar e apurar as médias, para comparar as relações entre os fatores
envolvidos optou-se por desprezar os dias atípicos e eventos isolados, reduzindo o
desvio padrão.

Apresentam-se a seguir os resultados obtidos e os gráficos com as


temperaturas do ar médias (externo e interno dos protótipos), e as temperaturas
superficiais, para comparação dos dias monitorados no verão, outono e inverno, com
orientações para norte e oeste. Após esses dados, são mostrados os gráficos por
fachada, visualizando as diferenças sazonais. Por fim, a análise estatística com a
interação entre os fatores envolvidos.

37
A interferência do “efeito jardineiro” também foi registrada na experiência da outra pesquisadora, Adriana Castro, que testava
diferentes tipos de vidro.

94
Variáveis ambientais – verão: período 11 a 18 de janeiro.

Temperatura e Umidade Relativa - Média (seleção 11 a 18/01) - Norte

35,00 100,00

88,38%, 6:00h

30,58ºC, 15:30h
30,00 80,00

Umidade Relativa (%)


Temperatura (ºC)

25,00 60,00

45,23%, 16:30h
20,00 40,00

18,66ºC, 6:00h

15,00 20,00

10,00 0,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
Horário (hs)

Fig. 5.67. Gráfico de temperatura e umidade relativa para o período de 11 a 18/01.

Radiação Solar - Média (seleção 11 a 18/01) - Norte

1000,00

2
836,06 W/m , 14:00h

800,00
Radiação (W/m2)

600,00

400,00

200,00

0,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

Horário (hs)

Fig. 5.68. Gráfico de radiação solar para o período de 11 a 18/01.

Hora 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Dir. SE SE SE SE SE SE SE SE SE SE SE SW
Vel. 1,92 1,73 1,09 1,04 0,67 0,72 1,03 1,69 1,99 2,09 2,18 2,19
Hora 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Dir. SW SW SW SW SW S S SE SE SE SE SE
Vel. 2,06 2,28 2,50 2,80 2,83 3,04 3,03 3,01 3,18 3,13 2,43 2,62
Tabela 5.3. Dados de direção e velocidade dos ventos para o período de 11 a 18/01.

Índice pluviométrico: total chuva = 3,81 mm.

95
Variáveis ambientais – verão: período 09 e 10 de fevereiro.

Temperatura do Ar e Umidade Relativa - Média 09 e 10/02 - Oeste

35,00 100,00

87,03%, 05:30h

30,00 80,00
28,19ºC, 15:30h

Umidade Relativa (%)


Temperatura (ºC)

25,00 60,00

20,00 40,00
43,56%, 15:30h

16,28ºC, 05:30h
15,00 20,00

10,00 0,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
Horário (hs)

Fig. 5.69. Gráfico de temperatura e umidade relativa para os dias 09 e 11/02.

Radiação Solar - Média 09 e 10/02 - Oeste

1000

898,00 W/m2, 14:00h

800
Radiação (W/m2)

600

400

200

0
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

Horário (hs)

Fig. 5.70. Gráfico de radiação solar para os dias 09 e 10/02.

Hora 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Dir. E SE SE SE SE SE SE SE SE SE SE SE
Vel. 1,72 2,18 1,96 2,06 1,99 1,02 1,56 3,00 3,56 3,64 3,25 0,95
Hora 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Dir. SE SE SE SE SE SE SE SE SE SE SE SE
Vel. 3,04 3,20 3,58 3,59 3,82 3,23 3,95 4,17 4,05 4,39 4,52 3,97
Tabela 5.4. Dados de direção e velocidade dos ventos para os dias 09 e 10/02.

Índice pluviométrico: Não houve incidência de chuva no período. Total chuva = 0.

96
Variáveis ambientais – outono: período 20 a 25 de março.

Temperatura do Ar e Umidade Relativa - Média (seleção 20 a 25/03) - Oeste

35,00 100,00

86,84%; 06:00h

30,00 80,00

26,64ºC; 15:00h

Umidade Relativa (%)


Temperatura (ºC)

25,00 60,00

20,00 45,28%; 15:00h 40,00

15,00 15,91ºC; 06:00h 20,00

10,00 0,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
Horário (hs)

Fig. 5.71. Gráfico de temperatura e umidade relativa para o período de 20 a 25/03.

Radiação Solar - Média (seleção 20 a 25/03) - Oeste

1000

2
786,04 W/m ; 12:00h
800
Radiação (W/m )

600
2

400

200

0
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

Horário (hs)

Fig. 5.72. Gráfico de radiação solar para o período de 20 a 25/03.

Hora 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Dir. SE SE SE SE SE SE S S S SE SE S
Vel. 2,22 1,85 1,73 1,61 1,44 1,32 1,68 2,14 2,53 2,42 2,32 2,32
Hora 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Dir. S S S S S S S SE SE SE SE SE
Vel. 2,12 2,16 2,63 2,77 2,52 2,60 2,81 2,80 3,34 3,51 3,19 2,61
Tabela 5.5. Dados de direção e velocidade dos ventos para o período de 20 a 25/03.

Índice pluviométrico: total chuva = 0,08 mm.

97
Variáveis ambientais – outono: período 28 de março a 02 de abril

Temperatura do Ar e Umidade Relativa - Média (seleção 28/03 a 02/04) - Norte

35,00 100,00

91,90%; 06:30h

30,18ºC; 15:00h
30,00 80,00

Umidade Relativa (%)


Temperatura (ºC)

25,00 60,00

20,00 40,00

33,40%; 15:00h
16,73ºC;
15,00 06:30h 20,00

10,00 0,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
Horário (hs)

Fig. 5.73. Gráfico de temperatura e umidade relativa para o período de 28/03 a 02/04.

Radiação Solar - Média (seleção 28/03 a 02/04) - Norte

1000

2
805,27 W/m ; 12:30h
800
Radiação (W/m2)

600

400

200

0
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

Horário (hs)

Fig. 5.74. Gráfico de radiação solar para o período de 28/03 a 02/04.

Hora 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Dir. SE SE SE E E E E SE SE SE SW SW
Vel. 1,38 1,17 1,01 1,07 0,82 0,57 0,70 0,77 0,84 1,44 1,52 1,62
Hora 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Dir. W W W SW S S SE SE SE SE SE SE
Vel. 1,73 1,79 1,81 1,78 1,88 2,07 1,62 2,00 1,90 2,73 2,79 2,59
Tabela 5.6. Dados de direção e velocidade dos ventos para o período de 11 a 18/01.

Índice pluviométrico: Não houve incidência de chuva no período. Total chuva = 0.

98
Variáveis ambientais – inverno: período 26 de junho a 01 de julho.

Temperatura do Ar e Umidade Relativa - Média (26/06 a 01/07) - Oeste

35,00 100,00

87,96%; 07:00h

30,00 80,00

26,70ºC;

Umidade Relativa (%)


Temperatura (ºC)

25,00 60,00

20,00 40,00
42,92%; 15:30h

15,00 20,00
15,67ºC; 07:00h

10,00 0,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
Horário (hs)

Fig. 5.75. Gráfico de temperatura e umidade relativa para o período de 26/06 a 01/07.

Radiação Solar - Média (26/06 a 01/07) - Oeste

1000,00

800,00

2
565,38 W/m ; 12:30h
Radiação (W/m2)

600,00

400,00

200,00

0,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

Horário (hs)

Fig. 5.76. Gráfico de radiação solar para o período de 26/06 a 01/07.

Hora 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Dir. SE SE SE SE SE SE E E SE NE NE NE
Vel. 2,71 2,49 1,77 1,56 2,24 1,78 2,73 2,98 1,55 1,64 1,51 1,68
Hora 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Dir. NE NE N SW NE NE E E SE SE SE SE
Vel. 1,73 1,73 2,78 1,78 2,09 1,48 1,77 2,01 2,14 2,10 1,23 1,46
Tabela 5.7. Dados de direção e velocidade dos ventos para o período de 26/06 a 01/07.

Índice pluviométrico: Não houve incidência de chuva no período. Total chuva = 0.

99
Variáveis ambientais – inverno: período 03 a 07 de julho.

Temperatura do Ar e Umidade Relativa - Média (03 a 07/07) - Norte

35,00 100,00
91,83%;

30,00 80,00

26,96ºC; 14:30h

Umidade Relativa (%)


Temperatura (ºC)

25,00 60,00

20,00 40,00
43,99%; 14:30h

15,00 20,00
14,40ºC;

10,00 0,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
Horário (hs)

Fig. 5.77. Gráfico de temperatura e umidade relativa para o período de 03 a 07/07.

Radiação Solar - Média (03 a 07/07) - Norte

1000,00

800,00

2
584,98 W/m ; 12:30h
Radiação (W/m2)

600,00

400,00

200,00

0,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

Horário (hs)

Fig. 5.78. Gráfico de radiação solar para o período de 03 a 07/07.

Hora 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Dir. E E E E E E E NE E S SE S
Vel. 1,99 1,29 1,78 0,87 0,26 0,57 0,77 0,78 1,09 1,30 1,80 1,69
Hora 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Dir. W W W W W SE SE SE E E E E
Vel. 1,80 1,56 1,75 1,63 1,23 0,50 0,75 0,83 1,74 2,50 2,75 1,87
Tabela 5.8. Dados de direção e velocidade dos ventos para o período de 03 a 07/07.

Índice pluviométrico: Não houve incidência de chuva no período. Total chuva = 0.

100
5.1 Temperatura interna

Verão - fachada norte: de 10 a 18 de janeiro:

Para esse intervalo foram descartados os dias atípicos: 10, 14 e 15/01. Sendo,
portanto, seis dias considerados válidos para análise.

Esse intervalo apresentou as maiores diferenças nos valores das temperaturas


do ar, caracterizado por uma grande variabilidade nas condições das variáveis
ambientais.

As 7:00 o valor da temperatura do ar externo ultrapassou o interno, e a


diferença nos valores de temperatura interna para cada protótipo se inicia por volta das
7:30, e somente após as 22:00 os valores de temperatura voltaram a ficar semelhantes.

Na figura 5.79, o gráfico mostra uma diferença entre o atraso e amortecimento


térmico entre os diferentes dispositivos. Em relação à temperatura externa, houve um
atraso de no mínimo duas e máximo de três horas, e variação nas diferenças de
temperaturas máximas de 1,68ºC a 2,71ºC. O valor máximo da temperatura externa foi
de 30,58ºC às 15:30h e a temperatura interna máxima do protótipo de referência foi de
28,82ºC às 18:00h, sendo constatado um atraso de duas e meia horas e amortecimento
de 1,76ºC.

Comparando as temperaturas internas dos protótipos com a referência,


observou-se que ocorreu uma diferença no amortecimento da temperatura, exceto para
o brise-soleil vertical de madeira, porém a diferença no atraso térmico entre os
protótipos e a referência é menor. No caso do brise-soleil vertical (madeira e concreto) o
atraso em relação à temperatura externa foi menor (2:00h) do que o protótipo de
referência (2:30h).

101
Verão – Fachadas norte e oeste.

Temperatura do Ar - Média (seleção 11 a 18/01) - Norte

35,00

28,75ºC; 17:30h
28,82ºC; 18:00h
30,58ºC; 15:30h
28,90ºC; 18:30h
30,00
28,55ºC; 18:30h

28,23ºC; 17:30h Ar Externo


Temperatura (ºC)

25,00
27,87ºC; 18:30h Ar Interno - Referência

Ar Interno - Elemento
Vazado
20,00
Ar Interno - Brise
18,66ºC; 6:00h Horizontal Concreto
Ar Interno - Brise
Horizontal Madeira
15,00
Ar Interno - Brise
Vertical Concreto
Ar Interno - Brise
Vertical Madeira
10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00
Horário (hs) 24.00

Fig. 5.79. Gráfico de temperatura do ar no período de 11 a 18/01 – fachada norte.

Temperatura do Ar - Média 09 e 10/02 - Oeste

35

32,01ºC, 17:30h
31,30ºC, 17:30h
31,07ºC, 17:30h
30
30,00ºC, 17:30h
28,19ºC, 15:30h 29,61ºC, 17:30h

27,87ºC, 17:30h Ar Externo


Temperatura (ºC)

25

Ar Interno - Referência

Ar Interno - Elemento
20 Vazado

Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto

Ar Interno - Brise
16,28ºC, 05:30h Horizontal Madeira
15
Ar Interno - Brise
Vertical Concreto

Ar Interno - Brise
Vertical Madeira
10
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

Horário (hs)

Fig. 5.80. Gráfico de temperatura do ar nos dias 09 e 10/02 – fachada oeste.

102
Com relação à temperatura interna, o dispositivo de proteção solar que obteve
melhor desempenho foi o elemento vazado, seguido pelos brises-soleil de concreto
vertical e horizontal, respectivamente. Os piores desempenhos foram dos brises–soleil
de madeira, sendo que o vertical apresentou comportamento semelhante ao protótipo
de referência que não contava com nenhuma proteção, apenas o vidro incolor de 4mm.

O melhor desempenho do elemento vazado era esperado, considerando que


esse elemento apresentou maior obstrução dos raios solares como pode ser observado
na máscara de sombra do dispositivo (fig. 4.48, pág. 75; e fig. 4.50, pág. 76).

Para as placas, as observações indicam a possibilidade de no caso do atraso


térmico ter sido a tipologia que influenciou o resultado. Já para o caso da temperatura
interna, é possível que o material seja responsável pela ocorrência de menores valores.

Outro aspecto observado foi a relação entre atraso térmico e amortecimento:


enquanto que para o amortecimento térmico os menores valores temperatura mínima e
máxima estavam próximos a 2,5ºC; o atraso térmico para a mínima ficou em torno de
1:30 hora, e para a máxima houve uma diferença de 2:30 a 3:00 horas.

Verão - fachada oeste: 09 e 10 de fevereiro:

A comparação entre os dados ficou comprometida com o problema de perda do


registro dos dados, contando com apenas dois dias de medição. Embora o dia 10/02
apresente o “efeito jardineiro”, ambos os dias foram considerados válidos para análise.
Nesse caso, foram desprezadas as alterações nas temperaturas para os horários por
volta das 11:30. Mesmo assim, foi possível realizar algumas comparações.

Às 7:00 o valor da temperatura do ar externo ultrapassou o interno, e também a


diferença nos valores de temperatura interna para cada protótipo, e somente após as
22:00 os valores de temperatura voltam a ficar semelhantes.

103
Na fachada oeste, quando o sol incide perpendicular à fachada e o brise-soleil
tem eficiência nula, apenas o valor da temperatura interna do protótipo com o elemento
vazado (27,87ºC) foi menor do que a exterior. A diferença dos valores de temperatura
interna máxima entre o elemento vazado e a referência atingiu 4,14ºC.

Uma característica marcante observada na fachada oeste foi o pico bastante


acentuado da temperatura do ar interno (32,01ºC), ultrapassando a externa (28,19ºC)
exatamente às 17:30h, momento em que os raios solares estavam perpendiculares à
fachada, sendo que os dispositivos apresentaram eficiência nula. Nesse momento
registraram-se as maiores diferenças de temperaturas sendo a maior 31,30ºC no
protótipo com brise vertical de madeira, e a menor 27,87ºC no de elemento vazado.

Devido à ocorrência do pico de temperatura, o único protótipo que registrou


valor inferior à temperatura externa máxima foi o que contava com o elemento vazado;
e embora registre um pequeno pico, ainda assim, representa um atraso térmico de duas
horas. Entretanto, esse mesmo intervalo de duas horas ocorreu nos demais protótipos
assinalando o momento de pico, embora apresentassem temperaturas acima da
externa, sendo a maior diferença de + 3,82ºC.

O protótipo com dispositivo de proteção solar que obteve melhor desempenho


foi o elemento vazado, seguido dos brises-soleil horizontais de madeira e concreto,
respectivamente. Os de pior desempenho foram os verticais, sendo o de madeira o
menos eficiente.

Para o período de verão, observaram-se diferenças entre o comportamento das


temperaturas internas registradas em função da orientação das fachadas. Enquanto
que para a face norte a curva tem forma de senóide, semelhante à temperatura externa,
para a fachada oeste, a ocorrência do pico das 17:30 diferencia bastante a tendência da
curva, sendo que, após o evento, ela retorna à forma senoidal.

104
Para ambas as orientações, no período do verão, o elemento vazado registrou
os menores valores de temperatura interna. Entretanto, foram observadas alterações no
comportamento das placas, pois para norte as menores temperaturas foram devido ao
material (concreto), e a oeste devido à tipologia (horizontal).

A análise estatística confirmou a importância da influência da orientação nos


resultados, indicando também interações entre estação e orientação.

Outono - fachada oeste: de 18 a 25 de março:

Para esse intervalo foram descartados os dias 18 e 19/0338, sendo, portanto,


seis dias considerados válidos para análise.

As 8:00 o valor da temperatura do ar externo ultrapassa o interno, e também


começou a registrar diferenças nos valores de temperatura interna para cada protótipo.
O pico da temperatura externa ocorre as 15:00, e da interna as 17:00, representando
uma diferença de duas horas. É grande a diferença observada entre os valores de pico.
Somente após as 22:00 horas, os valores de temperatura voltam a ficar semelhantes.

A fachada oeste possui uma característica marcante observada também no


verão: o pico bastante acentuado no momento em que os raios solares estavam
perpendiculares à fachada, quando os dispositivos apresentam eficiência nula, porém,
no verão tenha ocorrido no mesmo horário para todos os dispositivos em ensaio. No
outono, esse fato ocorreu com uma diferença de meia hora entre alguns protótipos:
para a referência, brises-soleil verticais, e brise horizontal de madeira o pico ocorreu às
17:00. Já para o brise horizontal de concreto e o elemento vazado, o pico foi registrado

38
No dia 18/03, foi registrado o “efeito jardineiro”, e no dia 19/03 ocorreu uma queda brusca da temperatura externa.

105
Outono – Fachadas oeste e norte.

Temperatura do Ar - Média (seleção 20 a 25/03) - Oeste

35,00

30,04ºC; 17:00h
29,75ºC; 17:00h
29,54ºC; 17:00h
30,00
28,56ºC; 17:00h
28,10ºC; 17:30h
26,64ºC; 15:00h

Ar Externo
Temperatura (ºC)

25,00

26,15ºC; 17:30h Ar Interno - Referência

Ar Interno - Elemento
20,00 Vazado
Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto
Ar Interno - Brise
15,91ºC; 06:00h Horizontal Madeira
15,00
Ar Interno - Brise
Vertical Concreto
Ar Interno - Brise
Vertical Madeira
10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
Horário (hs)

Fig. 5.81. Gráfico de temperatura do ar no período de 20 a 25/03 – fachada oeste.

Temperatura do Ar - Média (seleção 26/03 a 02/04) - Norte

35,00

30,18ºC; 15:00h 29,72ºC; 17:00h


30,00
29,44ºC; 17:30h
29,18ºC; !7:30h

28,74ºC; 17:00h
25,00 Temperatura do Ar
Temperatura (ºC)

28,53ºC; 17:30h
28,28ºC; 18:00h
Ar Interno -
Referência
Ar Interno -
20,00 Elemento Vazado
Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto

16,73ºC; 06:30h Ar Interno - Brise


15,00 Horizontal Madeira
Ar Interno - Brise
Vertical Concreto
Ar Interno - Brise
Vertical Madeira
10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

Horário (hs)

Fig. 5.82. Gráfico de temperatura do ar no período de 26/03 a 02/04 – fachada norte.

106
às 17:30 horas. Nota-se que mesmo com a ocorrência de picos de temperatura, no
outono, existiu atraso térmico entre as diferentes tipologias.

No momento do pico, registraram-se as maiores diferenças de temperatura. O


valor do pico registrado para a referência é 30,04ºC, maior que no caso dos protótipos
com proteção. Entre os protótipos com diferentes tipologias de brise-soleil avaliados, a
maior foi de 29,81ºC para o ambiente com o brise vertical de madeira e a menor
26,69ºC para o elemento vazado. A diferença entre a referência e o elemento vazado
foi de 3,89ºC, e 3,4ºC a mais do que a temperatura externa máxima (26,64ºC).

Para o outono na face oeste, o protótipo com dispositivo de proteção solar que
obteve melhor desempenho foi o elemento vazado, seguido pelos brises-soleil
horizontais de concreto e madeira, respectivamente. Os de pior desempenho foram os
verticais, sendo o menos eficiente o de madeira. Entretanto, a partir das 17:30 ocorreu
uma alteração: o protótipo com brise vertical de concreto apresentou uma melhora no
seu desempenho em relação aos brises-soleil horizontais de madeira e concreto, até as
19:00, quando passou a registrar valores semelhantes ao elemento vazado e ao brise
horizontal de concreto.

Esse fato se deve ao atraso térmico das tipologias do elemento vazado e do


brise horizontal de concreto, em meia hora. Dessa forma, o brise vertical de concreto já
está em declínio de temperatura às 17:30, perdendo calor para o ambiente, e
registrando um valor menor que o pico das outras duas tipologias nesse horário.

Outono - fachada norte: de 27 de março a 04 de abril:

Para esse intervalo foram descartados os dias 27 e 30/03, e 03 e 04/04 39 .


Foram, portanto, cinco dias considerados válidos para análise.

39
O dia 27/03 registrou o “efeito jardineiro”, os dias 30/03 e 03;04, registraram queda brusca da temperatura externa no período da
tarde, e o dia 04/04 estava com céu encoberto e pouca incidência de radiação direta. Ver Apêndice 1 – Dados Coletados.

107
Às 8:00 o valor da temperatura do ar externo ultrapassou o interno, e a
diferença nos valores de temperatura interna para cada protótipo se inicia por volta das
7:30. O pico da temperatura externa de 30,18ºC ocorreu as 15:00, e da interna de
29,72ºC às 17:00 (referência), representando um atraso de 2 horas e pequeno
amortecimento de 0,46ºC. Somente após as 22:00 os valores de temperatura voltam a
ficar semelhantes.

Nessa orientação, as temperaturas internas de qualquer tipologia, ficam sempre


abaixo da temperatura máxima externa, porém com diferenças menores que 2ºC, no
amortecimento térmico.

A norte, observou-se uma dispersão nos horários em que ocorreu o pico da


temperatura interna máxima: para a referência e o brise vertical de concreto foi às 17:00
horas. Para o brise vertical e horizontal de madeira, e horizontal de concreto o pico
ocorreu meia hora depois, às 17:30 horas, e para o elemento vazado às 18:00 horas.

O protótipo com dispositivo de proteção solar que obteve melhor desempenho


foi o elemento vazado, seguido pelo brise-soleil horizontais de concreto e madeira,
respectivamente, até as 15:30, quando o brise vertical de concreto passou a apresentar
eficiência melhor que o brise horizontal de madeira. Novamente esse fato é explicado
pela diferença no horário do pico de ocorrência das temperaturas máximas entre os
dispositivos citados. O dispositivo de pior desempenho foi o brise vertical de madeira. A
diferença entre a melhor e pior proteção foi de 1,16ºC, e entre a referência e o elemento
vazado de 1,44ºC.

No período da tarde, entre 12:30 até 18:30, o protótipo com proteção de melhor
desempenho foi o elemento vazado. Para os demais horários, os menores valores de
temperatura interna registrados foi o protótipo com o brise horizontal de concreto. Essa
observação pode ser explicada ao considerar algumas características do elemento
vazado, como o fato de proporcionar ao próprio elemento sombreamento, a maior
massa e conseqüente resistência, e também sua inércia térmica.

108
Inverno - fachada oeste: de 26 de junho a 01 de julho:

Para esse intervalo não foi descartado nenhum dia, sendo os seis dias
considerados válidos para análise.

As 8:30 o valor da temperatura do ar externo ultrapassa o interno, e também


inicia a diferença nos valores de temperatura interna para cada protótipo. Somente após
as 22:00 os valores de temperatura voltam a ficar semelhantes.

No inverno, a fachada oeste não apresentou o pico acentuado de temperatura


máxima como os registrados no verão e outono, e aproximou-se do comportamento da
fachada a norte. Nessa época do ano, embora próximos da normal, os raios solares não
ficam perpendiculares à face oeste. Mesmo assim, a temperatura interna máxima na
referência foi superior à máxima externa. O pico da temperatura externa ocorreu as
15:30 com 26,70ºC, e da interna as 16:30 com 27,23ºC, representando um atraso de
uma hora, e valor máximo da temperatura interna de 0,53ºC maior que da externa.

Somente a temperatura do protótipo sem proteção ou referência foi maior que a


externa. Os demais protótipos protegidos ficaram abaixo, registrando a ocorrência do
pico às 17:00 horas com máxima da tipologia vertical de madeira com 26,64ºC, e atraso
de uma e meia hora. Somente o elemento vazado teve maior atraso, o pico ocorre às
17:30 horas com menor máxima, 25,62ºC. A diferença das máximas entre a interna e o
elemento vazado foi de 1,61ºC.

Considerando que para o inverno, o ganho de calor solar seja necessário, ainda
assim, o dispositivo que oferece a menor temperatura diária registra temperatura
mínima semelhante ao que admite maior insolação. O protótipo com dispositivo de
proteção solar que obteve melhor desempenho na redução do ganho de calor solar foi o
elemento vazado, seguido dos dispositivos de concreto, vertical e horizontal,
respectivamente. Porém, a partir das 18:00 eles ficam semelhantes e apresentaram
menores valores em relação ao elemento vazado. Os de pior desempenho foram os de
madeira, vertical e horizontal, respectivamente.

109
Inverno – Fachadas oeste e norte.

Temperatura do Ar - Médias 26/06 a 01/07 - Oeste

35,00

30,00
27,23ºC; 16:30h
26,70ºC; 15:30h 26,64ºC; 17:00h
26,58ºC; 17:00h
Ar Externo
26,20ºC; 17:00h
Temperatura (ºC)

25,00
25,85ºC; 17:00h Ar Interno - Referência
25,62ºC; 17:30h
Ar Interno - Elemento
Vazado
20,00
Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto

Ar Interno - Brise
Horizontal Madeira
15,00
15,67ºC; 07:00h Ar Interno - Brise
Vertical Concreto

Ar Interno - Brise
Vertical Madeira

10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
Horário (hs)

Fig. 5.83. Gráfico de temperatura do ar no período de 26/06 a 01/07 – fachada oeste.

Temperatura do Ar - Média 03 a 07/07 - Norte

35,00

30,00

26,91ºC; 16:30h
26,96ºC; 14:30h
26,30ºC; 16:30h
25,85ºC; 17:00h
25,48ºC; 17:00h Ar Externo
25,00
Temperatura (ºC)

25,25ºC; 17:30h
Ar Interno - Referência

25,58ºC; 16:30h
Ar Interno - Elemento
20,00 Vazado
Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto
Ar Interno - Brise
Horizontal Madeira
15,00
14,40ºC; 07:00h Ar Interno - Brise
Vertical Concreto
Ar Interno - Brise
Vertical Madeira
10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

Horário (hs)

Fig. 5.84. Gráfico de temperatura do ar no período de 03 a 07/07 – fachada norte.

110
Inverno - fachada norte: de 03 a 07 de julho:

Para esse intervalo não foi descartado nenhum dia, sendo os cinco dias
considerados válidos para análise.

As 9:00 o valor da temperatura do ar externo ultrapassa o interno, e a diferença


nos valores de temperatura interna para cada protótipo se inicia por volta das 10:00. O
maior valor da temperatura externa ocorreu as 14:30 com 26,96ºC, e da interna as
16:30 com 26,91ºC, representando um atraso térmico de duas horas, mas com
pequena diferença nos valores de temperatura.

A temperatura interna máxima registrada foi de 26,30ºC no protótipo com brise


vertical de madeira, e a menor de 25,25ºC, do elemento vazado. A diferença entre o
melhor e pior dispositivo foi de 1,05ºC, e em relação à referência a diferença foi de
1,66ºC.

O protótipo com elemento vazado e os brises horizontais apresentaram valores


de temperatura interna bastante próximos até as 14:00, após esse horário o protótipo
com dispositivo de proteção solar que obteve melhor desempenho foi o elemento
vazado, seguido dos brise-soleil horizontais de concreto e madeira, respectivamente,
até às 16:00, quando o brise vertical de concreto apresentou eficiência melhor que o
brise horizontal de madeira.

O protótipo com elemento que apresentou o pior desempenho foi o brise vertical
de madeira, sendo que às 13:30 hora, os valores de temperatura desse dispositivo se
igualaram ao protótipo sem proteção (referência – vidro incolor de 4mm). Essa
observação pode ser explicada comparando esses dados com a máscara de sombra
dessa tipologia para a orientação norte: a eficiência do sombreamento é praticamente
nula.

111
Comparação entre orientação e estação do ano

Fachada Norte:

Na fachada norte a temperatura interna máxima não ultrapassa a externa em


nenhuma estação. Observou-se que os valores das temperaturas externas máximas
foram muito próximos para o verão, 30,58ºC, e outono, 30,18ºC, ocorrendo às 15:30 e
15:00 horas, respectivamente. A diferenças da temperatura externa máxima entre verão
e outono foi de apenas 0,40ºC.

Entretanto, existe diferença em relação à temperatura interna máxima: no verão


a referência registrou 28,82ºC e no outono 29,72º, ou seja, no outono foi maior que no
verão. Essa diferença pode ser explicada por duas razões: o ângulo de altura solar ser
menor, pois o sol estava mais baixo, incidindo num ângulo não tão oblíquo sobre a
superfície vertical como no verão, e a intensidade da radiação: nos períodos
monitorados notou-se que os valores de radiação solar para o verão e equinócio foram
próximos, devido à nebulosidade característica do verão quente e úmido e condições de
céu limpo e umidade relativa menor no equinócio. Outro ponto foi que para alguns
dispositivos ocorreu a situação de proteção parcial da janela. No verão houve uma
diferença maior no amortecimento da temperatura interna com mínimo de 1,76ºC
(referência) e máximo de 2,71ºC (externa).

Com relação à ocorrência da temperatura interna máxima, o atraso térmico


independe da estação do ano. Variou de duração entre os dispositivos distintos, mas
manteve o intervalo entre as estações para cada tipologia.

Tanto no verão quanto no outono e inverno, o atraso térmico variou entre duas
a até três horas de diferença da ocorrência do valor de temperatura interna máxima
entre as tipologias, porém adiantava em meia hora por estação: no verão o máximo da
temperatura interna registrado ocorreu às 17:30 horas, no outono às 17:00 horas e no
inverno às 16:30 horas, assim como a temperatura máxima externa: no verão às 15:30
horas, no outono às 15:00 horas e no inverno às 14:30 horas.

112
Fachada Norte
Temperatura do Ar - Média (seleção 11 a 18/01) - Norte

35,00

28,75ºC; 17:30h
28,82ºC; 18:00h
30,58ºC; 15:30h
28,90ºC; 18:30h
30,00
28,55ºC; 18:30h

28,23ºC; 17:30h Ar Externo


Temperatura (ºC)

25,00
27,87ºC; 18:30h Ar Interno - Referência

Ar Interno - Elemento
Vazado
20,00
Ar Interno - Brise
18,66ºC; 6:00h Horizontal Concreto
Ar Interno - Brise
Horizontal Madeira
15,00
Ar Interno - Brise
Vertical Concreto
Ar Interno - Brise
Vertical Madeira
10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
Horário (hs)

Temperatura do Ar - Média (seleção 26/03 a 02/04) - Norte

35,00

30,18ºC; 15:00h 29,72ºC; 17:00h


30,00
29,44ºC; 17:30h
29,18ºC; !7:30h

28,74ºC; 17:00h
25,00 Temperatura do Ar
Temperatura (ºC)

28,53ºC; 17:30h
28,28ºC; 18:00h
Ar Interno -
Referência
Ar Interno -
20,00 Elemento Vazado
Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto

16,73ºC; 06:30h Ar Interno - Brise


15,00 Horizontal Madeira
Ar Interno - Brise
Vertical Concreto
Ar Interno - Brise
Vertical Madeira
10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

Horário (hs)

Temperatura do Ar - Média 03 a 07/07 - Norte

35,00

30,00

26,91ºC; 16:30h
26,96ºC; 14:30h
26,30ºC; 16:30h
25,85ºC; 17:00h
25,48ºC; 17:00h Ar Externo
25,00
Temperatura (ºC)

25,25ºC; 17:30h
Ar Interno - Referência

25,58ºC; 16:30h
Ar Interno - Elemento
20,00 Vazado
Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto
Ar Interno - Brise
Horizontal Madeira
15,00
14,40ºC; 07:00h Ar Interno - Brise
Vertical Concreto
Ar Interno - Brise
Vertical Madeira
10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

Horário (hs)

Fig. 5.85. Gráficos de temperatura do ar, aberturas situadas na fachada norte (verão, outono, inverno).

113
Fachada Oeste:

Na face oeste, a observação que mais se destaca é o pico das temperaturas


máximas internas registradas no verão e outono. No verão esse pico é acentuado e
agudo, ocorrendo no mesmo horário (17:30h) em todas as tipologias. No outono, o pico
é acentuado, porém suave, durando um intervalo de 30 minutos aproximadamente, e há
diferença nos horários de pico da temperatura máxima: às 17:00 horas para a
referência, os brises verticais, e o horizontal de madeira, e às 17:30 horas para o brise-
soleil horizontal de concreto e o elemento vazado.

No inverno não houve essa ocorrência, e a curva desse registro é semelhante à


da fachada norte, em forma senoidal. O registro da temperatura máxima interna variou
entre os protótipos em até uma hora: 16:30 horas na referência, 17:00 para os
protótipos com brises-soleil verticais e horizontais, e às 17:30 para o elemento vazado.

Para essa fachada, o pico da temperatura máxima interna não está associado
ao atraso térmico dos componentes construtivos, mas a perpendicularidade dos raios
solares em relação à abertura. No outono e verão o pico registrado (17:00 e 17:30,
respectivamente) é devido a incidência da radiação solar direta na superfície vertical.
No inverno esse pico não ocorreu, embora houvesse incidência da radiação solar direta,
sendo que as curvas das temperaturas internas máximas se distribuíram similarmente a
forma registrada na fachada norte. Nesse caso, o fato poderia ser explicado pelo baixo
ângulo de altura solar e menor intensidade da radiação, no horário em que ocorreu a
temperatura interna máxima.

Ainda em relação à incidência dos raios solares perpendiculares a fachada, um


outro aspecto que interferiu bastante foi a área de obstrução de cada tipologia.
Enquanto os brises-soleil horizontal e vertical possuíam apenas duas placas com 0,025
de espessura na frente da superfície envidraçada, o elemento vazado possuía uma
trama bastante grande, evidenciando uma relação díspar entre as áreas dessas
tipologias. O protótipo com elemento vazado foi o único que registrou temperaturas
internas máximas abaixo da externa máxima nessa orientação, no verão.

114
Fachada Oeste
Temperatura do Ar - Média 09 e 10/02 - Oeste

35

32,01ºC, 17:30h
31,30ºC, 17:30h
31,07ºC, 17:30h
30
30,00ºC, 17:30h
28,19ºC, 15:30h 29,61ºC, 17:30h

27,87ºC, 17:30h Ar Externo


Temperatura (ºC)

25

Ar Interno - Referência

Ar Interno - Elemento
20 Vazado
Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto

Ar Interno - Brise
16,28ºC, 05:30h Horizontal Madeira
15
Ar Interno - Brise
Vertical Concreto

Ar Interno - Brise
Vertical Madeira
10
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
Horário (hs)

Temperatura do Ar - Média (seleção 20 a 25/03) - Oeste

35,00

30,04ºC; 17:00h
29,75ºC; 17:00h
29,54ºC; 17:00h
30,00
28,56ºC; 17:00h
28,10ºC; 17:30h
26,64ºC; 15:00h

Ar Externo
Temperatura (ºC)

25,00

26,15ºC; 17:30h Ar Interno - Referência

Ar Interno - Elemento
20,00 Vazado
Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto
Ar Interno - Brise
15,91ºC; 06:00h Horizontal Madeira
15,00
Ar Interno - Brise
Vertical Concreto
Ar Interno - Brise
Vertical Madeira
10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

Horário (hs)

Temperatura do Ar - Médias 26/06 a 01/07 - Oeste

35,00

30,00
27,23ºC; 16:30h
26,70ºC; 15:30h 26,64ºC; 17:00h
26,58ºC; 17:00h
Ar Externo
26,20ºC; 17:00h
Temperatura (ºC)

25,00
25,85ºC; 17:00h Ar Interno - Referência
25,62ºC; 17:30h
Ar Interno - Elemento
Vazado
20,00
Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto

Ar Interno - Brise
Horizontal Madeira
15,00
15,67ºC; 07:00h Ar Interno - Brise
Vertical Concreto

Ar Interno - Brise
Vertical Madeira

10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

Horário (hs)

Fig. 5.86. Gráficos de temperatura do ar, aberturas situadas na fachada oeste (verão, outono, inverno).

115
5.2 Temperaturas Superficiais

Foram medidas as temperaturas superficiais de ambas as faces do dispositivo:


a face que recebeu a incidência da insolação – superior (elemento vazado e brise-soleil
horizontal), esquerda e direita40 (brise-soleil vertical). Com relação à face oposta, para o
elemento vazado e brise-soleil horizontal, a face inferior não recebeu incidência de
radiação solar. No caso dos dispositivos verticais ambas as faces receberam insolação
em situações distintas: quando posicionado na fachada norte, tanto a face esquerda
quanto a direita receberam a mesma duração de insolação – até as 12:00h na
esquerda, e após as 12:00h na direita. Já para a face oeste, existiram diferenças entre
as estações: a situação diferenciada foi no verão quando a face direita do brise-soleil
vertical também recebe insolação, já no outono e inverno não houve incidência de
radiação solar nessa face do dispositivo.

Verão - fachada norte: de 10 a 18 de janeiro:

A característica mais marcante que apareceu nos gráficos das temperaturas


superficiais foi a diferença do comportamento das tipologias horizontal e vertical.

Na fachada norte as placas verticais apresentaram dois picos, um mais elevado


que o outro, sendo relativos à posição do sensor. A temperatura superficial mais alta
ocorreu em função da face que recebeu a incidência da radiação solar direta em
determinado período do dia: pela manhã registrada pelo sensor da face esquerda, e à
tarde na face direita. No meio do dia, quando a incidência dos raios solares foi bastante
oblíqua em relação à superfície vertical, foi registrada uma queda na temperatura
superficial. O pico da face oposta à que recebeu insolação se deve à transmissão de
calor pelo componente, sendo sempre menor que a face insolada.

40
A localização dos sensores esquerda e direita da placa vertical, se refere a superfície esquerda e direita em relação ao
observador olhando para a fachada externa do protótipo. No caso da orientação norte, a esquerda é a face voltada a leste, e direita
voltada a oeste. Para a orientação oeste, esquerda está com a face voltada a norte, e direita com a face voltada a sul.

116
O elemento vazado e o brise-soleil horizontal de concreto não registraram picos
acentuados, possuindo uma curva suave. A temperatura superficial mais elevada
ocorreu meia hora após a máxima da temperatura do ar externo. O brise-soleil
horizontal de madeira também apresentou uma curva suave, porém registrou um pico
às 17:30 horas, distinguindo-se do outro elemento horizontal. Exceto por esse pico, as
placas horizontais de concreto e madeira tiveram valores de temperatura bastante
próximos.

No verão, as temperaturas superficiais dos dispositivos verticais foram maiores


que as demais tipologias.

Outro aspecto que também significativo foi em relação ao material do


dispositivo vertical. A madeira se aqueceu mais rápido e registrou temperaturas
máximas superiores às do concreto. Também a diferença entre as temperaturas dos
sensores à esquerda e direita da placa foi maior no caso da madeira, sendo a maior
temperatura registrada no sensor da direita às 15:00 horas.

O elemento vazado foi o que apresentou as menores temperaturas superficiais,


fato devido à maior massa desse material, bem como do sombreamento proporcionado
pelo próprio elemento. A temperatura máxima registrada por essa tipologia foi
levemente superior à máxima da temperatura do ar externo.

Verão - fachada oeste: 09 e 10 de fevereiro:

Assim como na face norte, na fachada oeste a característica mais marcante que
apareceu nos gráficos das temperaturas superficiais foi a diferença entre as tipologias
horizontal e vertical. Os dispositivos verticais formaram três picos distintos, sendo um
mais acentuado que os demais. O primeiro pico, no caso do concreto é bastante
discreto em relação ao de madeira, porém só ocorreu para essa tipologia.

117
Verão – Fachadas norte e oeste.

Temperaturas Superficiais - Média Seleção - Norte

50,00
Ar Externo

Ar Interno - Referência
45,00

Superficial Superior -
Elemento Vazado
40,00
Superficial Inferior -
Elemento Vazado
Superficial Superior -
35,00
Brise Horizontal Concreto
Temperatura (ºC)

Superficial Inferior - Brise


Horizontal Concreto
30,00
Superficial Superior -
Brise Horizontal Madeira
Superficial Inferior - Brise
25,00
Horizontal Madeira
Superficial Esquerda -
Brise Vertical Concreto
20,00
Superficial Direita - Brise
Vertical Concreto
Superficial Esquerda -
15,00
Brise Vertical Madeira
Superficial Direita - Brise
Vertical Madeira
10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00
Horário (hs) 24.00

Fig. 5.87. Gráfico de temperaturas superficiais no período de 11 a 18/01 – fachada norte.


Média Temperaturas Superficiais - Verão - Oeste

50,00
Ar Externo

Ar Interno - Referência
45,00

Superficial Superior
Elemento Vazado
40,00
Superficial Inferior
Elemento Vazado
Superficial Superior Brise
35,00
Temperatura (ºC)

Horizontal Concreto
Superficial Inferior Brise
Horizontal Concreto
30,00
Superficial Superior Brise
Horizontal Madeira

25,00 Superficial Inferior Brise


Horizontal Madeira
Superficial Esquerda Brise
Vertical Concreto
20,00
Superficial Direita Brise
Vertical Concreto
Superficial Esquerda Brise
15,00
Vertical Madeira
Superficial Direita Brise
Vertical Madeira
10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

Horário (hs)

Fig. 5.88. Gráfico de temperaturas superficiais nos dias 09 e 10/02 – fachada oeste.

118
O elemento vazado e os dispositivos horizontais registraram apenas dois picos,
porém mais elevados e acentuados que a ocorrência nas verticais. O mais significativo
aconteceu no mesmo horário da temperatura máxima do ar externo, às 15:30 horas. E o
último às 17:30 horas ocorreu ao mesmo tempo em que os sensores do ar interno dos
protótipos registraram a temperatura interna mais elevada. Observa-se que a queda
registrada às 17:00 horas, anterior a essa última elevação corresponde ao momento em
que os raios solares estavam perpendiculares à fachada, atingindo a menor superfície
exposta dos dispositivos.

Na fachada oeste as temperaturas superficiais mais elevadas pertencem à


tipologia horizontal. Essa tipologia recebeu o sol mais alto nas superfícies superiores,
que estava praticamente perpendicular ao ângulo de incidência dos raios solares
nesses horários. Nessa orientação o material construtivo não foi tão significativo para as
placas horizontais. Ocorreram diferenças maiores em relação à superfície superior e a
inferior do que na face norte.

Outono - fachada oeste: de 18 a 25 de março:

No outono o perfil do comportamento das temperaturas superficiais dos


dispositivos se alterou, não registrando mais vários picos ao longo do dia, apenas um
pico, sendo mais acentuado para a tipologia horizontal.

Para os elementos verticais a curva foi mais suave, alterando sua inclinação,
que a partir do meio dia tornou-se levemente acentuada, atingindo seu ápice às 14:30
horas com 33,86ºC (madeira), e às 15:00 horas com 33,62ºC (concreto).

No caso das placas horizontais, o pico foi bastante acentuado, sendo a


temperatura superficial da madeira a mais elevada, com 36,60ºC às 15:30 horas. A
diferença entre esse pico e a temperatura do ar externo foi de 9,96ºC.

119
Outono – Fachadas oeste e norte.

Temperaturas Superficiais - Médias Outono - Oeste

50,00
Ar Externo

45,00 Ar Interno - Referência

Superficial Superior -
Elemento Vazado
40,00
Superficial Inferior -
Elemento Vazado
Superficial Superior -
35,00
Temperatura (ºC)

Brise Horizontal Concreto


Superficial Inferior - Brise
Horizontal Concreto
30,00
Superficial Superior -
Brise Horizontal Madeira
Superficial Inferior - Brise
25,00
Horizontal Madeira
Superficial Esquerda -
Brise Vertical Concreto
20,00
Superficial Direita - Brise
Vertical Concreto
Superficial Esquerda -
15,00
Brise Vertical Madeira
Superficial Direita - Brise
Vertical Madeira
10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

Horário (hs) 24.00

Fig. 5.89. Gráfico de temperaturas superficiais no período de 20 a 25/03 – fachada oeste.


Temperatura Superficial - Média Outono - Norte

50,00
Ar Externo

Ar Interno - Referência
45,00

Superficial Superior -
Elemento Vazado
40,00
Superficial Inferior -
Elemento Vazado
Superficial Superior -
35,00 Brise Horizontal Concreto
Temperatura (ºC)

Superficial Inferior - Brise


Horizontal Concreto
30,00
Superficial Superior -
Brise Horizontal Madeira
Superficial Inferior - Brise
25,00 Horizontal Madeira
Superficial Esquerda -
Brise Vertical Concreto
20,00
Superficial Direita - Brise
Vertical Concrreto
Superficial Esquerda -
15,00 Brise Vertical Madeira
Superficial Direita - Brise
Vertical Madeira
10,00
0:00
1:00

2:00
3:00
4:00
5:00
6:00
7:00
8:00

9:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00

16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00

23:00
24.00

Horário (hs)

Fig. 5.90. Gráfico de temperaturas superficiais no período de 26/03 a 02/04 – fachada norte.

120
Embora os dispositivos horizontais ganhassem calor elevando sua temperatura
superficial com valores semelhantes, as placas de concreto perderam calor mais
rapidamente, possivelmente devido a sua alta condutividade térmica.

O elemento vazado registrou a menor temperatura superficial, sendo que para


essa orientação foi notada uma diferença entre os valores das temperaturas das faces
superior e inferior.

Outono - fachada norte: de 27 de março a 04 de abril:

Para essa estação, as placas verticais registraram apenas dois picos para as
temperaturas superficiais.

Nas peças verticais, o valor máximo da temperatura superficial esquerda


ocorrido pela manhã foi menor que a temperatura máxima das placas horizontais, e
bastante próximo do pico registrado pelo elemento vazado, embora em horários
distintos. Já a temperatura superficial direita do brise-soleil vertical, independente do
material, foi superior às das demais tipologias.

Inverno - fachada oeste: de 26 de junho a 01 de julho:

Para essa orientação a influência do material construtivo dos dispositivos de


proteção solar foi mais significativa que a sua tipologia. As peças de madeira
registraram as maiores temperaturas superficiais, atingindo seu ápice antes da
temperatura máxima do ar externo e das superficiais das demais tipologias. As peças
de madeira foram as que demoraram mais para perder calor.

Os perfis das curvas foram bastante próximos até as 14:00 horas, quando
nitidamente se notou a elevação acentuada das peças de madeira. Embora as outras

121
Inverno – Fachadas oeste e norte.

Temperatura Superficiais - Média Inverno - Oeste

50,00
Ar Externo

45,00 Ar Interno - Referência

Superficial Superior -
Elemento Vazado
40,00
Superficial Inferior -
Elemento Vazado

35,00 Superficial Superior -


Temperatura (ºC)

Brise Horizontal Concreto


Supreficial Inferior - Brise
Horizontal Concreto
30,00
Superficial Superior -
Brise Horizontal Madeira
25,00 Superficial Inferior - Brise
Horizontal Madeira
Superficial Esquerda -
Brise Vertical Concreto
20,00
Superficial Direita - Brise
Vertical Concreto
15,00 Superficial Esquerda -
Brise Vertical Madeira
Superficial Direita - Brise
10,00 Vertical Madeira
0:00

1:00
2:00
3:00
4:00

5:00
6:00
7:00
8:00

9:00
10:00
11:00

12:00
13:00
14:00
15:00

16:00
17:00
18:00
19:00

20:00
21:00
22:00
23:00
Horário (hs) 24.00

Fig. 5.91. Gráfico de temperaturas superficiais no período de 26/06 a 01/07 – fachada oeste.
Temperaturas Superficiais - Médias Inverno - Norte

50,00
Ar Externo

45,00 Ar Interno - Referência

Superficial Superior -
40,00 Elemento Vazado

Superficial Inferior -
Elemento Vazado
35,00
Temperatura (ºC)

Superficial Superior -
Brise Horizontal
Concreto
30,00 Superficial Inferior - Brise
Horizontal Concreto

Superficial Superior -
25,00 Brise Horizontal Madeira

Superficial Inferior - Brise


Horizontal Madeira
20,00
Superficial Esquerda -
Brise Vertical Concreto

15,00 Superficial Direita - Brise


Vertical Concreto
Superficial Esquerda -
10,00 Brise Vertical Madeira
0:00

1:00
2:00
3:00
4:00

5:00
6:00
7:00
8:00

9:00
10:00
11:00

12:00
13:00
14:00
15:00

16:00
17:00
18:00
19:00

20:00
21:00
22:00
23:00

24.00

Horário (hs)

Fig. 5.92. Gráfico de temperaturas superficiais no período de 03 a 07/07 – fachada norte.

122
peças diferenciassem seus valores, as curvas foram mais suaves que as de madeira.
Após as 17:00 horas elas voltaram a ter comportamento semelhante, com valores das
temperaturas superficiais próximos.

Inverno - fachada norte: de 03 a 07 de julho:

Assim como no outono, para essa estação as placas verticais registraram


apenas dois picos para as temperaturas superficiais, entretanto não houve diferença
expressiva nos valores de temperatura superficial máxima, seja na face esquerda ou
direita. A diferença que se observou no comportamento dessa tipologia foi que no
período da manhã os valores dos sensores à esquerda e direita das peças verticais
possuíram diferenças maiores que no período da tarde.

Os maiores valores de temperaturas superficiais ocorreram nas placas


horizontais, sendo que a temperatura superficial máxima foi registrada pelo brise-soleil
horizontal de madeira, atingindo 37,95ºC às 14:00 horas.

Observou-se também que as temperaturas registradas pelos sensores da face


inferior das peças horizontais foram maiores que os valores do elemento vazado e das
peças verticais.

Comparação entre orientação e estação do ano

Comparando as temperaturas superficiais com as temperaturas internas do


protótipo de referência, observou-se que as superficiais, independente da orientação ou
estação do ano, foram sempre maiores que a do ar interno.

Existiram diferenças significativas entre as duas orientações, bem como para as


estações do ano. Para as temperaturas superficiais, a influência da tipologia e do
material é bastante significativa na interação dos fatores (tipologia e material), fato
confirmado pela análise estatística.
123
Fachada Norte:

Na fachada norte, as diferenças entre as tipologias foram mais representativas,


tendo sido bastante expressivas as diferenças entre as temperaturas superficiais das
placas horizontais e verticais. As placas verticais foram as peças que registraram as
maiores temperaturas superficiais.

No outono foi observada uma diferença maior no horário de ocorrência da


temperatura superficial máxima entre as diferentes tipologias, coisa que não foi tão
evidente para o verão e inverno.

No inverno, o material assume maior importância independente da tipologia,


registrando as temperaturas superficiais superiores mais elevadas.

O melhor e mais regular desempenho térmico foi o do elemento vazado.

Fachada Oeste:

A característica mais marcante na orientação oeste foi a grande diferença entre


as tipologias vertical e horizontal. As placas verticais apresentaram dois picos distintos,
um mais elevado que o outro, sendo que o maior correspondeu ao horário de incidência
da radiação solar naquela face. Os valores registrados para a superfície direita foram
maiores que a da esquerda, podendo ser explicado pelo fato de ocorrerem no período
da tarde quando a placa já estava aquecida pela incidência na outra face e
conseqüente transferência de calor através do elemento.

O elemento vazado possuiu comportamento próximo às placas verticais, sendo


que registrou os menores valores de temperaturas superficiais.

Diferentemente da orientação norte, a oeste foram as placas horizontais que


apresentam as temperaturas superficiais mais elevadas.

124
Fachada Norte
Temperaturas Superficiais - Média Seleção - Norte

50,00
Ar Externo

Ar Interno - Referência
45,00

Superficial Superior -
Elemento Vazado
40,00
Superficial Inferior -
Elemento Vazado
Superficial Superior -
35,00
Brise Horizontal Concreto
Temperatura (ºC)

Superficial Inferior - Brise


Horizontal Concreto
30,00
Superficial Superior -
Brise Horizontal Madeira
Superficial Inferior - Brise
25,00
Horizontal Madeira
Superficial Esquerda -
Brise Vertical Concreto
20,00
Superficial Direita - Brise
Vertical Concreto
Superficial Esquerda -
15,00
Brise Vertical Madeira
Superficial Direita - Brise
Vertical Madeira
10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
Horário (hs)

Temperatura Superficial - Média Outono - Norte

50,00
Ar Externo

Ar Interno - Referência
45,00

Superficial Superior -
Elemento Vazado
40,00
Superficial Inferior -
Elemento Vazado
Superficial Superior -
35,00 Brise Horizontal Concreto
Temperatura (ºC)

Superficial Inferior - Brise


Horizontal Concreto
30,00
Superficial Superior -
Brise Horizontal Madeira
Superficial Inferior - Brise
25,00 Horizontal Madeira
Superficial Esquerda -
Brise Vertical Concreto
20,00
Superficial Direita - Brise
Vertical Concrreto
Superficial Esquerda -
15,00 Brise Vertical Madeira
Superficial Direita - Brise
Vertical Madeira
10,00
0:00
1:00

2:00
3:00
4:00
5:00
6:00
7:00
8:00

9:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00

16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00

23:00
24.00

Horário (hs)

Temperaturas Superficiais - Médias Inverno - Norte

50,00
Ar Externo

45,00 Ar Interno - Referência

Superficial Superior -
40,00 Elemento Vazado
Superficial Inferior -
Elemento Vazado
35,00
Temperatura (ºC)

Superficial Superior -
Brise Horizontal
Concreto
30,00 Superficial Inferior - Brise
Horizontal Concreto

Superficial Superior -
25,00 Brise Horizontal Madeira
Superficial Inferior - Brise
Horizontal Madeira
20,00
Superficial Esquerda -
Brise Vertical Concreto

15,00 Superficial Direita - Brise


Vertical Concreto

Superficial Esquerda -
10,00 Brise Vertical Madeira
0:00
1:00
2:00
3:00
4:00
5:00
6:00
7:00
8:00
9:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
24.00

Horário (hs)

Fig. 5.93. Gráficos de temperaturas superficiais, aberturas situadas na fachada norte (verão, outono,
inverno).

125
Fachada Oeste
Média Temperaturas Superficiais - Verão - Oeste

50,00
Ar Externo

Ar Interno - Referência
45,00

Superficial Superior
Elemento Vazado
40,00
Superficial Inferior
Elemento Vazado
Superficial Superior Brise
35,00
Temperatura (ºC)

Horizontal Concreto
Superficial Inferior Brise
Horizontal Concreto
30,00
Superficial Superior Brise
Horizontal Madeira

25,00 Superficial Inferior Brise


Horizontal Madeira
Superficial Esquerda Brise
Vertical Concreto
20,00
Superficial Direita Brise
Vertical Concreto
Superficial Esquerda Brise
15,00
Vertical Madeira
Superficial Direita Brise
Vertical Madeira
10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
Horário (hs)

Temperaturas Superficiais - Médias Outono - Oeste

50,00
Ar Externo

45,00 Ar Interno - Referência

Superficial Superior -
Elemento Vazado
40,00
Superficial Inferior -
Elemento Vazado
Superficial Superior -
35,00
Temperatura (ºC)

Brise Horizontal Concreto


Superficial Inferior - Brise
Horizontal Concreto
30,00
Superficial Superior -
Brise Horizontal Madeira
Superficial Inferior - Brise
25,00
Horizontal Madeira
Superficial Esquerda -
Brise Vertical Concreto
20,00
Superficial Direita - Brise
Vertical Concreto
Superficial Esquerda -
15,00
Brise Vertical Madeira
Superficial Direita - Brise
Vertical Madeira
10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

Horário (hs)

Temperatura Superficiais - Média Inverno - Oeste

50,00
Ar Externo

45,00 Ar Interno - Referência

Superficial Superior -
Elemento Vazado
40,00
Superficial Inferior -
Elemento Vazado

35,00 Superficial Superior -


Temperatura (ºC)

Brise Horizontal Concreto


Supreficial Inferior - Brise
Horizontal Concreto
30,00
Superficial Superior -
Brise Horizontal Madeira
25,00 Superficial Inferior - Brise
Horizontal Madeira
Superficial Esquerda -
Brise Vertical Concreto
20,00
Superficial Direita - Brise
Vertical Concreto
15,00 Superficial Esquerda -
Brise Vertical Madeira
Superficial Direita - Brise
10,00 Vertical Madeira
0:00
1:00
2:00
3:00
4:00
5:00
6:00
7:00
8:00
9:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
24.00

Horário (hs)

Fig. 5.94. Gráficos de temperaturas superficiais, aberturas situadas na fachada oeste (verão, outono,
inverno).

126
Comparando os dados coletados entre os protótipos e entre as estações do
ano, nota-se que o dispositivo que apresentou o pior desempenho foi o brise-soleil
vertical de madeira, chegando a apresentar temperaturas semelhantes ao protótipo de
referência (sem proteção). Os brises verticais fixos, madeira e concreto, apresentaram
comportamento menos eficiente mesmo na fachada oeste, para a qual geralmente são
recomendados nos livros de arquitetura brasileira. Nessa face, a tipologia vertical seria
apropriada se as placas forem inclinadas ou móveis.

O atraso observado em relação as maiores temperaturas registradas do ar


externo e interno, varia de 3,5 a 2 horas para o verão e inverno respectivamente. A
diferença da temperatura externa em relação à interna, que é de 1,5ºC, se anula no
inverno na fachada norte. Para a fachada oeste o valor máximo da temperatura externa
ficava sempre menor que a interna, sendo que no verão as diferenças registradas
chegaram à 3,82ºC e no inverno 0,53ºC.

Notou-se que para a fachada norte, as diferenças entre os dispositivos foram


menores que a oeste, porém a curva da temperatura do ar foi mais regular e não
apresentou nenhum pico acentuado como no caso das fachadas oeste no verão e
outono. No inverno, a fachada oeste não apresentou esse pico, aproximando-se do
comportamento da fachada a norte.

No verão e equinócio, o protótipo que registrou as menores temperaturas do ar


interno foi aquele com proteção do elemento vazado, porém no inverno, após o ocaso,
as menores temperaturas foram as dos protótipos com dispositivos de concreto.

Outro aspecto que deve ser considerado é que embora o elemento vazado
apresente desempenho térmico melhor que os demais dispositivos, essa tipologia reduz
sensivelmente a quantidade de luz natural do ambiente interno, e também a visibilidade
para o externo. Faz-se necessário também um estudo do nível de iluminação do
ambiente para verificar sua eficiência em ambos os parâmetros.

127
5.3 Análise Estatística

A análise estatística foi realizada com auxílio do software SAS (Statistical


Analysis System). A entrada de dados foi realizada da seguinte forma:

Unidades experimentais: 06 protótipos, denominados A, B, C, D, E, e F.

Fatores (ou tratamento em ensaio):

Tipologia (T):

quatro tipologias distintas - horizontal (H);

- vertical (V);

- combinado (C);

- referência ou sem proteção (R).

Material (M):

três materiais em ensaio - concreto (C) e vidro;

- madeira (M) e vidro;

- apenas vidro (V).

Estação do ano (E):

três estações: Verão – solstício de verão (V);

Outono - equinócio (março) (O);

Inverno - solstício de inverno (I).

Orientação (O):

duas orientações - Norte (N);

- Oeste (O).
128
Repetições:

A princípio, os dias seriam considerados como repetição, porém as condições


ambientais embora semelhantes, não poderiam ser consideradas homogêneas
(condição essencial para um delineamento inteiramente aleatorizado - DIA). Dessa
forma optou-se por considerar os dias como blocos, configurando um delineamento
aleatorizado em bloco (DAB), assegurando o controle do local. Mesmo assim, ainda foi
efetuada uma seleção dos dias com o objetivo de aumentar a precisão, evitando os
desvios verificados nos gráficos de temperatura do ar e radiação.

Modelo matemático: yij = µ + t i + b j + eij

onde:
yij – valor observado na parcela que recebeu o tratamento i e se encontra no bloco j;

µ - média da população, sem considerar o efeito do tratamento;


ti – efeito devido ao i-ésimo tratamento, que foi aplicado na parcela;
bj – efeito devido ao bloco j, em que se encontra a parcela;
eij – efeito devido aos fatores não controlados, na parcela.

O erro experimental máximo admitido foi α de 5%, devido aos fatores não
controlados. Ou seja, a precisão de resultados obtidos foi acima de 95%.

Variáveis

Foram selecionadas três variáveis para análise estatística, sendo:

- temperatura do ar (ambiente interno);

- temperatura superficial do elemento (superior ou esquerda);

- temperatura superficial do elemento (inferior ou direita).

129
No caso do protótipo D (controle ou referência), não existiu dispositivo de
sombreamento instalado, sendo assim, os dados em análise foram as temperaturas
superficiais externa e interna do vidro, além da temperatura do ar interno.

As comparações foram simuladas para cada horário, os dias como repetição, e


todos os fatores comparados entre si e em combinação de fatores. Como resultado foi
possível estabelecer comparações entre as fontes de variação.

A comparação entre tipologias considerou quatro níveis: brise-soleil horizontal


(H), brise-soleil vertical (V), elemento vazado ou brise-soleil combinado (C), e o
protótipo sem proteção (R). Foram analisadas as relações entre os protótipos com
proteção, e também em relação à referência, comparando as três variáveis em análise:
temperatura do ar interno, e temperaturas superficiais superior (esq.) e inferior (dir.)41.

Da mesma maneira, foram analisadas as relações entre os materiais, sendo


dois relativos aos dispositivos propriamente (concreto e madeira), e mais um, o vidro,
do protótipo sem proteção (referência).

Também foi analisada a influência de cada estação do ano e a variação entre


elas. Foram três as estações monitoradas: verão (V), outono (O) e inverno (I).

E por fim, as duas orientações simuladas: norte (N) e oeste (O), estabelecendo
comparações entre ambas.

Além dessas comparações foram analisadas as interações entre os fatores:


considerando comparações duplas (tipologia x material; tipologia x estação; tipologia x
orientação; material x estação; material x orientação; e estação x orientação); triplas
(tipologia x material x estação; tipologia x material x orientação; tipologia x estação x
orientação; e material x estação x orientação); e quádruplas (tipologia x material x
estação x orientação), para cada variável: temperatura do ar interno, temperaturas
superficiais superior ou esquerda e temperaturas superficiais inferior ou direita.

130
Para facilitar a análise dos resultados estatísticos, as interações foram
apresentadas em quadros para cada variável, considerando:

Fatores
T M E O
T T TM TE TO
Fatores
M - M ME MO
E - - E EO
O - - - O
Quadro 5.5. Comparações simples e duplas.

Fatores
T M E O
TM - - TME TMO
TE - - - TEO
TO - - - -
Fatores

ME - - - MEO
MO - - - -
EO - - - -
TME - - - TMEO
TMO - - - -
Quadro 5.6. Comparações triplas e quádruplas.

Para resultados com α (erro experimental máximo) de 5%, o programa SAS


identificou como interações significativas entre os fatores, ou seja, como variáveis
interdependentes.

A seguir, as interações significativas para cada variável simulada.

Variável: Temperatura do ar no ambiente interno dos protótipos (V1):

As interações mais significativas foram estabelecidas entre as estações do ano,


confirmando os efeitos da sazonalidade sobre os parâmetros monitorados, identificando
relações para a totalidade dos horários dos dados coletados.

41
Para a placa horizontal e para o elemento vazado, os sensores foram posicionados na face superior e inferior da peça. Na placa
vertical, o sensor foi posicionado na superfície esquerda ou direita da peça em relação ao observador olhando para a fachada.

131
Interações entre os fatores: Temperatura Interna
Fator T M TxM E TxE MxE TxM O TxO MxO TxM ExO TxEx MxE TxM
Hora xE xO O xO xEx
O
0:30 X X X
1:00 X X X
1:30 X X X
2:00 X X X
2:30 X X X
3:00 X X X
3:30 X X X
4:00 X X X
4:30 X X X
5:00 X X X
5:30 X X X
6:00 X X X
6:30 X X X
7:00 X X X
7:30 X X X
8:00 X X X
8:30 X X X
9:00 X X X
9:30 X X X
10:00 X X X
10:30 X X X
11:00 X X X
11:30 X X X X
12:00 X X X X
12:30 X X X X
13:00 X X X X
13:30 X X X X
14:00 X X X X X
14:30 X X X X X
15:00 X X X X X
15:30 X X X X X
16:00 X X X X X
16:30 X X X
17:00 X X
17:30 X X X
18:00 X X
18:30 X X X
19:00 X X X X
19:30 X X X X
20:00 X X X
20:30 X X X
21:00 X X X
21:30 X X X
22:00 X X X
22:30 X X X
23:00 X X X
23:30 X X X
24:00 X X X

Total 12 8 0 48 0 0 0 46 0 0 0 45 0 0 0

Quadro 5.7. Interação entre os fatores para as temperaturas internas dos protótipos.

132
Não menos expressivas foram as interações entre as orientações das fachadas,
indicando 46 casos em 48 possibilidades. A interação entre estação e orientação também
foi extremamente importante, com 45 casos em 48.

Outras interações que foram apontadas pela análise foram em relação à tipologia
do dispositivo e ao material construtivo, evidenciando diferenças observadas no
comportamento dos dados coletados.

Comparando esses resultados para a tipologia com os gráficos das temperaturas


médias do ar interno dos protótipos e com os dados das variáveis ambientais, bem como
os horários em que foram registradas interações entre as tipologias (das 11:30 até às
17:30 horas), notou-se a interferência da incidência da radiação solar sobre os dispositivos
e a resposta diferenciada de cada tipologia, confirmando as observações descritas na
análise dos dados.

No caso dos materiais, a interferência foi um pouco menor do que a tipologia, e


percebe-se que apareceram no período da tarde entre as 14:00 até as 19:30, indicando a
inércia e atraso térmico em função do material.

Variável: Temperaturas Superficiais:

Diferentemente da temperatura interna dos protótipos, as temperaturas


superficiais indicaram que há outros fatores que interferiram no seu comportamento.

- Temperatura Superficial Superior ou Esquerda (V2)

As interferências mais significativas foram a estação do ano (43 casos), a


orientação (45 casos) e a interação de ambas estação e orientação (47 casos). Para essa
variável a orientação foi mais significativa que a própria diferença entre as estações do
clima, informação que reforçou as observações geradas na análise dos gráficos.

133
Entretanto, como havia sido notado anteriormente, também a análise estatística
apontou para as interações entre tipologias (16 casos); material (10 casos); na relação da
tipologia x estação (8 casos); em menor escala, na relação do material x estação (3
casos); na relação tipologia x orientação (11 casos); em menor escala, do material x
orientação (3 casos); relação tripla tipologia x estação x orientação (11 casos); e em
menor escala, material x estação x orientação (3 casos).

No caso dos materiais, os horários de ocorrência das interações apontaram para


algo que não aparece com clareza nos gráficos das médias das temperaturas superficiais
superior ou esquerda: de acordo com os horários de ocorrência – início da manhã e ao
anoitecer, dando indícios que a inércia térmica dos materiais é mais significativa no início
do processo de aquecimento pela radiação solar, e também na perda de calor ao final do
dia. Nas interelações em que o material foi um dos fatores, há uma menor incidência,
porém se manifestou principalmente no início da manhã.

A influência da tipologia nos resultados monitorados foi mais significativa que o


material, apontando um número maior de ocorrências, não somente entre os dispositivos,
mas na interação entre outros fatores, como estação, orientação, e estação x orientação.
Em todas essas situações as alterações se concentraram nos horários do intervalo das
8:30 até as 16:00 horas.

Não houveram interações interdependentes entre tipologia x material; tipologia x


material x estação; tipologia x material x orientação; ou tipologia x material x estação x
orientação. Com esses resultados, notou-se que a relação dos materiais para essa
variável só foi significativa se analisada entre eles, não influenciando os demais aspectos.

- Temperatura Superficial Inferior ou Direita (V3)

As interferências mais significativas foram a estação do ano (48 casos), a


orientação (41 casos) e a interação de ambas estação e orientação (46 casos). Para essa
variável a estação do ano foi mais significativa que a orientação da fachada, informação
que reforçou as observações geradas na análise dos gráficos.

134
Interações entre os fatores: Temperatura Superficial Superior / Esquerda
Fator T M TxM E TxE MxE TxM O TxO MxO TxM ExO TxEx MxE TxM
Hora xE xO O xO xEx
O
0:30 X X X
1:00 X X X
1:30 X X X
2:00 X X X
2:30 X X X
3:00 X X X
3:30 X X X
4:00 X X X
4:30 X X X
5:00 X X X
5:30 X X X
6:00 X X X
6:30 X X X
7:00 X X X
7:30 X X X
8:00 X X X X
8:30 X X X X X X
9:00 X X X X X X X X X X X
9:30 X X X X X X X X X X
10:00 X X X X X X
10:30 X X X X X
11:00 X X X X
11:30 X X X X X X
12:00 X X X X X X
12:30 X X X X X X
13:00 X X X X X X
13:30 X X X X X X X
14:00 X X X X X X
14:30 X X X X X
15:00 X X X X X X
15:30 X X X X X X
16:00 X X X X X
16:30 X X X
17:00 X X
17:30 X X X
18:00 X X
18:30 X X X
19:00 X X X X
19:30 X X X X
20:00 X X X X
20:30 X X X
21:00 X X X
21:30 X X X
22:00 X X X
22:30 X X X
23:00 X X X
23:30 X X X
24:00 X X X

Total 16 10 0 43 8 3 0 45 11 3 0 47 11 3 0

Quadro 5.8. Interação entre fatores para temperaturas superficiais superiores ou esquerda dos dispositivos.

135
Interações entre os fatores: Temperatura Superficial Inferior / Direita
Fator T M TxM E TxE MxE TxM O TxO MxO TxM ExO TxEx MxE TxM
Hora xE xO O xO xEx
O
0:30 X X X
1:00 X X X
1:30 X X X
2:00 X X X
2:30 X X X
3:00 X X X
3:30 X X X
4:00 X X X
4:30 X X X
5:00 X X X
5:30 X X X
6:00 X X X
6:30 X X X
7:00 X X X
7:30 X X X
8:00 X X X X
8:30 X X X X
9:00 X X X X
9:30 X X X X X
10:00 X X X X X X
10:30 X X X X X X
11:00 X X X X
11:30 X X X X
12:00 X X X X X
12:30 X X X X X X
13:00 X X X X X X X X
13:30 X X X X X X X X
14:00 X X X X X X X
14:30 X X X X X
15:00 X X X X X X
15:30 X X X X
16:00 X X
16:30 X X
17:00 X X
17:30 X X X
18:00 X X
18:30 X X X
19:00 X X X X
19:30 X X X X
20:00 X X X
20:30 X X X
21:00 X X X
21:30 X X X
22:00 X X X
22:30 X X X
23:00 X X X
23:30 X X X
24:00 X X X

Total 4 10 5 48 5 0 0 41 6 0 0 46 10 0 5

Quadro 5.9. Interação entre fatores para temperaturas superficiais inferiores ou direita dos dispositivos.

136
Embora a ocorrência de interações seja menor que para a variável anterior, essas
interações se distribuem entre várias relações entre fatores: tipologia (4 casos); material
(10 casos); tipologia x material (5 casos); tipologia x estação (5 casos); tipologia x
orientação (6 casos); tipologia x estação x orientação (10 casos); e tipologia x material x
estação x orientação (5 casos).

Conforme foi observado, a relação de interdependência da orientação com a


tipologia e mais algum fator foi significativa para essa variável.

Confirmando a análise dos gráficos, o material do dispositivo foi mais importante


para essa variável, principalmente para os dispositivos horizontais e o combinado, a face
inferior depende diretamente da capacidade térmica do material construtivo.

Para os verticais, esse dado não foi tão expressivo, pois recebem insolação em
ambas as faces em períodos distintos do dia.

O quadro a seguir ilustra os resultados da interação entre fatores obtidos pela


análise estatística para as três variáveis em estudo.

Fator T M TxM E TxE MxE TxM O TxO MxO TxM ExO TxEx MxE TxM
xE xO O xO xEx
Variável O
V1
12 8 - 48 - - - 46 - - - 45 - - -
V2
16 10 - 43 8 3 - 45 11 3 - 47 11 3 -
V3
4 10 5 48 5 - - 41 6 - - 46 10 - 5
Quadro 5.10. Comparação entre os resultados da interação entre fatores para cada variável analisada. V1 –
Temperatura do Ar Interno dos Protótipos; V2 – Temperatura Superficial Superior ou Esquerda; e V3 –
Temperatura Superficial Inferior ou Direita.

137
5.4. Considerações finais

No decorrer deste trabalho, entre as informações analisadas na revisão


bibliográfica e comparação com os métodos gráficos, foram considerados alguns aspectos
sobre os dispositivos de sombreamento, que somados a investigação experimental podem
contribuir na análise do desempenho dos diferentes dispositivos testados.

As recomendações existentes em livros de arquitetura brasileira pesquisadas na


revisão bibliográfica, divulgam diretrizes muito genéricas para o projeto de brise-soleil. Não
incluem a influência da latitude, e necessidade ou não de mobilidade ou inclinação das
placas.

Na comparação das máscaras de sombra, verificou-se que tanto a leste como a


oeste, a tipologia vertical deve ser móvel ou inclinada para ter uma resposta melhor na
redução da temperatura interna. Placas perpendiculares e fixas não oferecem proteção
total, e seu desempenho fica próximo ao vidro sem proteção, conforme os resultados
obtidos expressaram.

Embora o brise-soleil vertical tenha apresentado os piores resultados, essa


tipologia facilita a circulação do ar, e a conseqüente perda de calor do dispositivo, por
diferença de temperatura, tanto a norte como a oeste.

Diferentes dispositivos de mesmo material construtivo que possuam máscaras de


sombra iguais, não resultam necessariamente na mesma eficiência: dependendo da área
de obstrução em relação à superfície transparente e o percentual que representam nessa
relação, a interferência será diferenciada nos resultados da temperatura máxima interna,
bem como no atraso térmico do componente, principalmente para a fachada oeste. Essa
relação não aparece nos estudos de geometria de insolação, mesmo quando se acopla o
nomograma de radiação.

138
Com relação a tipologia de brise-soleil combinado, que obteve os melhores
resultados, algumas observações precisam ser consideradas. Este elemento proporcionou
um sombreamento maior que as demais, pois possui maior área de trama posicionada na
frente da superfície envidraçada. Além de reduzir a transmissão, aumenta a inércia térmica
do sistema e conseqüentemente, o atraso térmico. Porém, reduz muito a luz natural no
ambiente, e interfere significativamente na visibilidade para o exterior. Outro problema
desse elemento é o contraste de luz e sombra, gerado pela trama. É possível que outra
tipologia combinada formada por placas nos limites da superfície transparente resolva com
mais propriedade os aspectos negativos supracitados, porém irá resultar em incidência
direta dos raios normais à fachada quando posicionada na face oeste.

Nas edificações residenciais do modernismo brasileiro entre os anos 30 e 60, era


comum a utilização da trama do elemento vazado em ambientes que não tinham uma
exigência grande de visibilidade externa. Entretanto, em edifícios de escritório que
possuem tramas em painéis, na sua maioria, os arquitetos utilizaram tramas mais finas e
fechadas, ou aumentaram as áreas de vazio gerando uma trama mais aberta. Porém, essa
escolha do dispositivo considerando a atividade do ambiente interno, assim como o
conhecimento e aplicação da geometria de insolação, se perderam.

139
6. CONCLUSÕES

Esta pesquisa contribui para a discussão dos limites dos métodos gráficos, para
o projeto de dispositivos de sombreamento demonstrando a necessidade de considerar,
além da latitude e orientação da fachada, outros aspectos como as relações entre
tipologias e características físicas dos materiais construtivos.

Nos testes realizados em protótipos sob condições climáticas reais, os


resultados obtidos confirmam a grande influência da orientação das aberturas no
comportamento térmico do ambiente.

Em relação à orientação da fachada, foram observados melhores resultados à


norte devido ao material do dispositivo, e à oeste em função da tipologia.

O dispositivo com a melhor eficiência térmica foi o elemento vazado. Esse


resultado era esperado, considerando a máscara de sombra mais abrangente gerada
por essa tipologia. Entre as outras duas tipologias em ensaio, o melhor comportamento
foi do brise-soleil horizontal. Seu comportamento demonstrou regularidade em ambas
fachadas e estações do ano.

A tipologia horizontal apresentou bons resultados para o oeste, sendo melhores


que a vertical, geralmente recomendada para essa orientação nos livros de projeto de
arquitetura.
141
Na fachada norte, a tipologia vertical se mostrou importante, barrando os raios
do início e final do dia, quando o sol está mais baixo no horizonte e a incidência da
radiação direta é mais representativa no plano vertical do que para o horizontal.

Para ambos os parâmetros, temperatura interna e superficial, o fator que tem


maior influência é a orientação da fachada e estação do ano. Com relação à temperatura
interna dos protótipos, durante o dia a tipologia e material se destacam, sendo
significativas entre 11:30 e 17:30, e das 14:00 às 19:30, respectivamente. Para as
temperaturas superficiais, a tipologia passa a ser significativa durante o período de
insolação, seguida pelo material construtivo do elemento, embora este se destaque no
início da manhã e no final da tarde.

Verificou-se a existência de diferenças no aporte de calor solar entre distintas


tipologias de dispositivos de proteção solar de mesmo material construtivo. Os
resultados também mostraram diferenças entre tipologias idênticas e mesma máscara
de sombra, mas com materiais construtivos distintos, madeira e concreto.

Era esperado um comportamento mais eficiente da madeira em relação ao


concreto, devido a sua menor condutividade térmica. Entretanto, esse resultado não se
confirmou nas medições, pois o concreto obteve um desempenho superior à madeira.

Há a possibilidade dos dados coletados terem registrado a influência da umidade


presente no material construtivo do dispositivo, considerando que a madeira é um
material higroscópico e que a umidade relativa do ar é elevada, principalmente no verão,
no local onde ocorreram os ensaios.

Em relação às placas, no verão, os resultados para as temperaturas internas


indicam a possibilidade de o material dos dispositivos ser responsável pelo maior
amortecimento térmico. Entretanto, os mesmos apontam que a tipologia possivelmente
influenciou mais o resultado do atraso térmico.

142
A influência da tipologia nos resultados monitorados foi mais significativa que o
material, apontando um número maior de ocorrências, não somente entre os
dispositivos, mas na interação entre outros fatores, como estação, orientação, e
estação x orientação. Esse resultado confirma a importância da geometria de insolação,
ferramenta adequada à definição da tipologia.

No caso dos materiais, a interferência foi um pouco menor do que a tipologia, e


concentrou-se no período da tarde.

Para a tipologia, o aspecto mais importante a ser considerado na sua definição é


o ângulo de altura solar. Entretanto, esta influencia também na absorção de calor pelo
elemento, pois o ângulo de incidência da radiação solar direta no dispositivo definirá a
relação absortância/refletância.

Com relação ao material, a relação absortância/refletância (depende do


acabamento superficial) e suas características termo-físicas (inerentes ao material)
influenciam o desempenho térmico.

São poucas as pesquisas que consideram a influência do material construtivo no


desempenho do dispositivo de sombreamento. Geralmente a abordagem se limita ao
estudo da orientação e tipologia desses elementos.

A interação entre a estação do ano e orientação da fachada é importante para os


parâmetros monitorados, temperatura interna e superficial.

As interações entre orientação, estação, tipologia e material construtivo também


se confirmam nos dados estatísticos. Para esses parâmetros a estação do ano altera
bastante os valores registrados, mas não é significativa na relação do perfil de
comportamento das curvas de temperaturas ao longo do dia.

Observou-se a influência da área de obstrução do dispositivo em relação à


abertura, indicando que mesmas máscaras de sombra provenientes de dispositivos com

143
áreas de obstrução distintas não resultaram em mesmo desempenho térmico, havendo
interferência nos dados da temperatura máxima interna, bem como no atraso térmico do
componente, principalmente para a fachada oeste.

É necessário um estudo mais detalhado acerca das eficiências parciais,


explicitando percentuais de proteção. Nos resultados obtidos, além do percentual de
área sombreada, há uma interferência relativa à proporção entre as áreas do dispositivo
e da superfície transparente.

144
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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UNDERWOOD, D. Oscar Niemeyer and the architecture of Brazil. New York: Rizzoli,
1994.

VIANNA, N. S., GONÇALVES, J. C. Iluminação e arquitetura. São Paulo: Virtus ltda,


2001.

150
ANEXOS

151
ANEXO I – Radiação Solar

Considerando que a função essencial dos dispositivos de sombreamento é


interceptar os raios solares incidentes na edificação, é imprescindível compreender a
radiação solar.

Denomina-se radiação solar à energia emitida pelo sol e que se propaga sob
a forma de ondas eletromagnéticas, no espaço ou num meio material. Compõe o
espectro eletromagnético, representado em função do comprimento de onda (fig.).

. freqüência (Hz)
(> f)
22
10 10 20
10 18
10 16
10
14
10
12
1010 108 106 104 102
(Hz)

UV
.raios gama .raios x . infravermelho .microondas . TV rádio AM . .ondas longas
visível ondas curtas
(m)
10-12 10-10 10-8 10-6 10-4 10-2 1 102 104 106
(angstrom ) (1nm) (10nm) (100 nm) (1000 nm (10 µ) (100 µ) (1 mm) (1 cm) (10 cm) (1 m) (10 m) (100 m) (1 km) (10 km) (100 km) (1000 km)
ou 1 µ)
comprimento de onda (λ)
(> λ )
Fig.95. - Espectro eletromagnético (adaptado de TIPLER, 1995).

RADIAÇÃO SOLAR
ondas curtas (290 a 2500 nm)
ultravioleta visível infravermelho
UV C UV B UV A Onda curta Onda média Onda longa
100-280 nm 280-315 nm 315-380 nm 380-780 nm 780-1400 nm 1400-3000nm 3000-7000nm 7000-10000nm

Tabela 9. Espectro da radiação solar.

A faixa correspondente à radiação solar, considerada radiação de onda curta,


compreende um intervalo definido de freqüência e comprimento de onda (290 a 2500
nm), entre as radiações ultravioleta e infravermelha (ver tabela).

153
O espectro solar é subdividido em três faixas de acordo com seu
comprimento de onda, estando associadas a diferentes fenômenos ou propriedades
que interferem no meio ambiente e afetam o homem1 de forma distinta:

- radiação ultravioleta (290 a 380nm): • desbotamento / descoloração dos


materiais;
• pigmentação da pele;
• efeito bactericida / germicida;
• melhora a síntese de vitamina D pela pele.
- luz visível (380 a 780nm): • sensação de visão ao olho humano;
• percepção de cores;
• intensidade de luz branca;
• grau de iluminação natural de um ambiente.
- radiação infravermelha (780 a 2500nm): • fonte de calor;
• interfere na condição térmica do ambiente.

Essa energia que chega à superfície terrestre é composta por comprimentos


de ondas compreendidos pelas três faixas acima apresentadas, porém com diferente
intensidade conforme mostram as figuras nn. Observa-se que há maior quantidade
de energia na estreita região do visível, porém a região do infravermelho também é
expressiva, embora não tenha um pico acentuado possui ampla faixa de
comprimento de onda que somada atinge valores proporcionais aos do visível.

2400
GSC, λ - Irradiância espectral, W/m2 µm

2000

1600

1200

800

400

0
0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6
Comprimento de onda, λ, µm Fig. 97 - Distribuição espectral da energia solar,
Fig. 96 - Irradiância espectral padrão da NASA/ASTM, na distância atmosfera nível do mar. (Fonte: CARAM 1998,
2
média entre o Sol e a Terra, e constante solar de 1353 W/m . modificada de ASHRAE Handbook of
(Fonte:DUFFIE & BECKMAN, 1980. p.5) Fundamentals, Chapter 27, Fenestration , 1993).

1
No anexo nn, informações acerca da influência de cada faixa de comprimento de onda das radiações UV, visível e IV.

154
Devido à excentricidade da órbita terrestre, a energia solar que incide no topo
da atmosfera varia em função da distância entre a Terra e o Sol, entretanto adota-se um
valor médio de constante solar2 de 1353 W/m2. A intensidade dessa radiação será
menor do que o valor da constante solar caso não seja perpendicular à direção de
propagação (fig.). Dessa forma, a latitude do local, a época do ano e o horário do dia
apresentam variações nos ângulos de incidência dos raios solares (fig.).

Fig. 98. (esquerda). A radiação solar incidindo sobre as latitudes de


0º, 30º e 60º. (Fonte: FROTA, 2004)

Fig. 99. (abaixo). Intensidade da radiação solar incidente, lei dos


cosenos. (Fonte: BARDOU & ARZOUMANIAN, 1980).

Outro aspecto que também reduz a intensidade da radiação solar é sua


passagem pela atmosfera. Quanto maior a latitude do local e/ou quanto menor o ângulo
de altura solar em função da época do ano ou da hora dos dia, maior será a camada
atmosférica atravessada, e portanto, menor o fluxo energético que à superfície do solo
terrestre (fig.).

(a) Em função da latitude (Fonte: BARDOU & ARZOUMANIAN, 1980). (b) devido ao horário do dia. (Fonte: FROTA, 2004)
Fig. 100. Radiação solar que atravessa diferentes espessuras da camada atmosférica.

2
Constante Solar: é definida como “... a energia vinda do sol, por unidade de tempo, recebida em uma unidade de área de
superfície perpendicular à direção de propagação da radiação, a uma distância média entre a Terra e o Sol, fora da atmosfera.”
Seu valor é 1353 W/m , obtido em medições com precisão de ±1,5% pela NASA/ASTM.
2

155
Gráficos de radiação solar3

(a) Latitude 0º (b) Latitude 23º 30’ S (c) Latitude 50º S


Fig. Variação dos valores de radiação solar em diferentes latitudes. Hemisfério Sul, Equinócio de primavera, Céu limpo.

(a) Solstício de verão (b) Equinócio (c) Solstício de Inverno


Fig. Variação dos valores de radiação solar em diferentes estações do ano. Latitude 23º 30’ S, Céu limpo.

(a) Nebulosidade 0 – céu limpo (b) Nebulosidade 5 – nublado (c) Nebulosidade 10 – encoberto
Fig. 101. Variação dos valores de radiação solar direta no plano horizontal, com diferentes condições de nebulosidade. Latitude 23º 30’ S.

Nas figuras acima, observa-se a variação da radiação em diferentes horários,


com máxima intensidade ao meio dia e tendendo a zero no nascente e poente.

3
Resultados simulados pelo software Luz do Sol, de Maurício Roriz.

156
Essa energia sofre os fenômenos de reflexão, absorção e dispersão ou difusão,
por causa dos elementos químicos que a compõe (ozônio, dióxido de carbono, e vapor
d’água), das partículas e outros materiais em suspensão, bem como das condições
atmosféricas como a nebulosidade (fig).

RADIAÇÃO TOTAL INCIDENTE


2
(constante solar 1353 W/m ) = 100%

Topo da
ATMOSFERA

%
a = refletida no solo 5
b = refletida pelas nuvens 20
c = absorvida pela atmosfera 25

d = difusa, no solo 23
e = direta, no solo 27

Total no solo 50
SOLO

Fig. 102. Passagem da radiação solar pela atmosfera. (Fonte: adaptado de KOENIGSBERGER et al., 1980. p.7)

Comparando os valores apresentados por Bardou & Arzoumanian (1984) com


Koenigsberger et al. (1980), observa-se que chegam ao solo mais da metade da
radiação solar que atinge a superfície terrestre, variando entre 50 a 53%. E a parcela
relativa a radiação solar direta tem o percentual de 27% do total, de acordo com
Koenigsberger et al. (1980).

radiação solar que chega à atmosfera – 100%


devolvida ao refletida pelas absorvida na chega ao solo
espaço nuvens atmosfera
BARDOU & 32% - 15% refletida no solo absorvida no solo
ARZOUMANIAN (1984) 6% 47%
KOENIGSBERGER - 20% 25% 5% difusa direta
et al. (1980) 23% 27%
Tabela 10. Radiação solar que chega a Terra.

157
Segundo Givoni (1981), conforme a radiação solar penetra na atmosfera sua
intensidade decresce e a distribuição espectral sofre alterações provocadas pela
absorção, reflexão e dispersão.

Existem divergências com relação à distribuição das proporções da energia


solar que atingem a superfície do solo, entre as três faixas que a compõe (fig). Caram
(1998) propõe um intervalo que admite uma variação nesses percentuais.

ULTRAVIOLETA VISÍVEL INFRAVERMELHO


BARDOU & ARZOUMANIAN (1984) 3% 44 % 53 %
CARAM (1998) 1a5% 41 a 45 % 52 a 60 %
Tabela 11. Proporção da distribuição espectral da energia solar.

Para Olgyay & Olgyay (1957) a questão do controle da radiação solar deve
considerar sua composição espectral, pois suas características particulares demandam
diferentes estratégias de controle. Assim, a radiação ultravioleta com comprimento de
onda acima de 290nm que atravessa a camada de ozônio, embora apresente
vantagens terapêuticas, é barrada também pelo vidro comum que é opaco ao seu
comprimento de onda. Já os referentes a descoloração dos materiais podem ser
minimizados e até eliminados com a utilização de películas poliméricas aplicadas aos
vidros. No caso da luz visível, a função da janela é admitir luz suficiente e reduzir o
brilho e contraste. Segundo os autores, é fácil realizar seu controle no interior do
ambiente construído. Com relação ao infravermelho, alertam para a vulnerabilidade da
envoltória, pois essa radiação é considerada de difícil controle e seu impacto no
ambiente é o mais representativo ao desempenho da edificação.

Sendo a radiação infravermelha responsável pelo aquecimento da edificação,


seja de ondas curtas provenientes do sol ou de ondas longas advindas de corpos em
temperatura ambiente4, é importante apresentar algumas de suas características
físicas.

4
Radiação de onda curta: tem seu espectro compreendido entre 300 e 3000nm, e inclui os componentes direto e difuso.

158
Radiação Infravermelha

A radiação infravermelha, seja de ondas curtas, médias ou longas, é invisível ao


olho humano, porém é percebido como fonte de calor. Segundo a mecânica quântica as
moléculas absorvem energia eletromagnética. A absorção das radiações ultravioleta,
visível e infravermelha atuam em processos distintos. Enquanto as duas primeiras
quando absorvidas podem alterar o estado de um elétron, a radiação infravermelha
interfere na vibração da molécula aumentando sua energia cinética, ou seja,
aquecendo-a.

Duffie & Beckman (1980), lembram que embora os limites do infravermelho não
sejam bem definidos são considerados num intervalo entre 780 e 10.000nm, dividido
em três faixas de acordo com seu comprimento de onda e de sua fonte de origem.

INFRAVERMELHO
Onda curta (próximo) Onda média Onda longa (longínquo)
780-1400 nm 1400-3000nm 3000-7000nm 7000-10000nm
Radiação solar infravermelha 780 a 2500nm Radiação térmica – corpos em temperaturas ordinárias

Tabela 12. Espectro da radiação infravermelha.

A radiação infravermelha (IV) se propaga no vácuo e atravessa o ar limpo sem


perda sensível de energia. Porém, a presença de vapor d’água e de dióxido de carbono
na atmosfera é responsável pela absorção de parte dessa energia. Segundo Labaki et
al. (1995) do total da radiação solar, entre 290 a 1800nm, que atinge o topo da
atmosfera os comprimentos de onda superiores a 1500nm são absorvidos pelo vapor
d’água e pelo CO2, chegando de forma reduzida à superfície do sol, mesmo assim,
corresponde a mais da metade do espectro solar.

Radiação de onda longa: valores acima de 3000nm compõe seu espectro e originasse em fontes com temperaturas próximas à
ambiente. (DUFFIE & BECKMAN 1980)

159
Características do infravermelho a serem consideradas:

• é uma onda eletromagnética, e se propaga no vácuo sem perda de energia;


• possui ampla faixa espectral que compreende comprimentos de onda curtas
(radiação solar), e longas (corpos com temperatura próxima à ambiente);
• o infravermelho de ondas curtas corresponde a mais da metade do espectro solar;
• o ar limpo é transparente à ela, porém é absorvida em presença de vapor d’água e
dióxido de carbono (CO2) na atmosfera;
• é invisível ao olho humano;
• percebida como fonte de calor;
• sua absorção depende da cor das superfícies no caso das ondas curtas, mas não
para as ondas longas;
• interfere na condição térmica do ambiente.

160
ANEXO II – Cálculo do Painel Equivalente

Para definir a espessura mínima equivalente para o painel de fechamento da


abertura que não estivesse sendo ensaiada, foi necessário calcular a resistência
térmica e atraso térmico da parede de tijolos de barro maciço. Dado o valor encontrado,
foi a referência para o cálculo e definição da espessura e materiais que comporão o
painel equivalente. Estes necessitariam resistir a exposição às intempéries, e ter
acabamento em pintura branca igual a parede. Dada a disponibilidade de materiais e
custos, as opções encontradas foram o compensado de madeira de virola com placa de
poliestireno expandido (isopor).

Para o referido cálculo foi seguida a metodologia do projeto de norma


02:135.07-002 – Desempenho térmico de edificações – parte 2: Métodos de cálculo da
transmitância térmica, da capacidade térmica, do atraso térmico e do fator de calor solar
de elementos e componentes de edificações.

Características da parede:

Parede de tijolos de barro maciços assentados com argamassa comum de


cimento, e pintada externa e internamente com tinta pva acrílica na cor branco neve
(suvinil).

Dados dos materiais:

Material Dimensões
2
λ ρ c
L (m) C (m) e (m) A (m ) (W/( m.K)) (kg/m )
3
(kJ/(kg.K))
Tijolo de barro maciço 0,22 0,045 0,10 0,0099 0,90 1600 0,92
Argamassa comum 0,22 0,015 0,10 0,0042 1,15 2000 1,00
0,015 0,06
(cimento)
Tabela 13. Propriedades térmicas de materiais – tijolo e argamassa. (Fonte: Tabela B3 – Propriedades térmicas de materiais.
Projeto de Norma 02:135.07-002 Desempenho térmico de edificações – Parte 2: Métodos de cálculo da transmitância térmica, da
capacidade térmica, do atraso térmico e do fator de calor solar de elementos e componentes de edificações. Dezembro 1998, pg.
13-15.)

161
Resistências térmicas dos materiais: R = e/λ

- tijolo de barro maciço:

Rtij = 0,10 / 0,90 = 0,11 (m2.K) / W

- argamassa comum (cimento):

Rarg = 0,10 / 1,15 = 0,087 (m2.K) / W

Resistência térmica da parede (componente de seção heterogênea, camadas homogêneas)

Atij + A arg 0,0099 + 0,0042


Rt =
Atij A arg 0,0099 0,0042
+ +
Rtij R arg 0,11 0,087

Rt = 0,1114 (m2.K) / W

Resistência térmica total

RT = Rsi + Rt + Rse = 0,13 + 0,1114 + 0,04

RT = 0,2814 (m2.K) / W

Transmitância térmica

U = 1 / RT = 1 / 0,2814

U = 3,55 W / (m2.K)

Capacidade térmica do material: CT = Σ e . ρ . c

- tijolo de barro maciço:

CTtij = 0,10 . 1600 . 0,92 = 147,2 kJ / (m2.K)

- argamassa comum (cimento):

CTarg = 0,10 . 2000 . 1,00 = 200,0 kJ / (m2.K)

162
Capacidade térmica da parede (componente heterogêneo)

Atij + A arg 0,0099 + 0,0042


CT = =
Atij A arg 0,0099 0,0042
+ +
Ctij C arg 147,2 200

CT = 174,60 kJ / (m2.K)

Atraso térmico

ϕ = 0,7284 . Rt.CT = 0,7284 . 0,114.174,60

ϕ = 3,21 horas

ou seja, um atraso de 3 horas, 12 minutos e 36 segundos.

Fator de calor solar

FS = 4 . U . α = 4 . 3,55 . 0,20

FS = 2,84 %

Para a construção de um painel equivalente, era preciso primeiramente definir


os materiais a serem utilizados. Nessa etapa foi considerado algumas características
como a resistência do material a exposição em condições reais, com incidência direta
da radiação solar, da ação dos ventos e das chuvas. Também, foram avaliadas a
disponibilidade do material no mercado, o custo, e a facilidade de trabalho e manuseio,
uma vez que os alunos e técnicos do laboratório de Conforto Ambiental que os
manipulariam. Optou-se pelo esquema de painel sanduíche, com o uso de madeira
compensada (várias espessuras encontradas no mercado 4, 6, 8, 10, 12, 15,e 20mm), e
recheio de lã de vidro ou isopor, pois possuem um coeficiente de condutibilidade
térmica muito próximos (ver tabela), neste caso optou-se pelo isopor, pelo custo do
material, a facilidade de trabalho e manuseio, e a disponibilidade de espessuras no
mercado (5, 10, 15, 20, 25, 30 e 50mm).

163
Dados dos materiais:

Material Dimensões λ ρ c
2
L (m) C (m) e (m) A (m ) 3
(kJ/(kg.K))
(W/( m.K)) (kg/m )

Madeira compensada 1,04 0,84 ? 0,8736 0,15 450-550 2,30


Poliestireno expandido (isopor) 1,04 0,84 ? 0,8736 0,04 15-35 1,42
Lã de vidro 1,04 0,84 ? 0,8736 0,045 10-100 0,70
Tabela 14. Propriedades térmicas da madeira, poliestireno expandido e lã de vidro. (Fonte: Tabela B3 – Propriedades térmicas
de materiais. Projeto de Norma 02:135.07-002 Desempenho térmico de edificações – Parte 2: Métodos de cálculo da
transmitância térmica, da capacidade térmica, do atraso térmico e do fator de calor solar de elementos e componentes de
edificações. Dezembro 1998, pg. 13-15.)

Valores de resistência térmica e atraso térmico desejados para o painel:

Rt = 0,1114 (m2.K) / W ϕ = 3,21 horas

Considerando somente o uso da madeira:

Rmad = Rpar = 0,1114 (m2.K) / W

R = e/λ 0,114 = e / 0,15 e = 0,017m

como não há chapa de compensado nessa espessura, adotou-se a medida de 0,02 m.

Resistências térmicas dos materiais: R = e/λ

- madeira compensada:

Rmad = 0,020 / 0,15 = 0,1333 (m2.K) / W

Capacidade térmica:

CT = (0,02 . 500 . 2,30) = 23 kJ / (m2.K)

164
Atraso térmico

ϕ = 0,7284 . Rt.CT = 0,7284 . 0,1333.23

ϕ = 1,27 horas

Ou seja, apesar da madeira compensada de 20mm oferecer uma resistência


térmica próxima do valor desejado, seu atraso térmico (ϕ = 1,27 horas) fica muito
defasado em relação ao da parede de tijolos (ϕ = 3,21 horas).

Reiniciou-se os cálculos considerando um elemento composto de madeira e


isopor, da seguinte forma, uma chapa de 10mm de madeira e verificando a espessura
de isopor necessário para satisfazer as condições desejadas.

- madeira compensada:

Rmad = 0,010 / 0,15 = 0,0667 (m2.K) / W

- poliestireno expandido (isopor):

Riso = e / 0,04 (m2.K) / W

Resistência térmica do painel (componente de uma única seção, camadas heterogêneas)

Espessura da placa de isopor:


Rt = Rmad + Riso
e
Rt = 0,114 = 0,0667 +
0,04
e
0,114 – 0,0667 =
0,04
e = 0,0473 . 0,04 e = 0,0018 m

Como não há placa de poliestireno expandido nessa espessura, foi considerada


uma espessura de 5mm.
165
Resistências térmicas dos materiais: R = e/λ

- madeira compensada:

Rmad = 0,010 / 0,15 = 0,0667 (m2.K) / W

- poliestireno expandido (isopor):

Riso = 0,005 / 0,04 = 0,125 (m2.K) / W

Resistência térmica do painel:

Rt = Rmad + Riso = 0,0667 + 0,125

Rt = 0,1917 (m2.K) / W

Capacidade térmica do painel:

CT = Σ e . ρ . c

CT = (0,01 . 500 . 2,30) + (0,005 . 25 . 1,42)

CT = 11,5 + 0,18 = 11,68 kJ / (m2.K)

Atraso térmico (componente de uma única seção, camadas heterogêneas)

ϕ = 1,382 . Rt . B1 + B2

onde,

Bo
B1 = 0,226 .
Rt

B0 = CT – CText

((λ.ρ.c )ext ) (Rt − Re xt )


B2 = 0,205 . . (Rext - )
Rt 10
Então:

B0 = 11,68 – 11,5 = 0,18

166
0,18
B1 = 0,226 . = 0,21
0,1917
(0,15.500.2,30) (0,1917 − 0,0667 )
B2 = 0,205 . . (0,0667 - )
0,1917 10

B2 = 0,205 .899,84. 0,0542 = 9,998


Portanto,

ϕ = 1,382 . 0,1917. 0,21 + 9,998

ϕ = 1,382 . 0,1917. 3,195 = 0,85 horas

Nessa simulação, o atraso térmico ficou muito abaixo dos valores da parede de tijolos.

Novamente foram reiniciados os cálculos, considerando um elemento composto


de madeira e isopor, da seguinte forma, duas chapas de 10mm de madeira e uma placa
de isopor de 25mm:

- madeira compensada:

Rmad = 0,010 / 0,15 = 0,0667 (m2.K) / W

- poliestireno expandido (isopor):

Riso = e / 0,04 = 0,025 / 0,04 = 0,625 (m2.K) / W

Resistência térmica do painel (componente de uma única seção, camadas heterogêneas)

Resistência térmica do painel:

Rt = Rmad + Riso = (2 x 0,0667) + 0,625

Rt = 0,7584 (m2.K) / W

167
Capacidade térmica do painel: CT = Σ e . ρ . c

CT = (0,02 . 500 . 2,30) + (0,025 . 25 . 1,42)

CT = 23,0 + 0,8875 = 23,8875 kJ / (m2.K)

Atraso térmico (componente de uma única seção, camadas heterogêneas)

ϕ = 1,382 . Rt . B1 + B2

onde,

Bo
B1 = 0,226 .
Rt

B0 = CT – CText

((λ.ρ.c )ext) (Rt − Re xt )


B2 = 0,205 . . (Rext - )
Rt 10

B0 = 23,8875 – 11,5 = 12,3875

12,3875
B1 = 0,226 . = 3,6914
0,7584
(0,15.500.2,30) (0,7584 − 0,0667)
B2 = 0,205 . . (0,0667 - )
0,7584 10

B2 = 0,205 . 227,45 . -0.00247 = -1,15

ϕ = 1,382 . Rt . B1 + B2

ϕ = 1,382 . 0,7584 . 3,6914 − 1,15

ϕ = 1,382 . 0,7584 . 1,59 = 1,67 horas

Embora a resistência térmica do painel tenha sido maior, o atraso térmico ainda
ficou abaixo do valor da parede de tijolos.

168
ANEXO III – Cálculo do Horário Solar

HORÁRIO SOLAR

Para encontrar o horário solar verdadeiro para a longitude de Campinas e para


os dias monitorados nos ensaios em campo, foi necessário calcular a longitude de
Campinas traduzida em horas (λ), e a equação do tempo (ET).

A equação do tempo expressa a diferença1 entre o tempo solar local e o tempo


solar médio (rotação uniforme da Terra em torno do sol), com variação máxima de 16
minutos (BITTENCOURT, 1996).

Cálculo da longitude de Campinas 47º 03’ (ou - 47,05) traduzida em horas (λ),
sendo cada 15º = 1 hora, e 1º = 4 minutos, então:

- 47,05 = -(45/15 + 2,05*4)

λ = -3 horas e 08,2 minutos

E o tempo universal (TU) é calculado pela expressão:

TU = TSV + ET - λ

onde:
TU é a hora universal (tempo universal);
TSV é a hora local (tempo solar verdadeiro);
λ =é a longitude traduzida em horas;
ET é a equação do tempo, com ET ≤ 16 minutos. Dados obtidos sob consulta ao gráfico(fig.) ou
calculado (fig.).

1
resultado da irregularidade da rotação terrestre, sobretudo as variações de velocidade angular em torno do sol.

169
Fig.103. – Valores da equação do tempo, em minutos. (Fonte: JAN, 1983 apud BITTENCOURT, 1996)

Fig.104. – Calculadora Solar (http://darwin.futuro.usp/site/sky/atividades/c_calculadora).

170
No quadro abaixo apresentam-se os valores da equação do tempo para a
cidade de Campinas (latitude 22º 54’, longitude 47º 03’), para os períodos monitorados
no ano de 2004. Calculado com auxílio do programa “calculadora solar” disponível no
site http://darwin.futuro.usp/site/sky/atividades/c_calculadora.

Época Fachada data minutos ET meio-dia local diferença


09/01 -6,68 11:58:38 - 01min, 22 seg
10/01 -7,10 11:59:02 - 58 seg
11/01 -7,51 11:59:27 - 33 seg
12/01 -7,91 11:59:51 - 9 seg
13/01 -8,30 12:00:14 + 14 seg
Norte

14/01 -8,68 12:00:36 + 36 seg


15/01 -9,05 12:00:58 + 58 seg
Verão

16/01 -9,41 12:01:19 + 01 min, 19 seg


17/01 -9,75 12:01:19 + 01 min, 19 seg
18/01 -10,09 12:02:00 + 02 min
19/01 -10,41 12:02:19 + 02 min, 19 seg
09/02 -14,22 12:06:01 + 06 min, 01 seg
Oeste

10/02 -14,25 12:06:03 + 06 min, 03 seg


11/02 -14,27 12:06:04 + 06 min, 04 seg
17/03 -8,38 12:00:04 + 04 seg
18/03 -8,09 11:59:46 - 14 seg
19/03 -7,80 11:59:29 - 31 seg
20/03 -7,50 11:59:11 - 49 seg
Outono

21/03 -7,21 11:58:35 - 01 min, 25 seg


Oeste

22/03 -6,91 11:58:35 - 01 min, 35 seg


23/03 -6,61 11:58:17 - 01 min, 43 seg
24/03 -6,31 11:57:59 - 02 min, 01 seg
25/06 -6,00 11:57:41 - 02 min, 19 seg
26/03 -5,70 11:57:23 - 02 min, 37 seg

171
27/03 -5,40 11:57:04 - 02 min, 56 seg
28/03 -5,10 11:56:46 - 03 min, 14 seg
29/03 -4,79 11:56:28 - 03 min, 32 seg
30/03 -4,49 11:56:10 - 03 min, 50 seg
31/03 -4,19 11:55:52 - 04 min, 08 seg
Norte

01/04 -3,90 11:55:34 - 04 min, 26 seg


02/04 -3,60 11:55:17 - 04 min, 43 seg
03/04 -3,31 11:54:59 - 05 min, 01 seg
04/04 -3,01 11:54:42 - 05 min, 18 seg
05/04 -2,73 11:54:24 - 05 min, 36 seg
25/06 -2,60 11:54:28 - 05 min, 32 seg
26/06 -2,81 11:54:41 - 05 min, 19 seg
27/06 -3,02 11:54:53 - 05 min, 07 seg
Oeste

28/06 -3,23 11:55:05 - 04 min, 55 seg


29/06 -3,43 11:55:17 - 04 min, 43 seg
30/06 -3,63 11:55:29 - 04 min, 31 seg
Inverno

01/07 -3,82 11:55:41 - 04 min, 19 seg


02/07 -4,01 11:55:52 - 04 min, 08 seg
03/07 -4,20 11:56:03 - 03 min, 57 seg
04/07 -4,38 11:56:14 - 03 min, 46 seg
Norte

05/07 -4,56 11:56:24 - 03 min, 36 seg


06/07 -4,73 11:56:35 - 03 min, 25 seg
07/07 -4,89 11:56:44 - 03 min, 16 seg
08/07 -5,05 11:56:54 - 03 min, 06 seg
Quadro 12. Valores da equação do tempo para os dias monitorados, meio-dia local e a diferença em minutos entre o horário legal e o
horário solar verdadeiro.

As maiores diferenças de horário observadas para os períodos acima foram


para o dia 11/02 com + 06 minutos e 04 segundos (12:06:04 horas), e para o dia 05/04
com – 05 minutos e 36 segundos (11:54:24 horas). Constatou-se que a variação é
pequena, e não alterou significativamente as observações realizadas no tempo legal.

172
APÊNDICE

173
Temperatura do Ar Externo - Norte
Temperatura do Ar Exteerno - Verão - Norte

35,00
35,00

30,00 30,00

Média

dia 10/01 Média

Temperatura (ºC)
Temperatura (ºC)

25,00 25,00
dia 11/01
Dia 11/01
dia 12/01

Verão - fachada norte: de 10 a 18 de janeiro:


Dia 12/01
20,00 dia 13/01 20,00
Dia 13/01
dia 14/01

dia 15/01 Dia 16/01


15,00 15,00
dia 16/01
Dia 17/01
dia 17/01
Dia 18/01
dia 18/01
10,00
10,00

0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
Horário (hs)
Horário (hs)

Fig. 105 - Temperatura do ar externo - média e dias do intervalo de 10 a Fig. 107 - Temperatura do ar externo - média da seleção de dias do intervalo
175

18/01/2004. de 10 a 18/01/2004. (dias 11, 12, 13, 16, 17, e 18/01)

Temperatura do Ar - Médias 10 a 18/01 - Norte Temperatura do Ar - Média Seleção 11 a 18/01 - Norte

35,00 35,00

30,00 30,00

Ar Externo Ar Externo

Temperatura (ºC)
Temperatura (ºC)

25,00 25,00
Ar Interno - Referência Ar Interno - Referência

Ar Interno - Elemento Ar Interno - Elemento


Vazado Vazado
20,00 20,00
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto Horizontal Concreto

Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise


Horizontal Madeira Horizontal Madeira
15,00 15,00
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Vertical Concreto Vertical Concreto

Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise


Vertical Madeira Vertical Madeira
10,00 10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

Horário (hs) Horário (hs)

Fig. 106 - Temperaturas médias do ar, externo e interno dos protótipos. Fig. 108. Temperaturas médias do ar externo e interno dos protótipos (seleção
de dias).
Temperatura do Ar - dia 10/01 - Norte Temperatura do Ar - Dia 12/01 - Norte

35,00 35,00

30,00 30,00

Ar Externo Ar Externo

Temepratura (ºC)
Temperatura (ºC)

25,00 25,00
Ar Interno - Referência Ar Interno - Referência

Ar Interno - Elemento Ar Interno - Elemento


Vazado Vazado
20,00 20,00
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto Horizontal Concreto

Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise


Horizontal Madeira Horizontal Madeira
15,00 15,00
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Vertical Concreto Vertical Concreto

Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise


Vertical Madeira Vertical Madeira
10,00 10,00
0:00
1:00
2:00
3:00
4:00
5:00
6:00
7:00
8:00
9:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
24.00

0:00
1:00
2:00
3:00
4:00
5:00
6:00
7:00
8:00
9:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
24.00
Horário (hs) Horário (hs)

Fig. 109. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 10/01. Fig. 111. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 12/01.
176

(não selecionado)
Temperatura do Ar - Dia 13/01 - Norte
Temperatura do Ar - dia 11/01 - Norte
35,00
35,00

30,00
30,00

Ar Externo

Temperatura (ºC)
Ar Externo 25,00
Temperatura (ºC)

25,00

Ar Interno - Referência
Ar Interno -
Referência
Ar Interno - Elemento Ar Interno - Elemento
20,00 Vazado 20,00 Vazado
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto Horizontal Concreto
Ar Interno - Brise
Horizontal Madeira
Ar Interno - Brise
15,00 Horizontal Madeira
Ar Interno - Brise 15,00
Vertical Concreto Ar Interno - Brise
Vertical Concreto
Ar Interno - Brise
Vertical Madeira Ar Interno - Brise
10,00 Vertical Madeira
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

10,00
0:00
1:00
2:00
3:00
4:00
5:00
6:00
7:00
8:00
9:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
24.00
Horário (hs)
Horário (hs)

Fig. 110.. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 11/01. Fig. 112. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 13/01.
Temperatura do Ar - Dia 14/01 - Norte Temperatura do Ar - Dia 16/01 - Norte

35,00 35,00

30,00 30,00

Ar Externo Ar Externo
Temperatura (ºC)

Temperatura (ºC)
25,00 25,00
Ar Interno - Referência Ar Interno - Referência

Ar Interno - Elemento Ar Interno - Elemento


Vazado Vazado
20,00 20,00
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto Horizontal Concreto
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Horizontal Madeira Horizontal Madeira
15,00 15,00
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Vertical Concreto Vertical Concreto

Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise


Vertical Madeira Vertical Madeira
10,00 10,00
0:00
1:00
2:00
3:00
4:00
5:00
6:00
7:00
8:00
9:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
24.00

10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00

17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
24.00
0:00
1:00
2:00
3:00
4:00
5:00
6:00
7:00

8:00
9:00
Horário (hs) Horário (hs)

Fig. 113. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 14/01. Fig. 115. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 16/01.
(não selecionado)
177

Temperatura do Ar - Dia 15/01 - Norte Temperatura do Ar - Dia 17/01 - Norte

35,00 35,00

30,00 30,00

Ar Externo Ar Externo

Temperatura (ºC)
Temperatura (ºC)

25,00 25,00

Ar Interno - Referência Ar Interno - Referência

Ar Interno - Elemento Ar Interno - Elemento


20,00 Vazado 20,00 vazado

Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise


Horizontal Concreto Horizontal Concreto

Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise


Horizontal Madeira Horizontal Madeira
15,00 15,00
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Vertical Concreto Vertical Concreto
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Vertical Madeira Vertical Madeira
10,00 10,00
0:00
1:00
2:00
3:00
4:00
5:00
6:00
7:00
8:00
9:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
24.00

0:00
1:00
2:00
3:00
4:00
5:00
6:00
7:00
8:00
9:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
24.00
Horário (hs) Horário (hs)

Fig. 114. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 15/01. Fig. 116. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 17/01.
(não selecionado)
Temperatura do Ar - Dia 18/01 - Norte

35,00

30,00

Ar Externo
Temperatura (ºC)

25,00

Ar Interno - Referência

Ar Interno - Elemento
20,00 Vazado

Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto

Ar Interno - Brise
Horizontal Madeira
15,00
Ar Interno - Brise
Vertical Concreto

Ar Interno - Brise
Vertical Madeira
10,00
0:00
1:00
2:00
3:00
4:00
5:00
6:00
7:00
8:00
9:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
24.00
Horário (hs)
178

Fig. 117. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 18/01.
Temperatura do Ar Externo - Oeste Temperatura do Ar - dia 09/02 - Oeste

35 35

30 30

Temperatura (ºC)
25
Temperatura (ºC)

25

Verão
Ar Externo

Interno - Referência

20 20 Interno - Elemento
Vazado
Interno - Brise
Horizontal Concreto
Interno - Brise
15 15 Horizontal Madeira
Média Interno - Brise Vertical
Concreto
Dia 09/02
Interno - Brise Vertical
Dia 10/02 madeira
10 10
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

- fachada oeste: 09 e 10 de fevereiro:


0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
Horário (hs) Horário (hs)

Fig. 118. Temperatura do ar externo - média e dias do intervalo de 09 e Fig. 120. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 09/02.
10/02/2004.
179

Temperatura do Ar - Média 09 e 10/02 - Oeste Temperatura do Ar - dia 10/02 - Oeste

35 35

30 30

Ar Externo

Temperatura (ºC)
25 25 Ar Externo
Temperatura (ºC)

Ar Interno - Referência
Ar Interno - Referência
Ar Interno - Elemento
Vazado 20 Ar Interno - Elemento
20 Vazado
Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Horizontal Madeira 15 Horizontal Madeira
15
Ar Interno - Brise Vertical Ar Interno - Brise Vertical
Concreto Concreto
Ar Interno - Brise Vertical Ar Interno - Brise Vertical
Madeira Madeira
10 10
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
0:00
1:00

2:00

3:00
4:00

5:00
6:00

7:00

8:00

9:00
10:00

11:00

12:00
13:00

14:00
15:00

16:00

17:00

18:00
19:00

20:00
21:00

22:00

23:00
24.00

Horário (hs) Horário (hs)

Fig. 119. Temperaturas médias do ar, externo e interno dos protótipos. Fig. 121. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 10/02.
Outono - fachada oeste: de 18 a 25 de março:
Temperatura Ar Externo - Oeste
Temperatura do Ar Externo - Oeste
35,00
30,00

30,00

25,00
Temperatura (ºC)

25,00

Outono
Média

Temperatura (ºC)
Dia 20/03
Média 20,00
20,00 Dia 18/03
Dia 21/03
Dia 19/03
Dia 20/03 Dia 22/03
Dia 21/03
15,00 15,00 Dia 23/03
Dia 22/03
Dia 23/03
Dia 24/03
Dia 24/03
Dia 25/03 Dia 25/03
10,00

- fachada oeste: de 18 a 25 de março


0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
10,00

0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
Horário (hs)
Horário (hs)

Fig. 122. Temperatura do ar externo - média e dias do intervalo de 18 a Fig. 124. Temperatura do ar externo - média da seleção de dias do intervalo
25/03/2004. de 20 a 25/03/2004
180

Temperatura do Ar - Médias 18 a 25/03 - Oeste


Temperatura do Ar - Médias 20 a 25/03 - Oeste
35,00
35,00

30,00
30,00

Ar Externo
Ar Externo
Temperatura (ºC)

25,00

Temperatura (ºC)
25,00
Ar Interno - Referência
Ar Interno - Referência

Ar Interno - Elemento
Ar Interno - Elemento
20,00 Vazado
20,00 Vazado
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto Horizontal Concreto
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Horizontal Madeira Horizontal Madeira
15,00 15,00
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Vertical Concreto Vertical Concreto
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Vertical Madeira Vertical Madeira
10,00 10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
Horário (hs) Horário (hs)

Fig. 123. Temperaturas médias do ar, externo e interno dos protótipos. Fig. 125. Temperaturas médias do ar externo e interno dos protótipos
(seleção de dias).
Temperatura do Ar - Dia 18/03 - Oeste Temperatura do Ar - Dia 20/03 - Oeste

35,00
35,00

30,00
30,00

Ar Externo Ar Externo
Temperatura (ºC)

Temperatura (ºC)
25,00 25,00
Ar Interno - Referência
Ar Interno - Referência

Ar Interno - Elemento
Ar Interno - Elemento
Vazado
20,00 20,00 Vazado
Ar Interno - Brise
Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto
Horizontal Concreto
ar Interno - Brise
Horizontal Madeira Ar Interno - Brise
15,00 Horizontal Madeira
Ar Interno - Brise 15,00
Vertical Concreto Ar Interno - Brise
Vertical Concreto
Ar Interno - Brise
Vertical Madeira Ar Interno - Brise
10,00 Vertical Madeira
10,00
0:00
1:00

2:00

3:00

4:00

5:00
6:00

7:00

8:00

9:00
10:00

11:00

12:00

13:00

14:00
15:00

16:00

17:00

18:00
19:00

20:00

21:00

22:00

23:00
24.00

0:00
1:00
2:00
3:00
4:00
5:00
6:00
7:00
8:00
9:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
24.00
Horário (hs)
Horário (hs)

Fig. 126. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 18/03. Fig. 128. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 20/03.
181

(não selecionado)

Temperatura do Ar - Dia 19/03 - Oeste


Temperatura do Ar - Dia 21/03 - Oeste

35,00
35,00

30,00
30,00

Ar Externo
Ar Externo
Temperatura (ºC)

25,00

Temperatura (ºC)
25,00
Ar Interno - Referência
Ar Interno - Referência

Ar Interno - Elemento
vazado Ar Interno - Elemento
20,00 Vazado
20,00
Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto
Ar Interno - Brise
Horizontal Madeira Ar Interno - Brise
15,00 Horizontal Madeira
Ar Interno - Brise 15,00
Vertical Concreto Ar Interno - Brise
Vertical Concreto
Ar Interno - Brise
Vertical Madeira Ar Interno - Brise
10,00 Vertical Madeira
10,00
0:00
1:00
2:00
3:00
4:00
5:00
6:00
7:00
8:00
9:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
24.00

0:00
1:00
2:00
3:00
4:00
5:00
6:00
7:00
8:00
9:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
24.00
Horário (hs)
Horário (hs)

Fig. 127. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 19/03. Fig. 129. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 21/03.
(não selecionado)
Temperatura do Ar - Dia 22/03 - Oeste
Temperatura do Ar - Dia 24/03 - Oeste

35,00
35,00

30,00
30,00

Ar Externo
Ar Externo
Temperatura (ºC)

25,00

Temperatura (ºC)
25,00
Ar Interno - Referência
Ar Interno - Referência

Ar Interno - Elemento
Vazado Ar Interno - Elemento
20,00 Vazado
20,00
Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto
Ar Interno - Brise
Horizontal Madeira Ar Interno - Brise
15,00 Horizontal Madeira
15,00
Ar Interno - Brise
Vertical Concreto Ar Interno - Brise
Vertical Concreto
Ar Interno - Brise
Vertical Madeira Ar Interno - Brise
Vertical Madeira
10,00
10,00
0:00
1:00
2:00
3:00
4:00
5:00
6:00
7:00
8:00
9:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
24.00

0:00
1:00
2:00
3:00
4:00
5:00
6:00
7:00
8:00
9:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
24.00
Horário (hs)
Horário (hs)

Fig. 130. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 22/03. Fig. 132. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 24/03.
182

Temperatura do Ar - Dia 23/03 - Oeste Temperatura do Ar - Dia 25/03 - Oeste

35,00 35,00

30,00
30,00

Ar Externo
Ar Externo
25,00
(temperatura (º)

Temperatura (ºC)
25,00
Ar Interno - Referência
Ar Interno - Referência

Ar Interno - Elemento
Ar Interno - Elemento
20,00 Vazado
20,00 Vazado
Ar Interno - Brise
Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto
Horizontal Concreto
Ar Interno - Brise
Ar Interno - Brise
Horizontal Madeira
15,00 Horizontal Madeira
15,00
Ar Interno - Brise
Ar Interno - Brise
Vertical Concreto
Vertical Concreto
Ar Interno - Brise
Ar Interno - Brise
Vertical Madeira
Vertical Madeira
10,00
10,00
0:00
1:00
2:00
3:00
4:00
5:00
6:00
7:00
8:00
9:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
24.00

0:00
1:00
2:00
3:00
4:00
5:00
6:00
7:00
8:00
9:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
24.00
Horário (hs)
Horário (hs)

Fig. 131. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 23/03. Fig. 133. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 25/03.
Temperatura do Ar Externo - Outono - Norte Temperatura do Ar Externo - Outono - Norte

35,00 35,00

30,00 30,00

Médias

Dia 27/03
25,00

Temperatura (ºC)
25,00
Temperatura (ºC)

Média

Outono - fachada norte: de 27 de março a 04 de abril


Dia 28/03

Dia 29/03 Dia 28/03

20,00 Dia 30/03 20,00


Dia 29/03
Dia 31/03

Dia 01/04 Dia 31/03

15,00 Dia 02/04 15,00


Dia 01/04
Dia 03/04

Dia 04/04 Dia 02/04

10,00 10,00

0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
Horário (hs) Horário (hs)

Fig. 134.. Temperatura do ar externo - média e dias do intervalo de 27/03 a Fig. 136. Temperatura do ar externo - média seleção de dias do intervalo de
04/04/2004. 28/03 a 02/04/200. (dias 28, 29, e 31/03, e 01 e 02/04)
183

Temperatura do Ar - Médias 27/03 a 04/04 - Norte Temperatura do Ar - Médias 28/03 a 02/04 - Norte

35,00 35,00

30,00 30,00

Ar Externo Ar Externo
Temperatura (ºC)

Temperatura (ºC)
25,00 25,00
Ar Interno - Referência Ar Interno - Referência

Ar Interno - Elemento Ar Interno - Elemento


20,00 Vazado 20,00 Vazado
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto Horizontal Concreto
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Horizontal Madeira Horizontal Madeira
15,00 15,00
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Vertical Concreto Vertical Concreto
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Vertical Madeira Vertical Madeira
10,00 10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
Horário (hs) Horário (hs)

Fig. 135.. Temperaturas médias do ar, externo e interno dos protótipos. Fig. 137. Temperaturas médias do ar externo e interno dos protótipos
(seleção de dias).
Temperatura do Ar - Dia 27/03 - Norte Temperatura do Ar - Dia 29/03 - Norte

35,00 35,00

30,00 30,00

Ar Externo Ar Externo
Temperatura (ºC)

Temperatura (ºC)
25,00 25,00
Ar Interno - Referência Ar Interno - Referência

Ar Interno - Elemento Ar Interno - Elemento


20,00 Vazado Vazado
20,00
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto Horizontal Concreto

Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise


Horizontal Madeira Horizontal Madeira
15,00 15,00
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Vertical Concreto Vertical Concreto

Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise


Vertical Madeira Vertical Madeira
10,00 10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
Horário (hs) Horário (hs)

Fig. 138. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 27/03. Fig. 140. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 29/03.
(não selecionado)
184

Temperatura do Ar - Dia 28/03 - Norte Temperatura do Ar - Dia 30/03 - Norte

35,00 35,00

30,00 30,00

Ar Externo Ar Externo

Temperatura (ºC)
Temperatura (ºC)

25,00 25,00
Ar Interno - Referência Ar Interno - Referência

Ar Interno - Elemento Ar Interno - Elemento


Vazado Vazado
20,00 20,00
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto Horizontal Concreto

Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise


Horizontal Madeira Horizontal Madeira
15,00 15,00
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Vertical Concreto Vertical Concreto

Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise


Vertical Madeira Vertical Madeira
10,00 10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

Horário (hs) Horário (hs)

Fig. 139. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 28/03. Fig. 141. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 30/03.
(não selecionado)
Temperatura do Ar - Dia 31/03 - Norte Temperatura do Ar - Dia 02/04 - Norte

35,00 35,00

30,00 30,00

Ar Externo Ar Externo
Temperatura (ºC)

Temperatura (ºC)
25,00 25,00
Ar Interno - Referência Ar Interno - Referência

Ar Interno - Elemento Ar Interno - Elemento


20,00 Vazado 20,00 Vazado
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto Horizontal Concreto
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Horizontal Madeira Horizontal Madeira
15,00 15,00
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Vertical Concreto Vertical Concreto
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Vertical Madeira Vertical Madeira
10,00 10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
Horário (hs) Horário (hs)

Fig. 142. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 31/03. Fig. 144. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 02/04.
185

Temperatura do Ar - Dia 01/04 - Norte Temperatura do Ar - Dia 03/04 - Norte

35,00 35,00

30,00 30,00

Ar Externo Ar Externo

Temepratura (ºC)
Temperatura (ºC)

25,00 25,00

Ar Interno - Referência Ar Interno - Referência

Ar Interno - Elemento Ar Interno - Elemento


Vazado 20,00 Vazado
20,00
Ar Interno - Briise Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto Horizontal Concreto

Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise


Horizontal Madeira Horizontal Madeira
15,00 15,00
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Vertical Concreto Vertical Concreto

Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise


Vertical Madeira Vertical Madeira
10,00 10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

Horário (ºC) Horário (hs)

Fig. 143. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 01/04. Fig. 145. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 03/04.
(não selecionado)
Temperatura do Ar - Dia 04/04 - Norte

35,00

30,00

Ar Externo
Temperatura (ºC)

25,00
Ar Interno - Referência

Ar Interno - Elemento
20,00 Vazado
Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto
Ar Interno - Brise
Horizontal Madeira
15,00
Ar Interno - Brise
Vertical Concreto
Ar Interno - Brise
Vertical Madeira
10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
Horário (hs)

Fig. 146. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 04/04.
(não selecionado)
186
Temperatura do Ar Externo - 26/06 a 01/07 - Oeste
Temperatura do Ar - Dia 26/06 - Oeste

35,00
35,00

30,00
30,00

Média Ar Externo
Tempertaura (ºC)

Inverno - fachada oeste: de 26 de junho a 01 de julho:


25,00

Temperatura (ºC)
25,00
Dia 26/06 Ar Interno - Referência

Dia 27/06 Ar Interno - Elemento


20,00 Vazado
20,00
Dia 28/06 Ar Interno - Brise Horizontal
Concreto
Dia 29/06 Ar Interno - Brise Horizontal
15,00 Madeira
15,00
Dia 30/06 Ar Interno - Brise Vertical
Concreto
Dia 01/07 Ar Interno - Brise Vertical
10,00 Madeira
10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
Horário (hs)
Horário (hs)

Fig. 147. Temperatura do ar externo - média e dias do intervalo de 26/06 a Fig. 149. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 26/06.
01/07/2004.
187

Temperatura do Ar - Dia 27/06 - Oeste


Temperatura do Ar - Médias 26/06 a 01/07 - Oeste
35,00

35,00

30,00

30,00

Ar Externo

Temperatura (ºC)
25,00
Ar Externo
Temperatura (ºC)

25,00 Ar Interno - Referência


Ar Interno - Referência
Ar Interno - Elemento
20,00 Vazado
Ar Interno - Elemento
Vazado Ar Interno - Brise Horizontal
20,00
Concreto
Ar Interno - Brise Horizontal
Concreto Ar Interno - Brise Horizontal
15,00 Madeira
Ar Interno - Brise Horizontal
Madeira Ar Interno - Brise Vertical
15,00
Concreto
Ar Interno - Brise Vertical
Concreto Ar Interno - Brise Vertical
Madeira
Ar Interno - Brise Vertical 10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
Madeira
10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

Horário (hs)

Horário (hs)

Fig. 148. Temperaturas médias do ar, externo e interno dos protótipos. Fig. 150. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 27/06.
Temperatura do Ar - Dia 28/06 - Oeste
Temperatura do Ar - Dia 30/06 - Oeste

35,00
35,00

30,00
30,00

Ar Externo
Ar Externo
Temperatura (ºC)

25,00

Temperatura (ºC)
25,00
Ar Interno - Referência
Ar Interno - Referência

Ar Interno - Elemento
Vazado Ar Interno - Elemento
20,00 Vazado
20,00
Ar Interno - Brise Horizontal
Concreto Ar Interno - Brise Horizontal
Concreto
Ar Interno - Brise Horizontal
Madeira Ar Interno - Brise Horizontal
15,00 Madeira
15,00
Ar Interno - Brise Vertical
Concreto Ar interno - Brise Vertical
Concreto
Ar Interno - Brise Vertical
Madeira Ar Interno - Brise Vertical
10,00 Madeira
10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
Horário (hs)
Horário (hs)

Fig. 151. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 28/06. Fig..153. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 30/06.
188

Temperatura do Ar - Dia 01/07 - Oeste


Temperatura do Ar - Dia 29/06 - Oeste
35,00

35,00

30,00

30,00

Ar Externo

Temperatura (ºC)
25,00
Ar Externo
Temperatura (ºC)

25,00 Ar Interno - Referência

Ar Interno - Referência
Ar Interno - Elemento
Vazado
Ar Interno - Elemento 20,00
Vazado Ar Interno - Brise Horizontal
20,00
Concreto
Ar Interno - Brise Horizontal
Concreto Ar Interno - Brise Horizontal
Madeira
Ar Interno - Brise Horizontal 15,00
Madeira Ar Interno - Brise Vertical
15,00
Concreto
Ar Interno - Brise Vertical
Concreto Ar Interno - Brise Vertical
Madeira
Ar Interno - Brise Vertical 10,00 0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
Madeira
10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

Horário (hs)

Horário (hs)

Fig. 152. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 29/06. Fig. 154. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 01/07.
Temperatura do Ar Externo - Inverno - Norte
Temperatura do Ar - Dia 03/07 - Norte

35,00
35,00

30,00
30,00

Ar Externo
Temperatura (ºC)

25,00

Inverno - fachada norte: de 03 de junho a 07 de julho.


Temperatura (ºC)
Média 25,00
Ar Interno - Referência
Dia 03/07
Ar Interno - Elemento
20,00 Vazado
Dia 04/07 20,00
Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto
Dia 05/07
Ar Interno - Brise
15,00 Horizontal Madeira
15,00
Dia 06/07 Ar Interno - Brise
Vertical Concreto
Dia 07/07 Ar Interno - Brise
10,00 Vertical Madeira
10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
Horário (hs)
Horário (hs)

Fig. 155. Temperatura do ar externo - média e dias do intervalo de 03 a Fig. 157. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 03/07.
07/07/2004.
189

Temperatura do Ar - Média 03 a 07/07 - Norte Temperatura do Ar - Dia 04/07 - Norte

35,00 35,00

30,00 30,00

Ar Externo Ar Externo
Temperatura (ºC)

Temperatura (ºC)
25,00 25,00
Ar Interno - Referência Ar Interno - Referência

Ar Interno - Elemento Ar Interno - Elemento


Vazado Vazado
20,00 20,00
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto Horizontal Concreto
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Horizontal Madeira Horizontal Madeira
15,00 15,00
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Vertical Concreto Vertical Concreto
Ar Interno - Brise Ar Interno - Brise
Vertical Madeira Vertical Madeira
10,00 10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00
Horário (hs) Horário (hs)

Fig. 156. Temperaturas médias do ar, externo e interno dos protótipos. Fig. 158. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 04/07.
Temperatura do Ar - Dia 05/07 - Norte
Temperatura do Ar - 07/07 - Norte

35,00
35,00

30,00
30,00

Ar Externo
Ar Externo
Temperatura (ºC)

25,00

Temperatura (ºC)
25,00
Ar Interno - Referência
Ar Interno - Referência

Ar Interno - Elemento
Ar Interno - Elemento
Vazado
20,00 Vazado
20,00
Ar Interno - Brise
Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto
Horizontal Concreto
Ar Interno - Brise
Ar Interno - Brise
Horizontal Madeira
15,00 Horizontal Madeira
Ar Interno - Brise 15,00
Ar Interno - Brise
Vertical Concreto
Vertical Concreto
Ar Interno - Brise
Ar Interno - Brise
Vertical Madeira
10,00 Vertical Madeira
10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00
Horário (hs)
Horário (hs)

Fig. 159. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 05/07. Fig. 161. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 07/07.
190

Temperatura do Ar - Dia 06/07 - Norte

35,00

30,00

Ar Externo
Temperatura (ºC)

25,00
Ar Interno - Referência

Ar Interno - Elemento
Vazado
20,00
Ar Interno - Brise
Horizontal Concreto
Ar Interno - Brise
Horizontal Madeira
15,00
Brise Vertical Concreto

Ar Interno - Brise
Vertical Madeira
10,00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

24.00

Horário (hs)

Fig. 160. Temperaturas do ar, externo e interno dos protótipos, no dia 06/07.

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