EU SOU - Vol.5
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EU SOU - Vol.5
Minha oração é para que Deus abençoe esses irmãos, tornando-os cada
vez mais prósperos e diligentes no exercício de seus ministérios de ensino
no meio do povo de Deus.
SUMÁRIO
Prefácio
Introdução
PARTE I | O ENSINO DE JESUS SOBRE A FALSIFICAÇÃO DA
REVELAÇÃO VERBAL
1 | Jesus adverte sobre os falsos profetas
PARTE II | O ENSINO DE PAULO SOBRE A FALSIFICAÇÃO DA
REVELAÇÃO VERBAL
2 | Paulo adverte sobre os falsos profetas
3 | Os falsos profetas/mestres podem vir de fora da igreja
4 | Os falsos profetas/mestres podem vir de dentro da própria igreja
5 | Os falsos profetas/mestres produzem apostasia
6 | Os falsos profetas/mestres provocam desordem na igreja
7 | Os falsos profetas/mestres apresentam-se disfarçados
8 | Os crentes precisam do conforto de Deus em meio à pregação dos falsos
profetas/mestres
9 | Os crentes precisam tomar cuidado com o erro
10 | Os crentes precisam ser grandemente advertidos
11 | Os crentes também podem cair em erro teológico
12 | Crentes podem ser privados da verdade
13 | Os falsos mestres são descritos com precisão
PARTE III | O ENSINO DE PEDRO SOBRE A FALSIFICAÇÃO DA
REVELAÇÃO VERBAL
14 | Pedro adverte sobre os falsos profetas
PARTE IV | O ENSINO DE JUDAS SOBRE A FALSIFICAÇÃO DA
REVELAÇÃO VERBAL
15 | Judas adverte sobre os falsos profetas
PARTE V | O ENSINO DE JOÃO SOBRE A FALSIFICAÇÃO DA
REVELAÇÃO VERBAL
16 | João adverte sobre os falsos profetas
17 | Os nomes do falso profeta final
18 | A natureza do falso profeta final
19 | As funções teológicas do falso profeta final
20 | Os “ministérios” do falso profeta final
21 | Os sinais operados pelo falso profeta final
22 | A importância dos sinais no ministério profético
23 | A natureza dos milagres operados pelos falsos profetas
24 | Os objetivos do falso profeta na operação dos sinais
25 | A condenação do falso profeta final
26 | Posturas dos crentes diante dos falsos profetas
27 | Regras gerais para se livrar do falso ensino
PREFÁCIO
E
u me lembro do primeiro contato com os escritos do Dr. Heber
Carlos de Campos. Foi no ano de 2001, quando iniciei os meus
estudos preparatórios para o vestibular em Teologia, com o objetivo
de ingressar em um dos seminários da Igreja Presbiteriana do Brasil. Fiquei
fascinado com a combinação de simplicidade e profundidade da sua obra O
Ser de Deus e os seus Atributos. Algum tempo depois, já próximo da
conclusão do curso, fiz a leitura de outra obra da sua lavra, A Providência e
sua Realização Histórica, pois precisava consubstanciar a minha pesquisa
para a escrita do meu trabalho de conclusão de curso. Foi o livro que me
deixou definitivamente fascinado com a maneira como o Dr. Heber faz
Teologia Sistemática, com sua preocupação em trabalhar as passagens da
Escritura e, a partir daí, formular o seu pensamento sistemático. Lembro que
a exposição do assunto, bem como as aplicações ao final de cada capítulo,
sedimentou as minhas convicções acerca do governo, preservação, provisão,
retribuição e concorrência realizados pelo Deus soberano.
Tudo isso serviu para fazer crescer em mim o desejo de um dia me tornar
seu aluno, o que, pela graça e bondade de Deus, veio a ocorrer a partir de
2010, no mestrado pelo Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew
Jumper. Lembro do meu primeiro contato com o Dr. Heber. Fui à sua sala,
para uma entrevista e planejamento do meu curso. Ele me perguntou por qual
motivo eu desejava estudar Teologia Sistemática e a minha resposta foi:
“Poder estudar com o senhor!” Foi nesse momento que ele levantou os olhos
e os fitou em mim. Sua resposta: “Não vai ser moleza!”
De fato, não foi moleza. Não obstante, posso testemunhar de como tem
sido extremamente enriquecedor e abençoador estudar “aos seus pés”. A
primeira disciplina que estudei com ele foi justamente Teologia da
Revelação. Mais uma vez, fiquei impactado com a amplitude do assunto e
com a abordagem do professor. Lembro-me da apostila compartilhada
conosco. Hoje, aquela apostila tem se desenvolvido e se transformado em
uma preciosa coleção sobre a Teologia da Revelação.
Um dos conceitos de que mais gosto é o que chamamos de
“Progressividade da Revelação”, o qual ensina, de modo simples, que Deus
não revelou todas as coisas de uma só vez, em um único momento da história
da redenção; mas que, aos poucos, à medida que a história foi se
desenvolvendo, Deus foi adicionando mais luz, mais informações, visando
dar a conhecer mais de si e conduzir o seu povo pactual nos seus santos
caminhos. Menciono a progressividade da revelação para fazer um
trocadilho com o que eu costumo chamar de “progressividade das
publicações”. Até alguns anos, não tínhamos quase nada disponível em
português sobre revelação. O livro-texto que usei no seminário, por
exemplo, não possui o locus conhecido como Prolegômenos, que trata das
primeiras coisas a serem ditas na Teologia Sistemática, o que envolve o
estudo da revelação. Com o passar dos anos, novas Teologias Sistemáticas
foram publicadas com excelentes exposições a respeito da revelação divina.
E tudo culminou com a publicação da coleção escrita pelo Dr. Heber
Campos, que chega agora ao seu quinto volume.
O foco deste volume está na exposição feita pelo Novo Testamento acerca
da falsificação da revelação verbal. A relevância desse assunto para a igreja
evangélica brasileira está justamente no fato de que ela está inserida dentro
do contexto histórico anunciado pelo Novo Testamento: os Últimos Dias.
Vivemos no interregno entre a primeira e a segunda vindas de Cristo. O
Senhor nos advertiu a respeito do grande perigo dos falsos profetas, pois, de
acordo com ele, tais homens “enganarão a muitos” (Mateus 24.5,11). Na
verdade, tão insidiosos são os falsos profetas, que o Senhor afirma que
mesmo os eleitos, se possível, serão vítimas dos enganos de tais homens (v.
24).
Falsos profetas já são encontrados desde os dias do Antigo Testamento,
perturbando o povo de Deus. Eles se multiplicaram a partir do Novo
Testamento. Antes mesmo de o período da revelação cessar e o último livro
do cânon neotestamentário ser escrito, nós já os encontramos como motivo
de grande preocupação por parte dos apóstolos. Paulo, por exemplo,
destacou a capacidade dos falsos profetas de se travestirem em “ministros
de justiça”, capacidade essa compartilhada pelo próprio Satanás, que se
traveste em “anjo de luz” (2 Coríntios 11.13-15). Em sua despedida dos
presbíteros da igreja de Éfeso, Paulo apontou o dedo para eles mesmos e
falou sobre como do meio deles se levantariam “homens falando coisas
pervertidas para arrastar os discípulos” (Atos 20.30). Semelhantemente, o
apóstolo João advertiu os leitores das suas duas primeiras cartas, a respeito
de como “muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora”, que “não
confessam Jesus Cristo vindo em carne” (1 João 4.1; 2 João 7).
Impressiona-me a maneira como nós, com frequência, não damos a devida
importância a tais advertências do Novo Testamento. Vivemos em uma época
em que falsos profetas são celebrados como “irmãos em Cristo” e
convidados para pregar em muitos púlpitos. Muitos membros de nossas
igrejas assistem a programas de televisão nos quais falsos mestres inoculam
o seu veneno em seus lares, mentes e corações. Eles também estão presentes
na internet. Tudo isso coopera para que os pastores tenham de lidar com
inúmeras dificuldades para apascentarem as ovelhas do Grande Pastor.
Por todas as razões elencadas acima, a presente obra se reveste de
importância monumental. O Dr. Heber discorre de modo didático e profundo,
destacando, primeiramente, as advertências feitas pelo próprio Senhor Jesus
Cristo e pelos apóstolos, como falsos profetas surgem tanto fora quanto
dentro da própria igreja, como produzem apostasia e provocam desordem na
igreja. De modo especial, o capítulo 7, que trata de como os falsos profetas
se apresentam disfarçados, me impactou muito. Ele me fez pensar no
heresiarca Marcião, que, de acordo com Justin Holcomb, chegou a Roma por
volta do ano 140 d.C. e foi recebido por aquela igreja, inicialmente, de
braços abertos, provavelmente por logo ter doado uma grande quantia em
dinheiro, além de um edifício. Somente quatro anos depois, em 144 d.C., foi
que os ensinamentos de Marcião o levaram à excomunhão.1 A mesma coisa
tem ocorrido em inúmeras igrejas cristãs ao longo da história. Talvez você,
que tem este livro em mãos, já tenha vivenciado alguma dificuldade dessa
natureza em sua igreja local.
Atente, então, para a exposição feita aqui a respeito de como os crentes
precisam tomar cuidado com o erro, de como precisamos ser advertidos
constantemente sobre o perigo dos falsos mestres e de como devemos vigiar,
uma vez que nós mesmos estamos sujeitos a cair em erro teológico A fim de
nos ajudar, o Dr. Heber oferece uma detalhada descrição das características
dos falsos mestres: sua abundância, rebeldia, falatório doentio, engano e
conexões religiosas. Por fim, de modo peremptório, porém necessário,
somos admoestados a calá-los, a fazer o possível para que os falsos profetas
sejam silenciados e não mais tenham acesso às ovelhas de Cristo.
Na parte final da obra, o autor nos instrui a respeito do falso profeta final,
com destaque para seus nomes, natureza, funções teológicas, ministérios,
sinais por ele operados e sua condenação final.
Como se proteger de tudo isso? Seguindo a Escritura Sagrada, enchendo-
se de conhecimento da verdade de Deus, não tolerando o falso ensino,
reservando tempo para o exercício espiritual e ouvindo atentamente a
pregação da Escritura, enxergando-a como um verdadeiro meio de graça.
Leitor, você não tem em mãos meramente um livro de teologia. Diante dos
seus olhos você tem uma lente diáfana, que permite enxergar as coisas como
elas realmente são. Junto aos seus ouvidos você tem o soar de uma trombeta,
para que se mantenha desperto e atento, orando e vigiando. É com grande
alegria, entusiasmo e senso de urgência que lhe recomendo a leitura e o
estudo detido da presente obra.
Que o Senhor abençoe a sua vida!
J
esus Cristo prenunciou que, na igreja dos séculos seguintes, até o final
do mundo, muitos haveriam de se levantar, no meio do povo de Deus,
contra o evangelho verdadeiro e falsear seus ensinamentos.
Nesse contexto, a apostasia é um assunto que se faz presente nos
ensinamentos de Jesus, o Redentor dos filhos de Deus, ainda que não seja um
tema ministrado com a mesma frequência nos escritos de Paulo, Pedro, Judas
e João — apóstolos para quem os ensinamentos de Jesus serviram de
fundamento.
Em seguida, passemos à análise de Mateus 7.15-20.
Mt 7.15-20 — “Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em
ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se,
porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons
frutos, porém a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa produzir frutos maus,
nem a árvore má produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e
lançada ao fogo. Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis”.
1. OS FALSOS PROFETAS
TÊM UM MINISTÉRIO DE DISSIMULAÇÃO
Mt 7.15a — “Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em
ovelhas”
É importante lembrar que Jesus usa imagens do mundo natural para expressar
verdades do reino espiritual. Por isso, recorre à expressão lobos roubadores
para ilustrar o que os falsos profetas representam para as ovelhas de Deus
ou para aqueles que estão prestes a pertencer espiritualmente a Deus. Essa
expressão pode ser compreendida como animais predadores — aqueles que
roubam a presa e passam a privá-la de tudo que ela possui.
A palavra roubadores também sugere que eles têm muita ganância e não
fazem nada que não seja por dinheiro. Eles investem contra o bolso (e a
bolsa) dos crentes, os quais, então, dominados pelo engano, contribuem, de
forma liberal, para o enriquecimento dos líderes espirituais, na esperança de
eles próprios ficarem ricos — essa é a promessa dos falsos profetas. Foi
assim no passado e continua a ser assim no presente. Eles exploram a “boa-
fé” daqueles que, ingenuamente, confiam nas promessas de riqueza e
prosperidade que os falsos profetas anunciam.
A igreja chamada “evangélica” é abundante em falsos profetas, pessoas
que distorcem o evangelho de Deus, pregando outro evangelho para enganar
o povo. Muitos já foram — e são — vítimas desses lobos roubadores. Após
tirarem tudo que os “fiéis” têm, a falsa promessa de prosperidade nunca é
cumprida. No entanto, algumas pessoas ainda buscam, com bastante avidez,
esse tipo de falso profeta, que as alimenta com falsas esperanças.
Mt 24.24-25 — “porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e
prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos. Vede que vo-lo tenho predito.”
E
xistem vários textos na Escritura que apontam para o apóstolo Paulo
advertindo o povo de Deus a respeito da falsa profecia e do falso
ensino.
É significativo o fato de que a primeira advertência de Paulo foi feita aos
presbíteros. Afinal de contas, eles eram os pregadores (profetas), pastores,
mestres e administradores da Igreja de Deus. Portanto, preste atenção à
análise do texto que se segue, para compreender a seriedade da advertência
aos presbíteros de Éfeso.
At 20.28-31 — “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos
constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio
sangue. Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não
pouparão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas
pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, por
três anos, noite e dia, não cessei de admoestar, com lágrimas, a cada um”.
At 20.29 — “Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não
pouparão o rebanho”.
S
e essa passagem fala que os falsos profetas penetrarão no meio do
povo de Deus, devemos entender que eles podem vir de fora, ou
seja, de outra comunidade denominada cristã, de uma estranha
denominação ou de um movimento religioso supostamente cristão.
Paulo estava certo de que, quando saísse de alguns lugares, os falsos
profetas de fora invadiriam o aprisco das ovelhas de Deus. Paulo sabia que,
por trás da semeadura verdadeira, Satanás haveria de semear mentira e
confusão.
1. A ANALOGIA A RESPEITO
DOS FALSOS PROFETAS/MESTRES
At 20.29 — “Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes...”
Paulo disse: “Eu sei que...”. Isso é o mesmo que dizer: “Tenho a forte
convicção de que os falsos mestres que vêm de fora, aproveitando minha
ausência, haverão de invadir o rebanho, seduzi-lo e subjugá-lo”. Não era
apenas um pressentimento de Paulo, mas uma forte convicção! E ele não
estava errado, pois, após a sua partida, muitos falsos mestres penetraram na
Igreja de Deus.
Como Paulo sabia disso? Paulo conhecia muito bem a obra satânica de
disseminar o erro. Ao escrever aos ministros jovens, muitas vezes ele os
advertia do perigo que o Maligno traz por meio do falso ensinamento. Onde
o verdadeiro evangelho era pregado, logo atrás vinham obreiros fraudulentos
para disseminar o erro, especialmente quando os ministros fiéis saíam para
realizar outras tarefas, como era o caso de Paulo.
Os lobos atacam, em geral, quando a casa está desguarnecida. E Paulo
precisou advertir as pessoas da presença próxima e constante dos lobos
devoradores.
4 | OS FALSOS
PROFETAS/MESTRES PODEM
VIR DE DENTRO DA PRÓPRIA
IGREJA
At 20.30-31 — “E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas
para arrastar os discípulos atrás deles. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, por três anos,
noite e dia, não cessei de admoestar, com lágrimas, a cada um”.
Tanto os falsos mestres que vieram de fora como aqueles que tiveram origem
na própria liderança de Éfeso começaram a perverter o ensino que Paulo
havia deixado. Isso significa que os falsos profetas cometeriam perversão da
revelação verbal de Deus. Eles haveriam de distorcer aquilo em que antes
criam, ainda que nominalmente. Somente depois da saída de Paulo, os falsos
profetas e mestres tiveram coragem de ensinar outro evangelho. Então, a
heresia penetrou na igreja de Éfeso.
É importante lembrar que a heresia não entra de uma só vez. O trabalho é
feito sorrateira e paulatinamente. Se os falsos profetas e mestres “abrissem
totalmente o jogo”, até mesmo os crentes mais ignorantes poderiam detectar
as distorções praticadas no evangelho. A Escritura diz que o engano tem a
ver com “anjos de luz”, que ensinam uma mentira que tem a aparência de
verdade, mas, no final, a distorção sempre aparece. Eles vão ensinando em
doses homeopáticas, até que, finalmente, não conseguem mais perceber a
diferença entre o certo e o errado, entre a verdade e a mentira. Por isso, a
Escritura diz que os falsos mestres trabalham sorrateiramente.
At 20.31 — “Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, por três anos, noite e dia, não cessei de
admoestar, com lágrimas, a cada um”.
O verbo grego traduzido como “vigiai” é gregoreo,4 que significa,
literalmente, “manter-se acordado” ou “não dormir”. Com bastante
frequência, esse termo é traduzido como “tenha cuidado”, “abra os olhos” ou
“não durma”.
Não se esqueça de que esse verbo está num imperativo no tempo presente,
alertando-nos, portanto, para que estejamos constantemente prontos para a
ação. Ele sugere um esforço da mente para ver incessantemente o perigo que
nos ronda.
At 20.31b — “lembrando-vos de que, por três anos, noite e dia, não cessei de admoestar”.
At 20.31c — “lembrando-vos de que, por três anos, noite e dia, não cessei de admoestar”.
A advertência cheia de lágrimas durou três anos, mas essa passagem enfatiza
que tal prática admoestadora era ininterrupta. Paulo não se esquecia, dia e
noite, de sua tarefa de velar pela saúde espiritual dos presbíteros da igreja.
Esse é o maior exemplo de dedicação no ensino sobre a falsa profecia na
vida de uma igreja. Paulo falou muitas coisas aos presbíteros da igreja — os
responsáveis pela pregação e pelo ensino. Eles tiveram Paulo “no cangote”
deles, noite e dia, sem cessar, o que mostra a grande preocupação teológica
e o amor de Paulo por eles.
Paulo foi um vigilante fiel e leal da vida dos presbíteros. Ele sabia que a
saúde espiritual deles dependia de não serem enganados pelos falsos
profetas e falsos mestres. Por essa razão, Paulo foi incansável nesse tema.
5.3. A ADVERTÊNCIA AOS PRESBÍTEROS
FOI CHEIA DE SENTIMENTOS
At 20.31d — “lembrando-vos de que, por três anos, noite e dia, não cessei de admoestar, com
lágrimas (...).”
At 20.31e — “lembrando-vos de que, por três anos, noite e dia, não cessei de admoestar, com
lágrimas, a cada um”.
Além das advertências públicas de Paulo enquanto esteve em Éfeso,
também o fez de modo ainda mais específico, dirigindo-se à liderança da
igreja.
Certamente, a expressão “a cada um” não se refere a cada membro
particular da igreja de Éfeso, pois era impossível advertir cada um a
distância, mas a cada membro do corpo de presbíteros — o guardião
espiritual da igreja. Assim, a admoestação pessoal foi, ao mesmo tempo,
inclusiva [dirigida a todos os presbíteros] e exclusiva [feita somente aos
presbíteros].
Hoje, os presbíteros mais experientes deveriam exercer esse cuidado
pastoral com os presbíteros mais inexperientes. As forças espirituais do mal
ainda rondam todo o rebanho. Se os pastores [presbíteros] do rebanho não
estiverem atentos, a Igreja toda será induzida a um erro que pode chegar ao
ponto da apostasia.
Veja M ateus 26.38; Lucas 12.37.
Essa não foi a única ocasião em que Paulo chorou p or causa da verdade (veja At 20.19 e Fp 3.18).
5 | OS FALSOS
PROFETAS/MESTRES
PRODUZEM APOSTASIA
P
aulo usa o termo “apostasia” para fazer referência ao falso ensino ou
à falsa profecia.
1Tm 4.1-3 — “Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns
apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela
hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência, que proíbem o
casamento e exigem abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos, com ações
de graças, pelos fiéis e por quantos conhecem plenamente a verdade [...]”.
Rm 16.17-20 — “Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e
escândalos em desacordo com a doutrina que aprendestes; afastai-vos deles, porque esses tais
não servem a Cristo, nosso Senhor, e sim a seu próprio ventre; e, com suaves palavras e
lisonjas, enganam o coração dos incautos. Pois a vossa obediência é conhecida por todos; por
isso, me alegro a vosso respeito; e quero que sejais sábios para o bem e símplices para o mal. E
o Deus da paz, em breve, esmagará debaixo dos vossos pés a Satanás. A graça de nosso
Senhor Jesus seja convosco”.
O verbo grego para “rogo-vos” é parakalo, que pode ser traduzido como “eu
vos encorajo” ou “eu vos exorto”. Paulo se esforça ao máximo para que os
crentes tenham seus olhos voltados atentamente ao perigo dos semeadores da
falsa doutrina e da falsa profecia.
Rm 16.17a — “Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos
[...].”
Rm 16.17b — “Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e
escândalos [...].”
No texto em exame, podemos ver que Paulo tem uma grande preocupação
com a unidade da igreja. A unidade é altamente prejudicada quando há
divisões e escândalos no meio do povo de Deus. Por isso, os líderes da
igreja de Roma tinham de estar de olho nos falsos profetas e mestres,
pessoas que causavam desarmonia na igreja.
Paulo menciona dois termos: divisões e escândalos. Eles não significam a
mesma coisa. As divisões têm a ver com os vários partidos ou facções na
igreja, pelas mais variadas razões;8 os escândalos têm a ver com o curso da
vida que levava outras pessoas a atitudes de desarmonia na igreja. É
possível que os “partidos” tivessem mais a ver com os crentes judaizantes e
que os escândalos estivessem mais ligados aos crentes gentios.
De qualquer forma, qualquer pessoa responsável por divisões ou
escândalos deveria ser evitada. Paulo não tolera a permanência dessas
pessoas no meio do povo de Deus, pois elas causam desarmonia no corpo e
tiram a unidade e a paz da igreja.
2.1. A DESARMONIA SE MANIFESTA NAS DIVISÕES
Via de regra, as divisões na igreja surgem quando os falsos profetas e
falsos mestres anunciam um evangelho diferente e distorcem a Palavra de
Deus. Esses falsos profetas e mestres se encontravam na igreja gálata.9 Por
isso, é possível que essa expressão de Paulo esteja se referindo à entrada
dos mestres com mentalidade judaica. Eles insistiam na necessidade de os
crentes gentios praticarem os ritos de Moisés, e consideravam isso uma
espécie de santidade. Se não observassem os ritos, não seriam santos. Os
judaizantes causaram muito dano na igreja dos gentios.
Além dos gálatas, a igreja de Corinto mostrava as constantes divisões
mencionadas por Paulo — divisões que, de alguma forma, estavam ligadas
ao falso ensino e à falsa profecia.10
Entretanto, não pense que Paulo estivesse falando que os crentes
verdadeiros não deveriam entrar em controvérsia. Jesus provocou divisão
nas pessoas por causa da verdade. Em algum sentido, podemos dizer que a
verdade causa divisão.11 Paulo provocou e participou de controvérsias,
inclusive com um dos pilares da Igreja (Pedro), falando das divisões que
havia na Igreja.12
Os líderes cristãos não devem temer controvérsia teológica, ainda que
isso possa causar divisões. Devemos pregar a verdade da Palavra de Deus,
ainda que nossa verdadeira profecia e nosso verdadeiro ensino causem
divisão. Paulo não se opunha à controvérsia quando a verdade de Deus
estava em questão! Por isso, ele sempre “combateu o bom combate da fé”
(1Tm 4.7). A preocupação de Paulo era que os cristãos de Corinto não
tivessem partidos entre si, quebrando a unidade da igreja, por causa de um
ensino falso ou de uma falsa profecia.
2.2. A DESARMONIA SE MANIFESTA NOS ESCÂNDALOS
A desarmonia acontece quando alguns irmãos geram obstáculos ou
representam pedras de tropeço para outras pessoas. Como os falsos profetas
e mestres abandonam a verdade, ou misturam a verdade com o erro,
cometem pecados que trazem escândalo para a igreja, produzindo, assim,
intensa desarmonia na congregação.
Já vimos, no volume 4 desta série, que os falsos profetas frequentemente
caem em pecado moral e geram intenso mal-estar no meio do povo de Deus.
Portanto, é importante recordar esse assunto para que não venhamos a ser
pegos em desastre moral.
John Gill afirma que as versões arábica e etíope desse verso traduzem a
expressão em itálico como “a fama” dos crentes de Roma por sua obediência
de fé.14 Paulo disse o mesmo aos tessalonicenses e à igreja de Roma (1Ts
1.8).
No começo de sua carta, Paulo já havia elogiado a obediência de fé dos
crentes de Roma (Rm 1.8). Por onde Paulo passava, havia notícia da
obediência de fé da igreja de Roma. Todos testemunhavam essa grande
virtude dos irmãos de Roma. Portanto, era uma alegria para Paulo ter uma
igreja conhecida internacionalmente por sua obediência de fé. Então, ele
manifesta seu gozo com o comportamento obediente deles. Isso significa que
eles haviam abraçado pronta e firmemente o evangelho de Cristo. A doutrina
de Deus havia impactado suas vidas e, portanto, eles permaneciam firmes,
sem o engano no coração deles.
8.3. PAULO ACONSELHOU OS CRENTES OBEDIENTES DE ROMA
Rm 16.19c — “e quero que sejais sábios para o bem e símplices para o mal”.
2Co 11.3-15 — “Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia,
assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a
Cristo. Se, na verdade, vindo alguém, prega outro Jesus que não temos pregado, ou se aceitais
espírito diferente que não tendes recebido, ou evangelho diferente que não tendes abraçado, a
esse, de boa mente, o tolerais. Porque suponho em nada ter sido inferior a esses tais apóstolos.
E, embora seja falto no falar, não o sou no conhecimento; mas, em tudo e por todos os modos,
vos temos feito conhecer isto. Cometi eu, porventura, algum pecado pelo fato de viver
humildemente, para que fôsseis vós exaltados, visto que gratuitamente vos anunciei o evangelho
de Deus? Despojei outras igrejas, recebendo salário, para vos poder servir, e, estando entre vós,
ao passar privações, não me fiz pesado a ninguém; pois os irmãos, quando vieram da
Macedônia, supriram o que me faltava; e, em tudo, me guardei e me guardarei de vos ser
pesado. A verdade de Cristo está em mim; por isso, não me será tirada esta glória nas regiões
da Acaia. Por que razão? É porque não vos amo? Deus o sabe. Mas o que faço e farei é para
cortar ocasião àqueles que a buscam com o intuito de serem considerados iguais a nós, naquilo
em que se gloriam. Porque os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, transformando-se
em apóstolos de Cristo. E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de
luz. Não é muito, pois, que os seus próprios ministros se transformem em ministros de justiça; e
o fim deles será conforme as suas obras”.
C
reio que é interessante analisar essa passagem longa, a fim de que
possamos compreender a importância do verdadeiro ensino e da
verdadeira profecia. Uma igreja será sadia somente quando atentar
para o perigo teológico que a ronda constantemente. Veja, a seguir, o ensino
paulino de forma mais detalhada.
A mensagem de Paulo aos coríntios era coerente com sua mensagem aos
gálatas, porque ele tinha em mente a pureza doutrinária da igreja.
7.3. PAULO COMPARA O VERDADEIRO
PROFETA COM O FALSO PROFETA
2Co 11.5 — “Porque suponho em nada ter sido inferior a esses tais apóstolos. E, embora seja
falto no falar, não o sou no conhecimento; mas, em tudo e por todos os modos, vos temos feito
conhecer isto”.
2Co 11.5 — “Porque suponho em nada ter sido inferior a esses tais apóstolos”.
Paulo havia sido vocacionado diretamente por Cristo para ser apóstolo
(1Co 1.1) e estava certo de que os falsos apóstolos não haviam sido
vocacionados por Deus. A vocação é que faz a diferença tanto nos profetas
do Antigo Testamento como nos apóstolos do Novo Testamento. Sua
vocação era o que o distinguia daqueles que declaravam a si mesmos
apóstolos. Estes não tinham autoridade, mas Paulo tinha, em virtude de sua
vocação, que provinha de Cristo. Além disso, Paulo estivera
presencialmente com Cristo. Esse é um de seus argumentos para mostrar a
própria autenticidade apostólica (1Co 9.1). Por essa razão, ele era
capacitado a realizar milagres e curas, o que autenticava seu apostolado. No
entanto, os falsos apóstolos que ele menciona eram inferiores porque “se
faziam apóstolos a si mesmos”, não tendo sido chamados por Deus.
3.2. PAULO RECONHECE SUAS LIMITAÇÕES
2Co 11.6c — “mas, em tudo e por todos os modos, vos temos feito conhecer isto”.
Paulo não somente tinha conhecimento sobre Deus e sua revelação, como
também foi capaz de transmitir essas verdades aos seus leitores. Ele, de fato,
não era um orador exímio (de acordo com os padrões de seu tempo), mas era
um comunicador honesto e transparente, alguém que falava a respeito de todo
o conselho de Deus. Além disso, Paulo recorreu a diversos meios para
convencer seus leitores da verdade. De qualquer modo, ele tornou conhecido
o verdadeiro evangelho de Cristo a muitas igrejas (inclusive a de Corinto),
mas sempre se mostrava dependente da graça de Deus na fidelidade de sua
palavra, em sua irrepreensibilidade de caráter e em seu sustento.
2Co 11.7 — “Cometi eu, porventura, algum pecado pelo fato de viver humildemente, para que
fôsseis vós exaltados, visto que gratuitamente vos anunciei o evangelho de Deus?”.
Nessa passagem, Paulo está afirmando que não havia nada em sua vida
que o desabonasse. Ele estava limpo, era irrepreensível em sua vida e
ninguém poderia fazer qualquer acusação à sua função profética ou mesmo à
sua vida pessoal. Isso significa que ele tinha uma “ficha limpa” e que
ninguém poderia apontar o dedo contra ele. Ele foi corajoso ao se afirmar
isento de culpa em relação à igreja de Corinto. Certamente, a autoridade de
Paulo vinha não somente de sua vocação apostólica, mas também de seu
comportamento ilibado.
Na verdade, Paulo falava de si mesmo para que a igreja de Corinto
aprendesse acerca de sua própria vulnerabilidade. A igreja de Corinto tinha
muitos pecados e era, por essa razão, fortemente atacável. Todavia, Paulo se
portava de um modo que impossibilitava qualquer pessoa de acusá-lo de
pecado em relação à igreja e ao seu próprio apostolado.
4.2. ELE APELA PARA A LISURA EM SUA VIDA FINANCEIRA
2Co 11.8 — “Despojei outras igrejas, recebendo salário, para vos poder servir”.
2Co 11.9 — “e, estando entre vós, ao passar privações, não me fiz pesado a ninguém; pois os
irmãos, quando vieram da Macedônia, supriram o que me faltava; e, em tudo, me guardei e me
guardarei de vos ser pesado”.
Não se esqueça que Paulo, ainda que tenha recebido auxílio de outras
igrejas, nunca dependeu dos coríntios para se sustentar. Ninguém podia
acusá-lo de explorar o povo de Deus em Corinto. Ele ficou ali por muito
tempo, e era irrepreensível nessa matéria. Para evitar comentários
desairosos, inclusive, ele “fazia tendas” para se sustentar. Ele não era um
aproveitador da boa-vontade dos crentes. Ele ganhava o próprio dinheiro
com seu trabalho paralelo ao apostolado.
Paulo tinha direito ao sustento das igrejas em que trabalhava, mas
encontrava objeção de alguns crentes de Corinto, que tentavam impedi-lo em
relação a isso. Veja o que ele diz aos coríntios em sua primeira carta:
1Co 9.3-4 — “A minha defesa perante os que me interpelam é esta: não temos nós o direito de
comer e beber?”
Paulo até apela para uma questão que, aparentemente, está fora de
contexto. Certamente questionavam sobre se Paulo e Barnabé poderiam ter
uma esposa, como os demais apóstolos tinham. Ele toma o argumento do
casamento dos apóstolos que tinham esse privilégio conjugal, colocando-os
na necessidade de ser provedores para suas famílias.
O falso ensino e a falsa profecia haviam ofuscado a mente dos coríntios
sobre essas necessidades — a de ter esposa e sobre o dever de sustentar a
própria família. Paulo, então, defende o direito de casamento e de ser
provedor. Entretanto, parece-me que ele abriu mão desse direito e
permaneceu sem família. Ele não queria ser um fardo para aquela igreja tão
crítica para seu trabalho apostólico.
1Co 9.6 — “Ou somente eu e Barnabé não temos direito de deixar de trabalhar?”.
Paulo argumenta que ele, assim como Barnabé, tinha o “direito” de deixar
de trabalhar em outra profissão para viver unicamente do evangelho. O mau
ensino dos falsos mestre e falsos profetas havia contaminado a vida dos
coríntios, de modo que eles contestavam essa prerrogativa apostólica. Eles
não admitiam que Paulo e Barnabé vivessem da verdadeira profecia. Então,
Paulo combate os interpeladores chamando seu sustento de “direito”.
1Co 9.7 — “Quem jamais vai à guerra à sua própria custa? Quem planta a vinha e não come do
seu fruto? Ou quem apascenta um rebanho e não se alimenta do leite do rebanho?”.
Paulo está argumentando que seu ensino e sua pregação sobre essa
matéria não eram apenas um pensamento seu. Esse ensino não nascera na
cabeça de Paulo. O fundamento era o que já fora ensinado e pregado no
passado histórico de sua própria nação.
1Co 9.9 — “Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi, quando pisa o trigo.
Acaso, é com bois que Deus se preocupa?”.
Então, Paulo argumenta que aquele que trabalha tem direito ao seu
sustento com o exemplo do boi. Os profetas de Deus têm o direito de viver
de seu glorioso trabalho. O fato de Paulo renunciar ao sustento, ou seja, de
não depender de igreja alguma, não significa que o obreiro não tenha direito
ao sustento. Por fim, ele conclui seu raciocínio dizendo que Deus está mais
preocupado com os verdadeiros profetas do que com os bois. Portanto, se
Deus providencia o sustento daqueles com quem menos se preocupa, mais
ainda providencia em relação àqueles com quem mais se preocupa.
1Co 9.10-11 — “Ou é, seguramente, por nós que ele o diz? Certo que é por nós que está
escrito; pois o que lavra cumpre fazê-lo com esperança; o que pisa o trigo faça-o na esperança
de receber a parte que lhe é devida. Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito
recolhermos de vós bens materiais?”.
2Co 11.10-11 — “A verdade de Cristo está em mim; por isso, não me será tirada esta glória
nas regiões da Acaia. Por que razão? É porque não vos amo? Deus o sabe”.
2Co 11.14 — “E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz”.15
Por ser um anjo apóstata, Satanás é o responsável maior pelo engano que
há no mundo teológico. Ele é o que “inspira” os pseudoapóstolos. Ele é
quem está por trás do falso ensino e da falsa pregação. Paulo fala, em outro
lugar, que os ensinos dos falsos apóstolos e profetas procedem dos demônios
(1Tm 4.1). Para enganar os obreiros (que se tornam fraudulentos), Satanás se
“transforma em anjo de luz”. É possível que Paulo “tivesse diante de seus
olhos casos em que Satanás adquiriu aparência falsa com o propósito de
enganar ou aparência de grande santidade e reverência, como se fosse
Deus”.18
Satanás, o principal e o primeiro enganador, apresentou-se no Éden (Gn
3.16) e na tentação de Jesus (Mt 4) com a autoridade e o poder de Deus.
Conquanto ele tenha conseguido enganar Eva, não enganou o Filho do
Homem. Em ambos os casos, o “anjo de luz” falsificou a revelação verbal
de Deus. Ele distorceu as palavras de Deus para Eva e fez uma exegese bem
equivocada de textos bíblicos no caso da tentação de Jesus. A perversão e a
falsificação da revelação verbal são típicas de todo enganador!
Aqui, na passagem em estudo, a expressão “anjos de luz” significa um
anjo puro e santo — sendo luz o emblema de pureza e santidade. Os
verdadeiros anjos de luz habitam no céu; e a ideia é que Satanás assume essa
forma, adquirindo a aparência de um santo anjo, porque também veio do
céu.19 E assume essa aparência para enganar os obreiros, os quais, então,
falsificam a revelação verbal. Satanás se traveste de luz porque ele é trevas!
Somente quem é trevas é capaz de trapacear dessa forma. Aliás, não poderia
haver engano se não houvesse uma apresentação da mentira com ares de
verdade.
Quando Satanás entra na presença de Deus, apresenta-se como Satanás,
porque sabe que Deus não é tolo e não pode ser enganado, mas, quando ele
se apresenta aos homens, não tem a aparência de Satanás. Ele sempre
desempenha papel bem diferente, de modo que as pessoas, se não tiverem
uma manifestação de discernimento da parte de Deus, serão enganadas de
forma absoluta.
8.2. OS ENGANADORES SECUNDÁRIOS TRANSFORMAM-SE EM MINISTROS DA
JUSTIÇA
2Co 11.15 — “Não é muito, pois, que os seus próprios ministros se transformem em ministros
de justiça”.
O pai do engano, Satanás, faz uma obra extraordinária com aqueles que
Paulo chama de “obreiros fraudulentos” (ψευδαπόστολοι —
pseudoapostoloi) ou falsos profetas. Ora, se o próprio Satanás se transforma
em anjo de luz, não causa estranheza que seus obreiros se vistam de engano,
afirmando-se ministros. Os falsos profetas são os que estão a serviço de
Satanás. O termo grego para “ministros” é διάκονοι (diaconoi), ou seja, eles
são servos ou ministros que estão a serviço de Satanás. Eles não se
apresentam como enganadores, mas como pessoas que estão do lado da
retidão, do lado de Deus. Eles sempre tentam as pessoas com alguma coisa
desejável, de maneira sutilmente enganosa. Afinal de contas, são
especialistas na arte da camuflagem. Entretanto, eles sempre tentarão desviar
sua atenção de Jesus Cristo.
Os líderes espirituais das igrejas locais são os favoritos de Satanás e dos
falsos profetas. Se eles conseguirem enganá-los, causarão grande estrago na
vida da igreja, afastando-os do caminho santo. Jesus advertiu os líderes
religiosos do seu tempo, dizendo: “Vede que ninguém vos engane. Porque
virão muitos em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo, e enganarão a muitos”
(Mt 24.4-5). Esse engano dos falsos profetas e mestres, que a si mesmos
chamam “ministros da justiça”, serão cada vez mais abundantes à medida
que se vai aproximando o tempo do fim.
Além de serem ministros (diaconoi), o texto os classifica como
“ministros da justiça” (διάκονοι δικαιοσύνης). A expressão “ministros da
justiça” aponta para uma característica peculiar dos rivais dos apóstolos.
Eles fingem ser apóstolos, mas se opõem às doutrinas da graça, ainda que
tentem dar a ideia de que creem nelas. Os “ministros da justiça” querem que
os crentes comuns pensem o melhor a seu respeito, para que tenham acesso a
eles.
A palavra dikaousunes qualifica esse tipo de “ministro”. Eles se
apresentam exatamente como aquilo que não são. Como foram enganados por
Satanás, os falsos profetas e os falsos mestres apresentam-se de forma
enganadora, com o propósito de arrastar para o erro os cristãos nominais e
alguns cristãos incautos.
8.3. TANTO O ENGANADOR PRINCIPAL COMO OS SECUNDÁRIOS SERÃO PUNIDOS
LIÇÕES
Cl 2.1-5 — “Gostaria, pois, que soubésseis quão grande luta venho mantendo por vós, pelos
laodicenses e por quantos não me viram face a face; para que o coração deles seja confortado
e vinculado juntamente em amor, e eles tenham toda a riqueza da forte convicção do
entendimento, para compreenderem plenamente o mistério de Deus, Cristo, em quem todos os
tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos. Assim digo para que ninguém vos
engane com raciocínios falazes. Pois, embora ausente quanto ao corpo, contudo, em espírito,
estou convosco, alegrando-me e verificando a vossa boa ordem e a firmeza da vossa fé em
Cristo”.
2. PAULO PREOCUPAVA-SE
COM OS CRENTES EM GERAL
Cl 2.1b — “Gostaria, pois, que soubésseis quão grande luta venho mantendo por vós, pelos
laodicenses [...]”.
Havia pequenas congregações na Ásia Menor que ainda não tinham visto o
rosto de Paulo. Algumas dessas pessoas viviam nas regiões da atual Turquia,
incluindo os crentes de Hierápolis, que são mencionados em Colossenses
4.13.
Paulo se preocupava com as pessoas que nunca o tinham visto face a face.
Na verdade, poderíamos dizer que sua preocupação tinha alcance
internacional, atingindo os limites da Ásia Menor. Sua preocupação era com
os crentes que estavam geograficamente distantes dos colossenses e dos
laodicenses. Paulo tinha uma visão de reino abrangente pois, quando ele
escrevia suas cartas, tinha a doce esperança de que gente de toda parte
poderia ler o conteúdo de sua mensagem.
Todos os cristãos devem ter uma mente que conheça o maior mistério de
Deus. Todavia, para ter esse tipo de compreensão, é necessário que
adquiramos, pela graça, a mente de Cristo. Cristo só é conhecido pelos
cristãos quando eles têm a mente de Cristo. Esse é o mistério de Deus que
veio a ser revelado. Aquilo que os crentes do Antigo Testamento não haviam
conseguido compreender plenamente era, então, revelado aos crentes do
Novo Testamento. Aquilo com que os antigos sonhavam em relação à
pregação dos profetas era, então, transformado em realidade na pregação
apostólica. E Paulo queria que os colossenses conhecessem o mesmo que ele
desejava para os crentes filipenses:
Fp 1.9 — “E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno
conhecimento e toda a percepção”.
A base de toda a verdade enfrentava forte oposição por parte dos falsos
mestres, falsos profetas e falsos apóstolos. Todos esses queriam que os
crentes a quem Paulo escreve tivessem dúvidas sobre o mistério de Deus,
que é Cristo.
A base de toda a verdade se encontrava nessa pessoa que os crentes ainda
conheciam pouco, mas que Paulo queria que conhecessem muito. Essa
pessoa era um mistério para muitos crentes, mas Paulo queria que eles a
conhecessem plenamente [plêrophoria].
Jesus Cristo é o mistério de Deus revelado para ser a chave de
entendimento da história. Ele é o autor e o condutor da história (Jo 1.3).
Quanto mais você conhece Cristo, mais se torna capaz de compreender os
planos de Deus na história.
Jesus Cristo é o mistério de Deus para ser o fundamento de tudo o que
sabemos e experimentamos espiritualmente, pois os tesouros do maior
conhecimento e da mais excelente sabedoria estão nele.
7. PAULO ESTAVA CONVICTO DE QUE O MISTÉRIO DE DEUS ERA O REPOSITÓRIO
DE TODO O CONHECIMENTO E DE TODA A SABEDORIA
Cl 2.3 — “em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos”.
LIÇÕES
Toda preocupação e toda luta de Paulo envolviam alguns propósitos bastante
claros no que diz respeito aos crentes:
1) PAULO QUERIA QUE OS CRENTES ANDASSEM EM CRISTO
Cl 2.6 — “Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele”
Os crentes a quem ele escreve já haviam recebido, por meio da fé, a pessoa
e a obra de Cristo. Isso não precisava voltar a acontecer. Trata-se de um ato
único. Mas, embora a redenção já tivesse iniciado, o recebimento de Cristo
não encerra esse processo. Então, Paulo os exorta ao desenvolvimento do
processo de salvação. O “andai” [περιπατεῖτε do verbo peripateo] significa
dar passos contínuos, ter uma conduta progressiva. Ele já havia ensinado aos
filipenses que a salvação é um processo em desenvolvimento contínuo:
Fp 2.12 — “Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença,
porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e
tremor”.
A expressão “desenvolvei a vossa salvação” deve ser compreendida
como equivalente a “andai nele”. A redenção deve continuar neste mundo,
até que se complete com a vinda de Cristo. Segundo Gill, a expressão andar
em Cristo significa
andar segundo o Espírito de Cristo, sob sua influência e direção, e através de sua assistência; é
andar na doutrina de Cristo, permanecer em Cristo, crescer no conhecimento dele; é andar nas
ordenanças de Cristo (...), fazer uso de Cristo como aquele que é o caminho, o único acesso a
Deus, o caminho da salvação, o único meio de acesso a Deus (...).25
Cl 2.7a — “nele radicados, e edificados, e confirmados na fé, tal como fostes instruídos,
crescendo em ações de graças”.
Assim, os crentes podem firmar-se nele, de modo que ninguém pode tirá-
los dele. Essa firmeza está no fato de eles estarem intrinsecamente ligados à
raiz; eles crescem como um prolongamento da raiz e permanecem seguros
para todo o sempre nela, pois estão “confirmados na fé”. Não se esqueça: a
palavra “fé” denota mais o conjunto de doutrinas do que simplesmente
confiança pessoal em Cristo e está vinculada à pessoa e ao ensinamento de
Cristo.
Por fim, não se deve perder de vista que essas coisas mencionadas por
Paulo já eram conhecidas de seus destinatários. Provavelmente, eles já
haviam sido ensinados por Epafras, ministro da Palavra. Mais uma razão,
portanto, para que não desprezassem tal aprendizado.
3) PAULO QUERIA QUE OS CRENTES CRESCESSEM EM GRATIDÃO
Cl 2.7b — “nele radicados, e edificados, e confirmados na fé, tal como fostes instruídos,
crescendo em ações de graças”.
Cl 2.8 — “Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas,
conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo”.
Cl 2.8a – “Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas”
Você já deve ter percebido com que frequência Paulo se dedicava a lidar
com os problemas teológicos que invadiam a igreja apostólica! Paulo usa
bastante a palavra “cuidado”, advertindo para o risco que correm aqueles
que enveredam pelo caminho da falsificação da verdade.
O verbo grego traduzido como “cuidado” é blepo, que pode ser traduzido
como “tome cuidado, examine, veja, observe” o que está acontecendo
teologicamente na igreja. Em toda a história da redenção, o povo de Deus é,
muitas vezes, confrontado com erros que trazem prejuízo ao crescimento do
reino. E esse cuidado se justifica porque os pervertedores da verdade
costumavam “sequestrar” os crentes incautos da igreja, enganando-os. Desde
o princípio da igreja cristã, essa prática era constante. Paulo queria que a
igreja de Colossos tivesse a mesma preocupação expressa pela igreja de
Bereia, a qual examinava cuidadosamente o que ali se pregava, recorrendo
às Escrituras (At 17.11).
Especialmente os irmãos mais experientes devem ter espírito de
discernimento para distinguir entre o certo e o errado no meio do povo de
Deus. Dizem alguns que não deve haver espírito crítico na igreja, porque
essa tendência destrói; deve haver, sim, espírito de discernimento, o qual
constrói. Essa é uma diferença crucial.28
Lembre-se, por fim, de que o verbo blepo está no modo imperativo. Isso
significa que a advertência de Paulo não é uma sugestão, mas uma ordenança
voltada ao bem-estar da igreja.
Cl 2.8c — “Cuidado para que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas”.
1Tm 4.1-2 — “Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns
apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela
hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência, que
proíbem o casamento e exigem abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos,
com ações de graças, pelos fiéis e por quantos conhecem plenamente a verdade (...)”.
A
s cartas pastorais de Paulo trazem advertências abundantes contra
os falsificadores da revelação verbal. Esse texto de Paulo a
Timóteo é apenas um exemplo das muitas passagens em que ele
aborda tal assunto.
2. A ADVERTÊNCIA DO ESPÍRITO
É PARA O TEMPO DOS “ÚLTIMOS DIAS”
1Tm 4.1b — “Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos”.
Paulo tinha uma nítida compreensão de que “os últimos dias” eram o
período no qual eles estavam vivendo. Isso porque a expressão não significa
apenas os dias que precedem imediatamente a vinda de Cristo, mas também
o período indefinido entre a primeira e a segunda vinda do Senhor. Esse será
um tempo muito difícil para os cristãos, um tempo não somente de abandono
da fé, como também de manifestação de muitos pecados por parte dos
homens (2Tm 3.1).
LIÇÕES
Mt 24.24-25 — “porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e
prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos.25 Vede que vo-lo tenho predito”.
4. NÃO SE SURPREENDA COM A PRESENÇA DE APÓSTATAS NO MEIO DE SUA
IGREJA.
Paulo não diz que os crentes regenerados eventualmente perderão o que
Cristo conquistou por eles, mas que as pessoas que assumem o cristianismo
podem abandonar as verdades de Cristo. Elas podem até ter professado a fé,
mas vir a se encantar com alguns ensinamentos que não correspondem à
verdade de Deus. Lembre-se do que João disse a respeito dessas pessoas:
1Jo 2.19 — “Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem
sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto
que nenhum deles é dos nossos”.
1Tm 4.2b — “pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada
[κεκαυτηριασμένων] a própria consciência”.
1Tm 4.3a — “Que proíbem o casamento e exigem abstinência de alimentos que Deus criou
para serem recebidos, com ações de graças, pelos fiéis e por quantos conhecem plenamente a
verdade”.
1Tm 4.3b — “exigem abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos, com
ações de graças”
2Tm 4.1-4 — “Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela
sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige,
repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não
suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias
cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade,
entregando-se às fábulas”.
N
essa passagem, Paulo está exortando Timóteo para que faça o que
for necessário em relação àqueles que se afastam da doutrina de
Deus, como consequência dos ensinos dos falsificadores da
revelação verbal.
Uma palavra aos pregadores: Não sejam pregadores apenas das grandes
ocasiões. Não esperem contar sempre com um grande auditório ou com
pessoas importantes para ouvi-los. O texto fala que o ministro fiel deve
instar seus ouvintes, corrigindo-os, repreendendo-os e exortando-os, “quer
seja oportuno, quer não” (v. 2). O sentido dessas palavras é “a tempo e fora
de tempo”. Em suma, não percam a franca oportunidade de exercer fielmente
sua função de pregadores.
Nosso Senhor vivia constantemente praticando o bem. Ele fazia disso sua
comida e sua bebida. Paulo disse aos presbíteros de Éfeso: “Por três anos,
dia e noite, não cessei de admoestá-los, nem de derramar lágrimas por vós”
(At 20). Paulo nunca deixava passar uma oportunidade sequer de pregar a
Palavra de Deus. Portanto, ministro do evangelho, pregue a verdade de Deus
a tempo e fora de tempo. Use as pequenas oportunidades que Deus lhe dá a
cada dia para atuar como porta-voz de sua verdade!
1Tm 4.3b — “pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como
que sentindo coceira nos ouvidos”
1Tm 4.3b — “pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças,
como que sentindo coceira nos ouvidos”
1Tm 4.3c — “pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como
que sentindo coceira nos ouvidos”.
1Tm 6.3-5 – “Se alguém ensina outra doutrina e não concorda com as sãs palavras de nosso
Senhor Jesus Cristo e com o ensino segundo a piedade, é enfatuado, nada entende, mas tem
mania por questões e contendas de palavras, de que nascem inveja, provocação, difamações,
suspeitas malignas, altercações sem fim, por homens cuja mente é pervertida e privados da
verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro.”
E
sses versos merecem análise porque tratam de uma realidade muito
presente na vida de muitas igrejas de nossa geração. Estudemos
cada parte desses versos para alertar o povo de Deus que vive
espalhado em nossa nação e em outras nações.
Só pode ensinar uma doutrina diferente aquele que está no meio da igreja.
Ele frequentemente se levanta e, por não concordar com a doutrina que “não
está de acordo com as palavras de nosso Senhor Jesus”, tentará impor outra
doutrina.
É mais difícil para quem vem de fora conseguir voz para falar no meio da
igreja e pregar outra doutrina. Via de regra, os ministros da Palavra não
entregam a cátedra ou o púlpito para alguém que vem de fora – a menos que
esses ministros já tenham intenções escusas com relação à verdade de Deus.
Entretanto, os que fazem parte da igreja, estando arrolados nela, têm
melhores chances de se levantar no meio dela e ensinar o que é devido à
verdade. Não é incomum, já em nossa geração, que presbíteros se levantem e
comecem a questionar a doutrina de Cristo, em nome de uma falsa piedade,
deixando de lado da verdade de Cristo e sua piedade.
Você, que se preocupa com a sã doutrina na igreja, fique de olho naqueles
que se levantam para perverter o ensino correto. Movimente-se para que
ninguém infielmente ensine no meio do povo de Deus!
2. OS FALSIFICADORES DA REVELAÇÃO VERBAL TRAZEM CONFLITOS
RELACIONAIS NA IGREJA
1Tm 6.4-5a – “é enfatuado, nada entende, mas tem mania por questões e contendas de
palavras, de que nascem inveja, provocação, difamações, suspeitas malignas, altercações sem
fim.”
1Tm 6.4c-5a – “de que nascem inveja, provocação, difamações, suspeitas malignas e altercação
sem fim”
Por que Paulo disse isso? Porque no seu tempo já havia aqueles que se
aproveitavam do evangelho e da piedade cristã para fazer dinheiro. Eles não
serviam ao rebanho, mas serviam-se do rebanho. Eram falsos pastores do
povo de Deus.
Uma coisa que você tem que saber nesse verso é que o falso ensino não
produz verdadeira piedade.
Somente o verdadeiro ensino e o contato leal com a Palavra de Cristo é
que produz verdadeira piedade. Essa piedade tem a ver com ser parecido
com Jesus Cristo, com pureza, com integridade, com limpeza de vida.
Porque os falsos mestres ignoram a Palavra de Deus, eles não podem
mostrar vida de transparência espiritual - embora muitos hoje, querendo
mostrar que são verdadeiros mestres, terem a aparência de piedade, falta-
lhes, entretanto, o poder.
Você tem que saber nesse verso que a piedade é o teste da verdadeira
espiritualidade. Por essa razão, Paulo aconselha ao jovem ministro: “Mas
rejeita as fábulas profanas e de velhas caducas. Exercita-te, pessoalmente,
na piedade” (1Tm 4.7). O falso ensino, a heresia e o erro não podem
produzir a verdadeira piedade. Somente a verdade de Deus é que produz
homens verdadeiramente piedosos.
Tenho que lembrar aos que serão sustentados pela igreja que nunca façam
da piedade uma fonte de lucro. Não sejam mercadejadores da Palavra de
Deus. Vocês serão presbíteros docentes, mas obedeçam aos ensinos da
Palavra. Paulo diz que o presbítero não deve ser “avarento” (1Tm 3.3) e ser
“não cobiçoso de torpe ganância” (3.8).
3. APLICAÇÕES
3.2. A SEGUNDA CONCLUSÃO A QUE VOCÊ DEVE CHEGAR É QUE VOCÊ DEVE SE
AFASTAR DO FALSO ENSINO E DOS FALSOS MESTRES.
Paulo dá um conselho a Timóteo que também serve para nós nestes
tempos de grande vacilação doutrinária:
1Tm 6.11-12 - “Tu, porém, ó homem, foge destas coisas (...). Combate o bom combate da
fé. Toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado e de que fizeste boa
confissão perante muitas testemunhas.”
Afaste-se das pessoas que ensinam uma doutrina que é contrária ou que vá
além daquilo que o Senhor Jesus ensinou, ou ainda que interpretam
erroneamente a Santa Escritura.
Afaste-se daqueles que não se parecem com Jesus Cristo na sua conduta,
que têm aparência de piedade mas sem o poder.
Afaste-se daqueles que são arrogantes, ignorantes das verdades
espirituais e fazem contendas de palavras, que produzem especulações
inúteis. Essas coisas só geram contendas e divisões.
Afaste-se daqueles que corrompem as mentes dos ministros mais jovens
por ensinarem coisas sobre as quais nada sabem.
Seja “bom ministro de Cristo Jesus” e “cumpra cabalmente o seu
ministério”.
J. Ligon Duncan III, em seu sermão “The Love of M oney ” sobre o texto em estudo. Disp onível em:
http s://www.fp cjackson.org/resource-library /sermons/the-love-of-money . Acesso em: set.2018.
Paulo deixa transp arecer a mesma ideia em Efésios.
13 | OS FALSOS MESTRES SÃO
DESCRITOS COM PRECISÃO
1. OS FALSIFICADORES DA REVELAÇÃO
VERBAL SÃO MUITOS
2. OS FALSIFICADORES DA REVELAÇÃO
VERBAL SÃO REBELDES
Tt 1.10b — “Porque existem muitos insubordinados”
O termo grego ἀνυπότακτοι [anupotaktoi], traduzido como
“insubordinados”, também pode ser compreendido como “indisciplinados”
ou “rebeldes”. São pessoas que se recusam a tomar a Escritura toda para ser
fonte de entendimento da realidade espiritual, tomando como base de seus
ensinamentos as fábulas humanas. No tempo de Paulo, essas pessoas
recusavam-se a obedecer à autoridade apostólica e impingiam a própria
autoridade. Em geral, elas têm um espírito de independência em relação à
verdade de Deus e querem impor a própria “verdade” — os pensamentos
dos homens contra os de Deus. A autoridade final está neles, e não na
Palavra de Deus. Essa era a rebeldia dos falsificadores da revelação verbal!
Eles costumavam ter um espírito desafiador contra qualquer autoridade,
especialmente a da Palavra de Deus, que era pregada pelos servos de Deus.
Por isso, a igreja de Deus deve ter muito cuidado com aqueles que se
recusam a ouvir a autoridade suprema, tentando fazer valer sua própria
autoridade.
3. OS FALSIFICADORES DA REVELAÇÃO
VERBAL SÃO FALADORES DOENTIOS
Tt 1.10c — “Porque existem muitos insubordinados, palradores frívolos”
4. OS FALSIFICADORES DA REVELAÇÃO
VERBAL SÃO ENGANADORES
Tt 1.10d — “Porque existem muitos insubordinados, palradores frívolos e enganadores”
Tt 1.11b — “porque andam pervertendo casas inteiras ensinando o que não devem”.
Tt 1.11b — “porque andam pervertendo casas inteiras ensinando o que não devem”.
Tt 1.12 — “Foi mesmo, dentre eles, um seu profeta, que disse: Cretenses, sempre mentirosos,
feras terríveis, ventres preguiçosos”.
Tt 1.13b — “Tal testemunho é exato. Portanto, repreende-os severamente, para que sejam
sadios na fé”.
Tt 1.14 — “e não se ocupem com fábulas judaicas, nem com mandamentos de homens
desviados da verdade”.
P
edro ensina as mesmas coisas que Paulo sobre os falsos
profetas/mestres, pois ambos têm o mesmo padrão de verdade, que é
de Deus.
2Pe 2.1-3 — “Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá
entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao
ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina
destruição. E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa deles, será infamado o
caminho da verdade; também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras
fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme”.
2Pe 2.1a — “Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas [ψευδοπροφῆται], assim
também haverá entre vós falsos mestres [ψευδοδιδάσκαλοι]”.
Uma heresia não é somente uma crença errônea, mas também uma prática
errônea. A teologia sempre afeta a ética. A heresia destruidora é aquela que,
quando seguida, conduz à perdição.75 Leighton afirma: “Observe
cuidadosamente que, no Novo Testamento, heresia implica falsa conduta, e
não somente opinião errônea”.76 Quando uma pessoa envereda por opiniões
errôneas, também abraça práticas errôneas que podem levar à perdição.
O verbo grego arneoma, traduzido como “renegaram”, pode ser
traduzido como negar ou não reconhecer uma pessoa. Pedro renegou o
Senhor três vezes quando disse que não o conhecia (Mt 26.34, 35, 70, 75),
mas a Escritura diz que Pedro se arrependeu amargamente (Lc 22.61-62) de
haver agido assim.
Ao que parece, ao contrário do caso de Pedro, que teve uma atitude
pontual de negação a Jesus, os falsos profetas parecem fazer dessa negação
uma constante em seu proceder. Continuamente, eles repudiam Jesus. Trata-
se de um repúdio deliberado da pessoa do Senhor que afirmava ser o Filho
de Deus. John MacArthur Jr. sugere que essa negação inclui alguns aspectos
muito importantes, que devem ser tidos como “heresias destruidoras”, como
a negação de seu nascimento virginal, da divindade, da ressurreição
corporal e sua segunda vinda. O erro básico dos falsos profetas é que eles
não submetiam suas vidas ao governo de Cristo.77 Na verdade, essas pessoas
que negaram Jesus não são genuinamente regeneradas, nem crentes nele. Elas
faziam profissão de fé nele, mas negavam sua divindade, rejeitando quem ele
afirmava ser.
A negação de Cristo pode ser algo pontual e perdoável, como aconteceu
com o apóstolo Pedro, mas uma negação continuada é motivo de condenação
séria. Jesus diz: “Aquele que me negar diante dos homens, também eu o
negarei diante de meu Pai, que está nos céus” (Mt 10.33).
4.3. OS FALSOS PROFETAS RENEGARAM O SOBERANO SENHOR
2Pe 2.2b — “e, por causa deles, será infamado o caminho da verdade”.
2Pe 2.3b — “para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não
dorme”.
2Pe 2.3c — “para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não
dorme”.
Todos os crentes verdadeiros têm ânsia de ver Deus manifestando seu
juízo sobre os homens maus, mas, algumas vezes, parece que Deus tarda na
aplicação de sua ira.
Há um ditado popular que diz: “Deus tarda, mas não falha”. Há um
sentimento de que ele é verdadeiro. Deus pode demorar na manifestação de
seu juízo, mas certamente virá. A ação de punição “não dorme”, ou seja,
“não está morta”. No tempo apropriado, Deus mostrará seu desagrado contra
os que falsificam sua revelação verbal.
8.3. O DECRETO DIZ QUE ELES SERÃO ENVERGONHADOS
O profeta Jeremias repete duas vezes a mesma triste verdade sobre o
primeiro destino dos falsificadores da revelação verbal: eles haveriam de
ser envergonhados. E os falsos profetas passarão por isso porque Deus
haverá de mostrar ao mundo que eles estão errados. Eles serão
desmascarados. Esse o primeiro juízo que Deus vai exercer sobre eles. Veja
o que Jeremias diz duas vezes:
Jr 6.15 e Jr 8.12 — “Serão envergonhados porque cometem abominação sem sentir por isso
vergonha; nem sabem que coisa é envergonhar-se. Portanto, cairão com os que caem; quando
eu os castigar, tropeçarão, diz o S ”.
A palavra grega para dormir é nustazo, que dá a ideia de algo que está
dormente, mas que se levantará. Pedro está dizendo que a destruição dos
ímpios não é algo que está no esquecimento indefinido. A destruição tem
sido deixada para o tempo apropriado, mas não permanecerá adormecida.
Quando o tempo determinado por Deus chegar, então a destruição deles
acontecerá com intensidade.
Pedro também está dizendo que haverá destruição para os falsos
profetas/mestres. A palavra grega para destruição é apoleia, que pode
referir-se à destruição de pessoas, objetos ou instituições. Entretanto, esse
termo não significa extinção ou aniquilação. Ele aponta para uma punição
divina que já teve início neste presente tempo (como a separação de Deus e
a ruina sem esperança!), mas que terá sua manifestação última e definitiva no
tempo apropriado do final, quando os falsos profetas/mestres serão lançados
no lago de fogo, onde também se encontram a Besta do Mar e o Falso
Profeta, juntamente com Satanás. Essa destruição é eterna, sem qualquer
possibilidade de reversão!
A argumentação anterior, no texto de Pedro, mostra que a destruição será
quando os falsos profetas não estiverem esperando. Essa situação será uma
surpresa para eles porque será repentina, sem aviso prévio. Veja o que
Pedro diz:
2Pe 2.1c — “trazendo sobre si mesmos repentina destruição”.
E
mbora Judas não tenha usado o termo apostasia, vamos nos referir
ao ensino de Judas sobre os falsos profetas chamando-os de
apóstatas. Sua carta é, basicamente, sobre a falsa profecia em seu
tempo. Por intermédio de Judas, percebemos quanto Deus odeia o ensino e a
profecia que pervertem sua verdade.
Os leitores dessa carta são aqui chamados amados, um termo comum que os
escritores da Bíblia usam para se dirigir a eles. Seria muito precioso se nós,
ministros da Palavra, tivéssemos em alta consideração aqueles a quem
pregamos, chamando-os de “amados”. Todavia, essa palavra nunca deveria
ser usada sem envolver a verdadeira afeição do coração. A sinceridade do
que dizemos a respeito dos irmãos da igreja faz toda a diferença. Eles são
capazes de perceber muito bem quando somos insinceros no tratamento que
dispensamos a eles. Portanto, não use essa expressão quando não os tiver em
alta conta!
A esses amados, Judas se esforça para escrever a respeito da comum
salvação deles. Os amados compartilhavam com Judas salvação idêntica.
Não importa se Judas era irmão de Jesus ou se ocupava outra posição de
honra. O que Judas está dizendo é que ele era beneficiário da mesma
salvação.
2. A OBRIGAÇÃO DA CORRESPONDÊNCIA
DE JUDAS ACERCA DA APOSTASIA
Jd 3.b — “[...] acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-
me convosco [...]”.
Jd 3c — “[...] exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi
entregue aos santos”.
Judas reconhece que sua carta é uma “exortação”. Ao mesmo tempo que
ele quer consolar seus leitores, também deseja adverti-los em relação aos
maus obreiros que estão no meio do povo de Deus.
a) O significado de “batalha”
Jd 3c — “exortando-vos a batalhardes, diligentemente”.
A batalha referida por Judas significa “a batalha por algo com grande
força, que merece ser defendido com unhas e dentes”.
A luta do cristão na esfera da verdade é contra Satanás, o pai da mentira.
Estamos numa guerra pela pureza da fé. Você tem de entender isso. Hoje,
Satanás, através de vãs filosofias, procurar desviar a ideia de verdade em
nosso mundo. A verdade é algo não essencial para a vida hodierna. A
verdade não importa. Portanto, devemos defender, de forma ferrenha, a
verdade. Esse é o maior problema que o cristianismo enfrenta hoje: a defesa
da verdade.
O que mais me deixa triste na Igreja contemporânea é ver ministros que
não dão importância à verdade, e que não se importam em lutar contra a
falsa doutrina. O que importa para eles é apenas a vida prática. Não importa
o conteúdo da crença. Assim, eles apresentam um quadro confuso do que o
cristianismo realmente é. Mas, aqui, Judas está dizendo que devemos lutar
pela fé que nos foi entregue; do contrário, os falsos mestres haverão de
destruí-la, transformando em libertinagem a graça de nosso Senhor (v. 4).
Essa é uma luta que deve prosseguir até que o Senhor volte.
Espero que você se sinta encorajado a aprender a fé cristã e a lutar por
ela. Queira ou não, você está no meio dessa batalha, ainda que não pegue em
suas armas. Todavia, se você não é um soldado da verdade, logo poderá ser
atingido pela espada da mentira.
O verbo grego usado para “batalhardes” (epagonizesthai) tem raiz na
palavra agon, de onde vem a palavra em língua portuguesa agonia. É um
tipo de luta que leva à agonia, ao sofrimento de uma batalha real. Na
verdade, o crente deve estar num local de batalha, onde se exige dele o
sacrifício agonizante da luta contra as trevas. Essa batalha exige
determinação, sacrifício e perseverança. Veja o uso similar desse termo na
Escritura:
1Tm 6.12 — “Combate [Αγωνίζου] o bom combate [ἀγῶνα] da fé. Toma posse da vida
eterna, para a qual também foste chamado e de que fizeste a boa confissão perante muitas
testemunhas”.
Pv 30.5-6 — “Toda palavra de Deus é pura; ele é escudo para os que nele confiam. Nada
acrescentes às suas palavras, para que não te repreenda, e sejas achado mentiroso”.
Por esses dois versos, entendemos que a batalha pela fé implica que o
conjunto de verdades dado por Deus não pode ser alterado. Deus não
permite que sua palavra, a palavra registrada nas Escrituras, sofra algum
acréscimo ou decréscimo. A palavra de João em Apocalipse 22.18 é um
exemplo mais particularizado da importância dessa matéria.
Você, como defensor da fé, não deve permitir que algo seja acrescentado
à verdade já afirmada por Deus de uma vez por todas. Nada deve ser
colocado além do que Deus já disse. Esse é um meio de defender a pureza
da verdade de Deus. Contemporaneamente, temos várias tentativas de
pessoas que não estão satisfeitas com a Palavra escrita. Elas sempre
aparecem com a ideia de uma nova revelação. Com a autoridade que a
própria Escritura lhe dá, você deve dizer que essa pessoa não acredita na “fé
que, uma vez por todas, foi entregue aos santos”.
A palavra “entregue” está no aoristo, que significa uma ação terminada
no passado. Essa revelação sobrenatural de Deus foi dada de modo
definitivo. Ela não se repete. Portanto, não existem novas revelações ou
novas doutrinas. A revelação de Deus já está completa. Nada mais deve ser
acrescido a ela.
“homens ímpios”
Isso é o mesmo que apóstatas que não têm reverência alguma por Deus.
Eles sempre falam de Deus, mas, na verdade, são ímpios. Eles não têm lugar
para Deus em suas vidas, nem lugar para sua Palavra. Eles negam a Deus o
direito de dizer o que ele disse. Você até pode esperar um apóstata dizer:
“Creio em Deus e sou um de seus servos, mas não creio na Bíblia como sua
revelação”. Essa afirmação é inconsistente. Como alguém pode crer em
Deus se não crê no que ele diz?
A palavra “ímpio” indica que os apóstatas são pessoas heréticas e ateias.
Eles podem falar de Deus, e até mesmo pregar a respeito dele, mas negam o
Deus verdadeiro. Eles alegam ser ministros de Deus, mas suas vidas
mostram que eles não vivem piamente.
4.2. A CONDUTA DELES
5. O COMPORTAMENTO DIFAMATÓRIO
DOS APÓSTATAS
Jd 8 — “Ora, estes, da mesma sorte, quais sonhadores alucinados, não só contaminam a carne,
como também rejeitam governo e difamam autoridades superiores”.
Jd 10 — “Estes, porém, quanto a tudo o que não entendem, difamam; e, quanto a tudo o que
compreendem por instinto natural, como brutos sem razão, até nessas coisas se corrompem”.
Judas mostrou aos seus leitores, nos versículos 5-7, que a apostasia não
era uma coisa nova; era algo tão antigo quanto a desobediência dos filhos de
Israel no deserto (v. 5), o pecado dos anjos (v. 6) e a imoralidade de
Sodoma e Gomorra (v. 7).
Deus sempre julgou a apostasia e continuará a fazer isso. Judas mostra
três casos do julgamento de Deus sobre a apostasia.
Nos versículos 8-13, ele aplica a atitude de juízo de Deus aos apóstatas
do presente.
No passado, a primeira geração de Israel murmurou contra Deus e foi
destruída. Eles foram apóstatas no deserto; e não creram em Deus. Houve
anjos que corromperam sua natureza e abandonaram seu estado original, e
foram julgados por sua apostasia. Também as cidades de Sodoma e Gomorra
se apartaram da verdade. Por isso, praticaram homossexualidade e Deus as
destruiu.
Judas está comparando os apóstatas de seu tempo aos do passado.
Quando um apóstata chega ao fim inevitável de sua apostasia, polui a carne
como Sodoma e Gomorra fizeram; ele despreza autoridade como os anjos
desprezaram e blasfema contra Deus como os filhos de Israel blasfemaram.
Judas diz que as coisas verdadeiras a respeito dos apóstatas no passado
ainda são verdadeiras hoje. A expressão da mesma sorte significa que
aqueles falsos mestres (“sonhadores”) estão fazendo as mesmas coisas. É
impressionante observar como os apóstatas continuam a se comportar, ainda
que a Bíblia diga coisas terríveis sobre a apostasia.
D
e todos os escritores do Novo Testamento, João talvez seja o que
mais enfatiza a questão da apostasia, ou seja, o abandono da
verdade. Todavia, ele não usa o termo apostasia em suas cartas.
Ele recorre a um vocabulário singular que, até então, não era conhecido. Ele
chama os falsificadores da revelação verbal de “anticristos”.
Um anticristo, segundo o ensino de João, é aquele que apresenta uma
doutrina falsa sobre Cristo, ensinando inverdades a seu respeito, com o
propósito de denegrir sua real essência humana ou mesmo divina.
Em nenhum outro lugar da Escritura encontramos os termos anticristos e
anticristo. São termos típicos e exclusivos de João, em suas cartas. Também
não os encontramos como equivalentes a Besta do Mar ou Homem da
Iniquidade, como historicamente tem sido crido, mesmo entre os reformados.
João ensina algumas coisas sobre o anticristo ou falso profeta final em
suas cartas, que serão estudadas em capítulos subsequentes.
CONCLUSÃO
Você consegue compreender a seriedade do pecado da apostasia? Jesus
disse: “Aquele que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante
de meu Pai que está nos céus” (Mt 10.33). Você não pode negar a divindade
soberana de Cristo, seu senhorio, seu caráter redentor ou sua messianidade e
ainda pensar que isso não significa muita coisa (2Tm 2.12; Tt 1.16). Não era
em vão que Judas estava preocupado com a apostasia. E a Igreja também
deve se preocupar.
Nesse contexto, você pode perguntar: “Como posso batalhar
diligentemente pela fé que, uma vez por todas, foi entregue aos santos?”
Um modo de fazer isso é dando suporte aos ministros que firmemente
honram a fé sem comprometê-la. Outro modo é dando testemunho da
veracidade da Bíblia em palavras e atos, pois, se as pessoas não percebem
isso em sua vida, vão duvidar da veracidade da Palavra de Deus. Outra
forma ainda é defendendo a fé ao treinar mais pessoas que vão lutar por ela.
Não tenha medo de defender a fé. Deus não precisa de defensores, mas a
fé que ele nos entregou precisa ser preservada por causa das gerações
futuras, e para que Deus seja honrado em sua verdade. Portanto, siga as
instruções do Pregador: “Filho meu, se deixas de ouvir a instrução, desviar-
te-ás das palavras do conhecimento” (Pv 19.27).
17 | OS NOMES DO FALSO
PROFETA FINAL
Essa alegoria pode até ser interessante; mas, ela está longe de ser
verdadeira, porque não existe identidade essencial entre a primeira pessoa e
as outras duas. Elas são de naturezas diferentes. Satanás é um ser espiritual,
enquanto que as outras duas são seres humanos. Essa tentativa de igualá-las à
trindade pode diminuir a noção desta como o que é eterno, e onde as três
pessoas são coessenciais.
1.1. A PROCEDÊNCIA DESSA BESTA
Ap 13.11b – “Vi ainda outra besta emergir da terra; possuía dois chifres, parecendo
cordeiro.”
Ap 13.11-12a – “Vi ainda outra besta emergir da terra; possuía dois chifres, parecendo cordeiro,
mas falava como dragão. Exerce toda a autoridade da primeira besta na sua presença.”
Quando o texto diz que o Falso Profeta falava “como dragão”, ele aponta
para uma autoridade que é recebida de Satanás. Somente Satanás pode ser o
autor intelectual de todo o engano. Satanás é o grande instrutor das duas
bestas. Afinal de contas, ele está por detrás de todo o engano, porque ele é o
“pai da mentira”. A sua mentira começa com o fato de que ele se apresenta
como o único deus, proclamando a sua própria adoração, e fazendo com que
a primeira besta seja adorada. A sua autoridade sobre o Falso Profeta é
muito grande. Por isso, é dito que o profeta do engano fala como um dragão e
exerce o seu poder por meio do seu mestre, Satanás. O Falso Profeta exerce
a função de precursor e introdutor da Besta do Mar. Ele não vem em nome de
si mesmo, não fala de si mesmo e nem age sob seu próprio poder.
1.4. OS FEITOS DA BESTA DA TERRA
Ap 13.11-15 – “Vi ainda outra besta emergir da terra; possuía dois chifres, parecendo cordeiro,
mas falava como dragão. Exerce toda a autoridade da primeira besta na sua presença. Faz com
que a terra e os seus habitantes adorem a primeira besta, cuja ferida mortal fora curada.
Também opera grandes sinais, de maneira que até fogo do céu faz descer à terra, diante dos
homens. Seduz os que habitam sobre a terra por causa dos sinais que lhe foi dado executar
diante da besta, dizendo aos que habitam sobre a terra que façam uma imagem à besta, àquela
que, ferida à espada, sobreviveu; e lhe foi dado comunicar fôlego à imagem da besta, para que
não só a imagem falasse, como ainda fizesse morrer quantos não adorassem a imagem da
besta.”
O que parece uma tarefa impossível hoje, será perfeitamente possível nos
dias que precederão a vinda de Cristo; pois, o terreno estará preparado para
isso, com a apostasia de muitos setores da igreja chamada cristã e de outras
religiões mundiais.
A besta simplesmente seduzirá os homens para uma única religião, a da
adoração à Besta do Mar, ou Homem da Iniquidade. A adoração de uma
pessoa má parece impossível hoje, mas será perfeitamente possível em
função do engano perpetrado pelo ensino da Besta da Terra, ou Falso
Profeta.
As pessoas que, àquela altura, não amarem a verdade de Deus, darão
crédito à mentira pregada pela Besta da Terra. Eles serão facilmente
seduzidos por ela em virtude dos sinais que ela fará diante deles. Mais do
que nunca, os homens serão seduzidos pelos sinais, pois as coisas
sobrenaturais é o que mais buscam! Isso acontece mesmo dentro da igreja
chamada evangélica. Muitas dessas igrejas abandonarão a fé e darão crédito
à mentira, sendo seduzidos pelos espíritos enganadores e pelos ensinos de
demônios, como afirma Paulo (1Tm 4.1).
(f) A Besta da Terra ordenará a ereção de imagens da besta
Ap 13.14b – “Dizendo aos que habitam sobre a terra que façam uma imagem à besta, àquela
que, ferida à espada, sobreviveu.”
Ap 19.20 – “Mas a besta foi aprisionada, e com ela o falso profeta que, com os sinais feitos
diante dela, seduziu aqueles que receberam a marca da besta e eram os adoradores da sua
imagem. Os dois foram lançados vivos dentro do lago de fogo que arde com enxofre.”
Esse verso aponta para o destino final dos dois seres humanos mais
significativos do final da história humana.
(a) A Besta da Terra será aprisionada
A Besta da Terra será aprisionada juntamente com a Besta do Mar. Ela
estará em prisão por algum tempo junto com o seu comparsa, que é o Homem
da Iniquidade. A prisão deles será um sinal de grande vergonha para eles.
Antes, reinavam em sua maldade sobre os homens. Quando se der a prisão,
serão humilhados perante todos os que os seguiam, criam neles, e que
adoravam a Besta do Mar. Eles serão expostos à ignomínia diante de todos.
A prisão deles significa que Jesus Cristo porá um fim na tarefa da
maldade que exercem. Eles não mais enganarão as pessoas, nem terão mais
poderes para exercer os seus sinais miraculosos, nem mais perseguirão os
resgatados do Senhor. Este, os porá à vergonha diante de todos.
(b) A Besta da Terra será lançada no lago de fogo
Assim como a Besta da Terra e a Besta do Mar serão aprisionadas juntas,
elas também serão lançadas no lago de fogo, que é a condenação final. Além
disso, serão lançadas vivas dentro desse lago de terror!
Juntas, elas serão completamente derrotadas e violentamente castigadas.
Serão colocadas debaixo de um intenso calor. Eu não tenho nenhum
problema de entender esses versos de modo literal, ainda que muitas
passagens de Apocalipse possuam um sentido simbólico. Mesmo que essa
passagem seja interpretada simbolicamente, os termos usados no texto
apontam para um sofrimento físico inimaginável! Esse sofrimento será muito
grande, porque a imposição judicial de Deus será resultado da sua santidade
e justiça que não vai tolerar para sempre os pecados dos homens.
Essas duas personagens serão castigadas da mesma forma que Satanás.
Essas três pessoas receberão um tratamento especial de sofrimento, porque
não experimentarão a morte do modo como os outros homens experimentam;
elas entrarão de corpo e alma no lugar de condenação.
É significativo que todos os que não estão em Cristo terão o mesmo fim,
porque o lago de fogo nivela todos os seres espirituais e humanos no mesmo
plano. É o destino final de todos eles.
Veja os textos abaixo, que apontam para essa terrível má nova para todos
os que são opositores de Deus:
Ap 20.10 – “O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e enxofre,
onde já se encontram não só a besta como também o falso profeta; e serão atormentados de dia
e de noite, pelos séculos dos séculos.”
Ap 14.10-11 – “Também esse beberá do vinho da cólera de Deus, preparado, sem mistura, do
cálice da sua ira, e será atormentado com fogo e enxofre, diante dos santos anjos e na
presença do Cordeiro. A fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos, e não têm
descanso algum, nem de dia nem de noite, os adoradores da besta e da sua imagem e quem
quer que receba a marca do seu nome.”
Calvino disse:
Daniel (9.27) e Paulo (2Ts 2.4) predisseram que o Anticristo haverá de se assentar no tempo de
Deus; de nossa parte, fazemos o pontífice romano o chefe e guarda-estandarte desse reino mau
e abominado. Pelo fato de que seu assento está colocado no templo de Deus, com isso quer
dizer que seu reino será tal que não extinguirá o nome de Cristo nem de sua igreja.90
Quando João fala dos anticristos, ele tem em mente essas pessoas que
ensinavam doutrinas falsas, e não aquele personagem final que será o
Homem da Iniquidade, como faz a maior parte dos teólogos (até mesmo
alguns Reformados).
1Jo 4.3b – “Pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que
vem e, presentemente, já está no mundo.”
1Jo 4.3b – “Pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que
vem e, presentemente, já está no mundo.”
2Jo 1:7 – “Porque muitos enganadores têm saído pelo mundo fora, os quais não confessam
Jesus Cristo vindo em carne; assim é o enganador e o anticristo.”
1Jo 4.3b – “Pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido
que vem e, presentemente, já está no mundo.”
Esses dois versos dão uma ideia bem clara da negação da humanidade de
Jesus debaixo da influência gnóstica, em contraposição ao verdadeiro ensino
de que Jesus Cristo é também humano e que possui uma natureza realmente
visível (não imaginária) e palpável. Todas as pessoas que ensinavam tal
cousa, fossem falsos mestres ou falsos profetas, possuíam o “espírito do
Anticristo”, que sempre tem a ver com a heresia que, em última instância,
conduz à apostasia, ou seja, ao abandono da verdadeira doutrina. Esse
“espírito do Anticristo” já era uma realidade no tempo de João e continuou a
sê-lo nos séculos subsequentes, pois o gnosticismo durou muito tempo.
Ainda hoje, temos manifestações dessa heresia. Contudo, o ensino geral da
Escritura mostra que o “espírito do Anticristo” tem permeado a vida da
igreja e, à medida que nos aproximamos do último dia, esse espírito que não
procede de Deus invadirá o pensamento dos homens. Esses homens haverão
de negar uma grande verdade a respeito de Cristo ou haverão de distorcer o
ensino de sua Palavra. Esse espírito está muito presente em nossos dias, com
o surgimento de tantas heresias.
João dá uma indicação muito clara no verso 5, dizendo que esses falsos
profetas “procedem do mundo; por essa razão falam do mundo, e o mundo os
ouve”. À medida que o tempo do fim chega, os homens não-remidos haverão
de dar mais atenção ao “espírito do Anticristo”, que é o espírito do engano.
2Jo 1.7 - “Porque muitos enganadores têm saído pelo mundo fora, os quais não confessam
Jesus Cristo vindo em carne; assim é o enganador e o anticristo.”
Ap 13.11b – “Vi ainda outra besta emergir da terra; possuía dois chifres, parecendo cordeiro,
mas falava como dragão.”
Por detrás da fala e dos atos do Falso Profeta está Satanás. Toda a
inspiração vem dele. A fala do Dragão é o fundamento da falsa profecia. O
Dragão-Satanás (Ap 12.3,7,9) tem no Falso Profeta Final o seu porta-voz
direto. A fala do Dragão consiste na mentira, porém nunca abertamente; essa
foi a tática da serpente no princípio e em todo o desenrolar da história. Ou
seja, o Dragão distorceu a verdade desde o Éden, como nos revela o texto
bíblico:
Gn 3.1 – “Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o SENHOR Deus
tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?”
A menção do nome de Deus pela serpente demonstra não só sua ousadia
mas também sua estratégia de mesclar o que Deus disse com a sua mentira, a
fim de não chocar de imediato a mulher. Desde então, essa tem sido sua
estratégia.
Todos os falsos profetas no desenrolar da história bíblica sempre
associaram o nome de Deus às suas mentiras e, assim, obtiveram muitas
vezes êxito entre os incautos. Dessa forma, a serpente fará sua última
investida concedendo ao Falso Profeta Final sua inspiração em máxima
intensidade, com o intuito de formar seu séquito.
O séquito do Dragão é atraído por uma falsa imagem expressa pela besta
que emerge da terra – parecendo cordeiro, ela destila o veneno da serpente
através do falso ensino. A imagem de um cordeiro evoca mansidão e
humildade, características do Senhor Jesus, que afirmou: “Aprendei de mim,
porque sou manso e humilde de coração” (Mt 11.29b). Não podemos deixar
de mencionar, também, o cordeiro exaltado no meio do trono na visão de
João, no capítulo 5 deste mesmo livro. Assim, tanto na própria estrutura
esboçada por João como no agir do próprio Satanás, vemos que a obra da
tríade satânica é uma imitação grotesca do Grandioso Deus, a fim de iludir
os homens que amam a mentira; e, mais especificamente, podemos ressaltar
que o Falso Profeta ardilosamente e sem originalidade irá seduzir a terra.
Satanás deu todo seu poder à Besta do Mar. Por isso, ela se tornou
invencível. Por causa desse poder concedido à ela, todos os habitantes da
terra prestarão reverência, respeito ou homenagem ao Diabo. Pessoalmente,
prefiro interpretar o verbo grego “proskineo” como “adoração”, pois
Satanás sempre quis ser igual a Deus, desde o princípio. Afinal de contas,
ser Deus significa ser senhor de todo o universo. Por seu poder concedido à
Besta do Mar, os homens haverão de lhe prestar culto.
3. O FALSO PROFETA INCITARÁ A ADORAÇÃO DA BESTA DO MAR POR ELE SE
FAZER DEUS
Todo os povos da terra adorarão dois grandes personagens da iniquidade.
Tanto o Dragão como Falso Profeta promovem o trabalho de entronização à
divindade da Besta do Mar. Os homens da terra adorarão Satanás, porque
ele dará “a sua autoridade à Besta”. A adoração do Homem da Iniquidade
acontecerá por duas razões:
3.1. A PRÓPRIA BESTA DO MAR SE PROCLAMARÁ DEUS
Quando o Homem da Iniquidade se manifestar, a sua principal função será
receber adoração por parte dos habitantes da terra, porque ele se elevará à
condição de Deus. Veja o que Paulo diz sobre essa terrível situação:
2Ts 2.4 – “[O homem da iniquidade] o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama
Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se
fosse o próprio Deus.”
Sem sombra de dúvida, podemos afirmar, sem exceção, que o falso ensino
conduz à falsa adoração. De fato, podemos afirmar que não existe
neutralidade, todos adoram, e se não adoram o Deus verdadeiro são
catequizados em seus devaneios filosóficos à falsa adoração, que encontra
sua expressão final na Besta do Mar e seu agente, a Besta da Terra.
A sedução é uma marcante arma do Dragão: “E foi expulso o grande
dragão, (...) o sedutor de todo o mundo (...)” (Ap 12.9). Paulo fala que a
mulher foi iludida, e Adão não foi; mas a mulher, sendo enganada, caiu em
transgressão (1Tm 2.14). Também demonstra seu receio quanto ao engano e
astúcia característicos da serpente. Tal ação é corruptora da mente,
apartando os homens de Cristo, bem como de sua simplicidade e pureza.
“Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia,
assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e
pureza devidas a Cristo” (2Co 11.3).
Observemos a fatídica sequência: falso ensino, sinais e, por fim, a falsa
adoração. A iconização da falsa adoração é uma questão de autonomia
diante de Deus, autonomia esta que tem sua origem no Éden com a serpente.
Somos sabedores que nisso consistia o comer do fruto, ou seja, no
estabelecimento do ego humano em uma projeção divina do mesmo: “e,
como Deus, sereis” (Gn 3:5).
Outra função importante do Falso Profeta é promover a adoração da Besta
do Mar.
4. O FALSO PROFETA LEVARÁ O MUNDO
À ADORAÇÃO DA BESTA DO MAR
Ap 13.12b – “Faz com que a terra e os seus habitantes adorem a primeira besta, cuja ferida
mortal fora curada.”
P
ela palavra “ministérios”, aqui, não entenda o exercício de dons
espirituais, mas sim tarefas que o Falso Profeta fará para beneficiar
a Besta do Mar e trazer segurança àqueles que não obedecem à
Palavra do Deus verdadeiro.
Ap 13.12 — “Exerce toda a autoridade da primeira besta na sua presença. Faz com que a
terra e os seus habitantes adorem a primeira besta, cuja ferida mortal fora curada.”
Ap 13.12 – “Exerce toda a autoridade [ἐξουσίαν] da primeira besta na sua presença. Faz
com que a terra e os seus habitantes adorem a primeira besta, cuja ferida mortal fora curada.”
Há uma espécie de cadeia de comando dentro da tríade do mal. A
autoridade maior é a de Satanás, que tem o seu controle sobre a Besta do
Mar e do Falso Profeta; em segundo lugar, vem a Besta do Mar, que tem
ascendência sobre o Falso Profeta; em terceiro lugar, vem o Falso Profeta,
que se reporta aos dois primeiros e engana toda a terra diante da primeira
besta.
Entretanto, a ordem de autoridade não significa necessariamente a ordem
de importância à vista de Deus. O Falso Profeta, o mais inferior da tríade,
tem a maior responsabilidade teológica neste mundo. Ainda que ele receba
seus ensinos dos demônios, ele tem autonomia para atingir todo o mundo.
Essa autonomia dele é usada para se exibir à Besta do Mar e para se tornar
conhecido do mundo. Por isso, ele fará vários sinais e prodígios para
produzir fascinação, engano e sedução. Não obstante, o Falso Profeta tem
que se reportar aos dois primeiros, através de dotação recebida de grandes
poderes. Por isso, é dito que ele “exerce autoridade [ἐξουσίαν - exousian]”.
Assim como um subalterno quer mostrar a sua capacidade de produção no
trabalho ao seu superior, o Falso Profeta tentará impressionar o seu chefe (a
Besta do Mar) com as coisas que vai fazer. Ele tem um grande poder, e ele
não vai perder tempo para adquirir prestígio como um funcionário subalterno
na tríade, porque a sua autoridade (poder) veio da Besta do Mar.
Curiosamente, o Falso Profeta, com toda sua exousia (autoridade), nunca
reivindica adoração para si. Isso é notável, quando levamos em conta todo o
poder que ele terá entre os homens e na presença da Besta do Mar.
Portanto, porque estará debaixo do domínio da Besta do Mar, que possui
um domínio político/militar, o Falso Profeta vai exibir o seu poder na frente
do seu superior imediato. É uma espécie de satisfação que ele dá, à Besta do
Mar, de sua eficiência.
2.3. O FALSO PROFETA SEDUZIRÁ A TOTALIDADE DA TERRA
Ap 13.14a – “Seduz os que habitam sobre a terra por causa dos sinais.”
Um profeta com esses poderes pode convencer qualquer pessoa que não
seja pertencente genuinamente a Jesus Cristo. Não é sem razão que há tanta
gente hoje seduzida por sinais. O pior é que haverá bilhões de pessoas no
tempo do fim que serão seduzidas pelos poderes do Falso Profeta Final!
2.5. O FALSO PROFETA FARÁ COM QUE CRISTÃOS MORRAM POR MEIO DA
IMAGEM DA BESTA
Ap 13.15 - “E lhe foi dado comunicar fôlego à imagem da besta, para que não só a imagem
falasse, como ainda fizesse morrer quantos não adorassem a imagem da besta.”
Ap 13.14b – “Dizendo aos que habitam sobre a terra que façam uma imagem à besta,
àquela que, ferida à espada, sobreviveu”
Os homens são atraídos pela mensagem do Falso Profeta, porque ele lhes
oferece uma mensagem atraente aos ouvidos. Os homens sempre querem
encontrar uma forma de acalmar a sua consciência, abrandar a culpa. Uma
mensagem que tem como origem a verdadeira revelação de Deus, sendo
anunciada por alguém que ab-roga ser homem de Deus, que promete
liberdade sem cruz e salvação sem arrependimento, torna-se extremamente
agradável aos ouvidos do pecador. Eis a razão porque o Falso Profeta
sempre parte da deturpação da escritura para formalizar sua mensagem.
O Falso Profeta não somente enganará pessoas, mas fará com que elas
recebam uma marca de identificação de modo que somente elas possam
receber benefícios naqueles dias tenebrosos.
3.1. A MARCA DA BESTA RELEMBRA A MARCA QUE DEUS COLOCA NO SEU POVO
O contexto imediato do livro de Apocalipse já menciona o ato de Deus
em marcar os seus santos (Ap 7.3), o que mais uma vez destaca a imitação
maligna. Acredito ser importante destacarmos, também, o contexto judaico
do próprio autor que, embora mais remoto, é pertinente em nossa
compreensão desta visão.
Como todo bom judeu, João conhecia e sabia a importância de
Deuteronômio 6 para a adoração judaica. Esse texto destaca a devoção plena
ao único Deus sendo, assim, o coração da verdadeira adoração:
Dt 6.4-8 – “Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás, pois, o
SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. Estas
palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas
falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te.
Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos.”
As palavras italicizadas do último versículo visam destacar a semelhança
com o nosso texto em foco no livro de Apocalipse. Apesar das muitas
especulações quanto ao que seja essa marca, ou como será aplicada, creio
que seja importante ressaltarmos o princípio exposto nesse texto, que será
útil em nossa compreensão da marca promovida pela Besta da Terra.
Moisés fala da importância da internalização da lei de Deus no coração
do homem; ou seja, o povo de Deus ama a lei de seu Deus, e assim a
transmitirá a seus filhos como seu bem mais precioso. Tão abrangente e
poderosa é a Palavra de Deus que estará nas mãos de cada judeu; ou seja,
todas as suas ações serão norteadas por essa lei. Mas, não somente terá um
campo de ação em suas atitudes como também em toda sua cosmovisão; ou
seja, ela estará entre seus olhos, em sua mente, como critério de
interpretação para toda a vida.
Se especularmos ou forçarmos demais alguma alegorização, nos
tornaremos semelhantes aos fariseus, que baseados nesse texto inventaram
seus estranhos filactérios. O princípio coerente e saudável aplicado a
Deuteronômio 6 deve ser o mesmo aplicado a Apocalipse no que se refere a
marca da Besta; ou seja, o Dragão demandará devoção, cosmovisão e ações
norteadas pelo seu falso ensino.
3.2. A MARCA DA BESTA SERÁ COLOCADA EM TODAS AS CAMADAS DE PESSOAS
Aqueles que forem enganados pelo Falso Profeta Final receberão um
sinal de identificação que lhes dará privilégios naquela época, em
contraposição aos que não receberem essa marca. Muita gente, de todas as
partes do mundo, sejam grandes ou pequenos, ricos ou pobres, livres ou
escravos, receberão essa marca.
O Falso Profeta será o responsável por colocar esse sinal da Besta nas
pessoas que ele conseguir enganar. Certamente, a grande maioria dos
habitantes da terra será enganada. Todas as camadas de pessoas, sejam
religiosas ou não, acabarão se tornando membros da igreja mundial sob o
controle teológico do Falso Profeta.
3.3. A MARCA DA BESTA SERÁ COLOCADA NA MÃO OU NA FRONTE
A marca do engano será alguma coisa visível, que será colocada em dois
lugares bem aparentes nas pessoas, o que ajudará na identificação daqueles
que foram enganados pelo Falso Profeta. Nenhum daqueles que são rebeldes
a Deus deixará de ter a marca da Besta em um dos dois lugares mais visíveis
que um ser humano pode ter: na mão ou na fronte. Essa marca mostrará uma
plena lealdade ao estado constituído e representado pela Besta do Mar.
3.4. A MARCA DA BESTA TERÁ ALGUNS PROPÓSITOS
Ap 13.18 – “Aqui está a sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta,
pois é número de homem. Ora, esse número é seiscentos e sessenta e seis.”
Com certeza temos diante de nós um dos textos bíblicos mais passíveis,
se não o mais passível, de discussões e interpretações divergentes. Não
pretendemos, aqui, por fim a tão antigo debate. Também não é nosso objetivo
trabalhar com especulações, apesar de ser essa, lamentavelmente, a
metodologia de muitos.
Dentre os muitos problemas que enfrentamos diante do presente texto,
existe o fato de estarmos lidando com uma variante textual; sendo assim,
muitos acham que uma palavra final seria muita pretensão.
Portanto, nos restam apenas algumas considerações quanto ao princípio
que já esboçamos em textos anteriores. Temos diante de nós um sistema que
demanda plena devoção de seus seguidores, e também já consideramos
acima que a marca em si é melhor interpretada como o agir e o pensar de
acordo com esse sistema. Todas as suas relações visam usurpar o que
pertence a Deus pela centralização no homem. Dessa forma, vemos que,
ainda que seja revestida de autoridade e capacidade sobrenatural, a Besta da
Terra não prescindirá de trabalhar com o que mais envaidece o homem - ou
seja, ele mesmo. Por isso, nos atemos ao que João expressa como “número
de homem” para enfatizarmos que, mais uma vez, temos diante de nós a velha
mentira, “como Deus, sereis”, propagada pela velha serpente de forma final
através de seu agente mais espetacular sobre a face da terra.
3.6. CONCLUSÃO
O Falso Profeta Final, como nos é apresentado no Apocalipse, é a
investida final da antiga serpente em sua promoção da mentira. O Falso
Profeta não surgirá para promover a si próprio, mas estará a serviço do
Homem da Iniquidade que, por sua vez, também receberá sua autoridade do
Dragão.
Analisando o presente texto de Apocalipse, observamos a estratégia
recorrente da tríade satânica em sua tentativa de imitar o único Deus Trino; o
Dragão, a Besta do Mar e a Besta da Terra conspiram e se empenham nessa
obra.
As obras do Falso Profeta Final, em sua imitação do Reino de Deus, nos
apresentam o modus operandi, o alcance e o resultado da verdadeira
profecia. O Espírito de Cristo estava em seus profetas dando de antemão
testemunho acerca dele (1Pe 1.10-12); sua mensagem era confirmada através
de grandes sinais, que visavam a constatação da mão de Deus sobre eles (Ex
4.1-9; Hb 2.1-4); o ensino dos mesmos visava a totalidade do ser e
consequentemente a devoção de todo o povo (Dt 8).
Embora tenhamos diante de nós um arremedo, podemos observar, no
mesmo, o padrão e a eficácia da revelação divina através de seus santos
profetas, compreendendo, assim, a teologia da revelação e a razão do apelo
do maligno em sua imitação.
Lv 9:22-24 – “Depois, Arão levantou as mãos para o povo e o abençoou; e desceu, havendo
feito a oferta pelo pecado, e o holocausto, e a oferta pacífica. Então, entraram Moisés e Arão
na tenda da congregação; e, saindo, abençoaram o povo; e a glória do SENHOR apareceu a
todo o povo. E eis que, saindo fogo de diante do SENHOR, consumiu o holocausto e a gordura
sobre o altar; o que vendo o povo, jubilou e prostrou-se sobre o rosto.”
2 Cr 7.1-3 – “Tendo Salomão acabado de orar, desceu fogo do céu e consumiu o holocausto e
os sacrifícios; e a glória do SENHOR encheu a casa. Os sacerdotes não podiam entrar na Casa
do SENHOR, porque a glória do SENHOR tinha enchido a Casa do SENHOR. Todos os filhos
de Israel, vendo descer o fogo e a glória do SENHOR sobre a casa, se encurvaram com o rosto
em terra sobre o pavimento, e adoraram, e louvaram o SENHOR, porque é bom, porque a sua
misericórdia dura para sempre.”
2Rs 1.7-14 – “Ele lhes perguntou: Qual era a aparência do homem que vos veio ao encontro e
vos falou tais palavras? Eles lhe responderam: Era homem vestido de pelos, com os lombos
cingidos de um cinto de couro. Então, disse ele: É Elias, o tesbita. Então, lhe enviou o rei um
capitão de cinquenta, com seus cinquenta soldados, que subiram ao profeta, pois este estava
assentado no cimo do monte; disse-lhe o capitão: Homem de Deus, o rei diz: Desce. Elias,
porém, respondeu ao capitão de cinquenta: Se eu sou homem de Deus, desça fogo do céu e te
consuma a ti e aos teus cinquenta. Então, fogo desceu do céu e o consumiu a ele e aos
seus cinquenta. Tornou o rei a enviar-lhe outro capitão de cinquenta, com os seus cinquenta;
este lhe falou e disse: Homem de Deus, assim diz o rei: Desce depressa. Respondeu Elias e
disse-lhe: Se eu sou homem de Deus, desça fogo do céu e te consuma a ti e aos teus
cinquenta. Então, fogo de Deus desceu do céu e o consumiu a ele e aos seus cinquenta.
Tornou o rei a enviar terceira vez um capitão de cinquenta, com os seus cinquenta; então, subiu
o capitão de cinquenta. Indo ele, pôs-se de joelhos diante de Elias, e suplicou-lhe, e disse-lhe:
Homem de Deus, seja, peço-te, preciosa aos teus olhos a minha vida e a vida destes cinquenta,
teus servos; pois fogo desceu do céu e consumiu aqueles dois primeiros capitães de
cinquenta, com os seus cinquenta; porém, agora, seja preciosa aos teus olhos a minha vida.”
At 2.1-4 – “Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; de
repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam
assentados. E apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou uma sobre
cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas,
segundo o Espírito lhes concedia que falassem.”
Ap 13.13 – “Também opera grandes sinais, de maneira que até fogo do céu faz descer à
terra, diante dos homens.”
Esse sinal operado pelo Falso Profeta Final é uma espécie de imitação
daquilo que profetas do Antigo Testamento fizeram pelo poder de Deus. O
Falso Profeta quererá ter o mesmo prestígio que os homens de Deus do
passado tiveram. Nesse sentido, o Falso Profeta tenta se equiparar a profetas
do Antigo Testamento, que fizeram descer do céu alguma coisa espetacular
para que o povo entendesse que eles eram reais profetas de Deus. Todavia, o
poder de causar o fenômeno não procederá de Deus, mas de Satanás.
À semelhança dos verdadeiros profetas de Deus, que faziam milagres na
sua época, os falsos profetas (e especialmente o Falso Profeta Final) farão
milagres para atrair o mundo e grande parte da igreja nominal que existir na
época.
Como vimos rapidamente na introdução, o propósito da segunda besta,
conhecida como Anticristo ou Falso Profeta, é imitar os feitos dos profetas
de Deus e até mesmo a ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, no caso
da ferida mortal.
Assim, fazer fogo cair do céu é um dos sinais que o Falso Profeta fará
para iludir os homens ímpios. Podemos voltar nossos olhos para os milagres
sobrenaturais feitos pelos magos de Faraó, registrados em Êxodo:
Êx 7.11 – “Faraó, porém, mandou vir os sábios e encantadores; e eles, os sábios do Egito,
fizeram também o mesmo com as suas ciências ocultas.”
Êx 7.22 – “Porém os magos do Egito fizeram também o mesmo com as suas ciências ocultas;
de maneira que o coração de Faraó se endureceu, e não os ouviu, como o SENHOR tinha dito.”
Êx 8.7 – “Então, os magos fizeram o mesmo com suas ciências ocultas e fizeram aparecer rãs
sobre a terra do Egito.”
Ap 19.20 – “Mas a besta foi aprisionada, e com ela o falso profeta que, com os sinais feitos
diante dela, seduziu aqueles que receberam a marca da besta e eram os adoradores da sua
imagem. Os dois foram lançados vivos dentro do lago de fogo que arde com enxofre.”
Mt 24.4-5 – “E ele lhes respondeu: Vede que ninguém vos engane. Porque virão muitos em meu
nome, dizendo: Eu sou o Cristo, e enganarão a muitos.”
Mt 24.24-25 – “Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e
prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos. Vede que vo-lo tenho predito.”
2Ts 2.9 – “Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e
sinais, e prodígios da mentira.”
Ap 14.9 – “Seguiu-se a estes outro anjo, o terceiro, dizendo, em grande voz: Se alguém adora a
besta e a sua imagem e recebe a sua marca na fronte ou sobre a mão.”
Ap 16.2 – “Saiu, pois, o primeiro anjo e derramou a sua taça pela terra, e, aos homens
portadores da marca da besta e adoradores da sua imagem, sobrevieram úlceras malignas e
perniciosas.”
Ap 19.20 – “Mas a besta foi aprisionada, e com ela o falso profeta que, com os sinais feitos
diante dela, seduziu aqueles que receberam a marca da besta e eram os adoradores da sua
imagem. Os dois foram lançados vivos dentro do lago de fogo que arde com enxofre.”
Ap 20.4 – “Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade de
julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por
causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem,
e não receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil
anos.”
Dn 3.4-6 – “Nisto, o arauto apregoava em alta voz: Ordena-se a vós outros, ó povos, nações e
homens de todas as línguas: no momento em que ouvirdes o som da trombeta, do pífaro, da
harpa, da cítara, do saltério, da gaita de foles e de toda sorte de música, vos prostrareis e
adorareis a imagem de ouro que o rei Nabucodonosor levantou. Qualquer que se não prostrar e
não a adorar será, no mesmo instante, lançado na fornalha de fogo ardente.”
Ora, através dos sinais, o Falso Profeta seduz os homens. Se estes firmam
seus passos fora da Escritura, não será difícil caírem em tal sedução.102
At 8.9-11 – “Ora, havia certo homem, chamado Simão, que ali praticava a mágica, iludindo o
povo de Samaria, insinuando ser ele grande vulto; ao qual todos davam ouvidos, do menor ao
maior, dizendo: Este homem é o poder de Deus, chamado o Grande Poder. Aderiam a ele
porque havia muito os iludira com mágicas.”
Ap 13.15 – “E lhe foi dado comunicar fôlego à imagem da besta, para que não só a imagem
falasse, como ainda fizesse morrer quantos não adorassem a imagem da besta.”
Nesta parte do capítulo, vamos olhar esse fenômeno por um prisma diferente
do que fizemos no capítulo anterior.
Além de exercer o seu poder diante da Besta, o Falso Profeta vai executar
um milagre de proporções ininteligíveis. Sendo capacitado pelo poder
maligno, o Falso Profeta executará um fenômeno inexplicável
cientificamente, que é o de tornar viva uma estátua morta. Todas as imagens
da Besta feitas pelos homens na face da terra serão vivificadas, a fim de que
os homens possam adorar a Besta. A pregação do Falso Profeta é a de que a
Besta é um deus e, portanto, digna da adoração dos homens. Ao “comunicar
fôlego à imagem da Besta”, o Falso Profeta estará unindo o mundo na crença
de um só deus, havendo uma única religião. Todos os homens que não
pertencerem a Cristo Jesus serão compelidos a adorar a imagem da Besta.
Este tipo de sinal operado pelo Falso Profeta não tem paralelo na
Escritura. O Falso Profeta fará alguma coisa inusitada.
Provavelmente, todas as repartições públicas, escolas e logradouros
públicos venham a ter imagens da Besta naquele período do fim da história
humana. Essa ação será apenas o início de mais manifestações miraculosas.
É importante que o leitor entenda que essas manifestações poderosas não são
ilusórias, e sim reais. Não serão truques de mágica, mas serão feitas com
poder sobrenatural, que vem do Maligno. A realidade delas é que tornará
possível a mudança religiosa dos seres humanos da época. Eles mudarão de
qualquer uma das religiões que houver no mundo para a religião que adorará
a primeira besta.
O Falso Profeta terá a capacidade de vivificar as imagens em todos os
lugares. Essas imagens serão capazes de movimentos e outras coisas
próprias que indicam uma espécie de vivificação.
Esse fenômeno impressionará muito os homens que não resistirão aos
apelos religiosos do Falso Profeta e acabarão adorando a primeira besta, de
quem ele é profeta. Obviamente esse poder não vem dele próprio, mas de
Satanás.
Ap 13.15 – “E lhe foi dado comunicar fôlego à imagem da besta, para que não só a imagem
falasse, como ainda fizesse morrer quantos não adorassem a imagem da besta.”
Além de exercer o seu poder diante da Besta, o Falso Profeta vai executar
um milagre de proporções ininteligíveis. O arremedo ganha proporções
inimagináveis. A tríade satânica não mede esforços em arrogar divindade e
em empenhar esforços a fim de que toda a terra seja iludida ante a suposta
divindade. Sim, pois sabemos que o único que possui vida em si mesmo,
sendo também o autor de toda vida, é Deus. A confecção da imagem seguida
da vivificação da mesma, claramente, é mais uma paródia da criação.
Conforme mencionado anteriormente, o Falso Profeta executará um
fenômeno de tornar uma estátua viva. Alguns comentaristas relatam a proeza
de um imperador romano que confeccionou uma imagem de si mesmo e dava
ordens por detrás da mesma, incentivando e demandando, dessa forma, o
culto ao imperador; uma espécie de ventriloquia. Porém, pela descrição
joanina, podemos perceber que esse sinal é de uma magnitude bem além do
que as dos truques usados pelos ventríloquos.
O Falso Profeta dará condições para que a imagem fale. O termo grego
utilizado pelo escritor é “pneuma”. Isso nos leva ao ato criador de Deus. É
isso que podemos ver na Escritura: “O qual se opõe e se levanta contra tudo
que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário
de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus” (2Ts 2.4). A Besta da
Terra procura realizar tudo a partir da semelhança com aquilo que o
Altíssimo fez. Esse tipo de acontecimento era utilizado por falsos religiosos
para impressionar as pessoas e, neste caso,103 alguns estudiosos fazem
menção da arte do ventriloquismo. Esta arte era realizada, inclusive, por
sacerdotes responsáveis pela adoração dos imperadores romanos.104
Esta linha de raciocínio também é mencionada por William Barclay, que
também volta os olhos para o episódio entre Moisés e Faraó, além dos
imperadores romanos que possuíam estátuas em vários locais do Império
Romano, exigindo adoração, sempre evocando a si mesmos como deuses.105
George Ladd relata que escritos cristãos da época tratam daquilo que
Simão, o mago, fazia, conforme registrado em Atos 18. Diz-se que foi
confeccionado um rosário de lendas, além de ênfase no fato dele fazer
estátuas falarem.106
John MacArthur nos traz a memória alguns textos bíblicos que tratam dos
deuses dos povos. São interessantes exatamente pelo fato de apresentarem o
que são os ídolos dos povos. Em contraposição ao que a Escritura ensina, o
Falso Profeta fará com que o anormal ocorra.107 Vejamos os textos:
Sl 115.4-7 – “Prata e ouro são os ídolos deles, obra das mãos de homens. Têm boca e não
falam; têm olhos e não veem; têm ouvidos e não ouvem; têm nariz e não cheiram. Suas mãos
não apalpam; seus pés não andam; som nenhum lhes sai da garganta.”
Sl 135.15-17 – “Os ídolos das nações são prata e ouro, obra das mãos dos homens. Têm boca e
não falam; têm olhos e não veem; têm ouvidos e não ouvem; pois não há alento de vida em sua
boca.”
Hc 2.18-19 – “Que aproveita o ídolo, visto que o seu artífice o esculpiu? E a imagem de
fundição, mestra de mentiras, para que o artífice confie na obra, fazendo ídolos mudos? Ai
daquele que diz à madeira: Acorda! E à pedra muda: Desperta! Pode o ídolo ensinar? Eis que
está coberto de ouro e de prata, mas, no seu interior, não há fôlego nenhum.”
Aqui, devemos lembrar que como apenas Deus tem poder de dar a vida, e
também poder sobre a morte, apenas ele deve ser adorado. Satanás sempre
almejou a adoração dos homens, criados para adorar a Deus.
Rm 1.25 – “Pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura
em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém!”
Observe, aqui, a fúria que o opositor tem contra aqueles que não querem
fazer parte da imundícia que é a rebeldia contra o Eterno. Ora, não será
diferente no momento histórico em que nos depararmos com as duas grandes
bestas.
Rm 1.21-23 – “Porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem
lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes
o coração insensato. Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus
incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes
e répteis.”
Por vezes, dar glórias a Deus é indispor-se com o mundo, com os hereges,
com aqueles que deturpam as Escrituras. Se a Bíblia é interpretada de modo
errôneo, pouco falta para que ídolos sejam erguidos; não meramente através
de madeira ou pedra, mas ídolos do próprio coração.
O único destaque em meio a toda esta realidade, que traz, inclusive,
alento ao coração do fiel a Deus, é o fato de que em tudo isso Deus
permanece reinando e tem um propósito em todas as coisas. Além daquilo
que encontramos em Romanos 8.28 (“Sabemos que todas as coisas cooperam
para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo
o seu propósito”), vemos que a Palavra de Deus estará se cumprindo.
Apocalipse 17.17 diz: “Porque em seu coração incutiu Deus que realizem o
seu pensamento, o executem à uma e deem à Besta o reino que possuem, até
que se cumpram as palavras de Deus.”
Ora, tendo em vista essa verdade, cabe aos santos de Deus guardar com
fidelidade a Palavra de Deus, como orienta 1 Coríntios 4.2: “Ora, além
disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado
fiel.”
É indubitável que o momento será histórico e marcante para todos que
enfrentarem tal situação. Nunca devemos esquecer que o dar “fôlego de
vida” à imagem da Besta precederá a fala. Tudo isso levará um povo ansioso
por maravilhas à devoção.
David Stern é contundente: “A segunda besta engana o povo que vive na
terra, da mesma forma que os magos e feiticeiros da corte do faraó o
enganaram, rebaixando o Deus de Israel”.115
O profeta Jeremias menciona em sua profecia algo relevante:
Jr 10.14-15 – “Todo homem se tornou estúpido e não tem saber; todo ourives é envergonhado
pela imagem que ele mesmo esculpiu; pois as suas imagens são mentira, e nelas não há fôlego.
Vaidade são, obra ridícula; no tempo do seu castigo, virão a perecer.”
Mas no caso da imagem que falará, ela receberá fôlego. Será algo
espantoso! Mais uma vez somos levados à veracidade de que Satanás deseja
repetir os feitos de Deus, ainda que, como sabemos, de modo falseado.
O mesmo profeta registra novamente:
Jr 51.17-18 – “Todo homem se tornou estúpido e não tem saber; todo ourives é envergonhado
pela imagem que esculpiu; pois as suas imagens são mentira, e nelas não há fôlego. Vaidade
são, obra ridícula; no tempo do seu castigo, virão a perecer.”
Ap 14.9-10 – “Seguiu-se a estes outro anjo, o terceiro, dizendo, em grande voz: Se alguém adora
a besta e a sua imagem e recebe a sua marca na fronte ou sobre a mão, também esse beberá
do vinho da cólera de Deus, preparado, sem mistura, do cálice da sua ira, e será atormentado
com fogo e enxofre, diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro.”
Ap 20.4 – “Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade de
julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por
causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem,
e não receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil
anos.”
Ap 17.5 – “Na sua fronte, achava-se escrito um nome, um mistério: Babilônia, a Grande, a Mãe
das Meretrizes e das Abominações da Terra.”
Mas também temos o mesmo termo que trata daquilo que é original, a
marca na fronte que estabelece o reinado de Cristo sobre os seus: “Olhei, e
eis o Cordeiro em pé sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e
quatro mil, tendo na fronte escrito o seu nome e o nome de seu Pai” (Ap
14.1). E também: “Não danifiqueis nem a terra, nem o mar, nem as árvores,
até selarmos na fronte os servos do nosso Deus” (Ap 7.3). Ou seja, a marca
na fronte e na mão direita estabelece a quem se pertence. Mente e serviços
dedicados a quem se adora. Certamente, aqueles que têm o coração fincado
nesta presente terra, não conseguirão deixar que seus corações vivam o que
sempre buscaram. Não apenas nos prazeres do mundo, mas neste desejo que
foi buscado na religião. Esses receberão, sem dúvida, a marca da Besta.
Apenas os fiéis a Deus, pela graça do mesmo Deus, estabelecem uma
caminhada de fidelidade, ainda que tenham que perder a vida. MacArthur faz
um levantamento de acontecimentos presentes, relevantes ao menos para que
pensemos sobre o fato de que tudo em nossa sociedade depende de uma
marca.
Ele traz à tona os microchips subcutâneos que têm sido usados em cães.
Recentemente, um artigo foi publicado informando que algumas pessoas
também já o possuem. Esses microchips possuem os dados dos animais. Se
eles se perderem, podem ser achados mais facilmente, além de poder se
utilizado um scanner que confirmará a identidade do mesmo.130
Ora, isso não seria tão relevante se não tivéssemos o código de barra e os
famosos e importantes computadores, que fazem refletir sobre como nossas
informações estão, de maneira geral, armazenadas em várias esferas, seja
econômica, política, militar ou religiosa. Tomando o exemplo de cartões
bancários, atualmente já há estabelecimentos que fazem leitura de digitais e
até mesmo de face.131
Sem tais códigos (marcas), não somos nada. Não podemos sacar dinheiro,
não podemos movimentar a conta bancária, fazer uma compra, etc.132
Há identidade de tudo e de todos. Todas essas coisas apontam para a
verdade de que há marcas que fazem com que sejamos quem somos. Sem tais
credenciais, registros, identificações, cartões, digitais, entre outros, não
somos reconhecidos. No Brasil, poderíamos ser considerados como
indigentes.133
Assim, não será difícil um sistema político, militar e/ou religioso
determinar o assassinato daqueles que não aceitarem a determinação do
Falso Profeta. Mundialmente, as pessoas estão interligadas e com seus dados
armazenados.
Podemos destacar, também, a questão da globalização, que tem integrado
nações e onde culturas estão em intercâmbio e sofrendo mudanças profundas.
Isso nos leva a pensar na globalização da perseguição que, a partir da marca,
terá dois modos de ataque aos que não se submeterem à ordem do falso
profeta: o primeiro, será a ordem de assassinato sem direito de defesa, para
aqueles que serão considerados rebeldes e infiéis; o segundo, quanto à
questão de aquisição de coisas úteis para a sobrevivência.134
Stedman segue a mesma linha, destacando o comércio global no qual
também podemos tratar das grandes corporações, ou multinacionais. Ele nos
lembra, ainda, de que a marca da Besta é mais uma cópia que Satanás
procurará fazer das coisas de Deus. Ele lembra que a marca é da primeira
besta e que Deus já havia selado os 144.000 fiéis a ele.135 Assim, o diabo
deseja imitar a Deus. Quão tolo é ele.
Atentemos para o texto de Apocalipse 7:
Ap 7.1-8 – “Depois disto, vi quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra, conservando
seguros os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o
mar, nem sobre árvore alguma. Vi outro anjo que subia do nascente do sol, tendo o selo do Deus
vivo, e clamou em grande voz aos quatro anjos, aqueles aos quais fora dado fazer dano à terra e
ao mar, dizendo: Não danifiqueis nem a terra, nem o mar, nem as árvores, até selarmos na
fronte os servos do nosso Deus. Então, ouvi o número dos que foram selados, que era cento e
quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de Israel: da tribo de Judá foram selados
doze mil; da tribo de Rúben, doze mil; da tribo de Gade, doze mil; da tribo de Aser, doze mil; da
tribo de Naftali, doze mil; da tribo de Manassés, doze mil; da tribo de Simeão, doze mil; da tribo
de Levi, doze mil; da tribo de Issacar, doze mil; da tribo de Zebulom, doze mil; da tribo de José,
doze mil; da tribo de Benjamim foram selados doze mil.”
Além disso, vale ressaltar o que diz a Palavra de Deus quanto ao selo do
Espírito Santo, que os crentes em Jesus Cristo recebem: “Acaso, não sabeis
que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual
tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes
comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo” (1Co
6.19-20).
Ora, nitidamente o apóstolo diz à igreja que ela não pertence a si mesma.
Ou seja, haverá sempre a existência de uma marca. A marca de Deus para
aqueles que o servem, ou a marca da Besta para aqueles que seguiram a sua
imagem. A humanidade estará dividida. De um lado, os seguidores da Besta;
de outro, os fiéis ao Deus vivo e verdadeiro.
Em Daniel, encontramos o texto referente à imagem que o rei
Nabucodonosor fez e que exigiu adoração do povo. A imagem não foi
adorada pelos fiéis, os quais foram lançados na fornalha de fogo ardente.
Estudiosos apontam para esta semelhança, ainda que com variações na
aplicação do Falso Profeta: “No momento em que ouvirdes o som da
trombeta, do pífaro, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de foles e de
toda sorte de música, vos prostrareis e adorareis a imagem de ouro que o rei
Nabucodonosor levantou” (Dn 3.5).
Graças a Deus, temos a Bíblia Sagrada, revelação do Deus vivo e
verdadeiro, que nos fala dos acontecimentos difíceis deste período, mas
também de nossa vida eterna com Ele. Vejamos os textos a seguir, que é um
consolo para os fiéis, ainda que morram por guardar a fé:
Ap 7.14 – “Respondi-lhe: meu Senhor, tu o sabes. Ele, então, me disse: São estes os que vêm da
grande tribulação, lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro.”
Ap 15.2 – “Vi como que um mar de vidro, mesclado de fogo, e os vencedores da besta, da sua
imagem e do número do seu nome, que se achavam em pé no mar de vidro, tendo harpas de
Deus.”
Ap 20.4 – “Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade de
julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por
causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem,
e não receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil
anos.”
Os cristãos, como nos lembra Eugene Peterson (citado por Stedman), que
corroboram com tal raciocínio, devem se preocupar em guardar a Palavra e
proclamá-la em fidelidade. Não devem gastar tempo fazendo contas e mais
contas para saber qual é a marca da Besta. Peterson cita vários estudiosos
que, ao longo da história, têm apresentado diversos nomes, do Imperador
Nero à Adolf Hitler.136 Seria mais sábio trilhar o caminho da fidelidade a
Deus e guardar o coração em oração para dias tão difíceis.
Penso, também, que melhor do que os cálculos e apostas sobre qual será a
marca da Besta é cuidar daquilo que a Palavra revela, pois muitos enganos
têm sido ensinados e muitos não têm tido o cuidado de proclamar a verdade
bíblica com fidelidade. Antes, têm desejado colocar suas ideias para criar
seus próprios reinos.
Embora muitos estudiosos mantenham suas expectativas no Papa e na
igreja romana, penso que não deveríamos ficar restritos a eles. Kretzmann
segue por esta linha também. Cita, inclusive, Martinho Lutero, o qual foi um
convicto neste quesito.137
Lutero menciona em seu comentário sobre o capítulo 13 de Apocalipse:
As abominações que este papado cometeu no mundo não podem ser relacionadas em apenas
um livro. Idolatria, mosteiros, instituições, santos, peregrinações, purgatório, indulgências, a falta
de casamento, e inúmeros outros exemplares de doutrina humana e de obras. Em segundo lugar,
quem é capaz de dizer o quanto o derramamento de sangue, assassinato, guerra e miséria os
papas têm sido a causa, ambos com suas próprias guerras e provocando imperadores, reis e
príncipes?138
Todavia, Wilcock nos dá uma boa visão, mais uma vez, quando nos
convida a refletir sobre a força da religião na vida humana, fazendo com que
foquemos no falso ensino e não exatamente em qual instituição estão as
bestas que se levantarão:
Em outras palavras, onde quer que esta segunda besta se manifeste, ela leva os homens a dizer
“esta religião é tão impressionante, que estamos prontos a consagrar nossas vidas para serem
salvas pelo sistema para o qual ela nos aponta” (...). Religião é, de fato, uma descrição muito
restrita para caracterizar esta segunda besta. Ela é, na forma hodierna de expressão, a
ideologia, seja religiosa, filosófica ou política — que “dá vida” a toda estrutura social humana
organizada independentemente de Deus. Ela é “a mensagem”. Quando em Apocalipse 19.20
essa besta é rotulada como o falso profeta, o texto nos leva de volta à passagem que descreve
profecias falsas em Deuteronômio, e lá encontramos uma advertência, a qual, pela linguagem
religiosa utilizada, aplica-se a qualquer tipo de ideologia: “Quando profeta ou sonhador se
levantar no meio de ti e te anunciar um sinal ou um prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio de
que te houver falado, e disser: Vamos após outros deuses, que não conhecestes, e sirvamo-los,
não ouvirás as palavras desse profeta” (Dt 13.1-3).139
Ap 16.13 – “Então, vi sair da boca do dragão, da boca da besta e da boca do falso profeta três
espíritos imundos semelhantes a rãs.”
Ap 16.14c – “E se dirigem aos reis do mundo inteiro com o fim de ajuntá-los para a peleja do
grande Dia do Deus Todo-Poderoso.”
E
ste capítulo tratará sobre a grande importância dos sinais, tanto dos
verdadeiros como dos falsos profetas:
Aqui, João define sua intenção em seu evangelho de forma clara: ele
selecionou alguns sinais, a fim de conduzir seus leitores à crença e à vida
mediante o Filho de Deus.
Diante dos discípulos, diante das autoridades, diante da multidão e, por
fim, diante dos leitores do evangelho, Jesus é apresentado como Filho de
Deus por meio de seu ensino sinalizado. João sabia da importância dos
sinais a ponto de organizar seu evangelho em torno dos mesmos.
Mt 7.21-23 – “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele
que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor,
Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos
demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca
vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade.”
Se homens fizeram milagres, e a Escritura não diz que foram milagres
falsos, o que impede que as duas figuras finais mais importantes façam reais
milagres para o engano das pessoas? Se hoje já é assim, quanto mais nos
dias finais!
Ap 13.14 – “Seduz os que habitam sobre a terra por causa dos sinais que lhe foi dado executar
diante da besta, dizendo aos que habitam sobre a terra que façam uma imagem à besta,
àquela que, ferida à espada, sobreviveu.”
Por causa dos sinais operados diante do povo e da Besta, o Falso Profeta
terá o controle dos homens para levá-los à obedecê-lo. O Falso Profeta
ordenará que os homens da terra façam uma imagem à Besta, e ele será
ouvido naquilo que ordenou.
A humanidade perdida não terá como não obedecer ao Falso Profeta, pela
força e prestígio dele em razão dos sinais que executa. O povo que habita
sobre a terra não mais será capaz de pensar e agir por si mesmo, mas
pensará e agirá de acordo com a mente do Falso Profeta, que é o líder
religioso do governo da Besta. Assim como hoje muitos já começam a
pensar pela mente de homens inteligentemente maus, praticando coisas más,
de maneira muito mais eficaz os seres humanos serão subservientes ao Falso
Profeta.
2.5. O FALSO PROFETA SEDUZIRÁ PORQUE OS SEUS SINAIS SERÃO ESPANTOSOS
Ap 13.15 – “E lhe foi dado comunicar fôlego à imagem da besta, para que não só a imagem
falasse, como ainda fizesse morrer quantos não adorassem a imagem da besta.”
Nesse verso, os dois personagens mais importantes dos dias finais, que
precedem a vinda de Cristo, sofrerão sua primeira grande derrota. O grande
revés do Falso Profeta e da primeira besta é que eles serão aprisionados.
1.1. A PRISÃO DO FALSO PROFETA SERÁ REPENTINA
Quando todas as forças inimigas tiverem contando vitória sobre os
cristãos, haverá uma ação divina inesperada. O aparecimento de Cristo
colocará um fim na liderança do mal. Portanto, não haverá um combate longo
entre as duas forças, do bem e do mal, porque são exércitos de natureza
diferente. Os exércitos inimigos de Cristo não poderão fazer frente aos
exércitos do bem.
Parece-me que, repentinamente, como em um piscar de olhos, os exércitos
do mundo ficarão sem os seus líderes mundiais – a Besta do Mar (que é a
primeira besta) e o Falso Profeta (“ψευδοπροφήτης” [pseudoprophētēs]),
que é a segunda besta. A primeira besta é a realeza do mal, e a segunda é a
porta-voz da primeira.
A Besta e o Falso Profeta estarão prontos para a batalha do grande dia e
estarão esperando que os reis que vêm do leste cheguem (Ap 16.12). Não
sabemos se eles realmente chegarão, mas de qualquer forma, os dois
personagens serão aprisionados repentinamente, sem que possam iniciar a
batalha. Eles terão esperança de exterminar os crentes da cidade querida,
mas não contarão com a intervenção do céu que virá contra eles de modo
rápido, sem lhes dar a oportunidade de fuga. A prisão deles será a primeira
manifestação do castigo divino.
1.2. A PRISÃO DO FALSO PROFETA POSSUIRÁ UMA NATUREZA FÍSICA
Esses dois grandes comandantes do mundo ímpio são tomados e levados à
prisão. A expressão grega para “foram aprisionadas” é “ἐπιάσθη”
[epiasthē], que pode ser traduzida como “ficar sob custódia”. Essas duas
pessoas não mais estariam comandando suas forças, nem poderiam instruí-
las.
Geralmente, a tendência dos evangélicos é espiritualizar todas as coisas,
especialmente as de Apocalipse. Eles não conseguem ver quase nada de
modo literal; ou seja, eles têm muita dificuldade de interpretar um texto
literalmente. Por quê? Porque o livro do Apocalipse é um livro simbólico.
Ora, é verdade que o livro seja altamente simbólico, mas não quer dizer que
todas as coisas devam ser interpretadas simbolicamente. Certamente, a
prisão deles não será algo sem fisicalidade. Por causa da humanidade deles,
serão colocados em uma prisão, como deve acontecer com todos os
malfeitores. Lembre-se, também, de que as duas bestas possuem fisicalidade,
sendo perfeitamente humanos e, portanto, podem ser colocadas por detrás
das grades, sem qualquer poder para comandar suas tropas do mal de dentro
das prisões.
Não vejo como a prisão deles deva ser algo simbólico, ou que a prisão
não seja em um lugar físico. É perfeitamente possível entender essa prisão
como sendo um lugar seguro, mantendo-os sob custódia até o momento da
condenação. Portanto, não devemos interpretar todas essas passagens
espiritualizando-as, como se a fisicalidade delas fosse uma irrealidade.
Não sabemos onde estará essa prisão, mas existe a probabilidade de que
sejam levados a Jerusalém, onde será o refúgio dos cristãos àquela altura.
1.3. A PRISÃO DO FALSO PROFETA ACONTECERÁ NA IMINÊNCIA DE UM COMBATE
O texto parece sugerir que um conflito está prestes a acontecer entre as
forças da Besta do Mar e a dos cristãos. Entretanto, as forças do mal serão
pegas de surpresa, porque os seus líderes serão sorrateiramente presos. É
possível que o aprisionamento das duas grandes figuras seja um só evento,
ou seja, que as duas sejam presas juntas.
A ideia de um combate iminente aparece no contexto mais amplo do texto
em estudo:
Ap 16.12-14 – “Derramou o sexto [anjo] a sua taça sobre o grande rio Eufrates, cujas águas
secaram, para que se preparasse o caminho dos reis que vêm do lado do nascimento do sol.
Então, vi sair da boca do dragão, da boca da besta e da boca do falso profeta três espíritos
imundos semelhantes a rãs; porque eles são espíritos de demônios, operadores de sinais, e se
dirigem aos reis do mundo inteiro com o fim de ajuntá-los para a peleja do grande Dia
do Deus Todo-Poderoso.”
Esse será o exército usado por Jesus para aprisionar os maiores inimigos
do cristianismo. Esses seres celestiais, montados em cavalos, farão o
serviço de aprisionamento e nenhuma das bestas terá poder sobre eles.
Não podemos nos esquecer de que as forças do exército de Cristo não
usam armas belicosas, como as armas do exército comandado pelas duas
bestas. Jesus Cristo e seus anjos não precisam de armas físicas, porque eles
possuem força suficiente para tornar os libertinos presos.
1.5. A PENA DE MORTE PARA OS FALSOS PROFETAS ERA PARA A EXISTÊNCIA
PRESENTE
A Escritura está repleta de ordens divinas, no Antigo Testamento, para
que se mate os falsos profetas por causa do engano que eles causavam no
meio do povo de Deus:
Dt 13.1-10 – “Quando profeta ou sonhador se levantar no meio de ti e te anunciar um sinal ou
prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio de que te houver falado, e disser: Vamos após outros
deuses, que não conheceste, e sirvamo-los, não ouvirás as palavras desse profeta ou sonhador;
porquanto o SENHOR, vosso Deus, vos prova, para saber se amais o SENHOR, vosso Deus,
de todo o vosso coração e de toda a vossa alma. Andareis após o SENHOR, vosso Deus, e a
ele temereis; guardareis os seus mandamentos, ouvireis a sua voz, a ele servireis e a ele vos
achegareis. Esse profeta ou sonhador será morto, pois pregou rebeldia contra o SENHOR,
vosso Deus, que vos tirou da terra do Egito e vos resgatou da casa da servidão, para vos apartar
do caminho que vos ordenou o SENHOR, vosso Deus, para andardes nele. Assim, eliminarás o
mal do meio de ti. Se teu irmão, filho de tua mãe, ou teu filho, ou tua filha, ou a mulher do teu
amor, ou teu amigo que amas como à tua alma te incitar em segredo, dizendo: Vamos e sirvamos
a outros deuses, que não conheceste, nem tu, nem teus pais, dentre os deuses dos povos que
estão em redor de ti, perto ou longe de ti, desde uma até à outra extremidade da terra, não
concordarás com ele, nem o ouvirás; não olharás com piedade, não o pouparás, nem o
esconderás, mas, certamente, o matarás. A tua mão será a primeira contra ele, para o
matar, e depois a mão de todo o povo. Apedrejá-lo-ás até que morra, pois te procurou
apartar do SENHOR, teu Deus, que te tirou da terra do Egito, da casa da servidão.
Dt. 18.20 – “Porém o profeta que presumir de falar alguma palavra em meu nome, que eu lhe
não mandei falar, ou o que falar em nome de outros deuses, esse profeta será morto.”
Ap 20.10a – “O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e enxofre, onde
já se encontram não só a besta como também o falso profeta.”
Ap 21.10a - “O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e enxofre.”
At 20.29-31a – “Eu [Paulo] sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos
vorazes, que não pouparão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando
coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles. Portanto, vigiai.”
Rm 16.17-18 – “Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos,
em desacordo com a doutrina que aprendestes; afastai-vos deles, porque os tais não servem a
Cristo, nosso Senhor, e sim a seu próprio ventre; e, com suaves palavras e lisonjas, enganam os
corações dos incautos.”
2Pe 2.1-2 – “Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá
entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até o
ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina
destruição. E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa deles, será infamado o
caminho da verdade.”
1Jo 4.1 – “Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes provai se os espíritos procedem
de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo a fora.”
Jr 14.14 – “Disse-me o Senhor: Os profetas profetizam mentiras em meu nome, nunca nos
enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei; visão Falsa, adivinhação, vaidade e o engano do seu
íntimo são o que eles vos profetizam.”
Jr 23.14,16 – “Mas nos profetas de Jerusalém vejo coisa horrenda; cometem adultérios, andam
com falsidade e fortalecem as mãos dos malfeitores, para que não se convertam cada um da
sua maldade; todos eles se tornaram para mim como Sodoma, e os moradores de Jerusalém,
como Gomorra. (...). Assim diz o Senhor dos Exércitos: Não deis ouvidos às palavras dos
profetas que entre vós profetizam e vos enchem de vãs esperanças; falam as visões do seu
coração, não o que vem da boca do Senhor.”
Ez 22.25 – “Conspiração dos profetas há no meio dela [Jerusalém]; como um leão que ruge, que
arrebata a presa, assim eles devoram as almas; tesouros e coisas preciosas tomam, multiplicam
as suas viúvas no meio dela.”
4. CONCLUSÃO
A penalidade de Deus sobre os falsos profetas é tão pesada que parece aos
nossos olhos, hoje, impossível de ser cumprida! Todavia, independentemente
do espírito do tempo presente, Deus se preocupa muito com a distorção da
sua verdade!
Você pensa que Deus tem menos repulsa hoje com relação ao pecado da
heresia no meio do seu povo? Você pensa que Deus é mais tolerante com o
erro teológico hoje do que foi no passado? Você pensa que Deus é menos
severo nas suas punições por desvios doutrinários?
A argumentação desta p arte do cap ítulo é devida ao inestimável esforço do acadêmico Josué Francisco dos Santos Filho, em
cump rimento de suas tarefas da discip lina “Teologia da Revelação” ministrada no CPAJ, a quem muito agradeço.
Algumas notas deste cap ítulo devo também à p esquisa feita p elo acadêmico Giovanni G.R. Zardini, em cump rimento de
exigências da discip lina “Teologia da Revelação” ministrada no CPAJ, no p rimeiro semestre de 2014.
Arthur W. Pink. Disp onível em: http ://www.p bministries.org/books/p ink/Sermon/sermon_50.htm. Acesso em: abr. 2014.
I. Howard M arshall, Teologia do Novo Testamento (São Paulo: Vida Nova, 2007) p . 90-92.
Donald A. Carson, O Comentário de Mateus (São Paulo: Shedd Publicações, 2011) p . 232.
Ver também Atos 20.29; 2 Coríntios 11.11-15; 2 Pedro 2.1-3,17-22; 1 João 2.18,22, 4.1-6.
Ver também Jeremias 6.13-15, 8.8-12; Ezequiel 13, 22.27; Sofonias 3.4.
William Hendriksen, Comentário do Novo Testamento - Mateus, Vol.1 (São Paulo: Cultura Cristã, 2001), p .460.
John Stott, A mensagem do Sermão do Monte - Contracultura Cristã (São Paulo: ABU, 1981) p .209.
Arthur W. Pink. Disp onível em: http ://www.p bministries.org/books/p ink/Sermon/sermon_50.htm. Acesso em: abr. 2014.
John Stott, A mensagem do Sermão do Monte - Contracultura Cristã. (São Paulo: ABU, 1981) p .207-208.
Arthur W. Pink. Disp onível em: http ://www.p bministries.org/books/p ink/Sermon/sermon_50.htm. Acesso em: abr. 2014.
Peter Jensen, A Revelação de Deus – Série Teologia Cristã (São Paulo: Cultura Cristã, 2007) p . 131
Arthur W. Pink. Disp onível em: http ://www.p bministries.org/books/p ink/Sermon/sermon_50.htm Acesso em: abr. 2014.
Bob Deffinbaugh, False Prophets. Disp onível em: http ://www.bible.org/p age.p hp ?p age_id=2397#P298_85767#P298_85767.
Acesso em: mai. 2008.
27 | REGRAS GERAIS
PARA SE LIVRAR DO FALSO
ENSINO
E
u vou tratar você, leitor, como se você tivesse a responsabilidade de
pregar e de ensinar na sua igreja. Há algumas sugestões para que
você fique livre da influência de falsos profetas, dos falsos mestres
e dos falsos pastores que campeiam por todos os redis da igreja cristã.
Observe estas sugestões para que você não seja uma vítima da artimanha do
ensino deles.162
Os falsos profetas atingem todas as camadas. Houve um tempo em que
eles atingiam somente as classes, tanto intelectual como financeiramente,
mais baixas. Eles estavam imiscuídos entre os mais desprivilegiados. No
entanto, hoje a situação é bem diferente. Os falsos profetas perceberam que a
questão da mudança de paradigma teológico não é uma questão de posição
social, simplicidade de mente, ou mesmo de fraca formação acadêmica. Veja
que há gente de todos os segmentos sociais e intelectuais sendo envolvida
pela falsa profecia.
Não pense, porque você é inteligente ou esperto, que você é imune a
erros. Ser atacável teologicamente é uma questão espiritual, não
simplesmente uma matéria de intelecto. Há muitas pessoas espertas e
inteligentes que têm fraquejado porque a questão é de cegueira espiritual,
não intelectual. Muitos homens inteligentes e bem formados têm caído nas
redes dos falsos profetas.
Não custa tomar algumas precauções para que você seja livre das
influências do profetismo moderno. Reflita sobre as sugestões elaboradas a
seguir:
Você não pode continuar na tradição de seus pais sem verificar se o que
eles creem é verdadeiro. Via de regra, seus antepassados fizeram o que os
antepassados deles fizeram. Eles nunca questionaram porque nunca foram
ensinados a ter um padrão de fé confiável.
Você não pode ter o padrão da tradição em matéria espiritual, mas deve
buscar o padrão estabelecido por Deus para a orientação do seu pensamento
e comportamento. Você tem de ter um parâmetro correto para fazer essa
verificação, que é a Escritura Sagrada – a Bíblia. Ela é o único documento
que pode mostrar o norte espiritual a ser seguido. Seja um estudioso do
ensino geral das Escrituras. Elas são confiáveis e podem livrá-lo do assédio
dos falsos profetas e falsos mestres.
A Escritura Sagrada é a verdade de Deus. Siga a verdade de Deus,
porque Jesus Cristo disse que a verdade haveria de libertar os seus
discípulos da ignorância e do erro dos falsos mestres (Jo 8:31-32).
2. NÃO SEJA IGNORANTE, MAS ENCHA-SE DE CONHECIMENTO DA VERDADE DE
DEUS
O índice de ignorância da Escritura é muito grande entre aqueles que se
chamam “crentes” na maioria das igrejas locais. Se a mensagem dos profetas
é falseada, esses crentes não têm condições de se opor a ela. Eles dizem
“amém” ao que seus pregadores dizem e ficam satisfeitos em ouvir seus
líderes religiosos. Eles engolem qualquer mensagem, porque os profetas são
vistos por eles próprios como “ungidos de Deus” e não têm ousadia de lhes
fazer frente. Eles não possuem um espírito crítico e nem sabem avaliar
minimamente as pregações, como fazia a igreja de Beréia. Tristemente
constatamos que eles não examinam se o conteúdo da mensagem passa pelo
crivo da Escritura Sagrada. Simplesmente aplaudem a mensagem, o que
significa que podem ter sido enganados pelos falsos profetas.
Os filhos de Deus precisam se munir do conhecimento geral e de
conhecimentos específicos de algumas verdades de Deus encontradas na
Escritura. Mergulhe a sua mente no exame das Escrituras. Procure ler
bastante; mas escolha bons livros escritos por cristãos confiáveis, porque há
muitos livros sem conteúdo saudável no mercado! Evite-os, a fim de que a
sua saúde espiritual não seja prejudicada.
Se você não adquirir conhecimento, mais cedo ou mais tarde, será
abordado por falsos profetas e você não saberá dar razão da esperança que
há em você. Você não saberá responder aos questionamentos dos falsos
profetas que estão em evidência em nossa geração.
Você nunca será capaz de identificar um falso profeta se não tiver um bom
conhecimento da verdade de Deus. Você precisa aprender a identificar um
falso profeta e, então, você poderá dizer que possui conhecimento. O
reconhecimento de um falso profeta aponta para o fato de que você cresceu
no conhecimento de Deus através do estudo sério das Escrituras!
6. APLICAÇÕES166
Não se esqueça de que Jesus Cristo nos ensinou a sermos atentos e vigilantes
em tudo. Além disso, ele ordenou a seus discípulos que fossem “símplices
como as pombas e prudentes como as serpentes” (Mt 10.16). Você não pode
abrir mão das ovelhas que Deus colocou sob sua guarda! Você vai responder
por elas diante de Deus! Em algum sentido, o destino eterno delas está em
sua responsabilidade, porque no que elas creem determinará para onde elas
irão!
6.1. PARA EVITAR O ENGANO ESPIRITUAL, RECONHEÇA QUE A FALSA PROFECIA E
O FALSO ENSINO SÃO UM SÉRIO PERIGO
Enquanto a igreja pensar que sua missão principal é a obra missionária
(ainda que ela seja sempre e absolutamente necessária), os falsos mestres e
profetas andarão “soltinhos” no meio do povo de Deus. Enquanto se pensa
que é mais importante “encher” a igreja, cada vez mais, com novos
convertidos, estes são facilmente suscetíveis ao engano dos falsos profetas
por não possuírem a capacidade de discernir. Observe que o engano
espiritual é sempre mais sutil do que um ataque aberto e frontal. Portanto,
participe do combate ao engano sutil no meio da sua igreja.
Há muitos na igreja, hoje, que são uma espécie de obstetras espirituais,
pela graça de Deus trazendo pessoas à vida; mas, a igreja não tem tido
muitos pediatras, que conduzam os recém-nascidos espirituais ao
fortalecimento.
É preciso recordar que a função primordial da igreja é fazer homens e
mulheres crescidos e amadurecidos, para que possuam a “varonilidade”
(maturidade e estatura) de Cristo, sendo parecidos com ele. Se tivermos
mais gente parecida com Cristo, mais a igreja será evangelizadora.
Portanto, lembre-se de que você tem de ajudar a limpar a igreja do falso
ensino e da falsa profecia. Esse assunto é de suprema importância. Enquanto
você não entender isto, a igreja será sempre vulnerável ao engano.
6.2. PARA EVITAR O ENGANO ESPIRITUAL, RECONHEÇA A SAGACIDADE DE
SATANÁS
Mantenha os olhos abertos para poder enxergar onde está o grande
inimigo de nossas almas. Quando menos você esperar, ele vai atacá-lo. Se
você não tiver olhos bem abertos, será presa dele. Ele é extremamente sagaz,
desde os tempos em que penetrou no Jardim do Éden. Ele sempre toma
formas, de modo que as pessoas tentadas jamais imaginam que estão sendo
confrontadas por ele.
Veja a percepção espiritual que Paulo possuía sobre o fato dos falsos
profetas, falsos mestres e falsos apóstolos estarem sob o engano poderoso
do Maligno:
2Co 11.13-15 – “Porque os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, transformando-se
em apóstolos de Cristo. E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de
luz. Não é muito, pois, que os seus próprios ministros se transformem em ministros de justiça; e
o fim deles será conforme as suas obras.”
Sl 119.128 – “Por isso, tenho por, em tudo, retos os teus preceitos todos e aborreço todo
caminho de falsidade.”
Você realmente possui ódio pelos falsos ensinos que acontecem na igreja
evangélica hoje? A verdade é importante para você? O salmista diz que o
caminho da falsidade (das coisas falsas) exige de você ódio, algo que causa
repulsa e desprezo da sua parte.
É lamentável que o ensino falso não tenha provocado fortes sentimentos
de repulsa em vários ministros da igreja. A teologia não é importante para
eles, conquanto haja o crescimento da igreja. Eles são capazes de sacrificar
o ensino sadio em nome do progresso do número de membros da igreja. A
estatística vale mais que o conteúdo do que se ensina ou prega.
Eu oro a Deus para que vocês, ministros do Evangelho, venham a ter
repulsa pelo ensino falsificado do evangelho, para que vocês não admitam,
em nenhum grau, um outro evangelho. O evangelicalismo brasileiro, nesta
geração, tem sido muito condescendente com o erro, e não existe qualquer
sentimento de repulsa a ele que fique evidenciado na firme disciplina
eclesiástica. Observe que praticamente nenhum ministro é punido por causa
de doutrina errônea. Precisa haver comportamento moral para receberem
disciplina. Entretanto, não há quase nada que seja feito contra os
desprezadores do princípio da Tota Scriptura. Eles ensinam princípios
isolados da Escritura, mas não o ensino da totalidade das Escrituras. E
ninguém faz nada contra eles!
7.2. VOCÊ CONSEGUE ODIAR OS ENSINOS FALSOS SEM NECESSARIAMENTE ODIAR
OS FALSIFICADORES DA VERDADE?
Como expressar o seu ódio pelo sistema de falso ensino, sem dar a
impressão que odiamos pessoalmente os falsos mestres? Não se esqueça de
que os falsificadores da verdade possuem convicção de que estão certos! Na
verdade, eles pensam assim porque eles próprios são enganados pelos
demônios.
2Tm 2.24-26 – “Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser
brando para com todos, apto para instruir, paciente, disciplinando com mansidão os que se
opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem
plenamente a verdade, mas também o retorno à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo,
tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua vontade.”