Angus Tia
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Angus Tia
Ele vai avançar, com esse seminário 10, aquilo que ele já vinha trabalhando na
identificação, a saber, a visão da identificação do traço unário, constituição do sujeito
barrado representado por um significante pra outro significante.
O que existe mais além desse inconsciente simbólico? ele vai nos dizer: o
inconsciente real. Equivaleria pensar, já desde Freud, que esse inconsciente real é o
recalcado primário, o umbigo do sonho, como se fosse descascando a cebola e se aproximando
do núcleo, do miolo e é desse miolo que efetivamente se produz um sonho, mas esse miolo
não é dito, não é simbolizado.
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Na atualidade, como diz o Forbes, "a clínica do sec. 21” se modificou
completamente, exatamente pelo último ensino de Lacan, por todo o discurso do capital e
por uma série de questões, as manifestações clínicas da angústia tem levado uma série de
pessoas aos consultórios. Se Freud fala do Mal Estar, o mal estar na atualidade se agravou
de forma importante, mas se apresenta de forma diferente da época que Freud escreve o Mal
estar. Eu diria que hoje, a angústia se apresenta na clínica travestida de um monte de
significantes e significados:
A angústia não é um conceito, Lacan não faz um conceito, Lacan diz que Freud
também não faz, diz Miler que exatamente porque ele trabalhou um ano sem estabelecer um
conceito da angústia, depois ele vai falar sobre os quatro conceitos fundamentais?.
O que não quer dizer que essa angústia com a qual eu me constituo um sujeito
dividido, um sujeito da representação, um sujeito de desejo, ela se apresente do ponto de
vista clínico, mas eu tenho que localizar a angústia na estrutura.
A angústia é inerente a qualquer ser falante, a angustia tem que ser localizada
na estrutura. que se aproxima da fantasia fundamental. Logo, há pontos de aproximação e
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diferenças na estrutura da angustia e da fantasia. Fantasia fundamental é constitutiva da
subjetividade, é o segundo tempo básico? da criança que deve ser construída numa analise.
A angustia constitutiva da subjetividade, com ela vamos ter que nos haver na
experiência psicanalítica. A partir do momento que o analisando chega e começa numa
demanda de análise, numa associação livre, a movimentar, produzir novas redes, novas
cadeias de significantes com produção de novos sentidos, novas significações e a partir do
momento que vai havendo uma perda das identificações, ele cai na falta ?ser, e ao cair na
falta ?c, ele e se angustia.
No final de analise nós trabalhamos com essa angústia, que nos permite ter
acesso ao real, é a via do acesso ao real.
A travessia da fantasia não se faz sem angústia. A perda das identificações não
se dá sem a angústia. A constatação da falta C? não se dá sem angústia.
E Lacan vai mais longe e nos diz: Há angustia do paciente, mas há angústia
também do analista. Há que se perguntar se a angústia do analista é a mesma do paciente.
Ele se pergunta isso. De toda forma, ter que dosar essa angústia do nosso paciente, no
processo de psicanálise, essa é uma direção de tratamento.
Na medida que ele vai ter acesso ao real, nós encontramos a angústia.
Mas a angustia é também uma manifestação clínica. São dois níveis diferentes.
Uma angústia ligada à estrutura e angústia enquanto um sintoma. Não que a angustia seja
sintoma, sabemos que não. Ela é muito mais um acontecimento do corpo: Só tem angústia quem
tem corpo. Está por fora do significante, do simbólico.
Ela se apresenta na clinica de duas formas diferentes. Nessa altura, estamos
falando de quatro de angustia diferentes:
Ele fala da angustia de castração como sinal que coloca em jogo o processo de
recalque (inibição, sintoma e angustia) e da neurose de angustia, cujas manifestações são
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corporais: taquicardia, sudorese, bolo no esôfago, não consegue comer, respirar bem,
sensação de sufocamento.
No seminário 24. Lacan diz que só quem tem um corpo se angustia. e trás as
manifestações de angustia enquanto acontecimento de corpo, ele vai fazer essa distinção do
sintoma enquanto uma formação do inconsciente simbólico (que tem um sentido, que é uma
metáfora), e a angustia enquanto um acontecimento do corpo ?parletere.
Outra coisa importante é que tanto Freud quanto Lacan vão falar que a angústia
é um afeto. Lacan não define afeto. Mais ou menos, ele fala que esse afeto, pagina 10,
tem uma estreita relação de estrutura com o que é o sujeito. (ele está falando da
angustia constitutiva da subjetividade). Ele fala que esse afeto é da ordem de uma
perturbação, não é um sentimento.
Como a pulsão chega até esse corpo vivente, a esse organismo? Na linguagem, nos
ditos maternos. Não há dito sem dizer. É o dizer que está implícito no dito da mãe que
marca o corpo e a partir daí Lacan vai dizer: tudo começa a se dar mal, porque há um mal
encontro entre o dizer e o organismo.
Pergunta: Quando um ser que ainda não é sujeito, encontra com outro, ele vem
cuidar com a estrutura que tem. Essa estrutura que a pessoa tem, também é constitutiva do
outro, passa p outro?
Resposta: não, porque aí se está reificando? um conceito, função da mãe, quando
a estrutura são elementos que se organizam de uma determinada forma. Quais são esses
elementos que estabelecem uma certa ordenação? É o significante do desejo da mãe, o
significante nome do paia, e o falo simbólico. É a maneira como se organiza esses três
elementos. È claro que num primeiro momento, você dá consistência a esse outro na função
materna, porém o que vai interessar é a maneira com que o significante em nome do pai
metaforiza ou não o significante desejo da mãe, o desejo da mãe valor fálico ou não. A
criança de uma forma, fazendo uma escolha, uma escolha inconsciente, mas é uma insondável
decisão desse ser, rejeitar ou afirmar esse significante nome do pai que advem pelo
discurso da mãe.
Pergunta: Mãe neurótica obsessiva vai cuidar da criança...
Resposta O desejo da mãe é desconhecido, nem a mãe sabe qual o desejo que ela
tem em relação ao filho, Não é porque eu amo meu filho que eu vou dar uma situação... Uma
mãe só nasce quando nasce o filho. Isso no seminário da angustia é muito claro: A angustia
está relacionada com o desejo do outro. Essa é uma tese que Lacan vai trabalhar no
seminário 10. Existem mil problemas, porque o desejo é absolutamente desconhecido. O
desejo é falta. Uma coisa é demanda outra coisa é o desejo. Eu tenho clareza do que eu
demando; sucesso, casamento feliz. Meu filho é capaz de entender muito bem o que está
sendo demandado. Cabe a ele a decisão de responder ou não. Pode ser exatamente o
contrário. Por mais que ele diga, eu não serei o que eles demandam, por outro lado ele
nunca vai saber o que os pais desejam. Da mesma forma, o filho não vai poder saber se ele
está sustentando esse desejo ou não, porque ele é desconhecido tanto para um quando para o
grande outro, porque o grande outro é inconsistente, é uma suposição.
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Se isso fosse assim, Freud não teria razão ao falar que não se pode fazer
profilaxia. Não é porque eu sou analista, que eu sei tudo, sou analisada, com desejo, que
eu posso fazer profilaxia. Ele pode virar um adolescente e me matar.
Casos clínicos, como no caso de São Paulo, a mãe era uma bela analista. não
garante nada.
O homem dos ratos mostra isso: A mãe está conversando com a vizinha e falando
sobre um menino que morava na rua, ela diz: esse menino não vai dar em nada. O homem dos
ratos, criança, passa, escuta e toma isso pra ele. (A mãe tem que ficar muda, mas se ficar
muda, corre um risco.)
Pergunta: O que perturba o sujeito, na primeira lição, Lacan diz que não é uma
perturbação, porque em uma perturbação, há alguma coisa que te perturba. Ele diferencia a
perturbação que ele chama de efusão como emoção, que é diferente do afeto que não é uma
emoção, justamente porque ele não esta ligado a nada, está solto, não é recalcado. A
angustia seria justamente aquilo que vc não sabe dizer o que é que te perturba? Não tem
uma resposta?
E mais grave: Esse encontro da palavra com o vivente é um mal encontro porque
efetivamente se escreve da inexistência da relação sexual, O homem e uma mulher tem uma
relação sexual que dá origem a uma criança. No inconsciente não há a diferença sexual
anatômica. Há mãe e há pai. Mãe e pai não tem relação sexual. Por isso a criança tem que
construir uma teoria da sexualidade infantis, pra dar conta dessa impossibilidade da
escrita da existência relação sexual. Ela faz a relação sexual existir pelas suas teorias
infantis como nós fazemos a relação sexual existir a partir de nossas pulsões edípicas.
Quando eu digo que não há relação sexual, eu estou querendo dizer que homem e mulher não
são inscritos no inconsciente, a sexualidade não está inscrita no inconsciente assim como
a morte.
Começa aqui, Lacan a ter que pensar a constituição dos objetos, o que ele já
havia trabalhado no seminário 4, nas relações do objeto. Mas ali ele trabalha o objeto
revestido imaginariamente. Com o objeto do desejo.
Agora, ele vai trabalhar com o objeto A. que não tem imagem e não tem palavra.
Esse objeto A que não tem imagem, que não tem palavra é o objeto que causa o desejo. Ao
teorizar esse objeto A, que não tem imagem, não tem palavra e que é real, que causa o
desejo, ele se pergunta, Qual é o objeto que causa a angustia? Olha a virada que ele
faz: do objeto de desejo para o objeto causa do desejo. Ele pega o objeto e coloca antes
do sujeito barrado A seta que causa o S. Como eu posso ler isso? O objeto que causa o meu
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desejo é o desejo que me impulsiona enquanto um objeto a encontrar o objeto do desejo
revestido imaginariamente. A, seta, S barrado, I izinho e azinho.
Ao barrar esse grande outro, ele pode falar do desejo desse outro: se o outro
falta o outro deseja, o outro é castrado. Como o sujeito então agora se constitui enquanto
sujeito? ele vai se constituir a partir da separação.
O que faz com que, no sem 11, ele diga: as duas operações lógicas da
constituição do sujeito são alienação e separação. É necessário se separar. Como se
separa? A separação, que vai ficar efetivamente na entrada na linguagem nesse sujeito, ele
vai ter que encontrar um lugar nesse campo do grande outro um significante que o
represente. Por isso o grande outro vai estar agora barrado. Haverá um significante que
não faz parte do campo do grande outro.
Com isso ele vai pensar o que é demanda e o que é desejo. Vai pensar na
fantasia e na angustia. nas diferenças e aquilo que se aproxima `a angustia da fantasia e
aquilo que marca uma diferença.
Logo, o remédio para a angustia é o desejo. (Aqui está Gozo, aqui está o
desejo, aqui está angustia) A angústia faz essa báscula. Se eu desejo, não há angustia. A
angustia é aquele estranhamento de eu me deparar com aquilo que não podia aparecer.
Quando esses objetos pulsionais são perdidos, esses objetos causam desejo.
Quando esses objetos se presentificam e eu me identifico com esse objeto: (então o que
queres?) Você me quer, enquanto um objeto.
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Se você me quer enquanto objeto, ou enquanto olhar, voz, está aí a angústia.
Esse objeto A causa angustia, causa desejo, que vai depender se há revestimento imaginário
ou se não há revestimento imaginário.
O seminário é dividido em 5 sessões. Numa primeira sessão, ele vai falar sobre
a estrutura da angustia, no segundo vai fazer uma revisão do status do objeto, ou seja,
vai fazer toda uma revisão do objeto de desejo e vai construir teoricamente o objeto causa
de desejo, o objeto causa de angustia e mais tarde, o objeto mais gozar.
Anotar qual a diferença desse objeto A enquanto
Objeto de desejo
Objeto causa de desejo
Objeto causa de angustia
Objeto mais de gozo
Quatro leituras diferentes para o objeto A, até aqui no sem 10, ele vinha
falando do objeto de desejo. Agora ele trás o objeto A como causa de desejo e causa de
angustia.
Depois na terceira sessão ele fala da angustia entre gozo e desejo. Vai falar
das 5 formas do objeto do pequeno A.
Primeira A angustia é um afeto que não engana porque é angustia do real, não
passa pelo simbólico. È no simbólico que nos fazemos nós grandes ficcionais edípicas, que
são verdades mentirosas. Na analise a gente conclui que não é nada disso que se trata mas
eu precisei supor da existência do grande outro, crer o desejo que eu fui amada, vivi
isso ou aquilo na infância, construí uma ficção, construção que é simbólica, imaginária
para me deparar que o sujeito não é nada disso. E se a angustia é um afeto não engana é
porque ela fora do simbólico. Eu devo localizar a angustia entre o real e imaginário, fora
do simbólico.
Segunda A angustia é signo do real, que tem muito a ver com a ideia que é um
afeto que não engana, fora do simbólico, está exatamente nesse furo entre real e
imaginário.
Terceira A angustia não é sem objeto. O que vai fazer Lacan é revisar toda a
sua teoria sobre a constituição dos objetos e no sem 10 ele faz uma critica importante à
relação especular e vai propor esquema ótico, por uma razão específica: o objeto A não é
especularizável, não tem imagem. O objeto A é aquilo que permanece sem imagem e sem
palavra. É uma mancha no espelho. A relação especular pensada a partir do imaginário não
dá conta de entender o que é o objeto A real.
Resposta Pode, por isso termos que pensar novamente a relação especular. Até
então, ele pensava na relação especular na constituição do eu narcísico onde o eu se
constituía a partir de uma identificação com essa imagem. Obviamente ele já havia dito que
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não basta imagem, é necessário a palavra desse outro que está com a criança no espelho e
diz: é você, meu filho. É uma palavra ligada a uma imagem. Requer uma nomeação dado pelo
simbólico a essa imagem na qual eu me identifico.
Lacan diz que discurso livre - termo que vem substituindo a associação livre -
(ultimo ensino de Lacan) é completamente é uma charlatan?, é uma bobagem,falácia, um faz
de conta. O que não quer dizer que não vai ouvir, cortar a fala do paciente. O Mario
Eduardo diz que o discurso oficial onde eu me reconheço, eu sou isso, eu sou aquilo, é
papo furado, mas eu preciso ouvir, porque é exatamente onde o discurso oficial falha que o
inconsciente advém. É uma bobagem que precisamos acolher muito bem porque a partir dessas
palavras que a gente extrai os significantes.
O seminário deve ser lido com inibição sintoma e angustia e analise finita e
infinita. Esses dois textos de Freud falam dessa desconstrução desse simbólico, desse
imaginário, com a possibilidade de se deparar com o real e enodar o real agora no
simbólico e no imaginário pela travessia da fantasia que vai ter uma angustia, os
analistas terão que administrar esse quantum de angustia para que efetivamente uma letra
se constituía num sintoma e que você possa fazer um novo giro e ir pra praia em Copacabana
e viver feliz.
Pergunta: Angustia junto com a fantasia seria condução clinica, solução seria
desejar, essa seria a condução clinica para a estrutural ou para as duas formas de
angustia?
Resposta: perguntar-se se essa angustia estrutural tem manifestações clinicas
ou não.
A castração tem que ser lida a partir desses dois elementos: sujeito barrado,
sujeito castrado. O sujeito que está na linguagem, sujeito de desejo, sujeito
representado.
A perda do objeto não tem relação com a perda do objeto a partir do paradigma
do luto, que é o objeto amado, mas os objetos que é necessário perder para a constituição
subjetiva.
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Três identificações Freud Capitulo7 Psicologia das massas e análise do Eu.