Pesquisa Muito Foda-5-6

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H O RTAL I Ç AS - FR U TO

elemento por kg de matéria seca das plantas), e micronutrientes, requeridos na magnitude de mg


kg-1. Os macronutrientes são os elementos N, P, K, Ca, Mg e S e os micronutrientes são B, Cl, Cu,
Fe, Mn, Mo, Ni e Zn. Os macronutrientes primários (N, P e K) são assim chamados porque as
plantas tendem a usar em maior quantidade e por se tornarem deficientes mais rapidamente nos
solos. Já os macronutrientes secundários (Ca, Mg e S) são necessários em quantidades menores
do que os primários e tornam-se deficientes no solo mais lentamente. Ambos, porém, ambos são
essenciais e eventualmente essas regras podem ser quebradas. Quando se discutem a qualidade e
as características organolépticas de frutos, os macronutrientes secundários assumem importância
semelhante à dos primários.
Outros elementos podem compor a planta, entretanto sem essencialidade definida, devendos
ser destacado os nutrientes denominados benéficos, como cobalto (Co), sódio (Na), silício (Si) e
vanádio (V).

2.2 Coloides e íons do solo

A fração quimicamente ativa do solo se encontra na fração argila do solo (Ø < 2µm), pode
apresentar partículas de tamanho diminuto (Ø < 1µm) conhecidas como coloides. São conhecidos
dois tipos de coloides nos solos, os coloides inorgânicos, formados pelos argilominerais (caulinita,
vermiculita, motmorilonita etc.), pelos óxidos de ferro (hematita, goethita, maghemita etc.) e pelos
óxidos de alumínio (gibbsita), e os coloides orgânicos, formados a partir da matéria orgânica do
solo (MOS) e constituintes do húmus do solo. Os coloides inorgânicos são formados no processo
de intemperismo das rochas durante a formação do solo, sendo produtos desse intemperismo.
Já os coloides orgânicos são resultado dos processos de decomposição e de mineralização de
materiais orgânicos no solo que irão formar um residual orgânico de composição química
variável e mais resistente à mineralização, conhecido como húmus, constituído de substâncias
húmicas propriamente ditas (dimensões coloidais, com cargas) e substâncias não-húmicas.
Esses coloides podem apresentar excedente de cargas negativas ou positivas que deverão
ser contrabalanceadas pelos íons que se encontram dissolvidos na solução do solo. O excesso de
carga líquida negativa dos coloides proporciona a aproximação de íons carregados positivamente
(Ca2+, Mg2+, K+, Na+, NH4+ etc.) por mecanismo de atração eletrostática denominado de ligações
eletrostáticas ou iônicas (ligações de baixa energia). Essa habilidadeé conhecida como capacidade
de troca catiônica (CTC), que é um dos atributos químicos mais importante do solo. Quando esses
coloides apresentam excedente de cargas líquidas positivas, íons de carga negativa (SO42-, MoO42-,
NO3-, Cl-) irão se aproximar desses coloides pelos mesmos mecanismos de atração eletrostática e
os coloides apresentarão capacidade de troca aniônica (CTA). Na maioria dos solos, predomina
um balanço de cargas elétricas negativas, explicando a maior ênfase dada à CTC nos estudos de
fertilidade do solo.

2.3 Origens das cargas do solo

A presença de cargas na superfície dos coloides inorgânicos tem origem da substituição


isomórfica (cargas permanentes ou independentes de pH) e/ou pela protonação e desprotonação na
superfície dos coloides inorgânicos e orgânicos (cargas variáveis ou dependentes de pH).
Durante a formação dos minerais da fração argila, dependendo da atividade dos íons presentes
no meio, pode ocorrer a substituição de íons de raio iônico semelhante, mantendo-se a estrutura
original (tetraedros ou octaedros), caracterizando a substituição isomórfica. Porém essa substituição
pode ocorrer por íons de carga menor (p.e. Si4+ por Al3+ folhas tetraedrais ou Al3+ por Mg2+ e/ou
Fe2+ folhas octaedrais), gerando, frequentemente, excedente de cargas negativas na estrutura do
mineral, como vermiculita e montmorilonita. Já o aumento do pH da solução ao redor do coloide

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4 PRINCÍPIOS DE FERTILIDADE DO SOLO, ADUBAÇÃO E NUTRIÇÃO MINERAL

pode levar à perda de prótons pelos grupos silanol (-Si-OH), aluminol (-Al-OH) e ferrol (-Fe-OH)
nos coloides inorgânicos e carboxílico (R-COOH), fenólico (-OH) e álcool (R-OH) da superfície
dos coloides e, por sua vez, gerar CTC (Reação 2). A diminuição do pH da solução do solo pode levar
ao ganho de prótons pela superfície dos coloides, levando ao aparecimento da CTA (Reação 3).
Surgimento de cargas negativas (CTC) pela elevação do pH

−𝑆𝑆𝑆𝑆 − 𝑂𝑂𝑂𝑂]0(𝑠𝑠) + 𝑂𝑂𝑂𝑂(𝑙𝑙)



= −𝑆𝑆𝑆𝑆 − 𝑂𝑂]−
(𝑠𝑠) + 𝐻𝐻2 𝑂𝑂(𝑙𝑙) Reação 2

Surgimento de cargas positivas (CTA) pela diminuição do pH

−𝑆𝑆𝑆𝑆 − 𝑂𝑂𝑂𝑂]0(𝑠𝑠) + 𝐻𝐻(𝑙𝑙)


+
= −𝑆𝑆𝑆𝑆 − 𝑂𝑂𝐻𝐻2 ]+
(𝑠𝑠) Reação 3

Os solos tropicais apresentam, em sua grande maioria, superioridade de coloides com cargas
dependentes de pH, ou seja, a elevação do pH do solo é importante para a expressão da CTC. Outro
fator importante que contribui para a CTC nos solos tropicais é a presença de MOS.

2.4 Adsorção de cátions e ânions

O processo de adsorção é importante para manutenção da fertilidade do solo, pois os íons


adsorvidos podem ser deslocados para a solução do solo e ser absorvidos pelas plantas. Dessa
forma, a adsorção de íons servirá como um grande armazém de elementos que poderão atender o
suprimento das plantas, influenciando diretamente na capacidade produtiva de cada solo.
Os íons do solo (cátions e ânions) apresentam-se hidratados, sendo a molécula de água a ponte
de ligações entre a superfície do coloide e o íon adsorvido. Esse tipo de adsorção é chamado de
complexo de esfera externa (CEE), pois entre o íon adsorvido e a superfície do coloide existe, pelo
menos, uma molécula de água. Esse tipo de ligação é fraca (ligação eletrostática), porque o íon por
si só não consegue ligar-se especificamente em uma posição na superfície do colóide, o que faz que
o mesmo seja facilmente trocável por outro íon de carga semelhante que esteja próximo à superfície
do coloide. Na Figura 2, pode-se observar que um mesmo mineral (gibbsita ou superfície de uma
caulinita) pode apresentar sítios com CTC e com CTA. Os íons Ca2+ e Mg2+ possuem um conjunto
de moléculas de água que se orientam com o lado mais negativo para a superfície do cátion e o
oposto ocorre com o íon Cl-. O Ca2+ encontra-se adsorvido à superfície do mineral, apresentando-se
trocável (formando um CEE); já os íons Mg2+ e Cl- encontram-se próximo ao mineral sem ter uma
relação química forte com a superfície deste (íons difusos).

2.5Adsorção específica de ânions

Quando há uma ou mais ligações diretas entre o íon adsorvido e a superfície do coloide, ou
seja, sem existir molécula de água entre o íon e a superfície do coloide, esse tipo de adsorção é
chamado de complexo de esfera interna (CEI). Nessa de adsorção, outros íons não podem substituir
com facilidade o íon adsorvido, devido às ligações relativamente fortes formadas, que dependem
da natureza do íon e do tipo do sítio (específico) do coloide. Exemplo desta ligação é a formação
de CEI mono ou bidentada (binucleada) entre o ânion fosfato (H2PO4-) e a superfície de óxidos de
ferro e alumínio (Figura 2). Os íons fosfato (H2PO4-) encontram-se parte na solução do solo (íon
difuso) e parte fixado (formando um CEI). Nota-se que entre o íon fosfato e a superfície do mineral
não há nenhuma molécula de água, ou seja, as ligações formadas nessa condição são mais fortes,
fazendo que o mesmo se torne não trocável e, na maioria das vezes, não disponível (não lábil). Esse

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