Pesquisa Muito Foda-5-6
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A fração quimicamente ativa do solo se encontra na fração argila do solo (Ø < 2µm), pode
apresentar partículas de tamanho diminuto (Ø < 1µm) conhecidas como coloides. São conhecidos
dois tipos de coloides nos solos, os coloides inorgânicos, formados pelos argilominerais (caulinita,
vermiculita, motmorilonita etc.), pelos óxidos de ferro (hematita, goethita, maghemita etc.) e pelos
óxidos de alumínio (gibbsita), e os coloides orgânicos, formados a partir da matéria orgânica do
solo (MOS) e constituintes do húmus do solo. Os coloides inorgânicos são formados no processo
de intemperismo das rochas durante a formação do solo, sendo produtos desse intemperismo.
Já os coloides orgânicos são resultado dos processos de decomposição e de mineralização de
materiais orgânicos no solo que irão formar um residual orgânico de composição química
variável e mais resistente à mineralização, conhecido como húmus, constituído de substâncias
húmicas propriamente ditas (dimensões coloidais, com cargas) e substâncias não-húmicas.
Esses coloides podem apresentar excedente de cargas negativas ou positivas que deverão
ser contrabalanceadas pelos íons que se encontram dissolvidos na solução do solo. O excesso de
carga líquida negativa dos coloides proporciona a aproximação de íons carregados positivamente
(Ca2+, Mg2+, K+, Na+, NH4+ etc.) por mecanismo de atração eletrostática denominado de ligações
eletrostáticas ou iônicas (ligações de baixa energia). Essa habilidadeé conhecida como capacidade
de troca catiônica (CTC), que é um dos atributos químicos mais importante do solo. Quando esses
coloides apresentam excedente de cargas líquidas positivas, íons de carga negativa (SO42-, MoO42-,
NO3-, Cl-) irão se aproximar desses coloides pelos mesmos mecanismos de atração eletrostática e
os coloides apresentarão capacidade de troca aniônica (CTA). Na maioria dos solos, predomina
um balanço de cargas elétricas negativas, explicando a maior ênfase dada à CTC nos estudos de
fertilidade do solo.
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pode levar à perda de prótons pelos grupos silanol (-Si-OH), aluminol (-Al-OH) e ferrol (-Fe-OH)
nos coloides inorgânicos e carboxílico (R-COOH), fenólico (-OH) e álcool (R-OH) da superfície
dos coloides e, por sua vez, gerar CTC (Reação 2). A diminuição do pH da solução do solo pode levar
ao ganho de prótons pela superfície dos coloides, levando ao aparecimento da CTA (Reação 3).
Surgimento de cargas negativas (CTC) pela elevação do pH
Os solos tropicais apresentam, em sua grande maioria, superioridade de coloides com cargas
dependentes de pH, ou seja, a elevação do pH do solo é importante para a expressão da CTC. Outro
fator importante que contribui para a CTC nos solos tropicais é a presença de MOS.
Quando há uma ou mais ligações diretas entre o íon adsorvido e a superfície do coloide, ou
seja, sem existir molécula de água entre o íon e a superfície do coloide, esse tipo de adsorção é
chamado de complexo de esfera interna (CEI). Nessa de adsorção, outros íons não podem substituir
com facilidade o íon adsorvido, devido às ligações relativamente fortes formadas, que dependem
da natureza do íon e do tipo do sítio (específico) do coloide. Exemplo desta ligação é a formação
de CEI mono ou bidentada (binucleada) entre o ânion fosfato (H2PO4-) e a superfície de óxidos de
ferro e alumínio (Figura 2). Os íons fosfato (H2PO4-) encontram-se parte na solução do solo (íon
difuso) e parte fixado (formando um CEI). Nota-se que entre o íon fosfato e a superfície do mineral
não há nenhuma molécula de água, ou seja, as ligações formadas nessa condição são mais fortes,
fazendo que o mesmo se torne não trocável e, na maioria das vezes, não disponível (não lábil). Esse
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