Diogo Antônio Da Silva Soares - Análise de Sensibilidade Técnico-Econômica A Variações Climáticas Na Locação de Estruturas em Linhas de Transmissão
Diogo Antônio Da Silva Soares - Análise de Sensibilidade Técnico-Econômica A Variações Climáticas Na Locação de Estruturas em Linhas de Transmissão
Diogo Antônio Da Silva Soares - Análise de Sensibilidade Técnico-Econômica A Variações Climáticas Na Locação de Estruturas em Linhas de Transmissão
Recife, Julho/2014
Universidade Federal de Pernambuco-UFPE
Centro de Tecnologia e Geociências-CTG
Departamento de Engenharia Elétrica-DEE
Curso de Engenharia Elétrica
Recife, Julho/2014
Catalogação na fonte
Inclui Referências.
AGRADECIMENTOS
À Deus por me mostrar o caminho e aliviar o meu sofrimento e de meus familiares nas horas
mais difíceis.
Ao Professor Ronaldo pela ajuda tanto emocional quanto a respeito do curso e por ser um
grande amigo.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................................11
1.1 Objetivo ...................................................................................................................................11
1.2 Estrutura do trabalho .............................................................................................................12
1.3 Método de trabalho ................................................................................................................12
2. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO PLSCADD ..............................................................................13
2.1 Visão Geral..............................................................................................................................13
2.2 Entrada dos Dados Topográficos .........................................................................................14
2.3 Hipóteses de Cálculo .............................................................................................................16
2.3.1 Casos Meteorológicos (Weather Cases) ........................................................................16
2.3.2 Trecho de Fluência (Creep-Stretch) ................................................................................17
2.3.3 Modelo Bimetálico do Condutor (Bimetallic Conductor Model) ...................................18
2.3.4 Tensão nos Cabos (Cable tension) .................................................................................18
2.3.5 Decaimento Automático (Automatic Sagging) ...............................................................19
2.3.6 Tensão Máxima (Maximum Tension) ..............................................................................19
2.3.7 Modelo de Vão de Peso (Weight Span Model) ...............................................................20
2.3.8 Vão de Peso Método 1 (Weight Spans method 1) ..........................................................20
2.3.9 Diagrama de Interação método 2 (Interaction Diagram method 2) ...............................21
2.3.10 Critério de folga de fase (Phase Clearance Criteria) ...................................................21
2.3.11 Critério de balanço de isoladores (Insulator Swing Criteria) ......................................21
2.3.12 Relatório dos Vãos de Vento e Peso (Wind&Weight Span Report) ............................21
2.3.13 Relatório de Superação do Ângulo de Desvio (Blowout and Departure Angle Report)
...................................................................................................................................................22
2.3.14 Temperatura Padrão do Condutor (Default Wire temperature and Condition) ..........22
2.4 Zonas Proibidas ou de custo elevado...................................................................................22
1.5 Seleção das estruturas. .........................................................................................................23
2.6 Locação automática das estruturas ......................................................................................25
2.7 Conclusão do capítulo 2 ........................................................................................................26
3 CRITÉRIOS BÁSICOS DE PROJETO ...........................................................................................27
3.1 Segurança das linhas .............................................................................................................27
3.2 Determinação dos elementos solicitantes............................................................................28
3.3 Determinação das temperaturas necessárias aos projetos ................................................29
3.4 Determinação da velocidade de vento de projeto ................................................................29
3.5 Rugosidade do solo ...............................................................................................................30
3.6 Velocidade básica de vento ...................................................................................................30
6
1 Introdução
7
1 Introdução
LISTA DE FIGURAS
8
1 Introdução
Figura 3.4 – Alongamento por mudança de módulo de elasticidade por fluência Fonte:
LABEGALINI et all (1992, p.124). .....................................................................................................39
Figura 3.5 – Alongamentos totais em cabos CAA Fonte: LABEGALINI et all (1992, p.128)........39
Figura 4.1 - Menu dos Dados climáticos para a linha de Alagoas. ...............................................44
Figura 4.2 – Critérios de tração de plotagem manual para o cabo Drake da linha de Alagoas. .45
Figura 4.3 – Critérios de tração de plotagem automática para o cabo Drake da linha de
Alagoas. ............................................................................................................................................45
Figura 4.4 – Relatório da plotagem automática para o cabo Drake da linha de Alagoas............46
Figura 4.5 – Plotagem automática para o cabo Drake da linha de Alagoas. ................................46
Figura 4.6 – Gráfico dos limites das estruturas utilizadas na locação.........................................47
Figura 4.7 – Relatório dos limites das estruturas utilizadas na locação......................................47
Figura 4.8 – Situação de violação do balanço da cadeia de isoladores nas estruturas 47 e 50.47
Figura 4.9 – Adição de pesos adicionais........................................................................................48
Figura 4.10 – Balanço das cadeias de isoladores após a adição dos contrapesos. ...................48
Figura 5.1 - Menu dos Dados climáticos para a linha de Alagoas. ...............................................50
Figura 5.2 – Critérios de tração de plotagem manual para o cabo Drake. ...................................51
Figura 5.3 – Critérios de tração de plotagem automática para o cabo Drake. .............................51
Figura 5.4 – Relatório da plotagem automática para o cabo Drake..............................................51
Figura 5.5 – Gráfico dos limites das estruturas utilizadas na locação.........................................52
Figura 5.6 – Gráfico dos custos versus a tração dos cabos.........................................................52
Figura A.1 – Mapa de temperatura média no Brasil. Fonte: NBR 5422 (1985, p.45). ...................57
Figura A.2 – Mapa de temperatura máxima média no Brasil. Fonte: NBR 5422 (1985, p.46). .....58
Figura A.3 – Mapa de temperatura mínima no Brasil. Fonte: NBR 5422 (1985, p.47). .................59
Figura A.4 – Mapa de temperatura máxima no Brasil. Fonte: NBR 5422 (1985, p.48) .................60
Figura A.5 – Mapa de temperatura mínima diária no Brasil. Fonte: NBR 5422 (1985, p.49)........61
Figura A.6 – Mapa de velocidade básica de vento no Brasil. Fonte: NBR 5422 (1985, p.50) ......62
Figura A.7 – Mapa do parâmetro alfa da distribuição de Gumbel. Fonte: NBR 5422 (1985, p.51)
..........................................................................................................................................................63
Figura A.8 – Mapa do parâmetro beta da distribuição de Gumbel. Fonte: NBR 5422 (1985, p.52)
..........................................................................................................................................................64
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1 Introdução
LISTA DE TABELAS
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1 Introdução
1. INTRODUÇÃO
A linha de transmissão é um elemento extremamente importante do sistema elétrico, na
medida em que possibilita o transporte da energia elétrica até os centros consumidores ou
possibilita a entrega da energia elétrica aos consumidores nas cidades através das linhas de
distribuição, dessa forma é um elemento que exige um nível de confiabilidade elevado com o
menor custo possível, sobretudo nas classes de tensão mais elevadas onde grandes centros
consumidores são atendidos, e exigem a maior disponibilidade dessa linha, preservando-se
todos os aspectos de segurança envolvidos.
A tensão na subestação da usina geradora é elevada para o nível de transmissão que
normalmente é de 230KV ou 500KV, através de transformadores de potência e então a energia
é transportada até o centro consumidor, em seguida a tensão é reduzida para o nível de
subtransmissão, que normalmente é de 69 KV, depois disso a linha segue até uma subestação
que reduzirá a tensão até o nível de distribuição de normalmente 13.8 KV.
O projeto deve assegurar que todas as distâncias de segurança sejam atendidas ao longo
da vida útil da linha que normalmente é de 25 anos, portanto será necessário especificar
corretamente as condições de projeto para atender esse fim. Uma das condições são as
hipóteses de carga mecânica, apesar de que essas cargas, sobretudo devido aos fenômenos
naturais, não podem ser estimadas com precisão devido à natureza estocástica do vento. Há
uma possibilidade de que esses valores possam ser superados durante a vida útil da linha. É
possível superestimar esses fatores de carga, porém não é a melhor maneira do ponto de
vista econômico. A orientação mais moderna estipula que se deve orientar a construção das
estruturas em termos do risco de que essas cargas mecânicas venham a ser superadas em
um período que normalmente é de 50 anos. Esse período de retorno deve ser maior do que a
vida útil da linha para minimizar os riscos, podendo mesmo ser utilizado um período de 1000
anos.
1.1 Objetivo
O objetivo desse trabalho é avaliar o processo de otimização da locação das torres sobre o
terreno, parametrizando a influência das grandezas ambientais, utilizando o aplicativo PLS-
CADD.
Será visto que os condutores, o perfil do terreno e as condições meteorológicas do ambiente
possuem um grande peso na locação da estrutura, já que as alturas de segurança, que são
as alturas de distância dos condutores ao solo, entre as fases ou entre algum obstáculo, entre
outros, deverão ser mantidas como preconizadas em norma.
11
1 Introdução
Para a compilação deste trabalho, como descrito na bibliografia, foi feito o uso de livros,
notas de aula, monografia e normas especificas para projetos de linhas aéreas de
transmissão, como também softwares especialistas para avaliar os processos de otimização.
Vale destacar que o trabalho aprofundou-se no projeto mecânico da linha sem deixar de
atender aos critérios elétricos, sobretudo de distâncias mínimas de segurança que
condicionam as alturas das torres, o tipo de cabo utilizado e também o carregamento da linha.
Veremos também que outros fatores, como as condições ambientais de temperatura, ventos,
entre outros, são de grande importância na locação dessas torres. Como o projeto otimizado
depende de muitas variáveis, o projeto da linha poderá ser melhor executado se programas
computacionais especialistas forem utilizados.
12
2 Características gerais do PLSCADD
13
2 Características gerais do PLSCADD
Vemos que o usuário insere no programa os dados topográficos, insere também todas as
hipóteses de cálculo e escolhe o tipo de condutor que será utilizado. Com os dados inseridos,
o resultado final será o traçado da linha sobre o terreno.
14
2 Características gerais do PLSCADD
Em seguida deve ser gerado um arquivo txt para a importação dos dados pelo PLS-CADD
através do botão importar (import) e em seguida definido pelo usuário PFL (user defined PFL),
a partir desse menu todos os dados serão carregados como mostrado na figura 2.3 abaixo:
Os dados já citado para descrição do terreno devem ser separados pelo caractere “;” como
demostrado na Figura 2.4.
15
2 Características gerais do PLSCADD
O tipo de arquivo XYZ contém basicamente as mesmas características dos arquivos PFL,
porém os pontos do traçado são descritos por coordenadas globais x, y e z.
Quando todos os dados forem inseridos no programa, a visão do terreno será como na
Figura 2.5 abaixo:
17
2 Características gerais do PLSCADD
Devido ao alumínio nos condutores ACSR se expandirem a uma taxa mais elevada do que
o núcleo de aço a uma alta temperatura, há uma temperatura que se for ultrapassada o
alumínio sofrerá uma compressão, então esse critério serve para que o programa não permita
que sejam atingidas temperaturas elevadas demais, evitando que esse isso acorra, no qual o
próprio programa tem um algoritmo para restringir isso. Existem duas possibilidades de
escolha: o alumínio não irá entrar em compressão em altas temperaturas, ou irá entrar em
compressão, sendo necessário especificar a máxima pressão que esse fenômeno ocorre em
unidades de Mpa mostrado na Figura 2.8.
serão aplicadas. Se a coluna de cabos aplicáveis (Applicable Cable) estiver em branco então
a condição será aplicável a todos os cabos, caso contrário deve-se selecionar o tipo de cabo.
A máxima catenária deve ser calculada para a condição de máxima temperatura ao qual o
cabo possa ser submetido quando estiver em máximo carregamento, esse valor deve ser
aplicado na coluna de máxima catenária (Maximum Catenary), conforme a Figura 2.9.
Neste comando são inseridas as condições do cabo e a porcentagem da carga máxima que
serão considerados na locação otimizada para o cálculo do decaimento dos condutores.
Normalmente os critérios usados são os mesmos do menu Tensão no Cabo (Cable Tension),
porém pode-se especificar dados diferentes. Esse critério serve para que o programa coloque
a menor flecha possível sem violar as restrições de tração nos condutores.
Neste comando, deve ser indicado como será calculado o valor máximo da tensão nos
cabos. É recomendável escolher a hipótese de geometria real da linha, porque essa hipótese
considera ambos os lados de um vão a qualquer altura, ou seja, ela não usa a simplificação
19
2 Características gerais do PLSCADD
do vão regulador, em que conforme Labegalini et all (1992) o vão regulador é um vão fictício,
isolado e é equivale a vários vãos contínuos que estão inseridos em um tramo.
Neste menu indica-se como será calculado o vão de peso, em que a opção recomendada
é utilizar o método exato, em que o vão de peso será calculado em um modelo de três
dimensões, como sendo a carga vertical dividida pelo peso unitário do cabo.
Neste menu serão colocados os critérios que normalmente são de vento, frio e neve, na
ausência de frio e neve pode-se especificar outras condições. Os vãos de peso reais serão
testados com os vãos de peso máximos permissíveis para cada estrutura.
20
2 Características gerais do PLSCADD
Neste menu, deve-se inserir todos os casos de carregamento para que seja verificada a
suportabilidade das estruturas a esses carregamentos.
Este comando é usado para realizar a verificação das distâncias entre os condutores de
fase, dessa forma é possível verificar se os condutores de fase não irão se tocar.
Este comando serve para indicar quais informações serão mostradas em um relatório final.
21
2 Características gerais do PLSCADD
Este comando serve para indicar quais são os ângulos de balanço após a plotagem, e gera
em um relatório desses dados.
A locação das torres deve ser feita sobre o terreno nos locais onde isso é permitido.
Normalmente no trajeto da linha há objetos que atrapalham a passagem da linha, tais como:
rios, estradas, árvores, etc. Essas zonas proibidas podem ser adicionadas diretamente no
software por meio de uma atribuição de custo elevado, ou uma faixa proibida, em que o
22
2 Características gerais do PLSCADD
software irá evitar locar as torres nesses locais. É possível colocar torres sobre esses terrenos,
porém seu custo se torna proibitivo.
A primeira coisa a fazer para a locação das torres é definir quais restrições estarão
presentes no terreno, isso é feito através do menu Estruturas/Locação Automática/Restrições
de Locação/Edição (Structures/Automatic Spotting/Spotting Constraints/Edit(Table
Based)). Esse comando irá abrir o menu de seleção de restrições mostrado na Figura 2.20 :
Pode-se adicionar uma zona proibida e de custo elevado como mostrado nas Figuras 2.21
e 2.22:
Após a adição de restrições as estruturas podem ser selecionadas dentre vários tipos.
Primeiramente uma lista de estruturas deve ser gerada e selecionada através do menu
23
2 Características gerais do PLSCADD
24
2 Características gerais do PLSCADD
Após a seleção dos pontos iniciais e finais o tipo de cabo deve ser selecionado
especificando os vãos mínimos e máximos e a classe de tensão, bem como a quantidade de
condutores por fase como mostrado na Figura 2.27:
25
2 Características gerais do PLSCADD
A desvantagem do programa na entrada dos condutores está no fato de que não há uma
maneira direta de entrar com mais de um tipo de condutor para locação automática, de forma
que um trecho da linha seria de um condutor e outro trecho seria outro tipo, ou seja, o software
não é tão flexível com respeito a isso, dessa forma limitando a aplicação da técnica “tramo
misto”, por exemplo.
Após a entrada dos condutores o programa fará locação respeitando todos os critérios que
foram especificados e irá gerar um relatório com os custos e quantidade de estruturas
alocadas como demonstrado na Figura 2.28:
Nesse capítulo foram mostrados os aspectos básicos do programa que permitem que a
linha seja projetada, desde a entrada de dados no programa até a seleção final das estruturas
e entrada dos cabos condutores, para que o processo automático seja possível de ser
realizado. Através desse capítulo ficou claro que o programa tem diversas vantagens para o
projeto das linhas no que tange a locação das estruturas sobre o terreno, que de outra forma
seria bastante trabalhoso e sujeito a erros que atrasariam o cronograma do projeto. Uma
desvantagem do programa seria a seleção de um único condutor em todos os trechos na
locação automática de forma que é impossível o uso de condutores de tipos diferentes ao
longo da linha, em aplicações especificas. Outra desvantagem é a grande quantidade de
detalhes que precisam ser adicionados ao programa para que seja possível a consecução do
projeto, necessitando assim de um grande conhecimento do programa e da tecnologia de
projeto mecânico de uma linha de transmissão.
26
3 Critérios básicos de projeto
Este capítulo tem como objetivo mostrar a forma de obter os fatores que causam as diversas
solicitações mecânicas nas linhas aéreas de transmissão, tais como: pressão dos ventos
sobre os diversos componentes da linha, os efeitos que são provocados pela variação de
temperatura e serão discutidas também questões de segurança das linhas e considerações
sobre o risco de falha.
Esse tópico trata de riscos de falha mecânica na linha. O programa permite que o usuário
interfira nesse aspecto, de sorte a definir que uma dada linha é mais importante que outra e,
assim, projetar com uma maior margem de segurança. Um exemplo de linha com uma
importância maior seriam as linhas que suprem cidades importantes, grandes indústrias
consumidoras entre outras, linhas com uma menor importância seriam as linhas de
distribuição que abastecem cargas residenciais com pouca densidade de cargas ou zonas
rurais.
27
3 Critérios básicos de projeto
Segundo Labegalini et all (1992), até pouco tempo, era comum que as estruturas fossem
sobre dimensionadas, garantindo assim que os valores das cargas ficassem bastante aquém
da carga de ruptura dos elementos da linha, isso resultava em projetos por demais custosos
e, portanto um mero desperdício de recursos escassos, entretanto a tendência natural é que
sejam adotados riscos de falha ao qual permite a realização de um projeto melhor
dimensionado e, portanto menos oneroso, porém ainda assim atenda de forma satisfatória os
clientes.
Os esforços mecânicos nas linhas aéreas são caracterizados pelos esforços de longa
duração e curta duração, este provocado por condições atmosféricas da região em que a linha
está inserida, os dados necessários para o projeto devem ser coletados em postos ao longo
do traçado da linha e se possível que a base de dados tenha um período bastante longo para
que os dados possam reproduzir fielmente as características daquele ambiente, segundo
Labegalini et all (1992), as seguintes informações meteorológicas são necessárias para
estabelecer corretamente as hipóteses de carga:
• Velocidade máxima anual do vento;
• Temperaturas;
• Valores máximos anuais de temperatura;
• Valores mínimos anuais de temperatura;
• Valores de temperaturas média anuais;
Essas condições são necessárias, porque definem as cargas impostas as linhas de
transmissão, por exemplo, a temperatura mínima anual define a menor flecha e esforços
adicionais as estruturas, a maior temperatura define a maior flecha que o condutor terá, já a
velocidade máxima dos ventos introduz esforços nos condutores e nas torres, portanto o
conhecimento adequado é importante para o conhecimento da suportabilidade mecânica das
estruturas e condutores.
Se os dados de ventos e temperatura não estiverem disponíveis durante o período de tempo
especificado é possível fazer uso de cartas meteorológicas disponíveis na NBR 5422 (1985),
no entanto essa não é uma maneira precisa e deve ser usada somente em último caso.
28
3 Critérios básicos de projeto
O efeito do vento deve ser devidamente considerado nos projetos de linhas de transmissão,
porque esse fenômeno natural introduz esforços extras sobre as estruturas, ferragens e cabos
condutores, esses em especial tendem a sofrer fadiga nos pontos onde eles estão fixos a
cadeia de isoladores. Estudos realizados por diversos institutos de pesquisa no mundo
contribuíram para um melhor entendimento desses efeitos e a norma NBR 5422(1985) veio a
adotar os procedimentos prescritos pelas normas internacionais.
Alguns fatores fundamentais para a escolha do vento de projeto estão destacados abaixo
conforme Labegalini et all (1992);
• A velocidade do vento depende da rugosidade do solo, e quanto maior o índice de
rugosidade, mais turbulento se torna o perfil do vento.
• A velocidade do vento aumenta com a altura sobre o solo, devido a diminuição da
rugosidade a medida que a altura aumenta.
• Os ventos em geral se dão na forma de rajadas.
• Os diversos elementos que são anteparos para o vento sofrem diferentes solicitações.
Ventos de grande intensidade e pouca duração podem introduzir esforços menores nas
estruturas do que ventos de pequena intensidade e grande duração, porque o condutor fica
submetido a vibração eólica por um tempo prolongado, provocando a fadiga do material com
o passar do tempo, já o vento de alta intensidade introduz esforços, porém devido ao tempo
curto da mesma a estrutura e condutores são capazes de suportá-los pois estão
dimensionados para isso.
29
3 Critérios básicos de projeto
Esses fatores devem ser devidamente equacionados para que as estruturas possam ser
corretamente dimensionadas, com economia e segurança.
Existem quatro categorias de terrenos que foram classificados pela Associação Brasileira
de Normas Técnicas-ABNT, como está mostrado na Tabela 3.2 abaixo:
Tabela 3.2 – Classificação dos terrenos quanto a sua rugosidade Fonte: LABEGALINI et all (1992,
p.106).
Categoria Característica do solo Coeficiente de rugosidade kr
A Vastas extensões de água, 1,08
áreas costeiras planas,
desertos planos.
B Terreno aberto com poucos 1,00
obstáculos
C Terreno com obstáculos 0,85
numerosos e pequenos com
cercas, árvores e edificações.
D Áreas urbanizadas, terrenos 0,67
com muitas árvores altas.
Na ausência de dados medidos em campo é possível fazer uso das cartas isótacas que
estão no anexo da NBR 5422 (1985).
A título de exemplo, para a região de 12º sul e 44º oeste, teremos uma velocidade básica de
projeto de:
𝑉𝑉𝑉𝑉 = 22𝑚𝑚/𝑠𝑠
Essa velocidade será utilizada na determinação das solicitações que são impostas pelo
vento sobre as estruturas, cabos condutores, cadeias de isoladores e ferragens. Ela pode ser
obtida a partir da velocidade básica de vento e deve ser corrigida como segue abaixo:
• Se a rugosidade do terreno for diferente da categoria B, é necessário multiplicar a
velocidade básica de vento pelo coeficiente de rugosidade Kr, especificado na tabela
3.2.
30
3 Critérios básicos de projeto
• Deve ser aplicado o coeficiente de conversão Kd, porque os diversos elementos das
estruturas possuem respostas diferentes as solicitações impostas pelo vento. Esse
fator serve para converter as velocidades de vento com diferentes períodos de
integração.
• Para obstáculos que possuam altura em relação ao solo diferente de 10 [m], deve ser
aplicada a equação (2.1) conforme a norma NBR 5422 (1985):
𝐻𝐻 1/𝑛𝑛
𝐾𝐾ℎ = � � (2.1)
10
Onde:
H: altura do obstáculo em [m];
N: fator que depende da rugosidade do solo e da base de tempo e pode ser obtida na Tabela
3.3. A base de tempo é escolhida de acordo com o tempo desejado de amostragem da
velocidade do vento.
Tabela 3.3 – Valores de n para a correção da velocidade de vento Fonte: LABEGALINI (1992, p.112).
Categoria do solo n
Base de tempo de 2s Base de tempo de 30s
A 13 12
B 12 11
C 10 9,5
D 8,5 8,0
O valor da altura deve ser dividido por 10, porque essa é a altura padrão de medição, como
a linha possui normalmente alturas maiores que 10m ou a sua localização não está no nível
do mar, então deve-se aplicar o fator de correção da equação 2.1.
A velocidade de projeto será dada pela equação (2.2) conforme a norma NBR 5422 (1985):
𝑉𝑉𝑉𝑉 = 𝐾𝐾𝐾𝐾. 𝐾𝐾𝐾𝐾. 𝐾𝐾ℎ. 𝑉𝑉𝑉𝑉 (2.2)
Onde:
Vp: Velocidade de projeto em [m/s].
A título de exemplo, se a linha se situa em uma região com velocidade básica de 22m/s,
onde o solo pode ser considerado tipo C e altura média da linha de 18 [m], n = 9,5, Kr = 0,85,
Kd = 1,3, logo aplicando a equação (2.2) com Kh = 1,06383
Assim:
𝑉𝑉𝑉𝑉 = 0,85.1,3.1,06383.22 = 25,86m/s
31
3 Critérios básicos de projeto
A velocidade básica de projeto para um período de retorno diferente de 50 anos pode ser
obtida através da equação (2.3) conforme a norma NBR 5422 (1985):
1
ln(− ln�1− �)
𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 = 𝛽𝛽 − 𝛼𝛼
𝑇𝑇
(2.3)
Onde:
α: estimador do fator de escala da distribuição de Gumbel em [m/s]−1 ;
β: estimador do fator de posição da distribuição de Gumbel em [m/s];
T: período de retorno em [anos];
Para a localização 12º sul e 44º oeste, temos: α = 0,37 e β = 11
Uma boa escolha para o período de retorno seria 100 anos, pois não iria onerar em demasia
o projeto, então o valor do vento básico de projeto seria de:
1
ln �− ln �1 − 100��
𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 = 10 − = 23,4328 [m/s]
𝛼𝛼
Depois de obtida a velocidade básica de projeto deve-se aplicar as correções como exposto
anteriormente para que a velocidade de projeto seja encontrada.
Através da expressão (2.4) abaixo, é possível encontrar o valor que a pressão do vento
exerce sobre os elementos da linha:
𝑞𝑞0 = 0.5𝜌𝜌𝑉𝑉𝑉𝑉2 [N/m2 ] (2.4)
Onde:
Vp: é a velocidade de projeto em [m/s];
32
3 Critérios básicos de projeto
Onde:
t: é a temperatura coincidente em [°C];
alt: é a altitude média do local onde a linha será instalada em [m];
Conforme a NBR 5422 (1985).
É comum o uso de no mínimo as hipóteses de cálculo que estão mostradas abaixo, as quais
irá impor um limite às solicitações mecânicas da linha projetada conforme Labegalini et all
(1992):
• Hipótese de carga de maior duração – corresponde aos esforços atuantes quando a
linha está submetida a uma temperatura no valor da temperatura média e sem
considerar o efeito do vento.
• Hipótese de carga de flecha mínima – corresponde a temperatura ambiental mínima e
com período de retorno de 50 anos e sem efeito do vento.
• Hipótese de carga de vento máximo – corresponde aos ventos de máxima intensidade
e com a temperatura coincidente, cuja definição, é a média das temperaturas mínimas.
Essas hipóteses básicas irão determinar a taxa de trabalho aos quais os materiais serão
submetidos. Cabe ressaltar que a hipótese de cálculo de vento máximo é a condição que
representa a maior solicitação nas linhas de transmissão devido a pressão que o vento exerce
sobre as torres e cabos, que são verdadeiros anteparos para o vento e, portanto ventos com
uma duração elevada irão submeter esses elementos a esforços que de outra forma não
estariam presentes. A Figura 3.1 abaixo mostra a atuação do vento sobre os condutores e a
cadeia de isoladores:
Figura 3.1 – Efeito da pressão dos ventos sobre os condutores. Fonte: LABEGALINI et all (1992, p.195).
33
3 Critérios básicos de projeto
A temperatura ambiental mínima que pode ocorrer irá introduzir um esforço extra sobre as
estruturas, devido ao fenômeno da contração do condutor e, portanto o comprimento das
flechas dos condutores irá se reduzir fazendo com que a tração dos mesmos aumente no
ponto de sustentação dos cabos, devendo o projetista avaliar esses valores para um período
de retorno de pelo menos 50 anos para que a segurança da linha não seja comprometida.
Existem também hipóteses de cálculo para os cabos condutores e para-raios, como
estabelecido pela norma NBR 5422 (1985), os cabos para-raios devem ser instalados nas
linhas sobre tudo com classe de tensão acima de 69KV, nas regiões em que o nível ceráunico
é muito elevado. Caso os condutores de fase venham a ser atingido por uma descarga
atmosférica, um arco voltaico irá surgir contornando as cadeias de isoladores e dessa forma
se dirigindo para a terra. Os cabos para-raios normalmente possuem flechas bem menores
que as dos condutores de fase, isso se deve a sua maior resistência mecânica e portanto
maiores trações poderão ser aplicadas a esses condutores. O projeto deve levar em
consideração o seu uso caso necessária, não tendo sido realizada essa análise nesse
trabalho.
Segue abaixo algumas considerações sobre as hipóteses de carga:
• Na condição de trabalho de maior duração, caso não tenha sido adotado medidas para
reduzir o efeito da vibração, é recomendado limitar a tração dos cabos condutores aos
valores mostrados na Tabela 3.4, porém mesmo com as varetas antivibrantes é comum
impor um limite de 18% da sua carga de ruptura.
Tabela 3.4 – Cargas máximas recomendadas para os cabos na condição de trabalho de maior duração.
Fonte: LABEGALINI et all (1992, p.106).
Tipos de cabos % da carga de ruptura
Aço AR 16
Aço EAR 14
Aço-Cobre 14
Aço-Alumínio 14
CA 21
CAA 20
CAL 18
CALA 16
CAA-EF 16
34
3 Critérios básicos de projeto
• Na hipótese de velocidade máxima dos ventos, o esforço de tração axial nos cabos não
pode ser superior a 50% da carga nominal de ruptura, porém é comum a adoção de um
valor máximo de 35% de sua carga de ruptura.
• Na condição de temperatura mínima, o esforço de tração axial nos cabos não deve
ultrapassa os 33% da carga de ruptura.
As características do cabo selecionado para a construção da linha estão mostradas na
Tabela 3.5 abaixo:
Tabela 3.5 – Características do cabo CAA código Grosbeak. Fonte: Nexans (2013, p.13).
Tipo de Cabo Código Área da secção Carga nominal de
2
transversal (𝑚𝑚𝑚𝑚 ) ruptura (kgf)
CAA Grosbeak 374,79 13789
35
3 Critérios básicos de projeto
Onde:
a – é o comprimento do vão em [m];
p – é o peso unitário do condutor em [kg/m];
T0 – é a tração do condutor em [kgf];
Essa fórmula é proveniente de uma aproximação parabólica da flecha obtida a partir da
equação da catenária do condutor, que é bem mais complexa que a equação 2.6. Ela
apresenta uma boa aproximação e permite uma fácil identificação de fatores que afetam a
flecha do condutor. Durante o trabalho será visto que o valor da flecha depende da
temperatura do cabo condutor, bem como do alongamento permanente que este vem a sofrer
durante a sua vida útil.
Os cabos condutores, para fins de projeto de linhas de transmissão, não podem ser
considerados perfeitamente elásticos, porque as distâncias dos vãos normalmente são
elevadas em relação à secção reta do cabo. Logo após a instalação do cabo nas torres, ocorre
36
3 Critérios básicos de projeto
uma acomodação dos condutores de tal forma que as flechas tendem a aumentar e se esses
efeitos não forem devidamente levados em consideração, as alturas de segurança poderão
ser violadas.
Onde:
lf – comprimento final da amostra em [m];
li – comprimento inicial da amostra em [m];
e – elongação;
A elongação produzida por esforços externos pode ser classificada em elástica ou plástica.
A deformação elástica não é permanente e o material irá voltar ao seu comprimento original
depois que a tensão mecânica for retirada, ela obedece a lei de Hooke, em que a curva tensão
versus elongação é uma reta e a inclinação da reta tensão versus deformação é igual ao
módulo de elasticidade de Young (E).
A deformação plástica ocorre quando o material ultrapassa o limite de elasticidade do
material, ou seja, depois de retirada a tensão aplicada ao material este não irá retornar ao seu
comprimento inicial, permanecendo uma deformação residual como mostrado na Figura 3.2.
É preciso ressaltar também que o material possui uma recuperação elástica durante uma
deformação plástica que ocorre com a liberação de carga durante o transcorrer de um ensaio
tensão x deformação e então uma parte da deformação total é recuperada na forma de
deformação elástica conforme D. CALLISTER JR.(2002) e mostrado na Figura 3.2:
Durante a descarga a curva tem a forma de uma reta e a sua inclinação é numericamente
igual ao módulo de Young se a tensão for nula o material não irá retornar ao seu comprimento
original, porém se a tensão for novamente aplicada o novo ciclo se dará nessa reta que é
paralela a reta que indica o ciclo elástico inicial.
Depois de entendido esses conceitos poderemos iniciar com o diagrama tensão x
deformação abaixo:
Figura 3.3 – Diagrama tensão x alongamentos Fonte: LABEGALINI et all (1992, p.123).
O material sujeito a uma tensão σA terá uma deformação dada pelo comprimento OA’, após
cessada essa tensão o material ficará com uma deformação permanente dada por OA’’ e
portanto A’’A’ é uma deformação elástica sendo a reta que liga os pontos A’’A paralela a reta
que representa a deformação elástica inicial e com o mesmo módulo de Young. Se ao material
for aplicado uma tensão σB este ficará submetido a uma deformação OB’ e após cessada a
tensão o material ficará sujeito a uma deformação OB’’. Através da curva OAB é possível ver
que quando um fio metálico é tracionado pela primeira vez o módulo de elasticidade de Young
sofre uma mudança e o alongamento resultante depende do tipo de material e da tensão que
foi aplicada ao mesmo.
Se um material a ser ensaiado for submetido a uma tensão σA constante por certo período
de tempo é observado que ele irá sofrer uma deformação dada por OC’ como mostra a Figura
3.4:
38
3 Critérios básicos de projeto
Figura 3.4 – Alongamento por mudança de módulo de elasticidade por fluência Fonte: LABEGALINI et
all (1992, p.124).
Dessa forma percebe-se que a deformação permanente sob uma tensão constante
depende do tempo pelo qual a tensão permanece aplicada, temperatura do material e do valor
da tensão.
Figura 3.5 – Alongamentos totais em cabos CAA Fonte: LABEGALINI et all (1992, p.128).
Para valores de tração baixas correspondentes ao ponto B, o módulo E de Young irá sofrer
uma mudança. Nessa região o aço e o alumínio dividem as forças atuantes. Após certo valor
de tração σB o alumínio sofre maior deformação que o aço e dessa forma deixa de
compartilhar a absorção de tensão que passa a ser transferida para o aço. Nesses cabos de
alumínio e aço a deformação final será igual como pode ser visto na Figura 3.5.
40
3 Critérios básicos de projeto
Tabela 3.7 – Coeficientes da equação para cabos condutores CAL Fonte: LABEGALINI et all (1992,
p.143).
Processo Coeficientes
industrial K φ α µ
Laminação a 0,15 1,4 1,3 0,16
quente
Extrusão ou
Properzzi
Tabela 3.8 – Coeficientes da equação para cabos condutores CA Fonte: LABEGALINI et all (1992, p.143).
Coeficientes
Processo K
industrial Número de fios φ α µ
7 19 37 61
Laminação a 0,27 0,28 0,26 0,25 1,4 1,3 0,16
quente
Extrusão ou 0,18 0,18 0,16 0,15 1,4 1,3 0,16
Properzzi
Tabela 3.9 – Coeficientes da equação para cabos condutores CALA Fonte: LABEGALINI et all (1992,
p.143).
Processo Coeficientes
industrial K φ α µ
Laminação a
quente
Extrusão ou
Properzzi 0,04+0,24(m/m+1) 1,4 1,3 0,16
41
3 Critérios básicos de projeto
Tabela 3.10 – Coeficientes da equação para cabos condutores CAA Fonte: LABEGALINI et all (1992,
p.144).
Processo Coeficientes
industrial K φ α µ
m≤13 m≥13 m≤13 m≥13 m≤13 m≥13 m≤13 m≥13
Laminação a 2,4 0,24 0 1 1,3 1 0,16 0,16
quente
Extrusão ou
Properzzi 1,4 0,24 0 1 1,3 1 0,16 0,16
Á𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴í𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛
𝑚𝑚 = Á𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎í𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛 e τ≥15ºC
Nesse capítulo as hipóteses básicas de projeto foram definidas, essas são essenciais
no projeto de linhas de transmissão, pois definem a suportabilidade mecânica das
estruturas e dos condutores. A deformação permanente dos condutores também foi
discutida, pois se trata de um aspecto que muitas vezes é negligenciado e a falta do
conhecimento adequado desse fenômeno pode acarretar na violação das distâncias de
segurança elétricas e mecânicas.
42
4 Projeto de uma linha de transmissão
Este capítulo tem por finalidade reunir todas as informações referentes ao projeto, tais
como: hipóteses de carga, vento de projeto, tração nos cabos, etc. Elas serão inseridas no
programa na forma como exposto nos capítulos anteriores para obtenção da linha otimizada
e com isso obter o valor do custo final do projeto. No relatório de saída será avaliado ainda se
os limites máximos de carga e balanço das cadeias de isoladores das estruturas não foram
ultrapassados, caso isso ocorra medidas deverão ser tomadas para que esses valores voltem
a estar dentro do limite máximo permissível.
Conforme exposto na seção 3.7 do capítulo 3, a velocidade de vento de projeto será obtida
considerando que a linha se situa em uma região onde o solo pode ser considerado tipo C e
altura média da linha será de 18 [m], n = 9,5, Kr = 0,85, Kd = 1,3, logo aplicando a equação
(2.2) com Kh = 1,06383
Assim:
𝑉𝑉𝑉𝑉 = 0,85.1,3.1,06383.20 = 23,51𝑚𝑚/𝑠𝑠
43
4 Projeto de uma linha de transmissão
A condição de carga máxima, que representa condição de vento máximo deve ser definida
para uma temperatura coincidente de 18ºC. A carga inicial se refere a condição de flecha
mínima e portanto a temperatura definida deve ser a mínima que para o caso do projeto é de
16ºC. Outro valor importante é a condição de carga de maior duração, que está na linha 4
conforme a Figura 4.1. O valor de temperatura para essa condição deve ser a média, no caso
do projeto esse valor é de 23ºC.
Tabela 4.2 – Características do cabo CAA código Drake. Fonte: Nexans (2013, p.15).
Tipo de Cabo Código Área da secção Carga nominal de
2
transversal (𝑚𝑚𝑚𝑚 ) ruptura (kgf)
CAA Drake 468,51 14300
Figura 4.2 – Critérios de tração de plotagem manual para o cabo Drake da linha de Alagoas.
Figura 4.3 – Critérios de tração de plotagem automática para o cabo Drake da linha de Alagoas.
Após alimentar o programa com todos os dados, como exposto anteriormente, deve-se
proceder na escolha das torres que farão parte da otimização do traçado da linha, como
explicado anteriormente na seção 2.3.19 do capítulo 2, em seguida deve-se proceder como
exposto na seção 4 do capítulo 2. Os resultados da locação estão mostrados nas Figuras 4.4
e 4.5:
45
4 Projeto de uma linha de transmissão
Figura 4.4 – Relatório da plotagem automática para o cabo Drake da linha de Alagoas.
O relatório da Figura 3.4 mostra que foram utilizadas 57 torres em todo o traçado da linha,
obtendo-se um custo total de 927570 dólares. É possível observar também que os vãos
tiveram uma variação de 23.1 m a 275.48 m. Os vãos de vento reais foram de 170.79 m.
Após obter o traçado da linha, é necessário obter um relatório mais detalhado para observar
se os limites de balanço máximo da cadeia de isoladores e as forças máximas que as
estruturas podem suportar não sejam ultrapassados. Isso pode ser realizado através do menu
Linhas/Relatórios/Uso das Estruturas (Lines/Reports/Structure Usage), como mostrado nas
figuras 4.6 e 4.7:
46
4 Projeto de uma linha de transmissão
As Figuras 4.6 e 4.7 mostram que os valores de balanço das cadeias de isoladores e de
força aplicados nas estruturas ficaram dentro dos limites permissíveis e, portanto nenhuma
alteração precisará ser feita, porém poderia acontecer uma situação como demonstrado na
Figura 4.8, em que a estrutura poderia estar em uma situação que viola o balanço da cadeia
de isoladores:
Figura 4.8 – Situação de violação do balanço da cadeia de isoladores nas estruturas 47 e 50.
47
4 Projeto de uma linha de transmissão
A Figura 4.8 mostra uma situação de violação do balanço máximo nas estruturas 47 e 50,
onde o balanço das cadeias de isoladores está superior a 425%. Essa situação deve ser
corrigida, normalmente com a adição de pesos adicionais nas cadeias de isoladores como
mostrado nas Figuras 4.9 e 4.10. Se o problema não for resolvido deve-se mudar o tipo de
estrutura.
Figura 4.10 – Balanço das cadeias de isoladores após a adição dos contrapesos.
Na Figura 4.10 o eixo horizontal representa o número da torre e o eixo vertical representa
a porcentagem das variáveis analisadas: balanço e tração. Observa-se que para as estruturas
47 e 50 quando adicionados os pesos adicionais nas cadeias de isoladores o valor do balanço
se situa em torno de 220% a 240%, embora seja um valor ainda elevado, esse fato mostra
que o problema pode ser resolvido sem necessariamente trocar as estruturas selecionadas.
Este capítulo tem por finalidade realizar uma análise de sensibilidade através da variação
da localização geográfica da linha, onde as condições do projeto serão diferentes afetando
assim o projeto. Será visto também que a variação da tração nos cabos condutores terá
implicação no custo final do projeto.
A localização escolhida será na região sul do país em 32º sul e 52º oeste. Esta região foi
escolhida, porque no sul do país o perfil do vento é diferente da região nordeste, sendo
frequentes as rajadas de vento de alta intensidade, já na região nordeste ele é caracterizado
por um vento que tende a ser constante e com poucas rajadas de alta intensidade. O mesmo
pode ser dito sobre as temperaturas da região, possuindo temperaturas médias e mínimas
inferiores ao nordeste, consequentemente a linha poderá ser submetida a esforços extras
causados pela temperatura mínima baixa e pelas rajadas de vento de alta intensidade.
Conforme explanado na seção 3.3 do capítulo 3, as temperaturas foram encontradas para
o local da linha. Os valores estão mostrados na Tabela 5.1:
Tabela 5.1 – Valores de temperatura
Temperatura média (ºC) 19
Temperatura máxima média (ºC) 23
Temperatura mínima (ºC) -2
Temperatura máxima (ºC) 40
Média das temperaturas mínimas diárias (ºC) 14
Conforme exposto na seção 3.7 do capítulo 3, a velocidade de vento de projeto será obtida
considerando que a linha se situa em uma região onde o solo pode ser considerado tipo B, Kr
= 1, Kd = 1,00, logo aplicando a equação com Kh = 1,0
Assim:
𝑉𝑉𝑉𝑉 = 1.1.1.26 = 26𝑚𝑚/𝑠𝑠
49
5 Análise de sensibilidade à variação climática
A condição de carga máxima, que representa condição de vento máximo deve ser definida
para uma temperatura coincidente de 14ºC. A carga inicial se refere a condição de flecha
mínima e portanto a temperatura definida deve ser a mínima que para o caso do projeto é de
-2ºC. Outro valor importante é a condição de carga de maior duração, que está na linha 4
conforme a Figura 5.1. O valor de temperatura para essa condição deve ser a média, no caso
do projeto esse valor é de 19ºC.
Após alimentar o programa com todos os dados, como exposto anteriormente, deve-se
escolher as torres que farão parte da locação automática.
O relatório da figura 5.4 mostra que foram utilizadas 57 torres em todo o traçado da linha,
obtendo-se um custo total de 928700 dólares, sendo um valor pequeno com uma diferença de
0,1% para uma linha de 6 Km de comprimento, porém é possível que esse valor seja mais
elevado para linhas longas representando um custo enorme sobre o projeto.
51
5 Análise de sensibilidade à variação climática
É possível observar também que os vãos tiveram uma variação de 23.1 m a 275.48 m. Os
vãos de vento reais foram de 170.79 m.
Após obter o traçado da linha, é necessário obter um relatório mais detalhado para observar
se os limites de balanço máximo da cadeia de isoladores e as forças máximas que as
estruturas podem suportar não sejam ultrapassados. Isso pode ser realizado através do menu
Linhas/Relatórios/Uso de Estrutura (Lines/Reports/Structure Usage), como mostrado na figura
5.5:
Através da elevação da tração nos condutores é possível ver que os custos de uma linha
de transmissão irão se reduzir, pois um número menor de estruturas deverá ser utilizado. As
flechas terão tamanhos menores do que com trações baixas, porém deve-se ter em mente
que uma situação de violação do balanço máximo das cadeias de isoladores poderá ocorrer
com mais frequência, sobretudo em lugares com uma grande variação de temperatura.
Através da Figura 5.6 abaixo é possível ver o efeito da redução dos custos com o aumento de
tração:
52
5 Análise de sensibilidade à variação climática
A linha foi projetada considerando os critérios de projetos definidos para a região sul, nesse
capítulo foi demonstrado como foram feitas as inserções dos dados no programa de modo a
obter a linha no final do projeto. Foi visto também que os custos possuem um comportamento
decrescente conforme a tração dos cabos condutores aumenta.
53
6 Conclusão geral
6 CONCLUSÃO GERAL
condutores que possuam uma flecha menor após a aplicação da tração, efeito do gelo sobre
os condutores, especialmente na região sul do país. Outra questão que pode ser abordada é
a comparação entre uma base de dados do INMET e as cartas meteorológicas.
55
Referências
REFERÊNCIAS
LABEGALINI, Paulo Roberto [et al]. Projetos mecânicos das linhas aéreas de transmissão. São Paulo,
Editora Blucher, 1992.
D. CALLISTER JR., William. Ciência e engenharia de materiais uma introdução. Rio de Janeiro, Editora LTC,
2002.
BRASIL. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5422. Rio de Janeiro, 1985.
NEXANS. Catálogo para condutores nus de alumínio. 2013.
Marques Luna, Aelfo. Materiais de engenharia elétrica. Recife, 2004.
56
Anexo
ANEXO
Figura A.1 – Mapa de temperatura média no Brasil. Fonte: NBR 5422 (1985, p.45).
57
Anexo
Figura A.2 – Mapa de temperatura máxima média no Brasil. Fonte: NBR 5422 (1985, p.46).
58
Anexo
Figura A.3 – Mapa de temperatura mínima no Brasil. Fonte: NBR 5422 (1985, p.47).
59
Anexo
Figura A.4 – Mapa de temperatura máxima no Brasil. Fonte: NBR 5422 (1985, p.48)
60
Anexo
Figura A.5 – Mapa de temperatura mínima diária no Brasil. Fonte: NBR 5422 (1985, p.49)
61
Anexo
Figura A.6 – Mapa de velocidade básica de vento no Brasil. Fonte: NBR 5422 (1985, p.50)
62
Anexo
Figura A.7 – Mapa do parâmetro alfa da distribuição de Gumbel. Fonte: NBR 5422 (1985, p.51)
63
Anexo
Figura A.8 – Mapa do parâmetro beta da distribuição de Gumbel. Fonte: NBR 5422 (1985, p.52)
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