Valor Nutritivo Da Torta Da Polpa de MACAÚBA (Acrocomia Aculeata) PARA SUÍNOS EM Crescimento
Valor Nutritivo Da Torta Da Polpa de MACAÚBA (Acrocomia Aculeata) PARA SUÍNOS EM Crescimento
Valor Nutritivo Da Torta Da Polpa de MACAÚBA (Acrocomia Aculeata) PARA SUÍNOS EM Crescimento
Brasília
Distrito Federal - Brasil
Julho – 2013
i
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE AGRONOMIA E VETERINÁRIA
Publicação:
Brasília
Distrito Federal - Brasil
Julho – 2013
ii
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE AGRONOMIA E VETERINÁRIA
APROVADA POR:
____________________________________________
LUCI SAYORI MURATA, Dra. (UnB)
(Orientadora)
______________________________________________
SERGIO LUCIO SALOMON CABRAL FILHO, Dr. (UnB)
(Examinador interno)
_______________________________________________
JOÃO BATISTA LOPES, Dr. (UFPI)
(Examinador Externo)
iii
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA E CATALOGAÇÃO
FICHA CATALOGRÁFICA
iv
DEDICATÓRIA
v
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, pela interseção de Nossa Senhora das Graças, pela conclusão
da minha tese de mestrado.
A CAPES, pela bolsa de estudos fornecida, que foi fundamental para elaboração desse
trabalho.
A Fazenda Água Limpa, ao diretor, e todos seus funcionários que colaboraram de
maneira ímpar para a realização dos experimentos e transportes dos animais.
As instituições científicas UnB, CNPq, Finatec, Petrovasf, Embrapa Agroenergia,
UPIS, UFU, que possibilitaram a realização dos experimentos e das análises laboratoriais. A
todas elas meu muito obrigado.
As Empresas AGROCEN, ADISSEO Brasil e a Granja Uburama/DF, pela parceria
nesse trabalho. Sem a ajuda destes a dissertação não teria o mesmo resultado.
A minha orientadora Dra. Luci Sayori Murata, pela convivência de mais de 5 anos
com projetos acadêmicos, pela seriedade, sinceridade e compromisso com que procurou
direcionar a minha tese, primando sempre, para o meu melhor aperfeiçoamento técnico e
profissional, a ela meu muito obrigado.
Em especial, ao Professor Dr. Sergio Lúcio Salomon Cabral Filho, pela parceria,
amizade e, qualidades humanas, que só fizeram acrescentar a um grande potencial
profissional, tornando-o uma pessoa impar nesse processo.
Aos Professores Dr. Rodrigo Vidal de Oliveira, Dr. Francisco Bernal, coordenador do
Programa de Pós-graduação em Ciências Animais da FAV, Dr. Daniel Emygdio de Faria
Filho e Dr. Roberto Camargo Antunes, pela importante colaboração nessa dissertação.
A todos os mestrandos, bolsistas, estagiários técnicos do LABEM, alunos de
graduação, Caio, Carol, Luiza, Keila, Fred, Cássia, Jomari, Tati, Yonara, Carlos, Luana, que
colaboraram com grande empenho e qualidade nos dois ensaios experimentais, o que foi de
fundamental importância para a realização desse trabalho. A todas as estagiárias técnicas do
laboratório de nutrição animal da FAL, pela atenção e carinho que tiveram comigo para
realização das minhas análises laboratoriais, em especial a Dani, Cris, as Giovanas e também
as amigas Camila e Renata.
Aos meus queridos amigos e amigas, que sempre estarão presentes na minha vida. Aos
amigos da Agrofamília, Camarguinho, Lolô, Nanda, Fê, Maurinho, Batistinha, Lobão, Gaiato,
Alceu, Rherman, Fabinho, Nay, Sherman, David, Bundinha, Vitão, Samuca, Mandarino, PC,
vi
Gg, Lara, Lucas Chaves (in memoriam), todos eles sem exceção, pelo apoio constante durante
esse período, em especial a Ju Hiromi, pela sempre grata ajuda na dissertação e parceria. Aos
amigos de fé, que Deus colocou na minha vida, Rick, Jacaré, Xoxó, Renato, Giu, Leo, Mi,
Camis, João, Paulo, Virma, Jair, Miguel, Vinícius, Gabriel, Bocão e todos os outros não
citados e igualmente especiais. Também pelos amigos da Fundação Rural e da Fazenda Água
Limpa, a todos eles minha eterna gratidão.
A minha linda namorada Vanessa Meirelles, pelo companheirismo, dedicação e
carinho na parte final do meu mestrado.
A toda minha família, tios e tias, primos e primas, em especial, minha avó Alda, pelo
grande amor e carinho com que sempre me acolheu em sua casa durante os experimentos na
fazenda e a minha madrinha Gilda, pelos conselhos sábios e valiosos dados com amor. Ao
meu primo e amigo Emanu, pela grande ajuda pessoal e acadêmica, que muito enriqueceu o
meu trabalho final.
E por fim a minha família núcleo, meu querido irmão Dede, minha amada irmãzinha
Victoria, pelo suporte nas horas difíceis. Ao meu pai Jorge e minha mãe Fatima pelo amor,
apoio incondicional e também, pelos puxões de orelha necessários, pelos momentos
maravilhosos vividos nesse período e pelo grande exemplo de vida, meus eternos mestres, que
quero seguir.
vii
ÍNDICE
RESUMO ................................................................................................................................... 1
ABSTRACT: .............................................................................................................................. 3
CAPÍTULO 1 ............................................................................................................................. 6
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 6
2. OBJETIVO ......................................................................................................................... 8
CAPÍTULO 2 ........................................................................................................................... 28
1. RESUMO ......................................................................................................................... 28
2. ABSTRACT ..................................................................................................................... 30
3. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 31
6. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 48
ANEXOS..................................................................................................................................50
ix
LISTA DE TABELAS
x
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
xi
RESUMO
1
macaúba na dieta interferiu nas digestibilidades da MS, PB e FDN. Esse coproduto da
macaúba pode ser utilizado como ingrediente teste na dieta para suínos em crescimento,
porém a porcentagem de inclusão deve ser considerada na ração referência.
2
ABSTRACT:
Dry matter (DMD), crude protein (CPD) and Fiber (FD) digestibility and Digestible
energy (DE), metabolizable energy (ME) of macauba meal (Acrocomia aculeata) were
evaluated for growing pigs. Dry matter (DMD), crude protein (CPD), Fiber (FD)
digestibility and (DE), (ME) of treatments T1 (0%), T2 (10%) and T3 (20%) plus
nitrogen balance (NB) for growing pigs, through two metabolic assays collection Total
feces and urine. We used 24 castrated male of commercial line, with an initial weight of
approximately 28 kg. The experimental tests were conducted in a complete block
randomized design with three treatments with four animals per treatment/block, totaling
24 experimental units. The treatments were: T1 - Reference Diet (RD), T2 - Test Diet 1
(90% RD+10% macauba meal) and T3 - Test Diet 2 (80% RD+20% macauba meal).
The DMD, CPD and FD for macaúba meal were 16.5%, -2.25% and 30.80%, for the
inclusion of 20% in the diet, with no significant difference in the values of inclusion of
10% in the diet. A (DE) for macauba meal in the T2 (10%) and T3 (20%) were,
respectively, 2888.3 and 2900.6 (Kcal / Kg), since the (ME) for the same treatments
were, respectively, 2690.0 and 2680.5 (Kcal / kg), with no significant difference. Dry
matter (DM) digestibility in the T2 and T3 were, respectively, 79.1% and 72.0%, while
the crude protein (CP) digestibility in the T2 and T3 were 77.9% and 71.2%) and Fiber
digestibility for T2 and T3 were 64.3% and 55.7%, respectively, showing significant
difference (P<0,05) In relation to nitrogen balance (NB), there was a significant
difference (P<0,05) in Fecal Nitrogen (FN), showing that the fiber increased excretion
of endogenous nitrogen for pig. Thus, the level of inclusion macauba meal in the diet
interfered with the digestibility of DM, CP and FD. This co-product of macauba can be
3
used as an ingredient in test diet for growing pigs, but the percentage of inclusion
should be considered in the reference ration.
4
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIAÇÕES
5
CAPÍTULO 1
1. INTRODUÇÃO
6
produtividade desses grãos possibilitou um visível crescimento na disponibilidade
interna de tais matérias-primas.
No Brasil, mais de 60% da soja e milho produzidos são destinadas a
nutrição animal e a parte de alimentação do rebanho de suíno representa mais de 70%
do custo de produção (Crenshaw, 2005). Com isso, ao mesmo tempo em que há a
disponibilidade e fartura de grãos, a criação de suínos fica dependente da grande
variação de preços que sofrem esses insumos, com reflexo direto na rentabilidade do
negócio. Outro fator importante é a redução do preço desses insumos para que a carne
suína alcance um preço mais acessível para o consumidor final, de modo a comtemplar
as classes menos favorecidas (Gomes et al. 2007).
O principal foco da cadeia produtiva de alimentos de origem animal é o
aumento da produtividade do suíno e diminuição dos custos de produção, pela melhoria
dos índices zootécnicos e a eficiência das dietas com alimentos alternativos e
tradicionais. Com isso, os nutrientes das dietas de suínos devem ser corretamente
ajustados para evitar elevados níveis nas rações, que em excesso, são eliminados pelas
excretas, podendo contaminar o solo e as fontes d’água do meio ambiente.
Várias pesquisas estão sendo realizadas a fim de encontrar fontes de
alimentos alternativos para os suínos. As fontes de alimentos fibrosos incluem uma
variedade de possibilidades de subprodutos e resíduos da agroindústria, assim como as
forragens in natura, desidratadas e conservadas, ricas em fibra dietética (Gomes et al.
2007). O uso desses insumos dependerá de alguns fatores determinantes de sua
viabilidade econômica e produtiva, como a qualidade da fibra dietética presente,
disponibilidade do subproduto na região, aceitabilidade do alimento por parte do animal
e sua digestibilidade e custo de aquisição.
A possibilidade de se utilizar ingredientes fibrosos, como fonte de
energia na suinocultura, não é um conceito novo, pois, já vem sendo discutida por
pesquisadores desde os anos 30. Porém, a pesquisa sobre o potencial da fibra dietética
usada na produção de suínos necessita de uma quantificação e identificação por meio da
medição das interações entre os efeitos fisiológicos associados com a digestibilidade,
causados pelo variável conteúdo fibroso que exista entre as diversas matérias-primas.
Assim, tais estudos são de grande importância, pois, podem diversificar a produção
suinícola, que compete com a alimentação humana, principalmente pelas matérias-
primas essenciais soja e milho.
7
Dentro desse contexto, a Macaúba (Acrocomia aculeata) torna-se uma
opção viável, pois é uma palmeira que apresenta significativo potencial de produção
devido ao elevado teor de óleo e capacidade de adaptação a densas populações (Gray,
2005), sendo que sua produtividade pode chegar a mais de quatro toneladas de óleo/ha
(Plano..., 2006). No Brasil sua produção ocorre principalmente nas regiões nordeste,
centro-oeste e sudeste, com ênfase em Minas Gerais e Goiás, devido ao uso do seu óleo
para o biodiesel (Ciconini, 2012). Existem alguns estudos realizados com este alimento
alternativo para bovinos, caprinos e ovinos. Porém, poucas pesquisas foram
desenvolvidas acerca do uso dos subprodutos da macaúba em dietas para
monogástricos, mais especificamente suínos.
Além de utilizar os subprodutos da extração do biodiesel para a
alimentação animal, outra vantagem é a destinação dos resíduos provenientes da cadeia
produtiva. Entretanto, o desenvolvimento de novas tecnologias para o seu
processamento visando à redução de custos de produção e da poluição ambiental torna-
se um grande desafio (Plano..., 2006).
2. OBJETIVO
3. REVISÃO DE LITERATURA
8
aspectos físicos dos ingredientes na formulação das dietas, atentando-se para a
densidade, a umidade e o estado físico dos mesmos (Bellaver & Ludke 2004).
Atualmente, as indústrias de produção agroindustriais especializadas, que
geram resíduos, têm como objetivo a relação harmoniosa entre a conservação ambiental,
o desenvolvimento econômico da empresa e de um melhor ambiente de trabalho
(Abreu, 2006). Assim, podem-se criar novas oportunidades para estabelecer parcerias
entre a indústria e a agropecuária, destinando parte dos resíduos agroindustriais para a
alimentação animal e melhorando a eficiência empresarial. Para isso pesquisadores,
técnicos e produtores sempre estão à procura de alimentos alternativos, com alta
qualidade nutricional e menor custo.
Podem-se utilizar como ingredientes alimentares alternativos para os
suínos, os resíduos provenientes da cadeia produtiva do biodiesel, subprodutos da
agroindústria assim como alimentos ricos em fibra dietética (Geron, 2007). Neste
campo, destacam-se o bagaço da cana-de-açúcar, polpa de citrus, casca do grão de soja,
resíduos de fecularias e de farinheiras de mandioca, caroço de algodão, resíduo de
cervejaria e resíduo de girassol (torta) (Geron, 2007). A Macaúba (Acrocomia aculeata)
pode ser uma boa opção para introdução na dieta suína, devido a sua produtividade, que
pode ultrapassar de 30 toneladas/ha, além de ser rústica e bem adaptada às condições do
Cerrado é resistente à seca (Moreira & Sousa, 2009). Assim como a Macaúba, existem
outros alimentos alternativos ricos em fibra que já vem sendo estudados para introdução
na dieta dos suínos.
9
como a palmeira de maior disseminação, com ocorrência de populações naturais da
macaúba em quase todo território.
Os plantios comerciais da macaúba estão consolidados em alguns
estados, como Minas Gerais (Moreira & Sousa, 2009). Os principais benefícios dos
plantios comerciais são: o maior número de indivíduos por hectare e a padronização das
linhas de cultivo, o que possibilitará um grande rendimento das operações silviculturais
e da colheita dos cocos; a seleção preliminar de material genético para a formação de
mudas, plantios que apresentem menor variabilidade na qualidade dos frutos que os
maciços naturais (Miranda et al., 2001).
Pode-se realizar o cultivo da macaúba, que começará a produzir após
cinco anos do plantio, tendo duas colheitas no ano, com média de 20% de óleo, podendo
chegar a 30 ton/ha considerando um plantio com espaçamento de 6x6m2, mas pode-se
plantar de forma adensada utilizando espaçamento de 3x4 (Moreira & Sousa, 2009).
Nas Figuras 1 e 2 podem ser visualizadas a Macaúba e suas estruturas externas e
internas e na Figura 3, a distribuição dos frutos na palmeira.
10
Figura 1. 2 Fruto da Macaúba partido ao meio, evidenciando as suas principais
estruturas internas (Nucci, 2007)
11
A região dos nós da macaúba é coberta de espinhos, pontiagudos com cerca de 10 cm de
comprimento. Comumente, o estipe é revestido pelas bases dos pecíolos, que ficam
aderidas a este por anos. As folhas verdes, orientadas em diversos planos dando um
aspecto plumoso à copa, apresentando aproximadamente 130 folíolos de cada lado e
espinhos na região central (Miranda et al., 2001 e Teixeira, 1996).
A A. aculeata em sua maioria é obtida de forma extrativista, embora já
existam alguns trabalhos sendo desenvolvidos principalmente pelo Centro de Pesquisas
Agropecuárias do Cerrado para o seu cultivo visando à produção de bicombustíveis.
(Moreira & Sousa, 2009)
No Brasil, tem sido considerada como a palmeira de maior disseminação,
com ocorrência de populações naturais em quase todo território, com as maiores
concentrações localizadas em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul,
sendo amplamente espalhada pelas áreas de Cerrado (Ciconini, 2012). A palmeira
começa a produzir após cinco anos do plantio, tendo duas colheitas ao ano, podendo
nascer espontaneamente em pastagens das regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil
(Miranda et al., 2001)
Para que cadeia produtiva da Macaúba possa se estabelecer e aproveitar
todo o potencial que fornece, devem ser desenvolvidas tecnologias para o seu
aproveitamento comercial bem como para o manejo sustentado dos maciços naturais,
possibilitando o financiamento e o licenciamento de empreendimentos que desejem
trabalhar com a espécie para produção de biodiesel (Faria, 2010).
Além da alta produtividade de óleo comparado aos de outras oleaginosas,
a Macaúba tem o potencial de produzir pelo menos dois tipos de óleo, dois tipos de
tortas (utilizadas para ração animal) e o carvão do endocarpo (Moreira & Sousa, 2009).
Quanto ao potencial alimentício, detectaram-se precursores da vitamina A nos frutos
maduros de Macaúba (Hiane et al., 2006 e Carneiro, 2009).
Como os frutos, as folhas podem constituir matéria-prima na obtenção de
fibras destinadas à produção de linhas, cordas e redes; o tronco é utilizado no meio rural
para calhas, moirões, ou ripas e caibros para a construção de casas e paióis. (Carneiro,
2009); o tegumento pode ser utilizado para fazer carvão, de alto poder calórico para uso
em metalúrgicas, operações siderúrgicas, em função de sua composição química,
(Carneiro, 2009); a polpa, adocicada e suavemente aromática, é muito apreciada pelas
crianças sendo usada diretamente ou como farinha, sendo que a mesma só pode ser
obtida dos frutos frescos (Lorenzi et al., 2004, Carneiro, 2009).
12
3.3. Caracterização da fibra dietética:
14
3.5. Fermentação da fibra dietética no trato gastrointestinal dos suínos
16
intestinal, os enterócitos (Breves et al., 2007). Com isso o butirato traz muitos
benefícios para os suínos em relação ao bem-estar, já que o gás regula o crescimento das
células epiteliais, induz a diferenciação e renovação celular no intestino, principalmente
nos suínos mais jovens (Kien et al., 2007). Também aumenta a capacidade de absorção
e digestão no intestino delgado (Claus et al., 2007), regula o crescimento epitelial e ao
mesmo tempo suprime o crescimento de células cancerígenas (Piva et al., 2002). Assim,
o butirato se torna a maior fonte de energia para células epiteliais, promovendo a saúde
intestinal do suíno.
Segundo Noblet & Le Goff (2001), a lignina, sendo indigestível,
influencia na digestibilidade dos outros componentes da dieta, assim há uma relação
inversamente proporcional entre a concentração de lignina e a digestibilidade total da
dieta. Segundo os mesmos autores, pectinas, frutanos e beta-glucanos e outros
componentes da fibra solúvel aumentam a viscosidade da digesta.
Merece destaque também, o efeito inibitório da lignina, um polímero de
álcool fenilpropano, sobre a digestibilidade de alguns constituintes da parede celular do
trato gastrointestinal (Fukushima & Dehority, 2000). Com isso para os monogástricos, o
uso da celulose pelos microrganismos do intestino é demasiadamente prejudicado pelo
pouco tempo de permanência do bolo alimentar no intestino grosso, pois a fibra
aumenta a taxa de passagem da digesta pelo trato (Johnston et al., 2003 e EHLE et al.,
1982). Em decorrência disso, observa-se uma relação inversamente proporcional entre a
fração da fibra presente na dieta e a digestibilidade da matéria seca (King & Taverner,
1975). Essa relação não se aplica para certos tipos de fibras como as encontradas na
casca de soja, polpa de beterraba e farelo de trigo, devido à elevada capacidade de
fermentação dessas fontes de fibra. Scipione e Martelli (2001) trabalharam com
alimentos ricos em fibra, entre eles a polpa de beterraba e silagem de milho, na dieta de
suínos em terminação, sendo observada redução ou eliminação de úlceras gástricas,
doença típica de suínos alimentados com rações com baixos teores de fibras.
A fibra dietética, mesmo com essa contribuição energética, pode
provocar efeitos deletérios sobre os coeficientes de digestibilidade dos principais
componentes alimentares como também pode ocasionar alterações na taxa de absorção
de nutrientes como a proteína, aminoácidos e minerais, e/ou na excreção de nitrogênio
endógeno (Schulze et al., 1994). A parte insolúvel da parede mantém sua integridade
estrutural enquanto o bolo alimentar passa pelo intestino delgado, pois é resistente ao
ataque de microrganismos que atuam nele (Vandehoof, 1998). Assim, segundo o
17
mesmo autor, a capacidade de hidratação é mantida e pode agir como uma barreira
física capaz de reduzir o ingresso das enzimas digestivas no interior das células,
limitando a absorção e digestão dos nutrientes. Com isso, é relevante a escolha com
muito critério não só do tipo e/ou qualidade, como também da quantidade adequada de
fibra para cada categoria animal.
18
Urinária), considerando apenas a perda da EU (Sauvant et al., 2004). O conteúdo de
nutrientes da dieta dos suínos afeta o aproveitamento de ED e EM, pois a eficiência de
regulação da energia para mantença e crescimento é diretamente influenciada pelos
nutrientes da composição da dieta do animal (Noblet, 2001), dentre outros fatores.
Para obtenção da ED (Energia Digestível), é necessário apenas a coleta
das fezes, das sobras de ração e o controle do consumo de alimento, assim a ED possui
uma grande semelhança com a EM (Energia Metabolizável) (Ferreira & Pereira, 2003).
Os mesmos autores relataram que na avaliação nutricional dos alimentos presentes na
dieta, baseando-se apenas na ED, leva a erros sistêmicos, principalmente em
determinados agrupamentos de ingredientes. Com isso, os valores de ED de alimentos
proteicos não levam em consideração as grandes perdas de energia para a síntese de
ureia no fígado, ou do nitrogênio que é excretado na urina do suíno, quando esses
alimentos com elevado índice de proteína são fornecidos para o animal (Villamide et al,
1998).
Nesse sentido, Ferreira & Pereira (2003) destacam que também podem
ocorrer erros na avaliação de alimentos ricos em fibra digestível e a gorduras. Em
relação à fibra digestível, não é calculada a perda energética em decorrência da
fermentação que ocorre principalmente no cólon, liberando metano e calor, quando são
utilizados alimentos com alto teor de fibras. O mesmo comportamento é observado com
as gorduras, em que alimentos ricos em ácidos graxos, o valor da ED é subestimado,
pois a gordura fica mais retida na parede do trato gastrointestinal em relação a outros
nutrientes (Ferreira & Pereira, 2003).
Segundo Noblet & Le Goff (2001), na equação da divisão energética para
os monogástricos, outras perdas energéticas consideráveis ocorrem com a urina, via
compostos nitrogenados e pelos gases produzidos na fermentação, na qual apenas o CH4
(metano) tem importância nutricional para dietas com altos índices de digestibilidade da
fibra dietética. Com isso, o grande desconto para se determinar a energia metabolizável
(EM) em suínos na equação EM = ED – EU – Energia dos gases (CH4), é o da Energia
da Urina (EU), energia perdida para excretar compostos nitrogenados e nutrientes
presentes na dieta do animal.
Na realidade determina-se a EMap (Energia Metabolizável Aparente),
pois não leva-se em consideração as perdas pelo incremento Calórico, especificado na
Figura 1.4, e a energia liquida de mantença, especificado na Figura 1.5. Esses valores
são difíceis de serem medidos, pois necessitam de equipamentos sofisticados e animais
19
fistulados, com isso usa-se comumente a EMap para se determinar a energia útil dos
alimentos estudados.
20
Figura 1. 5 Divisão da EMap para os Suínos (Adaptado de Sakamura & Rostagno,
2007)
21
concentração de nutrientes como o nitrogênio, fósforo e potássio, não têm sido
eficientes para prevenir a degradação dos recursos naturais, principalmente da água
(Konzen, 2001). O excesso de N dos dejetos no meio ambiente terá efeito danoso, pois
deverá se transformado em nitrato e lixiviado para os lençóis freáticos. Segundo o
mesmo autor, uma parte do N das fezes e urina é liberada na forma de amônia, que é
uma substancia muito prejudicial para saúde do animal e humana, por ser muito volátil.
O N dos dejetos dos suínos é consequência da desaminação dos aminoácidos que não
foram aproveitados na síntese de proteína, devido a perda ou excesso de aminoácidos na
alimentação (Moreira et al., 2004).
Para atenuar a contaminação ambiental, existem sistemas de tratamento
de dejetos que tem por objetivo diminuir a carga orgânica poluente produzida pela
suinocultura intensiva. Existem diversos métodos de armazenamento de dejetos. Os
métodos mais utilizados para o tratamento de dejetos suínos são as esterqueiras e lagoas
de estabilização, além de processos de biodigestão e de utilização de serragem para a
compostagem de dejetos.
No entanto, além desses métodos, uma das formas de redução da
quantidade de N no meio ambiente é diminuir a quantidade de proteína das rações,
suplementando o animal com aminoácidos sintéticos. Vários estudos comprovam que o
fornecimento de ração com baixos níveis de PB é uma forma eficiente para redução da
concentração de N nos dejetos (Oliveira et al., 2007). Em contrapartida, existem outros
trabalhos em que a quantidade de proteína da dieta não influenciou significativamente a
retenção de N (Otto et al., 2003).
Lazzeri et al. (2011) observaram que os maiores valores do o N fecal,
para os suínos em crescimento com inclusões de farelo de soja, foram os que ingeriram
os tratamentos com maior quantidade de proteína e com o maior nível de substituição
do alimento teste, ou seja, com a ração mais fibrosa, evidenciando que a quantidade de
fibra também influencia na excreção de N.
22
(ceco, cólon e reto) e ânus Bipers (1999). A capacidade volumétrica (%) de
armazenamento; do estômago, intestino delgado, ceco, (cólon e reto) do suíno é de 29,2;
33,5; 5,6; 31,7, respectivamente (Argenzio, 1998).
Segundo Meyer (2005), o tempo permanência do alimento nas diversas
partes do trato gastrointestinal depende de vários fatores como, a particularidade de
cada animal, a granulometria das partículas, a pureza do alimento e sua digestibilidade.
Além desses fatores, existem outros como, teor de fibra na ração, temperatura do
ambiente, os ingredientes presente na dieta, além da frequência de alimentação e do tipo
de exercício que o animal executa.
O processo de ganho de massa do suíno é um mecanismo complexo, que
envolve o controle de regulações de curtos (homeostase) e longos (homeoresis) ciclos
(Sauvant, 1992). As regulações de curto ciclo envolvem o manejo alimentar, as
instalações, sanidade entre outros. Já as homeoresis são essencialmente de ordem
genética a qual, determina as potencialidades de produção desejáveis (Lovatto &
Sauvant, 2003).
A maior parte da digestão e absorção dos nutrientes nos suínos ocorre no
intestino delgado, que possui características anatômicas adequadas para esta finalidade,
tais como o comprimento, as dobras, as vilosidades e as microvilosidades, que
aumentam significativamente sua superfície de contato e sua eficiência (Bipers, 1999).
Os produtos da digestão são absorvidos nas vilosidades do intestino delgado, onde
existem capilares sanguíneos (via sanguínea) e capilares linfáticos (via linfática). Pela
via linfática são absorvidos ácidos graxos de cadeia longa, vitaminas lipossolúveis e
proteínas, e, pela via sanguínea, são absorvidos carboidratos na forma de
monossacarídeos, aminoácidos, vitaminas hidrossolúveis, minerais e ácidos graxos de
cadeia curta (Bipers, 1999).
23
particularidade de cada animal, a granulometria das partículas, a pureza do alimento,
teor de fibra na ração, temperatura do ambiente, os ingredientes presente na dieta, além
da frequência de alimentação e do tipo de exercício que o animal executa (Meyer,
1995).
A digestibilidade aparente pode ser definida como a proporção do
alimento ingerido, digerida e absorvida pela parede do trato gastrointestinal. Com isso,
quanto maior a digestibilidade (absorção) de uma ração, maior a quantidade de
nutrientes essenciais fornecidos para o animal para as fases de nascimento, crescimento,
reprodução, trabalho e mantença (Carvalho, 1992).
Na teoria, a determinação do total de proteínas e lipídeos ingeridos e
excretados nas fezes do animal fornece o valor preciso da sua digestibilidade. Porém,
em decorrências do que ocorre no trato gastrointestinal, como secreções endógenas e
descamações celulares, apenas uma parte da proteína e/ou gordura encontrada nas fezes
são provenientes do alimento ingerido pelo animal. Com isso considera-se a
digestibilidade aparente, para fins de análise, desconsiderando-se essas perdas
endógenas (Young et al., 1991).
Tem sido aceito mais os coeficientes de digestibilidade aparente por
fornecerem valores mais próximos dos reais como base para a utilização de cada
composto da dieta na alimentação animal (Fuller, 1991).
A escolha da metodologia correta para determinação da digestibilidade é
de fundamental importância (Ítavo et al., 2002). Assim, O Método in vivo, é
considerado um dos mais confiáveis, pois se baseia no estudo das quantidades ingeridas
e excretadas das frações do alimento que se estuda, através da seguinte formula:
24
3.9. Ensaios Metabólicos para se Determinar a Energia dos Alimentos
25
O método de se utilizar níveis crescentes de substituição da ração basal
pelo alimento teste no estudo de digestibilidade se baseia em usar um alimento novo a
ser testado, misturado em proporções crescentes a uma dieta referência pré-estabelecida
(Villamide, 1996).
26
No entanto, o método total de coleta de fezes possui alguns pontos
negativos como disponibilidade de uma boa estrutura de trabalho, técnicos qualificados,
necessidade dos animais ficarem confinados em gaiolas metabólicas por um longo
período, levando-os ao estresse e não podendo realizar o experimento com animal a
pasto (Nascimento, 2001). Outros cuidados que se devem tomar ao se realizar a coleta
total de fezes é evitar sua fermentação e sua contaminação, com a ração, descamação da
pele e perda da excreta durante a coleta, para não interferir nos valores da energia
digestível (ED) e a energia metabolizável (EM) determinados (Sakomura & Rostago,
2007). Para se contornar tais dificuldades, tem-se empregado indicadores que permitem
a estimativa de produção fecal a partir de alíquotas de fezes. Contrariando o método de
coleta total das fezes tem sido proposto o método indireto, por meio do uso de
marcadores nutricionais, que é fundamentado no emprego de uma substância
indicadora, que ao ser ingerido, não deve ser absorvida pelo animal e deve ser
totalmente recuperada nas fezes (Silva et al., 1968).
27
CAPÍTULO 2
1. RESUMO
28
macaúba pode ser utilizado como ingrediente teste na dieta para suínos em crescimento,
porém a porcentagem de inclusão deve ser considerada na ração referência.
29
2. ABSTRACT
Dry matter (DMD), crude protein (CPD) and Fiber (FD) digestibility and Digestible
energy (DE), metabolizable energy (ME) of macauba meal (Acrocomia aculeata) were
evaluated for growing pigs. Dry matter (DMD), crude protein (CPD), Fiber (FD)
digestibility and (DE), (ME) of treatments T1 (0%), T2 (10%) and T3 (20%) plus
nitrogen balance (NB) for growing pigs, through two metabolic assays collection Total
feces and urine. We used 24 castrated male of commercial line, with an initial weight of
approximately 28 kg. The experimental tests were conducted in a complete block
randomized design with three treatments with four animals per treatment/block, totaling
24 experimental units. The treatments were: T1 - Reference Diet (RD), T2 - Test Diet 1
(90% RD+10% macauba meal) and T3 - Test Diet 2 (80% RD+20% macauba meal).
The DMD, CPD and FD for macauba meal were 16.5%, -2.25% and 30.80%, for the
inclusion of 20% in the diet, with no significant difference in the values of inclusion of
10% in the diet. A (DE) for macauba meal in the T2 (10%) and T3 (20%) were,
respectively, 2888.3 and 2900.6 (Kcal / Kg), since the (ME) for the same treatments
were, respectively, 2690.0 and 2680.5 (Kcal / kg), with no significant difference. Dry
matter (DM) digestibility in the T2 and T3 were, respectively, 79.1% and 72.0%, while
the crude protein (CP) digestibility in the T2 and T3 were 77.9% and 71.2%) and Fiber
digestibility for T2 and T3 were 64.3% and 55.7%, respectively, showing significant
difference (P<0,05). In relation to nitrogen balance (NB), there was a significant
difference (P<0,05) in Fecal Nitrogen (FN), showing that the fiber increased excretion
of endogenous nitrogen for pig. Thus, the level of inclusion macauba meal in the diet
interfered with the digestibility of DM, CP and FD. This co-product of macauba can be
used as an ingredient in test diet for growing pigs, but the percentage of inclusion
should be considered in the reference ration.
30
3. INTRODUÇÃO
31
4. MATERIAL E MÉTODOS
32
Tabela 2. 1 Composição calculada e centesimal da dieta referência fornecida para os
suínos em crescimento
Composição centesimal (%)
Milho 67,89
Farelo Soja 28,79
Fosfato Bicálcio 01,07
Calcário 00,65
Cloreto de sódio 00,36
Lisina 00,29
Metionina 00,07
Suplemento mineral e vitamínico* 00,88
Composição calculada (%)
PB 21
Lisina 1,310
Met+Cis 0,780
EM (kcal/kg) 3630
FDN 12
Ca 0,710
Ptotal 0,590
Pdisponível 0,380
K 0,530
Na 0,200
Cl 0,190
*Níveis de garantia por kg de produto: Ca 200gr, N 65gr, Cu 5,87 gr, I 46 mg, P 68 gr, Co 5,8 mg, Fe 2,23 gr, Mg 1,303 mg, Zn 3,9
gr, Se 13 mg, Vit B12 1100 mg, Biotina 1,67 mg, Ác. Fólico 2,66 mg, B6 66,67 mg, Vit D3 100.000 UI, Vit B1 66,66 mg, Vit A
266.000, Vit B2 200 mg, Vit K3 266,67 mg, Ác.Pantotenico 700 mg, Colina 12 gr, Niacina 1,3gr, Vit E 1 gr, BHT 2,0 gr
33
Figura 2. 1 Gaiola Metabólica utilizada no experimento, evidenciando a parte da frente
de coleta das sobras de ração, o comedouro, e os baldes de coleta de urina.
34
Cada ensaio experimental teve duração de 15 dias, sendo os 10 primeiros,
destinados à adaptação dos animais às dietas experimentais e os cinco últimos dias para
a coleta de fezes e urina. Os animais permaneceram em gaiolas metabólicas individuais
alojadas em galpão de alvenaria com livre circulação de ar.
O fornecimento de ração na fase de adaptação foi ajustado diariamente de
acordo com o ganho de peso esperado e na fase de coleta foi ajustado com base no peso
obtido no primeiro dia de coleta e mantido constante até o final do período. A ração
fornecida aos animais foi umedecida com água na proporção de 1:1 (água:ração).
As dietas foram fornecidas duas vezes ao dia as 8 e às 16 horas, com a
seguinte proporção de 55% da dieta fornecida pela manhã e 45% a tarde. Após cada
refeição foi fornecida água ad libitum no comedouro para cada unidade experimental.
As fezes totais foram colhidas e armazenadas uma vez ao dia (8 horas)
em sacos plásticos e congelada à -18ºC para posterior análise. A urina foi recolhida duas
vezes ao dia em um recipiente plástico, contendo 10 ml de solução de ácido clorídrico
1:1 (vol:vol), para evitar fermentação e perda de compostos nitrogenados. O volume de
urina de cada animal foi determinado diariamente, após o fornecimento da dieta matinal.
Uma alíquota de 5% da produção urinária diária de cada animal foi recolhida e
congelada para análises posteriores. Ao final do período de coletas, foi composto um
pool das fezes e outro de urina para cada unidade experimental.
A composição química da torta da polpa da Macaúba, das dietas, das
fezes e da urina foram analisadas no Laboratório de Nutrição Animal da FAV/UnB, e
no Laboratório da Embrapa Agroenergia de acordo com a metodologia descrita por
Silva & Queiroz (1997). As amostras foram analisadas quanto aos valores de energia
bruta em bomba calorimétrica (LECO AC 600), Figura 2.3 e (IKA WORKS C-2000),
Figura 2.4, e os teores de matéria seca total em estufa a 65º e 105º de acordo com
(AOAC, 1980).
35
Figura 2. 3 Bomba Calorimétrica LECO AC-600 utilizada na análise da energia bruta
das rações, sobras de alimento e fezes.
Figura 2. 4 Bomba calorimétrica automática C-2000, marca IKA WORKS, usada para
análise de energia da urina.
36
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
37
Tabela 2. 2 Composição química da torta da polpa da macaúba utilizada no
experimento e aminoácidos totais (AAT) presente
Parâmetro % na MS
Matéria seca (MS) 95,49
Proteína bruta (PB) 5,57
Extrato etéreo (EE) 6,58
Matéria mineral (MM) 3,53
Cálcio (Ca) 0,20
Fósforo (P) 0,15
Fibra em detergente neutro (FDN) 63,19
Fibra em detergente ácido (FDA) 51,26
Aminoácido essencial total (%) na MN
Arginina 0,16
Fenilalanina 0,22
Histidina 0,12
Isoleucina 0,18
Leucina 0,33
Lisina 0,05
Metionina 0,03
Cistina 0,02
Treonina 0,18
Triptofano 0,20
Valina 0,23
Aminoácido não essencial total
Alanina 0,25
Ácido aspártico 0,50
Ácido glutâmico 0,55
Glicina 0,24
Serina 0,28
Tirosina 0,11
Total de AA 3,64
38
A polpa de macaúba apresentou teor de PB e EE maiores que os
observados por Ocanha & Ferrari (2011), que trabalharam com a extração do óleo da
macaúba para o biodiesel, obtendo o coproduto torta da polpa da macaúba, com valores
de PB de 2,7% e de EE de 10,0%. Os resultados para a Matéria Mineral de 3,6% foram
semelhantes ao do presente estudo. Essa variação pode ser considerada normal, pois
trata-se de um alimento de diferentes origens, condição de cultivo, clima, e forma de
prensagem para extração do óleo (Hiane et al., 2006). Desta forma, maiores variações
podem acontecer no valor de energia e na composição química dos ingredientes,
principalmente nos subprodutos, dependendo do processamento empregado, e da
padronização que é utilizada para sua obtenção (Tucci et al., 2003).
Uma das formas para a extração do óleo da macaúba é por prensagem
contínua da polpa, que deve ser seca e adicionada à mistura casca (epicarpo) na polpa
seca objetivando o melhor funcionamento da prensa (Ocanha & Ferrari 2011). Os
autores destacaram a elevada quantidade de óleo presente na polpa, como fator que
dificulta a retirada do óleo por prensagem necessitando a colocação de um material que
proporcione o aumento do atrito, atingindo um rendimento da prensagem contínua da
mistura seca de polpa e casca de 19,77% de óleo, 78,30% de torta da polpa da macaúba
e 1,93% de perdas no processo. A proporção de rendimento de polpa da macaúba em
relação à amêndoa da macaúba é aproximadamente três vezes maior, tornando-se assim
o coproduto gerado em maior quantidade do fruto da macaúba e com maior condição de
uso na agroindústria (Ocanha & Ferrari 2011). Diante do exposto observa-se que a
polpa da macaúba torna-se um alimento viável para utilização na ração de
monogástricos.
Comparando-se com outro alimento fibroso que pode ser utilizado para
suínos em crescimento, a farinha amilácea fina de babaçu (FAF), estudado por Reis
(2009), observa-se uma maior concentração de PB da polpa da macaúba em relação aos
dados de FAF, PB (3,5 %), de MS (84,0%), de FDN (55,4%), FDA (19,8) e de EE
(1,87%), mostrando que a polpa da macaúba é um ingrediente mais energético.
Já em relação à polpa cítrica, outro subproduto pesquisado por Amorim
(2009) para suínos em crescimento, nota-se uma maior concentração da polpa cítrica em
relação à polpa da Macaúba em termos de PB (6,86%), de MM (7,36%), Ca (1,42%) e P
(0,40%) e menor em relação a MS (90,85%).
Os dados das amostras da torta da polpa da macaúba, realizadas em
diferentes condições, evidenciam a necessidade de uma maior padronização do material
39
e um elevado padrão de qualidade entre as amostras, a fim de se obter um subproduto
mais homogêneo com menores erros entre as análises.
Na Tabela 2.3 são apresentados os resultados médios da energia
digestível (ED), da energia metabolizável (EM) do coeficiente de digestibilidade da
matéria seca (CDMS), do coeficiente de digestibilidade da proteína bruta (CDPB) e do
coeficiente de digestibilidade da fibra (CDFDN) da torta da polpa da macaúba.
40
farelo de girassol EM (1.955,0 Kcal/Kg), farelo de mamona (2.084,0 Kcal/Kg) e soja
casca (2.207,0 Kcal/Kg) (Rostagno et al., 2011).
Os coeficientes de digestibilidade da MS (17,6%) para inclusão de 10%
do ingrediente teste na RR, e (16,5%) para inclusão de 20% na RR, são considerados
baixos (Tabela 3). O mesmo comportamento foi observado para o coeficiente de
digestibilidade da fibra, de (34,12%) para a inclusão de 10% na RR e de (30,80%) para
a inclusão de 20% da polpa da macaúba na RR. Normalmente, essa redução da
digestibilidade dos nutrientes acontece quando é fornecida ao animal uma dieta com alto
teor de fibras, pois eleva a viscosidade da digesta no trato gastrointestinal, diminuindo
assim a relação da enzima com seu respectivo substrato pela redução da taxa de
disseminação dos nutrientes no intestino, dificultando a absorção e ampliando a
umidade nas fezes do animal (Bedford, 1996).
Mourinho (2006), que pesquisa com casca de soja (CS), verificou uma
piora na digestibilidade dos nutrientes, devido ao aumento da viscosidade intestinal pelo
uso da CS, como consequência houve redução na digestibilidade dos nutrientes, por
diminuírem o tempo de permanência do alimento no intestino. Além disso, a elevação
da taxa de passagem e o maior gasto de energia para digerir esses nutrientes, são outros
fatores que diminuem a digestibilidade de alimentos fibrosos (Torin, 1991).
A menor digestibilidade da matéria seca (MS) em rações contendo
incremento de FDN pode ser resultante da substituição de uma fonte de carboidrato
altamente digestível por outra de menor digestibilidade, rica em polissacarídeos fibrosos
(Gomes et al., 2007).
Resultados semelhantes com os valores da torta da polpa da macaúba ED
(2.900,6 kcal/kg) e EM (2.680,05 kcal/kg) para uma substituição de 20% na ração
referência (RR), foram encontrados por Quadros et al. (2007), quando trabalharam com
vários subprodutos casca de soja (CS) para suínos na fase de crescimento. Para a casca
de soja integral não ensilada (CSINE) teve como resposta para CDMS 73,82 % e 2.730
Kcal/kg de ED e 2.507 kcal/kg de EM. De acordo com os dados, a casca da soja
apresenta baixa digestibilidade que pode ser explicada devido aos elevados teores de
FDN 56.47%, FDA 42.09 %, presentes na (CS), que pode ser usado de parâmetro para
polpa da macaúba que também apresenta altos níveis de FDN (63,19%) e FDA
(51,26%) e baixa digestibilidade.
A polpa da macaúba apresentou melhores resultados para os valores de
ED (2.888,3 kcal/kg) e EM (2.690,0 kcal/kg) para uma inclusão de 10% do ingrediente
41
teste na RR e de ED (2.900,6 kcal/kg) e EM (2.680,05 kcal/kg), para uma inclusão de
20% na RR, em comparação com o farelo de girassol (FG), ED (2.171 kcal/kg) e EM
(2.036 kcal/kg), fornecidos na dieta de suínos na fase de crescimento, com inclusão na
RR de 7, 14 e 21% do alimento teste. O farelo apresentou o CDMS 56.57 % e alta
quantidade de FB (31,6 %), (Silva et al.,2002), tendo reflexo com a queda da
digestibilidade da energia e dos nutrientes, assim como observado na polpa da macaúba
do presente estudo, em que a elevada quantidade de FND (63,19%) e FDA (51,26%)
diminuiu a digestibilidade da energia da dieta.
Além do elevado teor de FB, FDN e FDA diminuir a absorção de
energia, dos nutrientes e digestibilidade da MS, durante o processo digestivo, Araújo
(2007) observou que para o farelo de trigo, outros fatores influenciam negativamente na
digestibilidade, como fatores antinutricionias, PNA’s, inibidores de tripsina e pentosana.
Em relação a ED da polpa da macaúba em estudo, que foi de (2.900,6)
Kcal/Kg para uma inclusão de 20% na RR, o resultado foi superior ao encontrado na
casca de café melosa (CM), que é extraída no beneficiamento do fruto do café (Poveda
Parra et al., 2008), em ensaio de digestibilidade com suínos em crescimento, cujo o
valor de ED para a (CM) foi de 2498 Kcal/Kg.
Já para os resíduo desidratado de cervejaria (RDC) para suínos em
crescimento, os valores da (ED) e (EM) são de 3.371 e 3.364 kcal/kg, respectivamente,
e o CDMS de 53,72% para uma substituição de 30% do ingrediente teste na RR
(Albuquerque et al. 2011), evidenciando melhores resultados de ED, EM, CDMS em
relação a torta da polpa da macaúba deste estudo.
Segundo Brouns et al. (1994) e Ramonet et al. (1999) apesar dos suínos
serem animais monogástricos, e não possuírem a mesma capacidade de digerir a fração
fibrosa do alimento com a mesma eficiência de um animal ruminante, a fibra dietética
vem sendo utilizada como uma fonte viável de energia para os monogástricos. A fibra
dietética pode contribuir entre 5 e 30% das exigências energéticas de manutenção do
suíno (Gomes et al.,1994).
Assim, o uso de alimentos fibrosos tem sido recomendado com a
finalidade de melhorar o bem estar animal, elevando o teor de ácidos graxos voláteis no
intestino grosso, em razão da fermentação da fibra dietética da dieta no cólon e ceco,
trazendo benefícios para o suíno, como, aumento do índice de renovação das células no
epitélio, aumento do fluxo de sangue do cólon, participação na multiplicação celular do
epitélio do intestino, aumentando assim o muco que protege a parede do mesmo, e por
42
modificar a motilidade do intestino e estimular a vazão do muco intestinal (Brunsgaard,
1998).
O uso de alimentos fibrosos tem como finalidade o bem estar animal,
com o controle do ganho de peso adicional pelo aumento da deposição do tecido
adiposo, assim como diminuir o estresse das fêmeas reprodutoras em restrição
alimentar. Isso se deve a maior capacidade de armazenamento do trato gastrointestinal
de fêmeas gestantes e suínos em terminação, a adaptação gradativa da flora intestinal do
animal, assim como maior número de bactérias celulolíticas presentes no intestino em
comparação aos animais jovens (Ramonet et al., 1999).
Não se tem dados da presença de PNAs na polpa da macaúba, porém
devido à baixa digestibilidade da EB, e consequentemente da ED e EM, desse
ingrediente, mostra-se a necessidade de estudos a respeito da presença e tipos de PNAs
(polissacarídeos não-amiláceo) presentes na polpa da macaúba, para o possível uso de
enzimas exógenas que possibilitem o melhor aproveitamento da fonte de carboidrato da
macaúba.
O coeficiente de digestibilidade da proteína bruta (CDPB) apresentou
valores negativos tanto para inclusão de 10% na RR (- 4,67%), quanto para a inclusão
de 20% na RR (- 2,25%) da polpa da macaúba estudada. Outros autores trabalharam
com alimento altamente fibroso, como casca de arroz e observaram valores negativos
para proteína digestível (- 1,21%) possivelmente pelo alto grau de fibra presente no
alimento, em especial a lignina, na qual a digestibilidade da proteína tende a ser muito
baixa, próximo à zero, visto que o poder de aproveitamento da fibra pelo suíno será
muito irregular, dependendo do tipo de fibra (Fraga et al., 2005).
Assim, dependendo da solubilidade dos seus componentes, as fibras são
divididas em 2 grupos, solúveis, com a capacidade de se ligar à água e formar géis e
insolúveis, fazem parte da estrutura das células vegetais. As fibras solúveis possuem
como constituintes principais a hemicelulose tipo A, pectinas, gomas, mucilagens já as
fibras insolúveis são compostas por lignina, celuloses e hemicelulose tipo B (Tavernari
et al., 2008).
Os valores negativos do coeficiente de digestibilidade da proteína,
observados na polpa da macaúba, também podem ocorrer devido à diminuição da
digestibilidade total da PB em dietas altamente fibrosas, que pode ser atribuída, em
parte, a maior síntese de proteína microbiana no intestino grosso do suíno, levando ao
aumento da excreção de nitrogênio bacteriano (Gomes et al.,2007). Assim, os valores
43
mais elevados da fermentação bacteriana são estimulados quando fibras solúveis são
adicionadas à dieta, promovendo a fermentação bacteriana no cólon do animal e
liberando os ácidos graxos de cadeia curta, entre eles o n-butirato (Claus et al., 2007).
Sendo esse, o promotor da diferenciação e renovação celular no intestino (Kien et al.,
2007).
Com isso, a digestibilidade da proteína da torta da polpa da macaúba
pode estar relacionada com a elevação na excreção do nitrogênio endógeno pelos
suínos, em virtude de um aumento de produção de muco pelas células epiteliais, devido
a uma forma de defesa do organismo pela abrasão física que a fibra promove e pela
maior produção de n-butirato pela fermentação das bactérias no cólon (Gomes, 1996).
Para o balanço de nitrogênio (Tabela 2.4), constatou-se que não houve
diferença significativa entre as dietas com inclusão de 0, 10 e 20% de torta da polpa da
Macaúba para o nitrogênio (N) ingerido, N fecal, N urinário, N excretado, N retido e o
N metabolizável. Porém, houve diferença significativa entre os tratamentos em relação
ao N fecal, atingindo seu maior valor com a inclusão de 20% de Macaúba, corroborando
com os autores que relataram sobre a síntese de proteína microbiana no intestino grosso
do suíno, que leva ao aumento da excreção de nitrogênio bacteriano, nas dietas com
maior teor de fibras.
44
Quando a proteína fornecida na ração dos suínos é de baixa qualidade, ou
provida em excesso para o animal, os aminoácidos não utilizados para síntese proteica
serão catabolizados e utilizados como fonte energética, e o nitrogênio excretado com
ureia. Com isso, o nitrogênio que é excretado na urina e nas fezes, junto com a
deaminaçao da proteína digestível ingerida em excesso, leva a redução da energia
metabolizável (NRC, 1998).
Da mesma maneira, Oliveira et al. (2007) trabalharam com o
metabolismo de nitrogênio em suínos alimentados com dietas com baixos teores de PB,
e concluíram que o teor de proteína na ração é determinante para diminuir a quantidade
de nitrogênio eliminado nas fezes e na urina. Em contrapartida, rações com baixos
teores proteicos mostraram menor retenção do nitrogênio.
Como observado pelo N fecal da polpa da macaúba, que teve seu maior
valor expressado na inclusão de 20% na RR, 0,073%, Lazzeri et al. (2011), estudando o
balanço de nitrogênio de suínos com inclusões de farelo de soja, observaram que os
maiores valores do N excretado e do N fecal foram para aqueles suínos que consumiram
os tratamentos com maiores níveis de proteína e com o maior nível de substituição do
farelo de soja, 25% na RR.
Na Tabela 2.5 são apresentados os dados do efeito da inclusão da torta da
polpa da macaúba na digestibilidade da dieta total, para os tratamentos: (T1) 0% de
inclusão da polpa da macaúba na Ração Referência (RR), (T2) 10% de inclusão da
polpa da macaúba na RR e (T3) 20% de inclusão de polpa da macaúba na RR. Não
houve diferença significativa da ED e EM entre os tratamentos, porém ocorreu
diferença significativa (P<0,05) da DMS, DPB e DFDN entre os tratamentos, havendo
diminuição da digestibilidade da dieta com a maior inclusão de fibra (20%). Estes
resultados são esperados pelo método de substituição utilizado no experimento, que
acarreta desequilíbrio nutricional, pois segundo Kunrath et al. (2010), o nível de
inclusão do alimento teste influência de maneira negativa a digestibilidade total dos
nutrientes da dieta.
45
Tabela 2. 5 Efeitos da inclusão de 10 e 20 % da torta da polpa da macaúba (Acrocomia
aculeata) sobre a digestibilidade da dieta para suínos em crescimento.
Inclusão na Dieta (%) ED EM DMS DPB DFDN
(kcal/Kg) (kcal/Kg) (%) (%) (%)
0 3965,1 3798,7 85,9a 83,9a 74,1a
10 3854,9 3690,3 79,1b 77,9b 64,3b
20 3752,2 3575,1 72,0c 71,2c 55,7c
46
subprodutos com maior nível de FDA e FDN foram os que apresentaram o menores
valores de digestibilidade.
Segundo e Noblet & Le Goff (2001), a lignina, sendo indigestível,
influencia na digestibilidade dos outros componentes da dieta, assim há uma relação
inversamente proporcional entre a concentração de lignina e a digestibilidade total da
dieta.
A fibra dietética, mesmo com essa contribuição energética, pode
provocar efeitos deletérios sobre os coeficientes de digestibilidade dos principais
componentes alimentares como também pode ocasionar alterações na taxa de absorção
de nutrientes como a proteína, aminoácidos e minerais, e/ou na excreção de nitrogênio
endógeno (Schulze et al., 1994). Com isso, é relevante a escolha com muito critério não
só do tipo e/ou qualidade, como também da quantidade adequada de fibra para cada
categoria animal.
47
6. CONCLUSÃO
O nível de inclusão da torta da polpa da macaúba na dieta interferiu nas
digestibilidades da MS, PB e FDN sendo este alimento considerado de baixa qualidade
nutricional para leitões em crescimento, não sendo recomendada sua utilização para esta
categoria.
Sugere-se que em estudos de avaliação nutricional de alimentos,
principalmente fibrosos, a taxa de inclusão de ingrediente teste deve ser considerada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A possibilidade da utilização de alimentos alternativos na alimentação
de suínos dependerá do reconhecimento das suas potencialidades e restrições, de modo
a possibilitarem redução dos custos de produção, com reflexos diretos sobre a
viabilidade e rentabilidade da suinocultura. Em tese, há ingredientes alternativos para
substituição do milho e soja, porém a decisão de usá-los depende de fatores acima
discutidos.
A utilização de enzimas exógenas, em raçoes fibrosas, pode possibilitar
a otimização de ingredientes alternativos com alta concentração de PNAs solúveis,
diminuindo os efeitos indesejáveis desses alimentos e melhorando o desempenho do
suíno.
Com a utilização deste coproduto da macaúba espera-se reduzir o custo
de produção animal e contribuir para redução do impacto ambiental com a destinação
dos resíduos da agroindústria para a cadeia produtiva. Entretanto ainda há a necessidade
de mais experimentos, principalmente quanto ao desempenho zootécnico dos animais.
48
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