4388-Texto Do Artigo-16525-1-10-20130913

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LOGÍSTICA APLICADA À EXPORTAÇÃO - INSTRUMENTO DE

COMPETITIVIDADE
Sérgio Granemann1
Adelaide Figueiredo2

Resumo: Este trabalho é resultado de uma sondagem feita com pequenas e médias
empresas exportadoras do Distrito Federal. É parte de um projeto de Plataforma que
vem sendo coordenado pela Universidade Católica de Brasília e financiado pela Fap-
-DF, que tem o objetivo de formatar um treinamento para a qualificação de gerentes
logísticos para os setores atacadista, supermercadista e agroindustrial localizados na
Região Centro-Oeste.

Introdução
A vantagem competitiva de uma organização depende de inúmeros fatores, tais
como preços competitivos, qualidade dos produtos, concorrentes, aceitação do produto
pelos clientes, fidelidade dos clientes e facilidades de entrada no mercado.
No mercado exportador esses fatores passam a ter um maior peso, pois a con-
corrência torna-se mais acirrada. Isso exige que se tenha um menor custo de produção
e um diferencial nos produtos ofertados.
Neste contexto, a logística é um instrumento que contribui para a redução de
custos e para a agregação de um diferencial aos produtos e serviços ofertados (LAMBERT
et al, 1998; BALLOU, 1993; CHRISTOPHER, 1992; TIXIER, MATHE et COLIN, 1996,
COYLE et al, 1996). Portanto, conhecer a cadeia logística de suprimento e distribuição
da empresa, entender e analisar as suas interfaces com cada processo de produção, é o
primeiro passo para garantir a competitividade no mercado internacional.
É importante destacar que a logística participa atualmente com 25% do produto
interno bruto (Pib), estimado em R$ 800 bilhões (Gazeta Mercantil, 1999). Este assunto
vem despertando cada vez mais atenção por parte das empresas, sejam elas industriais,

1
Professor do Mestrado em Economia de Empresas na Universidade Católica de Brasília – Ucb. Doutor em Economia
de Transportes e Logística pela Université d’Aix-Marseille II. E-mail: [email protected]
2
Professora do Mestrado em Economia de Empresas e do Curso de Administração na Universidade Católica de
Brasília – Ucb. Doutor em Engenharia de Transportes pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade
de São Paulo – Usp. E-mail: [email protected]
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Brazilian Journal of Business Economics
Vol. 1 - nº 1 Setembro - Dezembro 2001

comerciais ou mesmo prestadoras de serviços, porque o gerenciamento e as técnicas


logísticas estão se tornando cada vez mais estratégicos na busca de redução de custos e
de ganhos de competitividade.
Além disso, a alavancagem da logística estimula a expansão de outros segmen-
tos, como por exemplo, a oferta de cursos especializados na área. A falta de mão-de-obra
especializada em gerenciamento logístico é um grande entrave ao efetivo desenvolvi-
mento da logística no Brasil. De fato, a velocidade de expansão do setor é muito maior
que a velocidade de formação de profissionais capacitados para atuar com logística, pois
no Brasil ainda são raros os cursos voltados a este segmento (Gazeta Mercantil, 1999).
A complexidade que envolve a cadeia de suprimentos tem levado os pesquisado-
res a tratar a logística não como um centro de custos, mas como uma potente ferramenta
de agregação de valor aos produtos. Para BOVET & THIAGARAJAN (2000), a logística
permite que o cliente e a empresa conquistem vantagens competitivas. Em síntese, eles
afirmam que a logística deve ser usada não somente na diferenciação do produto, mas
também na diferenciação do serviço.

1. Entraves logísticos para as pequenas e médias empresas exportadoras


Dados sobre a exportação brasileira revelam uma grande concentração nesse
processo. Aproximadamente 180 empresas foram responsáveis por 60% do valor total
exportado pelo País em 1996. Por outro lado, 79% das empresas que exportaram naquele
ano, ou melhor 10.688 empresas, foram responsáveis por apenas 3,27% do valor exportado.
Neste conjunto estão incluídas 5.610 empresas representando 41,8% do total e respondendo
por uma parcela insignificante no total do valor exportado – cerca de 0,19%. Conside-
rando que o governo tem uma meta de exportar até 2002 o equivalente a 100 bilhões de
dólares, é, portanto, necessário implementar ações que permitam, de um lado, alavancar as
exportações em geral e, de outro lado, incluir as pequenas e médias empresas no mercado
internacional (Sebrae, 1998).
Vários outros trabalhos se preocupam em identificar as dificuldades e obstáculos
com os quais as empresas brasileiras deparam quando iniciam processos de exportação de
seus produtos. Dentre eles pode-se destacar uma outra pesquisa realizada pelo Sebrae em
1998. Esta pesquisa teve o propósito de identificar as características, as condições, as
dificuldades e as possibilidades encontradas pelas pequenas e micro empresas brasilei-
ras nos processos de exportação. Os resultados obtidos configuram o seguinte quadro:
77,9% dos exportadores afirmaram que o fator que mais influência o preço do produto
de exportação é o custo de produção, seguidos por impostos e taxas com 48,1% e custos
de exportação com 45,0%. Diante destes fatores, o trabalho concluiu que a utilização de
modernos meios e técnicas no processo produtivo e a implantação de métodos eficientes
na administração da produção, permitindo ganhos crescentes de produtividade, é a opção
estratégica para as empresas exportadoras, contribuindo para a formação de preços em
padrões internacionais (Sebrae, 1998).

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O mesmo estudo do Sebrae mostra que os principais problemas enfrentados


pelas empresas para ter acesso ao mercado internacional são, além da burocracia (69%
dos entrevistados), os custos portuários (39% das indicações), o preço não competitivo
(36%), o financiamento interno (35% das indicações) e os custos de transporte que ti-
veram 31% das indicações. Neste último item houve a maior diferença de opinião entre
grupos exportadores e grupos não exportadores – 31% das indicações no grupo expor-
tador contra apenas 15% no grupo das empresas não exportadoras. Isto significa que o
empresário com experiência em exportação conhece as reais dificuldade de transporte
e imputa a este maior importância que o empresário não exportador.
Uma outra pesquisa realizada em 1999, por meio de uma parceria entre a Ameri-
can Chamber of Commerce de São Paulo - AMCHAM –SP e a Escola de Administração
de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), teve como objetivo principal avaliar
os lead times médios das empresas exportadoras, uma vez que o tempo é um dos mais
importantes parâmetros para a competitividade, pois ele condiciona o prazo de entrega
do produto ao cliente (AMCHAM, 1999).
Os resultados dessa pesquisa indicam que o lead-time das empresas brasilei-
ras é de 124 dias, ou seja, este é o tempo médio que as empresas levam para importar
insumos, produzir e entregar bens de exportação, enquanto que o prazo ideal é de 61
dias. Essa demora pode representar para muitas empresas um custo adicional de mais
de US$ 1 milhão. Portanto, para incrementar a competitividade global do País para os
níveis compatíveis com o porte de sua economia, o estudo recomenda às empresas as
seguintes estratégias: tratar lead-time como fator essencial tanto para a competitivida-
de global quanto para a nacional; fazer benchmarking; buscar a integração da cadeia
produtiva (supply chain), por meio de parcerias com fornecedores e clientes e reduzir
o lead-time em toda a sua extensão.
Destaca-se também o trabalho de LIMA et al (1998) que analisa os principais
problemas enfrentados pelos exportadores brasileiros do setor de manufaturados. Naquele
trabalho os autores realizam um panorama dos obstáculos que impedem a montagem de
eficientes sistemas de logística para escoar a produção ao exterior de empresas da Região
Sudeste. Três dos itens apontados como entraves efetivos ao processo de exportação
são as tarifas portuárias, o frete internacional e o frete doméstico. É importante dizer
que estes entraves estão relacionados às deficiências nos serviços de infra-estrutura
logística brasileiros. Esse estudo conclui que os obstáculos existentes impedem que os
exportadores brasileiros consigam sincronizar o ciclo de movimentação de suas cargas
com os demais segmentos da cadeia de produção internacional
Assim, todas as pesquisas citadas demonstram que os obstáculos logísticos
são preponderantes na redução de competitividade e no aumento das dificuldades de
exportação para as empresas brasileiras.

2. Pesquisa e análise de resultados


2.1. Aplicação da pesquisa

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A metodologia de levantamento dos obstáculos logísticos visando a obter infor-


mações para ancorar a proposta de um treinamento em logística moldado para pequenas
e médias empresas exportadoras baseou-se em duas fases principais.
Em um primeiro momento foram identificados os principais obstáculos logís-
ticos enfrentados pelas empresas do Distrito Federal nos seus processos de exportação.
O levantamento dos obstáculos foi realizado por meio de um questionário aplicado
diretamente com os dirigentes das empresas exportadoras. Esse levantamento teve como
objetivo validar e priorizar os entraves logísticos identificados na bibliografia existente,
no âmbito da realidade dos exportadores do Distrito Federal. Dentre os entraves logís-
ticos identificados a partir de outras pesquisas, pode-se destacar: distância de portos,
baixa capacitação de mão-de-obra, freqüência de navios, custos de embalagem, custo
de manuseio (embarques inicial e intermediário), armazenagem, falta de alternativa de
transporte, custos de fretes, tempo de trânsito total, cumprimento dos prazos exigidos
pelo importador e fluxo de informação (Sebrae, 1998; AMCHAM, 1999).
Para viabilizar esse levantamento, trabalhou-se com uma amostra não probabi-
lística (HIRANO, 1979; SOMMER & SOMMER, 1986, p.197-204) representada pelo
Presidente da Associação Comercial da Ceilândia – DF, associação que congrega 200
empresas, sendo que destas 15% já exportam seus produtos regularmente para o Japão,
África, Àsia e alguns países europeus e, por um médio empresário do setor eletrônico
que exporta principalmente para o Mercosul.
A aplicação da entrevista teve como objetivo solicitar ao exportador que atri-
buísse um grau de prioridade conforme o seu entendimento em relação aos entraves
citados. Para isso, utilizou-se a seguinte escala:
1- representa um entrave absoluto;
2- representa um entrave de muita importância;
3- representa um entrave de importância;
4- representa um entrave de média importância;
5- representa um entrave de fraca importância.
Os resultados encontrados indicam, em ordem de importância os seguintes en-
traves:
1. Classificados como de muita importância (valor atribuído =2-2,9):
Custos de fretes domésticos.
Falta de alternativas de transporte.
Informação.
2. Classificados como de importância (valor atribuído=3-3,9):
Custo de embalagem.
Custo de manuseio.
Baixa capacitação da mão-de-obra.
Freqüência de navios.

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3. Classificados como de média importância (valor atribuído = 4 –4,9):


Armazenagem.
Cumprimento dos prazos exigidos pelo importador.
Tempo de trânsito total .
4. Classificados como de fraca importância (valor atribuído=5):
Distância dos portos.
Além da priorização desses entraves, os entrevistados que representam as mé-
dias e pequenas empresas citaram outros que interferem diretamente na cadeia logística,
Figura 1 - Importância dos obstáculos logísticos segundo pequenas e médias
empresas exportadoras do DF

tais como: burocracia, aduana (muito tempo para liberar a mercadoria), dificuldade de
operação do software de exportação da Receita Federal e falta de linhas de financiamento
que realmente beneficiem as pequenas e médias empresas.
A figura 1 sintetiza os resultados encontrados.
Em um segundo momento, utilizando o Método Analytic Hierarchy Process -
AHP (Saaty, 1991), foram priorizadas as principais estratégias a serem implementadas
para amenizar ou resolver os entraves logísticos detectados junto às empresas expor-
tadoras. Esta etapa teve como objetivo principal a priorização de ações que poderiam
contribuir para aumentar a competitividade da pequenas e médias empresas no mercado
internacional.
Para tanto, aplicou-se o método AHP com sua construção alicerçada em três

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grandes níveis: meta a ser alcançada, critérios de apoio à decisão e alternativas de


ações para aumentar a competitividade das pequenas e médias empresas no mercado
internacional.
A aplicação do AHP tem por objetivo calcular, de um lado, a importância relativa
dos critérios de decisão e, de outro, o nível de preferência das diferentes alternativas.
Os resultados são apresentados na seguinte forma matricial:

devendo satisfazer às seguintes condições:


onde:
a: comparação paritária entre os critérios;
α: valor de intensidade de importância ou preferência.
Tendo as importâncias relativas dos critérios e os níveis de preferência das
alternativas, parte-se para a valoração global de cada uma das alternativas, segundo o
método da soma ponderada, assim calculado:

com =1 e 0<pj<1 (j= 1, ... , n), onde:


V(a) é o valor global do plano de ações analisado;
pj é a importância relativa do critério j; e
vj é o nível de preferência das alternativas no critério j.
Finalmente, o método AHP faz a análise de sensibilidade dos resultados en-
contrados com o intuito de avaliar o desempenho das alternativas em relação a cada
um dos critérios e de investigar a sensibilidade do modelo às variações nos índices de
importância relativa dos critérios em função de possíveis mudanças de julgamentos dos
tomadores de decisão.
A análise de sensibilidade é necessária pelo fato dos julgamentos dos deciso-
res serem mutantes ao longo do tempo. Assim, esse tipo de análise permite investigar
a amplitude dos intervalos de variação nos índices de importância relativa dos critérios
que não acarreta mudanças nos desempenhos dos planos de ações.
Para a realização da pesquisa com o uso do AHP foram considerados os resul-
tados obtidos no levantamento dos obstáculos logísticos feito no primeiro levantamento.
Com base neles, adotaram-se os seguintes parâmetros como critérios de apoio à decisão:
 Custos logísticos - custos de transporte, armazenagem, manutenção de

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estoques, processamento de pedidos, manuseio de materiais e as noções de


compensação de custos (trade off) e de custo total.
 Prazo de entrega - prazo estabelecido entre o exportador e o importador para
a entrega do produto no destino final.
 Confiabilidade do prazo - variabilidades no prazo de entrega prometido pelo
exportador.
 Perdas e danos - avarias ocorridas nos produtos durante as atividades logís-
ticas (armazenagem, transporte, manuseio) de entrega das mercadorias ao
cliente.
 Freqüência de entrega - periodicidade que os produtos podem ser entregues
ao cliente.
 Apoio pós-venda - assistência dada ao cliente após a entrega do produto.
Para implementar um melhor desempenho desses critérios na cadeia logística
foram definidos os seguintes treinamentos:
 Treinamento no Gerenciamento da Cadeia Logística - trata-se de qualificação
voltada ao treinamento de gerentes para administrar de forma sistêmica toda
a cadeia logística.
 Treinamento em Custos Logísticos e serviço ao cliente - trata-se da prepa-
ração do gerente em determinar e gerenciar os custos da cadeia logística
garantindo o melhor nível de serviço possível ao cliente, inclusive, incorpo-
rando nas análises os conceitos de compensação de custos entre as atividades

Figura 2 - Estrutura do modelo AHP na aplicação da pesquisa

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logísticas e de custo total.


 Treinamento em Transporte, Armazenagem e Estoque - trata-se de capacitar
o administrador da cadeia logística para análise e avaliação da seleção do
modal de transporte, da gestão da frota (própria ou terceirizada), do número
de veículos, da localização, dimensionamento e quantidade de armazéns, do
controle e gerenciamento de estoques, entre outros aspectos.
A estruturação do modelo (Saaty, 1991) para aplicação do AHP está represen-
tada na figura 2.
Na realização da pesquisa foi solicitado a cada entrevistado que atribuísse, de
acordo com sua preferência, a escala de predominância dos critérios e das alternativas
que poderiam contribuir para melhorar a competitividade das pequenas e médias em-
presas no mercado internacional.
A escala utilizada está apresentada na tabela I a seguir:
Tabela 1 - Escala de Predominância
Intensidade Definição Explicação
1 mesma importância as duas atividades contribuem igualmente
3 importância pequena de uma atividade levemente favorecida
uma sobre a outra
5 importância essencial ou grande uma atividade fortemente favorecida
7 importância forte uma atividade favorecida com
alto grau de certeza
9 importância absoluta uma atividade favorecida com
absoluto grau de certeza
2,4,6,8 valores intermediários refinamento da escala
RECÍPROCOS Inversão da ordem de comparação se a é x vezes maior que b, b
é 1/x vezes maior que a

2.2. Análise dos resultados

Figura 3 - Predominância dos critérios – Média Empresa Exportadora

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A aplicação do modelo do AHP visando a identificar o tipo de treinamento mais


adequado para ajudar as pequenas e médias empresas a aumentarem a sua competiti-
vidade no mercado internacional e, por conseqüência, a aumentarem seu quantum de
exportações, teve os seguintes resultados:
Na Empresa de Porte Médio predominam os seguintes critérios de decisão:
Figura 4- Predominância das alternativas - Média Empresa Exportadora

custos logísticos com 45%, seguidos de perdas e danos com 28%, freqüência de entrega
com 9%, prazo de entrega com 8%, confiabilidade do prazo com 6% e apoio pós-venda
com 4%. Os resultados estão apresentados na figura 3.
No que diz respeito à predominância das alternativas em função do conjunto
de critérios, ou seja, no conjunto de entraves logísticos levantados, a média empresa
Figura 5- Predominância dos critérios - Pequenas Empresas Exportadoras

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considera como predominante o treinamento em gerenciamento da cadeia logística


(56,8%), seguido de treinamento em transporte, armazenagem e estoque (28,2%) e de
custos logísticos e serviço ao cliente (15%). A figura 4 sintetiza esses resultados.
Para as Empresas de Pequeno Porte os resultados obtidos estão apresentados a seguir.
Predominância dos Critérios: predomina como mais relevante o critério perdas

e danos (33%), seguido de freqüência de entrega (28%), custos logísticos (20%), prazo
de entrega e confiabilidade do prazo (8%) e apoio pós-venda (3%). A figura 5 sintetiza
esses resultados.
Predominância das Alternativas - os resultados encontrados apresentam como
predominante o treinamento em transporte, armazenagem e estoque (36%), seguido do
treinamento em gerenciamento da cadeia logística (35%) e do treinamento em custos
logísticos e serviço ao cliente (29%). A figura 6 mostra esses resultados.

Figura 6- Predominância das alternativas - Pequenas Empresas Exportadoras


Análise de sensibilidade - a análise de sensibilidade dos resultados da pesquisa
demonstrou que existe, de maneira geral, uma estabilidade das predominâncias das al-
ternativas, mesmo que ocorra uma variação percentual no peso dos critérios escolhidos,
conforme resultados apresentados (figura 7):
 Custos logísticos - se o peso do critério variar entre 20% e 100% não há
variação das alternativas escolhidas pelos entrevistados.
 Prazo de entrega - se o peso deste critério variar entre 8% e 80% continuam

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predominando as alternativas escolhidas pelos entrevistados.


 Confiabilidade do prazo - não há nenhuma alteração de predominância da
alternativa no intervalo de 0 a 100%.
 Perdas e danos - demonstrou ser o critério mais sensível. Seu intervalo de
Figura 7- Análise de sensibilidade de predominâncias das alternativas

estabilidade está entre 35 e 40%. Qualquer alteração abaixo ou acima deste


intervalo acarretará uma mudança de predominância das alternativas.
 Freqüência de entrega - o intervalo estável está entre 30 e 100%.
 Apoio pós-venda - é o segundo critério com maior grau de sensibilidade.
Seu intervalo de estabilidade está entre 20 e 40%. Acima de 40% há uma
inversão de predominância entre a segunda e a terceira alternativas.
Os resultados estão sintetizados na figura 7.

Conclusão
As pesquisas realizadas com a amostra de empresas do DF mostram claramente
que as dificuldades para micros, pequenas e médias empresas exportarem seus produtos
são enormes. Essas dificuldades são em grande parte ligadas às deficiências de infra-
-estrutura e gestão logísticas nas diferentes cadeias produtivas. Os pequenos e médios
empresários não possuem nem a tecnologia, nem dominam as técnicas necessárias ao
gerenciamento logístico para escoar suas mercadorias ao exterior. Pode-se inferir dessas
lacunas duas observações:
- Há um grande mercado para os já “famosos” operadores logísticos, ou seja,

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para aquelas empresas que, além de transportar as mercadorias de um ponto


a outro da cadeia produtiva, oferecem aos seus clientes serviços logísticos
adicionais como armazenagem, controle de estoques, definição do nível de
serviço logístico, trâmites aduaneiros, embalagem, entre outros serviços. Este
é um grande filão para treinamento em nível gerencial, pois, se já são raras
as escolas no Brasil que trazem em seus currículos cursos ou disciplinas de
logística, são inexistentes os cursos sobre operadores logísticos. Inclusive, a
necessidade de um ator para se encarregar dos processos logísticos ao longo
das cadeias de exportação foi apontada pelas empresas pesquisadas.
- O método utilizado na pesquisa se revelou eficiente para levantar as principais
necessidades de treinamento logístico voltado para as pequenas e médias em-
presas exportadoras do DF. Assim, ele constitui-se em um instrumento de apoio
à formatação de programas de treinamento adaptados às reais necessidades do
setor.

Bibliografia

AMCHAM. Estudo sobre a competitividade global da empresa brasileira na dimensão


tempo. São Paulo: FGV, 1999.
BALLOU, R. Logística empresarial. São Paulo: Atlas, 1993.
BOVET, D. & THIAGARAJAN, S. Logística orientada para o cliente. In: HSM Mana-
gement, nº 18, janeiro-fevereiro de 2000, pp. 122-128.
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COYLE, J.; BARDI, E. & LANGLEY Jr., C. J. The management of business logistics.
St. Paul: West Publishing Company, 1996.
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HIRANO, S. (org.) Pesquisa social - projeto e planejamento. São Paulo: T. A. Queiroz,
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LAMBERT, D.; STOCK, J. & VANTINE, J. Administração estratégica da logística.
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