Apostila Daniel e Apocalipse 2024

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Uma abordagem Teológica

Daniel e Apocalipse – O plano profético de Deus

INTRODUÇÃO
As abordagens necessárias para um entendimento dos últimos dias, devem ser
conectadas à dimensão bíblica e suas dinâmicas, sem esquecer, em momento algum, a
autoridade das Escrituras sobre o assunto.
Daniel e Apocalipse é uma matéria complexa na estrutura escatológica, mas
absolutamente necessária ao entendimento dos fatos que examinamos, pois se
interligam, se completam, se explicam como bem nos disse Antônio Gilberto:
“Ambos esses livros se combinam, completam-se. Não se deve estudar um sem
o outro. O estudo deles é importantíssimo para o fiel cristão que espera seu
Senhor, uma vez que estamos nos "tempos do fim". O leitor deve ler aqui Daniel
8.17,19; 10.14; 11.35; 12.4; e Apocalipse 1.3”.
Por isso, vamos nos debruçar sobre tão importante assunto e nos deixar levar pelas
profecias bíblicas na dimensão da revelação divina.
CARACTERÍSTICAS DE DANIEL E APOCALIPSE
O livro de Daniel e o livro de Apocalipse têm muito em comum, embora em certos
aspectos importantes eles sejam diferentes. As crises dramáticas, o choque de forças em
uma escala cósmica e a ênfase acerca do fim dos tempos aparecem nos dois livros.
Muitas das imagens simbólicas de Daniel estão refletidas no livro de Apocalipse. Os
animais com chifres em Daniel, representando poderes terrenos, encontram seu
correlativo nos animais do Apocalipse. Nos dois livros encontramos uma visão do
Glorioso cuja presença impressiona o espectador. Em ambos os livros lemos a respeito
de tronos e do trono em que está assentado o ancião de dias. Ambos retratam o clímax
da história, quando os reinos dos homens se submetem ao reino triunfante e eterno de
Deus.
Paralelismo entre os dois Livros
O paralelismo entre os dois livros é também notável, sendo que Daniel ocupa-se
principalmente dos "tempos dos gentios", que se mencionam em Lucas 21.24: "Cairão ao
fio da espada e serão levados cativos para todas as nações; e, até que os tempos dos
gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles".
Já o Apocalipse salienta a "plenitude dos gentios": "Porque não quero irmãos, que
ignoreis este mistério, para que não sejais presumidos em vós mesmos, que veio
endurecimento em parte a Israel, até que haja entrado a plenitude dos gentios" (Rm
11.25).
A expressão "tempos dos gentios" tem a ver com o aspecto político mundial, referindo-
se ao tempo em que os gentios têm supremacia sobre Israel, o que começou com o exílio
babilônico. Mas o alcance da expressão vai além disso; ela aponta para o dia da
supremacia final da restaurada nação israelita, durante o reino milenial de Cristo.
A expressão "plenitude dos gentios" tem aspecto espiritual, destacando a supremacia
celestial da Igreja triunfando contra o mal e, por fim, reinando o seu divino Esposo, como
vemos no epílogo do Apocalipse.

NARRATIVAS PROFÉTICAS
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Daniel e Apocalipse – O plano profético de Deus

Profecia é o que Deus diz sobre o futuro. Deus pode prenunciar as coisas que estão
por vir antes de elas acontecerem. A profecia é única porque revela os planos de Deus.
E Deus pode e irá fazer o que diz. Ele anuncia: "Lembrem-se das coisas passadas, das
coisas muito antigas! Eu sou Deus, e não há nenhum outro; eu sou Deus, e não há
nenhum como eu. Desde o início faço conhecido o fim, desde tempos remotos, o que
ainda virá. Digo: Meu propósito permanecerá em pé, e farei tudo o que me agrada” (Isaías
46:9-10). Simplificando, Deus conhece o futuro — que está nas mãos dele. O que ele diz
é profecia. E não pode ser alterado.
As profecias
Ao longo dos tempos bíblicos, Deus falou com homens de grande caráter. Esses
homens especiais registraram as palavras divinas. Deus foi o autor dessas palavras, e os
homens as registraram.
E as partes que eles escreveram relacionadas a acontecimentos futuros chamam-se
profecias.
Cerca de quarenta escritores diferentes escreveram a Bíblia durante um período de
várias centenas de anos. Eles a registraram em 66 volumes, chamados livros, que estão
divididos em duas seções: um "Antigo” Testamento com 39 livros e um “Novo” Testamento
com 27 livros. Séculos mais tarde, os estudiosos das Escrituras dividiram o texto em
capítulos e versículos.
Todos os homens que registraram as palavras de Deus eram judeus, exceto, talvez,
Lucas. (Lucas era, sem dúvida, um estudioso de assuntos judaicos, mas algumas
autoridades acreditam que ele era grego por causa de seus antepassados.) Cerca de
40% do que esses homens escreveram são profecias.
Os Profetas
Há uma praga de falsos profetas hoje, uma praga de pessoas que dizem saber a
verdade. Mas, na realidade, você não pode confiar que esses falsos profetas lhe dirão a
verdade ou irão interpretá-la. Infelizmente muitas pessoas que dizem falar em nome de
Deus mais escondem do que revelam a verdade. Algumas dessas pessoas podem ser
teólogos, professores de seminário e até mesmo pregadores, mas, em se tratando de
entender as profecias, não são melhores que a seção de horóscopo de um jornal comum
nem melhores que os médiuns da sua cidade.
A Bíblia adverte que não devemos acrescentar nem tirar nada do que ela diz. Você
mesmo pode conferir: veja Deuteronômio 4:2; 12:32; Provérbios 30:6 ou Apocalipse
22:18-19. As pessoas que não têm o cuidado de cumprir isso vão contra um ensinamento
muito básico da Bíblia. Uma pessoa que fala com um conhecimento profundo de Deus
não dirá nada que seja contrário à Palavra de Deus. Mas uma pessoa que fala pelo motivo
errado dirá muita coisa que simplesmente não é verdade. Como dizem as Escrituras,
Deus "frustra as palavras dos infiéis” (Provérbios 22:12).
"Que é a verdade?”, perguntou Pôncio Pilatos a Jesus (João 18:38). Esta é uma boa
pergunta, mas Pilatos não estava fazendo uma pergunta a Jesus porque queria saber a
resposta. Uma vez que era um cínico, Pilatos estava insinuando que verdade é tudo
aquilo que os que têm autoridade querem que seja. Mas a verdade não é o que quem
está em uma posição elevada quer que seja. A verdade é a Palavra de Deus. Ao orar,
Jesus disse: ‘A tua palavra é a verdade” (João 17.17). O ponto principal é este: o único
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Daniel e Apocalipse – O plano profético de Deus

profeta moderno que é digno de ser ouvido é o que se atém à Bíblia. Este palestrante ou
mestre crê na Palavra e glorifica a Deus.
Os Livros Proféticos
A literatura profética é variada e faz dessa condição uma de suas identidades.
Enquanto os livros históricos ou sapienciais têm um gênero literário homogêneo, os
proféticos envolvem muitos gêneros, e isso os distingue dos demais.
Os livros proféticos apresentam vários tipos de narrativa. Eles dão informações a
respeito da vida e da profissão do profeta. Em geral, propõem-se dois tipos. O primeiro
pode ser designado de relatos da vocação (Jr 1.4-19; Am 7.14-17).
Falam do chamado e da comissão para o ofício profético. Servem para informar aos
ouvintes e lhes garantir que os profetas têm um papel autêntico de ministros de Deus.
O segundo tipo apresenta informações biográficas (Jr 26—29; 34—35) e
autobiográficas (cf. Ez 24.15-27) do profeta.
A Sequência dos Acontecimentos Proféticos
Quando pensamos em profecia, normalmente pensamos no futuro. Mas, primeiro,
aqui estão quatro perguntas importantes que merecem ser examinadas:
1. As profecias cumprem-se ao pé da Letra? Nossa interpretação da Bíblia é literal em
seu sentido simples. É possível que outros que escrevem ou falam sobre as profecias
interpretem a Bíblia de maneira simbólica ou alegórica. Essas pessoas acreditam que as
passagens proféticas são apenas grandes ideias ou verdades eternas e ficam se
perguntando por que elas causam tanto alvoroço.
2. Quais profecias já se cumpriram? Algumas profecias, tais como a da primeira vinda de
Jesus, se cumpriram. Acreditamos que outras profecias, como a da Era da Igreja, estão
se cumprindo neste momento e ainda outras são para o futuro. Alguns especialistas da
Bíblia discordam; para eles, todas as profecias já se cumpriram.
3. Quais profecias não se cumpriram? A Segunda Vinda de Cristo é uma das profecias
que ainda não se cumpriram. Acreditamos que o período da Tributação ainda não ocorreu.
Outros estudiosos da Bíblia acreditam que a fome, os terremotos e as catástrofes que
vivemos hoje são os acontecimentos prenunciados pela Bíblia. Todavia, outros
estudiosos acreditam que nada está se cumprindo no momento. Para eles, são questões
para o futuro.
4. Quando e como se cumprirão as profecias ainda não realizadas? Acredito que em
algumas ocasiões a Bíblia dá informações suficientes para sabermos o momento exato
em que uma profecia se cumpriu ou se cumprirá. Em outras, ela dá indícios suficientes
que contextualizam a profecia em um determinado período de tempo, mesmo que não
saibamos o dia exato ou a hora em que se dará esse período de tempo.
1. LIVRO DE DANIEL
Na organização judaica dos livros do AT, Daniel não se encontra na segunda parte
(os Profetas), mas na terceira (o Kethubhim: os Escritos). Alguns estudiosos acreditam
que isto se deve ao fato de o livro de Daniel ter sido escrito muito tempo depois da maioria
dos livros proféticos, após o encerramento dessa seção. Em sentido estrito, Daniel não

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Daniel e Apocalipse – O plano profético de Deus

era um profeta, mas um estadista na corte dos monarcas pagãos da Babilônia e da


Pérsia.
Possuía o dom da profecia, mas não assumiu o ofício de um profeta. Neste sentido,
Cristo confirma a historicidade de Daniel e refere-se a ele como um profeta (Mt 24-15).
Daniel está incluído entre os profetas maiores. Sua posição é de destaque junto aos
profetas mais importantes como Isaías, Jeremias e Ezequiel.
Daniel, ainda muito jovem, começou servindo fielmente a Deus em terra estranha.
Levou uma vida imaculada em meio ao paganismo, idolatria e ocultismo da corte
babilônica. Foi semelhante a José em piedade e pureza.
Seguiu para Babilônia como cativo, na primeira leva de exilados de Judá, em 606
a.C., quando tinha entre 14 e 16 anos de idade. Ali viveu no palácio de Nabucodonosor,
como estudante, estadista e profeta de Deus, atravessando o reinado de todos os reis
babilônicos, exceto o primeiro deles - Nabopolassar, pai de Nabucodonosor, fundador do
-Império neobabilônico. Chegou ao Império Persa, sob Ciro (6.28; 10.1). Prestou cerca
de setenta e dois anos de abnegados serviços a Deus e ao próximo!
1.1. Época e local do livro.
O livro de Daniel foi escrito em 606-534 a.C., durante o exílio do povo de Deus em
Babilônia. (O exílio foi mesmo de 606 a 536 a.C.) Babilônia era a capital do império. (Susã,
a capital de Ciro, no Elão, é mencionada no livro - 8.2 mas numa visão de Daniel)
1.2. Divisão do livro.
Parte histórica (capítulos 1 a 6) - Uma espécie de biografia de Daniel, havendo também
o elemento profético, especialmente no capítulo 2.
Parte profética (capítulos 7 a 12) - Visão geral e pormenorizada dos últimos impérios
mundiais dos tempos dos gentios, sucedidos pelo reino dos santos do Altíssimo (7.22).
Em suma, o livro revela o domínio de Deus sobre os reinos do mundo, bem como o
estabelecimento do seu próprio reino.
O Livro de Daniel apresenta seis reinos: Babilônia - a cabeça de ouro (Dn 2:36-38) e o
leão alado (Dn 7:4); Média-Pérsia – braços e peito de prata (Dn 2:32, 39) e o urso (Dn
7:5); Grécia - os quadris de bronze (Dn 2:32, 39) e o leopardo (Dn 7:6); Roma – as pernas
de ferro (Dn 2:33, 40) e "o animal terrível" (Dn 7:7); o reino do anticristo - os dez artelhos
de barro (Dn 2:41-43) e o chifre pequeno (Dn 7:8); e o reino de Cristo - a pedra que
esmiuça e enche a Terra (Dn 2:34, 35, 44, 45) e o Ancião de Dias (Dn 7:9-14).
1.3. Tema do livro.
Deus revela o profundo e o escondido, e governa os reinos dos homens, como está
escrito: "Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com ele
mora a luz" (2.22). "Até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos
homens, e o dá a quem quer" (4.25).
1.4. Objetivo do livro
a. Revelar o futuro do mundo gentílico.
b. Revelar o futuro da nação israelita.

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Daniel e Apocalipse – O plano profético de Deus

O início da história de Daniel situa-se a partir de 2 Crônicas 36. 6,7 e 2 Reis 24.1 no
reinado de Jeoaquim.
Após Daniel, vem o relato de Esdras, Neemias e Ester, se bem que a história de Ester
ocorre entre os capítulos 6 e 7 do livro de Esdras.
1.5. Ambiente para Estudar o Livro
A. Daniel, o homem em si
1. O nome “Daniel” significa “Deus é meu juiz”.
2. Daniel era um homem de fé profunda e persistente. Quando jovem, “resolveu...,
firmemente, não contaminar-se” (1:8), mesmo quando nesse tempo ele estivesse
desobedecendo uma ordem do rei sob o qual ele estava cativo. O princípio de obedecer
a Deus acima do homem guiou-o através de toda a sua vida e foi exemplificado
novamente quando era um velho, talvez perto dos noventa anos, quando ele foi lançado
na cova dos leões por recusar uma ordem do rei (Dn 6).
3. Daniel foi abençoado por Deus por causa desta fé. Ele serviu, como estadista,
conselheiro e profeta de Deus, aos reis da Babilônia e mais tarde aos reis dos medos e
dos persas. Ele anunciou destemidamente aos reis ateus que Deus impera nos reinos
dos homens.
4. Daniel era um contemporâneo tanto de Jeremias como de Ezequiel, ainda que
nenhuma referência indique que estes homens tenham passado tempo juntos ou
conferenciado um com o outro. Jeremias tinha provavelmente vinte anos a mais do que
Ezequiel e Daniel, que tinham aproximadamente a mesma idade. Os três profetas fizeram
sua obra em lugares diferentes:
a. Jeremias permaneceu em Jerusalém (626-586 a.C.)
b. Daniel viveu na cidade capital da Babilônia (605-534 a.C.)
c. Ezequiel estava na Babilônia com os exilados judeus (592-570 a.C.).
5. Nada sabemos sobre a vida pessoal de Daniel além do que é revelado no próprio livro.
Em tempos anteriores, o termo “eunuco” era usado para se referir àqueles da nobreza
em vez de ter nosso uso comum, portanto, se Daniel era casado ou não, é incerto.
1.6. Mensagem do Livro
O livro de Daniel é o desvendar de um mistério. E, se por um lado desvenda o mistério,
por outro, o envolve em surpresa e admiração, deixando grande parte do mistério da
revelação em aberto.
Daniel era um homem de extraordinária sabedoria e percepção. Vivendo no meio de
grandes e repentinas mudanças mundiais, ele foi capaz de manter seu equilíbrio e
sanidade, observando o que estava acontecendo com um olhar atento. Ele serviu a reis.
Ele foi um valoroso conselheiro de governantes. Porém, mais importante de tudo, ele
tinha um relacionamento íntimo com o Deus dos céus. Ele estava com os seus pés
firmemente plantados na terra, entre os acontecimentos terrenos. Mas, a sua cabeça
ficava numa atmosfera mais clara; ele vivia diante da realidade de coisas eternas.

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Daniel e Apocalipse – O plano profético de Deus

Algumas verdades tomam-se claras na mensagem de Daniel, revelando o plano de


Deus para a Terra e seus habitantes. Em
primeiro lugar, poderes terrenos e
circunstâncias são temporários. As tiranias
mais poderosas ficam no poder durante um
curto período. Em segundo lugar, Deus faz
com que a ira do homem acabe se
transformando em louvor a Ele e faz com
que todo o resto seja impedido. Tanto
Nabucodonosor, o déspota enfurecido,
quanto Ciro, o soberano sábio e cordial,
testificaram dessa verdade. Em terceiro
lugar, Deus mantém as suas promessas
para o seu povo; Ele não esquece. Em
quarto lugar, Deus tem seu próprio tempo
para realizar a sua obra. Ele nunca se adianta nem se atrasa. Em quinto lugar, os reinos
desse mundo são designados para dar lugar ao reino do nosso Senhor e do seu Cristo.
Em sexto lugar, embora Deus tenha uma visão eterna e cósmica, Ele tem um interesse
amoroso em relação aos afazeres mais insignificantes de um indivíduo.
1.7. Daniel e Seus Companheiros em Babilônia (Cap.1)
No estudo deste capítulo do livro de Daniel, vemos como o Diabo ataca a mocidade
crente, direta e indiretamente, buscando destruir a sua fé em Deus. Isto feito, ele
conseguirá tudo o mais.
Entre os cativos da primeira leva estava a nata da nação judaica, inclusive membros da
casa real, provavelmente descendentes do rei Ezequias, conforme a profecia de Isaías
39.6,7, que deve ser lida aqui.
Daniel devia ter agora entre 14 e 16 anos, conforme os principais estudiosos da Bíblia
e do povo judeu. Que atentem para isso os nossos jovens de hoje, para que no albor da
sua juventude possam servir lealmente a Cristo.
Notemos as exigências de um rei pagão quanto a servidores para si:
a) Qualidades físicas - "sem nenhum defeito".
b) Qualidades intelectuais – “doutos em ciência”.
c) Qualidades morais - "competentes para assistirem no palácio".
Podemos nós servir ao nosso Rei Eterno sem as necessárias qualificações?
O curso de três anos num ambiente espiritualmente adverso... Quantos estudantes
cristãos, desde então, não têm enfrentado as mesmas contingências!
Na Babilônia lhes foram apresentadas “finas iguarias”, essas iguarias eram oferecidas
cerimonialmente aos ídolos, antes de serem servidas. Daniel tinha, pois, razão de recusá-
las. (Ler 1 Coríntios 10.28.)
Entre os hebreus o nome envolvia a natureza da pessoa, denotando o seu caráter.
Cada um desses nomes inclui o de Deus, quando considerado o original
• Daniel - Deus é meu juiz;
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Daniel e Apocalipse – O plano profético de Deus

• Hananias - Jeová é gracioso;


• Misael - Quem é igual a Deus?;
• Azarias - Deus é meu ajudador).
Todos esses nomes foram mudados, de modo a incluir os de três divindades pagãs
babilônicas, a saber:
• Daniel, mudado para Beltessazar - significava “o tesouro (ou segredos) de Bel”;
• Hananias, mudado para Sadraque - significava “a inspiração do sol”;
• Misael, mudado Mesaque – “aquele que pertence à deusa Sesaque”
• Azarias, mudado para Abede-Nego - Servo de Nego ou Nebo (A estrela da manhã).
Essa mudança de nomes era para que esses jovens soldados da fé esquecessem seu
Deus, seu povo, sua pátria, e sua religião.
O fato que os envolve em não se alimentarem com os manjares ofertados na Babilônia,
está relacionado a algumas questões básicas:
1. Os babilônios comiam carnes impuras, como porco. Legumes significa, literalmente,
“sementes”, mas incluía vegetais em geral.
2. Os animais não eram abatidos de acordo com os preceitos levíticos (Lv 17. 14,15).
Sistema de drenagem do sangue.
3. Uma parte dos animais era oferecida como sacrifício aos deuses babilônicos.
4. Uso de bebidas fortes era contrário aos rígidos princípios de temperança. Nm 6.3; Dt
29.6; Pv 20.1.
1.8. O Apocalipse Caldeu (2.1—7.28)
(Uma Mensagem para as Nações em Aramaico)
1.9. O Sonho de Nabucodonosor, 2.1-49.
Deus fala por meio de sonhos (Jó 33.15,16). A Bíblia faz menção de 34 sonhos, sendo
22 no Antigo Testamento e 12 no Novo Testamento.
1.9.1. Nabucodonosor pede aos sábios que lhe revelem seu sonho (2:1-3).
Mágicos, astrólogos, feiticeiros e caldeus representam todos os tipos de sábios na
Babilônia. Ainda que Caldeia literalmente descrevesse o
território ao sul da Babilônia, o termo “caldeus” chegou a
representar a nata da sociedade babilônia, homens de
grande conhecimento que influenciaram os negócios
políticos e religiosos do reino.
O decreto do rei punha à prova a autenticidade destes
sábios. Se tivessem realmente capacidade sobrenatural,
eles poderiam revelar a Nabucodonosor tanto o sonho como
a interpretação. Se pudessem fazer isso receberiam grande
honra, mas se não pudessem, então morreriam.
O segredo do sonho foi revelado numa visão noturna e
Daniel, agradecido, louvou o Deus do céu.

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Daniel e Apocalipse – O plano profético de Deus

“Dele é a sabedoria e o poder” (Ele é absoluto em todos os seus caminhos).


“É ele quem muda o tempo e as estações.” (Comanda a ascensão e a queda dos
reinantes da terra).
“Remove reis e estabelece reis.” (Deus é o supremo dominador do universo).
“Dá sabedoria aos sábios...” (É a fonte da sabedoria).
“Ele revela o profundo e o escondido” (É capaz de conhecer o futuro).
Daniel agradeceu a Deus pela sabedoria e poder concedidos a ele. Qualquer êxito
que tivesse com Nabucodonosor não seria por sua própria força, mas pela de Deus, e
Daniel humildemente reconhecia esse fato.
1.10. A Estátua Colossal de Nabucodonosor (3.1-30).
A estátua do capítulo 2 foi em sonho; esta é real. Tinha sessenta côvados de altura -
cerca de 29 metros. (O côvado babilônico tinha mais
ou menos 48 cm). Tudo aqui era à base de seis,
indicando coisas puramente humanas.
Qualquer que tenha sido o motivo de
Nabucodonosor, o decreto que convocava todos os
líderes políticos do reino, grandes e pequenos (3), não
deixava dúvida quanto à exigência do rei.
Instantaneamente, após o sinal combinado de
antemão se o som da orquestra imperial (5), cada
homem deveria prostrar-se em adoração diante da
imagem.
Em fúria, o rei ordenou que a fornalha fosse acesa
sete vezes mais quente do que o costume, e ordenou
que os jovens hebreus fossem amarrados
seguramente.
Quando apressadamente levaram Sadraque,
Mesaque e Abede-Nego para a fornalha, as chamas
rugiram e queimaram mortalmente os soldados. O
milagre da libertação de Deus torna-se tanto mais ressaltado pelo fato que os soldados
morreram enquanto nem um fio de cabelo dos três foi chamuscado.
1.11. O Julgamento Pessoal de Nabucodonosor, 4.1-37
O capítulo 4 de Daniel é de caráter singular na Bíblia, pois consiste de um documento
oficial autobiográfico preparado pelo rei da Babilônia e distribuído por todo o vasto
império. Sem dúvida, é algo fora do comum Nabucodonosor admitir abertamente seu
orgulho, sua insanidade temporária e seu comportamento bestial e, depois, dar glórias ao
Deus de Israel por sua recuperação.
O rei aprendeu uma lição importante da maneira difícil, como acontece com muitas
pessoas hoje em dia: "A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda" (Pv
16:18).

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Daniel e Apocalipse – O plano profético de Deus

1.12. A Queda do Império Caldeu (5.1-31).


Mas não era essa a grande Babilônia inconquistável?
Seus muros podiam resistir a qualquer assalto. Sua
fartura em mantimentos e seu suprimento de água
inesgotável poderiam sobreviver a qualquer cerco. Para
demonstrar seu desdém pela ameaça persa, Belsazar
decretou uma festa para toda a cidade. Por meio de um
convite especial para mil dos seus grandes (1), ele
preparou uma festa no palácio real. Ele convidou as
mulheres do harém real para acrescentar diversão à
festa. Então o próprio rei liderou a festa oferecendo
bebida para todos. Em dado momento, “inflamado pelo
muito vinho” (Berkeley), Belsazar se deixou levar por um
impulso imprudente. Ele ordenou que fossem buscados
os utensílios sagrados que seu avô tinha trazido de
Jerusalém para a Babilônia (3) cinquenta anos atrás.
Eles beberam dessas taças, coisa que nenhum outro ousara fazer até então. Belsazar e
seus companheiros de festa beberam dessas taças e deram louvores aos deuses (4) da
Babilônia. Xenofonte relata que a festa se tornou tão barulhenta que o general de Ciro,
Gobrias, declarou: “Não deveria me surpreender se as portas do palácio estivessem
abertas agora, porque parece que toda a cidade se entregou à folia”.
1.13. O Reinado de Dario, o Medo (6.1-28).
Dentro da perspectiva profética, entendemos que o peito e os braços de prata da
estátua representam o reino medo-persa (539 a.C.-330 a.C.). Dario, o medo, conquistou
a Babilônia (Dn 5:30,31).
1.14. Impérios Ascendem e Minguam até a Consumação (7.1-28).
No grande movimento da história antiga, um império substituiu outro, levando ao
estabelecimento do império romano. As duas visões (caps. 2 e 7) deixam claro que Deus
conhece o futuro e controla a ascensão e queda das nações e dos governantes.
Naquela época, Daniel vivia no império babilônio, mas sabia que a Babilônia seria
tomada pelos medos e persas, que a Grécia conquistaria a Média e a Pérsia e que Roma
acabaria conquistando tudo. A profecia é a história escrita de antemão.
1.15. O Apocalipse Hebraico (8.1—12.13).
(Uma Mensagem para o Povo Escolhido, em Hebraico)
1.16. A Visão de Daniel de Impérios em Guerra (8.1-27).
O capítulo 8 contém detalhadas predições sobre o Império Persa e o Império Grego.
As predições sobre o Império Grego estão relacionadas com Israel.
Cronologicamente, este capítulo vem antes do 5. O capítulo 8 tem lugar no ano
terceiro de Belsazar (v. 1), ao passo que o capítulo 5, como já vimos, marcou o final do
governo de Belsazar (5.30). Portanto, quando esta visão ocorreu a Daniel, o seu povo
continuava exilado em Babilônia.

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Daniel e Apocalipse – O plano profético de Deus

Aqui nos é descrito os desdobramentos dos conflitos entre os impérios, algo descrito
com precisão pelas profecias bíblicas.
1.17. A Intercessão de Daniel por Israel (9.1-27).
Daniel achegou-se a Deus suplicando por misericórdia e perdão por si mesmo e por
seu povo. Na verdade, a promessa de perdão de Deus foi escrita na própria aliança. "Mas,
se confessarem a sua iniquidade e a iniquidade de seus pais, na infidelidade que
cometeram contra mim, como também confessarem que andaram contrariamente para
comigo [...] então, me lembrarei da minha aliança com Jacó, e da minha aliança com
Isaque, e também da minha aliança com Abraão, e da terra me lembrarei" (Lv 26:40-42).
Sem dúvida, ao estudar as Escrituras e orar, Daniel tinha em sua mente e coração tanto
a sagrada aliança (Lv 26; Dt 27 - 28) quanto a oração de Salomão na consagração do
templo (1 Rs 8:33-36).
1.18. A revelação das setenta semanas (9.24-27).
De modo estranho, a mensagem de explicação que Gabriel trouxe a Daniel parece
não se restringir ao assunto imediato da
oração do profeta. Ele havia refletido
acerca da profecia de Jeremias dos
setenta anos e sobre o fato de que o
término desse tempo estava próximo. Esse
cumprimento, de fato, ocorreu por
intermédio do decreto de Ciro, não muito
tempo depois. Os judeus estavam livres
para voltar a Jerusalém. Mas na
mensagem que Gabriel trouxe, mais uma
porta de percepção profética se abre em
uma dimensão mais ampla em torno do
propósito de Deus, não somente para
Israel, mas para o mundo. Essa dimensão
mais ampla de revelação diz respeito à obra e ao reino do Messias.
Por ser piedoso e fiel, Daniel recebeu uma das poucas profecias bíblicas que
envolvem uma cronologia e um calendário do que está por vir. Em 9.20-27, ele recebe a
profecia das setenta semanas, sobre a reconstrução do Templo e da cidade de
Jerusalém, que tinham sido destruídos pelos babilônios. Esta profecia também mostra,
com impressionante precisão, a época e o ano em que o Messias foi rejeitado. Também
prediz claramente os sete anos de tribulação que virão sobre o mundo.
1.19. Uma Visão celestial de Conflitos Terrenos (10.1—12,13).
Daniel tem uma visão de uma grande guerra que forma uma profecia contínua nestes
três últimos capítulos. A visão foi revelada a Daniel no terceiro ano de Ciro (536 a.C.), que
também parece ser o primeiro ano de Dario, o Medo (veja 11:2). Esta visão impressionou
Daniel pela sua solenidade, à qual ele reagiu jejuando e se lamentando durante três
semanas.

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Daniel e Apocalipse – O plano profético de Deus

1.20. O Conflito das Eras (11.2— 12.3).


As profecias de Daniel até 11.35 podem ser com relativa facilidade relacionadas a
acontecimentos da história antiga, os quais lhes deram cumprimento, mas, a partir daí
até o final do capítulo 12, não encontramos qualquer correspondência com a história.
Os assuntos abrangidos pelo capítulo 12 são a Grande Tribulação, a ressurreição dos
mortos, a recompensa dos justos e o castigo eterno dos ímpios.
2. LIVRO DE APOCALIPSE
O livro de Apocalipse é verdadeiramente o último livro da Bíblia. É a consumação da
revelação de Deus e a conclusão da palavra de Deus. Sem essa parte da palavra de
Deus a Bíblia seria um livro sem um fim, e muitos dos problemas que surgem nos outros
livros permaneceriam também sem solução.
É extremamente apropriado que o livro de Apocalipse tenha sido colocado no fim do
Novo Testamento. Quando lemos os Evangelhos, nós, sem dúvida, pensamos no futuro
reino de Deus e sua glória. Quando lemos as
O livro é caracteri ado também pelo uso
Epístolas, nossa expectativa para o futuro é, de n meros, especialmente o sete: sete
sem dúvida, intensificada. Parece que a cartas, sete bênçãos (Ap 1.3, 14.13,
Bíblia inteira está apontando para aquele 16.15, 19.19, 20.6, 22.7,14), sete selos,
futuro ao qual nossos corações cristãos são sete trombetas, sete trovões, sete taças.
atraídos. Mas então, o livro de Apocalipse As sete cartas apontam para os eventos
conclui todas as profecias que foram do final dos tempos.
anteriormente pronunciadas e coloca os
futuros acontecimentos diante de nós,
levando-nos a saber com mais segurança
que um dia a criação não mais gemerá e que
os crentes não mais sofrerão!
Apocalipse é o apogeu da revelação divina. É qual um imenso caudal onde
desembocam todos os rios (livros), tanto os do Antigo, como os do Novo Testamento. Ele
é o oposto do livro de Gênesis. Este é o livro dos começos; aquele, o das consumações.
É também o Apocalipse a resposta da oração do povo de Deus em todos os tempos:
"Venha o teu reino".
Deus divide a raça humana em três grupos, a saber: judeus, gentios e a Igreja de
Deus (1 Co 10.32), e na sua Palavra Ele apresenta uma mensagem definida para cada
um desses três grupos. Por exemplo, o livro de Daniel, que acabamos de estudar, trata
somente de judeus e gentios. Nos Evangelhos temos a aparição ou manifestação da
mensagem divina para a Igreja, e nas Epístolas a explanação dessa mensagem. Já no
Apocalipse temos a mensagem final de Deus para os judeus, gentios e a Igreja.
Contém o livro a última mensagem de Jesus à Igreja, uma mensagem referente à sua
volta: "Certamente venho sem demora" (22.20). Daí dizer-se que nos Evangelhos somos
levados a crer em Cristo; nas Epístolas somos levados a amá-lo; e no Apocalipse somos
levados a esperá-lo.
2.1. Autor
Este livro identifica seu autor como “João” (1.1,4,9; 22.8) — a tradição entende que
seja o apóstolo João, filho de Zebedeu e autor do evangelho que leva o nome desse
12
Daniel e Apocalipse – O plano profético de Deus

apóstolo. Hoje, todavia, muitos estudiosos conservadores sustentam o ponto de vista de


Dionísio, bispo de Alexandria do século III, de que o
livro foi escrito por outro João, denominado João, o
Presbítero. Outros especialistas acreditam que o
livro foi escrito sob um pseudônimo (falsamente
atribuído a João) e que se trata de um compósito de
vários textos. Apesar disso, há razões históricas e
literárias convincentes para crer que Apocalipse foi
escrito pelo apóstolo João.
Embora alguns sustentem que Apocalipse foi
escrito em 68 ou 69 d.C., pouco depois da morte do infame imperador Nero, a maioria
acredita numa data próxima do fim do primeiro século. Ireneu (Contra heresias, 5.30.3)
afirma que o apóstolo João teve sua revelação no final do reinado de Domiciano (81-96
d.C.), o que é amplamente aceito hoje em dia, e muitos acreditam que as perseguições
promovidas por Domiciano estavam por trás de Apocalipse.
2.2. Destinatário
O livro de Apocalipse é endereçado às sete igrejas da Ásia Menor (a moderna
Turquia) — Éfeso, Esmima, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia. A
perseguição romana aos cristãos (1.9; 2.10,13; 3.10) era intensa na época, e as falsas
doutrinas espalhavam-se selas igrejas.
2.3. Fatos Culturais e Destaques
O livro de Apocalipse foi escrito numa época em que as autoridades romanas
começavam a impor a adoração ao imperador. Os
cristãos, que afirmavam que “Jesus é Senhor”
(Rm 10.9) enfrentavam crescente perseguição e
mesmo o martírio (Ap 2.13; 6.9). O apóstolo João
foi exilado na ilha de Patmos por causa de suas
atividades de missionário cristão (1.9), e os
crentes são avisados da oposição e da opressão
vindouras (2.10; 3.10). Alguns cristãos advogam o
compromisso com o governo romano (2.14—
14.20), e João escreve, em parte, para encorajar
os crentes a permanecer firmes nos dias de tentação que estão por vir.
2.4. Tema do Livro.
É a vinda de Jesus em glória, isto é, sua revelação pessoal em glória e poder a Israel
e às nações. Isso é declarado no primeiro versículo do livro: "Revelação de Jesus Cristo".
O texto-chave do livro todo está em 1.7: "Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá,
até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele.
Certamente. Amém".
2.5. O Título (1:1-3).
Apocalipse é uma palavra com origem no termo grego apokálypsis que significa
"revelação" ou "ação de descobrir", “tirar o véu”. Que possamos, então, entender que o
livro de Apocalipse não é um livro de segredos, mas de revelações.

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Daniel e Apocalipse – O plano profético de Deus

2.6. As Interpretações do Apocalipse


A interpretação do livro de Apocalipse é um ponto de contenda entre os comentaristas.
De maneira geral, há três diferentes escolas de interpretação; que são
(1) Os Preteristas,
(2) Os Históricos, e
(3) Os Futuristas.
Os Preteristas sustentam que toda, ou pelo menos grande parte da profecia já se
cumpriu com luta entre a Igreja e Roma, tendo a vitória da Igreja como resultado final. Tal
interpretação é muito abstrata e é objetada por comentaristas ortodoxos.
Os Intérpretes Históricos defendem que a profecia abrange toda a história da Igreja,
mostrando como as malignas forças do mundo lutam contra a Igreja. Essa interpretação
foi muito popular durante os tempos da Reforma e ainda era fortemente defendida no
século dezenove. Especialmente com o surgimento de Napoleão, essa visão foi
reconhecida como a interpretação final. Dentre os Protestantes, pessoas que têm essa
visão consideram o Papa e a Igreja Romana como sendo o anticristo e a Besta.
Os Futuristas mantêm a ideia de que a maior parte da profecia ainda está para se
cumprir no futuro. A partir do capítulo 4, nem mesmo uma letra foi cumprida. Os capítulos
2 e 3 falam da Igreja. Só depois que o período da Igreja for cumprido é que qualquer coisa
depois do capítulo 4 pode ser cumprida. Os capítulos 6-19 referem-se a eventos que
acontecerão no tempo das últimas sete das setenta semanas de Daniel. E as últimas sete
semanas de Daniel não podem começar sem que a história da Igreja esteja completada.
Essa interpretação é a mais satisfatória, pois é a que mais coincide com as profecias
encontradas em outras passagens da Bíblia.
2.7. Jesus e as sete igrejas (1.9-3.22).
Iniciando sua descrição em torno da revelação de Jesus, João descreve a mensagem
enviada às sete igrejas que existiam então na província romana da Ásia. Havia outras
nessa província, e até maiores, mas estas foram escolhidas para receberem as
mensagens do Senhor Jesus através de João, mensagens dirigidas às igrejas através de
seus anjos, que eram representantes ou pastores.
O fato de haver outras igrejas na região e terem sido escolhidas apenas estas sete,
indica que elas eram representativas do ciclo completo da história da Igreja. As sete
cartas falam também de condições espirituais prevalecentes nessas igrejas no tempo de
João e que caracterizam a Igreja em todos os tempos.
2.8. O trono, o rolo e o Cordeiro (4 e 5).
O quadro simbólico de Deus em Apocalipse 4 é majestoso e lança o fundamento de
nossa adoração. Este capítulo tem três propósitos principais: (1) fundamentar a nossa
própria adoração litúrgica com base na adoração que oferecem os seres celestiais na
sala do trono; (2) contrastar a grandeza de Deus com a “glória” terrena de César e de
todos os governantes terrenos; (3) mostrar que o juízo de Deus (cap. 6—20) está
fundamentado em sua santidade e em sua obra redentora (cap. 4—5).

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Daniel e Apocalipse – O plano profético de Deus

2.9. Os sete selos (6.1— 8.1).


Os “sete selos” indicam completude, focalizando na plenitude do plano divino. Ele é
perfeito e deve ser revelado no tempo perfeito, combinando o sigilo de Isaías 29.11 e
Daniel 8.26 com o desvendamento do rolo em Ezequiel 2.9,10.
2.10. As sete trombetas (8.2— 11.19).
As “trombetas” e as “taças” mencionadas no livro de Apocalipse serão manifestações
da ira de Deus contra o Anticristo e os habitantes da terra. Ao punir o mundo, Deus espera
que eles se arrependam, mas o mundo persistirá no mal e não se arrependerá.
2.11. O conflito com Satanás (12—14).
Satanás é o grande inimigo da Igreja e luta contra Deus e seu povo, acusando os
santos no céu e atacando-os na Terra. Mas Cristo venceu "a antiga serpente" e dá a
vitória a seu povo.
O adversário sempre opera por meios humanos, nesse caso a "besta" (o falso Cristo
ou anticristo) e o falso profeta. Satanás é um imitador, um falsificador, e procura controlar
os homens por meio do engano. A "besta" é o futuro ditador mundial que promete resolver
os problemas mais prementes das nações; o falso profeta é seu "ministro de propaganda
política". Durante algum tempo, o trio satânico parece bem-sucedido, mas seu império
mundial começa a se desintegrar, as nações se reúnem para a última batalha, Jesus
Cristo aparece e a batalha termina.
2.12. As sete taças (15 e 16).
A introdução dos juízos das sete taças (15.1-8) focaliza tanto nos preparativos dos
setes anjos, quando eles se preparam para deixar o templo celestial e levar as últimas
pragas à terra (15.1,5-8), quanto na alegria dos mártires vitoriosos, que celebram os atos
salvíficos do Deus todo-poderoso (15.2-4). As quatro primeiras taças estabelecem um
paralelo com as quatro primeiras trombetas, mas agora os juízos afetam toda a terra e
comprovam, finalmente, a soberania divina sobre os poderes terrenos e sobre a
depravação das pessoas, que rejeitam mais duas vezes a oferta de arrependimento feita
por Deus (16.9,11). As últimas três taças dão continuidade ao tema da depravação,
quando a humanidade não somente se recusa a arrepender-se, mas também amaldiçoa
15
Daniel e Apocalipse – O plano profético de Deus

Deus (16.11). O juízo sobre o trono da besta (16.10,11) conduz ao ato final de afronta dos
poderes do mal ao convocarem as nações para a batalha do Armagedom (16.16).
2.13. A queda da Babilônia (17.1-19.5).
A esta altura do estudo de Apocalipse, o assunto de Babilônia não é novo. Em 14.8
está escrito: "Seguiu-se outro anjo, o segundo, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilônia
que tem dado a beber a todas as nações do vinho da fúria da sua prostituição". Este
anúncio está ligado à execução dos juízos divinos mencionados no versículo 7 do mesmo
capítulo.
Em 16.19 está escrito: "E lembrou-se Deus da grande Babilônia para dar-lhe o cálice
do vinho do furor da sua ira". Agora João recebe a visão minuciosa da queda de Babilônia.
2.14. O casamento do Cordeiro (19.6-10).
Essa seção está estruturada de forma semelhante a 16.5-7, visto que o primeiro hino
louva a Deus “pois seus juízos são verdadeiros e justos” (19.1,2), e o segundo acrescenta
um refrão celebrando os resultados desse juízo (19.3). Mas aqui não há dois participantes
diferentes (como em 16.5-7) e o segundo hino não repete a linguagem do primeiro (como
em 16.7). Todavia, a presente passagem se assemelha àquela grande declaração da
teodiceia no capítulo 16. i. Louvor pelo justo juízo de Deus (19.1,2) “Depois dessas
coisas” (isto é, a destruição de Babilônia nos capítulos 17—18), João tem outra
experiência visionária auditiva e “ouve” uma “forte voz”, que é o louvor da multidão
celestial. A outra única ocorrência de ochlou pollou, “imensa multidão”, está em 7.9, em
que o grupo está de pé diante do trono e louva a Deus por sua salvação.
Antes de Jesus aparecer em glória e poder, é-nos permitido ver a Igreja ao seu lado,
na Glória.
Uma imensurável multidão regozija-se no Céu, juntamente com os vinte e quatro
anciãos e os seres viventes. É um coral gigantesco. Eles intercalam quatro grandes
aleluias no seu cântico (vv. 1,3,4,6).
O glorioso evento das Bodas do Cordeiro, tem lugar no Céu após o arrebatamento da
igreja. É o encontro, que durará para sempre, da Igreja com o seu Senhor, que a resgatou
com o seu precioso sangue e a conduziu a salvo ao lar celestial, apesar das tempestades
da vida. É o encontro que não terá jamais separação.
2.15. O cavaleiro (19.11-21).
Primeiro, João descreve o Conquistador (Ap 19:11-16) e, em seguida, suas
conquistas (Ap 19:17 - 20:3). O cavaleiro montado no cavalo branco (Ap 6:2) é o falso
Cristo, mas esse Cavaleiro é o verdadeiro Cristo. Não está vindo nos ares para levar seu
povo para o lar (1 Ts 4:13-18); antes, está vindo â Terra com seu povo, para conquistar
os inimigos e estabelecer seu reino.
2.14. Os mil anos (20.1-6).
“Milênio” foi o nome dado ao período de mil anos em que Jesus reinará sobre a terra
a partir da cidade de Jerusalém (Ap 20.4; cf. Jr 3.17; Zc 14.9). O Milênio virá após a
ressurreição dos justos (Ap 20.4,5) e a batalha do Armagedom (19.17-21) e precederá a
batalha de Gogue e Magogue (20.7-10), e a subsequente destruição e recriação do céu
e da terra (21.1,2).

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Daniel e Apocalipse – O plano profético de Deus

Muitas profecias do Antigo Testamento a respeito de Israel se cumprirão durante o


Milênio. Satanás ficará preso e incapacitado de tentar e enganar a humanidade (Ap
20.2,3; veja o tópico relacionado ao abismo em 9-1). Portanto, o Milênio será um tempo
de paz (Is 11.5-9) mesmo entre os animais (65.25). As pessoas viverão mais tempo
(65.20), o Templo será reconstruído (Ez 40-48), a própria cidade de Jerusalém será santa
(Zc 14.20,21) e o lugar onde todos os peregrinos, de todas as nações, adorarão ao
Senhor (14.16-19).
2.15. A destruição de Satanás (20.7-10).
O Milênio terminará com uma batalha, a última batalha da terra, para todo o sempre
(v.8).
Deus libertará Satanás por um breve período (20.7). Embora sua causa já não tenha
mais qualquer esperança, ainda tentará enganar as nações e liderá-las em uma batalha
contra o Deus Todo-poderoso (v.8). Eles se reunirão em Jerusalém, pretendendo destruir
o trono do reino de Deus, mas serão miseravelmente derrotados; Deus enviará fogo do
céu sobre eles (v.9; Ez 38.17-23). Deus ordenará que Satanás seja lançado no lago de
fogo, onde o Dragão se juntará à Besta e ao Falso Profeta em seu castigo eterno (Ap
20.10).
2.16. O julgamento do Grande Trono Branco (20.11-15).
Essa é a única passagem no livro em que o trono é descrito com adjetivos, (thronon
megan leukon, um grande trono branco). No livro, o adjetivo “megan” geralmente é
utilizado em referência a algo grande ou alto (uma “alta voz”, “grande tribulação,” uma
“espada enorme”), assim, ele indica tanto a imensidão quanto a majestade do próprio
trono, possivelmente para distingui-lo dos “tronos” de 20.4. O trono é “branco” para evocar
os temas de pureza e santidade que vêm sendo associados a essa cor ao longo do livro.
Cristo tem cabelos brancos (1.14), assenta-se numa nuvem branca (14.14) e retorna em
um cavalo branco (19.11); seres celestiais se vestem de branco (4.4); os santos
triunfantes vestem-se com túnicas brancas (3.4,5; 6.11; 7.9,13) e retornam, com Cristo,
montados em cavalos brancos (19.14). O “trono branco” remete a todos esses temas
(esta é a última vez em que o termo “branco” ocorre no livro). Ele é um trono de pureza e
triunfo, e assim é retratado, corretamente, como o trono do julgamento.
Antes de a nova era ter início, a era atual deve acabar. Isaías 51.6 declara: “os céus
desaparecerão como fumaça, e a terra envelhecerá como se fosse uma roupa” (também
13.10,13; 34.4; Sl 102.26; Ez 32.7,8, Jl 2.10).
2.17. Novos céus, nova terra, nova Jerusalém (21.1—22.5).
Não se trata aí do Céu como a habitação de Deus, mas o espaço sideral entre o Céu
e a terra. Satanás operava nesse espaço e o conspurcou. O homem também tem poluído
esse espaço com gases, produtos químicos, resíduos de combustíveis, satélites e
veículos espaciais. Cada vez mais o homem se lançará ao espaço daqui para a frente.
"Passaram", é no original "parechomai", e significa passar de um estado para outro. Não
quer dizer aniquilação. O mesmo termo original o Espírito Santo usa em 2 Pedro 3.10-13,
onde está explicado como se dará isso. A terra voltará ao estado de perfeição original,
como era antes da entrada do pecado.
Em 21.3,15-18, a Nova Jerusalém é descrita como o lugar santíssimo. Assim, o povo
de Deus passará a eternidade no lugar santíssimo celestial quando Deus habitar entre
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Daniel e Apocalipse – O plano profético de Deus

eles. Mas há aí ainda um sentido mais profundo, pois lemos que Deus “estenderá o seu
tabernáculo”, fazendo com que a ideia da shekinah divina sendo colocada “sobre” seu
povo signifique proteção e conforto.
CONCLUSÃO
Os livros de Daniel e Apocalipse nos trazem um extraordinário panorama proféticos,
com suas linguagens peculiares, suas descrições simbólicas e, obviamente, suas visões
interligadas sobre as revelações divinas e consumação de todas as coisas.

BIBLIOGRAFIA
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