Intensivao Xequemat

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SUMÁRIO

Conteúdo
Instruções ......................................................................3
Exercícios de linguagens...............................................4
Gabarito........................................................................19

Ei! Esse sumário é interativo.


Clique na página que deseja
para ser levado(a) até ela.

2
Instruções
O objetivo da lista é apresentar todos os raciocínios
que o ENEM pode cobrar, com exceção de algumas
questões atípicas.

Os exercícios dessa lista foram selecionados a


dedo. TODOS os exercícios (sem exceção) têm
um porquê de estarem aqui.

Para aprofundar, aconselho, em algumas questões,


procurar mais de uma forma de resolução, isso te
ajudará a dominar ainda mais o conteúdo.

Se você conseguir entender cada questão,


ao ponto de conseguir ensinar para alguém, É
IMPOSSÍVEL, sua pontuação ser baixa. A não ser
que entre outros fatores, como nervosismo.

Observação: A maioria (uns 70%) dos exercícios


que estão aqui já foram disponibilizados em
algum dos módulos do curso do extensivo, o
restante são questões novas.

NÃO NEGLIGENCIE NENHUMA QUESTÃO. Pense


que ela tem uma grande probabilidade de estar
na sua prova, isso te estimulará a compreendê-la.

3
QUESTÃO 2

Exercícios de No texto, com o emprego da expressão “(hoje)” (L.2)

linguagens
entre parênteses, o autor

A destaca que Pixis é desconhecido na atualidade, mas


que não o era em 1837.
QUESTÃO 1 B indica que, a partir da data do concerto, Pixis deixou
Pixis foi um músico medíocre, mas teve o seu dia de de ser desconhecido.
glória no distante ano de 1837. Em um concerto em Paris, C enfatiza o “dia de glória” (L.1) de Pixis.
Franz Liszt tocou uma peça do (hoje) desconhecido D ressalta que se trata do dia do concerto de Franz Liszt.
compositor, junto com outra, do admirável, maravilhoso E revela desprezo pela popularidade de Pixis em 1837.
e extraordinário Beethoven (os adjetivos aqui podem ser
verdadeiros, mas — como se verá — relativos). A plateia,
formada por um público refinado, culto e um pouco QUESTÃO 3
bovino, como são, sempre, os homens em ajuntamentos, A política tributária não se restringe ao objetivo de
esperava com impaciência. Liszt tocou Beethoven e foi abastecer os cofres públicos, mas tem também objetivos
calorosamente aplaudido. Depois, quando chegou a vez econômicos e sociais. Se fosse aumentada a tributação
do obscuro e inferior Pixis, manifestou-se o desprezo sobre um produto considerado nocivo para o consumidor
coletivo. Alguns, com ouvidos mais sensíveis, depois de ou para a sociedade, o seu consumo poderia ser
lerem o programa que anunciava as peças do músico desestimulado. Caso a intenção fosse promover uma
menor, retiraram-se do teatro, incapazes de suportar melhor distribuição de renda, o Estado poderia reduzir
música de má qualidade. Como sabemos, os melômanos tributos incidentes sobre os produtos mais consumidos
são impacientes com as obras de epígonos, tão céleres pela população de renda mais baixa e elevar os tributos
em reproduzir, em clave rebaixada, as novas técnicas sobre a renda da classe mais alta. Por outro lado, se o
inventadas pelos grandes artistas. Liszt, no entanto, Estado reduzisse a tributação de determinado setor da
registraria que um erro tipográfico invertera, no programa economia, os custos desse setor diminuiriam, o que
do concerto, os nomes de Pixis e Beethoven... A música possibilitaria a queda dos preços de seus produtos e
de Pixis, ouvida como sendo de Beethoven, foi recebida poderia gerar um crescimento das vendas. Outro efeito
com entusiasmo e paixão, e a de Beethoven, ouvida como viável dessa política seria o aumento do lucro das
sendo de Pixis, foi enxovalhada. Esse episódio, cômico empresas, favorecendo-se, assim, a elevação dos seus
se não fosse doloroso, deveria nos tornar mais atentos investimentos — e, consequentemente, da produção — e
e menos arrogantes a respeito do que julgamos ser arte. o surgimento de novas empresas, o que provavelmente
Desconsiderar, no fenômeno estético, os mecanismos de resultaria no crescimento da produção, bem como no
recepção é correr o risco de aplaudir Pixis como se fosse acirramento da concorrência, com possíveis reflexos
Beethoven. sobre os preços. Em qualquer um desses cenários, o
setor seria estimulado.
Charles Kiefer. O paradoxo de Pixis. In: Para ser escritor.
São Paulo: Leya, 2010 (com adaptações). Internet: (com adaptações).

O autor do texto apresenta a narrativa do concerto de O texto organiza-se de forma a apresentar


Liszt com o propósito de
A argumentos em favor dos objetivos do Estado com
A reconhecer que Pixis era tão genial quanto Beethoven. relação à política tributária, para convencer o leitor.
B criticar o modo como algumas pessoas consomem B possíveis consequências sociais e econômicas da
arte. política tributária.
C dar notoriedade à carreira de Pixis. C procedimentos da atividade de tributação, destacando
D alertar o público de que não se deve confiar em tudo sua natureza fiscal.
que se lê. D defesa de ações governamentais mais efetivas no que
E incentivar o público a ampliar seu repertório musical. se refere à política tributária.
E razões para a diminuição de impostos ser considerada
mais benéfica que o aumento destes.

4
QUESTÃO 4 de aula — deve pautar-se em quatro razões principais.
Candeia era quase nada. Não tinha mais que vinte Mesmo que nem sempre possibilite ao cientista um
casas mortas, uma igrejinha velha, um resto de praça. bom emprego, a ciência pode ser o caminho propício
Algumas construções nem sequer tinham telhado; outras, para vencer a pobreza nas nações emergentes. Ela faz
invadidas pelo mato, incompletas, sem paredes. Nem o ar funcionar a economia e a civilização global.
tinha esperança de ser vento. Era custoso acreditar que A ciência nos alerta contra os perigos introduzidos por
morasse alguém naquele cemitério de gigantes. tecnologias que alteram o mundo, especialmente o meio
O único sinal de vida vinha de um bar aberto. Duas mesas ambiente de que nossas vidas dependem. Assim, a ciência
de madeira na frente, um caminhão, um homem e uma providencia um sistema essencial de alerta antecipado.
mulher na boleia ouvindo música, entre abraços, beijos A ciência nos esclarece sobre as questões mais profundas
e carícias ousadas. Mais desolado e triste que Juazeiro das origens, das naturezas e dos destinos — de nossa
do Norte aquele povoado, muito mais. Em Juazeiro tinha espécie, da vida, de nosso planeta, do Universo. A longo
gente, a cidade era viva. E no meio daquele povo todo prazo, a maior dádiva da ciência talvez seja nos ensinar,
sempre se encontrava uma alma boa como a de sua mãe, de um modo ainda não superado por nenhum outro
uma moça bonita, um amigo animado. Candeia era morta. empenho humano, alguma coisa sobre nosso contexto
Samuel ao menos ficou um pouco feliz por ouvir a música cósmico, sobre o ponto do espaço e do tempo em que
do caminhoneiro. Quase sorriu. O esboço de alegria estamos, e sobre quem nós somos. Os valores da ciência
durou até aparecer pela porta mal pintada de azul uma e os da democracia são concordantes, em muitos casos
mulher assombrosa, praguejando com uma vassoura indistinguíveis. A ciência e a democracia começaram ao
na mão e mandando desligar aquela música maldita. O mesmo tempo e no mesmo lugar: na Grécia dos séculos
caminhoneiro a chamou pelo nome: VI e VII a.C. A ciência confere poder a qualquer um
— Cadê o café, Helenice? Deixa de praguejar, coisa-ruim! que se der ao trabalho de aprendê-la (embora muitos
Pela mesma porta saiu uma moça, bem jovem, com uma tenham sido sistematicamente impedidos de adquirir esse
garrafa térmica vermelha e duas canecas. Foi e voltou conhecimento). Ela se nutre do livre intercâmbio de ideias.
com rapidez, agora trazendo dois pratos, quatro pães Tanto a ciência quanto a democracia encorajam opiniões
pequenos, duas bananas cozidas e um pote de margarina. não convencionais e debate vigoroso. Ambas requerem
— Cinco reais — ordenou Helenice, com a mão na garrafa raciocínio adequado, argumentos coerentes, padrões
térmica. — Só come se pagar. rigorosos de evidência e honestidade. Descobrir a gota
O homem pagou, sempre rindo da cara de Helenice, ocasional da verdade no meio de um grande oceano de
visivelmente bêbado. confusão e mistificação requer vigilância, dedicação e
Samuel invejou o caminhoneiro. Não tinha tanto dinheiro coragem. Mas, se não praticarmos esses hábitos rigorosos
para comer naquele fim de tarde, fim de vida. de pensar, não poderemos ter esperança de solucionar os
problemas verdadeiramente sérios que enfrentamos. Carl
Socorro Acioli. A cabeça do santo. São Paulo: Sagan. Ciência e esperança.
Companhia das Letras, 2014, p. 17-8 (com adaptações).
In: O mundo assombrado pelos demônios: a ciência vista
Infere-se do texto que o narrador caracteriza Candeia como uma vela no escuro. São Paulo: Companhia das
como “quase nada” (L.1) e “morta” (L.9) devido à Letras, 2006, p. 58-9 (com adaptações).
Da leitura do texto infere-se que

A desesperança reinante no povoado. A a pobreza e o atraso das nações emergentes devem-se


B impressão de abandono exibida pelo povoado. à falta de tecnologia.
C inexistência de espaços de diversão no povoado. B a ciência se desenvolveu devido ao advento da
D desigualdade explícita em todos os cantos do povoado. democracia na Grécia antiga, nos séculos VI e VII a.C.
E presença de pessoas mesquinhas e desgraçadas pelo C a ciência deve ser controlada por um pequeno e
povoado. competente grupo de profissionais.
D a tecnologia, por seu largo alcance, alerta-nos contra
QUESTÃO 5
futuros perigos.
No meio científico, é insuficiente — aliás, é perigoso —
E as descobertas e as formas de aprendizado da ciência
produzir apenas um grupo de profissionais pequeno,
devem ser amplamente divulgadas.
altamente competente e bem remunerado. Um esforço
combinado que vise transmitir a todos os cidadãos a
ciência — por meio de rádio, TV, cinema, jornais, livros,
programas de computadores, parques temáticos, salas
5
QUESTÃO 6 QUESTÃO 9
De acordo com o texto, para a transmissão da ciência a Sérgio Buarque de Holanda afirma que o processo de
todos os cidadãos é necessário: integração efetiva dos paulistas no mundo da língua
portuguesa ocorreu, provavelmente, na primeira metade
A relativizar o rigor científico diante das condições da do século XVIII. Até então, a gente paulista, fossem
população. índios, brancos ou mamelucos, não se comunicava em
B encorajar as opiniões não convencionais e o debate. português, mas em uma língua de origem indígena,
C eliminar as possibilidades de mau emprego. derivada do tupi e chamada língua brasílica, brasiliana ou,
D afastar a aprendizagem da ciência de questões mais comumente, geral.
políticas. No Brasil colônia, coexistiam duas versões de língua geral:
E distinguir os tópicos científicos de questões da a amazônica, ou nheengatu, ainda hoje empregada por
economia. cerca de oito mil pessoas, e a paulista, que desapareceu,
QUESTÃO 7 não sem que deixasse marcas na toponímia do país e na
No último parágrafo do texto, o autor afirma que “Descobrir língua portuguesa. São elas que nos possibilitam olhar
a gota ocasional da verdade no meio de um grande oceano um caipira jururu à beira de um igarapé socando milho
de confusão e mistificação requer vigilância, dedicação e para preparar mingau — sem os termos que migraram
coragem”. A afirmação “requer coragem” está baseada no para o português, só veríamos um habitante da área
argumento de que a ciência. rural, melancólico, preparando comida às margens de um
riacho. Sem caipira, sem jururu, sem igarapé, sem socar
A pode ser mal interpretada em nações emergentes, e sem mingau, a cena poderia descrever uma bucólica
pobres e atrasadas. paisagem inglesa.
B é desenvolvida no livre intercâmbio de ideias, em O idioma da gente paulista formou-se como resultado de
debates que envolvam opiniões que se opõem. duas práticas: a miscigenação de portugueses e índias
C pode ser perigosa se divulgar inverdades que e a escravização dos índios. Os primeiros europeus que
prejudiquem a humanidade. aqui aportaram, sem mulheres, uniram-se às nativas
D exige métodos que se contrapõem aos valores da e criaram os filhos juntos e misturados — as crianças
democracia. usavam o tupi da mãe e o português do pai. Aos poucos,
E necessita de um grupo de profissionais altamente essas famílias mestiças se afastavam da cultura indígena
qualificados capaz de prevenir erros e casavam entre si, não mais em suas aldeias de origem.
Formava-se assim uma cultura mameluca, nem europeia
nem indígena, com uma língua que já não era o tupi,
tampouco era o Era o que falavam os primeiros paulistas,
os bandeirantes, que a difundiram nas bandeiras até as
terras que hoje constituem o Mato Grosso e o Paraná.
QUESTÃO 8
No texto, o trecho “(embora muitos tenham sido In: Piauí, ed. 116, maio/2016 (com adaptações).
sistematicamente impedidos de adquirir esse
conhecimento)” (L. 17 a 18) está entre parênteses, como Depreende-se do segundo parágrafo do texto que, no
um acréscimo, para indicar que trecho “São elas que nos possibilitam olhar um caipira
jururu à beira de um igarapé socando milho para preparar
A as populações dos países emergentes não conseguem mingau”, o propósito do autor é:
alcançar o necessário padrão de rigor para o acesso
ao conhecimento. A retratar com humor o estereótipo do caipira.
B muitos indivíduos são impedidos, por razões políticas e B caracterizar hábitos alimentares e comportamentais
econômicas, de ter acesso ao conhecimento produzido da população paulista do Brasil colônia.
pela ciência. C ilustrar a influência da língua geral no vocabulário do
C a população em geral historicamente tem demonstrado português falado no Brasil.
que não consegue se dedicar a adquirir novos D destacar a importância da língua geral como fator de
conhecimentos. inclusão social dos habitantes da zona rural, apelidados
D os padrões de evidência, honestidade e rigor não têm de caipiras.
sido respeitados pela ciência. E comprovar que o caipira é fruto da miscigenação entre
E o acesso dos cidadãos ao conhecimento científico está índios e portugueses.
fora da alçada da política democrática.

6
QUESTÃO 10
Estas memórias ficariam injustificavelmente incompletas Erico Veríssimo. Solo de clarineta: memórias. Porto
se nelas eu não narrasse, ainda que de modo breve, Alegre: Globo, v. 2, 1976, p. 57-58 (com adaptações)
as andanças em que me tenho largado pelo mundo
na companhia de minha mulher e de meus fantasmas No texto, com o emprego da expressão “mundo velho
particulares. Desde criança fui possuído pelo demônio sem porteira” (L.15) para dar título a um dos capítulos de
das viagens.Essa encantada curiosidade de conhecer Solo de clarineta: memórias, Erico Veríssimo indica que,
alheias terras e povos visitou-me repetidamente a para ele, viajar é uma forma de:
mocidade e a idade madura. Mesmo agora, quando já
diviso a brumosa porta da casa dos setenta, um convite A conectar-se às suas raízes genealógicas, mediante
à viagem tem ainda o poder de incendiar-me a fantasia. a visita a lugares inacessíveis a seus antepassados.
Na minha opinião, existem duas categorias principais B contestar, de modo pragmático, as fronteiras
de viajantes: os que viajam para fugir e os que viajam geopolíticas, por meio de ações materiais
para buscar. Considero-me membro deste último grupo, C experimentar uma vida de fantasia, na qual as regras
embora em 1943, nauseado pelo ranço fascista de nosso cotidianas possam ser burladas.
Estado Novo, eu haja fugido com toda a família do Brasil D vivenciar experiências diversas e mitigar as separações
para os Estados Unidos, onde permanecemos dois anos. entre lugares e entre indivíduos.
O que pretendo fazer agora é apresentar ao leitor, por assim E romper com uma visão religiosa conservadora segundo
dizer, alguns diapositivos e filmes verbais dos lugares por a qual o mundo não deve ser adulterado pelo homem.
onde passamos e das pessoas que encontramos, tudo
QUESTÃO 11
assim à maneira impressionista, e sem rigorosa ordem
cronológica. Usei como título deste capítulo, dedicado a
minhas viagens, uma expressão popular que suponho de
origem gauchesca: mundo velho sem porteira. Tenho-a
ouvido desde menino, da boca de velhos parentes e
amigos, de tropeiros, peões de estância, índios vagos,
gente da rua... Minha própria mãe empregava-a com
frequência e costumava pontuá-la com um fundo suspiro
de queixa. As pessoas em geral pareciam usar essa frase
para descrever um mundo que se lhes afigurava não só
incomensurável como também misterioso, absurdo, sem
pé nem cabeça...
Parece a mim, entretanto, que na sua origem essa
exclamação manifestava apenas a certeza popular de
Considerando os sentidos produzidos pela tirinha, é
que Deus fizera o mundo sem nenhuma porteira a fim de
correto afirmar que o autor explora o fato de que palavras
que nele não houvesse divisões e diferenças entre países
como “ontem”, “hoje” e “amanhã”:
e povos — gente rica e gente pobre, fartos e famintos, uns
com terra demais, outros sem terra nenhuma. Em suma,
o que o Velho queria mesmo era um mundo que fosse de
A mudam de sentido dependendo de quem fala.

todo mundo. É neste sentido que desejo seja interpretada


B adquirem sentido no contexto em que são enunciadas.

a frase que encabeça esta divisão do presente volume.


C deslocam-se de um sentido concreto para um abstrato.

Quem me lê poderá objetar que basta a gente passar os


D evidenciam o sentido fixo dos advérbios de tempo.

olhos pelo jornal desta manhã para verificar que o mundo


E são termos cotidianos conhecidos por todos os
brasileiros
nunca teve tantas e tão dramáticas porteiras como em
nossos dias... Mas que importa? Um dia as porteiras hão
de cair, ou alguém as derrubará. “Para erguer outras
ainda mais terríveis” — replicará o leitor cético. Ora,
amigo, precisamos ter na vida um mínimo de otimismo e
esperança para poder ir até ao fim da picada. Você não
concorda? Ô mundo velho sem porteira!

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QUESTÃO 12 QUESTÃO 13
Texto I Crônica
Leia os versos iniciais da peça Se correr o bicho pega, Texto jornalístico desenvolvido de forma livre e pessoal,
se ficar o bicho come (1966), de Oduvaldo Vianna Filho a partir de fatos e acontecimentos da atualidade, com
e Ferreira Gullar. Em formato de cordel, os versos são teor literário, político, esportivo, artístico, de amenidades,
cantados por todos os atores. etc. Segundo Muniz Sodré e Maria Helena Ferrari, a
Se corres, bicho te pega, amô. crônica é um meio-termo entre o jornalismo e a literatura:
Se ficas, ele te come. “do primeiro, aproveita o interesse pela atualidade
Ai, que bicho será esse, amô? informativa, da segunda imita o projeto de ultrapassar
Que tem braço e pé de homem? os simples fatos”. O ponto comum entre a crônica e a
Com a mão direita ele rouba, amô, notícia ou a reportagem é que o cronista, assim como
e com a esquerda ele entrega; o repórter, não prescinde do acontecimento. Mas, ao
janeiro te dá trabalho, amô, contrário deste, ele “paira” sobre os fatos, “fazendo
dezembro te desemprega; com que se destaque no texto o enfoque pessoal (onde
de dia ele grita “avante”, amô, entram juízos implícitos e explícitos) do autor”. Por outro
de noite ele diz: “não vá”: lado, o editorial difere da crônica, pelo fato de que,
Será esse bicho um homem, amô, nesta, o juízo de valor se confunde com os próprios
ou muitos homens será? fatos expostos, sem o dogmatismo do editorial, no qual
a opinião do autor (representando a opinião da empresa
VIANNA FILHO, Oduvaldo; GULLAR, Ferreira. Se correr jornalística) constitui o eixo do texto.
o bicho pega, se ficar o bicho come. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1966. p. 3. Dicionário de comunicação. 1978.

Texto II Segundo o verbete, uma característica comum à crônica


e à reportagem é
Observe a charge de Laerte que fez parte da mostra Maio
na Paulista, em 2019: A a relação direta com o acontecimento.
B a interpretação do acontecimento.
C a necessidade de noticiar de acordo com a filosofia
do jornal.
D o desejo de informar realisticamente sobre o ocorrido.
E o objetivo de questionar as causas sociais dos fatos.

QUESTÃO 14
De acordo com o verbete, o editorial representa sempre

A o julgamento dos leitores.


B a opinião do repórter.
Considerando a relação entre os textos I e II, conclui-se
C a crítica a um fato político.
que a charge
D a resposta a outros veículos de comunicação.
E o ponto de vista da empresa jornalística
A resgata a temática do cordel, rompendo com o impasse
vivido pelos personagens.
B reafirma o dilema dos personagens da peça,
parafraseando os versos iniciais do cordel.
C evidencia a tradição popular nordestina, utilizando a
imagem para sofisticar os versos.
D confirma a força transformadora da versificação
popular, reproduzindo-a em imagens.
E critica a postura dos trabalhadores brasileiros, por meio
da representação das sombras

8
QUESTÃO 15 QUESTÃO 16
Não esqueci de nada…, recomeçou a mãe, quando uma Consumismo: impactos para o bolso e para o planeta.
freada súbita do carro lançou-as uma contra a outra e Há vários anos, a sociedade moderna tem sido rotulada
fez despencarem as malas. – Ah! Ah! – exclamou a mãe como a sociedade do consumo. A grande questão, na
como a um desastre irremediável, ah! dizia balançando verdade, é que temos assistido à consolidação de uma
a cabeça em surpresa, de repente envelhecida e pobre. sociedade consumista. E esse é o grande problema.
E Catarina? Catarina olhava a mãe, e a mãe olhava a Em uma sociedade de consumo, as pessoas adquirem
filha, e também a Catarina acontecera um desastre? seus produtos e serviços necessários para sua vida.
olhos piscaram surpreendidos, ela ajeitava depressa as Consumismo, ao contrário, é o ato de comprar produtos e
malas, a bolsa, procurando o mais rapidamente possível serviços sem necessidade e consciência. É compulsivo e
remediar a catástrofe. Porque de fato sucedera alguma descontrolado. Não basta se vestir, é preciso acompanhar
coisa, seria inútil esconder: Catarina fora lançada contra todas as tendências da moda. Não é suficiente o conforto
Severina, numa intimidade de corpo há muito esquecida, proporcionado por alguns produtos tecnológicos, é
vinda do tempo em que se tem pai e mãe. Apesar de que necessário possuir os últimos lançamentos. Numa
nunca se haviam realmente abraçado ou beijado. Do pai, sociedade consumista, o consumidor é permanentemente
sim. Catarina sempre fora mais amiga. Quando a mãe incentivado a adquirir novos produtos. E essa onda
enchia-lhes os pratos obrigando-os a comer demais, os consumista traz graves consequências para a nossa
dois se olhavam piscando em cumplicidade e a mãe nem sociedade. No plano individual, um grande número de
notava. Mas depois do choque no táxi e depois de se pessoas se encontra em uma situação de endividamento
ajeitarem, não tinham o que falar – por que não chegavam extremo estimulado pelo desejo de consumo. (...). Já
logo à Estação? no plano coletivo, é o nosso planeta que sofre com o
– Não esqueci de nada, perguntou a mãe com voz consumismo. O meio ambiente é diretamente afetado,
resignada. [...] pois o consumo desenfreado e o desperdício, muitas
vezes causado pela falta de conhecimento, requerem
(LISPECTOR, Clarice. Os laços de família. Laços de o uso de mais matérias-primas, e, consequentemente,
família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. Fragmento.) também geram grande quantidade de resíduos. Por causa
disso, os ambientalistas acreditam que o nosso planeta
Dentre os principais autores modernistas está Clarice está gravemente doente, e alguns dos sintomas já são
Lispector cuja ficção explora os conflitos do indivíduo sentidos e estão piorando as condições de vida na Terra,
e sua autoconsciência. No trecho anterior, pode-se como, por exemplo, o aquecimento global. (...)
observar que
(Disponível em: https://www.campograndenews.com.br/
A a partir das reflexões propostas, o “eu” da personagem artigos /consumismo-impactos-para-o-bolso-e-para-o-
apresenta soluções para os conflitos existenciais. planeta. Acesso em 13/03/2021)
B um fato sem nenhuma importância aparente é o ponto
de partida para o início de um processo de epifania, Segundo o texto II, é correto afirmar que
dando início a reflexões sobre a própria existência.
C a objetividade presente na narrativa é reconhecida A a causa do endividamento dos cidadãos é o desejo
por meio de um recurso próprio da autora, chamado de possuir os últimos lançamentos dos produtos
“monólogo interior”, em que apresenta seu ponto de tecnológicos.
vista. B o consumismo faz com que as pessoas adquiram
D a situação do cotidiano apresentada torna-se somente produtos e serviços imprescindíveis para a
extremamente importante na narrativa, com o principal sua vida.
objetivo de demonstrar que a simplicidade da existência C o grande problema apontado pelo autor é a
deve ser valorizada. transformação dos hábitos de consumo em
E a autora utiliza-se de suas experiências de vida para consumismo.
produzir literatura, criando uma aproximação maior D o trecho “Por causa disso ... gravemente doente,” (. 28
com o público leitor. e 29) retoma o trecho “Em uma sociedade de consumo
... para sua vida.” (. 6 e 7)
E o consumismo é tido como a principal causa de danos
ambientais, afetando a vida humana

9
QUESTÃO 17 QUESTÃO 18
Quando o coronel João Capistrano Honório Cota mandou
erguer o sobrado, tinha pouco mais de trinta anos. Mas já
era homem sério de velho, reservado, cumpridor. Cuidava
muito dos trajes, da sua aparência medida. O jaquetão
de casimira inglesa, o colete de linho atravessado pela
grossa corrente de ouro do relógio; a calça é que era
como a de todos na cidade - de brim, a não ser em certas
ocasiões (batizado, morte, casamento - então era parelho
mesmo, por igual), mas sempre muito bem passada, o
vinco perfeito. Dava gosto ver:
O passo vagaroso de quem não tem pressa - o mundo
podia esperar por ele, o peito magro estufado, os gestos
O teor crítico da charge decorre da união de vários lentos, a voz pausada e grave, descia a rua da Igreja
elementos, que se complementam no ato da leitura, cumprimentando cerimoniosamente, nobremente, os que
levando o leitor à reflexão. Considerando-se isso, assinale . por ele passavam ou os que chegavam na janela muitas
V para as proposições verdadeiras e F para as falsas. A vezes só para vê-lo passar.
seguir, marque a sequência correta. Desde longe a gente adivinhava ele vindo: alto, magro,
descarnado, como uma ave pernalta de grande porte.
( ) O duplo sentido presente no termo “consumo”, que Sendo assim tão descomunal, podia ser desajeitado: não
pode ser lido como substantivo ou como verbo, não tem era, dava sempre a impressão de uma grande e ponderada
relevância para a interpretação da charge. figura. Não jogava as pernas para os lados nem as trazia
( ) A pontuação na fala dos personagens – exclamação abertas, esticava-as feito medisse os passos, quebrando
nos 2 primeiros quadrinhos e reticências no último – os joelhos em reto.
poderia ser substituída por ponto final, sem alteração do Quando montado, indo para a sua Fazenda da Pedra
sentido global da charge. Menina, no cavalo branco ajaezado de couro trabalhado
( ) A informação visual permite estabelecer a diferença e prata, aí então sim era a grande, imponente figura, que
entre o que é nomeado como “orgânico” na primeira e na enchia as vistas. Parecia um daqueles cavaleiros antigos,
terceira cenas. fugidos do Amadis de Gaula ou do Palmeirim, quando iam
( ) No último quadrinho, a referência ao dado da ONU para a guerra armados cavaleiros.
enfatiza a desigualdade do personagem deste quadrinho ÓPERA dos mortos. 1970.
em relação aos anteriores. No primeiro parágrafo, com a frase "então era parelho
mesmo, por igual", o narrador faz referência ao fato de
A V, F, V, F o coronel
B F, V, F, V
C V, V, F, F A vestir em certos eventos sociais a calca também de
D F, F, V, V casimira.
E F, F, F, V B ser par para qualquer desafio que lhe fizessem.
C usar também em certas ocasiões o jaquetão de brim.
D usar roupas iguais às de todos na cidade.
E demonstrar seus humildade por meio de roupas

10
QUESTÃO 19 QUESTÃO 21
No terceiro parágrafo, a comparação do coronel com uma Observe o texto a seguir.
ave pernalta representa
“Durante anos, nos Estados Unidos, houve alertas contra
A um recurso expressivo para ilustrar sua aparência e os perigos da obesidade. Para satisfazer as necessidades
sua presença física. daqueles que cuidam da linha de maneira draconiana,
B uma figura de retórica sem grande significado os fabricantes de alimentos lotaram as prateleiras dos
descritivo. supermercados de produtos com baixa ou nenhuma
C uma imagem visual de seu temperamento amável, mas gordura. Entretanto, nos dias atuais, alguns estudos
perigoso. apontam exatamente esses alimentos como causa da
D uma imagem que busca representar sua impressionante obesidade americana. Como esses alimentos não trazem
beleza. saciedade aos consumidores, isso os leva a comer mais.
E um modo de chamar atenção para o ambiente rústico Daí que as pessoas sejam levadas a consumir um pacote
em que vivia. inteiro de batatas fritas com baixa ou nenhuma gordura
enquanto teria comido somente metade de um pacote de
QUESTÃO 20
fritas clássicas.”
Em seu conjunto, a descrição do coronel sugere uma
figura que seu conjunto, a descrição do coronel sugere
A conclusão mais coerente para esse parágrafo é:
uma figura que

A evitar os produtos com 0% de gordura, mas privilegiar


A exibe um temperamento tímido e fechado.
os naturais;
B manifesta desprezo por tudo à sua volta.
B as batatas fritas, com gordura ou não, são prejudiciais
C demonstra humildade em tudo o que No
para a saúde;
D revela nos gestos e comportamento segurança e poder.
C a chave para manter a linha é evitar comer de maneira
E inspira certo receio aos habitantes da cidade.
compulsiva;
D comeremos menos se a comida não for com baixa ou
nenhuma gordura;
E a comida industrializada deveria ser retirada dos
supermercados.

11
QUESTÃO 22 Os diferentes gêneros textuais apresentam particularidades
Poema de Sete Faces linguístico-textuais que são determinantes para que o leitor
produza sentidos. Sobre o texto poético de Drummond, é
Quando nasci, um anjo torto correto afirmar que
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. A apresenta uma riqueza de figuras de estilo capazes de
despertar diferentes sentidos no leitor.
As casas espiam os homens B tem como marcas centrais o uso excessivo de rimas,
que correm atrás de mulheres. típicas do gênero lírico.
A tarde talvez fosse azul, C emprega a metáfora, a fim de produzir um sentido
não houvesse tantos desejos. único, a ser decifrado pelo leitor.
D explora eminentemente a linguagem denotativa,
O bonde passa cheio de pernas: visando informar o leitor sobre o tema tratado.
pernas brancas pretas amarelas. E dispõe de versos e rimas a fim de convencer o leitor
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração. sobre o tema discutido.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode


é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste


se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo,


se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer


mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. São


Paulo: Companhia das Letras, 2013.

12
QUESTÃO 23 Entre as afirmações a seguir, qual explica corretamente a
Em 2008, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) relação entre o uso e a ausência das vírgulas conforme
publicizou a seguinte campanha centrada no modo como observadas na propaganda da ABI?
a informação produz distintos sentidos, ilustrada no uso
da vírgula. A Em “Aceito obrigado”, a ausência da vírgula produz
um sentido que também se verificaria com o uso da
Vírgula pode ser uma pausa… ou não. vírgula.
Não, espere. B O trecho “Vamos perder nada, foi resolvido” produz o
Não espere. sentido de inconclusão.
C No trecho “Isso só, ele resolve”, há o sentido de
Ela pode sumir com seu dinheiro. imprecisão atribuída à afirmação.
23,4. D A retirada da vírgula em “Não, tenha clemência!”
2,34. mantém o ato de clemência.
E Em “Esse, juiz, é corrupto”, as vírgulas sinalizam
Pode criar heróis. interação entre o falante e o interlocutor.
Isso só, ele resolve.
Isso, só ele resolve.
QUESTÃO 24
Vício da fala
Ela pode ser autoritária.
Aceito, obrigado.
Para dizerem milho dizem mio
Aceito obrigado.
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Ela pode criar vilões.
Para telha dizem teia
Esse, juiz, é corrupto.
Para telhado dizem teiado
Esse juiz é corrupto.
E vão fazendo telhados
Pode ser a solução.

ANDRADE, Oswald. Poesias reunidas. Rio de Janeiro:


Vamos perder, nada foi resolvido.
Civilização Brasileira, 1971.
Vamos perder nada, foi resolvido.

Um idioma pode ser falado de diferentes formas,


A vírgula muda uma opinião.
registrando-se a variedade linguística em função do
Não queremos saber.
contexto em que a fala se realiza. Na poesia de Oswald
Não, queremos saber.
de Andrade,

A vírgula pode condenar ou salvar.


A os termos “mio”, “mió”, “pió”, “teia” e “teiado” são
Não tenha clemência!
utilizados para ilustrar a escrita do falante de língua
Não, tenha clemência!
portuguesa.
B o título “Vício de fala” registra uma ocorrência que
Uma vírgula muda tudo.
corresponde ao uso da norma culta
ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude nem uma
C a linguagem ilustrada na poesia condiz com a realidade
vírgula da sua informação.
linguística da maioria das produções brasileiras
escritas no século XXI.
Disponível em: https://www.propagandashistoricas.com.
D a poesia explora a variedade linguística a fim de
br/2013/11/abi-100-anos-virgula-2008.html. Acesso em:
sublinhar os usos linguísticos comuns a diferentes
25 mar. 2023. (Adaptado)
regiões do Brasil e em diferentes níveis de
escolaridade.
E há uma representação distorcida dos usos linguísticos
dos falantes de língua portuguesa no Brasil.

13
QUESTÃO 25 QUESTÃO 26
A maneira mais clara e fácil de decretar o fim de uma Nem mais como tema literário serve ainda esse assunto
pandemia seria se não houvesse mais circulação do de seca. Já cansou quem escreve, cansou quem lê e
Sars-CoV-2, o coronavírus causa dor da covid-19. [....] cansou principalmente quem o sofre. Parece mesmo que
Enquanto isso, embora as estatísticas sobre vacinação cansou o próprio Deus Nosso Senhor, pois que afinal,
revelam quem até agora mais de 300 milhões de doses repetindo um gesto sucedido há exatamente um século
foram administradas, a parcela das pessoas 100% (o último diz a tradição que foi em 1851), contra todos os
imunizadas fica mais abaixo disso, uma vez que a cálculos, contra todas as experiências, ultrapassando os
maioria dos imunizantes requer duas aplicações para otimismos mais alucinados, fez começar um inverno no
surtir efeito desejado. [....] Apesar das fortes campanhas Nordeste durante a primeira quinzena de abril.
de imunização em curso rápido em Estados Unidos,
Israel, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Chile, a Eu estava lá. Assisti mais uma vez à mágica transformação
vacinação vem em um ritmo muito mais lento em outros do deserto em jardim do paraíso. E vendo o céu escurecer
lugares do planeta. bonito, depois de tantos meses de desesperança, os
compadres diziam que eu lhes levara o inverno nas
Redação - BBC Mundo. 21 de março de 2022. malas. O fato é que, durante a viagem de ida, enquanto
Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/ o “Constellation” da Panair voava por cima do colchão
internacional-56406423. Acesso em: 22 mar. 2023 compacto de nuvens carregadas de água, me dava uma
(adaptado) vontade desesperada de rebocá-las todas, lá para onde
tanta falta faziam, levá-las como rebanho de golfinhos
O gênero notícia tem como objetivo apresentar os fatos prisioneiros e despejá-las em cheio sobre os serrotes do
em torno de um acontecimento ou tema. Na notícia lida, Quixadá.

A a temática central corresponde à apresentação do Pois choveu. Encheram-se os açudes, as várzeas deram
papel dos países em relação à ciência. nado, os rios subiram de barreira a barreira.
B os estudos sobre a Covid-19 no mundo são o destaque
do texto. Mas ninguém espere muito de um inverno assim tardio. Já
C a pandemia da Covid-19 e o seu enfrentamento são se agradece de joelhos o pasto aparentemente garantido,
os elementos centrais do texto. o gado salvo. Mas não se espera que haja milho. Talvez
D observa-se o destaque dado ao fim da pandemia da feijão, desse precoce que dá em dois meses. E o algodão
Covid-19. aguenta, provavelmente. Nada mais.
E o foco é o enfrentamento do Brasil durante a pandemia
da Covid-19. Rachel de Queiroz. Choveu! (com adaptações).

Entende-se do penúltimo parágrafo do texto que o


segundo período expressa, em relação ao primeiro, uma
ideia de

A finalidade.
B causa.
C consequência.
D conclusão.
E explicação.

14
QUESTÃO 27 QUESTÃO 28
Texto I Tanto o poema-canção quanto a imagem apresentados
tecem, a seu modo uma
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas A denúncia de cunho social.
Pensem nas meninas B reflexão de ordem metafisica.
Cegas inexatas C elogio a um modo de vida perigoso.
Pensem nas mulheres D exaltação ao caráter bélico da alma humana.
Rotas alteradas E glorificação da alienação como forma de vida.
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas QUESTÃO 29
Mas oh não se esqueçam Não há dúvida que as línguas se aumentam e alteram
Da rosa da rosa com o tempo e as necessidades dos usos e costumes.
Da rosa de Hiroxima Querer que a nossa pare no século de quinhentos é um
A rosa hereditária erro igual ao de afirmar que a sua transplantação para a
A rosa radioativa América não lhe inseriu riquezas novas. A este respeito a
Estúpida e inválida influência do povo é decisiva. Há, portanto, certos modos
A rosa com cirrose de dizer, locuções novas, que de força entram no domínio
A antirrosa atômica do estilo e ganham direito de cidade.
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada. ASSIS, Machado de. Instinto de nacionalidade. (Grafia
atualizada)
MORAES, Vinicius de. Rosa de Hiroxima. In: Antologia
poética. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p. 196. Nesse trecho, ao abordar as transformações pelas quais
as línguas passam, Machado de Assis se posiciona de
Texto II forma

A crítica em relação aos falantes que desconhecem a


própria língua.
B irônica em relação aos escritores do século quinhentos.
C pessimista em relação ao futuro da Língua Portuguesa.
D favorável à atualização das línguas pela ação dos
falantes.
E indiferente à relação entre língua falada e língua
escrita.

A imagem se deixa ler por meio de formas vigorosas,


cujo efeito é aterrador, ao passo que o poema, em alguns
versos, se dirige de forma apelativa ao leitor, como se
verifica no

A primeiro verso.
B segundo verso.
C décimo verso.
D oitavo verso.
E último verso.

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QUESTÃO 30 Na comparação dos dois textos, observa-se que o texto
Texto I
O preconceito linguístico se baseia na crença de que só A apresenta uma reflexão crítica acerca do preconceito
existe uma única Língua Portuguesa digna deste nome linguístico presente na sociedade; o texto II satiriza
e que seria a língua ensinada nas escolas, explicada esse tipo de preconceito.
nas gramáticas e catalogada nos dicionários. Qualquer B expõe todas as razões para a defesa de uma língua
manifestação linguística que escape desse triângulo única no contexto escolar; o texto II evidencia um uso
escola-gramática-dicionário é considerada, sob a ótica dialetal característico de situações não escolarizadas.
do preconceito linguístico, "errada, feia, estropiada, C tem como objetivo precípuo apresentar uma crítica à
rudimentar, deficiente", e não é raro a gente ouvir que isso existência do preconceito linguístico; o texto II objetiva
não é português. poetizar um dos usos não formais da língua.
D apresenta o posicionamento de um teórico sobre as
BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é e como diferencas dialetais na Língua Portuguesa; o texto II
se faz. São Paulo: Edições Loyola, 2004. p. 40. ilustra um dos regionalismos característicos desses
dialetos.
Texto II E apresenta um alerta sobre as consequências do
Água Nóis mora aqui no poeirão preconceito linguístico; o texto II ridiculariza o uso de
Nóis mora aqui no poeirão Nóis mora aqui no poeirão falares que não atendam ao padrão da língua
E existe todo dia uma hora da noite
QUESTÃO 31
Em que um trem no meu peito me diz:
“Aconteceu aos verdadeiros sábios o que se verifica com
A água um dia vai cair
as espigas de milho, que se ergueram orgulhosamente
Lá do céu azulzim
enquanto vazias e, quando se enchem e amadurece o
E com certeza vai estar
grão, se inclinam e se dobram humildemente. Assim
Molhadinha
esses homens, depois de tudo terem experimentado,
E aqui vai virar um lamão
sondado e nada haverem encontrado nesse amontoado
E nessa hora eu não quero nem saber
considerável de coisas tão diversas, renunciaram à sua
Quem foi que escolheu morar aqui
presunção e reconheceram a sua insignificância.”
Tudo o que sei é que não fui eu,
Não fui eu, não, sim sinhô!
Sobre a base argumentativa desse pensamento de
Por aqui o melhor e mais completo
Montaigne, é correto afirmar que:
Vamo logo ser direto:
Tá em falta, tem mas acabou...
A a tese do texto é a de que os verdadeiros sábios se
E o meu sonho de consumo
inspiram nas espigas de milho;
Tem que encomendar primeiro
B o argumento básico do texto é de base comparativa,
E esperar um ano inteiro
citando o exemplo das espigas de milho;
Ainda rezando pra chegar
C a argumentação apresentada é a experiência pessoal
Cê pode arranhar o chão, por a cabeça nas mão Mas
do autor, filósofo e escritor;
volta e meia eu sinto esse trem:
D o público-alvo do texto são os verdadeiros sábios, que
A água um dia..
não interrompem a trajetória do aprendizado;
E a lição do texto é a de que a humildade, também na
Intérprete: Pato Fu. Disponível em: http://letras.mus.br/
natureza, só não é seguida pelos verdadeiros sábios,
pato-fu/47980/. Acesso em: 02 dez. 2012.
por já possuírem o conhecimento.

16
QUESTÃO 32 QUESTÃO 33
“Por que você escreve? A essa pergunta Balzac respondeu: No romance Dom Casmurro, o narrador faz uma descrição
para ser rico e célebre. Outros responderão certamente: de um personagem do seguinte modo:
porque é um ato necessário a meu equilíbrio psíquico, eu
escreveria mesmo que eu não fosse publicado. Essas são “Levantou-se para ir buscar o gamão, que estava no
as duas respostas extremas. Eu direi quanto a mim: para interior da casa. Cosi-me muito à parede, e vi-o passar
ser lido. Eu me considero como um artesão em sua oficina, com as suas calças brancas engomadas, presilhas,
aperfeiçoando esse objeto manufaturado destinado a ser rodaque e gravata de mola. Foi dos últimos que usaram
vendido, um livro. Um livro é uma criação, que comporta presilhas no Rio de Janeiro, e talvez neste mundo. Trazia
um primeiro e um segundo grau. No primeiro, eu invento as calças curtas para que lhe ficassem bem esticadas. A
uma história e personagens. No segundo, o leitor se apoia gravata de cetim preto, com um arco de aço por dentro,
no que inventei e persegue minha criação para torná-la imobilizava-lhe o pescoço; era então moda (....). Era
sua. E como toda criação traz alegria, há para mim uma magro, chupado, com um princípio de calva; teria os seus
dupla felicidade: a de criar e a de suscitar uma criação cinquenta e cinco anos”.
entre meus leitores. Eu acendo um fogo que me dá calor
e luz, mas eu o expando e observo milhões de pequenas A descrição desse personagem tem base:
luzes tremulando sobre toda a terra, feitas nos espíritos e
corações por minhas obras” (Michel Tournier, Libération, A predominantemente física, com traços psicológicos;
1985). B predominantemente psicológica, com traços físicos;
C sociológica, explorando sua atividade profissional;
Sobre a significação desse pequeno texto, é correto D física, psicológica e sociológica;
afirmar que: E predominantemente sociológica, com traços físicos.

A segundo o texto, no fundo, todos escrevem pelo


mesmo motivo: tornarem-se ricos e célebres;
B em resumo, os escritores pretendem trazer felicidade
aos homens, mesmo que não sejam publicados;
C o autor do texto responde à pergunta inicial, apoiado
em sua experiência pessoal, destacando o poder da
criação;
D escrever é uma experiência que requer dedicação e
trabalho a fim de que o livro possa ser amplamente
consumido;
E os autores criam histórias e personagens para que os
leitores se sintam motivados a criarem os seus.

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QUESTÃO 34 Na análise que faz da situação do trabalho no Brasil, o
Trabalho a preservar editorial enfatiza

São dignos de celebração os números que mostram a A a crescente participação das mulheres no mercado
expressiva queda do desemprego no país ao longo do de trabalho, ainda que a recuperação tenha sido mais
ano passado, divulgados pelo IBGE. difícil para elas do que para outros segmentos da
sociedade.
Encerrou-se 2022 com taxa de desocupação de 7,9% no B a melhora da economia brasileira nos últimos 3
quarto trimestre, ante 11,1% medidos 12 meses antes e anos, dando cabo ao fantasma do desemprego que
14,2% ao final de 2020, quando se vivia o pior do impacto rondava as famílias e à desvalorização dos salários
da pandemia. Trata-se da melhora mais longa e aguda dos trabalhadores.
desde o fim da recessão de 2014-16. C a desvalorização excessiva do rendimento médio do
trabalhador, que acompanha o recrudescimento do
Isso não quer dizer, claro, que se viva um momento desemprego, como mostram dados de 2020, 2021 e
brilhante de pujança econômica e ascensão social. Há 2022.
senões, a começar pelo rendimento médio do trabalho D o aumento das vagas de emprego nos últimos dois
de R$ 2.808 mensais – que, embora tenha aumentado anos, pontuando que a participação de jovens no
recentemente, ainda é o menor em cinco anos. mercado de trabalho vem sendo maior e propiciando
ascensão social.
As médias, ademais, escondem desigualdades de todos E a queda expressiva do desemprego ao final de
os tipos. O desemprego entre as mulheres nordestinas 2022, na comparação com os anos de 2021 e 2020,
ainda atinge alarmantes 13,2%, enquanto entre os ressalvando, porém, que o cenário ainda é marcado
homens do Sul não passa de 3,6%. por muitas desigualdades.

Nada menos que 16,4% dos jovens de 18 a 24 anos em


busca de ocupação não a conseguem. Entre os que se
declaram pretos, a taxa de desocupação é de 9,9%, ante
9,2% dos pardos e 6,2% dos brancos.

Pode-se constatar, de qualquer modo, que o mercado de


trabalho se tornou mais favorável em todos os recortes,
graças a um crescimento surpreendente da economia,
em torno dos 3% no ano passado.

(Editorial. Folha de S. Paulo, 28.02.2023. Adaptado)

18
Gabarito

1-B 18 - A
2-A 19 - A
3-B 20 - D
4-B 21 - D
5-E 22 - A
6-B 23 - E
7- B 24 - D
8-B 25 - C
9-C 26 - C
10 - D 27 - A
11 - B 28 - A
12 - B 29 - D
13 - A 30 - D
14 - E 31 - B
15 - B 32 - C
16 - C 33 - D
17 - D 34 - E

19

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