Dissertação
Dissertação
Dissertação
2012
Instituto Superior de Engenharia do Porto
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA GEOTÉCNICA
1940193
ii
iii
“O problema do mundo de hoje é que as pessoas
inteligentes estão cheias de dúvidas, e as pessoas idiotas
estão cheias de certezas”.
Henry Charles Bukowski Jr.
iv
v
Agradecimentos
Ao meu orientador, Professor João Paulo Meixedo pela supervisão, sugestões e apoio na
partilha das suas experiências profissionais e académicas, bem como na cedência de
bibliografia de especialidade. Pela disponibilidade na revisão das várias versões do
manuscrito.
À empresa Nova Estação, ACE, composto pelas empresas ZAGOPE, TEIXEIRA DUARTE, SOARES
DA COSTA E CONSTRUTORA TÂMEGA. Um especial agradecimento aos colegas de trabalho
Eng.º Tiago Pereira e Eng.ª Manuela Correia pelos esclarecimentos e disponibilidade de
informação documental, entre os quais projetos, memórias descritivas, notas técnicas, entre
outros. Ao colega José Carrilho pelos esclarecimentos e apoio técnico relativo a desenhos de
projeto e telas finais.
À empresa EPOS na pessoa do Dr. Luis Gonçalves, pela autorização e disponibilidade de acesso
a documentos e relatórios de instrumentação e monitorização e ao colega Dr. Luís Santos,
responsável pela monitorização da obra, pela sua disponibilidade e conhecimentos técnicos,
bem como a sua generosidade pela partilha da sua experiência da obra.
Um especial agradecimento à empresa CJC, na pessoa do Eng.º Júlio Torres pela sua
disponibilidade, esclarecimentos e apoio documental de projeto, mesmo estando do outro
lado do oceano atlântico, no seu país, o Brasil.
vi
vii
Palavras-chave
Resumo
viii
ix
Keywords
Abstract
Currently, the digging of wells in areas densely populated requires stringent measures to
reduce risks and possible influences both in the work itself and in nearby structures. In this
field, the geotechnical instrumentation and its monitoring have a special role in the
execution of geotechnical works. In this work is given a special emphasis on
instrumentation, geotechnical activities of observation and analysis and interpretation of
the readings for the control of field movements induced by the excavations. This
monitoring is based on a instrumentation plan, and described in a cross-sectional design
along with the importance of particular stages of the geotechnical investigation.
The implementation of the wells for future Station Reboleira allowed to validate the
design solutions for a particular construction method, determined by numerical methods
and semi-empirical, topics covered in this document. The systematic monitoring of the
excavations from the beginning to the secondary coating, allowed assessments of the
values obtained by presenting some records.
All these actions aim to control and anticipate the risks of accidents caused by the
execution of excavations, reason why the importance of safety and hygiene at work in the
prevention of occupational risks, regardless of their origin, in also highlighted in the
present work.
x
xi
ÍNDICE
1. Introdução ........................................................................................................................... 1
1.1 Enquadramento da tese ....................................................................................................... 3
1.2 Objetivos ............................................................................................................................. 3
1.3 Organização da tese ............................................................................................................. 4
2. Escavações ........................................................................................................................... 7
2.1 Introdução ........................................................................................................................... 9
2.2 Evolução Histórica ................................................................................................................ 9
2.3 Ocupação do espaço do subsolo......................................................................................... 10
2.4 Classificação das escavações .............................................................................................. 11
2.5 Tipos de escavações ........................................................................................................... 11
2.6 Geometria das escavações ................................................................................................. 12
2.7 Técnicas de escavação........................................................................................................ 13
2.8 Fatores que influenciam a movimentação do terreno......................................................... 15
2.9 Estruturas de contenção com escavação na vertical ........................................................... 16
2.9.1 Contenções do tipo Berlim definitivo .......................................................................... 17
2.9.2 Contenções do tipo Berlim provisório ......................................................................... 18
2.9.3 Parede moldada ......................................................................................................... 19
2.9.4 Cortina de estacas ...................................................................................................... 20
2.9.5 Cortina de colunas de jet grouting .............................................................................. 21
2.9.6 Cortina de estacas prancha ......................................................................................... 22
2.9.7 Método de escavação sequencial ............................................................................... 23
3. Projeto e investigação geotécnica ...................................................................................... 25
3.1 Introdução ......................................................................................................................... 27
3.2 Investigação geotécnica ..................................................................................................... 27
3.2.1 Fases do processo de investigação geotécnica ............................................................ 28
3.2.2 Relatórios dos resultados da investigação ................................................................... 28
3.3 Reconhecimento geológico-geotécnico .............................................................................. 29
3.3.1 Investigação preliminar............................................................................................... 29
3.3.2 Consequências............................................................................................................ 30
3.4 Programa de prospeção geotécnica.................................................................................... 31
3.5 Métodos de caraterização geomecânica............................................................................. 32
3.6 Zonamento geotécnico ...................................................................................................... 34
3.7 Eurocódigos estruturais ..................................................................................................... 35
xii
3.7.1 Eurocódigo 7 .............................................................................................................. 35
3.7.2 Requisitos fundamentais para o projeto de estruturas geotécnicas ............................. 37
3.7.3 Categorias geotécnicas ............................................................................................... 37
3.7.4 Dimensionamento geotécnico .................................................................................... 39
3.7.4.1 Com base no cálculo ............................................................................................. 39
3.7.4.2 Por medidas prescritivas ....................................................................................... 40
3.7.4.3 Uso de ensaios de carga e ensaios em modelo experimental................................. 40
3.7.4.4 Método observacional .......................................................................................... 40
3.7.4.5 Relatório do projeto geotécnico ............................................................................ 40
4. Instrumentação e monitorização ........................................................................................ 41
4.1 Instrumentação.................................................................................................................. 43
4.1.1 Introdução .................................................................................................................. 43
4.1.2 Objetivos .................................................................................................................... 43
4.1.3 Escolha de instrumentação ......................................................................................... 43
4.1.4 Recolha e tratamento da informação .......................................................................... 44
4.1.5 Plano de observação ................................................................................................... 45
4.1.6 Plano de instrumentação ............................................................................................ 46
4.2 Instrumentação utilizada em obras de engenharia ............................................................. 47
4.2.1 Instrumentos para medição de grandezas relativas à água.......................................... 47
4.2.2 Instrumentos para determiação de inclinação e rotação ............................................. 48
4.2.3 Instrumentos para medição de deslocamentos e deformações ................................... 49
4.2.4 Instrumentos para monitorização de juntas e fissuras................................................. 50
4.2.5 Instrumentos para medição de pressões ..................................................................... 50
4.3 Competências dos diversos intervenientes ......................................................................... 51
4.3.1 Geo-profissionais ........................................................................................................ 51
4.3.2 Acompanhamento técnico da obra ............................................................................. 51
4.4 Procedimentos e metodologias para a análise dos assentamentos, monitorização e
proteção dos edifícios circundantes ................................................................................... 52
4.4.1 Considerações iniciais ................................................................................................. 52
4.4.2 Definição da bacia de subsidência ............................................................................... 53
4.4.3 Definição do plano de monitorização das estruturas dos poços e das estruturas e
utilidades circundantes às escavações. ................................................................................. 54
4.4.4 Avaliação do risco de cada edifício .............................................................................. 55
4.4.4.1 Introdução ............................................................................................................ 55
4.4.4.2 Avaliação do risco ................................................................................................. 56
xiii
4.4.4.3 Medidas a Serem Adotadas ................................................................................... 56
5. Segurança e Higiene ........................................................................................................... 59
5.1 Introdução ......................................................................................................................... 61
5.2 Atividade da segurança e higiene ....................................................................................... 61
5.3 Legislação de segurança aplicável em obra ......................................................................... 62
5.4 Acidentes de trabalho ........................................................................................................ 63
5.5 Prevenção .......................................................................................................................... 65
5.5.1 Princípios gerais de prevenção.................................................................................... 65
5.5.2 Plano de segurança e saúde ........................................................................................ 66
5.5.2.1 Objetivo do PSS..................................................................................................... 67
5.5.2.2 Responsabilidades dos diversos intervenientes na segurança da obra ................... 67
5.5.2.3 Atividades ou trabalhos de risco elevado / especiais ............................................. 70
5.6 Avaliação de riscos ............................................................................................................. 72
5.6.1 Ações para a prevenção de riscos ............................................................................... 72
5.6.2 Metodologia de Identificação de Perigos e Avaliação de Riscos ................................... 73
5.7 Riscos psicossociais ............................................................................................................ 79
6. Projeto de execução ........................................................................................................... 81
6.1 Caracterização da empreitada ............................................................................................ 83
6.1.1 Introdução .................................................................................................................. 83
6.1.2 Localização da empreitada .......................................................................................... 83
6.1.3 Trabalhos executados ................................................................................................. 84
6.1.4 Principais características da empreitada ..................................................................... 85
6.1.5 Principais intervenientes............................................................................................. 87
6.2 Processo construtivo .......................................................................................................... 87
6.2.1 Método NATM ............................................................................................................ 87
6.2.2 Tempo de auto-sustentação ....................................................................................... 88
6.3 Faseamento construtivo ..................................................................................................... 89
6.3.1 Estação da Reboleira .................................................................................................. 89
6.3.1.1 Faseamento posto a concurso ............................................................................... 89
6.3.1.2 Faseamento executado – otimização .................................................................... 92
6.3.2 Poço de Ventilação ..................................................................................................... 94
6.4 Execução do projeto em escavação e revestimento primário ............................................. 97
6.4.1 Estação ....................................................................................................................... 97
6.4.2 Poço de ventilação.................................................................................................... 106
7. Estudo de Caso................................................................................................................. 111
xiv
7.1 Enquadramento geológico ............................................................................................... 113
7.1.1 Cartografia Geológica ............................................................................................... 113
7.1.2 Unidades geológicas – litótipos ................................................................................. 113
7.1.3 Caracterização Geotécnica ........................................................................................ 115
7.1.3.1 Poços da Estação ................................................................................................ 115
7.1.3.2 Poço de Ventilação ............................................................................................. 116
7.1.4 Parâmetros geomecânicos ........................................................................................ 117
7.2 Determinação dos esforços solicitantes............................................................................ 119
7.2.1 Estação Reboleira ..................................................................................................... 119
7.2.1.1 Condições de estabilidade dos poços da estação ................................................. 120
7.2.1.2 Análise numérica tridimensional – simulação da escavação ................................ 120
7.2.1.3 Resultados .......................................................................................................... 122
7.2.1.4 Análise numérica tridimensional – Simulação do revestimento primário ............. 124
7.2.1.5 Resultados obtidos no revestimento Primário ..................................................... 125
7.2.2 Poço de ventilação.................................................................................................... 126
7.2.2.1 Análise numérica axissimétrica ........................................................................... 126
7.2.2.2 Modelo e malha utilizada .................................................................................... 127
7.2.2.3 Resultados .......................................................................................................... 129
7.2.2.4 Análise numérica tridimensional – simulação revestimento primário do PV ........ 130
7.2.2.5 Resultados obtidos no revestimento Primário ..................................................... 132
7.3 Estimativas dos assentamentos na superfície ................................................................... 134
7.3.1 Considerações iniciais ............................................................................................... 134
7.3.2 Assentamento na superfície devido a escavação do poço ......................................... 134
7.4 Instrumentação da obra ................................................................................................... 135
7.4.1 Instrumentação aplicada .......................................................................................... 135
7.4.2 Instrumentação da Estação Reboleira ....................................................................... 145
7.4.3 Instrumentação do poço de ventilação ..................................................................... 148
7.4.4 Níveis de referência .................................................................................................. 149
7.4.4.1 Considerações iniciais ......................................................................................... 149
7.4.4.2 Valores de referência .......................................................................................... 151
7.5 Resultados da monitorização ........................................................................................... 153
7.5.1 Frequência de leituras em obra ................................................................................ 153
7.5.2 Estação ..................................................................................................................... 153
7.5.2.1 Alvos e réguas em taludes e estruturas ............................................................... 154
xv
7.5.2.2 Marcas de superfície ........................................................................................... 156
7.5.2.3 Inclinómetros...................................................................................................... 159
7.5.2.4 Piezómetro ......................................................................................................... 160
7.5.2.5 Convergências..................................................................................................... 160
7.5.2.6 Strain-gauges ...................................................................................................... 162
7.5.3 Poço de Ventilação ................................................................................................... 164
7.5.3.1 Alvos e réguas em estruturas .............................................................................. 165
7.5.3.2 Marcas de superfície ........................................................................................... 169
7.5.3.3 Convergências..................................................................................................... 170
7.5.4 Considerações finais ................................................................................................. 171
7.5.5 Poços pelo método NATM ........................................................................................ 172
8. Conclusões ....................................................................................................................... 177
9. Referências bibliográficas ................................................................................................. 181
10. ANEXOS ........................................................................................................................... 189
xvi
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 2.1 – Geometria dos poços: a) Quadrada; b) Retangular; c) Circular/elíptica; d) Mista. ...... 13
Figura 2.2 - Acessórios para acoplar na escavadora. ..................................................................... 14
Figura 2.3 - Equipamentos – a) TBM; B) Máquina de ataque pontual; C) Escavadora giratória. ..... 14
Figura 2.4 - Esquema de tipos de estruturas de contenção. .......................................................... 17
Figura 2.5 - Contenção tipo Berlim definitivo. .............................................................................. 18
Figura 2.6 - Cortina de contenção tipo Berlim provisório com escoramento ................................. 19
Figura 2.7 - Contenção tipo Berlim provisório com ancoragens . .................................................. 19
Figura 2.8 - Metodologia executiva de parede moldada “in situ” ................................................. 20
Figura 2.9 - Cortina de estacas com ancoragens nas vigas, executada na obra em estudo . .......... 21
Figura 2.10 - Execução de jet-grouting ......................................................................................... 22
Figura 2.11 - Cortina de estaca prancha. ...................................................................................... 23
Figura 4.12 - Hierarquização de procedimentos num processo de monitorização em obra. .......... 44
Figura 4.13 - Aplicação em escavação em meio urbano . .............................................................. 46
Figura 4.14 - Aplicação em túneis em meio urbano ..................................................................... 47
Figura 4.15 - Bacia de subsidência. ............................................................................................... 54
Figura 4.16 - Esquema de instrumentação mínima a aplicar em escavações. ................................ 55
Figura 5.17 – Esquema de avaliação de riscos. ............................................................................. 73
Figura 5.18 – a) Plataforma não integrada suspensa em grua-torre; b) Plataformas suspensas. ... 79
Figura 6.19 - Mapa da rede geral do metropolitano de Lisboa. ..................................................... 83
Figura 6.20 - Prolongamento da linha azul – Estação da Reboleira ............................................... 84
Figura 6.21 - Planta geral da obra................................................................................................. 85
Figura 6.22 - Planta do corpo dos poços da estação da Reboleira. ................................................ 85
Figura 6.23 - Corte transversal dos poços da estação. .................................................................. 86
Figura 6.24 - Planta do Túnel de ventilação . ................................................................................ 86
Figura 6.25 - Planta com execução das vigas de travamento e revestimento secundário nos poços
1, 3 e 5 ......................................................................................................................................... 91
Figura 6. 26 - Planta com execução do revestimento secundário no poço 2 e 4. ........................... 91
Figura 6.27 - Planta das estacas pilares e muros de contenção. .................................................... 92
Figura 6.28 - Planta das vigas de travamento dos poços 1 a 5 ...................................................... 93
Figura 6.29 - Planta e corte transversal do faseamento construtivo da escavação e revestimento
primário . ..................................................................................................................................... 93
Figura 6.30 - Esquema tridimensional da estação. ........................................................................ 94
Figura 6.31 - Projeto inicial da localização do poço de ventilação ................................................. 95
xvii
Figura 6.32 - Planta do poço de ventilação de secção elíptica....................................................... 96
Figura 6.33 - Cortes pelo maior e menor diâmetro do poço de ventilação. ................................... 96
Figura 6.34 - Planta com a implantação das estacas e as suas referências . .................................. 97
Figura 6.35 – a) furação para as estacas; b) Colocação de armadura na estaca pilar no furo. ........ 98
Figura 6.36 – a) Montagem da armadura das vigas de travamento entre estacas pilar; b) Vigas de
bordadura no topo de cada poço. ................................................................................................ 98
Figura 6.37 - Esquemas da geometria adotada relativamente aos níveis de escavação. ................ 99
Figura 6.38 - Plano geral dos poços 3 a 5. a) Com pormenor da rampa utilizada pelo dumper; b)
sem rampa, utilizando caçamba para remoção do material. ....................................................... 100
Figura 6.39 - Pormenor do revestimento primário ..................................................................... 100
Figura 6.40 - a) Aplicação da malha sol após 1ª camada de 4 cm de betão projetado. b) Abertura
de painéis intercalados para execução de revestimento primário............................................... 101
Figura 6.41 - a) Execução de pregagens tipo swellex e execução de geodrenos; b)
Emboquilhamento do túnel norte – Poço 1. ............................................................................... 102
Figura 6.42 – Alçado do reforço do emboquilhamento do túnel norte. ...................................... 102
Figura 6.43 – a) Execução de pregagens tipo swellex e execução de geodrenos; b) Plano aéreo da
laje betonada do poço 1 e impermeabilização do poço 1 e 2. ..................................................... 103
Figura 6.44 - Esquema de tratamento do emboquilhamento norte. ........................................... 104
Figura 6.45 - Perfil longitudinal do emboquilhamento do túnel norte ........................................ 104
Figura 6.46 - Tratamento do emboquilhamento do túnel sul ...................................................... 105
Figura 6.47 - Vista geral do interior do poço da estação próximo da cota de projeto. ................. 105
Figura 6.48 - Vista aérea da estação com a escavação terminada à cota de projeto. ................... 106
Figura 6.49 – a) Viga de bordadura do PV; b) Execução de escavação por meios mecânicos. ...... 107
Figura 6.50 – a) Drenos da parede do poço em pleno funcionamento; b) Revestimento primário na
parede do poço de ventilação. ................................................................................................... 107
Figura 6.51 - a) Planta do poço com o esquema de pregagens tipo swellex; b) Perfil da secção AA
do Poço de Ventilação, com os níveis de escavação definidos .................................................... 108
Figura 6.52 – a) Tratamento do emboquilhamento do túnel de ventilação; b) Cortina de enfilagens
e pregagens do túnel de ventilação. ........................................................................................... 108
Figura 6.53 – a) 1ª fase de reforço na zona do emboquilhamento do túnel de ventilação; b) 2ª fase
de reforço na zona do emboquilhamento do túnel de ventilação.. ............................................. 109
Figura 6.54 - Execução da laje de soleira e impermeabilização do poço de ventilação. ............... 109
Figura 6.55 - Vista aérea do poço de ventilação. ........................................................................ 110
Figura 7.56 – Enquadramento geológico regional....................................................................... 113
Figura 7.57 - Planta de localização das sondagens executadas na estação. ................................. 115
xviii
Figura 7.58 - Perfil geológico-geotécnico B-B, baseada nas sondagens S37 e S38 . ..................... 116
Figura 7.59 - Perfil geológico-geotécnico do poço de ventilação. ................................................ 117
Figura 7.60 - Geologia utilizada no modelo tridimensional ......................................................... 121
Figura 7.61 - Campo de tensões verticais na cota 91,15m e 81,45m. ......................................... 122
Figura 7.62 - Campo de tensões horizontais na cota 91,15m e 81,45m ....................................... 122
Figura 7.63 - Campo de deformações plásticas na cota 91,15m e 81,45m .................................. 122
Figura 7.64 - Modelo numérico tridimensional considerado nos poços 1 a 5 . ............................ 125
Figura 7.65 - Malha de elementos finitos utilizada ..................................................................... 125
Figura 7.66 - Deformações perpendiculares à parede dos poços. ............................................... 126
Figura 7.67 - Aspeto da malha deformada – Vista em planta e perspetiva. ................................. 126
Figura 7.68 - Malha de diferenças finitas no poço de ventilação ................................................. 127
Figura 7.69 – Dois dos parâmetros considerados na análise: a) Coesão; b) Peso Especifico......... 129
Figura 7.70 - Desenvolvimento das tensões verticais. Avanço de 5m e de 40m .......................... 129
Figura 7.71 - Desenvolvimento das tensões horizontais. Avanço de 5m e de 40m ...................... 130
Figura 7.72 - Desenvolvimento das plastificações no maciço. Avanço de 5m e de 40m ............... 130
Figura 7.73 - Ilustração das diferentes espessuras do revestimento primário do PV ................... 131
Figura 7.74 - Malha utilizada – revestimento primário - Vista 3D. ............................................... 131
Figura 7.75 - Força na direção horizontal e vertical .................................................................... 133
Figura 7.76 - Deformações perpendiculares á parede do poço ................................................... 133
Figura 7.77 - Considerações dos volumes equivalentes ............................................................. 134
Figura 7.78 - Equipamento e material utilizado. ......................................................................... 137
Figura 7.79 - Exemplo de esquema de implantação de alvos em edifícios (EMEF) da estação ..... 137
Figura 7.80 - Exemplo de aplicação de réguas de nivelamento.. ................................................. 138
Figura 7.81 - Exemplo de aplicação e leitura das marcas de superfície. ...................................... 139
Figura 7.82 - Exemplos de tipos de piezómetros . ....................................................................... 140
Figura 7.83 - Esquema de implantação dos inclinómetros da estação. ........................................ 141
Figura 7.84 - Exemplo de inclinómetro e a sua leitura. ............................................................... 141
Figura 7.85 – Exemplos de strain gauges. ................................................................................... 142
Figura 7.86 – Esquema de implantação dos strain gauges no pilar 7 e 8 da estação ................... 143
Figura 7.87 - Esquema de implantação das secções de convergência no poço 1, 2, 3 e 4 ............ 144
Figura 7.88 - Esquema de implantação das secções de convergência no poço de ventilação ...... 144
Figura 7.89 - Instrumentação da Estação da Reboleira – Planta .................................................. 147
Figura 7.90 - Instrumentação da Estação da Reboleira – perfil. .................................................. 148
Figura 7.91 - Instrumentação do Poço de Ventilação – Planta e perfil......................................... 149
Figura 7.92 - Cartografia geológica-geotécnica – caraterização geotécnica da estação . ............. 154
xix
Figura 7.93 - Esquema de implantação das marcas de superfície na estação . ............................ 157
Figura 7.94 – Esquema de implantação das cordas de convergências nos poços 1 a 5 - Planta.... 160
Figura 7.95 – Cartografia geológico-geotécnico – caraterização geotécnica no PV ..................... 165
Figura 7.96 - Instrumentação do poço de ventilação – planta. .................................................... 166
Figura 7. 97 – Foto aérea dos poços pelo método NATM............................................................ 174
xx
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 2.1 - Campo de Aplicação das Estruturas de Contenção sem Escavação na Tardoz........... 24
Quadro 3.2 - Volumes de terras movimentadas. .......................................................................... 30
Quadro 3.3 - Fatores/Causas e respetivas consequências do défice de investigação geotécnica. .. 31
Quadro 3.4 - Esquema dos Eurocódigos e a estrutura do EC7-1.................................................... 36
Quadro 4.5 - Instrumentos para medição de grandezas relativas à água. ..................................... 48
Quadro 4.6 - Instrumentos para determinação de inclinação e rotação. ...................................... 48
Quadro 4.7 - Instrumentos para medição de deslocamentos e deformações................................ 49
Quadro 4.8 - Instrumentos para monitorização de juntas e fissuras. ............................................ 50
Quadro 4.9 - Instrumentos para medição de pressões. ................................................................ 50
Quadro 4.10 - Classes de risco relativo ao tipo de dano em edifícios. ........................................... 56
Quadro 4.11 – Medidas a adotar relativo ao tipo de dano em edifícios. ....................................... 57
Quadro 5.12 – Listagem de atividades de riscos elevados/especiais. ............................................ 71
Quadro 5.13 - Quadro tipo de matriz de identificação de perigos e avaliação de riscos. ............... 74
Quadro 5.14 – Lista não exaustiva de riscos potenciais, equipamentos e mão-de-obra. ............... 75
Quadro 5.15 - Riscos decorrentes da escavação dos poços. ......................................................... 76
Quadro 5.16 - Riscos decorrentes da instalação de instrumentação e da atividade de
monitorização. ............................................................................................................................. 76
Quadro 5.17 – Procedimentos para autorização na utilização de plataformas. ............................. 78
Quadro 7.18 – Parâmetros considerados para cada zonamento geotécnico da estação. ............ 117
Quadro 7.19 – Parâmetros geomecânicos. ................................................................................. 128
Quadro 7.20 - Dados relativos aos alvos instalados. ................................................................... 136
Quadro 7.21 - Dados relativos às réguas de nivelamento instalados nos edifícios. ..................... 138
Quadro 7.22 - Dados relativos às marcas de superfície instalados. ............................................. 139
Quadro 7.23 - Dados relativos aos piezómetros instalados......................................................... 140
Quadro 7.24 -Dados relativos aos inclinómetros instalados. ...................................................... 141
Quadro 7.25 - Dados relativos aos strain-gauges instalados. ...................................................... 142
Quadro 7.26 -Dados relativos às convergências instaladas. ........................................................ 143
Quadro 7.27 - Resumo da instrumentação aplicada na estação e no poço de ventilação. ........... 145
Quadro 7.28 - Valores de referência de assentamentos nos marcos de superfície. ..................... 151
Quadro 7.29 - Valores de referência das convergências dos poços 1 a 5 . ................................... 152
Quadro 7.30 - Valores de referência para recalques e convergência/divergência ...................... 152
Quadro 7.31 – Principais diferenças e semelhantes de poços idênticos pelo método NATM. ..... 173
Quadro 7.32 – diferenças dos parâmetros geotécnicos considerados para ambas os poços. ...... 174
xxi
INDICE DE GRÁFICOS
xxii
LISTA DE ABREVIATURAS
xxiii
LISTA DE SÍMBOLOS
a Aceleração
A, S Área
C Coesão
D Diâmetro da escavação
Em Módulo de elasticidade do maciço
E Módulo de deformabilidade
F Grau fraturação (ISRM)
H Profundidade de escavação
K Módulo de compressibilidade
k0 Coeficiente de impulso em repouso do terreno
ka Coeficiente de impulso ativo do terreno
W Grau de alteração (ISRM)
V Volume
r Raio
x Distância da parede
Ângulo de dilatância do maciço
δ Deslocamento
φ Ângulo de atrito
xxiv
xxv
1. Introdução
1
2
1.1 Enquadramento da tese
1.2 Objetivos
Este trabalho pretende abordar a execução de poços em meios urbanos, onde existe pouca
informação bibliográfica tendo como comparação a imensa informação relativa a obras
subterrâneas – túneis. Ainda mais, a solução construtiva abordada nesta tese, composta por cinco
poços, com estas dimensões são únicas em Portugal, e com maior interesse do ponto de vista da
engenharia.
São abordadas as soluções adotadas pelo projetista, bem como o plano de instrumentação, com a
função de monitorizar o comportamento dos maciços durante a fase de construção e estabelecer
comparações com as simulações que integram o projeto, procurando esclarecer as incertezas de
projeto, dado que as condições oferecidas pela natureza não se regem por um padrão, mesmo em
maciços de características semelhantes, existindo sempre um determinado grau de incerteza e a
que a instrumentação pretende dar resposta.
Ao longo do presente trabalho é referido o momento atual da economia, e como este se reflete
de imediato no setor da construção, com inerente necessidade de redução de custos e como
poderá afetar a investigação geotécnica e comprometer o projeto. Estes fornecem parâmetros
necessários ao projetista. Não obstante os constrangimentos financeiros, há etapas do projeto
que não deverão ser comprometidas, como seja a fase de investigação geotécnica, que, numa
obra do cariz da que é estudada no presente trabalho, terá necessariamente que ser levada a
cabo com um detalhe tal que permita fornecer uma base para o cálculo de, por exemplo, a
previsão da bacia de subsidência (ou assentamentos superficiais) que é resultado de uma apurada
investigação geotécnica, que permite fornecer ao projetista elementos para realização de análise
numérica e semi-empírica para o cálculo dos esforços solicitantes.
3
importantes e de estarem relacionados com a instrumentação e monitorização deste tipo de
obras e com os processos construtivos adotados.
A instrumentação geotécnica utilizada e descrita, foi a suficiente para a informação pretendida,
no que aos poços diz respeito. Na obra em questão que incluía a construção de três túneis existiu
mais instrumentação, mas esta foi instalada para acompanhamento dos referidos túneis, que por
estarem próximos dos poços em estudo, forneciam a informação suplementar sem necessidade
de duplicação de instrumentação, não sendo no entanto alvo de abordagem neste trabalho,
limitado exclusivamente aos poços.
4
No sexto capítulo realiza-se uma discrição do projeto da obra da Estação da Reboleira. Nele se
descrevem as principais características da empreitada, como o processo, faseamento e a
execução do projeto na fase de escavação e revestimento primário.
Por último, e não menos importante, o oitavo capítulo, relativo à apresentação das necessárias
conclusões, onde se realça a importância do tema para o setor da construção, para a segurança
das obras e em particular para a geotecnia.
5
6
2. Escavações
7
8
2.1 Introdução
De uma maneira geral, as obras de engenharia civil de grande ou pequeno porte exigem trabalhos
prévios de terraplanagem ou movimento de terras. A escavação é uma das operações que é,
porventura, uma das mais importantes de todo o processo de terraplanagem. Uma escavação
pode ser realizada com dois diferentes objetivos, os quais podem ser a de bens minerais ou a
abertura de espaços para fins diversos.
A escavação é o processo empregado para romper a compacidade do solo ou rocha, por meio de
ferramentas e processos convenientes, tornando possível a sua remoção. As operações de
escavações são normalmente completadas pelo carregamento do material escavado, transporte e
descarga para corpo de aterro ou para o vazadouro.
As escavações com finalidade de abertura de espaços visam a retirada de solo de um dado
terreno a fim de se atingir a profundidade ou a cota necessária à execução de uma determinada
construção, desde edifícios, adutoras de água, canais, coletores de esgoto, barragens, rede de
metropolitano, estradas, ferrovia, aeroportos, pontes, portos, aterros sanitários, entre outros.
Por esse amplo espetro de aplicações, fica claro que devemos estudar os serviços de escavação
em função dos aspetos técnicos neles envolvidos, e não pelo porte ou tipo da obra a que se
destinam. Estes aspetos serão descritos no ponto 2.5 – Tipos de escavação.
9
rendimento ou produtividade o que naturalmente conduz a preços mais baixos se comparados
com os preços referentes ao processo de escavação manual.
A escavação mecanizada permite o desmonte de grandes volumes de terras em prazos curtos mas
requer investimentos em equipamentos de alto custo, investimentos estes que nem todas as
empresas podem suportar. Por outro lado, a escavação mecânica exige um bom planeamento e
execução o que só está ao alcance de empresas com alto padrão de eficiência. Outra das
características da escavação mecanizada é que reduz a mão-de-obra, mas necessita de
especialização profissional.
Nos dias de hoje, cada vez mais se aposta no rendimento do operador/manobrador dos
equipamentos introduzindo tecnologias sofisticadas no apoio aos trabalhos (lubrificação
automática e sistema de ventilação em martelos demolidores hidráulicos, computador de bordo),
bem como no melhoramento do conforto do posto de trabalho (introdução de cabines
insonorizadas, disponibilização de meios áudio, ar condicionado, assentos ergonómicos, redução
das vibrações). Estes últimos contribuem também para a redução da sinistralidade laboral
específicos desta categoria profissional.
A ocupação do subsolo para a implantação de uma obra de engenharia civil tem, nas últimas
décadas, registado uma tendência cada vez maior para a utilização do espaço subterrâneo,
satisfazendo não só as carências de espaço nas áreas urbanas em grande desenvolvimento, mas
também resolvendo problemas que o desenvolvimento de uma sociedade moderna impõe,
aproveitando algumas características interessantes do meio rochoso, para construção de
infraestruturas, sendo exemplos:
Câmaras frigoríficas;
Depósitos de combustíveis, águas das chuvas para controle de cheias;
Depósito de armamento e abrigos especiais;
Barragens, entre outros.
10
2.4 Classificação das escavações
As escavações podem ser classificadas em duas classes distintas: as escavações a céu aberto e as
escavações subterrâneas. Em ambas as categorias encontramos diferenças nos procedimentos de
corte e desmonte do maciço rochoso e na estruturação do desmonte para que não haja
desabamentos. Na presente tese serão abordados exclusivamente as escavações a céu aberto, no
caso específicos dos poços.
Com base no comprimento da fundação, na sua largura, e na profundidade medida na vertical do
nível do terreno, definem-se para estas os seguintes tipos:
Diferentes autores defendem que as escavações podem ser classificadas relativamente ao tipo de
maciço, quanto ao tipo de utilização final, bem como relativamente a eventuais
constrangimentos. Outros, defendem a classificação dos serviços de escavação em função dos
aspetos técnicos neles envolvidos, e não pelo porte ou tipo da obra a que se destinam. Quanto a
nós este é a perspetiva mais adequada.
Ao considerarmos esses diferentes aspetos, podemos então classificar os tipos de escavações nas
diferentes categorias abaixo apresentadas, a saber:
11
Grandes volumes em áreas limitadas (p.e. construção de edifícios com vários pisos
enterrados);
Grandes volumes em grandes áreas (p.e terraplanagem);
Solos não consolidados, sobretudo argilas e siltes (p.e. canais e construção de portos);
Escavações verticais em áreas limitadas (p.e. construção de edifícios, mas são tipicamente
executadas em solos não coesivos ou quando existe a presença de água);
Abertura de valas (p.e. em obras lineares: galerias, adutoras, túneis);
Abertura de túneis (p.e. rodoviários e ferroviários);
Dragagem (p.e. em leitos de rio e portos marítimos);
O projeto de uma escavação a céu aberto é condicionado na sua grande maioria pelo espaço
disponível para o efeito. Principalmente quando pretendemos implementar num meio urbano,
onde existem constrangimentos ao nível de ocupação do espaço, derivado ao excesso de
construções. Assim, a forma que os mesmos podem apresentar são em função dos
condicionalismos existentes, podendo ser: quadrados (figura 2.1a), retangulares (figura 2.1b),
circulares e elípticos (figura 2.1c) e mistos (figura 2.1d). Quando estes condicionalismos não
existem, os projetos podem ter as mais diversas formas, tendo o projetista mais liberdade de
opção, sendo que os mais vantajosos em função do aproveitamento do espaço, em função do
volume de material retirado, bem como da melhor capacidade de auto-sustenção do terreno, em
termos de distribuição de tensões de forma a tirar maior proveito das características do terreno
que são o caso dos circulares e elípticos.
12
Figura 2.1 – Geometria dos poços: a) Quadrada; b) Retangular; c) Circular/elíptica; d) Mista.
13
Riper Balde Roçadora Martelo demolidor
Figura 2.2 - Acessórios para acoplar na escavadora.
a) b) c)
Figura 2.3 - Equipamentos – a) TBM; B) Máquina de ataque pontual; C) Escavadora giratória.
A escolha da técnica de desmonte é feita em função dos seguintes fatores (adaptado de Bastos,
1998):
14
Económicos;
Prazo1;
Burocráticos2
De uma forma sucinta, as razões burocráticas e de prazos podem sobrepor-se por exemplo à
opção de escavação mecânica em detrimento de utilização de meios explosivos e a forma
geométrica na execução de uma escavação devido à necessidade de cumprimento de prazos.
Na execução das escavações e nos trabalhos no seu interior, o principal e mais evidente perigo
são os movimentos acidentais do terreno. Dependendo da dimensão do movimento e quanto à
sua origem, este pode trazer graves consequências aos trabalhadores e às estruturas da própria
obra e outras vizinhas à escavação.
Fatores Internos:
1
Incluímos mais estes dois fatores, que são de razão burocrática e de cumprimento de prazos, que podem anular a
maior parte dos fatores anteriormente enumerados e que serão abordados no Capítulo 6 – Projeto de execução.
2
idem.
15
Fatores Externos:
Desta forma, ao longo dos capítulos da presente tese será dada enfâse à importância da
investigação geotécnica e a importância desses dados no apoio e opções de projeto, que através
de medidas preventivas minimizaram ou excluíram possíveis riscos por influência dos fatores atrás
mencionados.
Para além de estruturas de contenção com escavação na vertical, existem outras estruturas de
contenção a considerar quando não temos limitação de espaço, como a execução de escavação
em talude para execução de muro de gravidade/contenção. No âmbito da presente tese, somente
serão abordadas as estruturas de contenção com escavação na vertical, dada a sua particular
relevância na execução de poços.
16
FUNCIONAMENTO ESTRUTURAL FORMA DE OBTENÇÃO DO EQUILÍBRIO
ESCORADAS
CONTENÇÕES PROVISÓRIAS Por escoras horizontais;
São flexiveis (capazes de absorverem Por escoras inclinadas;
deformações do terreno) Por atirantamento (pregagens ou
ancoragens).
CONTENÇÕES DEFINITIVAS
NÃO ESCORADAS
São rigidas (capazes de conter o terreno
Pela forma da escavação, capazes de
escavado e de servir como vedação
absorver os impulsos do terreno.
vertical da parte enterrada).
É cada vez mais frequente a utilização de pregagens ou ancoragens pelas mais variadas razões:
permite uma parede de contenção de menor espessura e com menor consumo de aço e betão, já
que está sujeito a menores esforços. Outra vantagem é que a área escavada fica livre das
interferências causadas pelas escoras, facilitando a execução das estruturas nela previstas.
Este tipo de solução muito utilizada em Portugal é, em teoria, económica quando o desnível de
terras a conter não é superior a cerca de 12 m e quando os terrenos a conter apresentam média a
elevada compacidade e/ou coesão. Como principal desvantagem destaca-se a possibilidade de
descompressão dos terrenos durante as operações de escavação e a dependência do fator
17
humano, tornando os rendimentos baixos quando os faseamentos construtivos teóricos são
respeitados, condição importante para evitar a referida descompressão dos terrenos a conter.
Este tipo de contenção consiste na execução de uma parede constituída por painéis com
espessura, em geral variável entre 0,25 a 0,35 m, de cima para baixo, apoiados em perfis verticais,
previamente instalados no terreno antes do início dos trabalhos de escavação e com afastamento
médio em geral não superior a 3 m. O travamento é garantido através da realização de
ancoragens ou escoramentos aplicados, em geral, no centro dos painéis, conforme representado
na figura 2.5.
Este tipo de solução é igualmente muito utilizada em Portugal em particular em obras provisórias
e quando os terrenos a conter apresentam média a elevada compacidade e/ou coesão.
Conceptualmente apresenta muitas semelhanças com a anterior, sendo contudo menor a
possibilidade de descompressão dos terrenos durante as operações de escavação, em virtude da
colocação das pranchas de madeira poder ser mais rápida do que a betonagem dos painéis.
De uma forma simples, este tipo de contenção consiste na execução de uma parede constituída
por barrotes de madeira, com espessura em geral de 8 a 10 cm, de cima para baixo, apoiados em
perfis verticais, previamente instalados no terreno antes do início dos trabalhos de escavação
com afastamento médio em planta, em geral, não superior a 1,5 m. Como mostra a figura 2.6 e
18
2.7, a contenção é em geral travada por ancoragens ou escoramentos apoiados em perfis
metálicos horizontais de distribuição.
Figura 2.6 - Cortina de contenção tipo Berlim provisório com escoramento (site: engenhariacivil.com).
Figura 2.7 - Contenção tipo Berlim provisório com ancoragens (site construironline, 2012).
Este tipo de solução tem sido muito utilizada em Portugal, recorrendo a equipamentos mecânicos
e hidráulicos, quando os terrenos a conter apresentam um desnível grande, baixa compacidade
e/ou coesão e ainda quando o nível freático se localiza acima do fundo da escavação em terrenos
permeáveis e isentos de materiais pedregosos. Como principal vantagem destaca-se a limitação
da descompressão dos terrenos durante as operações de escavação e a menor dependência do
fator humano, tornando os rendimentos altos e sem riscos para a obra. Como principal
19
desvantagem refere-se a espessura mínima de 0,40 m, determinada por razões construtivas, que
a parede deverá dispor, à qual deverá ser adicionada a espessura mínima de 0,20 m dos muros
guia, exteriores à parede ao nível da viga de coroamento.
Figura 2.8 - Metodologia executiva de parede moldada “in situ” (site: geofund.com.br).
Este tipo de solução tem sido muito utilizada em Portugal quando os terrenos a conter
apresentam grande desnível, integram elementos pedregosos que tornam difícil o recurso à
solução de paredes moldadas com equipamentos mecânicos e hidráulicos e quando o nível
freático se situa acima do fundo da escavação. Como principal vantagem destaca-se a limitação da
descompressão dos terrenos durante as operações de escavação e a menor dependência do fator
humano, tornando os rendimentos altos e sem riscos para a obra. Como principal desvantagem
refere-se o diâmetro mínimo de estacas moldadas de 0,40 m (trado contínuo) ou 0,50 m (vara
telescópica), determinado por razões construtivas, que a cortina deverá dispor.
20
Genericamente consiste na execução de estacas, em geral não justapostas, ou seja, no limite
apenas secantes. Quando é necessário assegurar o efeito de parede, por exemplo em escavações
abaixo da cota do nível freático e em terrenos permeáveis, é usual intercalar estacas de betão
simples ou colunas de jet grouting com estacas de betão armado. As estacas são realizadas a
partir da superfície do terreno, previamente aos trabalhos de escavação. Os travamentos são
conferidos em geral através de ancoragens e de escoramentos (ver figura 2.9). Tenta-se que o
primeiro travamento seja realizado ao nível da viga de coroamento, de forma a minimizar o
número de vigas de distribuição onde são, em geral e de modo a garantir um comportamento
mais uniforme da cortina, aplicados os travamentos dos níveis inferiores. Comparativamente com
as soluções de Berlim esta técnica minimiza a descompressão dos terrenos escavados uma vez
que a cortina, com exceção dos respetivos travamentos, é realizada integralmente antes da
escavação.
Figura 2.9 - Cortina de estacas com ancoragens nas vigas, executada na obra em estudo (NE ACE, 2011).
Na figura anterior é percetível que o espaçamento entre estacas pode ser variável e depende
essencialmente do terreno (solo ou rocha), do nível freático e presença de estruturas vizinhas à
escavação.
Este tipo de solução tem nos últimos anos sido muita utilizada em Portugal quando os terrenos a
conter apresentam reduzido a médio desnível, quando o nível freático se situa acima do fundo da
escavação e as condições de acesso não permitem o recurso a equipamentos pesados e de grande
dimensão, como é o caso dos que executam paredes moldadas e estacas. Constitui igualmente
uma alternativa à solução de cortina de estacas prancha, em particular se existem restrições às
condições de acesso de equipamentos e se os terrenos integram materiais pedregosos. Como
21
principal vantagem destaca-se a limitação da descompressão dos terrenos durante as operações
de escavação e a menor dependência do fator humano, tornando os rendimentos altos e sem
riscos para a obra.
Genericamente consiste na execução de colunas justapostas, por vezes armadas com perfis
metálicos. As colunas são realizadas a partir da superfície do terreno, previamente aos trabalhos
de escavação. Comparativamente com as soluções de Berlim esta técnica minimiza a
descompressão dos terrenos escavados uma vez que a cortina é realizada integralmente antes da
escavação, conforme mostra figura 2.10.
Este tipo de solução é bastante utilizada em Portugal quando os terrenos a conter apresentam
baixa compacidade e/ou coesão, encontram-se isentos de elementos pedregosos, e quando o
nível freático se localiza acima do fundo da escavação em terrenos permeáveis. O sistema de
juntas permite garantir a estanqueidade da cortina caso a mesma disponha de uma geometria,
em planta, fechada. Este campo de aplicação corresponde assim, na maioria das situações, a
trabalhos de natureza marítima e fluvial. Nas intervenções de carácter provisório é corrente o
reaproveitamento das estacas prancha (construironline).
22
Como principal vantagem destaca-se a limitação da descompressão dos terrenos durante as
operações de escavação e a menor dependência do fator humano, tornando os rendimentos altos
e sem riscos para a obra. Como principal desvantagem refere-se a esbelteza da grande maioria
das estacas prancha, assim como o recurso a um processo de cravação e descravação que induz
vibrações no terreno, comprometendo, por vezes, a utilização deste tipo de solução em zonas
urbanas.
23
Por se tratar do método utilizado nos poços em estudo do presente trabalho, a descrição do
método de escavação sequencial ou métodos NATM será detalhado no ponto 6.2 – Processo
construtivo.
Quadro 2.1 - Campo de Aplicação das Estruturas de Contenção sem Escavação na Tardoz.
O quadro reflete bem as limitações do tipo de contenção a aplicar numa determinada escavação,
sendo que as que mais influenciam são as características dos terrenos, necessidade de limitar ou
não a descompressão do terreno e a acessibilidade aos equipamentos.
24
3. Projeto e investigação geotécnica
25
26
3.1 Introdução
Muitos dos riscos associados a projetos de construção estão relacionados com as condições
geotécnicas do local e, portanto, o êxito de tais projetos depende de um programa adequado do
solo, investigação e sobre a gestão dos riscos associados com o solo. A International Society for
Soil Mechanics and Geotechnical Engineering (ISSMGE), definiu as orientações para a condução
de investigações geotécnicas do solo. Estas orientações gerais serão detalhadas mais à frente.
Neste contexto atual, é natural que a geotecnia em geral seja afetada com redução de custos e
venha influenciar com maior incidência a investigação geotécnica para o que é uma extensão
desejável de investigação, sem comprometer o projeto.
27
3.2.1 Fases do processo de investigação geotécnica
É prudente considerar o processo de investigação do solo como um todo e que continua para
além da fase de construção, ao invés de apenas uma atividade preliminar que antecede a
construção principal. Para a maioria dos projetos, o processo de investigação do solo deve ser
composto das seguintes fases3:
3
Procedimento recomendado para investigações Geotécnicas do solo - International Society for Soil Mechanics and
Geotechnical Engineering, 9 February 2005.
28
Das diferentes fases de investigação abordadas anteriormente, apenas será mencionado através
de uma pequena descrição a prospeção geotécnica e o reconhecimento geológico-geotécnico,
que parecem mais adequadas e/ou de maior interesse para a presente tese.
Como já foi referido, antes da execução de uma contenção periférica é essencial ter o maior nível
de conhecimento possível quer da envolvente à obra, quer da natureza e da formação do terreno
da área a intervir. Surge então a necessidade de se efetuar um reconhecimento Geológico-
Geotécnico do local.
Esta investigação preliminar poderá abranger, dependendo do fim para que é realizado o estudo,
uma série de elementos informativos do terreno, como por exemplo: análises topográficas gerais,
descrição de possíveis alterações litológicas e físicas verificadas, tipo de estruturas existentes nas
proximidades e anotações de eventuais danificações, níveis de água no subsolo (recolhidos
principalmente a partir de medições em poços ou escavações), colheitas de amostras
características, entre outros.
Uma referência também para a documentação oficial da zona, que é mais uma fonte de
informação útil para o início dos trabalhos. Neste caso, podem ser consultados, por exemplo, as
cartas topográficas, artigos e relatórios sobre prospeção e geologia dos locais e suas vizinhanças,
registos hidrológicos e fotografias aéreas.
- 35% por má interpretação das sondagens ou mau conhecimento das leis de mecânicas
dos solos;
10% por agressividade do meio, nomeadamente por corrosão da água ou por se estar em
contacto com ambientes agressivos.
29
Face a estes dados, também é preocupante a percentagem de falhas causadas pela má
formação/fracos conhecimentos dos intervenientes responsáveis pela conceção do projeto. Ainda
assim, verifica-se que a maior percentagem remete para a falta de reconhecimento geotécnico
(Coelho, 1996), o que se pode explicar por uma tentativa de minimizar os custos totais da obra. É
um erro seguir este tipo de procedimento, uma vez que a pequena percentagem que se
economiza em não realizar estudos prévios não justifica, de maneira nenhuma, os riscos inerentes
(estragos materiais e até mesmo a perda de vidas humanas). Os riscos humanos, através da
avaliação dos riscos profissionais serão referidos no Capítulo 5 - Segurança e Higiene no Trabalho.
3.3.2 Consequências
O défice de reconhecimento geotécnico poderá levar a consequências graves como acidentes com
origem em fundações, como anteriormente descrito, mas também poderá conduzir a deficiente
avaliação das necessidades e consequentemente grandes desvios orçamentais. Este último aspeto
abordado pelo signatário da presente tese no projeto da licenciatura em Engenharia Geotécnica e
Geoambiente com o tema “ A importância da Caracterização Geotécnica no Sucesso Técnico e
Económico duma Obra”.
A nível de exemplo, passamos a referir, de uma forma sucinta, que a deficiente caracterização
geotécnica levou aos seguintes aspetos negativos:
- Desvios orçamentais;
- Prolongamento de prazos de obra.
O estudo foi realizado na execução de uma via rodoviária urbana, obra a cargo de uma entidade
pública. Estas alterações ao projeto, resultaram num custo acrescido para a terraplanagem na
ordem de 540.000 €, que totalizou um acréscimo de custos de 118%, em que a maior fatia desta
percentagem, é resultante do grande volume de terras a movimentar, conforme indicado no
quadro 3.2.
Para além destas consequências, existem outras que envolvem direta e indiretamente os
intervenientes na obra, e no qual se apresenta no quadro 3.3 uma sínteses dos fatores mais
relevantes:
30
Quadro 3.3 - Fatores/Causas e respetivas consequências do défice de investigação geotécnica.
FATORES/CAUSAS CONSEQUÊNCIAS
31
3.5 Métodos de caraterização geomecânica
No caso dos maciços rochosos, a obtenção de parâmetros processa-se, para além do recurso a
ensaios, através de metodologias empíricas que tentam relacionar os fatores que influenciam o
comportamento dos maciços. Os maciços heterogéneos são de natureza mais complexa, pelo que,
para a sua caracterização, utilizam-se metodologias que combinam ensaios e classificações
empíricas com ferramentas probabilísticas.
As metodologias numéricas associadas ao uso de meios de cálculo automático poderoso
permitem resolver problemas de elevada complexidade, considerando corretamente os aspetos
não contemplados por metodologias analíticas. A modelação e a segurança constituem, assim, as
bases do dimensionamento, o que pressupõe a elaboração de modelos, a análise das ações e a
avaliação das propriedades dos materiais e do risco associado à construção da obra, de onde
decorre a formulação de critérios de segurança (Cardoso, 2004). Tendo presente as incertezas
inerentes a qualquer dimensionamento, este deve assegurar um nível de risco aceitável ou um
nível de segurança especificado dependente da obra em questão e das consequências de um
possível colapso (Caldeira, 2005).
32
A seleção dos valores característicos dos parâmetros geotécnicos é um dos aspetos cruciais das
metodologias semi-probabilísticas de avaliação da segurança, como é o caso das preconizadas no
Eurocódigo 7 (EC7), tema a ser abordado mais adiante, neste capítulo.
33
destaque, pois permitem obter os parâmetros do modelo com base no comportamento real da
obra através de técnicas matemáticas formalmente adequadas. (Miranda, 2006)
Assim, o zonamento geotécnico é peça fundamental do “puzzle”, que permite fornecer uma
abordagem de cenários característicos para zonas relativamente homogéneas, onde a sua
aplicação não induza custos acrescidos na escavação, suporte ou a redução das condições de
segurança. A adoção eficaz desta metodologia carece igualmente de reconhecimento e
instrumentação contínuos do maciço a escavar, que terá de ir muito para além da mera
classificação geológica das frentes de desmonte, por si só insuficiente para a aferição das
condições mecânicas e estruturais do maciço rochoso.
O zonamento geotécnico é também uma importante ferramenta de contributo para o projetista
na utilização dos programas de simulação dos episódios construtivos e com estes obter resultados
dos desenvolvimentos das tensões e deformações no maciço, em função do avanço da escavação
e do zonamento geotécnico atravessado e que será abordado no Capítulo 7 – Estudo de caso.
34
3.7 Eurocódigos estruturais
São nove os Eurocódigos estruturais, sendo o Eurocódigo 7 (EC7) relativo ao projeto geotécnico,
através da Norma Europeia EN 1997, que se divide 2 partes.
A parte 1 através da Norma Europeia EN 1997-1:2004 - Regras gerais para os aspetos geotécnicos
do projeto de edifícios e de outras obras de engenharia civil e a parte 2 através da Norma
Europeia EN 1997-2:2007 – Caracterização geotécnica – estabelece requisitos para a realização e
para a avaliação dos resultados de ensaios de campo e laboratório. Ambas as Normas Europeias
são transpostas para a Norma Portuguesa (NP), respetivamente NP EN 1997-1:2010 e NP EN
1997-2 (ainda não publicada). A Norma EN 1997-1 substitui a ENV 1997-1:1994.
3.7.1 Eurocódigo 7
O EC7 estabelece que a escolha dos valores característicos das propriedades dos solos e das
rochas deve basear-se nos resultados de ensaios de laboratório e de campo. No entanto, segundo
o mesmo EC7, o valor característico de uma propriedade deve ser entendido como uma
estimativa cautelosa do valor médio que essa propriedade pode tomar. A avaliação dos valores
característicos deve basear-se não só em resultados experimentais (que utilizam quantidades
relativamente pequenas de terreno), mas também na experiência e no risco inerente à obra. O
EC7 permite também a utilização de métodos estatísticos na avaliação dos valores característicos
das propriedades dos terrenos.
Como foi referido, têm sido desenvolvidas novas metodologias de cálculo numérico e ferramentas
de cálculo automático cada vez mais poderosas. No entanto, sem uma rigorosa caracterização dos
parâmetros dos materiais envolvidos não é possível a obtenção de resultados relativamente
fiáveis.
35
Quadro 3.4 - Esquema dos Eurocódigos e a estrutura do EC7-1.
Eurocódigos estruturais
Eurocódigo 1 – Bases de projeto e ações em estruturas;
Eurocódigo 2 – Projeto de estruturas de betão;
Eurocódigo 3 – Projeto de estruturas de aço;
Eurocódigo 4 – Projeto de estruturas mistas betão-aço;
Eurocódigo 5 – Projeto de estruturas de madeira;
Eurocódigo 6 – Projeto de estruturas de alvenaria;
Eurocódigo 7 – Projeto geotécnico EN (1997);
Eurocódigo 8 – Disposições para projeto de estruturas sismo-
resistentes;
Eurocódigo 9 – Projeto de estruturas de alumínio;
Norma EN 1997-1 trata os seguintes assuntos
Seção 1 – Generalidades;
Seção 2 – Bases do projeto geotécnico;
Seção 3 – Dados geotécnicos;
Seção 4 - Supervisão da construção, observação e
manutenção;
Seção 5 – Aterros, rebaixamento freático e
melhoramento ou reforço do terreno;
Seção 6 – Fundações superficiais;
Anexos da Norma EN 1997-1 (EC7-1)
Seção 7 – Fundações por estacas;
Anexo A (normativo) – Coeficientes parciais e de correlação para Seção 8 – Ancoragens;
estados limites últimos e valores recomendados; Seção 9 – Estruturas de suporte;
Anexo B (informativo) – Informação básica sobre os coeficientes Seção 10 – Rotura hidráulica;
parciais a utilizar nas abordagens de cálculo 1,2 e 3; Seção 11 – Estabilidade global;
Anexo C (informativo) – Exemplos de procedimentos para a Seção 12 – Aterros.
determinação dos valores limites das pressões de terras sobre
estruturas de suporte verticais;
Anexo D (informativo) – Exemplo de um método analítico de
cálculo da capacidade resistente do terreno ao carregamento;
Anexo E (informativo) – Exemplo de um método semi-empirico
para a estimativa da capacidade resistente do terreno ao
carregamento;
Anexo F (informativo) – Exemplos de métodos de avaliação do
assentamento;
Anexo G (informativo) – Exemplo de um método para a
determinação da capacidade resistente presumida do terreno de
fundações superficiais em rocha;
Anexo H (informativo) – Valores limites da deformação
estrutural e dos movimentos das fundações;
Anexo J (informativo) – Lista de verificação para a supervisão da
construção e a observação do comportamento;
4
Anexo Nacional NA.
4
Nos Eurocódigos foram atribuídos valores indicativos a determinados parâmetros relativos à segurança, que as
autoridades de cada país membro deverão indicar neste anexo nacional os valores definitivos para esses parâmetros,
denominadas Parâmetros Determinados a nível Nacional (NDP).
36
O EC7 trouxe relevância para os projetos geotécnicos em Portugal, pois estabelece uma
metodologia (princípios, requisitos e critérios) e uma terminologia idênticas às já utilizadas nos
aspetos estruturais dos projetos, isto é, facilita a articulação entre os aspetos estruturais e
geotécnicos dos projetos, introduz um enquadramento mais racional da problemática da
fiabilidade das obras geotécnicas (que permitirá ganhos de economia, sem redução da
fiabilidade). Pois a prática corrente do projeto geotécnico em Portugal era ainda
preponderantemente a tradicional. Utilização de um Coeficiente de Segurança Global (CSG) como
critério de cumprimento do requisito de segurança estrutural e recurso frequente ao CSG como
critério indireto de cumprimento do requisito de aptidão para a utilização.
Os requisitos do projeto são estabelecidos em função das três categorias geotécnicas, abaixo
mencionadas.
37
Para as quais se possa assegurar que são satisfeitos os requisitos fundamentais apenas
com base na experiência e em estudos de caraterização geotécnica de natureza
qualitativa;
Riscos desprezáveis para bens e vidas;
Existir experiência comparável que comprove que as condições do terreno são
suficientemente simples para que seja possível usar métodos de rotina no projeto.
Não houver escavações abaixo do nível freático ou se a experiência local comparável
indicar que a escavação abaixo do nível freático é uma operação simples.
São exemplos:
Fundações superficiais, ensoleiramento e fundações em estacas;
Muros, estruturas de contenção e escavação;
Pilares e encontros de pontes;
Aterros e movimento de terras;
Ancoragens no terreno e outros sistemas de ancoragem;
Categoria geotécnica 3: Estruturas de grande dimensão ou pouco comuns, Não abrangidas pelas
categorias geotécnicas 1 e 2;
38
Estruturas que envolvam riscos fora do comum;
Condições do terreno e de carregamento invulgares ou excecionalmente difíceis,
Estruturas em áreas de sismicidade elevada;
Estruturas em áreas com provável instabilidade local ou movimentos persistentes do
terreno que requeiram estudos específicos de caraterização geotécnica ou medidas
especiais.
São exemplos:
As grandes estruturas subterrâneas;
As caves profundas;
Túneis;
Os taludes e as estruturas de suporte de terras ou de retenção de água.
39
Modelos de cálculo (modelos analítico, semi-empírico e numérico).
Quando o projeto não disponha de modelos de cálculo ou em que se dispense a sua utilização, a
excedência dos estados limites poderá ser evitada através da utilização de medidas prescritivas.
Estas envolvem a utilização no projeto, de regras correntes, geralmente conservativas, bem como
uma especial atenção à especificação e controlo dos materiais, à qualidade da execução e aos
procedimentos de proteção e de manutenção.
Quando a previsão do comportamento geotécnico seja difícil, pode ser apropriado adotar o
chamado “método observacional”, no qual o projeto é revisto durante a construção. Devem ser
satisfeitos alguns requisitos como a adequada escolha de instrumentação, elaboração de plano de
observação e instrumentação, critérios de alerta, entre outros. Estes requisitos são abordados
com maior pormenor no Capítulo 4 – Instrumentação e Monitorização.
40
4. Instrumentação e monitorização
41
42
4.1 Instrumentação
4.1.1 Introdução
Como tem sido referido por variados especialistas da área, a execução apropriada de uma obra de
escavação deve fundamentar-se nos estudos realizados tanto antes como no decorrer da
construção, perante o conhecimento efetivo do maciço e das condições reais, de tal forma que
permita a avaliação do comportamento maciço-estrutura real. Este aspeto depende
essencialmente das técnicas de instrumentação e respetivos equipamentos, com vista à aquisição
de informação relevante.
Desde que devidamente definido e articulado com as fases diferentes de projeto e de obra, a
instrumentação permite gerir o risco associado aos trabalhos de escavação, decorrente da
aleatoriedade e da incerteza descritas, contribuindo para a execução dos trabalhos nas
indispensáveis condições de economia e segurança, para a obra e para as zonas vizinhas.
4.1.2 Objetivos
Aquando da escolha dos métodos e equipamentos a aplicar na monitorização da obra, é boa regra
a utilização de meios que forneçam, estritamente, os dados com utilidade para as análises
pretendidas e, simultaneamente, a escolha das técnicas mais simples e robustas de entre as que
satisfaçam essa exigência. A opção pelas metodologias a seguir deve ser realizada em fase de
projeto, podendo ser modificada por variante proposta pelo empreiteiro a quem for adjudicada a
obra, e adaptada (pelo projetista e fiscalização) em fase de obra, no que se refere às técnicas,
circunstâncias e parâmetros a obter.
43
4.1.4 Recolha e tratamento da informação
RECOLHA DE DADOS
Equipa de topografia Geo-profissional
TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO
Geo-profissional
DIVULGAÇÃO DE RESULTADOS
Empreiteiro Dono de Obra/Fiscalização ATO/Projetista
44
Trata-se assim de utilizar os meios que permitam intervir tanto nos métodos de escavação,
suportes e técnicas de execução, como realizar uma retro análise para aferir a qualidade e o nível
de segurança real da obra.
Esta informação será tanto ou mais valiosa, quando devidamente trabalhada no final da obra, que
resultará em informação essencial na tomada de decisões em futuras obras, para as várias
entidades envolvidas e referidas anteriormente.
• Características geotécnicas:
A litologia, a hidrogeologia, o grau de alteração, os acidentes tectónicos e a fracturação, entre
outros, condicionam a malha de observação a definir, o tipo de instrumentação e a frequência de
leituras.
45
sensíveis ou onde tenham sido detetadas anomalias que careçam de estudos detalhados. Para tal,
é necessário definir cenários de aplicação destes meios, estabelecendo e quantificando os limites
de intervenção.
De seguida apresentam-se dois exemplos (figura 4.13 e 4.14) de planos de instrumentação para
escavações e túneis.
46
Figura 4.14 - Aplicação em túneis em meio urbano (Adaptada de Geokon.com, 2012).
Os diferentes tipos de instrumentação utilizada nas mais diversas obras de engenharia, serão
mencionados de forma sucinta neste ponto, de acordo com o tipo de medição a que se destinam.
47
Quadro 4.5 - Instrumentos para medição de grandezas relativas à água (tensões neutras e NF).
Instrumento/
Tipo/Variante Medição Aplicação
Equipamento
48
4.2.3 Instrumentos para medição de deslocamentos e deformações
49
Instrumento/ Tipo/Variante Medição Aplicação
Equipamento
Convergenciómetro
digitais de fita
Convergenciómetro
barras, fios
Sistema de pêndulo Suspenso Movimentos Monitorizar movimento horizontal em
horizontais associados barragens, fundações em barragens,
Invertido com a rotação e pontes, torres, arcos, cais
inclinação de estrutura.
50
4.3 Competências dos diversos intervenientes
4.3.1 Geo-profissionais
Era de todo inútil, o trabalho de realização de projeto de instrumentação se não fosse possível
aferir em obra, os resultados obtidos em fase de projeto. Este trabalho fica a cargo de um de um
geo-profissional (Geólogo – especialidade Geologia Aplicada ou Geologia de Engenharia,
Engenheiro Geotécnico, Engenheiro Geólogo e de Minas – especialidade Geotecnia, Engenheiro
Civil – especialidade Geotecnia), que realiza uma observação sistemática da obra, sendo um
elemento fulcral no desenvolvimento de escavações sejam elas a céu aberto ou subterrâneas -
único elemento que está um passo à frente de todos os outros - possuidor de informação
privilegiada, obtida pelas mais variadas formas: por levantamento da cartografia; pelas leituras
fornecidos pelo(s) topógrafo(s); pelas suas próprias leituras dos instrumentos geotécnicos, entre
outros, permitindo correlacioná-las entre si e interpretá-las e apresentar sob forma de relatório.
Assim, as suas principais funções são:
Planear as atividades diárias das equipas de trabalho (p.e. equipa de topografia e equipa de
leitura dos instrumentos geotécnicos – piezómetros, inclinómetros, extensómetros);
Realizar leituras nos diversos instrumentos instalados (inclinómetros, piezómetros,
extensómetros), caso não exista equipa específica para esse efeito;
Realizar a cartografia geológico-geotécnica das frentes de escavação;
Realizar as diversas classificações geotécnicas associadas (às cartografias);
Processar e analisar os dados recolhidos pelas equipas de trabalho;
Participar nas reuniões de produção, justificando qualquer variação encontrada nos
dispositivos de instrumentação instalados bem como aspetos das cartografias e
classificações.
O acompanhamento técnico de uma obra subterrânea (inclui escavações a céu aberto - poços) é
um fator decisivo para a sua qualidade, segurança, custo e prazo de execução. Este facto resulta
do desconhecimento preciso das condições geológicas existentes, motivando constantes
adaptações e alterações ao projeto (ou anteprojeto). Assim, o Acompanhamento Técnico de Obra
(ATO) tem como principais funções na obra:
51
Acompanhamento das frentes de trabalho com registo diário da evolução dos trabalhos,
seus rendimentos, os avanços, observação visual do terreno, diálogo com os
encarregados de frente e respetivo registo fotográfico;
Análise e interpretação da monitorização durante a construção, avaliando o
comportamento geotécnico da escavação e decidindo sobre a aplicação de alternativas
para a adaptação do projeto às condições reais de execução;
Apoio para a resolução dos problemas que surjam no decorrer da obra;
Apoio às partes envolvidas nos trabalhos, relativamente às alterações ao projeto inicial e
discussões técnicas e contratuais resultantes;
Recomendações de adaptação do projeto à realidade do maciço e do seu comportamento
perante as escavações (corrigindo desvios entre as previsões do projeto e a realidade
imposta pelo maciço; otimizações do passo de avanço, natureza dos suportes,
necessidade de utilização de dispositivos auxiliares, como enfilagens, pregagens, etc,);
Apoio à entidade executante na garantia da qualidade da execução, segurança da obra e
otimização do projeto;
Elo de ligação entre os vários intervenientes da obra (Projetista, fiscalização/dono de obra
e entidade executante) na resolução dos problemas que surjam no decorrer da obra;
As atividades do ATO serão sempre baseadas no projeto, respeitando os seus limites e ouvindo o
parecer do projetista sempre que as adaptações necessárias envolvam decisões que modifiquem
de forma significativa a metodologia de projeto ou suas hipóteses de cálculo.
O projeto das obras subterrâneas em área urbana não pode prescindir da avaliação do impacto
sobre as estruturas, infra-estruturas e serviços enterrados existentes nas proximidades das
escavações.
52
Para a avaliação do impacto nas estruturas adjacentes à escavação, poderá ser aplicada uma
metodologia que consiste em algumas etapas a serem realizadas de uma forma conjunta,
conforme descrito abaixo (CJC 2009):
Além destes fatores, outros influem diretamente no campo dos deslocamentos induzidos pela
escavação, tais como:
Natureza do maciço local;
Condições e metodologias executivas (parcializações);
Utilização de dispositivos auxiliares (tratamentos de maciço, etc.);
Condições hidrogeológicas e drenagem do maciço durante a construção; e
Rigidez do suporte utilizado.
53
Observa-se que os assentamentos dependem de fatores geométricos, geotécnicos e executivos,
sendo o resultado da interação destes fatores, portanto, de difícil previsão. Neste caso, influi
muito a experiência do projetista e um acompanhamento técnico da obra (ATO) com a
participação direta no projeto.
Os assentamentos em superfície são em geral expressos pela relação entre a área da bacia de
assentamentos e a área da seção transversal da escavação. Normalmente esta relação é chamada
de “perda de solo” e representa, portanto, uma área percentagem da seção de escavação, por
exemplo 0.3%, 0.5%, 1.0%, etc. Quanto menor esta “perda de solo”, menor o impacto das
escavações sobre o maciço, estruturas e utilidades existentes na sua área de influência. Este tema
será abordado no Capítulo 7 – Estudo de caso.
Figura 4.15 - Bacia de subsidência (linha azul a tracejado) e interferência com estruturas (a vermelho a via-
férrea e a verde edifícios habitacionais).
4.4.3 Definição do plano de monitorização das estruturas dos poços e das estruturas e
utilidades circundantes às escavações.
54
maciço. Como instrumentação interna às escavações o projeto, visando observar a
adequabilidade do processo executivo, a rigidez dos suportes e a qualidade da execução.
Assim a instrumentação deverá de acordo com as características da obra, sendo tipicamente
utilizada os seguintes dispositivos de instrumentação:
Instrumentação do Maciço
Instalação de tassómetros (extensómetros);
Instalação de marcos de superfície;
Instalação de piezómetros e medidores de nível
d’água;
Inclinómetros.
Externa
Instrumentação das Edificações
Medidas de assentamentos/recalques;
4.4.4.1 Introdução
No presente trabalho não será dado desenvolvimento aos procedimentos e metodologias para
inspeção prévia dos edifícios, onde a caracterização dos edifícios e o trabalho desenvolvido pela
equipa de campo momento de inspeção dos edifícios é mais detalhada.
55
4.4.4.2 Avaliação do risco
A avaliação do risco pertinente a cada edifício é de acordo com uma classificação que prevê várias
categorias de risco, que depende de autor para autor e que se referem a danos estéticos, danos
funcionais e danos estruturais. No quadro abaixo é indicado duas classificações, uma proposta por
Burland (1977) e outra por Rankin, de acordo com o quadro seguinte:
Quadro 4.10 - Classes de risco relativo ao tipo de dano em edifícios (adaptado CJC, 2008).
As medidas a serem adotadas são baseadas na tabela abaixo indicada, em função das diferentes
categorias de risco pertinentes a cada edifício.
56
Quadro 4.11 – Medidas a adotar relativo ao tipo de dano em edifícios (adaptado CJC, 2008).
As medidas dos tipos B e C incluem ainda a realização de inspeções técnicas periódicas aos
edifícios, a realizar durante o período de execução dos trabalhos. Estas têm como objetivo o de,
por um lado, se detetar eventuais sinais ou evidências de deficiente comportamento dos edifícios,
quer a nível funcional, quer a nível estrutural e, por outro, aferir a relação entre os resultados das
leituras da monitorização realizada e os danos efetivamente sofridos pelos edifícios.
Antes do início da obra, é necessário realizar uma vistoria técnica a todas as estruturas,
identificadas no projeto como potencialmente atingido pela execução da obra, de forma a aferir
as patologias existentes. Posteriormente estas patologias deverão ser comparadas com as
patologias da vistoria técnica final, de forma a assegurar que não houve danos nas estruturas
resultante da execução da obra.
57
58
5. Segurança e Higiene
59
60
5.1 Introdução
Em Portugal, desde a última década, quer por força da implementação de certificação nas
empresas, quer por nova legislação em matéria de higiene, segurança e saúde, levaram a um
aumento significativo na melhoria das condições de segurança nos locais de trabalho,
nomeadamente nas obras. Mesmo assim, muito aquém do desejável, pois os custos diretos e
indiretos na segurança são por vezes muito elevados face ao valor de adjudicação de uma obra. É
frequente o subempreiteiro ou até mesmo o empreiteiro abdicar ou não incluir na proposta os
custos com a segurança, permitindo ganhar obras de forma desleal face à concorrência.
Entendemos que para ultrapassar estas situações de desigualdade, que tendem a aumentar com a
situação que o país atravessa, uma das ações a tomar é a inclusão no mapa de quantidade uma
rubrica para a segurança, atribuindo um valor fixo ou uma percentagem em relação ao valor
adjudicado.
61
A Higiene do Trabalho, por sua vez, pode ser considerada como:
A atividade que contém a prevenção e controlo dos riscos do ambiente (por exemplo: as
atmosferas perigosas, o ruído, o calor e a radiação);
As técnicas de atuação sobre os contaminantes físicos, químicos e biológicos que têm por
finalidade prevenirem doenças profissionais.
A higiene e a segurança são duas atividades que estão intimamente relacionadas com o objetivo
de garantir condições de trabalho capazes de manter um nível de saúde dos colaboradores e
trabalhadores de uma empresa.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a verificação de condições de Higiene e
Segurança consiste "num estado de bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de
doença e enfermidade ".
62
Decreto-Lei n.º 273/2003 de 29 de Outubro – Procede à revisão da regulamentação das
condições de segurança e de saúde no trabalho a aplicar em estaleiros temporários ou
móveis, constante do Decreto-Lei n.º 155/95 de 1 de Julho.
Decreto-Lei n.º 46 427/65 de 10 de Julho – Aprova o Regulamento de Segurança no
Trabalho da Construção Civil.
Decreto n.º 41 821 de 11 de Agosto de 1958 – Aprova o Regulamento de Segurança no
Trabalho da Construção Civil.
Decreto-Lei n.º 41 820 de 11 de Agosto de 1958 – Promulga várias disposições atinentes à
segurança e proteção do trabalho nas obras de construção civil.
Decreto n.º 46427, de 10 de Julho de 1965 - Aprova o Regulamento das Instalações
Provisórias Destinadas ao Pessoal Empregado nas Obras.
Decreto-Lei n.º 50/2005 de 25 de Fevereiro - Prescrições mínimas de segurança e de
saúde para a utilização pelos trabalhadores de equipamentos de trabalho.
Decreto-Lei n.º 103/2008 de 24 de junho - Estabelece as regras a que deve obedecer a
colocação no mercado e a entrada em serviço das máquinas.
63
Gráfico 5.1 – Acidentes de trabalho mortais por setor de atividade em 2010 (fonte: GEP).
Gráfico 5.2 – Acidentes de trabalho, total e mortais, do ano 200 a 2009. (fonte: GEP).
Constata-se que os acidentes de trabalho mortais têm sofrido uma tendência de descida e que se
manteve em 2010, com um total de acidentes mortais de 130 (gráfico 5.1), face ao ano de 2009
com 217 acidentes mortais. Aqui é importante salientar dois aspetos que têm influenciado estes
resultados: a diminuição da atividade económica, em especial o setor da construção e as diversas
campanhas de sensibilização e informação.
64
É prática comum apelar ao slogan “Acidentes zero”, mas só é possível com o esforço de todos e
investindo de uma forma séria e eficaz na cultura da prevenção, indo de encontro da campanha
lançada pela Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho.
5.5 Prevenção
Tratando-se de aspetos que envolvem riscos físicos, a prevenção é o fator que merece maior
destaque, motivando para tal que se exerçam atividades prévias à execução da obra.
As ações de intervenção, em termos de prevenção, podem ser efetuadas pela eliminação ou
limitação do risco, correspondendo a medidas de engenharia tomadas na conceção e
dimensionamento no projeto; envolvimento do risco, através de medidas protetoras em obra;
afastamento dos indivíduos, com aspetos técnicos e organizacionais que motivem o afastamento
de terceiros e impeçam a negligência ou inadvertência dos trabalhadores; e de proteção pessoal,
através da utilização, pelos trabalhadores, de equipamentos de proteção individual adequados às
tarefas em desenvolvimento.
Em geral, as intervenções de proteção através de medidas de engenharia, relacionadas com a
conceção, projeto e organização, são as mais eficazes e de menor custo, constituindo uma
preocupação que deve nortear todas estas atividades. A acrescer a estas medidas, devem ser
preconizadas ações periódicas de formação e informação dos trabalhadores, devendo-se evitar a
contratação de pessoal temporário sem formação específica para a obra, principalmente se forem
executar trabalhos com riscos especiais (ver quadro 5.12).
São nove os Princípios Gerais de Prevenção de acordo com a Diretiva 89/391/CEE, e estão
descritos no quadro abaixo mencionado. Esta diretiva foi transposta para o direito interno
Português através do Decreto-Lei n.º 441/91, de 14 de Novembro, alterado posteriormente pelo
Decreto-Lei n.º 133/99, de 21 de Abril.
Mais tarde os princípios gerais da prevenção foram assumidos pela Lei nº 102/2009, de 10 de
Setembro, que revoga os diplomas atrás referidos. Teve por objeto a execução de medidas
destinadas a promover no espaço europeu a melhoria da segurança e saúde dos trabalhadores.
Nela se incluíram nove princípios gerais – atribuídos às entidades empregadoras - relativos à
prevenção dos riscos profissionais e à proteção da segurança e da saúde, à eliminação dos fatores
de risco e de acidente, à informação, à consulta, à participação, de acordo com as legislações e/ou
65
práticas nacionais, à formação dos trabalhadores e seus representantes, assim como linhas
mestras a observar com vista à sua aplicação no terreno.
66
5.5.2.1 Objetivo do PSS
O PSS tem por objetivo principal identificar e avaliar os riscos associados ao processo construtivo
e aos materiais a aplicar, garantindo que a entidade executante tem conhecimento dos riscos que
terá de considerar para proceder ao controlo e minimização dos acidentes de trabalho através da
organização e gestão de segurança a implementar na obra que se projeta levar a execução.
Para a concretização deste objetivo, o referido plano estabelece as condições mínimas de
segurança e saúde no trabalho a implementar e as formas de evidência das ações desenvolvidas
no sentido de dar cumprimento à sua aplicação.
Para que não ocorram ou se evitem acidentes, é necessário que todos os trabalhos sejam
concebidos, programados e executados corretamente e que, simultaneamente, haja um empenho
consciente de todos e de cada um, independentemente das áreas de que se ocupem e funções
que desempenhem.
DONO DA OBRA
Entende-se por dono da obra como sendo a entidade por conta de quem a obra é realizada.
O papel do dono da obra, no que diz respeito à prevenção de riscos profissionais, assume
expressão significativa no quadro das opções conceptuais, da programação e preparação da
execução e da execução propriamente dita, nos seguintes aspetos:
67
Comunicar previamente a abertura do estaleiro à Autoridade para as Condições de
Trabalho (ACT), nas situações em que exista essa obrigatoriedade, entregando cópia
dessa comunicação à entidade executante;
Elaborar ou mandar elaborar a compilação técnica da obra;
Quando intervierem duas ou mais empresas executantes na obra, designar a entidade
que deve tomar as medidas necessárias, para que o acesso ao estaleiro seja reservado a
pessoas autorizadas;
Assegurar o cumprimento das regras de gestão e organização geral do estaleiro incluídas
no plano de segurança e saúde.
AUTOR DO PROJETO
Entende-se por autor do projeto como sendo a pessoa que é reconhecida como projetista, que
elabora ou participa na elaboração do projeto da obra.
Ao autor do projeto competirá garantir, no projeto, a prevenção de riscos profissionais, em
termos de conceção da obra e de dimensionamento, tendo em conta os princípios gerais de
prevenção de riscos profissionais, designadamente nos seguintes domínios:
COORDENADORES DE SEGURANÇA
Os coordenadores de segurança e saúde em projeto e em obra desempenham um papel
fundamental de aconselhamento e apoio técnico aos processos de decisão do dono de obra e de
68
dinamização da ação dos diversos intervenientes no que se refere à observância dos princípios
gerais de prevenção nas fases de elaboração do projeto, de contratualização da empreitada, de
execução dos trabalhos de construção e, até, quanto à consideração das intervenções
subsequentes à conclusão da edificação.
Em Portugal, a figura do Coordenador de Segurança em Obra (CSO) não se encontra
regulamentada e é ainda um pouco desvalorizada e inexistente em muitas das obras particulares
e públicas. Em muitos dos casos o dono de obra contrata por obrigações legislativas, mas por
razões meramente de custos, com afetações à obra muitos reduzidos, não permitindo ao CSO na
grande maioria das obras desempenhar com rigor e atempadamente as suas funções, ficando
muito aquém das responsabilidades que lhe são atribuídas pela legislação em vigor.
ENTIDADE EXECUTANTE
O conceito de entidade executante foi estabelecido para designar a intervenção do empreiteiro.
À entidade executante cabe, de acordo com a relação contratual estabelecida com o dono da
obra, assegurar a execução da totalidade ou de parte da obra. A entidade executante,
habitualmente designada como “adjudicatário” ou “empreiteiro geral” fornece os equipamentos
de trabalho, seleciona os métodos de trabalho que entende mais adequados à realização da obra,
decide sobre a organização do trabalho no estaleiro da obra, constitui e/ou define a necessidade
de constituição das equipas de trabalho. Nestas circunstâncias encontra-se, em posição adequada
para promover o desenvolvimento do planeamento da prevenção de riscos profissionais iniciado
na fase de projeto e para equacionar estes aspetos no quadro dos mecanismos de contratação de
subempreiteiros e trabalhadores independentes. Assim, à entidade executante cabe,
nomeadamente:
Avaliar os riscos associados à execução da obra e definir e implementar as medidas de
prevenção adequadas;
Mobilizar os recursos adequados dos seus serviços de prevenção;
Propor ao dono da obra o desenvolvimento e a adaptação do PSS;
Tomar as medidas necessárias a uma adequada organização e gestão do estaleiro,
incluindo a organização do sistema de emergência;
Tomar as medidas necessárias para que o acesso ao estaleiro seja reservado a pessoas
autorizadas;
Dar a conhecer o plano de segurança e saúde para a execução da obra e as suas
alterações aos subempreiteiros e trabalhadores independentes, ou pelo menos a parte
que os mesmos necessitam de conhecer por razoes de prevenção;
69
Comunicar, à ACT e ao coordenador de segurança, qualquer acidente de trabalho de que
resulte a morte ou lesão grave de trabalhos ou trabalhador independente colocado sob
sua responsabilidade;
Fornecer os elementos necessários à elaboração da compilação técnica.
Entendemos que existe já legislação suficiente para assegurar melhores condições de segurança
dos trabalhadores, é preciso pô-la em prática. Já foi referido anteriormente a falta de
acompanhamento de obras pelo CSO, é também necessário a existência efetiva de um
Coordenador de Segurança em Projeto (CSJ) e que esse elemento faça parte integrante das
soluções de projeto, como por exemplo:
Incorporar nas peças desenhadas, nos avanços de escavação ou em elementos
estruturais, pontos de amarração para linhas de vida;
Incorporar nas peças desenhadas, nas armaduras dos pilares, vigas de bordadura e lajes,
ferros de espera específicos ou negativos para colocação de elementos de segurança,
como por exemplo para amarração de linha de vida e/ou montagem de guarda-corpos;
Limitar a altura de cofragens à altura média dos trabalhadores, indo de encontro ao 4º
principio da prevenção;
Incorporar nas peças desenhadas, soluções ou opções arquitetónicas que permitam na
vida útil da obra edificada, aceder a locais que necessitem de manutenção, conservação e
que garantam condições de segurança necessárias;
Garantir que as coberturas tem platibanda com altura mínima de 1,0 m;
Garantir que a viga de bordadura é dimensionada para que, pelo menos, garanta a fixação
de plataformas suspensas.
Tendo em conta o descrito no ponto 5.4.2, a legislação em vigor confere um destaque muito
particular ao conceito de risco especial, dele fazendo depender dois desenvolvimentos:
Um relativo ao papel dos diversos intervenientes no empreendimento construtivo (dono da obra,
projetistas, executantes e coordenadores de segurança). Por outro lado, tais riscos especiais
devem ser objeto de análise detalhada quer do PSS, quer na Compilação Técnica (CT), em função
da conjugação da sua probabilidade e da sua gravidade.
70
A Lei nº 102/2009, de 10 de Setembro - Regime jurídico da promoção da segurança e saúde no
trabalho, aplicado a todos os setores de atividade, considera de risco elevado as seguintes
atividades gerais mencionadas no quadro 5.12. Enquanto o Decreto-Lei n.º 273/2003 de 29 de
Outubro – Procede à revisão da regulamentação das condições de segurança e de saúde no
trabalho a aplicar em estaleiros temporários ou móveis, mais específico para a área da
construção.
71
5.6 Avaliação de riscos
É o processo de avaliação dos riscos para a saúde e a segurança dos trabalhadores decorrentes de
perigos no local de trabalho. Na prevenção e no controlo dos riscos, importa ter em conta os
princípios gerais de prevenção já mencionados no ponto 5.4.1.
A avaliação dos riscos passa por uma consciente monitorização, acompanhamento e supervisão
técnica, e avaliação constante do projeto e construção.
Como a avaliação de riscos é uma área muito complexa, a sua abordagem será somente
superficial e de forma a refletir algumas das atividade/tarefas relacionadas com o tema da
presente tese, de forma a suscitar a reflexão e sensibilidade para a prevenção.
Neste ponto será abordada a segurança e higiene no trabalho, com realce a dois aspetos distintos:
riscos profissionais decorrentes da execução da escavação dos poços e os riscos profissionais
específicos do trabalho de monitorização da obra.
72
Procedimentos de emergência;
Fichas técnicas, fichas de segurança, peças desenhadas, memórias de cálculo (se
aplicável).
Após aprovação do dono de obra, deverá ser ministrada a formação a todos os trabalhadores
afetos à atividade. Por último lugar, de forma a fechar o ciclo, há que assegurar o necessário
acompanhamento do cumprimento das regras de segurança através dos Procedimentos e Registos
de Inspeção e Prevenção (PRIP), parte integrante do PES ou PTRE.
Definição de perigo: fonte ou situação para o dano, em termos de lesões ou ferimentos para o
corpo humano ou de danos para a saúde, para o património, para o ambiente do local de
trabalho, ou uma combinação destes.
Definição de risco: expressa uma probabilidade de possíveis danos dentro de um período
específico de tempo ou número de ciclos operacionais.
Exposição
Frequência
Probabilidade Risco
Gravidade
73
A avaliação de riscos é neste caso efetuada através da combinação da frequência com a
gravidade, conforme figura anterior, em que a frequência do dano é baseada no nível de
exposição dos seres humanos ao perigo e da probabilidade de provocar dano nas pessoas
expostas.
A partir destas combinações e dos valores atribuídos a cada uma, é possível realizar uma matriz
de identificação de perigos e avaliação de riscos, com as necessárias medidas preventivas para
cada risco identificado na atividade/tarefa, conforme quadro 5.13 abaixo mencionado.
ATIVIDADE PERIGO RISCO CLASSIFICAÇÃO AVALIAÇÃO MEDIDAS DOCS. RE-CLASSIFICAÇÃO AVALIAÇÃO DOC. DE
/ TAREFA DE RISCO IMPLEMENTADAS REF.ª DE RISCO Controlo
FREQUÊNCIA
FREQUÊNCIA
RESULTADO
RESULTADO
GRAVIDADE
GRAVIDADE
O quadro seguinte permite identificar uma lista não exaustiva de riscos potenciais, equipamentos
e mão-de-obra para as atividades mencionadas anteriormente.
74
Quadro 5.14 – Lista não exaustiva de riscos potenciais, equipamentos e mão-de-obra.
Tendo em conta o quadro 5.14, é atribuído para a cada atividade/tarefa os potenciais riscos,
equipamentos e mão-de-obra que poderão ser utilizados ou que foram utilizados no estudo de
caso. No quadro 5.15, apresenta-se os riscos decorrentes da escavação, tendo como base os
métodos de execução e contenção preconizado no estudo de caso.
75
Quadro 5.15 - Riscos decorrentes da escavação dos poços.
Nas várias atividades de monitorização, pontualmente é necessário aceder a locais que pelas
dimensões dos poços (diâmetro e/ou profundidade), como o caso em estudo, exigem a utilização
de equipamentos de elevação de trabalhadores, para as seguintes tarefas:
76
Colocação de elementos de instrumentação;
Colocação de nova instrumentação;
Limpeza de elementos de instrumentação (p.e. alvos);
Podemos distinguir 4 tipos de equipamentos que são habitualmente mais usados, e que deverão
ser objeto de especial atenção:
Os dois primeiros são equipamentos operados a partir do solo, com as respetivas limitações, seja
pelo seu alcance limitado, seja por necessitarem de solo nivelado (PMEP impossíveis de operar
em fase de escavações), seja ainda pela existência de estruturas que condicionam o seu acesso à
instrumentação.
Nesses casos é necessária a utilização de plataforma não integrada, mas que só pode ser utilizada
mediante a autorização por escrito do CSO e em casos muitos específicos, sendo necessário o
cumprimento de medidas preventivas específicas.
Aqui convém distinguir plataforma não integrada (figura 5.18a) de plataforma suspensa, também
designada por bailéu (figura 5.18b) essencialmente diferem em dois aspetos fundamentais: uma é
a entidade a quem é solicitado a autorização para utilização destas plataformas, outra é o tempo
necessário para os processos administrativos de autorização.
No quadro abaixo, são apresentadas as diferenças para cada uma das duas plataformas
apresentadas, com base na experiência prática em obra, pois é comum a existência de dúvidas
sobre os procedimentos respeitantes aos processos administrativos de autorização.
77
Quadro 5.17 – Procedimentos para autorização na utilização de plataformas.
PROCEDIMENTOS
- Necessária autorização do ACT; - Necessária autorização do CSO;
-Preparação de documento para apresentação ao ACT; - Preparação de Procedimento Específico de Segurança
- Apôs autorização do ACT, necessário preparar um (PES) para o dono de obra;
Procedimento Específico de Segurança (PES) para o - Validação pelo CSO e aprovação do dono de obra;
dono de obra, remetendo em anexo a aprovação do - Formação específica aos trabalhadores;
ACT; - Início dos trabalhos previstos.
- Validação pelo CSO e aprovação do dono de obra;
- Formação específica aos trabalhadores;
- Início dos trabalhos previstos.
OBSERVAÇÕES
Sempre que haja necessidade de executar trabalhos Sempre que haja necessidade de executar trabalhos
noutro local ou o trabalho a executar não esteja com estas plataformas que não esteja previsto no PES,
previsto na autorização do ACT, é obrigatório seguir os é obrigatório o envio do pedido de autorização ao dono
trâmites anteriores. Nestes casos, deve-se contatar o de obra.
ACT local para esclarecer os procedimentos a tomar.
O recurso a este tipo de solução, é apenas admissível
excecionalmente em situações onde outros meios de
trabalho (p.e. utilização de andaimes) sejam
impraticáveis ou suscetíveis de ocasionar riscos
superiores e/ou quando se tratar de situações pontuais,
imprevistas e de curta duração.
DURAÇÃO
(tempo que medeia o início de preparação de toda a documentação até aprovação do dono de obra.)
30 a 45 dias Até 5 dias.
(Dependendo da unidade central ou local do ACT).
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
Decreto-lei n.º 103/2008 de 24 de junho. Artigos 10.º a 29.º do Decreto-lei n.º 50/2005 de 25 de
fevereiro.
(Equipamento não abrangido pela diretiva máquinas).
No caso das plataformas suspensas, devido à duração necessária, de acordo com o quadro 5.17, é
fundamental a existência em obra de um bom planeamento e organização no setor da produção
de obra. Um caso prático no uso destas plataformas é a execução de impermeabilização de poços.
78
a) b)
Figura 5.18 – a) Plataforma não integrada suspensa em grua-torre; b) Plataformas suspensas.
Segundo a Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho (EU-OSHA), o mundo está a
passar por transformações que implicam novos desafios em matéria de segurança e saúde dos
trabalhadores. Estas transformações levam ao surgimento de riscos psicossociais. Estes riscos,
que estão relacionados com a forma como o trabalho é concebido, organizado e gerido, bem
como com o seu contexto económico e social, suscitam um maior nível de stresse e podem
originar uma grave detioração da saúde mental e física.
As transformações socioeconómicas, demográficas e políticas, incluindo o atual fenómeno da
“globalização”, também são fatores significativos. Os dez principais riscos psicossociais
emergentes (qualquer risco simultaneamente novo e que está a aumentar) identificados por
peritos podem agrupar-se nas cinco áreas seguintes:
Novas formas de contrato de trabalho e insegurança no emprego;
Mão-de-obra em envelhecimento;
Intensificação do trabalho;
Exigências emocionais elevadas no trabalho;
Difícil conciliação entre a vida profissional e a vida privada;
Estas novas realidades vão ser um desafio acrescido para os responsáveis de segurança das
empresas, pela dificuldade na deteção de alguns dos seus riscos. Aqui, a análise e investigação de
acidentes de trabalho de forma responsável, vai permitir aflorar possíveis causas que se
enquadram nestes novos riscos, que aparentemente indiciavam outras causas possíveis.
79
A Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho lançou a sua nova campanha bianual
- Locais de Trabalho Seguros e Saudáveis - dedicada ao tema "Juntos na prevenção dos riscos
profissionais: Através da liderança e participação dos trabalhadores”.
A participação e empenho dos diversos intervenientes quer antes, quer depois do início da obra,
conduz a uma melhoria muito significativa do desempenho em matéria de segurança e saúde no
trabalho, que não só da exclusividade dos responsáveis que participam diariamente e ativamente
na segurança.
80
6. Projeto de execução
81
82
6.1 Caracterização da empreitada
6.1.1 Introdução
Neste capítulo pretende-se descrever de forma geral todos os trabalhos da “Empreitada ML-
671/07 – Conceção/Construção dos Toscos do Prolongamento entre a Estação da Amadora-Este e
Estação da Reboleira, da Linha Azul, do Metropolitano de Lisboa, E.P”, que serviu de base ao
presente estudo e que será detalhada no próximo capítulo. O troço em questão, composto pelos
troços 75 e 76 do Metropolitano de Lisboa, desenvolve-se entre o PK 25+247,8 e o PK 25+842,1,
integrando a Estação da Reboleira entre os PK 25+529,3 e o PK 25+640,3.
83
ÍNICIO E TÉRMINO DA OBRA
Figura 6.20 - Prolongamento da linha azul – Estação da Reboleira (Adaptado google maps).
84
Túnel Norte Túnel Sul
Poços em estudo
Túnel Norte
Desenvolve-se entre o PK 25+640,3 e o PK 25+842, ou seja, Faz ligação entre o término da Estação
Amadora-Este (75º troço) e a Estação da Reboleira com 201,7 metros;
A Estação da Reboleira
Com o propósito de manter os principais espaços válidos, do ponto de vista arquitetónico e
funcional, foi desenvolvida uma solução construtiva composta por cinco poços que se intercetam
formando no seu conjunto uma vala alongada (Figura 6.22).
Figura 6.22 - Planta do corpo dos poços da estação da Reboleira (Adaptado CJC 2009).
85
Figura 6.23 - Corte transversal dos poços da estação (adaptado TF, 2011).
O conjunto dos cinco poços perfaz uma vala alongada de 115 metros e variável em altura entre os
15,10 metros (poço 1 a 4) e 20,25 metros (poço 5), conforme indica o corte transversal da figura
6.23. É constituída por um poço central elíptico onde integra dois acessos, nascente e poente
(figura 6.30a) com aproximadamente 37 metros no maior diâmetro e 30 metros no menor; 2
poços de 27 metros de diâmetro nas extremidades e poços intermédios com 33 metros no maior
diâmetro.
Túnel Sul
Desenvolve-se entre a Estação da Reboleira ao PK 25+247,8 e o 25+529,1, zona de término, com
aproximadamente 281 metros, onde fica localizado o posto de tração (zona de cais e inversão das
composições) e a ligação ao posto de ventilação;
Posto de ventilação
Constituído por um poço de ventilação com 45 metros de altura de secção elíptica e túnel de
ventilação com 55 metros, onde está incluído o poço de bombagem. Serve de saída de
emergência do Túnel Sul (figura 6.24). Como veremos mais à frente, o poço fica localizado numa
zona habitacional.
86
6.1.5 Principais intervenientes
Construtores: Nova Estação ACE, constituído pelas Empresas: Teixeira Duarte, Zagope,
Construtora do Tâmega e Soares da Costa;
Sendo o âmbito da tese relativo a construção de poços, neste item somente será descrito o
processo construtivo da Estação da Reboleira e do poço de ventilação.
De uma maneira geral, a metodologia utilizada para a empreitada foi o método NATM (New
Austrian Tunnelling Method), também conhecida por túnel mineiro. Esta metodologia tira partido
do maciço em volta da escavação tornando-o parte integrante do sistema de redistribuição e
reequilíbrio das tensões do maciço originadas pela escavação. Este sistema que se baseia na
interação entre o maciço e o suporte exige, além de uma execução cuidadosa que perturbe ao
mínimo o maciço em torno da escavação, que o sistema de suporte primário seja adequado, ou
seja, com rigidez suficiente para se deformar controladamente (juntamente com o maciço)
imobilizando assim o maciço.
Este processo é conhecido como convergência-confinamento ou método das deformações
controladas onde o revestimento e o maciço interagem até se atingir o equilíbrio. É tanto mais
intenso quanto maior for a necessidade de suporte do maciço, necessitando assim de
revestimentos mais pesados e colocados num menor espaço de tempo, o qual está
correlacionado com o tempo de auto-sustentação do maciço.
87
6.2.2 Tempo de auto-sustentação
Na metodologia NATM, são utilizados dois tipos de suporte, com funções diferentes e aplicados
em tempos também diferentes: suporte de 1ª e de 2ª fase.
Suporte de 1ª fase
No conceito do NATM o suporte de 1ª fase é mais flexível tendo como papel o de interagir com o
maciço, sendo o responsável pela estabilização da cavidade fazendo com que seja mobilizada a
capacidade autoportante do maciço até se atingir um novo equilíbrio. Estes suportes variam
conforme a classificação geomecânica do maciço sendo mais leve quanto melhores forem as
características do maciço. Em função de sua forma (circular ou elíptica) que privilegia os esforços
de compressão das paredes do poço, não necessitam de muita armadura e as espessuras serão as
necessárias para absorver os impulsos do maciço. Os suportes primários ou revestimentos
primários são constituídos por malhasol e por betão projetado. Se o maciço apresentar
competência, é aplicada uma malha de pregagens tipo swellex, de forma a reduzir ao mínimo a
degradação do maciço no contorno escavado, e criar num espaço de tempo curto a rigidez
adequada.
É válido também o efeito tridimensional da base, devido ao efeito de fundo; as cargas nesta
região são mínimas e serão crescentes, sendo absorvidas pelo revestimento à medida que o poço
se aprofunda, até atingir o estado plano de tensões e deformações.
Assim, o passo de avanço subsequente só deverá ser iniciado quando o passo precedente estiver
inteiramente concluído. Esta é a situação ideal para o funcionamento do NATM, inclusive de
túnel, com revestimento fechado junto à face e execução em secção plena. Por este motivo
conseguem-se, através de poços em NATM, grandes áreas livres, com um mínimo de suporte, sem
necessidade de suportes temporários do tipo escoramentos e/ou atirantamentos. (Peça escrita
CJC, 2008).
88
Durante esta fase não estão previstos impulsos hidrostáticos sobre o suporte, e foram
desconsiderados nos cálculos, Para tal, foram executados drenos curtos de alívio, instalados
radialmente aos poços, de acordo com projeto.
Suporte de 2ª fase
No conceito do NATM, o suporte de 2ª fase destina-se a prover a estrutura de coeficiente de
segurança para a vida útil da obra. O revestimento secundário pelo seu carácter definitivo deve
possuir coeficiente de segurança adequado a esta condição de longo prazo, bem como resistir a
eventuais pressões hidrostáticas presentes.
O 75º troço da Linha Azul está concebido para respeitar na íntegra todas as condicionantes e
imposições postas a concurso. Com este projeto o empreiteiro mostrou preocupação em procurar
soluções alternativas mais ágeis e ao mesmo tempo mais económicas e acima de tudo que o fator
de segurança se mantivesse o mesmo, garantindo também estas vantagens para o dono de obra.
A Estação da Reboleira foi concebida como uma obra a céu aberto que explora o fator geométrico
em benefício do seu funcionamento estrutural, minimizando escoramentos e tirantes ou
ancoragens para a estabilização de seus suportes temporários. Como já mencionado
anteriormente, é composta por um conjunto de 5 círculos interconectados que recebem os
impulsos do maciço e os equilibra em sua forma geométrica resultando essencialmente em
esforços de compressão o que resulta numa estrutura leve, sem necessidades de elementos
estabilizantes adicionais que não sejam suas paredes laterais.
Esta configuração com cerca de 114 metros de comprimento, é constituída por um poço central
elíptico com aproximadamente 37 metros no maior diâmetro e 30 metros no menor; 2 poços de
27 metros de diâmetro nas extremidades e poços intermédios com 33 metros no maior diâmetro.
89
O faseamento construtivo inicial foi abandonado uma vez que existiu um atraso considerável no
início da empreitada, resultante da não aprovação do Relatório de Acompanhamento Ambiental
do Projeto de Execução (RECAPE), por parte da Agência Portuguesa do Ambiente (APA). Sem esta
aprovação a obra não poderia ser consignada.
Esta decisão implicaria no mínimo em 2 meses de atraso na consignação, uma vez que a APA tinha
legalmente 60 dias para analisar o documento. Durante o período de tempo em que era suposto
ter-se iniciado a obra, foi estudado pela equipa técnica da Nova Estação ACE em conjunto com a
equipa do projetista uma solução que se enquadrasse nos prazos previstos.
O estudo levado a cabo pela Nova Estação ACE a que se chamou “Otimização do Processo
Construtivo da Estação da Reboleira” teve aprovação junto do dono de obra o que permitiu o
comprimento dos prazos de execução e melhorou em muito as condições de segurança da obra, a
qual manteve por base o princípio de escavação recorrendo aos 5 poços. (Pereira, 2011).
90
Figura 6.25 - Planta com execução das vigas de travamento e revestimento secundário nos poços 1, 3 e 5
(Adaptado CJC, 2008).
Figura 6. 26 - Planta com execução do revestimento secundário no poço 2 e 4 (Adaptado CJC, 2008).
Os túneis norte e sul poderiam começar assim que estivessem concluídos os poços da
extremidade, mas a estrutura interna da estação só poderia ser iniciada após a conclusão do
revestimento secundário (figura 6.26).
91
6.3.1.2 Faseamento executado – otimização
1ªFase – Execução dos muros de contenção junto dos poços 5, 4 e 3 e na sequência as estacas-
pilares (estas fazem parte dos pórticos transversais que permitiram o equilíbrio estrutural durante
a fase de execução do revestimento primário).
Figura 6.27 - Planta das estacas pilares e muros de contenção (Adaptado CJC, 2009).
2ª Fase - Após a execução das contenções e das estacas, executou-se a viga de bordadura em
todo o contorno dos cinco poços
3ª Fase - Com parte da viga de bordadura já implementada, iniciou-se então a execução das vigas
de travamento, ligadas nas suas extremidades pelas estacas pilares.
92
Figura 6.28 - Planta das vigas de travamento dos poços 1 a 5 (Adaptado CJC, 2009).
4ª Fase – Ao mesmo tempo que se concluíram as vigas de travamento (figura 6.28) iniciou-se a
escavação da estação com aplicação do revestimento primário, constituído por malhasol, betão
projetado, pregagens e geodrenos.
5ª Fase – A escavação e execução do revestimento primário, foi dividido em duas zonas distintas,
uma formada pelos poços 1,2 e 3 e a outra formada pelos restantes poços 4 e 5.
Nesta 5ª fase da obra foram então cumpridos à risca os pressupostos de projeto da solução de
concurso.
Figura 6.29 - Planta e corte transversal do faseamento construtivo da escavação e revestimento primário
(Adaptado CJC, 2009).
Para se visualizar melhor a obra da Estação da Reboleira, apresentam-se na figura 6.30 algumas
perspetivas tridimensionais, que incluem os acessos não abordados nesta tese.
93
a)
b) c)
Figura 6.30 - Esquema tridimensional da estação: a) Geral; b) Planta do cais; c) Planta do sub-cais.
Este projeto sofreu alterações ao inicialmente levado a concurso, com a alteração da localização
do poço de ventilação por parte do dono de obra, o que obrigou a rever os pressupostos do
projeto levado a concurso. A posição inicial causava demasiados transtornos à população da zona,
como se identifica na figura 6.31. A nova localização situada numa zona ajardinada, permitiu
afastar um pouco mais o poço das edificações, diminuindo a exposição ao ruído e poeiras
resultantes dos trabalhos no poço, bem como um aumento considerável da zona de estaleiro.
Logo após a consignação da obra, foi solicitada autorização à Câmara Municipal da Amadora para
a utilização de explosivos na escavação do poço de ventilação, uma vez que o maciço era de boa
qualidade (W1-2 , F1-2) e a secção do poço com diâmetro 9,20m não permitia a utilização de
equipamentos de grandes dimensões capazes de se movimentarem satisfatoriamente no espaço
confinado da obra.
94
POSTO A CONCURSO
Figura 6.31 - Projeto inicial da localização do poço de ventilação (Adaptado ML, 2008).
Este processo foi demorado, exigiu vários estudos e pareceres, pelo que quando foi dada a
autorização, por parte da C.M. Amadora, já era tarde de mais. Como a resposta da C.M. Amadora
tardava, foi decidido pelo Conselho de Administração do A.C.E., avançar com a escavação do poço
de ventilação, mas com secção ovoide e não circular conforme previsto no Projeto de Execução.
Esta solução ovoide foi estudada para que os equipamentos de grandes dimensões que iriam
executar a escavação do poço, pudessem operar sem dificuldades e ao mesmo tempo fosse
possível retirar a terra e executar os trabalhos de contenção dos terrenos, sem retirar os
equipamentos. Foi colocada a hipótese de alterar a secção do poço para circular quando fosse
dada a autorização para o uso de explosivos, mas como a autorização chegou tarde demais, esta
solução não foi adotada. Esta alteração da configuração do poço levou à necessidade de sobre-
escavação não prevista no caderno de encargos, resultando de um custo adicional para a NE, ACE.
(adaptado Pereira, 2011).
Para além de facilitar todas as manobras operativas, o poço de ventilação de seção elíptica com
17,35 metros no maior diâmetro, 12,00 metros no menor e uma altura aproximadamente de 45
metros, atende às necessidades de circulação e indução de ar, conforme figura 6.32 e 6.33.
O poço é constituído por uma viga de bordadura em todo o seu perímetro. A sua escavação foi
executada com avanços na vertical de 1,0 metro, passando depois para 2,0 metros aquando da
melhoria da qualidade do terreno. Cada avanço era escavado em painéis com dimensões
variáveis, sendo aplicado malhasol electrosoldada (A500ER) e betão projetado (C25/30) com 20 e
30 cm de espessura (mediante a profundidade), devidamente pregados e drenados.
95
Figura 6.32 - Planta do poço de ventilação de secção elíptica (adaptado CJC, 2009).
Figura 6.33 - Cortes pelo maior e menor diâmetro do poço de ventilação (adaptado CJC, 2009).
96
6.4 Execução do projeto em escavação e revestimento primário
6.4.1 Estação
Antes dos trabalhos propriamente ditos para execução dos poços, foi necessário realizar um
conjunto de trabalhos preparatórios, tais como o desvio de infra-estruturas (gás, esgotos, cabos
de média e baixa tensão e telecomunicações) e alteração dos percursos do trânsito rodoviário
local.
Com a conclusão destes trabalhos, na estação tiveram lugar duas atividades em simultâneo, que
no caso do poço de ventilação não se executaram: a execução das estacas de diâmetro 1500 mm,
e comprimento de 20,0 m (pilares 1 a 6) e 25,0 m (pilares 7 e 8) que conferem ao revestimento
primário a estabilidade estrutural conjuntamente com as vigas de travamento e iniciou-se ao
mesmo tempo os taludes de modo a criar as plataformas necessárias para a execução dos vários
poços que constituem o corpo da estação (figura 6.34 e 6.35a).
Ao todo foram executadas 8 estacas que ditam as intersecções entre poços. Estas estacas
incorporam elementos (esferovite de alta densidade) de modo a deixar negativos para a futura
ligação às paredes curvas dos poços (figura 6.35b).
Figura 6.34 - Planta com a implantação das estacas e as suas referências (adaptado CJC, 2009).
97
a) b)
Figura 6.35 – a) furação para as estacas pilares; b) Colocação de armadura na estaca pilar no furo.
a) b)
Figura 6.36 – a) Montagem da armadura das vigas de travamento entre estacas pilar; b) Vigas de bordadura
no topo de cada poço.
98
Na medida em que se foram fechando o conjunto de vigas de travamento e de bordadura
formando o topo de cada poço, estes começaram a ser escavados por meios mecânicos, segundo
os critérios definidos em projeto (ver figura 6.37). Porém estes critérios tiveram de ser adequados
em obra de modo a salvaguardar o planeamento e prazos de execução. Inicialmente estava
prevista a escavação em praça completa e nivelada, porém na prática os poços foram escavados
individualmente até um desnível máximo entre eles definidos pelo ATO em dois níveis de
escavação. Esta geometria em pirâmide, possibilitou assim libertar os emboquilhamentos dos
túneis para início dos trabalhos, mantendo a rampa de acesso para retirada do escombro com
dumpers.
Figura 6.37 - Esquemas da geometria adotada relativamente aos níveis de escavação, em duas fases
diferentes da escavação (NE ACE, 2009).
Com esta disposição conseguiu-se adiar ao máximo o uso de caçamba na remoção de terras. Com
este sistema alcançou-se nos poços extremos a cota final de escavação, tendo ficado apenas por
executar as zonas indicadas a amarelo, conforme indica figura 6.37. A partir deste ponto foi
retirada a rampa e passou-se a utilizar duas gruas torre, cada uma utilizando uma caçamba de seis
metros cúbicos (figura 6.38).
99
a) b)
Figura 6.38 - Plano geral dos poços 3 a 5. a) Com pormenor da rampa utilizada pelo dumper; b) sem rampa,
utilizando caçamba para remoção do material.
O revestimento primário dos poços (figura 6.39) foi executado em malha electrosoldada em duas
camadas e betão projetado (30 cm espessura), reforçada na zona de encastre das estacas pilares,
em painéis com 1,8m de altura e 6,0 m de comprido e opostos no poço, conforme figura 6.40.
Estas dimensões foram seguidas numa 1ª fase, onde o terreno escavado apresentava aterro e
solos residuais. Numa 2ª fase, com os resultados da instrumentação e da verificação visual “in
situ” dos terrenos escavados, com terrenos mais competentes, desde basaltos com diferentes
níveis de fraturação até basalto compacto, permitiu ao ATO autorizar a abertura de painéis com
2,20 m de altura e comprimento de 8,0m, passando a 10,0m numa fase posterior.
100
A figura 6.40a, apresenta o pormenor para aplicação do revestimento primário, que seguiu a
seguinte sequência construtiva, de acordo com o projeto de execução:
- Após escavação, aplicação imediata da 1ª camada de betão projetado com 4 cm espessura;
- Instalação da 1ª malha eletrosoldada;
- Aplicação sucessiva de camadas de 5 cm em betão projetado até atingir a espessura de 26 cm;
- Instalação da 2ª malha eletrosoldada;
- Aplicação de 4 cm de espessura de betão projetado, completando a espessura prevista do
revestimento primário.
a) b)
Figura 6.40 - a) Aplicação da malha sol após 1ª camada de 4 cm de betão projetado. b) Abertura de painéis
intercalados para execução de revestimento primário.
Em cada nível de execução do revestimento primário, foi necessário proceder à execução dos
geodrenos (malha 4,0 x 1,8 m, com 3,0 m de comprimento e furação 89 mm) para baixar o nível
freático que se encontrava bastante alto, de modo a retirar a água do tardoz do revestimento,
pois este não estava dimensionado para suportar a pressão hidrostática. Igualmente eram
executadas pregagens tipo swellex (malha 5,0 x 1,8 m, com 6,0 metros de comprimento e
diâmetro 38 mm) de acordo com o previsto no projeto. Quanto às pregagens, nem sempre foi
possível executá-las pois os maciços rochosos nem sempre possuíam competências para que
fosse possível a sua aplicação (figura 6.40b).
A furação das pregagens de atrito do tipo swellex era executada após a projeção da 2ª camada de
betão, exceto quando existia a necessidade de pregagem de blocos específicos de rocha. Neste
caso, poderiam ser executadas ainda antes da 1ª camada de betão projetado tendo em vista
melhor identificação visual do local a furar. A furação era executada com recurso a equipamento
de furação horizontal (figura 6.41a).
101
Ao atingir-se a cota de reforço do emboque do Túnel Norte, foi necessário garantir um maior
espessamento da parede do revestimento primário. O primário propriamente dito foi encastrado
mais fundo no terreno de modo a poder acomodar o reforço (ver figura 6.41b e 6.42).
a) b)
Figura 6.42 – Alçado do reforço do emboquilhamento do túnel norte (Adaptado CJC, 2008).
Após o nivelamento de cada um dos poços, estes foram sujeitos a aplicação de brita, envolta em
geotêxtil e aplicação de betão de limpeza por cima do geotêxtil, de modo a criar uma camada
drenante que serviria os poços provisórios de bombagem. A laje de soleira tem 1,5 m de altura,
uma vez que foi dimensionada para funcionar como ensoleiramento geral de forma a minimizar
possíveis deformações diferenciais que possam vir a ocorrer, para além disto a laje de soleira foi
dimensionada para funcionar como piscina invertida uma vez que os poços de bombagem
provisórios serão selados quando se encontrar concluída toda a estrutura interna. Estes foram
102
colocados de modo a aliviar as pressões que eventualmente se poderiam instalar, visto ainda não
suportar as cargas de projeto (figura 6.43a).
O poço de bombagem definitivo executado no poço três recebe apenas águas provenientes das
paredes dos túneis e estação, não servindo assim para rebaixar o nível freático.
a) b)
Figura 6.43 – a) Execução de pregagens tipo swellex e execução de geodrenos; b) Plano aéreo da laje
betonada do poço 1 e impermeabilização do poço 1 e 2.
Após a execução de reforço, deu-se início os trabalhos no emboquilhamento do túnel sul e norte.
Após a execução do reforço, já anteriormente referido, executou-se o tratamento no contorno da
abóbada com 29 enfilagens metálicas 76mm e 12m de comprimento, 2 drenos de 50mm e na face
de escavação 9 pregagens de fibra de vidro Y35 com 12 m de comprimento (figura 6.44 a 6.46). O
tratamento em ambos os túneis é em todo semelhante, porém, no túnel norte devido às
condições do maciço rochoso apresentarem-se de pior qualidade foram usadas 4 fiadas de
pregagens frontais em fibra de vidro (figura 6.44).
O maciço rochoso nesta zona apresenta-se composto por várias litologias na base com tufos
vulcânicos de cor avermelhada, depois basalto muito alterado e, tangente à calote, basalto
decomposto e solos de cobertura.
103
Figura 6.44 - Esquema de tratamento do emboquilhamento norte (Adaptado CJC, 2008).
Figura 6.45 - Perfil longitudinal do emboquilhamento do túnel norte (Adaptado CJC, 2008).
104
Figura 6.46 - Tratamento do emboquilhamento do túnel sul, com equipamento de perfuração de 2 braços.
As figuras 6.47 e 6.48 apresentam respetivamente uma vista do interior do poço e vista aérea do
corpo da estação da Reboleira.
Figura 6.47 - Vista geral do interior do poço da estação próximo da cota de projeto.
105
Figura 6.48 - Vista aérea da estação com a escavação terminada à cota de projeto.
O poço de ventilação, de secção elíptica, está ligado ao túnel sul por intermédio da galeria de
ventilação e do túnel de conexão (ver figura 6.24).
É constituído por uma viga de bordadura no anel superior do poço, a qual garantiu que o arco de
solos escavados e revestimento provisório funcionasse em pleno e com aba de segurança com
guarda corpos no topo, em tudo semelhante aos poços da estação (figura 6.49a).
A metodologia executiva da escavação do poço foi por níveis, de altura máxima de 2,0 m, largura
de aproximadamente 6,0 m e com banquetas. A escavação processou-se em avanços na vertical
de 1,0 m nos primeiros 10 m, passando depois para 2,0 m aquando da melhoria da qualidade do
maciço rochoso.
No maciço rochoso foram também aplicadas pregagens e drenos, no sentido de melhorar a
resistência no limite da escavação e revestimento primário, quer pela redução da pressão de água
nas fraturas (figura 6.50a).
106
A Escavação foi feita com recurso a giratória e as terras foram retiradas através de caçambas
içadas por uma grua torre instalada nas imediações do Poço (figura 6.49b).
a) b)
Figura 6.49 – a) Viga de bordadura do poço de ventilação; b) Execução de escavação por meios mecânicos.
Para o revestimento primário dos painéis escavados foi aplicado betão projetado, numa primeira
camada de 4 cm, com recurso a equipamento de projeção. Após executada a primeira projeção,
de seguida, o primeiro pano de malha electrosoldada. A malha foi colocada tão próxima quanto
possível à face já projetada, através do uso de bitolas de fixação, e com sobreposição entre panos
de malha consecutivos, com betão projetado inicialmente com 20 cm de espessura e em
profundidade 30 cm, em tudo idêntico ao revestimento primário dos poços da estação (figura
6.50b). A grande diferença foi o espaço reduzido de trabalho que limitou o avanço dos trabalhos e
a profundidade da escavação.
a) b)
Figura 6.50 – a) Drenos da parede do poço em pleno funcionamento; b) Revestimento primário na parede
do poço de ventilação.
107
A furação das pregagens de atrito do tipo swellex (malha de 3,00m x 2,00m e comprimento de
4,00m) foi executada após conclusão da projeção de betão, ou blocos específicos de rocha (figura
6.51). Neste caso, foram executadas ainda antes da 1ª camada de betão projetado tendo em vista
melhor identificação visual do local a furar.
a)
b)
Figura 6.51 - a) Planta do poço com o esquema de pregagens tipo swellex; b) Perfil da secção AA do Poço de
Ventilação, com os níveis de escavação definidos (adaptado CJC, 2009).
Os trabalhos continuaram, tomando atenção aos dois alargamentos da secção, até à cota de
emboquilhamento da galeria de ventilação em que foi necessário começar a executar o
tratamento. Este teve de ser faseado de acordo com a execução dos níveis.
b)
a)
108
Atingida a cota de trabalho do posto de ventilação, os trabalhos no poço pararam até se iniciar o
rebaixamento. Desta forma foi necessário prolongar o reforço do emboquilhamento na zona
inferior em meia secção. Este reforço provisório foi depois demolido após o contorno do reforço
da secção ficar completa (figura 6.53).
a) b)
109
Figura 6.55 - Vista aérea do poço de ventilação.
110
7. Estudo de Caso
111
112
7.1 Enquadramento geológico
A obra desenvolveu-se, com exceção dos níveis superiores dos poços, no denominado “Complexo
Vulcânico de Lisboa” da idade Neocretácica (figura 7.56).
O “Complexo Vulcânico de Lisboa” ou CVL como atualmente é mais conhecido, durante muitos
anos foi designado, por Manto Basáltico, de acordo com Choffat (1924), ou Manto Basáltico de
Lisboa como a maioria dos autores mais recentes utiliza. Qualquer das designações referidas é
incorreta face à localização geográfica dos centros eruptivos, sendo a designação de Complexo
Vulcânico da Malveira e arredores a que melhor se adequa (Serralheiro, 1978).
O CVL na sua fase atual de conservação é essencialmente caracterizado em termos litótipos por
basaltos vários e rochas piroclásticas (escórias, tufos e brechas vulcânicas).
Local em estudo
Figura 7.56 – Enquadramento geológico regional (Fonte: extrato da carta geológica de Portugal, folha 34-D).
113
A) Basaltos
O maciço basáltico que, provavelmente, devido aos aspectos ligados à sua gênese, apresenta
horizontes diferenciados, pode ocorrer na sequência estratigráfica, apresentada, da base para o
topo, ou, localmente, haver uma predominância de um ou dois termos litológicos. Pode ser
subdividido em três horizontes distintos, ou seja:
Derrames basálticos delgados;
Basalto Compacto;
Basalto Vesículo-amigdaloidal / vacuolar.
B) Brechas Vulcânicas
Materiais piroclásticos são formados por blocos de basaltos envolvidos por uma matriz mais fina.
Essa matriz envolve blocos de rochas básicas de mineralogia variada, de características finas, mas
com predominância ora siltítica, ora argilosa ou carbonatada. Esta predominância granulométrica
da matriz permite a seguinte subdivisão:
Brechas Vulcânicas Desagregadas;
Brechas Vulcânicas Compactas.
C) Tufos Vulcânicos
Trata-se de um material constituído por uma matriz fina de textura silto-argilosa, contendo
clastos milimétricos a centimétricos de basaltos extremamente alterados, e mais restritamente de
basaltos duros. A coloração é predominantemente avermelhada e amarelada.
Apresentam características semelhantes de um solo silto-argiloso de consistência média a rija.
114
Aterros ocorrem também como uma forma de capeamento de até 5 metros sobre os solos
residuais, ou mesmo sobre o sub-estrato rochoso. Geralmente são compostos por areias silto-
argilosas, por vezes carbonáticas, com fragmentos de cerâmica, brita, tijolos, basalto e restos
vegetais de cor castanha escura a acinzentada.
Apresenta-se na figura 7.57, os perfis geológicos considerados na análise, efetuadas com base
numa campanha de sondagens mecânicas.
A título de exemplo é apresentado na figura 7.58, o corte geológico B-B, baseado nas sondagens
efetuadas com a designação S37 e S38.
115
Figura 7.58 - Perfil geológico-geotécnico B-B, baseada nas sondagens S37 e S38 (adaptado NE ACE, 2008).
Apresenta-se na figura 7.59, o perfil geológico onde o poço de ventilação está inserido.
116
Figura 7.59 - Perfil geológico-geotécnico do poço de ventilação.
Com base na distribuição das unidades geológicas, litótipos, feições estruturais e nos parâmetros
geomecânicos obtidos nas 10 sondagens rotativas (das quais 6 sondagens de interesse para os
poços em estudo), foram identificadas as classes geomecânicas sintetizadas no quadro 7.18, para
avaliação do comportamento do maciço face às escavações dos poços:
117
ZG1 ZG2 ZG3 ZG4 ZG5
Basalto pouco Basalto muito Brecha Tufo Aterro/Solo
fraturado fraturado Residual
0
Angulo de Atrito (ϕ´) 21 17,5 24,5 17,5 21
Dilatância (ᵠ) 0 0 0 0 0 0
ZG5
Constituída pelos depósitos recentes (solos superficiais e aterros). Para estes depósitos, podem
ser estimadas características de maciço terroso.
De uma forma genérica o comportamento dos maciços terrosos dá-se em função das
características texturais das unidades.
ZG4
Compreende os tufos vulcânicos que, por serem constituídos por uma matriz fina, ressaltam as
estruturas existentes. É marcada pelo intenso fraturamento sub-horizontal, decorrente do
processo genético de formação do maciço vulcânico, e do alivio de carga litostática promovida
pela erosão; e pelo alto grau de meteorização, representado pela abundante quantidade de
argilas. Esta combinação constitui um forte condicionante à desarticulação de blocos, quer por
essas estruturas apresentarem um preenchimento por argilas expansivas, quer por alteração de
suas paredes.
ZG3
É definida pelos estratos de brechas compactas. Nesta classe, o intenso fraturamento sub-
horizontal pode ocorrer aberto, em decorrência do processo de alivio da carga litostática pelos
mecanismos de modelagem do relevo, constituindo-se um forte condicionante à desarticulação
de blocos, na zona de influência da abóbada. Esta, em combinação com juntas subverticais e
oblíquas, de persistência razoável, preenchidas por calcite, é o principal mecanismo de
desarticulação.
118
ZG2
Caracterizada pelos basaltos vacuolares e pelos múltiplos derrames delgados, constitui-se de
rochas alteradas a sãs. O sistema de fraturamento sub-vertical e oblíquo é o mais importante, mas
normalmente encontra-se preenchido por calcite, chegando a ser da ordem da espessura de veio.
Contudo são as fraturas sub-horizontais de alivio e as interfaces de escoadas constituem o
principal mecanismo de desarticulação dos blocos. As feições estruturais sub-horizontais são
muito densas e apresentam alta persistência. Esta unidade é, geralmente, representativa, quando
a camada de derrame tem expressão (métrica ou maior).
ZG1
Caracterizada pelo basalto compacto, constitui-se de rocha pouco alterada a sã. O sistema de
fraturamento sub-vertical é mais esparso e sempre preenchido por calcite. As feições estruturais
sub-horizontais são igualmente mais esparsas e apresentam pequena persistência. Esta unidade
é, geralmente, representativa, quando a camada de derrame tem expressão métrica.
Sendo um processo executivo muito similar ao NATM, os princípios da sua execução são os
mesmos, ou seja, reduzir ao mínimo a degradação do maciço no contorno escavado e aplicação
do suporte no tempo certo e com a rigidez adequada. É válido também o efeito tridimensional da
119
face, devido ao efeito de fundo; as cargas nesta região são mínimas e serão crescentes, sendo
absorvidas pelo revestimento à medida que o poço se aprofunda, até atingir o estado plano de
tensões e deformações.
Assim, o passo de avanço subsequente só deverá ser iniciado quando o passo precedente estiver
inteiramente concluído. Esta é a situação ideal para o funcionamento do NATM, inclusive de
túnel, com revestimento fechado junto à face e execução em secção plena. Por este motivo
conseguem-se através de poços em NATM grandes áreas livres, com um mínimo de suporte, sem
necessidade de suportes temporários do tipo escoramentos e/ou atirantamentos.
Uma vez que os poços atravessam depósitos sucessivos de basalto, com profundidades variáveis,
entre 15,20m e 20,35m, com escavações em materiais diferenciados, desde solos até rocha sã, o
revestimento primário foi constituído por: betão projetado, malhas electrosoldada e sempre que
o maciço permitisse a execução de pregagens swellex.
Para análise numérica tridimensional do poço, foi utilizado para a simulação da escavação do
maciço o programa baseado no método dos elementos finito denominado TOCHNOG. Trata-se de
um programa desenvolvido originalmente por Dennis Roddeman na Universidade de Twente. O
programa permite a simulação de episódios construtivos, possibilitando introduzir nos cálculos a
sequência executiva prevista em projeto.
Para estas análises, utilizou-se uma malha tridimensional capaz de simular as principais
características construtivas dos poços. Esta análise tridimensional tem a finalidade de determinar
os esforços que solicitam o revestimento dos poços. (ver figura 7.60).
120
O Sistema Internacional de Unidades (SI) utilizado foi:
Força: kN;
Tensão: kPa;
Comprimento: m;
Peso Específico: kN/m3;
Aceleração: m/s2, etc.
121
7.2.1.3 Resultados
Os resultados obtidos com a modelagem numérica tridimensional pelo programa TOCHNOG, são
em função do avanço da escavação do maciço, sendo eles:
Desenvolvimento das tensões verticais no maciço;
Desenvolvimento das tensões horizontais no maciço;
Desenvolvimento das deformações plásticas no maciço.
Assim se obtiveram os seguintes resultados relativos aos diferentes avanços. Nas figuras 7.61 a
7.63 são apresentados dois exemplos para os avanços à cota 91,15 e 81,45m.
2
1
4
Figura 7.62 - Campo de tensões horizontais na cota 91,15m e 81,45m (kPa).
5
6
Figura 7.63 - Campo de deformações plásticas na cota 91,15m e 81,45m (kPa).
122
Os impulsos do maciço atuantes na estrutura de revestimento dos poços da estação, que serviram
para os cálculos das estruturas de betão armado, foram determinados a partir da modelagem
numérica tridimensional, conforme figuras abaixo apresentadas.
7 8
Gráfico 7.3 - Impulso do maciço atuante – esq.) No poço 1; dir.) No poço 2, 3 e 4 (CJC, 2009)
O gráfico 7.4 representam os impulsos adotados como carregamento para o revestimento dos
Poços da Estação. Estes impulsos foram simplificados a partir da figura anterior, tendo sido
tomados os maiores valores existentes. Como já mencionado estes resultados servirão para
análise numérica da estrutura de betão da Estação.
Gráfico 7.4 - Impulso adotado como carregamento para o revestimento dos poços (adaptada CJC, 2009).
123
7.2.1.4 Análise numérica tridimensional – Simulação do revestimento primário
Ações
As ações consideradas no dimensionamento das peças estruturais foram as seguintes:
Peso próprio do betão armado (25,0 kN/m3);
Impulso de solo (ver gráfico 7.3).
124
Figura 7.64 - Modelo numérico tridimensional considerado nos poços 1 a 5 (adaptado CJC, 2009).
As figuras 7.64 e 7.65 ilustram a malha de elementos finitos utilizada para a modelagem numérica
tridimensional da Estação da Reboleira.
A seguir é ilustrada pelas figuras 7.66 e 7.67 a malha em 3D, a título de exemplo referente às
deformações previstas:
125
Figura 7.66 - Deformações perpendiculares à parede dos poços (adaptado CJC, 2009).
Figura 7.67 - Aspeto da malha deformada – Vista em planta e perspetiva (adaptado CJC, 2009).
Foi realizada análise numérica axissimétrica com o programa FLAC 2D (Fast Lagrangian Analysis of
Continua). Nesse programa bidimensional de diferenças finitas a relação tensão/deformação
pode ser linear ou não-linear e a superfície de rutura pode ser definida segundo vários modelos
constitutivos. Caso o campo de tensões seja tal que ocorra a plastificação do material, o programa
está em condições de produzir deformações permanentes. O cálculo é evolutivo permitindo
grandes alterações na geometria e parâmetros do problema.
126
A análise axissimétrica (que representa simetria em relação a um eixo) permite que se simule
todos os passos de avanço da escavação do poço. A análise pressupõe um eixo axial e possibilita a
obtenção dos desenvolvimentos das tensões e deformações no maciço circundante ao poço.
A malha adotada obedeceu às recomendações propostas pela ITASCA (FLAC) e à literatura sobre o
assunto, além da vasta experiência do projetista nesse tipo de análise (CJC, 2009).
127
As tensões horizontais apresentadas na figura 7.62 não foram obtidas com equações simplificadas
como, por exemplo, as propostas por Jaki (1944) e Frazer (1957) para empuxo em repouso, e as
propostas por Rankine (1856) e Résal (1910) para empuxo ativo; em função disso, elas não estão
exclusivamente relacionadas com os valores de ângulo de atrito interno e coesão. As tensões
horizontais foram obtidas mediante análise numérica que leva em consideração uma série de
fatores, como os parâmetros de deformabilidade (E,), os parâmetros de resistência (c, ), o peso
específico () e a dilatância ( ) dos diferentes materiais do maciço envolvente ao poço; as
características geométricas do revestimento dos poços e a sequência executiva dos poços (CJC,
2009).
A tensão horizontal considerada foi resultado final de todas as fases de cálculo da análise
numérica do poço (com o programa FLAC), que levou em consideração toda a sequência executiva
do poço e todos os parâmetros do maciço onde o poço está inserido. Esta tensão foi aplicada
como impulso de maciço (atuante no revestimento do poço) na análise tridimensional realizada
com o programa STRAP.
Os parâmetros geomecânicos considerados na análise com o programa FLAC e que são:
Na figura 7.69 são apresentados dois exemplos dos principais parâmetros considerados na
análise:
128
9 10
a) b)
Figura 7.69 – Dois dos parâmetros considerados na análise: a) Coesão; b) Peso Especifico. (adaptado CJC,
2009).
7.2.2.3 Resultados
Os resultados obtidos com a modelagem bidimensional pelo programa FLAC, são em função do
avanço da escavação do maciço, sendo eles:
Desenvolvimento das tensões verticais no maciço;
Desenvolvimento das tensões horizontais no maciço;
Desenvolvimento das deformações plásticas no maciço.
São apresentados alguns exemplos gráficos (figura 7.70 a 7.72) que se obtiveram na análise
axissimétrica para diferentes avanços (5 m e 40 m)e respectivas tensões e deformações:
11 12
Figura 7.70 - Desenvolvimento das tensões verticais. Avanço de 5m e de 40m (adaptado CJC, 2009).
129
13 14
Figura 7.71 - Desenvolvimento das tensões horizontais. Avanço de 5m e de 40m (adaptado CJC, 2009).
15
Figura 7.72 - Desenvolvimento das plastificações no maciço. Avanço de 5m e de 40m (adaptado CJC, 2009).
Foi utilizado o mesmo programa que nos poços da estação mencionado no ponto 7.2.1.4. Neste
caso, simulou-se o revestimento do poço com elementos laminar e o maciço com molas de
Winkler.
130
Vista superior
Figura 7.73 - Ilustração das diferentes espessuras do revestimento primário do PV (adaptado CJC, 2009).
131
7.2.2.5 Resultados obtidos no revestimento Primário
O maciço foi considerado drenado durante a execução do poço, não existindo, portanto, o
desenvolvimento da pressão hidrostática;
Foram impostos cargas majorados de 1,35 nos elementos que compõem a malha de
elementos finitos no programa STRAP, de forma a simular a atuação do solo sobre o
revestimento primário.
O maciço foi representado através da utilização de molas Winkler. Evison (1988),realizou
ampla pesquisa em modelos de apoio elástico e concluiu, para casos similares ao do poço
em questão, o valor da rigidez radial dos apoios deve ser:
A seguir é ilustrada através das figuras 7.75 e 7.76, a malha em 3D, referente às forças atuantes.
132
16 17
Figura 7.75 - Força na direção horizontal e vertical (kN) (CJC, 2009).
133
7.3 Estimativas dos assentamentos na superfície
A avaliação da bacia de recalques nas proximidades do poço está baseada no método proposto
por Bowles. O método avalia o volume de terra deslocado (VPAREDE) junto da parede através da
integração numérica da deformação da parede do poço. Este volume de deslocamento horizontal
é considerado igual ao volume de assentamento/recalque na superfície (VRECALQUE). Admite-se que
a área de influência dos recalques induzidos pela escavação do poço é igual a profundidade do
poço (H), Conforme figura 7.77:
O Volume VPAREDE médio do poço que constitui a parede é de aproximadamente 0,14m2 (em 1
metro). Por tanto, tem-se que:
134
VRECALQUE = VPAREDE = 0,14m2 (em 1 metro).
Onde,
= Constante;
= Distância da parede do poço;
= Profundidade de escavação ≈ 46m.
Dessa forma, a bacia de recalques nas proximidades da parede do poço é dada pela seguinte
função:
Onde,
=recalque (m);
= Distância da parede do poço (m).
Com estes valores de assentamentos não se espera qualquer tipo de dano aos edifícios situados
na zona onde o poço está inserido (CJC, 2009).
Antes de se ter dado início à escavação e execução do revestimento primário foi necessário
proceder à instalação de um conjunto de instrumentos de modo a monitorizar os edifícios
envolventes, o terreno em torno da escavação, assim como a própria contenção provisória. A
instrumentação instalada consistiu em colocação de alvos topográficos nos edifícios e no
revestimento primário; implementação de marcas de superfície em torno do perímetro da
135
estação tal como nas vigas de bordadura e de travamento; instalou-se também um conjunto de
inclinómetros a fim de se monitorizar em profundidade as deformações no terreno envolvente;
instalação de piezómetros de forma a verificar o nível freático à medida que a escavação ia
avançando. Nas quatro vigas de travamento assim como nas estacas que compõem o pórtico
situado entre o poço quatro e cinco foram instalados aquando da sua execução um conjunto de
strain-gauges de modo a permitir monitorizar a evolução das tensões instaladas nestes elementos
estruturais. A leitura destes instrumentos era feita de forma periódica conforme definido pelo
ATO e consoante os resultados destas a periodicidade com que eram lidos era encurtada ou
alargada.
Apresenta-se em seguida um quadro resumo para cada um dos diferentes dispositivos utilizados
para monitorizar o maciço e as edificações da envolvente na execução dos poços da estação e do
poço de ventilação.
Convêm frisar que nem toda a instrumentação proposta pelo projetista foi aplicada, da mesma
forma que foi utilizada instrumentação não prevista em projeto. Somente será abordada a
instrumentação aplicada em obra e intimamente relacionada com os poços em estudo e que
consta das telas finais.
Alvos
136
Alvos
A figura 7.78 apresenta equipamentos e material variado na leitura de alvos e a figura 7.79 um
exemplo de alvos instalados em edifício.
Figura 7.79 - Exemplo de esquema de implantação de alvos em edifícios (EMEF) da estação (EPOS, 2009).
137
No seguinte quadro 7.21, são apresentados as réguas de nivelamento instaladas nos edifícios
próximos dos poços da estação e poço de ventilação.
Réguas de Nivelamento
Objetivo São utilizadas para medir apenas a deformação vertical em edifícios.
Aplicação
Estas réguas foram aplicadas nos edifícios na área de influência das escavações.
Leitura
Leitura de assentamentos/empolamentos da estrutura onde está aplicado.
Símbolo
Letra “R”
Quantidade Estação:
2 Réguas – Edifício EMEF;
5 réguas no aqueduto das águas livres.
Poço de Ventilação:
3 Réguas no edifício da Rua José Mergulhão nº 3 e 5;
4 Réguas no edifício da Rua José Mergulhão nº 12;
Observações É um instrumento não um aparelho de leitura, e para a sua leitura são utilizados níveis óticos.
No seguinte quadro 7.22, são apresentados as marcas de superfície instaladas nos poços da
estação e poço de ventilação.
138
Quadro 7.22 - Dados relativos às marcas de superfície instalados.
Marca de Superfície
Objetivo Estes aparelhos permitem a medição dos deslocamentos verticais de terrenos ou estruturas. As
marcas de superfície, também designadas por marcas de nivelamento. Como marcas de
nivelamento considera-se as marcas topográficas e os pinos por fixação em estruturas. As
primeiras são geralmente instaladas diretamente no terreno enquanto os pinos são
normalmente instalados em superfícies de betão.
Aplicação De modo a monitorizar o terreno em torno da escavação foi instalado um conjunto de marcas
de superfície, para além disso instalou-se também um conjunto de pinos em todo o perímetro
da viga de bordadura e ao eixo de cada uma das vigas de travamento.
Observações Para iniciar o percurso de nivelamento, é feita a partir da marca de referência, designada por
“Bench Mark”.
(1) Não prevista em projeto. Estas Marcas Mv, pelo seu custo e por serem colocados num
elemento estrutural, optou-se por substituir de uma forma expedita e prática por porcas de
“mama” de cabeça redonda que serviam de pontos de leitura topográfica de nivelamento. De
salientar que permitia obter a mesma leitura informação que as marcas de superfície.
139
No seguinte quadro 7.23, são apresentados os piezómetros instaladas nos poços da estação.
Piezómetro
Objetivo Os piezómetros são instrumentos que permitem monitorizar o nível de água, como tal foram
aplicados para avaliar o nível de água no tardoz do revestimento primário, de modo a verificar
a eficácia dos geodrenos realizados, dado que o sustimento primário não está dimensionado
para pressões hidrostáticas elevadas.
Quantidade Estação:
Foram instalados quatro em torno dos poços (1 a 5):
Mna 1 – Entre o poço 1 e 2 – lado nascente;
Mna 2 – No poço 3 – lado poente.
Mna 3 – Entre o poço 3 e 4 – lado nascente;
Mna 4 – Entre o poço 4 e 5 – lado nascente.
Poço de Ventilação:
Prevista em projeto, mas não foram aplicadas em obra.
No seguinte quadro 7.24, são apresentados os inclinómetros instaladas nos poços da estação.
140
Quadro 7.24 -Dados relativos aos inclinómetros instalados.
Inclinómetro
Objetivo Este aparelho permite obter medições das inclinações em relação à vertical do terreno, de
modo a observar o comportamento durante a execução do processo construtivo.
Leitura Medidas dos assentamentos / empolamentos do maciço, isto é deslocamentos verticais dentro
do maciço.
Quantidade Estação:
Foram aplicados três inclinómetros junto ao pilar –estaca:
InP1 (entre o poço 1 e 2) – lado poente;
InP2 (entre o poço 2 e 3) – Lado nascente;
InP3 (entre o poço 4 e 5) – Lado poente.
Poço de Ventilação:
Prevista em projeto, mas não foram aplicadas em obra.
Observações
Foram instalados até 8,0 metros abaixo do nível de escavações dos poços.
141
No seguinte quadro 7.25, são apresentados os strain gauges instaladas nos poços da estação.
Strain-gauges
Objetivo Este instrumento permite a medição da tensão dos elementos estruturais de aço e/ou betão
armado, como estacas, pontes, entre outros.
Aplicação Neste caso foi aplicado no aço dos elementos estruturais das vigas de travamento e estacas-
pilar. Neste último, foi instalado de modo a perceber a reação de cada um dos pórticos à
medida que a escavação progredia.
Quantidade Estação:
Conjunto de quatro strain-gauges em cada um dos cantos da secção a meio vão nas quatro
vigas de travamento (VG1 a VG4) – conjunto de quatro strain gauges, nas duas estacas-pilar (P7
e P8) que compõem o pórtico que divide o poço quatro e cinco
Poço de Ventilação:
Não aplicável
142
Figura 7.86 – Esquema de implantação dos strain gauges no pilar 7 e 8 da estação (TF, 2011).
No quadro 7.26, são apresentados as convergências instaladas nos poços da estação e poço de
ventilação.
Convergências/Nivelamento
Objetivo Controlar o estado de deformação, ou seja, medir a variação da distância entre dois pontos.
Estas medições efetuaram-se através da leitura direta da corda.
Aplicação Utilizado para verificar o comportamento na parede de revestimento primário dos poços.
Quantidade Estação:
7 Conjuntos colocados nos poços 1 a 4, à cota (90.65; 85.00; 79.00);
2 Conjuntos colocados no poço 5, à cota (95.80; 90.65; 85.00; 79.00);
1 Conjunto colocado entre o poço 1 e 5 (longitudinal
Poço de Ventilação:
4 Conjuntos colocados no poço à cota (121.70; 107.37; 93.04; 78.69).
Observações Neste caso entende-se por conjunto, constituído por 1 ou mais cordas que permitem efetuar a
leitura. Por exemplo na figura 7.32 na planta do poço 1, estão representados 2 conjuntos (1
conjunto constituído pelas cordas a cor azul, vermelho e verde, e outro conjunto constituído
pela corda amarela).
143
Na figura 7.87 apresenta o esquema de implantação das convergências do poço 1 nas diferentes
cotas da escavação.
Poço 1 - Estação
Figura 7.87 - Esquema de implantação das secções de convergência no poço 1, 2, 3 e 4 (adaptado EPOS,
2010).
Na figura 7.88 apresenta o esquema de implantação das convergências no poço de ventilação nas
diferentes cotas da escavação.
Figura 7.88 - Esquema de implantação das secções de convergência no poço de ventilação (adaptado EPOS,
2010).
144
No quadro 7.27, apresentamos um resumo da quantidade de instrumentação instalada dos poços
em estudo.
145
A instrumentação adotada para a corpo da estação, compreendeu os seguintes instrumentos:
Marcos superficiais;
Inclinómetros;
Pinos de convergência e nivelamento da estrutura dos poços;
Strain gauges;
Piezómetros;
Para a instrumentação dos edifícios e estruturas que possam sofrer influência das escavações,
foram previstos alvos fixos para observação topográfica tridimensional.
Para os edifícios que possibilitaram somente a instalação de alvos fixos nos alçados, sem
possibilidade de instrumentar os fundos, foi prevista a instalação de clinômetros, o que não veio a
acorrer. Para os edifícios em fase de obra, foram instalados réguas.
Eventualmente poderiam ter ser utilizados fissurómetros a instalar em edifícios, o que não se
verificou pertinente na obra em estudo.
146
Figura 7.89 - Instrumentação da Estação da Reboleira – Planta (CJC 2009).
Nota: na presente planta não está incluído as marcas de superfície da viga de bordadura
(Mv), visto não estar previsto em projeto e pelas razões apresentadas no quadro Marcas de
Superfície.
147
Figura 7.90 - Instrumentação da Estação da Reboleira – perfil (CJC, 2009).
Neste ponto são apresentadas as instrumentações que foram adotadas no poço de ventilação.
O projeto previu a instrumentação do maciço e das estruturas buscando observar a adequação da
metodologia construtiva, dos sistemas de suporte e o fator de segurança adjacente às escavações.
Os instrumentos geotécnicos adotados no poço de ventilação, foram os de uso corrente no
acompanhamento da instrumentação de suporte e escavação do poço. Tais instrumentos
possibilitam uma rápida avaliação de desempenho da escavação.
148
Piezómetros (não aplicado em obra);
Marcos superficiais.
Para a instrumentação dos edifícios e estruturas que pudessem sofrer influência das escavações,
foram previstos réguas e alvos fixos para observação topográfica (x, y, z).
18
19
20
21
22
Figura 7.91 - Instrumentação do Poço de Ventilação – Planta e perfil.
149
Nota-se que os valores de deformações obtidos nas análises numéricas podem e possivelmente
não conseguem reproduzir exatamente os assentamentos verificados “in situ” em algumas das
seções instrumentadas. Estas diferenças devem-se não somente às simplificações que são
necessárias para reproduzir as inumeráveis variáveis que estão envolvidas no problema, mas
também as hipóteses simplificadoras que consideram as características iniciais do maciço
(parâmetros como módulo de deformabilidade (E), ângulo de atrito Φ, coesão c´, densidade γ,
etc.) dentro de um modelo matemático do maciço com um comportamento ideal, ou seja, que
estarão, dentro do possível, consideradas.
Portanto, os cálculos efetuados não levam em conta as eventuais degradações do maciço por
causas naturais ou por defeitos na aplicação da metodologia de execução na obra.
Os aspetos anteriores não diminuem a confiabilidade das considerações anteriormente descritas,
portanto as estimativas atribuídas aos resultados da análise numérica constituem-se em valores
numéricos de referência, para condições ideais de escavação e suporte, os quais permitem uma
interpretação aproximada do comportamento apresentado no maciço da obra.
Nível de Referência I
O Nível de Referência I é o nível referente aos valores estimados pelos cálculos. São esses os
níveis de deformação esperados para a obra. Se esses níveis forem atingidos, imediatamente a
frequência de leitura deve ser dobrada. Ao projetista deve ser comunicado pelos responsáveis
pela obra e pela empresa responsável pela instrumentação. Não houve necessidade de adoção de
medidas adicionais de segurança.
150
Nível de Referência II
O Nível de Referência II é o nível referente a um acréscimo de 20% sobre os valores estimados
pelos cálculos. Se esses níveis forem atingidos, o projetista deve manifestar um parecer oficial
sobre o fato. O parecer é enviado para todas as partes envolvidas na obra (projetista, ATO’s,
produção, fiscalização/dono de obra, etc).
Estação da Reboleira
Apresentam-se no quadro 7.28, os níveis de referência estimados de assentamentos para os
marcos superficiais da Estação Reboleira:
Quadro 7.28 - Valores de referência de assentamentos nos marcos de superfície dos poços 1 a 5 (adaptado
CJC, 2009).
M1 12 14
M2 20 24
M3 20 24
M4 12 14
M5 15 18
Assentamentos nos marcos de superfície
M6 22 26
M7 22 26
M8 15 18
M9 15 18
M10 22 26
M11 22 26
M12 15 18
M13 15 18
M14 22 26
M15 22 26
M16 15 18
M17 12 14
M18 20 24
M19 20 24
M20 12 14
151
Apresentam-se a seguir no quadro 7.29, os níveis de referência estimados de convergências para
as cordas dos pinos dos poços que compõem a Estação da Reboleira:
Quadro 7.29 - Valores de referência das convergências dos poços 1 a 5 (CJC, 2009).
∆C 1-11 5 5 6 7 6 7 8 9
Convergências – Poços 1 a 5
∆C 2-12 9 18 12 13 11 22 14 16
∆C 3-13 5 10 6 7 6 12 8 9
∆C 4-14 10 20 13 14 12 24 16 17
∆C 5-15 6 12 8 9 7 14 9 10
∆C 6-16 10 20 13 14 12 24 16 17
∆C 7-17 6 12 8 9 7 14 9 10
∆C 8-18 10 20 13 14 12 24 16 17
∆C 9-19 5 10 6 7 6 12 8 9
∆C 10-20 9 18 12 13 11 22 14 16
Poço de ventilação
Assim os valores de referência para os assentamentos no poço de ventilação de acordo com o
quadro 7.30 são:
M1 9 11
Recalques nos marcos de
M2 9 11
M3 9 11
superfície
M4 9 11
M5 7 9
M6 7 9
M7 7 9
152
M8 7 9
Cota/Nível N1 – N3 N2 – N4 N1 – N3 N2 – N4
estruturas do poço
divergência nas
Convergência /
Nível 121,70m 18 26 22 31
Nível 107,37m 18 26 22 31
Nível 93,04m 18 26 22 31
Nível 78,69m 19 27 23 32
A frequência das leituras foram de acordo com o estabelecido em projeto, e ajustadas em fase de
obra, sempre que necessário e autorizado pelo projetista. O critério geral para as leituras da
instrumentação das edificações, maciço e poços durante a execução foram as seguintes:
Após execução do revestimento secundário, leituras 1 vez por semana até a estabilização do nível
de água de toda a instrumentação. Para a execução da impermeabilização houve necessidade de
remover toda a instrumentação instalada nas paredes dos poços.
Antes do início das leituras, foi efetuada a leitura de “zeragem” correspondente à referência
inicial, sendo necessário três leituras para se obter uma “zeragem” sendo através deste valor que
as alterações foram acompanhadas por comparação com a leitura inicial. Sempre que era
necessário colocar novos instrumentos por exemplo nos alvos topográficos, a “zeragem” era
efetuada nessa altura.
7.5.2 Estação
Na figura 7.92 apresenta-se a cartografia geológica final dos poços da estação, com a respetiva
caraterização geotécnica, decorrente do registo de acompanhamento diário das frentes de
trabalho pelo geólogo responsável. Os resultados da monitorização, como veremos mais adiante,
153
estarão intimamente correlacionados com o zonamento geológico-geotécnico aferido. A figura
7.92 é apresentada no ponto 10. Anexos - anexo III.
Para além da observação de diversos alvos e réguas instalados nos edifícios localizados na
proximidade da estação, foram ainda observados alguns taludes e estruturas provisórias, como
por exemplo estrutura treliçada de suporte à conduta de gás.
No período em que decorreram os trabalhos de escavação da empreitada, não foram registados
deslocamentos significativos no edifício da EMEF próximo dos poços.
154
Gráfico de evolução (X – Longitudinal)
Gráfico de evolução (Z – Cota)
Pela observação do gráfico 7.5, verifica-se que os resultados de deformação obtidos para este
edifício correspondem a oscilações de valores associados à precisão do equipamento de leitura,
nunca ultrapassando os 4mm na direção da escavação.
Gráfico 7.6 – Evolução das deformações do alvo TA-3 do talude 5 (EPOS, 2011).
Serve de exemplo o talude 5 adjacente ao poço 5 (gráfico 7.6), talude com maiores dimensões e
talvez o mais sensível, dados os trabalhos de escavação do poço e a passagem do túnel sul sobre
ele, que apresentou valores de deformação vertical na ordem de 10 mm e horizontal na ordem de
12 mm. Os valores de deformação vertical e horizontal apresentaram valores relativamente
reduzidos e dentro dos limites expectáveis em projeto.
155
Alvos em talude 4 – Alvo TA-3 (x e z)
156
Figura 7.93 – Esquema de implantação das marcas de superfície na estação (CJC, 2009).
157
Marcas de Superfície [mm]
(M1 a M4) 5
3 M1
1 M2
-1 M3
-3
M4
-5
-7
-9
-11
-13
-15
-17
-19
-21
11-Nov 1-Dez 21-Dez 10-Jan 30-Jan 19-Fev11-Mar31-Mar 20-Abr 10-Mai 30-Mai 19-Jun 9-Jul 29-Jul 18-Ago 7-Set 27-Set 17-Out
Gráfico 7.8 – Evolução das deformações nas marcas de superfície M1 a M4 – poço 1(EPOS, 2010).
A marca M4 danificou-se por circulação de veículos, não permitindo a respetiva leitura a partir de
um determinado período. A leitura era somente realizada pela marca M3, a mais próxima da
escavação.
-1
-2
-3
-4
-5
22-Mar 1-Abr 11-Abr 21-Abr 1-Mai 11-Mai 21-Mai 31-Mai 10-Jun 20-Jun 30-Jun 10-Jul 20-Jul 30-Jul 9-Ago 19-Ago29-Ago 8-Set 18-Set 28-Set
Gráfico 7.9 - Evolução das deformações das marcas de superfície da Grua 1 (EPOS, 2010).
Tendo em conta as características da grua 1 - Potain MD345B (lança de 50,0m; carga máxima de
16 ton., com alcance intermédio aos 20,6 m; carga na ponta de 5,6 ton., altura do gancho de 35,8
m), implantada junto ao poços 1 e 2, o projetista previu a execução de maciço de fundação
constituído por um maciço em betão armado de espessura de 1,50 m com ligação a micro-estacas
e até atingirem uma cota abaixo da cota de fundação da soleira dos poços.
Como é visível no gráfico 7.9, as deslocações foram no limite da ordem de 1mm, não trazendo
qualquer restrições à execução da escavação e à movimentação de cargas máximas admissíveis da
grua. O mesmo sucedeu com a grua 2, junto ao poço 5.
158
7.5.2.3 Inclinómetros
No gráfico 7.10, é apresentado o inclinómetro InP1, que foi o que apresentou maiores
deformações, justificando a sua apresentação. Como é percetível, existe uma “barriga”
pronunciada, com maior visibilidade na direção A (direção à escavação). Esta deformação
correlaciona-se com as características geológicas-geotécnicas do local. Presença de aterro/solo
residual e escória basáltica. Esta deformação foi registada pelas marcas de superfície
anteriormente referida.
159
7.5.2.4 Piezómetro
91,0
Viga de Nível …
89,0 Bordadura
87,0
85,0
83,0
81,0 PBV
79,0
Soleira
77,0
75,0
73,0
19-Mar
08-Abr
28-Abr
06-Ago
26-Ago
18-Mai
27-Fev
18-Jan
07-Fev
17-Jul
07-Jun
27-Jun
19-Nov
09-Dez
29-Dez
15-Set
Gráfico 7.11 - Evolução do medidor de nível de água Mna-1 entre o poço 1 e 2 (EPOS, 2011).
Com o decorrer do tempo o nível de água estabilizou aos 77,5 m junto à soleira (linha verde do
gráfico 7.11), mantendo-se constante até ao final da obra como se previa.
7.5.2.5 Convergências
Figura 7.94 – Esquema de implantação das cordas de convergências nos poços 1 a 5 - Planta.
160
Medição de convergências
(Poço 1)
Convergências
4,0
C 2-3 (Poço)
C 1-2 (Poço)
2,0
C 1-3 (Poço)
C 1-2 (Viga)
0,0
-2,0
(mm)
-4,0
-6,0
-8,0
11-Nov 1-Dez 21-Dez 10-Jan 30-Jan 19-Fev 11-Mar 31-Mar 20-Abr 10-Mai 30-Mai 19-Jun 9-Jul 29-Jul 18-Ago 7-Set 27-Set 17-Out
Gráfico 7.12 – Evolução da deformação das cordas à cota 90,65, no poço 1 (EPOS, 2011).
Pela comparação entre os gráficos 7.12 e 7.13, verifica-se no poço 5 uma maior deformação, em
termos teóricos perfeitamente previsível, pois este apresenta maior desenvolvimento vertical e
na proximidade existirem 2 taludes, já anteriormente referidos.
Em caso de necessidade, as medidas a tomar para controlar as deformações estão descritas no
ponto 7.5.4.
161
Medição de convergências
(Poço 5)
Convergências
4,0
C 1-2 (Poço)
2,0
C 1-3 (Poço)
C 2-3 (Poço)
0,0
C 1-2 (Viga)
-2,0
-4,0
(mm)
-6,0
-8,0
-10,0
-12,0
-14,0
28-Jan 7-Fev 17-Fev 27-Fev 9-Mar 19-Mar 29-Mar 8-Abr 18-Abr 28-Abr 8-Mai 18-Mai 28-Mai 7-Jun
Gráfico 7.13 – Evolução da deformação das cordas à cota 90,65, no poço 5 (EPOS, 2011).
7.5.2.6 Strain-gauges
162
Medição dos Strain gauges
Viga 4
150,00 SG2
Tracção
SG3
50,00
SG4
-50,00
-150,00
-250,00
Compressão
-350,00
-450,00
-550,00
-650,00
21-12-2009
10-01-2010
30-01-2010
19-02-2010
11-03-2010
31-03-2010
20-04-2010
10-05-2010
30-05-2010
19-06-2010
09-07-2010
29-07-2010
18-08-2010
07-09-2010
27-09-2010
17-10-2010
06-11-2010
Gráfico 7.14 - Evolução das tensões dos strain gauges instalados na viga 4. (EPOS, 2010).
O gráfico 7.14, apresenta os 4 instrumentos colocados na viga, designada por VG4, no qual
permitiu obter informações do comportamento estrutural da viga face aos impulsos do terreno
sobre as estacas e estas sobre a viga de travamento. Com este conhecimento, permitirá ao
projetista um maior conforto dimensional e experiência em futuras obras.
163
Medição dos Strain gauges
Estacas-pilar P7 e P8
Tensão [me]
Pilar 8- me-microstrain SG1 Tensão [me] Pilar 8- me-microstrain
200,00 SG2 200,00
SG3 SG1
SG4
150,00 150,00 SG2
Linha
Compressão SG3
100,00 Tracção Tracção 100,00 Tracção
SG1 SG4
50,00 SG2 50,00
0,00 0,00
-50,00 -50,00
-100,00 -100,00
-150,00 -150,00
Compressão Compressão
-200,00 -200,00
-250,00 -250,00
-300,00 -300,00
4-Fev
15-Jan
4-Fev
16-Mar
15-Jan
24-Fev
24-Jun
22-Out
16-Nov
26-Dez
16-Mar
24-Jun
22-Out
2-Out
26-Dez
25-Abr
4-Jun
16-Nov
6-Dez
24-Fev
23-Ago
12-Set
15-Mai
25-Abr
4-Jun
2-Out
6-Dez
23-Ago
12-Set
5-Abr
15-Mai
14-Jul
3-Ago
5-Abr
14-Jul
3-Ago
Gráfico 7.15 - Evolução das tensões dos strain gauges instalados na estaca-pilar 7 e 8. (EPOS, 2010).
A instalação deste tipo de instrumentação permitiu medir a tensão a que estes elementos estão
submetidos. O comportamento observado enquadrou-se no expectável para a estrutura. No caso
dos pilares 7 e 8 (ver gráfico 7.15) os fenómenos de compressão/tração entre sensores coincidiu
com a evolução da corda C1-2 (viga 4), conforme mostra o gráfico 7.13. Nem sempre os
resultados obtidos se correlacionaram com as deformações obtidas por topografia
(convergências).
Na figura 7.95, apresenta-se a cartografia geológica final do poço de ventilação, com a respetiva
caraterização geotécnica, decorrente do registo de acompanhamento diário das frentes de
trabalho pelo geólogo responsável. Os resultados da monitorização, como veremos mais adiante,
estarão intimamente correlacionados com o zonamento geológico-geotécnico aferido.
164
A figura 7.95 encontra-se detalhada e mais completa no ponto 10. Anexos, anexo III – cartografia
final do PV.
Foram considerados os edifícios que se encontravam dentro da bacia de subsidência, bem como
próximos da mesma, por questões de segurança e de eventuais reclamações, como mostra a
figura 7.96.
165
Como anteriormente já referido, nos edifícios foram instalados 2 alvos no mesmo alinhamento
vertical, espaçados de aproximadamente 5,0 metros, como mostra foto do gráfico 7.17.
Somente foi tida em consideração a instrumentação dos edifícios identificados na figura anterior,
situados na Rua José Mergulhão n.º 3, 5 e 12 por estarem na área de influência do poço. A
restante instrumentação e edifícios monitorizados fazem parte da estrutura do túnel de
ventilação.
Alvos
Relativamente aos alvos procedeu-se de acordo com o que está citado nos parágrafos anteriores.
Os gráficos 7.16 a 7.18, apresentam leitura de alguns dos alvos acompanhados pela topografia em
vários edifícios, não se tendo registado qualquer variação significativa, não ultrapassando 1mm,
estando relacionado com a margem de erro do equipamento topográfico.
166
Medição dos alvos em edifícios
Rua José Mergulhão nº 12
Gráfico 7.16 -Evolução dos alvos em edifício A-12.5 e A-12.6 (EPOS, 2011).
Gráfico 7.17 - Evolução dos alvos em edifício A-5.1 e A-5.2 (EPOS, 2011).
167
Medição dos alvos em edifícios
Rua José Mergulhão nº 3
Gráfico 7.18 – Evolução dos alvos em edifício A-3.3 e A-3.4 (EPOS, 2010/11).
Réguas
As réguas foram colocadas nos mesmos edifícios dos alvos para monitorizar as deformações
suscetiveis de aparecer com a execução do poço, conforme se mostra no gráfico 7.19 e 7.20.
5
4
3
2
1
0
-1
-2
-3
-4
-5
08-Jul
28-Jul
18-Jun
04-Jan
24-Jan
16-Out
17-Ago
06-Set
26-Set
13-Fev
19-Abr
09-Mai
29-Mai
05-Nov
25-Nov
15-Dez
Gráfico 7.19 - Evolução das deslocações das réguas nos edifícios R 5.1 (EPOS 2010/11).
168
Medição das réguas em edifícios
Rua José Mergulhão nº 12 R 12.2
5
4
3
2
1
0
-1
-2
-3
-4
-5
06-Set
26-Set
19-Abr
16-Out
18-Jun
17-Ago
04-Jan
24-Jan
08-Jul
28-Jul
09-Mai
29-Mai
05-Nov
25-Nov
15-Dez
Gráfico 7.20 - Evolução das deslocações das réguas no edifício R 12.2 (EPOS, 2010/11).
Todas as restantes réguas dos edifícios identificadas na planta, os seus valores mantiveram-se
equivalentes ao apresentado no gráfico (R 12.2), onde se pode constatar a ausência de
deformação vertical (assentamento).
As avaliações de cada edifício referido no ponto 4.4 do Capítulo 4, necessária para este tipo de
construção, permitiram reforçar a validação de não existência de novas patologias nos edifícios,
quando comparadas a vistoria inicial e final da obra. Na eventualidade de existirem novas
patologias, os valores nos gráficos anteriores dos alvos e réguas permitiam assegurar a não
existência de movimentos induzidos nos edifícios provocados pela escavação, portanto,
impossível de imputar qualquer patologia de responsabilidade da obra.
Junto ao poço de ventilação foram instaladas oito marcas de superfície, como mostra o gráfico
7.21. Os valores de assentamento foram bastante reduzidos, verificando-se no máximo valores na
ordem de 5 mm nas marcas mais próximas do poço; valor abaixo do estimado em projeto que
seria de 9 mm mencionado no ponto 7.3.2 - Assentamento na superfície devido à escavação do
poço.
169
Medição das marcas de superfície
M1 a M4
[mm] M1
5
M2
4 M3
3 M4
-1
-2
-3
-4
-5
4-Out
17-Mai
27-Mai
16-Jul
26-Jul
16-Jun
26-Jun
15-Ago
25-Ago
6-Jul
6-Jun
5-Ago
14-Set
24-Set
7-Mai
13-Nov
14-Out
24-Out
17-Abr
27-Abr
4-Set
3-Nov
Gráfico 7.21 – Evolução das deformações das marcas de superfície na periferia do PV (EPOS, 2011).
De referir que as marcas M5 a M8, os mais afastados do poço registaram valores de deformação
abaixo dos 3mm, inferior às marcas de superfície apresentados no gráfico 7.21.
7.5.3.3 Convergências
No poço foram colocados diversos níveis de alvos topográficos, em cotas pré-definidas em projeto
(ver gráfico 7.22), durante a escavação do mesmo, para medição das convergências. Foram
analisadas duas cordas, a N1-3 e N2-4.
170
Medição das convergências
N1-3 e N2-4
4,0 (mm)
Convergências
3,0 C 1-3
2,0
C 2-4
1,0
0,0
-1,0
-2,0
-3,0
-4,0
-5,0
-6,0
-7,0
30-Jul 19-Ago 8-Set 28-Set 18-Out 7-Nov 27-Nov 17-Dez 6-Jan 26-Jan 15-Fev
Gráfico 7.22 – Evolução da deformação das cordas N1-N3 e N2-N4 à cota 93,04 (EPOS, 2011).
Com exceção da secção à cota 107,37 (2º nível), os resultados das observações evidenciaram
deformações relativamente pequenas, na ordem de 3 a 6mm na corda N1-3. À cota 107,37 a
deformação excedeu numa ordem de grandeza os valores da generalidade do poço, facto que
motivou um reforço de monitorização com a materialização de novas cordas intermédias à
mesma cota.
Repetição da leitura;
Verificação de existência de erro de leitura do aparelho;
171
Reforço de pontos de leitura, com instalação de nova instrumentação;
Alerta pelo responsável quando os valores ultrapassaram os valores de referência de
projeto, isto é, os níveis de alerta;
Verificação de outros instrumentos geotécnicos de comparação, para confirmar possíveis
deformações/deslocamentos;
Reforço da frequência das leituras para maior informação e tomada de decisão por parte
do projetista;
Reforço de pregagens, evitando o aumento de espessura do revestimento primário, pois
iria invadir o revestimento secundário;
Diminuição da velocidade de avanço da escavação;
Reforço da malha eletrosoldada;
Paragem dos trabalhos de escavação.
As situações reais de obras que poderiam causar maior atenção e medidas de acompanhamento
ou reforço estrutural foram 3 situações (marca de superfície M2 e 3, inclinómetro In1,
convergências N1-3 no poço ventilação) e devidamente abordadas nos pontos anteriores.
No que toca ao tipo de execução dos poços da estação (conhecido como poços NATM), este tipo
de estrutura foi utilizada pela 1ª vez em Portugal, na estação de Salgueiros para o Metro do Porto
em 2004, trazido pelo mesmo projetista brasileiro (CJC). Estes poços elípticos ou circulares já
utilizados com mais frequência, nomeadamente no metro de São Paulo. Existem algumas
diferenças que são facilmente observáveis pelo quadro abaixo mencionado. Essencialmente as
diferenças residiram em dois aspetos distintos: Um, pelo número de poço executados. Um outro,
pelas características geológicas-geotécnicas do solo.
172
Quadro 7.31 – Principais diferenças e semelhantes de poços idênticos pelo método NATM.
N.º de poços 2 5
N.º estacas-pilar 2 8
- Profundidade das estacas- 6 m abaixo da cota final de escavação 5 m abaixo da cota final de escavação
pilar (m) dos poços dos poços
De seguida, apresenta-se o quadro 7.32 com as diferenças mais relevantes dos parâmetros
geotécnicos e na figura 7.97 a foto aérea da estação da Reboleira e da estação de Salgueiros:
173
Quadro 7.32 – diferenças dos parâmetros geotécnicos considerados para ambas os poços.
G4 G5 G6 G7
ESTAÇÃO DE SALGUEIROS
Granito Granito alterado Solo residual Aterro
174
Este tipo de execução de poços elípticos pelo método NATM tende a serem usados com mais
frequência, pois as vantagens são superiores às desvantagens e desde que o espaço de
construção não esteja limitado. A seguir apresentam-se as respetivas vantagens e desvantagens
deste método construção (Campanhã, C):
Vantagens Desvantagens
Grande versatilidade; Interferência com a superfície;
Rapidez executiva; Maiores áreas escavadas;
Equipamentos convencionais; Rigor executivo (forma).
Custos competitivos;
Grandes áreas livres para
movimentação de equipamentos
e materiais.
175
176
8. Conclusões
177
178
8. Conclusões
Assim sendo, mais uma vez, salientamos a importância da análise da instrumentação através de
um Acompanhamento Técnico de Obra sistemático com as atividades de escavação, que foram
necessários para a tomada de providências, quando necessárias, procurando garantir a segurança
da obra e sua envolvente.
É neste contexto que a abordagem relativa à segurança neste presente trabalho foi uma
constante pela sua importância, sempre com referência à atual conjuntura de Portugal, com
consequências no atraso na implementação de uma cultura da segurança, com o natural entrave
ao desenvolvimento e sustentabilidade do trabalho, com aumento da precariedade no trabalho,
com a redução de custos com o pessoal, com a procura de mão-de-obra barata e pouco
especializada, com uso de equipamentos e materiais inadequados ou de qualidade duvidosa,
entre outros, com nítida influência na produtividade e qualidade do trabalho executado. A
redução da investigação e instrumentação geotécnica são também, a par de alguns fatores
apresentados, independentemente da sua origem serem causadores de acidentes de obra, que
179
mediante a amplitude, podem repercutir a terceiros e colocar em causa todo um projeto. Pois os
acidentes só acontecem quando estão reunidos uma série de acontecimentos/falhas. Ora a
instrumentação, um dos objetivos visa antecipar acontecimentos que possam colocar em perigo
pessoas e estruturas através do acompanhamento sistemático da obra, por isso a sua grande
importância na avaliação de comportamento de maciços e estruturas envolventes.
A instrumentação geotécnica tem vindo a assumir um papel cada vez mais relevante na execução
de obras de engenharia, o mercado percebeu e adaptou-se, novas empresas apareceram que
permitiram disponibilizar ao mercado um diversificado número de equipamentos e aparelhos de
medição, para as mais diversas aplicações, tornando-os mais eficientes, precisos e autónomos. O
próximo passo, no meu entender, é garantir que a informação chegue de forma célere, se possível
online, com desenvolvimento de software, não somente aplicada a cada instrumento, como já
hoje em dia existe para alguns, mas de forma a compilar numa só aplicação, todas a informação
provenientes das mais variadas fontes, quer por parte da instrumentação, quer das informações
dos topógrafos, entre outros. Com isto, vai permitir otimizar e reduzir o tempo de análise e
interpretação das leituras realizadas pelo pessoal qualificado.
A diminuição do tratamento da informação, ainda com uma grande percentagem por meios
manuais, vai permitir evitar perdas de tempo e erros humanos no lançamento das leituras e seu
tratamento, e garantir um elevado padrão de qualidade e quantidade de informação na
elaboração de relatórios diários, semanais e mensais.
180
9. Referências bibliográficas
181
182
Referências bibliográficas:
Ankine, WJ.M. (1856). On the mathematica l theory of the stability of earth-work and masonry, in
a Letter to Prof. Stokes ... Received February 19, 1856. Proceedings of the Royal Society of
London. vol.8 118571. 60-61 pp. Also published in The London, Edinburgh and Dublin
philosophical magazine, vol.2, 1856. 468-469.1 pp.
Barton, N.; Lien, R.; Lunde, J. (1974). Engineering classification of rock masses for the design of
tunnel support. Rock Mechanics, Springer-Verlag, Vol. 6.
Bieniawski , Z. T. (1984). Rock Mechanics Design in Mining and Tunneling. Balkema. 272 pp.
Bieniawski, Z. T. (1989). Engineering rock mass classifications. John Wiley & Sons. 251pp.
Brady & Brown (1985). Rock mechanics for underground mining. George Allen & Unwin. 527 pp.
Cardoso, R.; maranhas das Neves, E. & al. (2006). Utilização de inclinómetros do tipo increx para
medição de deslocamentos durante a construção de aterros. Instituto Superior Técnico.
Universidade Técnica de Lisboa.
Choffat, P. (1923/24) - Esquise de la carte des régions eruptives au Nord du Tage. Mém. Soc. Phy.
H. N. Genève. 39(8). 461-467 pp.
183
Correia, R. (2008). Eurocódigo 7 – EN 1997 – Projeto geotécnico – apresentação geral. Encontro
nacional de engenharia de estruturas.
Douglas, K. (2002). The shear strength of rock masses. PhD Thesis. UNSW.
Dunnclif, J.; Green, G. (1988). Geotechnical instrumentation for monitoring field performance.
John Wiley & Sons, New York. 577 pp.
Evison, S.E. A ring and spring model tunnel liner design. Edmonton, Alberta: University of Alberta,
1988.
Facts n.º 74PT e 81PT (2007-2008). Agência europeia para a segurança e a saúde no trabalho.
Frigerio, G. (1996). Retroanálise de uma escavação de vala escorada a céu aberto de uma linha do
metro de São Paulo. Dissertação de tese de mestrado. Escola de Engenharia de São Carlos da
Universidade de São Paulo. 268 pp.
Heath, G. R.; West, K. J. F. (1996). Ground movement at depth in London clay. Proc. Inst. Civil
Engineers Geotechnical Engineering. No. 119.
Hoek & Bray (1977). Rock Slope Engineering. IMM. 402 pp.
Hoek & Brown (1985). Excavaciones subterrâneas em rocas. McGraw-Hill. 634 pp.
Hoek, Kaiser & Bawden (1995). Support of underground excavations in hard rock. Balkema. 235
pp.
Hoek, E.; Carranza, Torres, and corkum, B.(2002). Hoek and brown failure criterion. Proceedings of
the North American rock mechanics society meeting, Toronto, Canada.
184
Hoek, E. (2007). Practical rock engineering. Rocscience: Hoeck´s Corner. 342pp.
Jaky, J. (1944). The coefficient of earth pressure at rest. In Hungarian (A nyugalmi nyomas
tenyezoje). J. Soc. Hung. Eng. Arch. (Magyar Mernok es pitesz-Egylet Kozlonye).
Júnior, O. (2006). Análise de dados de instrumentação de túneis do metro de São Paulo – Uma
abordagem por redes neurais. Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo.
160 pp.
Leal, A.; Tauta, J.; Blanco, E. (2009). Determinación de parâmetros para los modelos
elastoplásticos Mohr-Coulumb e hardening soil en suelos arcillosos. Revista ingenieras
Universidad de Medellin. 17 pp.
Martins, J.; Meireles, A. (2006). Fundações e contenção lateral de solos – execução de cortnas
estacas. 1ª edição.
Muralha, J. (2001). Caracterização geotécnica de maciços rochosos. Curso sobre Túneis em Meios
Urbanos, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.
Pereira, T. (2011). Relatório final da Estação da Reboleira do Metropolitano de Lisboa. Lisboa. Não
publicado.
185
Peng (1986). Coal Mine Ground Control. John Wiley & Sons. 491 pp.
Ricardo, H.; Catalani, Guilherme (1981). Manual Prático de Escavação: Terraplanagem e Escavação
de Rocha. Editora McGraw Hill.
Stagg & Zienkiewicz (1978). Rock Mechanics in Engineering Practice. John Wiley & Sons. 442pp.
United States Army Corps of Engineers (1978). Engineering and design: Instrumentation for
concrete structures. Washington , D.C. 306 pp.
United States Army Corps of Engineers (1994). Engineering and design: rock foundations.
Washington , D.C. 236 pp.
186
Sites de Internet consultados:
187
188
10. ANEXOS
(ver CD-ROM)
189
190
Anexo I - Relatório tipo diário e mensal
Anexo II - Peças desenhadas – TF – instrumentação
Anexo III - Cartografia inicial e final
(ver CD-ROM)
191