Artigo - Assistência-De-Enfermagem-À-Mulher-Mastectomizada

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Assistência de Enfermagem à mulher mastectomizada segundo a Teoria da

Adaptação de Callista Roy

Deisiany Suhelem Romano AlvesTorres Ribeiro 1


Eremita Ferreira Mariz Fava2
Marcela Patrícia Ribeiro Amorim3
Wilson José Monteiro Filho4
Érica Barbosa Magueta5

RESUMO

O câncer de mama representa um grave problema de saúde pública em todo o


mundo, pela sua alta incidência, morbimortalidade e elevado custo no tratamento.
Sabe-se que as mulheres, após receberem o diagnóstico de câncer de mama, se
deparam com diferentes conflitos pessoais e, ainda, com a possibilidade da
realização da cirurgia de mastectomia. A retirada da mama pode ocasionar vários
danos à mulher, podendo deixá-la envergonhada, acarretando fortes repercussões
emocionais. O objetivo desta pesquisa foi analisar a assistência de enfermagem
frente à mulher mastectomizada de acordo com a Teoria da Adaptação de Callista
Roy. Trata-se de uma revisão bibliográfica, com base em artigos indexados e livros
relacionados ao objeto de pesquisa. O processo de enfermagem de Roy possibilitou
visualizar a importância da utilização de um modelo teórico na implementação da
sistematização da assistência de enfermagem, considerando que a mastectomia
gera estímulos físicos e psicológicos, exigindo da mulher uma resposta, que poderá
ser adaptativa, aceitando seu processo saúde/doença, ou ineficaz, dificultando
assim sua reabilitação.

Palavras Chaves: Mastectomia. Assistência de enfermagem. Teoria de Callista Roy.

1
Acadêmica de Enfermagem, Universidade Vale do Rio Doce – Univale
2
Técnica em Enfermagem, Instituto Cultura e Educação – Governador Valadares/MG. Acadêmica de
Enfermagem da Universidade Vale do Rio Doce – Univale
3
Acadêmica de Enfermagem, Universidade Vale do Rio Doce – Univale
4
Acadêmico de Enfermagem, Universidade Vale do Rio Doce – Univale
5
Mestre em Ciências Biológicas com ênfase em doenças infecto parasitárias. Professora do curso de
Enfermagem da Universidade Vale do Rio Doce - Univale
2

1 INTRODUÇÃO clinicamente como metástase (LEME;


SOUZA, 2006).
O câncer nos dias atuais O prognóstico do câncer de
segundo o INCA (Instituto Nacional de mama é relativamente bom, se
Câncer) é uma patologia altamente diagnosticado nos estágios iniciais.
significativa, pois além da magnitude Estima-se que a sobrevida média geral
evidenciada pelos números elevados cumulativa, após cinco anos, seja de
de sua incidência, prevalência e 65% nos países desenvolvidos e de
mortalidade, causa sofrimento ao 56% nos países em desenvolvimento.
paciente e seus familiares, Na população mundial, a sobrevida
especialmente o câncer de mama, média, após cinco anos, é de 61%. No
neoplasia maligna de maior ocorrência Brasil, as taxas de mortalidade por
entre as mulheres em muitos países, câncer de mama continuam elevadas,
correspondendo a 22% dos novos muito provavelmente porque a doença
casos a cada ano, ocorrendo ainda é diagnosticada em estágios
freqüentemente a partir dos 35 anos. avançados (BRASIL, 2002).
Somente no ano de 2010, foi A ausência do diagnóstico
registrada uma incidência de 49.240 precoce pode fazer com que o câncer
casos de óbitos relacionados ao mamário evolua, sendo necessária,
câncer de mama entre as mulheres, em alguns casos, a realização de um
principalmente nas regiões Sul e procedimento cirúrgico para o
Sudeste do país, precedida apenas tratamento desta patologia. Estas
por mortes provocadas por doenças cirurgias podem ser conservadoras, a
cardiovasculares (BRASIL, 2010). chamada quadrantectomia, na qual é
O câncer de mama é retirada apenas uma parte da mama e
caracterizado por um desenvolvimento as não conservadoras, conhecida
neoplásico, que é uma multiplicação como mastectomia, uma cirurgia
descontrolada e desordenada de radical e, portanto mutiladora
células epiteliais mamárias. Essas (COUCEIRO et al., 2009).
células alteradas possuem a Dessa forma a mulher
capacidade de migrar e de se submetida à mastectomia torna-se
implantar em gânglios linfáticos ou mais sensível e vulnerável, interferindo
órgãos distantes, processo conhecido na promoção de uma resposta eficaz
ao tratamento, o que contribui de
3

forma negativa para a sua adaptação Americana em Ciências da Saúde),


ao seu novo estado de saúde. E além de textos publicados em revistas
dessa forma, Roy e Andrews (1999) científicas e livros relacionados ao
ressaltam a importância da utilização objeto de pesquisa. Para a seleção,
de um modelo teórico na foram pesquisados 87 artigos
implementação da assistência de utilizando os descritores: mastectomia,
enfermagem. Assim, o modelo de assistência de enfermagem e teoria de
Adaptação de Roy, seria a teoria Callista Roy. A análise do conteúdo
norteadora da assistência de permitiu selecionar 16 artigos e 5
enfermagem à mulher livros, contribuindo assim para o
mastectomizada, considerando que o embasamento da problemática
procedimento gera estímulos físicos e proposta.
psicológicos, exigindo da mulher uma
resposta, que poderá ser adaptativa, 2 O IMPACTO DA DESCOBERTA
aceitando seu processo saúde/doença, DO CÂNCER E OS FATORES
ou ineficaz, dificultando assim sua ASSOCIADOS
reabilitação.
A presente pesquisa tem como Ao descobrir a presença desta
objetivo relacionar a assistência de neoplasia, inicia-se uma caminhada
enfermagem frente à mulher dolorosa e progressiva, e em alguns
mastectomizada de acordo com a casos acompanhada de mutilação com
teórica Callista Roy, descrevendo a sentimento iminente de morte.
assistência de enfermagem à mulher e Alterando assim de forma negativa a
relacionando essa assistência com a sexualidade da mulher, sendo esta
teoria da adaptação de Roy. instaurada na mama; o sentimento de
Trata-se de revisão desespero aumenta ainda mais, pois
bibliográfica, baseado em artigos fere a auto-imagem da mesma.
indexados em bancos de dados como: Mesmo com os avanços tecnológicos
SCIELO (Scientific Eletronic Library em busca da cura da doença, além de
Online), BIREME (Centro Latino diversos tipos de tratamentos
Americano e do Caribe de Informações terapêuticos, conta-se com a
em Ciências da Saúde), MEDLINE resistência física e psicológica, frente
(Literatura Internacional de Ciência da às alterações vividas durante todo o
saúde) e LILACS (Literatura Latino processo da doença, por parte do
4

paciente e seus familiares (PAEK, de decisão importante para a sua vida:


2001). como a escolha e/ou participação no
As causas do câncer de mama tratamento. A tomada de decisão
são desconhecidas, mas é aceita pela sobre o tratamento para o CA de
comunidade científica, a relação da mama necessita envolver a cliente,
doença com fatores próprios do onde a mesma deverá ser bem
indivíduo, como a duração da atividade orientada sobre os vários exames a
ovariana e a hereditariedade. Acredita- que será submetida e os tratamentos
se que uma mulher cuja mãe ou irmã disponíveis.
desenvolveu câncer de mama, tem Diante da confirmação do
duas a três vezes mais risco. Além diagnóstico, o autor ainda explica que
disso, fatores ambientais, tais como a mulher passa a ter dois tipos de
alimentação e utilização de problemas: o medo do câncer
determinados medicamentos podem propriamente dito, e da mutilação de
contribuir para o surgimento da um órgão que representa a
doença. Alguns autores referem maternidade, a estética e a
também à idade, localização sexualidade feminina. Munhoz e
geográfica, consumo de álcool, uso de Aldrighi, (2004) completam enfatizando
contraceptivo oral e terapia de que as mamas são partes do corpo
reposição hormonal como fatores de feminino e por influência cultural,
risco associados às neoplasias altamente valorizada, sendo parte
mamárias (BRASIL, 2002; 2010). identificável da diferença de gênero, se
tornando símbolos sensuais
3 MEDIDAS TERAPÊUTICAS expressivos. Além de seu papel
importante na vivência e na
Arantes e Mamede, (2003) demonstração da feminilidade, as
afirmam que a suspeita de câncer (CA) mamas são também, órgãos que
é sempre conflituosa para a mulher, produzem e carregam o leite, uma das
principalmente a procura por serviços fontes simbólicas da vida e da
de mastologia para diagnóstico e maternidade.
tratamento, pelo medo da mutilação e Além do envolvimento da
o tabu do CA sem cura. Após esse mulher, o tratamento deve ser
período de diagnóstico e receio, a planejado de acordo com o
mulher inicia um processo de tomada estadiamento da doença, recorrendo-
5

se comumente a várias combinações: de toda a mama, pele, músculos


cirurgia, radioterapia, quimioterapia e peitorais menor e maior, nódulos
hormonioterapia. Tal tratamento tem linfáticos axilares, e algumas vezes, os
mudado bastante nas últimas décadas nódulos linfáticos mamários internos
devido ao melhor conhecimento da ou os supra claviculares (DOENGES
história natural do CA de mama e ao et al,. 2003).
diagnóstico precoce (MUNHOZ; A necessidade da retirada da
ALDRIGHI, 2004). mama devido ao câncer (mastectomia)
A conduta cirúrgica em uma provoca sentimentos de angústia e dor
paciente com CA de mama é para mulher. Sabe-se que a mesma se
essencialmente seletiva, pois sente atingida na sua identidade, com
atualmente as mulheres que procuram alterações na auto-estima, na auto-
assistência apresentam várias imagem e no seu valor próprio, além
graduações de desenvolvimento do aumento dos transtornos
tumoral. O tratamento cirúrgico visa psiquiátricos que as novas alterações
prevenir a propagação do CA, e sua podem acarretar (LEITE; SCHIMIDT;
escolha depende, em grande parte da ANDRADE, 1996).
classificação do tumor e estadiamento Com a oportunidade/opção pela
clínico (PIATO, 2004). cirurgia, é despertado na mulher um
Os tipos de cirurgia são sentimento de busca de resolução
geralmente agrupados em três rápida do problema, pensando ser
categorias: mastectomia total essa uma medida reconfortante. A
(simples), que remove todo tecido mulher ao realizar o procedimento
mamário, porém todo ou muitos dos acredita estar colocando limites na
nódulos linfáticos e músculos torácicos enfermidade e suas conseqüências, e
são mantidos intactos; mastectomia com a escolha de realizar o ato
radical modificada, que remove toda a cirúrgico, estará segura em relação à
mama, alguns ou muitos nódulos patologia. Entretanto, o alívio imediato
linfáticos, e algumas vezes os do sentimento de angústia, possui um
músculos peitorais menores torácicos curto período, no momento em que a
e grandes músculos torácicos são mulher, se vê diante das consecutivas
mantidos; A mastectomia radical perdas (BERGAMASCO; ANGELO,
(Halsted) é um procedimento realizado 2001).
raramente porque requer a remoção
6

Doenças em que os tratamentos 4 TEORIA DE ADAPTAÇÃO DE ROY


são mutiladores podem causar
paralisias, deficiências, interrupção da As teorias de enfermagem
vida profissional, bem como a contribuem no desenvolvimento do
manutenção do lar e cuidados com os processo de cuidar, valorizando assim
filhos. Em conseqüência dessas uma prática humanista e integral de
alterações, a mulher se imagina em forma complexa e subjetiva à cliente,
uma situação terminal de sua vida, respeitando suas ideias, emoções,
pois havia valor agregado às sentimentos e saberes (SARAT, 2008).
atividades realizadas anteriormente. O modelo da teórica Callista
Logo, após o período pós-operatório à Roy baseia-se na ideia do indivíduo
mastectomia, a mulher poderá como um ser adaptativo, capaz de se
apresentar resistência na retomada da adequar não só de forma emocional a
sua vida social, familiar e sexual, haja situação, mas também se adaptar às
vista, que a mesma desenvolve novas necessidades que o seu novo
anseios em relação ao próprio corpo estado exige. Ele identifica pontos
(MESSA, 2001). chave para a intervenção adequada da
Os primeiros meses de enfermagem, na qual pessoas são
reabilitação de uma mastectomia são vistas como parte integrada ao
caracterizados pelo movimento de ambiente, recebendo os estímulos
reorganização para uma reinserção no externos/internos e apresentando
mundo individual, social e no espaço ações ativas/reativas (ROY;
em que convive, visto que a mutilação ANDREWS, 1999).
dela decorrente favorece o surgimento Há três tipos de estímulos:
de muitas questões na vida das focal, contextual e residual. Estímulo
mulheres, especialmente aquelas focal é o estímulo interno ou externo,
relacionadas à imagem corporal. A capaz de confrontar, imediatamente o
forma como a mulher percebe e lida indivíduo e provocar o comportamento
com essa nova imagem e como isso ou resposta, exemplificando o câncer e
afeta sua existência, são pontos a cirurgia. Estímulo contextual
cruciais para um entendimento da representa todos os outros estímulos,
nova dinâmica que a vida dessas internos ou externos, presentes na
mulheres assume (BERVIAN, 2006). situação, contribuindo para o efeito do
estímulo focal, como exemplo a
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quimioterapia, a cicatriz da cirurgia, a resposta poderá ser de rejeição,


perda de peso e a reconstrução aflição, depressão, defesa-negação e
mamária. O estímulo residual é medo até que a paciente se ajuste ao
definido como fatores internos ou tratamento, sendo o mesmo
externos que possuem um efeito acompanhado de maneira holística e
indeterminado no sistema adaptativo entrelaçado entre o ambiente e o
humano, como sentimentos da mulher sistema, trocando experiências
frente à transformação que ocorre na referentes a nova percepção
sua vida, de medo e insegurança (SOARES; CAETANO, 2005).
(ROY; ANDREWS, 1999).
Os comportamentos da pessoa 5 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
podem ser observados através dos E A TEORIA DE ROY
quatro modos adaptativos: fisiológico,
autoconceito, função de papeis e O câncer, de acordo com Sá,
interdependência. No elemento (2001), assim como qualquer outra
fisiológico, relacionam - se as cinco doença, desestrutura emocionalmente
necessidades básicas: nutrição, a pessoa e seus familiares; cabe ao
atividades, oxigenação, eliminações e enfermeiro, ser sensível a estas
repouso. O modo autoconceito envolve necessidades não atendidas, as quais
aspectos espirituais e psicológicos. O devem estar contidas no plano da
modo da função de papeis direciona
assistência de enfermagem, com o
para as funções desempenhadas pela objetivo de promover conforto humano,
pessoa na sociedade e em sua família, tanto para o paciente como para a
e o modo de interdependência família. Para isso, é preciso também
correlaciona a independência das olhar para as necessidades não ditas,
relações entre as pessoas e os limites muitas vezes expressas por olhares,
impostos pelas mesmas (ROY; gestos ou pequenas palavras, ou seja,
ANDREWS, 1999). a arte de perceber o todo e não
A teoria do modo adaptativo apenas parte dele.
aplicada pelo enfermeiro vem de Muitas são as intervenções de
encontro à nova imagem corporal e enfermagem para as mulheres que
psicológica da cliente, respeitando a são acometidas pelo câncer de mama,
sua integridade física e espiritual, haja tornando-se extremamente importante
vista que, diante do tratamento, a
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uma assistência baseada em diagnósticos e intervenções,


evidências científicas, observações subdivididos nos quatro modos
clínicas acuradas por profissionais adaptativos da Teoria de Roy são
especializados e constantemente possíveis de encontrar no NANDA
atualizados (MOHALLEM; 2009, e são eles:
RODRIGUES, 2007). Tais

Tabela 1. Modo Adaptativo Fisiológico

Diagnóstico de Enfermagem Planejamento das Intervenções

Discutir com a cliente o consumo de


Nutrição desequilibrada: menos que as
alimentos agradáveis de ingerir; orientar
necessidades corporais, caracterizada pela
quanto à realização de refeições
baixa ingestão nutricional ou à perda de
fracionadas; pesar o paciente a intervalos
nutrientes por vômitos ou diarréias,
específicos; monitorar alimentos/líquido
relacionada ao câncer e/ou ao tratamento.
ingeridos e níveis de eletrólitos; realizar
balanço hídrico e avaliar condições da pele
(turgor, ressecamento, coloração).

Padrão do sono prejudicado, caracterizado Planejar com a cliente, alternativas que


por mudanças no padrão normal do sono, ajudem a conciliar o sono e alívio da dor,
relacionado à dor e modificações no como: relaxamento e massagens; limitar a
ambiente ingesta de bebidas com cafeína; ajustar a
temperatura do quarto, evitando calor ou frio
excessivo; prevenir ruído indesejável;
posicionar o paciente usando os princípios
de alinhamento corporal.

Fonte: MOHALLEM; RODRIGUES, (2007)


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Tabela 2. Modo Adaptativo Autoconceito

Diagnóstico de Enfermagem Planejamento das Intervenções

Avaliar adaptação do paciente a mudanças


na imagem corporal; fornecer orientações
Ansiedade caracterizada por sentimentos de sobre tratamento conforme a necessidade;
inadequação relacionada ao câncer, encorajar uma atitude de esperança realista
tratamento, alteração na imagem ou como uma forma de lidar com sentimentos
representação de morte. de desamparo, e apresentar à paciente,
pessoas ou grupo que tenham passado
com sucesso por experiências
semelhantes.

Determinar as expectativas da paciente


quanto à imagem corporal e prepará-la para
as mudanças causadas pela cirurgia;
esclarecer concepções errôneas que a
Distúrbio na imagem corporal caracterizada
pessoa tem sobre si mesma; orientar a
por perda de parte do corpo, relacionada ao
família e/ou amigos a evitar críticas;
câncer e ao tratamento.
explicar que após a quimioterapia, o cabelo
crescerá novamente; encorajar o uso de
perucas e/ou lenços; discutir as dificuldades
que o cônjuge/amigo pode ter com as
mudanças visíveis; ajudar a paciente a
discutir os fatores estressores que afetam a
imagem corporal, após a cirurgia;
estabelecer uma rotina de atividades de
autocuidado; orientar sobre os recursos
possíveis da cirurgia plástica.

Fonte: MOHALLEM; RODRIGUES, (2007)


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Tabela 3. Modo Adaptativo Função de Papéis

Diagnóstico de Enfermagem Planejamento das Intervenções

Avaliar o impacto da situação de vida da


Risco de vínculo prejudicado relacionado ao paciente sobre papeis e relacionamentos;
câncer e ao tratamento explicar que após o término do tratamento,
as atividades pessoais e profissionais
poderão ser retomadas, caso tenham sido
interrompidas; incentivar a participação em
atividades de grupo e sociais.

Explorar as dúvidas da paciente e da família


relacionadas ao aparecimento de sintomas
ou à inabilidade em controlá-los; reunir-se
Processos familiares interrompidos com a família e auxiliá-la a cuidar de seu
caracterizados por mudanças na intimidade ente querido; orientar antecipadamente a
relacionadas à alteração do estado de saúde paciente e ao familiar a respeito da trajetória
de um membro da família. da doença para diminuir o medo e a
ansiedade; trabalhar com a família o
equilíbrio entre seus medos e esperanças;
reconhecer os benefícios do apenas ouvir,
tocar, estar junto.

Fonte: MOHALLEM; RODRIGUES, (2007)


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Tabela 4. Modo Adaptativo Interdependência

Diagnóstico de Enfermagem Planejamento das Intervenções

Encorajar a expressão dos sentimentos aos


Isolamento social caracterizado à aparência outros; incentivar a visita dos amigos e das
desfigurada e ao medo de rejeição, pessoas significativas; estimular o contato
relacionado ao câncer e/ou tratamento com amigos e família e a freqüência a
grupos de apoio, se necessário.

Interação social prejudicada caracterizada Estimular uma comunicação direta,


por interação disfuncional por outras honesta e contínua entre a paciente,
pessoas, relacionada ao isolamento família e amigos; esclarecer ideias erradas
terapêutico. da paciente ou familiares sobre o
tratamento e as possíveis alterações;
incentivar a família e amigos a ouvir
atentamente as preocupações da paciente
e apoiá-la em seus medos e dificuldades;

Fonte: MOHALLEM; RODRIGUES, (2007)

Segundo Aguillar e Mendes (1987) o avaliação, sendo estas importantes


advento das teorias de enfermagem para o aprimoramento profissional,
surgiu a partir da preocupação do pois norteiam a pesquisa e favorecem
profissional em transmitir uma o progresso do conhecimento.
orientação que permita sistematizar As autoras ainda afirmam que a
suas práticas, apoiadas em enfermagem como uma ciência,
metodologias científicas que lhes dê embasada nos fenômenos sociais e
subsídios para uma reflexão e aplicabilidade teórica avaliativa,
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apresenta-se interessada não somente duplo sentido, desviando assim o seu


no tratamento de enfermidades, mas verdadeiro objetivo (AGUILAR;
visa o bem estar do indivíduo, MENDES, 1987).
“percebendo o imperceptível”,
avaliando o paciente holisticamente, 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
não apenas parte dele.
Diante do exposto, vale A mastectomia ocasiona
destacar que o modelo Roy é transformações dolorosas na vida das
completo, tendo em vista que a partir mulheres, como alterações da auto-
dele, a paciente pode ser assistida imagem, da auto-estima e
como um todo e avaliada no contexto comprometimento da sexualidade,
que está inserida, trabalhando seu visto que a mama é um órgão repleto
autoconceito e seu convívio com a de simbolismo para a mulher. A
família e sociedade. Sendo assim, amputação de tal membro pode deixá-
trata-se de uma teoria de possível la com pudor, acarretando fortes
aplicabilidade, oferecendo subsídios repercussões emocionais.
para o profissional enfermeiro A ideia da mastectomia para a
sistematizar um plano de assistência. mulher inicia-se por uma série de
Reforçando que a paciente não é alterações no autoconceito, afetando-a
apenas mais um caso, precisa ser desde o diagnóstico. Dentre as
compreendido nas suas múltiplas alterações, as mais evidentes
reações e que a abordagem apresentam-se como defesa através
profissional deve ser humanizada, do medo, depressão, rejeição e
profundamente solidária, geradora não aflição, haja vista que a mama
só de saúde, mas principalmente de representa a maternidade, a estética e
vida (AGUILAR; MENDES, 1987). a sexualidade feminina.
Entretanto, podemos classificar Sendo assim o estudo
esse modelo como complexo, pela possibilitou perceber a importância de
gama de conceitos, associados aos um plano de assistência que permita
diversos modos adaptativos e minimizar tais reflexos apresentados
estímulos gerando dúvidas, quando durante e após o diagnóstico do
utilizado em pesquisas científicas. câncer de mama. Dessa forma, ao
Nesse caso, se a teoria não for bem estudar a Teoria de Roy compreende-
estudada e compreendida, pode gerar se que a sua aplicação envolve o
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indivíduo de forma completa, tornando- resgata a nova imagem corporal e


o como parte integrada ao ambiente psicológica da cliente, respeitando a
em que se encontra, recebendo a todo sua integridade física e espiritual, até
instante estímulos, o que o torna que a paciente se ajuste ao
capaz de se adaptar de forma eficaz tratamento. Dessa forma, será
ou ineficaz ao que é exposto. acompanhada de maneira holística e
Apesar de a teoria apresentar- entrelaçada entre o ambiente e o
se de forma complexa, a pesquisa traz sistema, possibilitando uma resposta
subsídios para sustentar o plano de de adaptação ao seu novo estado de
assistência à mulher mastectomizada, saúde.
baseada na Teoria de Roy. Essa teoria

Nursing Care to the mastectomized women based on the Callista Roy's


Adaptation Theory

ABSTRACT

The breast cancer represents a serious public health problem all over the world, for
its high incidence, morbidity and high cost of treatment. It is known that women, after
receiving the diagnosis of breast cancer and also with the possibility of surgery for
mastectomy start to face differents personal conflicts. The removal of the breast of
the body, can cause severe damage to the woman and may leave her embarrassed,
causing strong emotional repercussions. The objective of this research was to
analyze nursing care to women facing mastectomy according to the Theory of
Adaptation of Callista Roy. It is a bibliographic review on the based on indexed
articles and books related to the object of this study. The nursing process according
to Roy permitted to visualize the importance of using a theoretical model in the
implementation of the systematization of nursing assistance, considering
mastectomy, was realized that it brings psychological and physical stimulus, requiring
a woman's response, which may be adaptive, accepting her the health / disease, or
ineffective, being difficult to their rehabilitation.

Keywords: Mastectomy, Nursing Assistance, Theory of Callista Roy.

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