Blackbox Transformadores Artigo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM ENGENHARIA ELÉTRICA

MODELAGEM BLACK-BOX DE TRANSFORMADORES DE


POTÊNCIA EM ALTAS FREQUÊNCIAS

Gabriela Sampaio Rêma

Outubro de 2018
Itajubá - MG
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM ENGENHARIA ELÉTRICA

Gabriela Sampaio Rêma

MODELAGEM BLACK-BOX DE TRANSFORMADORES DE


POTÊNCIA EM ALTAS FREQUÊNCIAS

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em


Engenharia Elétrica como parte dos requisitos para obtenção
do Título de Mestre em Ciências em Engenharia Elétrica.

Área de Concentração: Sistemas Elétricos de Potência

Orientador: Prof. Ph.D. Benedito Donizeti Bonatto


Coorientador: Dr. Helvio Jailson Azevedo Martins

Outubro de 2018
Itajubá - MG
I

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela saúde, sabedoria e força para conclusão deste ciclo. Aos
meus pais, pelo apoio.

Agradeço ao professor Benedito Donizeti Bonatto pela orientação e apoio na


realização deste trabalho.

Agradeço ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e


Tecnológico) e ao Cepel (Centro de Pesquisas de Energia Elétrica) pelo
financiamento.
Agradeço à toda equipe do LabDig (Laboratório de Diagnóstico em
Equipamentos e Instalações Elétricas) do Cepel pelas orientações, conversas e
experiências. Em especial, ao pesquisador Carlos Magno Rodrigues Vasques pela
orientação, oportunidade e confiança no meu trabalho. Aos pesquisadores Dickson
Silva de Souza e Rômulo dos Santos Delgado pelas conversas e orientações diárias.
Ao Helvio Jailson Azevedo Martins pela coorientação e atenção.

Agradeço todo auxílio, orientações, disponibilidade e atenção do pesquisador


Rogério Magalhães de Azevedo do Cepel e Guilherme Sarcinelli Luz do ONS
(Operador Nacional do Sistema).

Agradeço também às equipes do Cepel / Furnas envolvidas nas medições


apresentadas neste trabalho.

Aos professores da Unifei pela dedicação e orientação nas disciplinas cursadas


ampliando o meu conhecimento na área e ao professor Antonio Carlos Siqueira de
Lima da UFRJ/COPPE pelas orientações.

Aos meus amigos que de certa forma participaram desta etapa.


II

RESUMO

Para estudos de transitórios eletromagnéticos faz-se necessário um modelo do


transformador de potência em altas frequências. Modelou-se o transformador por sua
impedância vista do terminal de alta tensão. Trata-se de um transformador de potência
monofásico de 200 MVA, 500/√3 / 138/√3 / 13,8 kV instalado em uma subestação. Foi
utilizada a metodologia black-box através de medições em campo de impedância
terminal na frequência de 20 Hz a 10 MHz por meio do acesso a terminais externos
do transformador. Identificaram-se três modelos do transformador de potência e
realizou-se uma análise comparativa entre eles: modelo baseado na análise da
impedância terminal relacionando os pontos ressonantes através do fator de
qualidade, modelo aproximado através do Vector Fitting e modelo Saturable
Transformer associado a impedâncias complementares. Os modelos Impedância
Terminal e Saturable Transformer baseiam-se nos pontos ressonantes da curva de
impedância terminal na frequência. Já o Vector Fitting gera uma função, através da
realocação de polos, que se aproxima da curva medida. Simularam-se as manobras
de chaves seccionadoras através do ATPDraw / ATP – Alternative Transients Program
– e realizou-se a validação dos modelos na faixa de frequência de 20 kHz a 10 MHz,
com maior precisão até 2,5 MHz, através da medição em campo de transitórios de
tensão.

Palavras-chave – Modelagem de Transformadores de Potência; Altas Frequências;


Transitórios Eletromagnéticos; Modelagem Black-Box; Resposta em Frequência;
Impedância Terminal; Medições em Campo; ATPDraw / ATP.
III

ABSTRACT

For electromagnetic transient studies it is necessary creating a model of the power


transformer at high frequencies. The transformer was modeled by its impedance seen
from the high voltage terminal. It is a single-phase power transformer of 200 MVA,
500/√3 / 138/√3 / 13.8 kV installed in a substation. The black-box methodology was
used through terminal impedance field measurements at the frequency of 20 Hz to
10 MHz through access to transformer external terminals. Three models of the power
transformer were identified and a comparative analysis was carried out: a model based
on the analysis of the terminal impedance relating the resonance points through the
quality factor, approximate model through Vector Fitting and Saturable Transformer
model associated to impedances complementary. The Terminal Impedance and
Saturable Transformer models are based on the resonant points of the terminal
impedance curve at the frequency. While Vector Fitting generates a function, through
the reallocation of poles, that approaches the measured curve. Disconnecting switches
simulations were performed with the ATPDraw / ATP – Alternative Transients Program
– and validation of the models in the 20 kHz to 10 MHz frequency range, with greater
accuracy up to 2.5 MHz, was achieved by field measurements of voltage transients.

Keywords – Modeling of Power Transformers; High Frequencies; Electromagnetic


Transients; Black-Box Modeling; Frequency Response; Terminal Impedance; Field
Measurements; ATPDraw / ATP.
IV

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS .................................................................................................. I
RESUMO ................................................................................................................... II
ABSTRACT............................................................................................................... III
SUMÁRIO ................................................................................................................. IV
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. VI
LISTA DE TABELAS .................................................................................................. X
LISTA DE ABREVIATURAS ..................................................................................... XI
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 1
1.1. MOTIVAÇÃO ...................................................................................................... 1
1.2. OBJETIVO .......................................................................................................... 2
1.3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ...................................................................... 2
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................ 4
2.1. MODELAGEM..................................................................................................... 4
2.2. TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA .................................................................. 4
2.3. METODOLOGIAS DE MODELAGEM ................................................................. 5
2.4. CARACTERIZAÇÃO NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA ...................................... 6
2.5. SOBRETENSÕES .............................................................................................. 8
2.6. SOLICITAÇÕES TRANSITÓRIAS DE ALTA FREQUÊNCIA .............................. 9
2.7. ATPDRAW / ATP .............................................................................................. 10
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................... 11
4. METODOLOGIA ............................................................................................. 18
5. MODELAGEM DO TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA .............................. 24
5.1. MODELO DO FABRICANTE............................................................................. 25
5.2. MODELO A PARTIR DA ANÁLISE DA IMPEDÂNCIA TERMINAL
RELACIONANDO OS PONTOS RESSONANTES ATRAVÉS DO FATOR DE
QUALIDADE ............................................................................................................ 27
5.3. FUNÇÃO APROXIMADA ATRAVÉS DO VECTOR FITTING............................ 30
5.4. MODELO SATURABLE TRANSFORMER DO ATPDRAW ASSOCIADO A
IMPEDÂNCIAS COMPLEMENTARES .................................................................... 36
5.5. PROPOSTA ASSOCIANDO OS MODELOS BASEADOS NA IMPEDÂNCIA
TERMINAL À TRANSFERÊNCIA DE TENSÃO NA FREQUÊNCIA......................... 39
5.6. COMPARAÇÃO NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA ENTRE OS TRÊS MODELOS
................................................................................................................................. 40
6. ANÁLISES E RESULTADOS ......................................................................... 43
6.1. SIMULAÇÕES .................................................................................................. 44
6.2. MEDIÇÕES EM CAMPO DE TRANSITÓRIOS DE TENSÃO ........................... 52
6.3. VALIDAÇÃO DOS MODELOS DO TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA EM
ALTAS FREQUÊNCIAS ........................................................................................... 61
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 72
7.1. CONCLUSÕES E CONTRIBUIÇÕES ............................................................... 72
7.2. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................ 74
7.3. PUBLICAÇÕES E ATIVIDADES NA ÁREA ...................................................... 75
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 78
V

APÊNDICE A – MEDIÇÕES EM CAMPO DE TRANSFERÊNCIA DE TENSÃO NA


FREQUÊNCIA........................................................................................................ 82
APÊNDICE B – EQUAÇÕES APROXIMAÇÃO ATRAVÉS DO VECTOR FITTING
(GUSTAVSEN, SEMLYEN, 1999) ......................................................................... 86
APÊNDICE C – CIRCUITO APROXIMADO ATRAVÉS DO VECTOR FITTING COM
84 POLOS .............................................................................................................. 89
APÊNDICE D – CIRCUITO APROXIMADO ATRAVÉS DO VECTOR FITTING COM
15 POLOS .............................................................................................................. 92
APÊNDICE E – MATRIZ DE ADMITÂNCIA .......................................................... 93
APÊNDICE F – CIRCUITO APROXIMADO ATRAVÉS DO VECTOR FITTING COM
15 POLOS – 2,5 MHZ ............................................................................................ 98
VI

LISTA DE FIGURAS

Figura 4.1 – Transformador de Potência Monofásico 200MVA, 500/3 / 138/3 / 13,8


(kV) instalado em uma subestação. ................................................................... 18
Figura 4.2 – Saída do prédio de 500 kV – Bancos de transformadores. ................... 19
Figura 4.3 – Representação (a) dos pontos de acesso considerados e (b) da condição
dos demais terminais. ........................................................................................ 20
Figura 4.4 – Medidor RLC Quadtech 7600. ............................................................... 20
Figura 4.5 – Medidor RLC HP 4285A. ....................................................................... 20
Figura 4.6 – Diagrama representativo da medição de impedância do terminal 1 – alta
tensão. ............................................................................................................... 21
Figura 4.7 – Medição da impedância na frequência vista pelo terminal 1 – alta tensão.
........................................................................................................................... 21
Figura 4.8 – Diagrama representativo da medição de impedância do terminal 2 – baixa
tensão. ............................................................................................................... 22
Figura 4.9 – Medição da impedância na frequência vista pelo terminal 2 – baixa tensão.
........................................................................................................................... 22
Figura 5.1 – Circuito sintetizado: modelo fabricante.................................................. 25
Figura 5.2 – Módulo da impedância vista pelo terminal de alta tensão – Modelo
fabricante. .......................................................................................................... 26
Figura 5.3 – Ângulo da impedância vista pelo terminal de alta tensão – Modelo
fabricante. .......................................................................................................... 26
Figura 5.4 – Comparação entre medição e simulação: modelo fabricante. ............... 27
Figura 5.5 – Medição do módulo da impedância na frequência vista pelo terminal de
alta tensão – Destaque para os pontos considerados na modelagem. .............. 27
Figura 5.6 – Definição da largura de banda considerada. ......................................... 28
Figura 5.7 – Circuito sintetizado: modelo Impedância Terminal. ............................... 29
Figura 5.8 – Comparação entre módulo medição e simulação: modelo Impedância
Terminal. ............................................................................................................ 29
Figura 5.9 – Comparação entre ângulo medição e simulação: modelo Impedância
Terminal. ............................................................................................................ 30
Figura 5.10 – Circuito sintetizado utilizando o Vector Fitting. .................................... 31
Figura 5.11 – Fluxograma geral do programa Vector Fitting. .................................... 31
Figura 5.12 – Curva aproximada através Vector Fitting com 84 polos. ..................... 32
. Figura 5.13 – Circuito resultante do Vector Fitting importado para o ATPDraw. ..... 33
Figura 5.14 – Comparação entre o módulo da medição e simulação: varredura na
frequência do circuito resultante do Vector Fitting aproximado com 84 polos.... 33
Figura 5.15 – Comparação entre o ângulo da medição e simulação: varredura na
frequência do circuito resultante do Vector Fitting aproximado com 84 polos.... 33
Figura 5.16 – Curva aproximada através Vector Fitting com 15 polos. ..................... 34
Figura 5.17 – Curva aproximada através Vector Fitting com 84 e 15 polos na faixa de
frequência de 100 kHz a 10 MHz. ...................................................................... 34
Figura 5.18 – Comparação entre o módulo da medição e simulação: varredura na
frequência do circuito resultante do Vector Fitting aproximado com 15 e 84 polos.
........................................................................................................................... 35
Figura 5.19 – Comparação entre o ângulo da medição e simulação: varredura na
frequência do circuito resultante do Vector Fitting aproximado com 15 e 84 polos.
........................................................................................................................... 35
VII

Figura 5.20 – Configuração do modelo Saturable Transformer do ATPDraw. .......... 36


Figura 5.21 – Modelo ajustado a partir do Saturable Transformer associado a
impedâncias complementares............................................................................ 37
Figura 5.22 – Comparação entre o módulo da medição e simulação: modelo Saturable
– ......................................................................................................................... 37
Figura 5.23 – Comparação entre o ângulo da medição e simulação: modelo Saturable
– Impedância do terminal de alta tensão........................................................ 38
Figura 5.24 – Comparação entre o módulo da medição e simulação: modelo Saturable
– Impedância do terminal de baixa tensão. .................................................... 38
Figura 5.25 – Comparação entre o ângulo da medição e simulação: modelo Saturable
– Impedância do terminal de baixa tensão. ................................................... 38
Figura 5.26 – Representação do método utilizando a impedância vista do terminal 1 e
a transferência de tensão. .................................................................................. 39
Figura 5.27 – Comparação entre o módulo da medição e simulação com os três
modelos.............................................................................................................. 41
Figura 5.28 – Comparação entre o ângulo da medição e simulação com os três
modelos.............................................................................................................. 41
Figura 6.1 – Diagrama unifilar do trecho manobrado da subestação. ....................... 43
Figura 6.2 – Trecho da subestação simulado no ATDraw utilizando o modelo JMarti –
Simulação da manobra da chave 9447. ............................................................. 45
Figura 6.3 – Diferença de tensão simulada entre os polos da chave. ....................... 45
Figura 6.4 – Tensão - Manobra da chave 9447 – Simulação: modelo Impedância
Terminal. ............................................................................................................ 46
Figura 6.5 – Tensão - Manobra da chave 9447 – Simulação: modelo Vector Fitting.46
Figura 6.6 – Tensão - Manobra da chave 9447 – Simulação: modelo Saturable. ..... 46
Figura 6.7 – Tensão - Manobra da chave 9447 – Simulação. ................................... 47
Figura 6.8 – FFT da tensão - Manobra da chave 9447 – Simulação......................... 47
Figura 6.9 – Tensão - Manobra da chave 9437 – Simulação: modelo Impedância
Terminal. ............................................................................................................ 49
Figura 6.10 – Tensão - Manobra da chave 9437 – Simulação: modelo Vector
Fitting. ................................................................................................................ 49
Figura 6.11 – Tensão - Manobra da chave 9437 – Simulação: modelo Saturable. ... 49
Figura 6.12 – Tensão - Manobra da chave 9437 – Simulação. ................................. 50
Figura 6.13 – FFT da tensão - Manobra da chave 9437 – Simulação....................... 50
Figura 6.14 – Unidade secundária, atenuador e transmissor de fibra óptica conectados
o tap capacitivo da bucha de alta tensão. .......................................................... 53
Figura 6.15 – Sistema de medição integrado ao tap capacitivo da bucha de alta tensão.
........................................................................................................................... 53
Figura 6.16 – Caracterização do sistema de medição na frequência. ....................... 54
Figura 6.17 – Representação da manobra de abertura da chave 9447. ................... 56
Figura 6.18 – Tensão no tempo a partir da manobra da chave 9447 – Medição. ..... 56
Figura 6.19 – FFT da tensão a partir da manobra da chave 9447 – Medição. .......... 57
Figura 6.20 – Impulso máximo positivo de tensão a partir da manobra da chave 9447
no tempo – Medição. .......................................................................................... 57
Figura 6.21 – FFT do impulso de tensão máximo positivo a partir da manobra da chave
9447 – Medição. ................................................................................................. 58
Figura 6.22 – Representação da manobra de abertura da chave 9437. ................... 58
Figura 6.23 – Tensão no tempo a partir da manobra da chave 9437 – Medição. ..... 58
Figura 6.24 – FFT da tensão a partir da manobra da chave 9437 – Medição. .......... 59
VIII

Figura 6.25 – Impulso máximo negativo de tensão a partir da manobra da chave 9437
no tempo – Medição. .......................................................................................... 59
Figura 6.26 – FFT do impulso de tensão máximo negativo a partir da manobra da
chave 9437 – Medição. ...................................................................................... 59
Figura 6.27 – FFT do impulso de tensão de maior amplitude a partir da manobra das
chaves 9447 e 9437 – Medição. ........................................................................ 60
Figura 6.28 – Tensão - Manobra da chave 9447 – Modelo Impedância Terminal x
Medição.............................................................................................................. 62
Figura 6.29 – Tensão - Manobra da chave 9447 – Modelo Vector Fitting x
Medição.............................................................................................................. 62
Figura 6.30 – Tensão - Manobra da chave 9447 – Modelo Saturable x Medição. .... 62
Figura 6.31 – FFT da tensão - Manobra da chave 9447 – Modelo Impedância Terminal
x Medição. .......................................................................................................... 63
Figura 6.32 – FFT da tensão - Manobra da chave 9447 – Modelo Vector Fitting x
Medição.............................................................................................................. 63
Figura 6.33 – FFT da tensão - Manobra da chave 9447 – Saturable Transformer x
Medição.............................................................................................................. 63
Figura 6.34 – FFT da tensão - Manobra da chave 9447 – Simulação x Medição. .... 64
Figura 6.35 – Tensão - Manobra da chave 9437 – Modelo Impedância Terminal x
Medição.............................................................................................................. 64
Figura 6.36 – Tensão - Manobra da chave 9437 – Modelo Vector Fitting x
Medição.............................................................................................................. 65
Figura 6.37 – Tensão - Manobra da chave 9437 – Modelo Saturable x Medição. .... 65
Figura 6.38 – FFT da tensão - Manobra da chave 9437 – Modelo Impedância Terminal
x Medição. .......................................................................................................... 65
Figura 6.39 – FFT da tensão - Manobra da chave 9437 – Modelo Vector Fitting x
Medição.............................................................................................................. 66
Figura 6.40 – FFT da tensão - Manobra da chave 9437 – Modelo Saturable x Medição.
........................................................................................................................... 66
Figura 6.41 – FFT da tensão - Manobra da chave 9437 – Simulação x Medição. .... 66
Figura 6.42 – Módulo da impedância do terminal de alta tensão na frequência,
destacando a faixa ............................................................................................. 68
Figura 6.43 – Ângulo da impedância do terminal de alta tensão na frequência,
destacando a faixa até 2,5 MHz. ........................................................................ 68
Figura 6.44 – Curva aproximada através do Vector Fitting até 2,5 MHz. .................. 69
Figura 6.45 – Comparação entre o módulo da medição e simulação: varredura na
frequência do circuito resultante do Vector Fitting aproximado com 15 polos até
2,5 MHz. ............................................................................................................. 69
Figura 6.46 – Comparação entre o ângulo da medição e simulação: varredura na
frequência do circuito resultante do Vector Fitting aproximado com 15 polos até
2,5 MHz. ............................................................................................................. 69
Figura 6.47 – FFT da tensão até 2,5 MHz - Manobra da chave 9437– Modelo Vector
Fitting até 2,5 MHz e até 10 MHz x Medição. .............................................. 70
Figura 6.48 – FFT da tensão até 2,5 MHz - Manobra da chave 9437– Modelo Vector
Fitting até 2,5 MHz, Modelo Impedância Terminal e Modelo Saturable x
Medição.............................................................................................................. 70
Figura A.1 – Instrumentação da medição de transferência de tensão na frequência
montada em campo. .......................................................................................... 82
Figura A.2 – Diagrama representativo da medição de transferência de tensão entre os
terminais 1 e 2 (aplicação terminal 1)................................................................. 83
IX

Figura A.3 – Medição da transferência de tensão entre os terminais 1 e 2 (aplicação


no terminal 1). .................................................................................................... 83
Figura A.4 – Diagrama representativo da medição de transferência de tensão entre os
terminais 2 e 1 (aplicação terminal 2)................................................................. 84
Figura A.5 – Medição da transferência de tensão entre os terminais 2 e 1 (aplicação
no terminal 2). .................................................................................................... 84
Figura A.6 – Relação entre a impedância e transferência de tensão – Terminal 1. .. 85
Figura A.7 – Relação entre a impedância e transferência de tensão – Terminal 2. .. 85
Figura D.1 – Condição dos terminais considerando três pontos de acesso. ............. 93
Figura D.2 – Condição dos terminais considerando dois pontos de acesso. ............ 95
Figura D.3 – Impedância mútua 𝑍21calculada através da medição de impedância
terminal e transferência de tensão. .................................................................... 95
Figura D.4 – Impedância mútua 𝑍12calculada através da medição de impedância
terminal e transferência de tensão. .................................................................... 96
Figura D.5 – Medição da impedância vista do terminal 1 com os outros terminais
curtos-circuitados e aterrados considerando dois pontos de acesso. ................ 97
Figura D.6 – Impedância mútua calculada através do método híbrido – medição de
impedância com os terminais abertos e curtos-circuitados e aterrados. ............ 97
X

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Classes e formas de onda das solicitações de tensão. .......................... 9


Tabela 3.1 – Origem dos transitórios elétricos e faixas de frequências associadas.. 12
Tabela 3.2 – Classificação relacionando os grupos à faixa de frequência e aos surtos
transitórios.......................................................................................................... 12
Tabela 4.1 – Relação dos terminais com os enrolamentos ....................................... 19
Tabela 5.1 – Parâmetros do modelo a partir da análise da impedância terminal na
frequência. ......................................................................................................... 29
Tabela 6.1 – Principais componentes de frequência da simulação utilizando os três
modelos – Manobra da chave 9447. .................................................................. 48
Tabela 6.2 – Principais componentes de frequência da simulação utilizando os três
modelos – Manobra da chave 9437. .................................................................. 51
Tabela 6.3 – Principais componentes de frequência da tensão transitória medida –
Manobra das chaves 9447 e 9437. .................................................................... 60
XI

LISTA DE ABREVIATURAS

ATP Alternative Transients Program


C Capacitor
Cepel Centro de Pesquisas de Energia Elétrica
EMTDC Electromagnetic Transients including DC
EMTP Electromagnetic Transients Program
f frequência
FFT Fast Fourier Transform
kHz Quilo Hertz
kV Quilo Volts
L Indutor
LabDig Laboratório de Diagnóstico em Equipamentos e Instalações Elétricas
MHz Mega Hertz
NBR Norma brasileira
PSCAD Power Systems Computer Aided Design
Q Fator de qualidade
R Resistor
RLC Resistor – Indutor – Capacitor
SF6 Hexafluoreto de enxofre
SFRA Sweep Frequency Response Analyzer
TRT Tensão de restabelecimento transitória
Um Tensão máxima de linha
Z Impedância
CAPÍTULO 1 1

1. INTRODUÇÃO

O sistema elétrico está sujeito a perturbações eletromagnéticas que podem


colocar em risco os equipamentos ligados a ele. Tratam-se de variações transitórias
de altas frequências. E é neste curto período em que os equipamentos estão
expostos às maiores solicitações, o que pode comprometer sua vida útil e,
consequentemente, a confiabilidade e qualidade do fornecimento de energia elétrica.

Sendo assim, faz-se pertinente estudos sobre a interação entre os


equipamentos de alta tensão e o sistema e análise das solicitações elétricas impostas
aos equipamentos.

“Na análise de transitórios, um dos mais importantes aspectos é o fato de que


um componente físico pode ter diferentes modelos de representação; dependendo
do contexto do problema estudado” (AJUZ, et al, 1987, p.15).

1.1. MOTIVAÇÃO

Há aproximadamente 30 anos, em uma subestação do Sistema Interligado


Brasileiro, três unidades de transformador de potência e uma bucha falharam, além
do aumento dos valores de descargas parciais em várias buchas do mesmo tipo
(FEITOSA, et al). Trata-se de uma subestação de 500 / 138 kV blindada isolada a SF6,
de grande importância para o suprimento de energia elétrica de uma determinada
região.

As análises na época indicaram a ocorrência de solicitações transitórias de alta


frequência relacionadas a algumas manobras de chaves seccionadoras realizadas no
lado de 500 kV como possível causa das falhas. Desta forma, “determinou-se a
restrição de operação destas chaves que, desde então, não são operadas quando um
dos seus terminais está sob tensão” (FEITOSA, et al, p.2).

Estas restrições acarretam, em algumas situações, penalizações e cobranças


à empresa transmissora de energia responsável pela subestação, além de levarem a
manobras adicionais de disjuntores e, por vezes, o compensador síncrono é
desnecessariamente desligado.

Com o objetivo de analisar a possibilidade de retirar as restrições operativas,


CAPÍTULO 1 2

que vêm causando prejuízos financeiros e operacionais, iniciou-se uma investigação


para avaliar a interação das solicitações elétricas originadas das manobras de chaves
seccionadoras no lado de 500 kV com as unidades transformadoras. A etapa de
simulação é parte desta investigação e o modelo do transformador impacta
diretamente os resultados das simulações.

1.2. OBJETIVO

Para análise da interação entre as solicitações de transitórios


eletromagnéticos gerados a partir das manobras de chaves seccionadoras e o
transformador de potência faz-se necessário a representação do equipamento em
altas frequências.

A representação do transformador na frequência nominal não é suficiente –


com o aumento da frequência, o efeito capacitivo é predominante. Por outro lado, a
representação de todos os elementos que caracterizam o transformador em altas
frequências não é prática. Portanto, deve-se construir um modelo representativo e
prático, que atenda à faixa de frequência de interesse, para que haja confiabilidade
e robustez nos resultados das simulações.

O objetivo desta dissertação é a identificação de modelos em altas frequências


do transformador de potência para estudos de transitórios eletromagnéticos e fazer
uma análise comparativa entre estes modelos. Tratam-se de modelos baseados em
medições em campo de resposta em frequência.

Para validação e análise dos modelos, compara-se a simulação à medição de


transitórios de tensão gerados a partir de manobras de chaves seccionadoras do lado
de 500 kV.

Tanto as medições de resposta em frequência para caracterização e


modelagem do transformador, quanto as medições de transitórios de tensão foram
realizadas pelo LabDig do Cepel.

1.3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

De forma a atingir os objetivos propostos, esta dissertação está dividida em


sete capítulos.
CAPÍTULO 1 3

O Capítulo 1 introduz o tema deste trabalho, apresenta a motivação para


escolha do assunto, o contexto no qual está inserido e o objetivo.

No Capítulo 2 são apresentados alguns conceitos e definições relacionados ao


tema, que serão mencionados no decorrer da dissertação.

No Capítulo 3 é apresentada uma revisão bibliográfica sobre modelagem de


transformadores, referencia-se alguns trabalhos consagrados da literatura e
publicações recentes sobre o assunto.

No Capítulo 4 é apresentada a metodologia utilizada para a modelagem do


transformador de potência, e faz-se uma descrição das medições de impedância
terminal na frequência realizadas em campo.

O Capítulo 5 apresenta os três modelos do transformador e os métodos de


análise da curva de impedância na frequência para se chegar até eles.

No Capítulo 6 validam-se os modelos comparando a simulação às medições


em campo de transitórios de tensão.

As conclusões, propostas para trabalhos futuros, artigos publicados e


atividades na área são apresentadas no Capítulo 7 e, em seguida, as referências
bibliográficas que embasaram esta dissertação.

Há, ainda, os Apêndices de A a E contendo as medições de transferência de


tensão, as equações para montagem da matriz de admitância e as sínteses dos
circuitos aproximados através do Vector Fitting.
CAPÍTULO 2 4

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este trabalho trata da modelagem do transformador de potência em altas


frequências. Serão abordados conceitos e definições relacionados ao tema e que
serão mencionados e/ou tratados no decorrer da dissertação.

2.1. MODELAGEM

Um modelo, segundo Ogata (1998), é uma representação de um dado sistema


e sua validade depende do quanto se aproxima do comportamento real do mesmo. A
modelagem é definida como a elaboração de um modelo, utilizando uma linguagem,
um meio e segundo um ponto de vista.

Há diferentes maneiras de representar um sistema, dependendo da perspectiva


e aplicação considerada. Sendo assim, um modelo matemático não é o único para um
dado sistema. É possível aumentar a precisão de um modelo, porém, na maioria das
vezes, isso acarreta em uma maior complexidade. Sendo assim, deve-se estabelecer
um compromisso entre a simplicidade do modelo e a precisão dos resultados da
análise (OGATA, 1998).

2.2. TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA

De acordo com Mamede (2011), o transformador é um equipamento de


operação estática que, por meio de indução eletromagnética, transfere energia do
circuito primário para o circuito secundário e terciário, sendo, no entanto, mantida a
mesma frequência, porém com tensões e correntes diferentes.

Vasques (2011) define os transformadores como equipamentos capazes de


elevar ou reduzir a tensão de forma a minimizar as perdas do sistema de transmissão
pela redução de corrente requerida para determinada potência elétrica transmitida.

Segundo Suñé et al (2013), o transformador de potência é um equipamento de


fundamental importância para o Sistema Elétrico, sendo responsável pela
transformação de tensão. Pode ter como função a elevação – aplicações em
subestações de geração, por exemplo – ou rebaixamento – aplicações em sistemas
de transmissão ou distribuição, por exemplo – da mesma. Além de sua importância
operacional, possui também grande valor financeiro agregado, sendo o de maior
CAPÍTULO 2 5

significância em uma subestação de transmissão e distribuição elétrica. Estas


características associadas tornam essencial a confiabilidade e disponibilidade deste
equipamento.

Ainda de acordo com Suñé et al (2013, p.7), “falhas destes ativos podem
ocasionar interrupções de fornecimento de energia por períodos prolongados,
podendo repercutir no sistema produtivo industrial e na sociedade de forma geral”.

Logo, a definição do objeto em estudo é devido à sua importância para o


Sistema Elétrico de Potência, que possui relação direta com a confiabilidade e
disponibilidade do fornecimento de energia elétrica; ao seu valor financeiro agregado
e à complexidade na construção.

2.3. METODOLOGIAS DE MODELAGEM

Para se construir um modelo de transformador de potência em altas


frequências há, basicamente, três metodologias: white-box, black-box e grey-box.
Chega-se até um modelo white-box a partir de informações dos aspectos construtivos
do equipamento, e são necessários detalhes dos enrolamentos. Já a metodologia
black-box baseia-se no comportamento do equipamento na frequência e o acesso é
através dos terminais externos do transformador. A proposta da metodologia grey-box
combina as duas metodologias, associando as informações de pontos internos à
resposta em frequência do equipamento.

O modelo black-box é um equivalente terminal de um dado componente da


rede, que permite o cálculo de tensões e correntes. A vantagem deste método é que
o modelo pode ser calculado sem a necessidade de conhecimento sobre suas
características internas (MARTINS, 2007), informações, na maioria das vezes,
restritas ao fabricante.

Os equivalentes obtidos através das medições de impedância / admitância nos


terminais do transformador na frequência são adequados para simular a interação de
eventos transitórios de alta frequência entre o transformador e a rede (GUSTAVSEN,
et al, 2017).
CAPÍTULO 2 6

Para se chegar a um modelo do transformador de potência através da


metodologia black-box é necessário conhecer o comportamento do transformador na
frequência.

2.4. CARACTERIZAÇÃO NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA

Os ensaios de resposta em frequência medem a impedância ou admitância dos


terminais e a transferência de tensão entre os terminais de transformadores sob uma
determinada faixa de frequência. São largamente utilizados para fins de diagnóstico.

Suñé et al (2013, p.7) descrevem sobre a resposta em frequência para uso na


análise de diagnóstico de transformadores:

As medições realizadas em transformadores em bom estado fornecem um


diagrama de resposta em frequência de referência ou também denominado
no meio técnico “assinatura do transformador”. Obter esta informação é
importante porque é com ela que são comparadas as medições de resposta
em frequência realizadas após a ocorrência de eventos no sistema, que
podem ter danificado os enrolamentos do transformador.

Segundo Rocha et al (2011, p.101):

As medições de resposta em frequência dos transformadores, que são


atualmente utilizadas basicamente para subsidiar os processos de
Manutenção, precisam ser realizadas também com o objetivo de determinar
as matrizes de admitância próprias e mútuas entre fases e enrolamentos,
fornecendo os recursos necessários à modelagem de transformadores [...].

A caracterização no domínio da frequência, quando feita para fins de


modelagem, deve levar em consideração, por exemplo, a condição dos outros
terminais e o nível de interferência na medição de fase, pontos que não são tão
relevantes tratando-se da análise para diagnóstico. Outro ponto importante é que os
terminais não considerados como pontos de acesso, devem permanecer inalterados
e na sua condição de operação.

Yu, Zanji e Chong (2009) afirmam que para calcular a impedância terminal e a
transferência de tensão entre os terminais, não é necessário obter a distribuição de
corrente ou de tensão nos enrolamentos, apenas as tensões e as correntes nos seus
pontos terminais.

No ensaio de impedância na frequência mede-se a impedância do terminal para


o referencial de terra. Trata-se da impedância do transformador vista pelo terminal.
CAPÍTULO 2 7

A impedância – resistências e reatâncias – deve possuir seus valores de


ângulos de fase na faixa entre -90º e 90º, de acordo com a Equação 1.

𝑍 = 𝑅 ± 𝑗𝑋 (1)

O indutor e o capacitor possuem suas reatâncias variantes com a frequência


segundo as Equações 2 e 3 e fazem referência aos zeros e polos, respectivamente,
da curva de impedância terminal. Sendo assim, quanto maior a frequência maior a
reatância indutiva e menor a reatância capacitiva.

𝑋 = 2𝜋𝑓𝐿 (2)

𝑋 = (3)

Já a técnica da transferência de tensão consiste na aplicação de um sinal de


tensão em um dos terminais e a medição do efeito desta excitação em um outro
terminal. Trata-se da função de transferência de tensão. Medindo-se a transferência
de tensão entre terminais de enrolamentos distintos, caracteriza-se uma medição da
relação de transformação em frequências diferentes de 60Hz (MARTINS, 2007).

Há dois métodos de realizar o ensaio de transferência de tensão: através da


aplicação de impulso de tensão de baixa amplitude ou aplicando um sinal senoidal de
tensão e variando sua frequência.

De acordo com Ogata (1998, p.386):

Um sistema linear e invariante no tempo, submetido a uma excitação


senoidal, terá como resposta, em regime estacionário, um sinal também
senoidal da mesma frequência do sinal de entrada. Mas a amplitude e o
ângulo de fase do sinal de saída serão, em geral, diferentes da amplitude e
do ângulo de fase do sinal de entrada. [...] À representação de módulo da
função de transferência e ângulo de fase na frequência dá-se o nome de
Diagrama de Bode.

Já quando se utiliza um sinal impulsivo para a obtenção da função de


transferência é necessário transformar o sinal aplicado e o medido para o domínio da
frequência. Para tanto, utiliza-se a Transformada de Fourier. Utilizando o método
impulsivo tem-se limitação quanto à frequência máxima alcançada (MARTINS, 2007).

Martins (2007, p.24) descreve sobre a relação entre a impedância terminal e a


transferência de tensão: “Numa primeira aproximação, os polos das curvas de
resposta em frequência são zeros correspondentes nas curvas de impedância.” Isto
CAPÍTULO 2 8

deve-se ao fato de que a transferência de tensão está diretamente ligada com o efeito
magnético. Na frequência em que há a mínima impedância, há a maior transferência
de tensão entre os terminais.

2.5. SOBRETENSÕES

A NBR 6939:2000 (ABNT NBR 6939: Coordenação do Isolamento –


Procedimento, 2000) define sobretensão como qualquer tensão entre fase e terra,
outre entre fases, cujo valor de crista excede o valor de crista deduzido da tensão
máxima do equipamento (Um √2/√3 ou Um √2, respectivamente).

As sobretensões são divididas entre sobretensão temporária e sobretensão


transitória. A sobretensão temporária caracteriza-se pela sobretensão de frequência
fundamental de duração relativamente longa, que pode ser não amortecida ou
fracamente amortecida. Em alguns casos sua frequência pode ser várias vezes menor
ou maior que a frequência fundamental. A sobretensão transitória é definida como a
sobretensão de curta duração, de alguns milissegundos ou menos, oscilatória ou não
oscilatória, usualmente fortemente amortecida. Sobretensões transitórias podem ser
seguidas imediatamente por sobretensões temporárias. Em tais casos as duas
sobretensões são consideradas eventos separados (NBR 6939:2000, p.3).

A NBR 6939:2000 classifica as sobretensões transitórias da seguinte forma:

 Sobretensões de Frente Lenta: usualmente unidirecional, com tempo até a


crista tal que 20 µs < Tcr ≤ 5000 µs, e tempo até o meio valor (na cauda)
T2 ≤ 20 ms.
 Sobretensões de Frente Rápida: usualmente unidirecional, com tempo até a
crista tal que 0,1 µs < T1 ≤ 20 µs, e tempo até o meio valor (na cauda) T2 ≤ 300
ms.
 Sobretensões de Frente Muito Rápida: usualmente unidirecional, com tempo
até a crista tal que Tf ≤ 0,1 µs, duração total Tt ≤ 3 ms, e com oscilações
superpostas de frequências de 30 kHz < f < 100 MHz.

As classes e formas de onda das solicitações de tensão são mostradas na Tabela


2.1.
CAPÍTULO 2 9

Tabela 2.1 – Classes e formas de onda das solicitações de tensão.

Referência: NBR 6939:2000.

2.6. SOLICITAÇÕES TRANSITÓRIAS DE ALTA FREQUÊNCIA

Variações súbitas nas condições de regime permanente de um sistema elétrico


geram sobretensões que podem ser originadas por descargas atmosféricas, faltas,
curtos-circuitos ou manobras internas à subestação (AJUZ, et al, 1987). Tratam-se de
solicitações em altas frequências.

Segundo Rocha et al (2011, p.11):

As sobretensões de alta frequência resultam da superposição das reflexões


e refrações das ondas viajantes (de tensão ou corrente) que são geradas a
partir dos impulsos advindos das variações bruscas de tensão. Estas
reflexões e refrações de ondas viajantes ocorrem nas descontinuidades
encontradas no interior das subestações [...]. A formação das sobretensões,
com pequenos tempos de frente de onda e altas frequências é um fenômeno
puramente de ondas viajantes. Por isso, as sobretensões encontradas em
diferentes pontos da subestação poderão variar de forma e amplitude em
locais situados a poucos metros de distância um do outro.

De acordo com Vasques (2011), estes transitórios geram uma solicitação


dielétrica ao transformador que pode oferecer risco à sua vida útil. O período dos
transitórios é insignificante quando comparado ao período de regime permanente do
sistema. Todavia, são de extrema importância pois durante esses períodos os
equipamentos interligados ao sistema são submetidos às maiores solicitações
elétricas devido às tensões ou às correntes excessivas (apud LYNCE, 2004).
CAPÍTULO 2 10

Os transitórios geram solicitações em uma ampla faixa de frequência e chegar-


se a um modelo que represente o transformador em toda a faixa não se torna prático.
Este trabalho busca identificar modelos de transformadores para a análise de
transitórios eletromagnéticos causados por manobras de chaves seccionadoras.

2.7. ATPDRAW / ATP

Utilizou-se nas simulações o ATPDraw / ATP. Segundo Rocha et al (2011, p.


27): “Por razões históricas e econômicas, o programa ATP se tornou a referência no
setor elétrico brasileiro, como ferramenta computacional para a simulação de
transitórios eletromagnéticos.” Trata-se de um programa do tipo EMTP, utiliza a
técnica de resolução no domínio do tempo (apud ATP Rule Book, Herverlee, Belgium,
1987).

Rocha et al (2011, p.27 apud Dommel, 1996) descreve que:

Com programas desta classe, a solução é determinada para cada passo de


tempo ∆t, em geral prefixado. Partindo-se das condições iniciais em t = t0 , as
tensões em cada nó do sistema em análise são determinadas em t = (t0 + ∆t),
(t0 + 2∆t) , (t0 + 3∆ ) , ..., até o tempo máximo de simulação tmáx. No processo
de cálculo das tensões e correntes em cada terminal, se faz necessário
conhecer as tensões e correntes em instantes de tempo anteriores, ou seja,
a história do sistema. Mudanças súbitas na configuração do sistema (como
defeitos, abertura e fechamento de disjuntores, etc.) e a presença de
elementos não lineares, podem ser modelados sem muita dificuldade.
CAPÍTULO 3 11

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Para a implementação de um modelo de transformador de potência,


equipamento de suma importância para o sistema elétrico, para estudos de
transitórios eletromagnéticos, além do valor ôhmico da resistência entre os terminais
de cada enrolamento e o valor das indutâncias próprias de cada bobina e indutâncias
mútuas entre bobinas, devem ser considerados os valores de capacitâncias
encontradas ao longo da bobina (capacitância série), as capacitâncias entre bobinas
e entre bobinas e o referencial de terra (ROCHA, et al, 2011).

Há modelos de transformadores disponíveis nos EMTP. Estes, porém, não são


capazes de representar o comportamento do transformador para análise de
fenômenos transitórios de altas frequências, uma vez que, não se leva em
consideração adequadamente o comportamento ressonante do transformador
causado por sua geometria (JURISIC et al, 2015; MORCHED, MARTÍ,
OTTEVANGERS, 1993).

São apresentados a seguir alguns trabalhos consagrados na área e


publicações recentes sobre a modelagem de transformadores em altas frequências.

Em 1990, cria-se, no âmbito do Cigré, um Working Group com o objetivo de


estudar as diretrizes para a representação dos elementos de rede no cálculo de
transitórios. Primeiramente, relaciona-se as origens de transitórios elétricos com as
faixas de frequências. Esta relação é mostrada na Tabela 3.1. O trabalho apresenta
uma classificação em quatro grupos dependendo da faixa de frequência e do
fenômeno transitório associado. A Tabela 3.2 apresenta a faixa de frequência e a
classificação dos surtos relacionadas a cada grupo.
CAPÍTULO 3 12

Tabela 3.1 – Origem dos transitórios elétricos e faixas de frequências associadas.


Origem Faixa de Frequência
Energização de Transformadores - Ferrorressonância (DC) 0,1 Hz - 1 kHz
Rejeição de Carga 0,1 Hz - 3 kHz
Falta Sólida 50/60 Hz - 3 kHz
Início de uma Falta 50/60 Hz - 20 kHz
Energização de Linha 50/60 Hz - 20 kHz
Religamento de Linha (DC) 50/60 Hz - 20 kHz
Recuperação de Falta Sólida 50/60 Hz - 20 kHz
Recuperação de Curto em Linha 50/60 Hz - 100 kHz
Várias tentativas de reenergização por disjuntor 10 kHz - 1 MHz
Surtos Atmosféricos e Faltas em Subestações 10 kHz - 3 MHz
Comutação de Chaves Seccionadoras e Faltas em 100 kHz - 50 MHz
Subestações Blindadas
Referência: Cigré Working Group, 1990.

Tabela 3.2 – Classificação relacionando os grupos à faixa de frequência e aos surtos transitórios.

Grupo Faixa de Frequência Classificação do Surto Representação


Principal
I 0,1 Hz a 3 kHz Oscilações de Baixa Sobretensões
Frequência Temporárias
II 50/60 Hz a 20 kHz Frente Lenta Sobretensões de
Comutação
III 10 kHz a 3 MHz Frente Rápida Sobretensões de Surtos
Atmosféricos
IV 100 kHz a 50 MHz Frente Muito Rápida Sobretensões
originadas de Restrikes
Referência: Cigré Working Group, 1990.

Para cada grupo, há o modelo sem a consideração da transferência entre os


enrolamentos e outro considerando-a. O modelo do Grupo I apresenta as perdas no
núcleo e no cobre, representadas pelas indutâncias e resistências do ramo de
magnetização e dos enrolamentos, e despreza o efeito capacitivo. O modelo do Grupo
II considera, além das perdas consideradas no modelo I, as capacitâncias entre os
enrolamentos, dos enrolamentos para a terra e a capacitância ligada ao núcleo.

Já no modelo do Grupo III, além das capacitâncias representadas no modelo


do Grupo II, representa-se as capacitâncias ao longo do enrolamento. Não se
considera mais o efeito do núcleo. Para o modelo sem a transferência de surto, o
enrolamento é representado através de um circuito RLC em paralelo associado a
ramos RLC série. E para o modelo do Grupo IV leva-se em consideração,
basicamente, o efeito capacitivo.

Em 1991, Soysal, propõe a modelagem de transformadores de potência,


CAPÍTULO 3 13

reatores e máquinas rotativas para análises de transitórios eletromagnéticos a partir


de medições de impedância na frequência através de terminais externos dos
equipamentos.

Um método numérico é aplicado para o cálculo dos parâmetros da equação de


estado diretamente das características de impedância terminal medida, sem a
necessidade das informações relacionadas aos aspectos construtivos. O modelo
proposto oferece vantagens em relação ao esforço computacional em simulações no
domínio do tempo e limitações quanto à avaliação do transformador, uma vez que,
desconsidera a estrutura interna dos enrolamentos (SOYSAL, 1991; MARTINS, 2007).

Morched, Martí e Ottevangers (1993) identificam, nos trabalhos já


apresentados, duas tendências para descrever o modelo de transformadores de
potência em altas frequências: informação de detalhes do enrolamento interno ou
conhecimento das características na frequência, obtidas através de medições em
seus terminais. Quanto ao modelo através dos aspectos construtivos do enrolamento,
além das informações serem restritas aos fabricantes, os autores descrevem como
adequado para o cálculo da distribuição de tensão ao longo de um enrolamento devido
à excitação de impulso, mas inadequado para o cálculo de transitórios envolvendo a
interação entre o transformador e o sistema. Além disso, o tamanho das matrizes
envolvidas torna este tipo de representação impraticável para os estudos do sistemas
através do EMTP.

Sendo assim, os autores apresentam um modelo baseado nas características


da matriz de admitância do transformador em uma determinada faixa de frequência.
Os elementos da matriz de admitância nodal são aproximados por funções racionais.
Essas aproximações são representadas sob a forma de uma rede RLC em um formato
adequado para uso direto no EMTP (MORCHED, MARTÍ, OTTEVANGERS, 1993).

A estrutura geral das redes RLC reflete as características de frequência


conhecidas das funções de admitância de um transformador representadas por três
tipos de ramos paralelos: comportamento indutivo em baixas frequências, que inclui
os efeitos dependentes da frequência devido ao efeito pelicular nos enrolamentos e
perdas de corrente no núcleo de ferro, representado por ramos RL; as capacitâncias
entre enrolamentos e entre o enrolamento e terra são representadas por ramos RLC
e o comportamento predominantemente capacitivo em altas frequências,
CAPÍTULO 3 14

representado por ramos RC (MORCHED, MARTÍ, OTTEVANGERS, 1993).

Desde 1998 até os dias atuais, Gustavsen vem trabalhando em um método de


ajuste vetorial (Vector Fitting) de dados no domínio da frequência por funções
polinomiais racionais. O método proposto por ele e por Semlyen em 1999 garante a
precisão e estabilidade numérica do modelo computacional obtido. Isto é feito
substituindo os polos de partida por um conjunto de polos conseguido através de uma
função escalonamento. Os autores já haviam apresentado, em 1998, um método
utilizando funções com polos de partida reais. Em 1999, eles ampliam o método para
funções com um grande número de picos de ressonância, permitindo polos de partida
complexos. O ajuste é feito através de um processo iterativo (GUSTAVSEN,
SEMLYEN, 1998, 1999).

Muitos trabalhos foram publicados pelo autor com aperfeiçoamentos e


aplicações do método. Em seguida, citam-se alguns.

Em 2002, Gustavsen apresenta a rotina Matrix Fitting, uma versão atualizada e


otimizada do método Vector Fitting. Trata-se de um método robusto e está
implementado através de rotinas computacionais de domínio público. O equivalente
pode ser importado para uso no ATP, validando o método também no domínio do
tempo.

O autor descreve, em 2004, a técnica de medição e modelagem utilizada para


obter um modelo black-box de um transformador de potência de dois enrolamentos,
com o objetivo de calcular transitórios eletromagnéticos em sistemas de potência.
Uma aproximação racional da matriz de admitância é calculada no domínio da
frequência na faixa de 50 Hz a 1 MHz, submetida à implementação de passividade.
No mesmo ano, o autor publica um trabalho sobre as medições com os terminais não
aterrados. Propõe-se a medição em sequência zero (GUSTAVSEN, 2004).

Em 2007, Gustavsen e Mo descrevem um equivalente do circuito sintetizado


para o ambiente de simulação PSCAD/EMTDC associando a medição de impedância
na frequência à transferência de tensão.

Gustavsen propõe, em 2010, a montagem da matriz de admitância através da


medição de resposta em frequência híbrida, combinando condições dos terminais em
curto-circuito e em aberto (GUSTAVSEN, 2010). Em 2015, o autor aborda uma
CAPÍTULO 3 15

filtragem para representação dos transformadores tanto em alta frequência quanto na


frequência da rede (GUSTAVSEN, 2015).

Em 2017, Gustavsen et al aumentam a abordagem de um modelo equivalente


baseado na função de transferência de tensão através de medições nos terminais do
transformador que permite o cálculo de tensões em pontos internos no enrolamento.

A modelagem através do Vector Fitting gera uma função racional aproximada


da curva medida. Apresenta resultados precisos e eficientes quanto à modelagem de
linhas de transmissão, modelos de transformadores e equivalentes de rede.
Entretanto, por tratar-se de um método matemático, não representa fisicamente o
equipamento.

Yu, Zanji e Chong (2009) modelam o enrolamento do transformador através do


modelo π para linhas de transmissão e as funções de impedância do ponto de
condução e transferência de tensão do circuito equivalente são calculados usando
análise nodal.

Porém, os parâmetros do modelo em ampla faixa de frequência são difíceis de


obter e em altas frequências, a perda não pode ser ignorada e o efeito pelicular faz
com que as indutâncias das linhas mudem com a frequência (YU, ZANJI, CHONG,
2009).

Os autores destacam a importância de se estabelecer a faixa de frequência


para a qual o modelo é válido, buscando atender à faixa dos surtos aos quais o
transformador está sujeito. A maior parte da energia dos componentes de frequência
acima de 10 MHz da onda de sobretensão passa pela capacitância da bucha e não
causa danos aos isolamentos do transformador. A bucha de alta tensão tem efeito de
filtro passa-baixa (YU, ZANJI, CHONG, 2009).

O Cigré apresenta, em 2011, um estudo sobre a interação entre


transformadores e o sistema elétrico com foco nos transitórios eletromagnéticos de
alta frequência.

Quanto à modelagem de transformadores, três modelos foram utilizados:


capacitância concentrada; modelo de capacitância entre terminais, fornecido pelo
CAPÍTULO 3 16

fabricante e modelo RLC sintetizado a partir das curvas de resposta em frequência do


transformador vista pelo terminal em análise.

O estudo apresenta estudos de casos ligados a transitórios eletromagnéticos


de empresas de energia pelo Brasil e sugere uma maior exploração das questões
referentes a medições de resposta em frequência, modelagem de transformadores –
utilização de modelos black-box a partir de medições de resposta em frequência e
modelos white-box fornecidos pelos fabricantes – e medições de transitórios rápidos
em campo (ROCHA, et al, 2011).

Em 2013, Azevedo, Rodrigues e Cerqueira propõem uma metodologia para


representação de transformadores de potência baseada em medições de impedância
terminal na frequência. O método é baseado na análise dos pontos máximos e
mínimos da curva de impedância e relaciona os valores ressonantes de capacitância
e indutância através do fator de qualidade. Um exemplo de aplicação da metodologia
são trabalhos sobre TRT – tensão de restabelecimento transitória.

Trata-se de uma síntese simples e que necessita apenas da medição de


impedância terminal na frequência para se chegar ao modelo do transformador. Não
considera a interação entre os enrolamentos. Desta forma, não atende em situações
em que se objetiva saber o surto transferido.

Marchesan et al (2015) apresentam um modelo de transformador de potência


utilizando o Vector Fitting, baseado em medições da matriz de admitância, utilizando
duas abordagens: a primeira utiliza como instrumentação um osciloscópio e um
gerador de funções, enquanto a segunda utiliza um analisador de resposta em
frequência. Os resultados mostram que ambas as metodologias podem ser usadas
para montar a matriz de admitância. No entanto, o SFRA – Sweep Frequency
Response Analyzer – apresentou melhores resultados, justificados, segundo os
autores, pela maior imunidade a ruídos e a interferências geradas por harmônicos.

Jurisic et al destacam, também em 2015, a dificuldade de representar o


transformador em altas frequências. Os autores chegam ao modelo a partir da matriz
de admitância do transformador através de medições de resposta em frequência e
fazem uma comparação do desempenho e precisão de ajuste de diferentes métodos
numéricos (JURISIC, et al, 2015).
CAPÍTULO 3 17

Em 2016, Jurisic et al fazem uma comparação entre três modelos de


transformadores para representação na faixa de até 20 kHz: o modelo BCTRAN
ampliado com matriz de capacitância, modelo grey-box e modelo black-box baseado
na análise de medições de resposta em frequência (JURISIC, et al, 2016). Os autores
detalham, em 2017, o modelo grey-box com base em um cálculo de método de
elementos finitos, derivado de informações limitadas sobre a geometria do
transformador (JURISIC, et al, 2017).

No mesmo ano, López et al analisam a precisão e o desempenho de diferentes


modelos de enrolamento de transformadores disponíveis na literatura, por meio de
comparações no domínio do tempo e da frequência, com medições em um protótipo
de enrolamento. Faz-se, também, a avaliação do tempo de processamento necessário
para cada modelo. Os resultados mostram que, a inclusão da dependência da
frequência dos parâmetros do modelo, é um fator decisivo para reproduzir com
precisão as medições (LÓPEZ, et al, 2017).

Diante da pesquisa bibliográfica realizada ratifica-se que representar o


transformador em altas frequências não é tarefa trivial. Para se chegar a uma síntese
do transformador em altas frequências, sem acesso às informações dos aspectos
construtivos, deve-se partir de medições que caracterizam o equipamento na
frequência através de acesso aos seus terminais. É importante determinar a faixa de
frequência e as ressonâncias significativas para cada aplicação, para que seja
possível chegar a um modelo representativo e prático.
CAPÍTULO 5 18

4. METODOLOGIA

A partir da revisão bibliográfica realizada, verificou-se que, para estudos da


interação de solicitações transitórias com o transformador de potência, a metodologia
mais adequada é a black-box. Para tanto, deve-se analisar o comportamento do
transformador na frequência.

Realizou-se a caracterização no domínio da frequência em campo do


transformador de potência em estudo. Trata-se de um transformador monofásico de
200 MVA, 500/√3 / 138/√3 / 13,8 kV. A subestação possui doze unidades destas em
operação – formando quatro bancos trifásicos (TR52, TR54, TR56 e TR58) – e duas
unidades reservas. Os terciários dos bancos de transformadores alimentam duas
unidades de geradores síncronos e os serviços auxiliares da subestação. Os setores
de 500 kV e 138 kV são blindados, isolados a gás SF6 e abrigados. As Figuras 4.1 e
4.2 mostram, respectivamente, o transformador de potência e o trecho aéreo entre a
saída do prédio de 500 kV e os bancos de transformadores.

Figura 4.1 – Transformador de Potência Monofásico 200MVA, 500/√3 / 138/√3 / 13,8 (kV) instalado
em uma subestação.
CAPÍTULO 5 19

Figura 4.2 – Saída do prédio de 500 kV – Bancos de transformadores.

Os ensaios de resposta em frequência foram realizadas na fase A do banco


TR52 – tratando-se de transformadores iguais (mesmas especificações e fabricante)
considerou-se os resultados de impedância terminal na frequência medidos para
todos os tranformadores dos bancos TR52, TR54 e TR56 – com os taps nas posições
2 (525/√3 kV) e 9A (138/√3 kV) e com o equipamento desconectado da rede. Mediu-
se na faixa de frequência de 20 Hz a 10 MHz.

Levou-se em consideração como ponto de acesso os terminais de alta (H1) e


baixa (X1) tensão. Os terminais H2 e X2 encontram-se aterrados e os terminais Y1 e
Y2, em aberto. A Tabela 4.1 relaciona os terminais com os enrolamentos e a Figura
4.3 representa a condição dos terminais, destacando os pontos de acesso
considerados.

Tabela 4.1 – Relação dos terminais com os enrolamentos

Terminais Enrolamentos
1 H1
Alta Tensão Primário
Aterrado H2
2 X1
Baixa Tensão Secundário
Aterrado X2
Aberto Y1
13,8 kV Terciário
Aberto Y2
CAPÍTULO 5 20

Figura 4.3 – Representação (a) dos pontos de acesso considerados e (b) da condição dos demais
terminais.
(a) (b)

Para medição de impedância utilizou-se um medidor RLC. Aplica-se um sinal


de tensão e mede-se corrente e tensão resultantes. Da relação entre a tensão e a
corrente medidas obtém-se a impedância em módulo e ângulo.

De 20 Hz a 100 kHz utilizou-se o medidor QuadTech modelo 7600, aplicou-se


5V na entrada. E de 100 kHz a 10 MHz fez-se uso do medidor HP modelo 4285A, com
aplicação de 2V na entrada. Os medidores são mostrados na Figuras 4.4 e 4.5,
respectivamente. Aquisitou-se um total de 346 pontos.

Figura 4.4 – Medidor RLC Quadtech 7600.

Figura 4.5 – Medidor RLC HP 4285A.

Utilizaram-se fitas de cobre da instrumentação até o terminal das buchas com


o objetivo de diminuir a indutância. Porém perde-se repetibilidade no ensaio, uma vez
que, dependendo da disposição das fitas, altera-se o arranjo de medição. Há estudos
CAPÍTULO 5 21

em andamento no Cepel quanto à utilização de cabos na medição de resposta em


frequência associado a técnicas para eliminação do efeito do cabo.

As Figuras 4.6 e 4.7 mostram um diagrama representativo da medição de


impedância do terminal 1 – alta tensão – e o resultado da impedância na frequência
em módulo e ângulo, respectivamente. Já as Figuras 4.8 e 4.9 mostram a
representação da medição e os resultados de impedância na frequência para o
terminal 2 – baixa tensão –, respectivamente.

Figura 4.6 – Diagrama representativo da medição de impedância do terminal 1 – alta tensão.

Figura 4.7 – Medição da impedância na frequência vista pelo terminal 1 – alta tensão.
CAPÍTULO 5 22

Figura 4.8 – Diagrama representativo da medição de impedância do terminal 2 – baixa tensão.

Figura 4.9 – Medição da impedância na frequência vista pelo terminal 2 – baixa tensão.

Notam-se interferências na medição principalmente no final do espectro. Com


o aumento da frequência, há maior influência do arranjo de medição, aumenta-se
consideravelmente a reatância indutiva dos condutores e conexões – que é
desprezível em baixas frequências – e a reatância capacitiva possui valor muito baixo,
comportando-se, praticamente, como um curto-circuito, o que provoca capacitâncias
parasitas ao arranjo.

Além disso, há limitações quanto à intrumentação considerando os níveis de


tensão aplicada. Tratando-se da impedância variante com a frequência,
consequentemente há alterações nos valores de tensões e correntes medidos. Nas
frequências baixas, os valores de impedâncias são maiores, o que causa correntes
baixas. Já em altas frequências, além da maior influência da impedância do arranjo
CAPÍTULO 5 23

de medição, os valores de impedâncias e, consequentemente, os valores de tensões


medidas são muito baixos.

A medição de ângulo de fase é mais susceptível às interferências. A partir de,


aproximadamente, 2 MHz, os valores de ângulo ultrapassam a faixa entre -90º e 90º
o que configura um erro na medição de impedância terminal, de acordo com a
Equação 1 apresentada anteriormente.

As medições de transferência de tensão na frequência encontram-se no


Apêndice A e não foram utilizadas nos três modelos que serão descritos, apenas nas
propostas de um modelo associando a impedância terminal à transferência de tensão
e na montagem da matriz de admitância.
CAPÍTULO 5 24

5. MODELAGEM DO TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA

Para modelagem do transformador de potência, analisa-se a curva de


impedância terminal na frequência objetivando-se chegar a uma síntese que
represente o transformador em altas frequências. Segundo Frontin (2013, p. 251): “O
transformador pode ser considerado como um número de diferentes circuitos RLC
ligados e acoplados uns aos outros”.

Relacionando a curva de impedância na frequência vista do lado de alta tensão


– em que encontram-se as restrições operativas – com a síntese do circuito tem-se
comportamento indutivo até, aproximadamente, 650 Hz e o efeito capacitivo até,
aproximadamente, 1 MHz. De 1 MHz a 10 MHz nota-se a predominância do
comportamento indutivo novamente.
As frequências em que as reatâncias se igualam (máxima troca de energia
entre capacitor e indutor) são denominadas frequências ressonantes. Nestes pontos
o valor da impedância é igual à parcela resistiva. Os pontos máximos são
denominados ressonâncias paralelas e os pontos mínimos ressonâncias séries, uma
vez que, na associação em paralelo, há o maior valor de impedância quando capacitor
e indutor ressonam e nos circuitos RLC série o valor de impedância é mínimo quando
há ressonância.
Modela-se um sistema através de uma metodologia e segundo um ponto de
vista. Chegou-se a três modelos do transformador de potência utilizando a
metodologia black-box:

 Análise da impedância terminal relacionando os pontos ressonantes através do


fator de qualidade;
 Função aproximada através do Vector Fitting;
 Saturable Transformer do ATPDraw associado a impedâncias
complementares.

O modelo baseado na análise da impedância terminal relacionando os pontos


ressonantes a partir do fator de qualidade e a aproximação através do Vector Fitting
têm como ponto de vista a impedância do terminal de alta tensão. Já o modelo
Saturable Transformer do ATPDraw associado a impedâncias complementares
baseou-se na impedância vista pelo terminal de alta e baixa tensão. Representaram-
CAPÍTULO 5 25

se nas simulações os modelos trifásicos.

Para simplificar, os modelos serão definidos neste trabalho, por vezes, como:
modelo Impedância Terminal, modelo Vector Fitting e modelo Saturable
correspondendo, respectivamente, ao modelo baseado na análise da impedância
terminal relacionando os pontos ressonantes a partir do fator de qualidade, modelo
aproximado através do Vector Fitting e modelo Saturable Transformer do ATPDraw
associado a impedâncias complementares.

Apresenta-se, também, o modelo disponibilizado pelo fabricante e uma


proposta de associar os modelos baseados na impedância do terminal de alta tensão
à transferência de tensão.

Em Rêma et al (2018) é apresentada a comparação entre o modelo Impedância


Terminal e o Vector Fitting aproximado com 84 polos sem a aplicação da passividade
até 2 MHz. Para análise no domínio no tempo, simulou-se a aplicação de um degrau
de tensão e mediu-se a corrente transitória.

5.1. MODELO DO FABRICANTE

O fabricante do transformador forneceu um modelo baseado na impedância


vista pelo lado de alta tensão. Trata-se de um circuito sintetizado a partir da
impedância na frequência resultante de um modelo white-box. Montou-se o circuito no
ATPDraw, mostrado na Figura 5.1.
Figura 5.1 – Circuito sintetizado: modelo fabricante.

Através das rotinas Frequency Scan e Plotxy do ATPDraw é possível plotar o


comportamento dos circuitos na frequência, determinando-se as frequências mínimas
e máximas e o número de pontos por década. Aplica-se uma fonte de corrente
alternada com amplitude de 1A e mede-se a tensão – equivalente ao valor de
impedância, fazendo-se a verredura na frequência. Utilizaram-se 100 pontos por
década.

Os resultados do comportamento na frequência do modelo fornecido pelo


CAPÍTULO 5 26

fabricante, em módulo e ângulo, são apresentados nas Figuras 5.2 e 5.3,


respectivamente.
Figura 5.2 – Módulo da impedância vista pelo terminal de alta tensão – Modelo fabricante.

Figura 5.3 – Ângulo da impedância vista pelo terminal de alta tensão – Modelo fabricante.

Comparando-se o resultado na frequência do modelo com a impedância


medida (Figura 5.4), verifica-se que o modelo do fabricante não representa o
transformador em altas frequências. Quanto a diferença em relação ao ponto de
ressonância paralela, acredita-se que deve-se à condição dos terminais durante a
medição realizada em campo e as condições utilizadas pelo fabricante para confecção
do modelo. Uma vez que, mediu-se também a impedância vista do terminal de alta
tensão com os outros terminais curtos-circuitados e aterrados e a resposta em
frequência do modelo do fabricante assume uma condição intermediária entre as duas
condições – com os terminais em aberto e curtos-circuitados.
CAPÍTULO 5 27

Figura 5.4 – Comparação entre medição e simulação: modelo fabricante.

5.2. MODELO A PARTIR DA ANÁLISE DA IMPEDÂNCIA TERMINAL RELACIONANDO OS

PONTOS RESSONANTES ATRAVÉS DO FATOR DE QUALIDADE

Azevedo, Rodrigues e Cerqueira (2013) propõem uma modelagem baseada na


medição de impedância terminal na frequência, relacionando os valores de
capacitância e indutância dos pontos ressonantes através do fator de qualidade.
Trata-se de um método prático, simplificado e chega-se ao modelo baseado em um
terminal. Possui limitações em relação à quantidade de pontos ressonantes,
principalmente se as frequências estiverem muito próximas.

A Figura 5.5 mostra a medição de impedância do terminal de alta tensão com


destaque para os pontos considerados na modelagem.

Figura 5.5 – Medição do módulo da impedância na frequência vista pelo terminal de alta tensão –
Destaque para os pontos considerados na modelagem.
CAPÍTULO 5 28

Considera-se a frequência de ressonância paralela (f1), a ressonância série (f2)


com diferença maior que 3 dB em relação à frequência central e a ressonância série
(f3) entre a capacitância de surto (Cs) e a indutância das conexões. Não há restrição
em considerar as ressonâncias séries menores. Optando por apresentá-las, aumenta-
se a precisão e, consequentemente, a complexidade do circuito.

Inicia-se a modelagem levando-se em consideração f1 e Cs, identifica-se o valor


da resistência do primeiro circuito da síntese e calculam-se os valores de indutância
(L1) – referente à frequência nominal – e capacitância. Em seguida, verifica-se o valor
de resistência relacionado a f2 e associam-se os valores de capacitância e indutância
através de duas definições de fator de qualidade mostradas nas Equações 4 e 5
(AZEVEDO, RODRIGUES, CERQUEIRA, 2013).

𝑄= (4)

𝑄= (5)

A variável df – diferencial na frequência – presente na Equação 5 é a largura


de banda – medida da faixa de frequência na qual a resposta do sinal está situada a
3 dB em relação à resposta na frequência central. A impedância relacionada à largura
de banda é determinada pela Equação 6 e ilustrada na Figura 5.6 (AZEVEDO,
RODRIGUES, CERQUEIRA, 2013).

𝑍 = 20 𝑙𝑜𝑔 (6)

Figura 5.6 – Definição da largura de banda considerada.

Referência: AZEVEDO, RODRIGUES, CERQUEIRA, 2013.


CAPÍTULO 5 29

Relacionando as definições de qualidade, tem-se o valor de indutância e


capacitância determinados pelas Equações 7 e 8, respectivamente.

𝐿 = (7)

𝐶 = ( )
(8)

A etapa final do processo de síntese é a modelagem da ressonância série entre


a Cs e a indutância das conexões (AZEVEDO, RODRIGUES, CERQUEIRA, 2013).

Os parâmetros resultantes da modelagem são apresentados na Tabela 5.1, o


circuito resultante da síntese montado no ATPDraw é mostrado na Figura 5.7. Já as
Figuras 5.8 e 5.9 mostram os resultados da modelagem comparados à medição em
módulo e ângulo, respectivamente.

Tabela 5.1 – Parâmetros do modelo a partir da análise da impedância terminal na frequência.


Frequência (Hz) R (Ω) L (mH) C (nF)
644,2 1 784 k - -
f1 60,8 - 26 660 -
287 k - - 1,83
f2 14,31 k 2,81 k 176,54 0,7014
f3 969 k 12,8 0,017 -

Figura 5.7 – Circuito sintetizado: modelo Impedância Terminal.

Figura 5.8 – Comparação entre módulo medição e simulação: modelo Impedância Terminal.
CAPÍTULO 5 30

Figura 5.9 – Comparação entre ângulo medição e simulação: modelo Impedância Terminal.

5.3. FUNÇÃO APROXIMADA ATRAVÉS DO VECTOR FITTING

O Vector Fitting gera, de forma iterativa, uma função racional aproximada da


curva medida. Gustavsen possui diversas publicações sobre o método,
implementações e aplicações. Chega-se a um conjunto de polos e zeros que possuem
comportamento na frequência próximo à medição. Para tanto determina-se o número
de polos, iterações e o peso dado a cada faixa de frequência. O apêndice B mostra
as equações utilizadas para a aproximação através do Vector Fitting (GUSTAVSEN,
SEMLYEN, 1999).

Trata-se de um método consagrado e as rotinas são de domínio público


disponíveis através da Matrix Fitting Toolbox. As rotinas VFdriver e vectfit3 fazem o
ajuste racional através da realocação dos polos. Já a rotina RPdriver é responsável
pela aplicação da passividade.

Há a possibilidade de gerar um circuito RLC que represente a função para


implementação nos programas do tipo EMTP, através da rotina Netgen_ATP. A Figura
5.10 mostra o circuito sintetizado da função racional aproximada utilizando o Vector
Fitting. Os ramos RL representam os polos reais e os ramos RLC equivalem aos polos
complexos conjugados (GUSTAVSEN, 2002). A Figura 5.11 mostra um fluxograma
geral do programa Vector Fitting, com as entradas e saídas e principais rotinas.
CAPÍTULO 5 31

Figura 5.10 – Circuito sintetizado utilizando o Vector Fitting.

Referência: GUSTAVSEN, 2002.

Figura 5.11 – Fluxograma geral do programa Vector Fitting.

Referência: Adaptado de User Manual Matrix Fitting Toolbox (GUSTAVSEN, 2009).

O MatLab foi utilizado para a implementação das as rotinas do Vector Fitting.


Como entrada de dados, utiliza-se a admitância. Sendo assim, para a modelagem do
transformador pela sua impedância vista pelo lado de alta tensão inverteu-se elemento
a elemento do vetor de impedância.

Através do parâmetro weight é possível ponderar as faixas de frequência. Com


o objetivo de priorizar o ajustes das altas frequências ponderou-se as frequências de
20 Hz a 2 kHz com peso 1 e de 2 kHz a 10 MHz com peso 10.

Tentou-se o ajuste da função com várias ordens de aproximação – número de


CAPÍTULO 5 32

polos. O resultado da aproximação com 84 polos – 2 polos reais e 41 polos complexos


conjugados é mostrado na Figura 5.12.

Figura 5.12 – Curva aproximada através Vector Fitting com 84 polos.

Sem a aplicação da passividade, a função ajustada é muito próxima à curva


medida, porém resulta em simulações no tempo com respostas instáveis. Há
situações em que o uso de funções racionais aproximadas para a admitância de
transformadores e equivalentes de rede pode provocar problemas de instabilidade em
simulações no tempo, mesmo com os polos localizados no semi-plano esquerdo do
plano s. Tais funções racionais violam o critério da passividade, que estabelece o
sentido do fluxo de potência ativa em um sistema passivo (GUSTAVSEN, SEMLYEN,
2001).

Aplicando a passividade nota-se um maior erro na aproximação nas


frequências mais altas, principalmente na faixa entre 1 MHz e 3 MHz,
aproximadamente. O erro (gráfico em verde da Figura 5.12) refere-se à diferença entre
as funções com e sem a aplicação da passividade.

O circuito, gerado através da rotina Netgen_ATP, que representa o modelo


racional aproximado com 84 polos foi importado para o ATPDraw através dos recursos
Library / $include – Figura 5.13 – e é apresentado no Apêndice C. Para simplicar (uma
vez que os circuitos são iguais), apresentou-se nos Apêndices apenas uma fase. Os
resultados da varredura na frequência do modelo comparados à medição, em módulo
e ângulo, são mostrados nas Figuras 5.14 e 5.15, respectivamente. Nota-se o ajuste
CAPÍTULO 5 33

do ângulo na faixa entre -90º e +90º.

. Figura 5.13 – Circuito resultante do Vector Fitting importado para o ATPDraw.

Figura 5.14 – Comparação entre o módulo da medição e simulação: varredura na frequência do


circuito resultante do Vector Fitting aproximado com 84 polos.

Figura 5.15 – Comparação entre o ângulo da medição e simulação: varredura na frequência do


circuito resultante do Vector Fitting aproximado com 84 polos.

Os polos são alocados de forma a criar uma função que se aproxime da curva
medida. Com um maior número de polos, há a tentativa de um ajuste mais próximo
CAPÍTULO 5 34

da medição, o que causa o ajuste de possíveis interferências contidas na curva


medida. A tentativa de ajustar o módulo causa variações no ângulo que destoam da
medição.

Sendo assim, fez-se a aproximação através do Vector Fitting com um número


menor de polos. A seguir são apresentados os resultados da aproximação com 15
polos – 1 polo real e 7 polos complexos conjugados. A sintese que representa o
modelo racional aproximado com 15 polos é apresentado no Apêndice D. A Figura
5.16 mostra a curva aproximada com 15 polos e a Figura 5.17 destaca a faixa de
100 kHz a 10 MHz comparando a medição à curva aproximada com 84 e 15 polos.

Figura 5.16 – Curva aproximada através Vector Fitting com 15 polos.

Figura 5.17 – Curva aproximada através Vector Fitting com 84 e 15 polos na faixa de frequência de
100 kHz a 10 MHz.
CAPÍTULO 5 35

A função com 15 polos é de menor complexidade comparada à função com 84


polos, o que causa um ajuste mais simplificado, sem a tentativa de ajustar variações
menores. As Figuras 5.18 e 5.19 mostram os resultados em módulo e ângulo,
respectivamente, da varredura na frequência dos circuitos aproximados com 84 polos
e com 15 polos.

Figura 5.18 – Comparação entre o módulo da medição e simulação: varredura na frequência do


circuito resultante do Vector Fitting aproximado com 15 e 84 polos.

Figura 5.19 – Comparação entre o ângulo da medição e simulação: varredura na frequência do


circuito resultante do Vector Fitting aproximado com 15 e 84 polos.

Com a aproximação utilizando 15 polos, não há o ajuste das ressonâncias


séries (exceto da ressonância série de maior diferença em relação à frequência central
em aproximadamente 14 kHz), entre 10 kHz e 100 kHz, entretanto o comportamento,
CAPÍTULO 5 36

principalmente do ângulo, na faixa de frequência entre 100 kHz e 1 MHz aproxima-se


mais da curva medida. Como o objetivo é o modelo em altas frequências optou-se por
utilizar o modelo aproximado com 15 polos.
Não se conseguiu chegar a um ajuste racional passivo mais próximo da
medição (utilizando a curva até 10 MHz) na faixa entre, aproximadamente, 1 MHz e
3 MHz, mesmo com um maior número de polos – 320 polos foi a ordem máxima
utilizada na aproximação como tentativa de ajuste.

5.4. MODELO SATURABLE TRANSFORMER DO ATPDRAW ASSOCIADO A IMPEDÂNCIAS


COMPLEMENTARES

Os modelos do ATPDraw – Saturable Transformer, BCTRAN e Hybrid


Transformer – são válidos e apresentam bons resultados para análises de transitórios
de baixas e médias frequências (BRONZEADO et al, 2017; MORK et al, 2007). Para
a representação do transformador em altas frequências utilizou-se o Saturable
Transformer associado a impedâncias complementares modeladas a partir das
medições de impedância na frequência dos terminais 1 e 2.

A configuração do modelo, mostrada na Figura 5.20, foi feita a partir dos valores
básicos de indutâncias dos enrolamentos (L) e das tensões nominais de cada lado
(U), considerando-se a posição do tap. Além disso, define-se a indutância de
magnetização – a partir da corrente (I0) e do fluxo (F0) do ramo de magnetização na
frequência nominal – e a resistência de magnetização (Rm). Representa-se o modelo
trifásico.

Figura 5.20 – Configuração do modelo Saturable Transformer do ATPDraw.


CAPÍTULO 5 37

O valor de indutância associada ao núcleo corresponde à subida inicial (baixas


frequências) da curva de impedância terminal. A descida da curva está associada ao
valor da capacitância total equivalente vista de cada lado que será composta pelos
valores de capacitâncias utilizadas.
A subida final (altas frequências) corresponde ao valor associado às buchas
(Lb1 e Lb2). De modo a compatibilizar mais a representação da bucha foi considerada
uma capacitância do terminal da bucha para a terra (C1t e C2t) – valores obtidos dos
relatórios de testes do fabricante – e estes pares Lb1-C1t e Lb2-C2t foram convertidos
em parâmetros distribuídos para melhor representação da bucha.

As ressonâncias séries das curvas de impedância terminal foram modeladas


através de circuitos RLC adicionados. A Figura 5.21 mostra o modelo ajustado. As
Figuras 5.22 a 5.25 mostram o resultado na frequência em módulo e ângulo da
modelagem comparado à medição dos terminais de alta e baixa tensão.

Figura 5.21 – Modelo ajustado a partir do Saturable Transformer associado a impedâncias


complementares.

Figura 5.22 – Comparação entre o módulo da medição e simulação: modelo Saturable –


Impedância do terminal de alta tensão.
CAPÍTULO 5 38

Figura 5.23 – Comparação entre o ângulo da medição e simulação: modelo Saturable –


Impedância do terminal de alta tensão.

Figura 5.24 – Comparação entre o módulo da medição e simulação: modelo Saturable –


Impedância do terminal de baixa tensão.

Figura 5.25 – Comparação entre o ângulo da medição e simulação: modelo Saturable –


Impedância do terminal de baixa tensão.
CAPÍTULO 5 39

5.5. PROPOSTA ASSOCIANDO OS MODELOS BASEADOS NA IMPEDÂNCIA TERMINAL À


TRANSFERÊNCIA DE TENSÃO NA FREQUÊNCIA

Uma alternativa para se determinar a transferência de surto de um terminal a


outro é associando-se os modelos a partir das medições de impedância vista de um
terminal à transferência de tensão na frequência.

Gustavsen e Mo (2007) propõem um modelo baseado na associação das


medições de resposta em frequência para o PSCAD / EMTDC.

Utilizando o ATPDraw / ATP, transforma-se o sinal de tensão do terminal 1 do


tempo para a frequência. Para tanto, utiliza-se a FFT. Multiplica-se o resultado pela
transferência de tensão e encontra-se a tensão do terminal 2 no domínio da
frequência. Realizando-se a FFT inversa, é possível encontrar a tensão no terminal 2
no domínio do tempo.

Trata-se de um modelo unilateral. Para se determinar a tensão transferida do


terminal 1 para o terminal 2, utiliza-se a medição de impedância do terminal 1 e a
relação de tensão V2 / V1 – representado na Figura 5.26. Já para a determinação da
tensão transferida do terminal 2 para o terminal 1, utiliza-se a medição de impedância
do terminal 2 e a relação de tensão V1 / V2.

Figura 5.26 – Representação do método utilizando a impedância vista do terminal 1 e a transferência


de tensão.

Todavia, para as simulações de transitórios gerados a partir da manobra de


chaves seccionadoras na subestação, transferir a tensão obtida no terminal de alta
tensão para o terminal de baixa tensão não irá necessariamente reproduzir a tensão
que irá resultar no terminal de baixa tensão, uma vez que, a tensão neste terminal irá
sofrer a ação da interação do surto que chega através do transformador com o que
CAPÍTULO 5 40

esteja representado neste lado. Sendo assim, para a análise da tensão que é
transferida para o lado de baixa tensão deve-se desenvolver um modelo de
transformador que represente ambos os terminais de acordo com a transferência de
tensão na frequência e modelar a subestação de 138 kV.

Para tanto, obtém-se a matriz de admitância do transformador. No Apêndice E


são apresentados pontos importantes para montagem da matriz, as equações e os
resultados dos elementos mútuos da matriz obtidos a partir das medições.

Devido às interferências nas medições de resposta em frequência,


principalmente na medição do ângulo da transferência de tensão, não foi possível
chegar a um ajuste através da matriz de admitância, pois não se obtém uma função
racional aproximada da curva.

Em altas frequências, além da maior influência da impedância do arranjo de


medição, há limitações quanto à instrumentação considerando os níveis de tensão
aplicada, pois os valores de impedâncias e, consequentemente, os valores de tensões
medidas são baixos, o que causa variações na curva de resposta em frequência. O
Vector Fitting não se adequa pois exige uma curva de resposta em frequência com
menor interferência, uma vez que, a rotina busca ajustar as pequenas variações na
impedância.

5.6. COMPARAÇÃO NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA ENTRE OS TRÊS MODELOS

Compararam-se os modelos Impedância Terminal, Vector Fitting e Saturable


Transformer à curva de impedância terminal na frequência medida no final do
espectro, na faixa de 100 kHz a 10 MHz. Nesta faixa, predomina a ressonância série
entre o comportamento capacitivo em até, aproximadamente, 1 MHz e a indutância
do arranjo de medição e conexões. As Figuras 5.27 e 5.28 comparam à medição aos
três modelo em módulo e ângulo, respectivamente.
CAPÍTULO 5 41

Figura 5.27 – Comparação entre o módulo da medição e simulação com os três modelos.

Figura 5.28 – Comparação entre o ângulo da medição e simulação com os três modelos.

O modelo Impedância Terminal e Saturable Transformer representam melhor a


ressonância série do que o ajuste através do Vector Fitting com a aproximação através
de 15 polos. Os modelos baseados nos pontos ressonantes possuem melhores
resultados quando há uma ressonância bem definida e apresentam limitações quando
há um número maior de ressonâncias e proximidade entre elas.
A partir de 1 MHz, conforme já mencionado no capítulo anterior, há maior
interferência na medição de impedância terminal na frequência. O modelo do Vector
Fitting é o que mais se aproxima da curva medida, porém o ajuste fica comprometido
devido às variações existentes na curva medida. Com os modelos Impedância
Terminal e Saturable Transformer não foi possível o ajuste a partir desta faixa. Obteve-
CAPÍTULO 5 42

se no modelo Impedância Terminal apenas o comportamento indutivo, já o modelo


Saturable apresenta oscilações devido à representação da bucha através de
parâmetros distribuídos.
CAPÍTULO 6 43

6. ANÁLISES E RESULTADOS

Na investigação de um problema no sistema elétrico, as etapas de simulação e


medição, por serem complementares, devem estar associadas. A medição de
resposta em frequência permite chegar a um modelo do transformador que viabiliza
simulações mais próximas da realidade. Por outro lado, os resultados das simulações
são de grande importância para a especificação e dimensionamento da
instrumentação adequada para a medição de transitórios de tensão em campo, além
de permitir a definição de uma sequência de manobras mais consistente com a
operação.

Segundo Rocha et al (2011, p.101): “Medições de transitórios no campo são de


fundamental importância para a validação dos modelos empregados nas simulações”.
Com os resultados da medição de transitórios é possível validar a modelagem do
fenômeno analisado e com isso o modelo do equipamento em análise, neste caso, o
transformador de potência.

Realizou-se a simulação das manobras e compararam-se os resultados das


simulações com as medições de transitórios de tensão feitas em campo. A Figura 6.1
mostra o diagrama unifilar do trecho manobrado da subestação.

Figura 6.1 – Diagrama unifilar do trecho manobrado da subestação.


CAPÍTULO 6 44

A restrição operativa encontra-se na subestação de 500 kV, logo os resultados


apresentados, tanto da simulação quanto da medição, referem-se ao terminal de alta
tensão do transformador. Tratam-se dos valores de tensão transitória que chegam ao
terminal do transformador a partir da manobra das chaves seccionadoras.

Consideraram-se os modelos de transformadores apresentados no capítulo


anterior para os bancos TR52, TR54 e TR56. O banco TR58 possui suas unidades
transformadoras de mesma especificação, porém de fabricante diferente. Logo, para
este banco, foi utilizado o modelo disponibilizado pelo fabricante. Serão apresentados
os resultados das simulações e das medições em campo, considerando uma janela
de tempo de 50 µs (intervalo de frequência entre 20 kHz e 10 MHz), da manobra da
chave 9447 – chaves 9437, 9435, 9445 e 931 encontram-se fechadas – e da chave
9437 – chaves 9435, 9447, 9445 e 931 fechadas –, os disjuntores 9432 e 9442 estão
abertos em ambos os casos.

6.1. SIMULAÇÕES

Realizaram-se, no ATPDraw / ATP, as simulações no domínio do tempo das


manobras das chaves seccionadoras, que atualmente encontram-se restritas. A
subestação de 500 kV foi representada pelo modelo JMarti, que leva em consideração
a variação dos parâmetros com a frequência (MARTI, 1982) e o trecho aéreo (saída
da subestação de 500 kV até os transformadores) modelado por parâmetros
distribuídos e constantes.

Para as chaves seccionadoras e disjuntores utilizou-se o modelo de chave


controlada por tempo. No modelo dos disjuntores, há uma capacitância série
representando o capacitor de equalização.

Foi representada uma diferença máxima de tensão entre os terminais da chave


através do carregamento do trecho em desenergização com mesma amplitude e
polaridade oposta à do sistema associada à última reignição da manobra de abertura.

Utilizou-se nas simulações um passo de tempo (∆𝑡) de 1 ns. Segundo o


teorema da amostragem de Nyquist-Shannon, amostrando-se um sinal, no mínimo ao
dobro de sua frequência, é possível recontruí-lo. Desta forma, um sinal é
apropriadamente amostrado se ele não possuir componentes em frequências acima
de metade da frequência de amostragem (OGATA, 1998). Sendo assim, com um ∆𝑡
CAPÍTULO 6 45

de 1 ns, é possível representar frequências até, no máximo, 500 MHz. A resposta em


frequência do transformador e, consequentemente o seu modelo, foram realizados até
10 MHz, logo, realiza-se a análise das componentes de frequências de tensão
transitória até esta frequência – 50 vezes menor que o máximo possível levando em
consideração o intervalo de tempo de amostragem da simulação.

As Figuras 6.2 e 6.3 mostram o trecho da subestação simulado no ATPDraw e


a diferença de tensão entre os polos da chave, respectivamente.

Figura 6.2 – Trecho da subestação simulado no ATDraw utilizando o modelo JMarti – Simulação da
manobra da chave 9447.

Figura 6.3 – Diferença de tensão simulada entre os polos da chave.


800
[kV]
540

280

20

-240

-500
0 10 20 30 40 [us] 50
(file blackbox_VF_9447_FaseC.pl4; x-var t) v:TR_ISA v:TR_ENA

As Figuras 6.4 a 6.6 mostram os resultados da simulação da tensão transitória


que chega ao terminal de alta tensão do transformador a partir da manobra da chave
9447 no tempo utilizando os modelos Impedância Terminal, Vector Fitting e Saturable
Transformer, respectivamente, e a Figura 6.7 mostra os resultados dos três modelos
simulados.
CAPÍTULO 6 46

Figura 6.4 – Tensão - Manobra da chave 9447 – Simulação: modelo Impedância Terminal.

Figura 6.5 – Tensão - Manobra da chave 9447 – Simulação: modelo Vector Fitting.

Figura 6.6 – Tensão - Manobra da chave 9447 – Simulação: modelo Saturable.


CAPÍTULO 6 47

Figura 6.7 – Tensão - Manobra da chave 9447 – Simulação.

A Figura 6.8 mostra as componentes de frequência dos sinais de tensão


transitória simulados com os três modelos de transformadores. O eixo vertical refere-
se à amplitude em pu, utilizando como valor base a tensão de pico fase nominal
levando em consideração a posição do tap – 525 / √3 ∗ √2 kV. Utilizando a janela de
tempo de 50 µs, atinge-se frequência a partir de 20 kHz. Iniciou-se a escala de
frequência em 300 kHz, pois a primeira componente de frequência de maior amplitude
(no intervalo a partir de 20 kHz) encontra-se em, aproximadamente, 600 kHz.

Figura 6.8 – FFT da tensão - Manobra da chave 9447 – Simulação.

As componentes de frequência de maiores amplitudes encontram-se,


aproximadamente, em 600 kHz, 1,8 MHz, 2,8 MHz, 3,2 MHz, 4 MHz e 8 MHz. Entre
2,5 MHz e 4,5 MHz o modelo Vector Fitting apresenta as maiores amplitudes entre os
três modelos, com a maior amplitude – 0,092 pu (9,2 % acima da tensão de pico fase
CAPÍTULO 6 48

nominal) – na frequência de 4,16 MHz. A Tabela 6.1 mostra as frequências e


amplitudes aproximadas das principais componentes.

Tabela 6.1 – Principais componentes de frequência da simulação utilizando os três modelos –


Manobra da chave 9447.

MODELOS FREQUÊNCIA (MHz) AMPLITUDE (pu)

Impedância Terminal 0,56 0,037


Vector Fitting 0,68 0,024
Saturable Transformer 0,60 0,038
Impedância Terminal 2,08 0,024
Vector Fitting 1,68 0,014
Saturable Transformer 1,80 0,025
Impedância Terminal - -
Vector Fitting - -
Saturable Transformer 2,04 0,015
Impedância Terminal - -
Vector Fitting - -
Saturable Transformer 2,32 0,008
Impedância Terminal 2,92 0,061
Vector Fitting 2,88 0,086
Saturable Transformer 2,62 0,029
Impedância Terminal 3,28 0,057
Vector Fitting 3,26 0,064
Saturable Transformer 3,14 0,042
Impedância Terminal 4,30 0,059
Vector Fitting 4,16 0,092
Saturable Transformer 3,94 0,012
Impedância Terminal - -
Vector Fitting - -
Saturable Transformer 4,94 0,010
Impedância Terminal 7,98 0,039
Vector Fitting 7,96 0,012
Saturable Transformer 7,82 0,009

De forma análoga, as Figuras 6.9 a 6.13 mostram os resultados da tensão


transitória a partir da manobra da chave 9437 no tempo e na frequência para os três
modelos.
CAPÍTULO 6 49

Figura 6.9 – Tensão - Manobra da chave 9437 – Simulação: modelo Impedância Terminal.

Figura 6.10 – Tensão - Manobra da chave 9437 – Simulação: modelo Vector Fitting.

Figura 6.11 – Tensão - Manobra da chave 9437 – Simulação: modelo Saturable.


CAPÍTULO 6 50

Figura 6.12 – Tensão - Manobra da chave 9437 – Simulação.

Figura 6.13 – FFT da tensão - Manobra da chave 9437 – Simulação.

As componentes de frequência de maiores amplitudes encontram-se,


aproximadamente, em 560 kHz, 620 kHz, 1,7 MHz, 2 MHz, 2,5 MHz, 2,7 MHz,
3,8 MHz e 5 MHz. A componente de frequência 2,46 MHz possui a maior amplitude:
0,066 pu (6,6 % acima da tensão de pico fase nominal) utilizando o modelo Vector
Fitting. A Tabela 6.2 mostra as frequências e amplitudes aproximadas das principais
componentes.
CAPÍTULO 6 51

Tabela 6.2 – Principais componentes de frequência da simulação utilizando os três modelos –


Manobra da chave 9437.

MODELOS FREQUÊNCIA (MHz) AMPLITUDE (pu)

Impedância Terminal 0,56 0,014


Vector Fitting - -
Saturable Transformer 0,56 0,015
Impedância Terminal 0,62 0,021
Vector Fitting 0,70 0,019
Saturable Transformer 0,62 0,022
Impedância Terminal 1,74 0,012
Vector Fitting 1,68 0,018
Saturable Transformer 1,72 0,016
Impedância Terminal 1,98 0,021
Vector Fitting 2,04 0,019
Saturable Transformer 2,04 0,019
Impedância Terminal 2,32 0,012
Vector Fitting - -
Saturable Transformer - -
Impedância Terminal 2,50 0,012
Vector Fitting 2,46 0,066
Saturable Transformer 2,44 0,033
Impedância Terminal 2,72 0,053
Vector Fitting 2,68 0,044
Saturable Transformer 2,68 0,036
Impedância Terminal 3,82 0,015
Vector Fitting 3,80 0,016
Saturable Transformer 3,78 0,008
Impedância Terminal 4,26 0,050
Vector Fitting 4,14 0,033
Saturable Transformer - -
Impedância Terminal 5,16 0,026
Vector Fitting 5,16 0,013
Saturable Transformer 5,14 0,010

Quanto à comparação entre as manobras, as tensões transitórias de ambas


apresentam resultados de simulação com componentes de frequência próximas.
Observam-se componentes de menores amplitudes na manobra da chave 9437
devido à sua distância em relação ao transformador.

As principais componentes de frequência (na faixa entre 20 kHz e 10 MHz)


estão entre, aproximadamente, 600 kHz e 8 MHz na manobra da chave 9447 e na
CAPÍTULO 6 52

faixa de 560 kHz a 5 MHz para a chave 9437. As componentes de frequência com
maior amplitude encontram-se entre 2,5 MHz e 4,5 MHz em ambas as manobras.

Quanto à comparação entre os modelos, os resultados das simulações são


semelhantes para os três casos, as componentes de frequências são próximas, com
algumas variações na amplitude de cada componente. O modelo Saturable possui as
menores amplitudes dentre os três modelos a partir de, aproximadamente, 2,5 MHz.
Nota-se, também, que a componente de frequência inferior a 1 MHz encontra-se
deslocada na frequência no modelo Vector Fitting.

6.2. MEDIÇÕES EM CAMPO DE TRANSITÓRIOS DE TENSÃO

Um dos grandes desafios do Sistema Elétrico de Potência é medição de valores


elevados de tensão em campo e tratando-se de frequências elevadas a medição
torna-se ainda mais difícil.

A maioria dos sistemas de medição são projetados para serem utilizados em


laboratórios ou fábricas – ambientes controlados. A maneira mais comum de se
realizar uma medição de alta tensão é através da utilização de divisores de tensão
capacitivos ou mistos. O manuseio, instalação e utilização deste equipamento em
campo torna-se difícil devido ao seu dimensionamento. Além disso, é necessário
garantir sua resposta para frequências elevadas (HAUSCHILD, LEMKE, 2014).

Devido às dificuldades de se medir sobretensões de altas frequências em


campo, muitos dos estudos de transitórios eletromagnéticos possuem suas
simulações levantadas apenas através de cálculos matemáticos.

O Cepel realizou as medições de tensão transitória através do tap capacitivo da


bucha de alta tensão. As medições foram realizadas no transformador da Fase C do
banco TR56 entre os dias 01 e 05 de março de 2018. Mediu-se o sinal de transitório
de tensão que chega até o transformador a partir das manobras das chaves
seccionadoras da subestação de 500 kV.

Os níveis de tensão não são compatíveis com o sistema de medição. Logo,


para atenuação do sinal, utilizou-se uma unidade de baixa tensão (ligada ao tap da
bucha) e um atenuador (conectado à saída da unidade de baixa tensão). Para
transmissão do sinal utilizou-se fibra óptica, que se trata de um meio imune à
CAPÍTULO 6 53

interferência eletromagnética. A Figura 6.14 mostra a unidade secundária, o


atenuador e o transmissor de fibra óptica conectados ao tap capacitivo da bucha de
alta tensão.

Figura 6.14 – Unidade secundária, atenuador e transmissor de fibra óptica conectados o tap
capacitivo da bucha de alta tensão.

Após o receptor da fibra óptica, utilizou-se um filtro passa alta com o objetivo
de retirar a frequência de operação do sinal medido. Por tratar-se de sinais com
componentes de frequências altas, sem filtrar a componente de 60 Hz perde-se
resolução. Por fim, há um osciloscópio e um notebook para visualização e análise do
sinal medido. A Figura 6.15 representa o sistema de medição de transitório de tensão.

Figura 6.15 – Sistema de medição integrado ao tap capacitivo da bucha de alta tensão.

O sinal medido foi atenuado, aproximadamente, 377 mil vezes. Sendo assim,
os resultados de medição tiveram que ser multiplicados por este fator de escala.

Outro aspecto que deve ser levado em consideração é a resposta em


frequência do sistema de medição. As características do sistema de medição e o
CAPÍTULO 6 54

condicionamento para as medições implica na correção dos sinais registrados para


inferir o sinal que chega à bucha de alta tensão.

Para tanto, foi feita a caracterização do atenuador, do filtro e do conjunto tap,


unidade de baixa tensão e fibra óptica. A caracterização foi feita de maneira separada,
em três etapas, e o resultado na frequência do sistema de medição é mostrado na
Figura 6.16, onde a escala vertical, em pu, refere-se à frequência nominal. Há estudos
em andamento no Cepel que objetivam uma maior confiabilidade na medição da
resposta em frequência do sistema de medição de transitórios de tensão no final do
espectro.

Figura 6.16 – Caracterização do sistema de medição na frequência.

Manobrou-se uma das chaves com o sistema de medição desconectado do tap


da bucha e mediu-se o sinal irradiado e a interferência através do terra. Porém, a
interferência foi medida em momentos distintos das manobras, logo, há falta de
sincronismo nas medições e não se pode associar essa interferência a todas as
manobras.

Além disso, não é possível identificar o caminho pelo qual a interferência


acessa o sistema de medição e o ponto da medição no qual ela atua. Sendo assim,
não se sabe a amplitude da interferência.

Acredita-se que a blindagem da unidade secundária, do atenuador e do


transmissor da fibra óptica – instrumentos do sistema de medição mais suscepitíveis
às interferências – irá minimizar de forma significativa a interferência eletromagnética
CAPÍTULO 6 55

no sinal medido. As próximas medições realizadas em campo já serão realizadas com


estes instrumentos blindados.

Utilizou-se nas medições ∆𝑡 de 6,4 ns, o que faz possível a representação de


componentes de frequências até, aproximadamente, 78 MHz. A resposta em
frequência do sistema de medição foi realizada até 10 MHz, logo, realiza-se a análise
das componentes de frequências de tensão transitória medida até esta frequência –
7,8 vezes menor que o máximo possível levando em consideração o intervalo de
tempo de amostragem da medição.

Serão apresentados os resultados de medição das tensões transitórias a partir


da manobra das chaves 9447 e 9437. As manobras referem-se às aberturas das
chaves, uma vez que, apresentaram amplitudes maiores que as manobras de
fechamento das mesmas. Para análise das componentes na frequêcia, serão levados
em consideração os impulsos de amplitudes maiores que, aproximadamente, 50 % do
máximo de tensão da manobra.

Ao se realizar a abertura de uma chave seccionadora, a partir do momento em


que ocorre a separação elétrica dos contatos, o lado que fica desconectado do sistema
mantém a tensão da rede que decairá lentamente. Enquanto isso no lado ligado ao
sistema, a tensão continua a variar conforme a frequência da fonte. A velocidade de
operação dos contatos da chave é pequena, logo a diferença de potencial entre os
mesmos acaba por superar a rigidez dielétrica provocando um reacendimento do arco
elétrico. O meio isolante entre os contatos da chave seccionadora, no caso o SF6,
tenta extinguir a corrente antes que a separação mecânica entre os contatos seja
suficiente para uma completa interrupção. Isto ocorre sucessivas vezes até que a
distância entre contatos seja suficientemente grande para que não ocorram mais
reacendimentos (ROCHA, et al, 2011).

No caso do fechamento, enquanto seus contatos se aproximam, o campo


elétrico entre eles aumenta, até que uma descarga elétrica aconteça, assim uma
corrente flui através do arco elétrico e carrega o trecho aberto de barramento com a
tensão do lado da fonte. Desta forma, a diferença de potencial entre contatos decresce
e o arco elétrico se extingue, havendo novamente a separação elétrica entre os dois
contatos. Isto ocorre sucessivas vezes até que a distância entre contatos seja
CAPÍTULO 6 56

suficientemente pequena, de forma que o arco elétrico é mantido até que ocorra o
fechamento mecânico dos contatos (ROCHA, et al, 2011).

A seguir são apresentados os resultados de medição de tensão a partir da


manobra da chave 9447: a Figura 6.17 representa a manobra de abertura da chave,
a Figura 6.18 e 6.19 mostram a tensão a partir da manobra no tempo e na frequência,
respectivamente, ainda sem a correção do sistema de medição.

Na Figura 6.18 é possível perceber as menores amplitudes de tensão no início


da manobra – onde há uma menor distância a ser rompida para formação do arco
elétrico – e as maiores amplitudes no final da manobra – com uma maior distância
entre os contatos da chave. A Figura 6.19 apresenta os impulsos de amplitudes
maiores que, aproximadamente, 50 % do máximo de tensão da manobra: 22 impulsos
com amplitude superior a 100 kV.

Figura 6.17 – Representação da manobra de abertura da chave 9447.

Figura 6.18 – Tensão no tempo a partir da manobra da chave 9447 – Medição.


CAPÍTULO 6 57

Figura 6.19 – FFT da tensão a partir da manobra da chave 9447 – Medição.

A Figura 6.20 mostra o impulso de tensão de maior amplitude no tempo


corrigido de acordo com a resposta do sistema de medição. As componentes na
frequência do sinal são apresentadas na Figura 6.21, com a escala em pu referente
ao valor da tensão de pico fase nominal.

Figura 6.20 – Impulso máximo positivo de tensão a partir da manobra da chave 9447 no tempo –
Medição.
CAPÍTULO 6 58

Figura 6.21 – FFT do impulso de tensão máximo positivo a partir da manobra da chave 9447 –
Medição.

De maneira análoga, as Figuras 6.22 a 6.26 apresentam os resultados da


medição de tensão a partir da manobra da chave 9437. A Figura 6.23 apresenta os
19 impulsos que possuem amplitude maior que 80 kV.

Figura 6.22 – Representação da manobra de abertura da chave 9437.

Figura 6.23 – Tensão no tempo a partir da manobra da chave 9437 – Medição.


CAPÍTULO 6 59

Figura 6.24 – FFT da tensão a partir da manobra da chave 9437 – Medição.

Figura 6.25 – Impulso máximo negativo de tensão a partir da manobra da chave 9437 no tempo –
Medição.

Figura 6.26 – FFT do impulso de tensão máximo negativo a partir da manobra da chave 9437 –
Medição.
CAPÍTULO 6 60

A Figura 6.27 compara a tensão transitória medida a partir da manobra das


duas chaves na frequência e a Tabela 5.3 mostra as amplitudes e frequências das
principais componentes dos sinais.

Figura 6.27 – FFT do impulso de tensão de maior amplitude a partir da manobra das chaves 9447 e
9437 – Medição.

Tabela 6.3 – Principais componentes de frequência da tensão transitória medida – Manobra das
chaves 9447 e 9437.

CHAVE FREQUÊNCIA (MHz) AMPLITUDE (pu)

9447 0,011
0,50
9437 0,006
9447 0,006
0,56
9437 0,006
9447 0,005
1,38
9437 0,010
9447 0,023
1,64
9437 0,018
9447 2,30 0,021
9437 2,28 0,016
9447 3,26 0,009
9437 3,04 0,007
9447 3,62 0,006
9437 3,92 0,006
9447 7,52 0,008
9437 7,26 0,009

Como esperado, devido à posição das chaves em relação ao transformador


medido, as amplitudes de tensão originadas a partir da manobra da chave 9447 são
CAPÍTULO 6 61

maiores. Ambas as manobras apresentam a componente de maior amplitude na


frequência de 1,64 MHz com amplitudes máximas de 0,033 pu e 0,025 pu para as
chaves 9447 e 9437, respectivamente.

Os resultados de medição das duas manobras apresentam componentes de


frequências próximas. As componentes encontram-se entre 500 kHz e 7,5 MHz,
aproximadamente. Nota-se maior interferência no espectro de frequência a partir,
principalmente, de 2,5 MHz, aproximadamente. Sendo assim, a partir desta
frequência, torna-se difícil identificar as demais componentes de frequência.

6.3. VALIDAÇÃO DOS MODELOS DO TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA EM ALTAS


FREQUÊNCIAS

Para validação dos modelos compararam-se os resultados das simulações com


as medições de transitórios de tensão em campo.

As medições de transitórios de tensão foram realizadas com a subestação de


138 kV conectada ao terminal de baixa tensão do transformador. Já nas simulações,
não se representou a subestação de 138 kV. Os modelos foram obtidos considerando
o terminal de baixa tensão em aberto. Nos modelos Impedância Terminal e Vector
Fitting a síntese representa a impedância vista do terminal de alta tensão para o terra
e no modelo Saturable conectou-se uma resistência ao terminal de baixa tensão que
representa a impedância característica da bucha, admitindo-se que o surto segue sem
reflexões.

Não se mediu a componente de 60 Hz. Sendo assim, para ser possível a


comparação entre medição e simulação no domínio do tempo, retirou-se a amplitude
referente à frequência de operação dos resultados de tensão transitória simulados.

A simulação possui o passo de tempo 6,4 vezes menor que o passo de tempo
da medição, consequentemente, é possível representar componentes de frequências
6,4 vezes maiores.

As Figuras 6.28 a 6.30 mostram a comparação dos resultados de medição e


simulação da tensão transitória a partir da manobra da chave 9447 no tempo e as
Figuras 6.31 a 6.34 mostram os resultados as componentes de frequência, para os
três modelos.
CAPÍTULO 6 62

Figura 6.28 – Tensão - Manobra da chave 9447 – Modelo Impedância Terminal x Medição.

Figura 6.29 – Tensão - Manobra da chave 9447 – Modelo Vector Fitting x Medição.

Figura 6.30 – Tensão - Manobra da chave 9447 – Modelo Saturable x Medição.


CAPÍTULO 6 63

Figura 6.31 – FFT da tensão - Manobra da chave 9447 – Modelo Impedância Terminal x Medição.

Figura 6.32 – FFT da tensão - Manobra da chave 9447 – Modelo Vector Fitting x Medição.

Figura 6.33 – FFT da tensão - Manobra da chave 9447 – Saturable Transformer x Medição.
CAPÍTULO 6 64

Figura 6.34 – FFT da tensão - Manobra da chave 9447 – Simulação x Medição.

As Figuras 6.35 a 6.41 mostram a comparação dos resultados da medição e


simulação da tensão transitória a partir da manobra da chave 9437 no tempo e na
frequência para os três modelos.

Figura 6.35 – Tensão - Manobra da chave 9437 – Modelo Impedância Terminal x Medição.
CAPÍTULO 6 65

Figura 6.36 – Tensão - Manobra da chave 9437 – Modelo Vector Fitting x Medição.

Figura 6.37 – Tensão - Manobra da chave 9437 – Modelo Saturable x Medição.

Figura 6.38 – FFT da tensão - Manobra da chave 9437 – Modelo Impedância Terminal x Medição.
CAPÍTULO 6 66

Figura 6.39 – FFT da tensão - Manobra da chave 9437 – Modelo Vector Fitting x Medição.

Figura 6.40 – FFT da tensão - Manobra da chave 9437 – Modelo Saturable x Medição.

Figura 6.41 – FFT da tensão - Manobra da chave 9437 – Simulação x Medição.


CAPÍTULO 6 67

Nas comparações no domínio do tempo é possível perceber que as oscilações


possuem maiores amplitudes nos resultados das simulações. Entretanto, em relação
ao pico máximo do sinal, principalmente na manobra da chave 9437, os resultados de
simulação e medição possuem amplitudes bem próximas. Há oscilações de
frequências mais altas nos resultados das simulações. O que é ratificado nos
resultados no domínio da frequência em que as componentes de frequências mais
altas possuem maiores amplitudes nas simulações comparados aos resultados de
medições. Os picos máximos semelhantes nos sinais no domínio tempo encontram-
se em frequências diferentes comparando os resultados das simulações e medições.
Além da amplitude maior, as componentes de frequência da simulação encontram-se
deslocadas em relação à medição.

As simulações são, em geral, mais conservativas pela dificuldade de se


representar todas as perdas associadas às medições em campo e por se representar
a máxima diferença de tensão entre os terminais da chave. Acredita-se que a
representação do trecho aéreo (saída da subestação até o terminal do transformador)
através o modelo JMarti irá amortecer a amplitude das componentes de frequências
mais altas nos resultados das simulações. Para tanto, necessita-se de parâmetros
relacionados aos cabos e distâncias do trecho aéreo, informações solicitadas à
empresa de energia responsável pela subestação.

Os três modelos apresentam respostas semelhantes entre si e se aproximam


da medição até, aproximadamente, 2,5 MHz. Deve-se levar em consideração que, a
partir desta frequência, o nível de interferência na medição tanto de impedância na
frequência quanto de transitório de tensão é maior e a resposta do sistema de medição
fica comprometida.

O modelo Vector Fitting apresenta a componente inferior a 1 MHz deslocada


na frequência e a componente próxima a 2,5 MHz com amplitude maior em
comparação à medição e aos outros modelos. O resultado das simulações das
tensões transitórias a partir das manobras de chaves seccionadoras com o modelo
Saturable é o que mais se aproximou da medição. Até 2,5 MHz, aproxima-se mais, de
uma forma geral, comparando a frequência e amplitude das principais componentes
de frequência e de 2,5 MHz a 10 MHz possui as componentes de menor amplitude.
CAPÍTULO 6 68

O modelo utilizando o Vector Fitting é o que mais sofre a influência das


interferências, uma vez que, os modelos Impedância Terminal e Saturable
Transformer baseiam-se nos pontos ressonantes e o Vector Fitting gera uma função
que responde na frequência de forma aproximada à curva medida. Acredita-se que,
com uma medição de impedância terminal na frequência com menor interferência,
principalmente nas frequências mais altas, o resultado da modelagem utilizando o
Vector Fitting irá melhorar de forma significativa.
Fez-se a aproximação através do Vector Fitting até 2,5 MHz. As Figuras 6.42 e
6.43 destacam a medição em módulo e ângulo, respectivamente, nesta faixa. A Figura
6.44 mostra o ajuste até 2,5 MHz utilizando 15 polos e o circuito da síntese é
apresentado no Apêndice F. As respostas em frequência do circuito sintetizado
comparado à medição são mostrados nas Figuras 6.45 e 6.46 em módulo e ângulo,
respetivamente.
Figura 6.42 – Módulo da impedância do terminal de alta tensão na frequência, destacando a faixa
até 2,5 MHz.

Figura 6.43 – Ângulo da impedância do terminal de alta tensão na frequência, destacando a faixa até
2,5 MHz.
CAPÍTULO 6 69

Figura 6.44 – Curva aproximada através do Vector Fitting até 2,5 MHz.

Figura 6.45 – Comparação entre o módulo da medição e simulação: varredura na frequência do


circuito resultante do Vector Fitting aproximado com 15 polos até 2,5 MHz.

Figura 6.46 – Comparação entre o ângulo da medição e simulação: varredura na frequência do


circuito resultante do Vector Fitting aproximado com 15 polos até 2,5 MHz.
CAPÍTULO 6 70

A aproximação utilizando o Vector Fitting até 2,5 MHz apresenta um melhor


ajuste à curva medida do que o ajuste utilizando a curva até 10 MHz (Figuras 5.16,
5.18 e 5.19) devido às interferências no final do espectro.

A Figura 6.47 mostra a comparação entre a FFT da medição de tensão a partir


da manobra da chave 9437 com o resultado da simulação utilizando o ajuste através
do Vector Fitting até 10 MHz e até 2,5 MHz e a Figura 6.48 compara o resultado da
modelagem através do Vector Fitting até 2,5 MHz com os modelos Impedância
Terminal e Saturable Transformer.

Figura 6.47 – FFT da tensão até 2,5 MHz - Manobra da chave 9437– Modelo Vector Fitting até
2,5 MHz e até 10 MHz x Medição.

Figura 6.48 – FFT da tensão até 2,5 MHz - Manobra da chave 9437– Modelo Vector Fitting até
2,5 MHz, Modelo Impedância Terminal e Modelo Saturable x Medição.
CAPÍTULO 6 71

Percebe-se que o resultado utilizando o Vector Fitting até 2,5 MHz aproxima-
se mais da medição da tensão transitória a partir da manobra da chave 9437 em
comparação com o ajuste até 10 MHz e em comparação e com os modelos
Impedância Terminal e Saturable Transformer.
CAPÍTULO 7 72

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho apresenta a representação do transformador de potência em altas


frequências, uma vez que, para avaliar a interação entre as solicitações de
transitórios eletromagnéticos e o equipamento, o modelo do transformador na
frequência de operação não é suficiente. Entretando, a modelagem de todos os
elementos que caracterizam o transformador em altas frequências não se torna
prática.

Através da metodologia black-box, baseada em medições de impedância


terminal na frequência com acesso aos terminais externos chegou-se a três
modelos do transformador de potência. As medições em campo, realizadas pelo
Cepel, possibilitaram a modelagem e a validação dos modelos.

7.1. CONCLUSÕES E CONTRIBUIÇÕES

O objeto em estudo está em operação em uma subestação de grande


importância para o suprimento de energia elétrica de uma determinada região e o
modelo do transformador impacta nos resultados das simulações que faz parte da
investigação de um problema real do Sistema Elétrico de Potência.

Realizou-se a medição de resposta em frequência na faixa de 20 Hz a 10 MHz


no transformador da fase A do banco TR52 e validaram-se os modelos através de
medições de transitórios de tensão no transformador da fase C do banco TR56, de
20 kHz a 10 MHz (com componentes de frequência de maior amplitude a partir de,
aproximadamente, 550 kHz).

Identificou-se que na faixa de frequência de maior interesse (entre 100 kHz e


10 MHz) há a predominância da ressonância série entre o comportamento capacitivo
e a indutância ligado ao arranjo de medição e conexões.

Os modelos Impedância terminal e Vector Fitting levam em consideração um


ponto de acesso. Já o modelo Saturable Transformer considera dois pontos de
acesso, todavia não se leva em consideração a transferência de tensão medida entre
os terminais. Quanto à análise da curva de impedância na frequência, os modelos
Impedância Terminal e Saturable Transformer levam em consideração os pontos
CAPÍTULO 7 73

ressonantes. Já a modelagem através do Vector Fitting gera de forma iterativa uma


função racional que se aproxima da curva medida.

As simulações com os três modelos apresentam respostas semelhantes entre


si e próximas à medição até, aproximadamente, 2,5 MHz. A partir desta faixa de
frequência os resultados da modelagem e a validação através da medição de
transitórios ficam comprometidos devido à:

a) maior influência do arranjo nas medições de resposta em frequência;


b) maior interferência nas componentes de frequência das medições dos sinais
de tensão transitória;
c) influência do sistema de medição de transitório.

Com o modelo através da Impedância Terminal não é possível modelar o


transformador a partir de mais de um ponto de acesso. Utilizando o Saturable
Transformer há a possibilidade da conexão ao terminal de baixa tensão, contando
que seja levada em consideração a curva de transferência de tensão na frequência.
Além do número de pontos de acesso, os métodos possuem limitação quanto ao
número de ressonâncias e à proximidade entre entre elas.

Todavia, a análise dos pontos ressonantes pode ser considerada uma


alternativa para transformadores já instalados nas subestações, uma vez que, para
se obter um bom resultado através do Vector Fitting exige-se medições de resposta
em frequência que não são simples de serem realizadas em campo. Constatou-se a
influência das interferências nas medições de resposta em frequência na
modelagem, pequenas variações na curva impactam no ajuste do modelo.

Outra conclusão deste trabalho, é que a caracterização no domínio da


frequência voltada para a modelagem exige uma medição com maior precisão se
comparada à medição com o objetivo de subsidiar os processos de transporte e
manutenção. A influência da impedância do arranjo nas medições de resposta em
frequência é maior com o aumento da frequência. Além disso, há pontos que devem
ser levados em consideração, como:

a) as medições devem ser feitas do terminal para o referencial de terra;


b) os terminais que não são levados em consideração como pontos de acesso
devem permanecer inalterados e, se possível, em sua condição de operação.
CAPÍTULO 7 74

Por fim, a caracterização do equipamento no domínio do frequência com


menores interferências leva a modelos com maior precisão e em uma faixa mais
ampla de frequência. Novas medições de resposta em frequência estão
programadas para serem realizadas no transformador de potência em estudo.
Conclusões deste trabalho serão levadas em consideração.

Sendo assim, será possível a comparação com os resultados de modelagem


e simulação realizados até o momento e a:

a) Análise das medições de resposta em frequência realizadas com cabos


coaxiais e o HFCT ao invés das fitas e o medidor RLC;
b) Avaliação da influência da compensação do efeito do cabo coaxial na
modelagem;
c) Validação das possibilidades de montagem da matriz de admitância
considerando as condições de medição e as possibilidades de cálculo através
de aproximações;
d) Análise relacionando o número de pontos de acessos à precisão do modelo;
e) Avaliação da influência do terciário.

Para tanto, deve-se modelar o transformador a partir de: um ponto de acesso


– através da medição de admitância própria e da impedância própria – e dois pontos
de acesso – através da matriz de admitância medida e medida e calculada; matriz
de impedância medida e calculada através da associação das medições em curto-
circuito e em aberto e da transferência de tensão.

7.2. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Diante disso, aponta-se a necessidade de estudos a respeitos dos métodos


de medição e técnicas de processamento de sinais ligados à resposta em frequência
com a finalidade da modelagem, objetivando chegar a modelos que representem os
equipamentos elétricos com maior precisão, aumentando a confiabilidade dos
resultados das simulações.

Destaca-se como continuação deste trabalho, a utilização de cabo coaxial


para medição de resposta em frequência e a associação de técnicas para eliminar
seu efeito para mitigação de interferências nas medições de resposta em frequência.
CAPÍTULO 7 75

Sugere-se a construção da matriz de admitância do transformador,


considerando dois (H1 e X1), três (H1, X1 e Y1) e quatro (H1, X1, Y1 e Y2) pontos
de acesso e uma análise de custo-benefício relacionando o número de pontos de
acessos à precisão do modelo.

Quanto à simulação, aponta-se a modelagem do arco ligado à manobra das


chaves seccionadoras e o modelo de aterramento como pontos a serem estudados.
Além disso, acredita-se que a representação do trecho aéreo com o modelo JMarti
irá amortecer as amplitudes das componentes de frequências mais altas.

A medição de transitórios eletromagnéticos em campo ainda apresenta


desafios. Sugere-se estudos buscando e avaliando alternativas quanto ao método
de medição, quanto à resposta do sistema de medição na frequência e em relação
à avaliação das interferências.

Uma outra linha de estudo possível é a análise dos efeitos dos transitórios
nos enrolamentos do transformador. Para tanto, acredita-se ser necessário
informações do projeto do transformador associadas às medições de resposta em
frequência.

Para atenuação e filtragem de solicitações transitórias de altas frequências,


sugere-se o estudo de circuitos de amortecimentos – snubber – como forma de
mitigação.

7.3. PUBLICAÇÕES E ATIVIDADES NA ÁREA

Este trabalho contou com o financiamento do CNPq – Conselho Nacional de


Desenvolvimento Científico e Tecnológico – e do Cepel. O estudo de caso trata-se
de uma subestação de uma das empresas de Energia do grupo Eletrobrás.
Artigo publicado e apresentado no VII Simpósio Brasileiro de Sistemas
Elétricos – SBSE 2018, em Maio de 2018:

REMA, Gabriela Sampaio. BONATTO, Benedito Donizeti. SOUZA, Dickson Silva de.
VASQUES, Carlos Magno Rodrigues. AZEVEDO, Rogério Magalhães de. LIMA,
Antonio Carlos Siqueira de. MARTINS, Helvio Jailson Azevedo. DELGADO, Rômulo
dos Santos. Modeling the Terminal Impedance of Power Transformers for
Studies of Fast Front Electromagnetic Transients. VII Simpósio Brasileiro de
Sistemas Elétricos, SBSE 2018. Niterói - RJ.
CAPÍTULO 7 76

Artigo aceito para apresentação no IX Workshop Internacional sobre


Transformadores de Potência, Equipamentos, Subestações e Materiais – Workspot
2018, em Novembro de 2018:

REMA, Gabriela Sampaio. BONATTO, Benedito Donizeti. SOUZA, Dickson Silva de.
VASQUES, Carlos Magno Rodrigues. AZEVEDO, Rogério Magalhães de. LUZ,
Guilherme Sarcinelli. SIXEL, Davi. LIMA, Antonio Carlos Siqueira de. MARTINS,
Helvio Jailson Azevedo. DELGADO, Rômulo dos Santos. SANTOS, Luiz Eduardo.
Modelagem de Transformadores de Potência para Análise de Transitórios
Eletromagnéticos de Frente Rápida - Comparação entre Simulação e Medições
em Campo. Artigo aceito para apresentação no IX Workshop Internacional sobre
Transformadores de Potência, Equipamentos, Subestações e Materiais, IX Workspot
2018. Foz do Iguaçu - PR.

Artigo submetido à International Conference on Power Systems Transients –


IPST 2019:

REMA, Gabriela Sampaio. SOUZA, Dickson Silva de. VASQUES, Carlos Magno
Rodrigues. AZEVEDO, Rogério Magalhães de. LUZ, Guilherme Sarcinelli.
BONATTO, Benedito Donizeti. LIMA, Antonio Carlos Siqueira de. DELGADO,
Rômulo dos Santos. MARTINS, Helvio Jailson Azevedo. SIXEL, Davi. Black-Box
Modeling of Power Transformers at High Frequencies.

Resumo submetido ao XXV Seminário Nacional de Produção e Transmissão


de Energia Elétrica – SNPTEE 2019:

REMA, Gabriela Sampaio. BONATTO, Benedito Donizeti. SOUZA, Dickson Silva de.
VASQUES, Carlos Magno Rodrigues. AZEVEDO, Rogério Magalhães de. LUZ,
Guilherme Sarcinelli. SIXEL, Davi. MARTINS, Helvio Jailson Azevedo. DELGADO,
Rômulo dos Santos. Validação do Modelo de Transformador de Potência em
Altas Frequências com base em Medições em Campo.
Atividades na área realizadas durante o mestrado:

Bolsista de Pesquisa no Cepel / LabDig. Início em Dezembro de 2016 e


conclusão prevista para Dezembro de 2018.

Docência ensino superior: professora das disciplinas de Eletricidade Básica e


Física III (Eletrostática e Eletrodinâmica) na Faculdade de Engenharia de Resende
para turmas de repetição dos cursos de engenharia elétrica/eletrônica, de produção,
mecânica e civil. 4 h/a semanas de Agosto de 2016 a Agosto de 2017.

Palestra ministrada com o tema Modelagem de Sistemas Elétricos. I Semana


das Engenharias do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da
Fonseca (CEFET/RJ – Campus Angra dos Reis). Maio de 2018.
CAPÍTULO 7 77

Seminário: Minha Tese em 3 Minutos no Centro de Pesquisas de Energia


Elétrica - Cepel. Apresentação: Resposta em Frequência e Modelagem de
Transformadores de Potência. Premiação 1º Lugar. Dezembro de 2017.

Participação em Curso e Workshops:

Workshop High Frequency Transformer Modeling and Its Application in Power


System Transients Studies. Abril de 2018.

Curso sobre Técnicas de Medição em Ensaios de Alta Tensão (MEAT).


Agosto de 2017.

Workshop Técnicas de Monitoramento e Diagnóstico de Equipamentos


Elétricos. Agosto de 2017.
REFERÊNCIAS 78

REFERÊNCIAS

ABNT NBR 6939: Coordenação do Isolamento – Procedimento. Novembro, 2000.

AJUZ, Ary D’. FONSECA, Cláudio dos S. CARVALHO, F.M. Salgado. AMON
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Energia Elétrica – Cepel. XV Eriac – Encontro Regional Ibero-americano do Cigré.
Brasil, Maio de 2013.

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Comparativa entre Modelos de Transformadores para Estudos de Energização”.
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Secionadoras na Subestação Blindada Isolada a SF6”. FURNAS Centrais Elétricas.

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VASQUES, Carlos Magno Rodrigues. AZEVEDO, Rogério Magalhães de. LIMA,
Antonio Carlos Siqueira de. MARTINS, Helvio Jailson Azevedo. DELGADO, Rômulo
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Fast Front Electromagnetic Transients. VII Simpósio Brasileiro de Sistemas
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2011.

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– Nota Técnica – Grupo de Trabalho A2.05 – CIGRÉ, Brasil. Novembro, 2013.

VASQUES, Carlos Magno Rodrigues. “Interação entre Autotransformadores de


Potência e Solicitações de Alta Frequência do Sistema Elétrico”. Dissertação
apresentada ao Programa de de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica,
UFRJ/COPPE. Rio de Janeiro, 2011.

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Range for Power Transformer and Analysis of Its characteristics”, Power and Energy
Engineering Conference, 2009. APPEEC 2009. Asia-Pacific, pp.1-5.
APÊNDICES 82

APÊNDICE A – MEDIÇÕES EM CAMPO DE TRANSFERÊNCIA DE


TENSÃO NA FREQUÊNCIA

Utilizou-se o método de aplicação do sinal de tensão senoidal variando com


a frequência. Mediu-se o sinal aplicado e o transferido. O sinal medido possui a
mesma frequência e amplitudes e fases diferentes do sinal aplicado. Para aplicação
e medição dos sinais utilizou-se, respectivamente, um gerador e um osciloscópio,
mostrados na Figura A.1.

Figura A.1 – Instrumentação da medição de transferência de tensão na frequência montada em


campo.

A Figura A.2 mostra o diagrama representativo da aplicação de tensão no


terminal 1 – alta tensão. Aplica-se e mede-se a tensão do terminal para o referencial
de terra.
APÊNDICES 83

Figura A.2 – Diagrama representativo da medição de transferência de tensão entre os terminais 1 e


2 (aplicação terminal 1).

Nos gráficos de transferência de tensão é apresentada a relação entre o valor


de tensão de saída e tensão de entrada (Vsaída / Ventrada) em função da frequência.
A relação Vsaída / Ventrada é, normalmente, normalizada tendo como base a relação
nominal do transformador (MARTINS, 2007). Ou seja, tem-se (Vsaída / Ventrada) /
(Vsaída60Hz / Ventrada60Hz). O resultado de tensão transferida do terminal 1 para o
terminal 2, em módulo e ângulo, é mostrado na Figura A.3.

Figura A.3 – Medição da transferência de tensão entre os terminais 1 e 2 (aplicação no terminal 1).

Nota-se que, até a frequência de, aproximadamente, 11 kHz, a relação de


transformação nominal é mantida. A partir desta frequência, há pontos de
amplificação e atenuação. A amplificação máxima acontece na frequência de,
aproximadamente, 950 kHz, onde a relação é amplificada em mais de sete vezes
em relação ao valor nominal.

A Figura A.4 mostra o diagrama representativo da aplicação de tensão no


APÊNDICES 84

terminal 2. O resultado de tensão transferida do terminal 2 para o terminal 1, em


módulo e ângulo, é apresentado na Figura A.5.

Figura A.4 – Diagrama representativo da medição de transferência de tensão entre os terminais 2 e


1 (aplicação terminal 2).

Figura A.5 – Medição da transferência de tensão entre os terminais 2 e 1 (aplicação no terminal 2).

A relação de transformação nominal é mantida até a frequência de,


aproximadamente, 3 kHz. Na frequência, aproximada, de 8 kHz, a relação é
amplificada em, praticamente, 8 vezes em relação ao valor nominal.

Nota-se, em ambas as medições, a interferência na medição do ângulo da


transferência de tensão. Quanto à medição do módulo, o resultado com aplicação
no terminal 2 e medição no terminal 1 apresenta menos interferência devido à
relação de transformação.

Compara-se a impedância terminal na frequência com a relação de


APÊNDICES 85

transferência de tensão. As Figuras A.6 e A.7 mostram a relação da impedância


terminal com a transferência de tensão dos terminais 1 e 2, respectivamente.

Figura A.6 – Relação entre a impedância e transferência de tensão – Terminal 1.

Figura A.7 – Relação entre a impedância e transferência de tensão – Terminal 2.

Na frequência em que há mínimas impedâncias, há maior transferência de


tensão entre os terminais. O que pode ser observado relacionando as ressonâncias
paralelas da curva de transferência de tensão com as ressonâncias séries da curva
de impedância terminal. A ressonância paralela da curva de impedância terminal não
gera alterações na curva de transferência de tensão, pois encontra-se em baixas
frequências – relação nominal de transformação é mantida.
APÊNDICES 86

APÊNDICE B – EQUAÇÕES APROXIMAÇÃO ATRAVÉS DO VECTOR


FITTING (GUSTAVSEN, SEMLYEN, 1999)

Para um função 𝑓(𝑠) com valores tomados em pontos 𝑠 = 𝑗𝑤 , onde (1 ≤


𝑛 ≤ 𝑁 ), consideremos uma aproximação de 𝑓(𝑠) por uma função racional imprópria
da forma:

𝑓(𝑠) = ∑ + 𝑑 + 𝑠𝑒 (9)

onde 𝑁 é o número de polos da aproximação (que como máximo pode ser


igual ao número de pontos 𝑁 ), 𝑎 são os polos, 𝑐 são os resíduos, e opcionalmente
𝑑 e 𝑒 são números reais. Por serem os polos as incógnitas localizadas no
denominador, este problema é intrinsecamente não-linear e para linearizá-lo, se
eliminam os polos 𝑎 como incógnitas, designando um conjunto de polos iniciais.

Multiplicando 𝑓(𝑠) na Equação 9 por uma função de escalamento σ(s) com


sua própria aproximação racional, que atenda as seguintes condições:

̃
𝜎(𝑠) ≅ ∑ +1 (10)

𝜎(𝑠) . 𝑓(𝑠) ≅ ∑ + 𝑑 + 𝑠𝑒 (11)

Sendo 𝑐̃ um conjunto de resíduos desconhecido. Como 𝜎(𝑠) e 𝜎(𝑠) . 𝑓(𝑠)


compartem o mesmo conjunto de polos iniciais, substitui-se 10 e 11, obtendo a
seguinte Equação 12:

̃
∑ + 𝑑 + 𝑠𝑒 − ∑ +1 𝑓(𝑠) ≈ 𝑓(𝑠) (12)

sendo as incógnitas os valores de 𝑐 , 𝑐̃ , 𝑑 e 𝑒. A Equação 12 é linear em


suas incógnitas e pode ser resolvida para os 𝑚 pontos 𝑓(𝑠) em cada frequência 𝑠
mediante um sistema linear de 𝑚 equações da forma 𝐴. 𝑥 = 𝑏:

( ) ( )
𝐴 = … 1 𝑠 … (13)

𝑥 = [𝑐 … 𝑐 𝑑 𝑒 𝑐̅ … 𝑐̅ ] 𝑏 = 𝑓(𝑠 )

onde 𝐴𝑛 representa uma linha da matriz 𝐴, 𝑥 o vetor das incógnitas e 𝑏𝑛 representa


um elemento do vetor coluna 𝑏.
APÊNDICES 87

Sendo 𝑁 ≤ 𝑁 , o número de equações do sistema é maior que o número de


incógnitas, sendo, portanto, um sistema sobredeterminado que deve ser resolvido
pelo método dos mínimos quadrados.

Para pares conjugados de polos complexos da forma 𝑎 e 𝑎 , tal que 𝑎∗ =


𝑎 :

𝑎 = 𝑎 + 𝑗𝑎 𝑎 = 𝑎 − 𝑗𝑎

𝑐 = 𝑐 + 𝑗𝑐 𝑐 = 𝑐 − 𝑗𝑐

𝐴 , = + ∗ 𝐴 , = + ∗

Segura-se que as entradas do vetor 𝑥 sejam valores reais dividindo cada


equação em suas partes real e imaginária:

𝑅𝑒 (𝐴) 𝑅𝑒 (𝑏)
𝐴= 𝑏=
𝐼𝑚 (𝐴) 𝐼𝑚 (𝑏)

Já calculados os valores das incógnitas 𝑐 , 𝑐̃ , 𝑑 e 𝑒, devem-se calcular os


valores do conjunto de polos melhorado.

Representando 𝜎(𝑠) . 𝑓(𝑠) e 𝜎(𝑠) na forma de frações parciais com polos e


zeros:

( ̅ )
𝜎(𝑠) = ∏ ( )
(14)

∏ ( )
𝜎(𝑠) . 𝑓(𝑠) = ∏ ( )
(15)

usando 14 e 15, se calcula 𝑓(𝑠):

∏ ( )
𝑓(𝑠) = ∏ ( ̅ )
(16)

Os polos de 𝑓(𝑠) são iguais aos zeros de 𝜎 (𝑠); resolvendo um problema de


auto-valores, se calculam os zeros de 𝜎 (𝑠) e obtem-se um conjunto de polos
melhorado 𝑎 para a função 𝑓(𝑠):

𝑎 = 𝑒𝑖𝑔(𝐴 − 𝑏𝑐̃ ) (17)


APÊNDICES 88

para polos unicamente reais:

𝑎 0 … 0 1 𝑐̃
0 𝑎 … 0 𝑐̃
𝐴= 𝑏= 1 𝑐=
⋮ … ⋱ ⋮ ⋮ ⋮
0 0 … 𝑎 1 𝑐̃

para polos imaginários, trocamos cada polo real 𝑎 , temos 𝑏 e 𝑐̅ pelas seguintes
sub-matrizes:

𝑎′ 𝑎′′ 2
Â= 𝑏= 𝑐̂ = [𝑐′ 𝑐′′]
−𝑎′′ 𝑎′ 0

Para reforçar que os polos identificados sejam estáveis, polos instáveis


identificados com 𝑅𝑒(𝑎 ) > 0 podem ser virados à metade esquerda do plano
complexo “𝑠”, o que equivale a mudar a fase do sistema mantendo sua magnitude
constante.

Depois de cada iteração se trocam os polos prescritos com os novos polos


identificados; este processo é repetido iterativamente até que a condição de
convergência da função de mínimos quadrados é alcançada. Finalmente, os
resíduos são calculados resolvendo a Equação 9 com os polos identificados ao
resolver a Equação 17.
APÊNDICES 89

APÊNDICE C – CIRCUITO APROXIMADO ATRAVÉS DO VECTOR


FITTING COM 84 POLOS

$VINTAGE,1
C <BUS1><BUS2><BUS3><BUS4>< OHM >< milliH >< microF >
C
C (A,A)
X____A 5.76574537e+02
X____A 2.00000000e-10
X____A 1.34180145e+02 2.63296250e+04
X____A -1.37637480e+04 -1.77778417e+02
X____AX 3__A 4.15093793e+09 -3.09017129e+09
X 3__A -6.17042778e+09
X 3__A -1.19922675e-07
X____AX 5__A 4.20703139e+07 1.36891635e+07
X 5__A -4.75120222e+07
X 5__A 7.16112354e-06
X____AX 7__A -1.47300973e+08 7.85425742e+07
X 7__A 2.31034114e+08
X 7__A 2.29814666e-06
X____AX 9__A 3.52363219e+06 4.79938724e+06
X 9__A -1.98779398e+07
X 9__A 7.11331256e-05
X____AX B__A -4.61145897e+06 -4.58784487e+07
X B__A 1.76400875e+09
X B__A -7.29091947e-06
X____AX D__A 5.15288673e+07 -3.27607963e+07
X D__A -3.17410614e+08
X D__A -1.90308907e-06
X____AX F__A 1.03455771e+06 -1.42500303e+07
X F__A -1.32148539e+09
X F__A -4.13807684e-06
X____AX11__A 7.70603792e+07 -1.55505968e+07
X11__A -1.64339241e+08
X11__A -1.20477164e-06
X____AX13__A 1.47103805e+08 -4.47771441e+06
X13__A -1.56277604e+08
X13__A -1.91724814e-07
X____AX15__A -1.46377513e+06 -9.40090788e+04
X15__A 2.45105090e+06
X15__A -4.94430450e-05
X____AX17__A -6.46516700e+09 9.36655067e+06
X17__A 6.46700433e+09
X17__A 2.23889610e-10
X____AX19__A -1.06433930e+07 3.17387970e+05
X19__A 1.20605332e+07
X19__A 2.38501164e-06
X____AX1B__A -1.00913001e+05 3.82365493e+04
APÊNDICES 90

X1B__A 1.34967573e+06
X1B__A 1.26418880e-04
X____AX1D__A 5.69450433e+07 1.46256558e+06
X1D__A -6.64404824e+07
X1D__A 3.95966847e-07
X____AX1F__A -7.99886304e+11 5.51648625e+08
X1F__A 7.99986380e+11
X1F__A 8.62021698e-13
X____AX21__A 1.70336666e+04 6.70897358e+02
X21__A -3.72307696e+05
X21__A 1.65163943e-04
X____AX23__A 5.71188742e+04 8.64174382e+02
X23__A -3.40013094e+05
X23__A 5.38253911e-05
X____AX25__A 3.52101992e+05 1.07890689e+03
X25__A -4.52799518e+05
X25__A 7.27262505e-06
X____AX27__A 3.87736876e+04 6.40270675e+01
X27__A -5.75431921e+04
X27__A 3.31742457e-05
X____AX29__A 7.53660755e+04 1.07245422e+02
X29__A -1.22305077e+05
X29__A 1.24508535e-05
X____AX2B__A 8.02373184e+03 1.11025023e+01
X2B__A -4.03448220e+04
X2B__A 3.81995898e-05
X____AX2D__A 7.84267091e+02 2.73972511e-01
X2D__A -2.13196877e+03
X2D__A 2.63761727e-04
X____AX2F__A -5.93618143e+01 2.32577181e+00
X2F__A 6.19824063e+05
X2F__A 3.22214632e-05
X____AX31__A 1.66964634e+02 5.15153601e-02
X31__A -7.80963452e+02
X31__A 5.33560449e-04
X____AX33__A -3.80459292e+03 -2.64411541e-01
X33__A 4.39559571e+03
X33__A -1.61457459e-05
X____AX35__A -3.28056517e+03 5.27124635e-01
X35__A 6.23152022e+03
X35__A 2.48233183e-05
X____AX37__A -1.79427837e+04 -4.16878203e+00
X37__A 8.97499569e+04
X37__A -2.93016470e-06
X____AX39__A 5.40738785e+04 -3.49549214e+00
X39__A -8.16699512e+04
X39__A -7.21438885e-07
X____AX3B__A 7.83167275e+04 3.89869849e+00
X3B__A -1.24170361e+05
X3B__A 4.33991288e-07
APÊNDICES 91

X____AX3D__A 2.30074738e+05 1.13258142e+01


X3D__A -3.84628481e+05
X3D__A 1.33601919e-07
X____AX3F__A -4.22966899e+02 -1.85229126e-01
X3F__A -8.36927920e+03
X3F__A -2.06099311e-05
X____AX41__A 4.95691198e+05 -5.56879269e+00
X41__A -5.28348120e+05
X41__A -2.06871136e-08
X____AX43__A 1.84107030e+06 1.24893491e+02
X43__A -7.91073072e+06
X43__A 8.63854257e-09
X____AX45__A -1.26537819e+03 6.14737253e-01
X45__A 1.26812626e+05
X45__A 1.82808018e-06
X____AX47__A 1.81417424e+03 5.88774483e-02
X47__A -4.30792410e+03
X47__A 9.26478459e-06
X____AX49__A -1.68808049e+02 -4.65186175e-02
X49__A -1.65000856e+04
X49__A -1.70386941e-05
X____AX4B__A 5.70878790e+03 -3.23970531e-01
X4B__A -3.12959160e+04
X4B__A -1.43968889e-06
X____AX4D__A -5.05669460e+03 -3.75939877e-01
X4D__A 1.03922632e+05
X4D__A -1.19363621e-06
X____AX4F__A -3.89088477e+04 -1.39528360e+00
X4F__A 1.78184892e+05
X4F__A -2.23512206e-07
X____AX51__A 2.10275392e+04 2.42265519e-01
X51__A -3.42178582e+04
X51__A 3.86584562e-07
X____AX53__A 1.22226011e+02 -1.56639388e-02
X53__A -2.30352982e+03
X53__A -1.11488096e-05
$VINTAGE,0
APÊNDICES 92

APÊNDICE D – CIRCUITO APROXIMADO ATRAVÉS DO VECTOR


FITTING COM 15 POLOS

VINTAGE,1
C <BUS1><BUS2><BUS3><BUS4>< OHM >< milliH >< microF >
C
C (A,A)
X____A 1.31414720e+03
X____A 2.00000000e-10
X____A 1.67084940e+03 4.17502911e+04
X____AX 2__A 5.76425540e+03 1.49501875e+02
X 2__A -6.14257285e+04
X 2__A 7.00628655e-04
X____AX 4__A 6.85828230e+01 5.05331108e-02
X 4__A -4.10592276e+03
X 4__A 6.08854081e-04
X____AX 6__A -8.11625430e+03 -9.67274245e-01
X 6__A 5.50362104e+04
X 6__A -3.63482369e-06
X____AX 8__A 2.20217200e+04 4.08620499e-01
X 8__A -2.87616543e+04
X 8__A 6.96878051e-07
X____AX A__A -9.39887572e+04 -1.39338838e+00
X A__A 1.19786909e+05
X A__A -1.27604148e-07
X____AX C__A 2.86180778e+07 -3.54454455e+01
X C__A -2.86970525e+07
X C__A -4.30943635e-11
X____AX E__A 3.14511674e+05 3.90779506e-01
X E__A -3.17051561e+05
X E__A 4.02753609e-09
$VINTAGE,0
APÊNDICES 93

APÊNDICE E – MATRIZ DE ADMITÂNCIA

Para que seja possível uma análise do modelo do transformador a partir de


mais de um terminal, deve-se montar a matriz de admitância ou impedância. Para
entrada no Vector Fitting, como já mencionado, os dados devem estar em
admitância. Gustavsen mede todos os elementos da matriz de admitância utilizando
um analisador de rede (GUSTAVSEN, 2002, 2004). Medindo-se impedância, deve-
se inverter toda a matriz. Na medição de impedância, os outros terminais encontram-
se em aberto. Já as medições de admitância devem ser feitas com os outros
terminais curtos-circuitados e aterrados. A quantidade de termos da matriz vai
depender da quantidade de pontos de acesso – terminais levados em consideração.

Considerando três terminais e medindo-se impedância deve-se ter a


configuração mostrada na Figura D.1. Mede-se a impedância do terminal ao
referencial de terra. A matriz 3x3 e as equações de tensão em cada um dos terminais
são mostradas, respectivamente, em 18, 19, 20 e 21.

Figura D.1 – Condição dos terminais considerando três pontos de acesso.

𝑉 𝑍 𝑍 𝑍 𝐼
𝑉 =𝑍 𝑍 𝑍 . 𝐼 (18)
𝑉 𝑍 𝑍 𝑍 𝐼

𝑉 = 𝑍 .𝐼 + 𝑍 .𝐼 +𝑍 .𝐼 (19)

𝑉 = 𝑍 .𝐼 + 𝑍 .𝐼 + 𝑍 .𝐼 (20)

𝑉 = 𝑍 .𝐼 + 𝑍 .𝐼 + 𝑍 .𝐼 (21)

Na medição de impedância, os terminais encontram-se em aberto. Logo, não


há circulação de corrente. A partir dessa consideração, é possível encontrar os
valores de impedâncias próprias – elementos da diagonal principal da matriz de
impedância – e mútuas através das Equações 19, 20 e 21.
APÊNDICES 94

Tem-se que, na medição de impedância vista pelo terminal 1, não há corrente


circulando nos terminais 2 (𝐼 = 0) e 3 (𝐼 = 0); logo, baseando-se na Equação 19,
𝑍 é dada pela Equação 22. De forma análoga, baseando-se nas Equações 20 e
21, respectivamente, 𝑍 e𝑍 são dadas pelas Equações 23 e 24..

=𝑍 (22)

=𝑍 (23)

=𝑍 (24)

Utilizando os valores de impedâncias próprias descritos acima, a


transferência de tensão entre os terminais e associando as equações de tensão nos
terminais, chega-se aos valores de impedância mútuas, mostrados nas Equações
de 25 a 30. Considera-se as matrizes simétricas, ou seja, Zij = Zji. Logo, de maneira
prática, basta encontrar os termos triangulares superiores ou inferiores.

𝑍 . =𝑍 (25)

𝑍 . =𝑍 (26)

𝑍 . =𝑍 (27)

𝑍 . =𝑍 (28)

𝑍 . =𝑍 (29)

𝑍 . =𝑍 (30)

Considerando-se, agora, dois terminais como pontos de acesso (Figura D.2)


possui-se a matriz de impedância mostrada em 31.
APÊNDICES 95

Figura D.2 – Condição dos terminais considerando dois pontos de acesso.

𝑉 𝑍 𝑍 𝐼
= . (31)
𝑉 𝑍 𝑍 𝐼
Utilizando as medições de impedância terminal e transferência de tensão
entre os terminais 1 e 2 chega-se aos valores de impedâncias mútuas através das
Equações 15 e 16. Os resultados de 𝑍 e𝑍 são mostrados, respectivamente, nas
Figuras D.3 e D.4.

Figura D.3 – Impedância mútua 𝑍 calculada através da medição de impedância terminal e


transferência de tensão.
APÊNDICES 96

Figura D.4 – Impedância mútua 𝑍 calculada através da medição de impedância terminal e


transferência de tensão.

É possível perceber a semelhança entre as curvas dos termos mútuos, o que


comprova a simetria da matriz. Porém há muita interferência na medição,
principalmente, do ângulo de fase da transferência de tensão, o que deixa inviável a
modelagem através do Vector Fitting, pois a função diverge, e não se obtém uma
representação racional da curva.
Para o cálculo dos termos mútuos pode-se utilizar, também, um método
híbrido – associando-se as medições em aberto e em curto-circuito. Tem-se
𝑌=𝑍 mostrado na Equação 32, considerando-se 𝑍 = 𝑍 . O termo 𝑌 é
equacionado em 33 e encontra-se o termo 𝑍 através da Equação 34, sendo
possível, assim, completar a matriz de admitância.

𝑌 𝑌 𝑍 −𝑍
𝑌= = . (32)
𝑌 𝑌 −𝑍 𝑍 .

𝑌 = (33)
.

𝑍 = 𝑍 .𝑍 − (34)

A Figura D.5 representa a condição dos terminais para a medição da


impedância vista pelo terminal 1 com os outros terminais curtos-circuitados e
aterrados considerando dois pontos de acesso.
APÊNDICES 97

Figura D.5 – Medição da impedância vista do terminal 1 com os outros terminais curtos-circuitados
e aterrados considerando dois pontos de acesso.

Calculou-se o termo mútuo a partir do método hídrido. Com a ressalva de que


a medição de impedância com os terminais curtos-circuitados e aterrados não foi
feita conforme Figura D.5. Aterrou-se também o terminal Y, ou seja, houve alteração
na condição de um terminal que não estava sendo levado em consideração como
ponto de acesso. A Figura D.26 mostra o resultado do termo mútuo calculado através
do método híbrido. Também pelo nível de interferência, principalmente do ângulo de
fase não foi possível o ajuste através do Vector Fitting.

Figura D.6 – Impedância mútua calculada através do método híbrido – medição de


impedância com os terminais abertos e curtos-circuitados e aterrados.
APÊNDICES 98

APÊNDICE F – CIRCUITO APROXIMADO ATRAVÉS DO VECTOR


FITTING COM 15 POLOS – 2,5 MHZ

$VINTAGE,1
C <BUS1><BUS2><BUS3><BUS4>< OHM >< milliH >< microF >
C
C (A,A)
X____A 4.94876053e+11
X____A 2.00000000e-10
X____A 1.83266530e+02 2.65304842e+04
X____AX 2__A 4.01500393e+09 -4.49259674e+08
X 2__A -1.78204786e+10
X 2__A -6.27745758e-09
X____AX 4__A 1.30356181e+04 5.27596046e+02
X 4__A -3.14341426e+05
X 4__A 2.11171754e-04
X____AX 6__A 3.20715841e+04 6.18580998e+02
X 6__A -3.57484176e+05
X 6__A 8.01265842e-05
X____AX 8__A -6.86529966e+03 3.37487631e+01
X 8__A 4.12722007e+04
X 8__A 8.03520567e-05
X____AX A__A 1.21909103e+01 1.54261144e-02
X A__A 6.12862931e+03
X A__A 1.97649253e-03
X____AX C__A 1.07257797e+03 2.45237456e-01
X C__A -6.13825319e+03
X C__A 4.95287857e-05
X____AX E__A -9.67799373e+03 -1.64130053e+00
X E__A 9.00300298e+04
X E__A -2.47274611e-06
$VINTAGE,0

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