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Economia Bancária

Economia Bancária
2023/2024
5. O racionamento do crédito bancário: a
maximização do lucro, e a informação assimétrica
Plano:
5. O racionamento do crédito bancário
5.1. O racionamento do crédito bancário: a maximização do lucro
5.2. O racionamento do crédito bancário e a informação assimétrica
Objectivos:
•Caracterizar o problema de racionamento de crédito e os vários tipos de
racionamento de crédito
•Compreender a racionalidade existente no racionamento do crédito
•Relacionar o problema de racionamento de crédito com a existência de
informação assimétrica
Bibliografia :
• Matthews e Thompson, capítulo 8, pags 113-123
Fátima Sol 1

5.1. O racionamento do crédito bancário: a maximização


do lucro
Definição:
O racionamento do crédito bancário define-se como a situação em que, no
mercado do crédito, se forma uma determinada taxa de juro, que é
consistente com excesso de procura

•Nesta situação não é o preço elevado que raciona a procura pois ao


preço de mercado (a taxa de juro em vigor) verifica-se que Procura>Oferta
•A taxa de juro não se ajusta completamente até toda a procura estar
satisfeita

Bancos não concedem crédito a todos os clientes que estão dispostos a


pagar o preço (isto é, a taxa de juro em vigor)
Há outros elementos a ter em conta, além do preço, nos contratos de
crédito

Fátima Sol 2

Fátima Sol 1
Economia Bancária

O racionamento do crédito pode ser classificado em dois tipos:


Racionamento endógeno
Tipo I: Ocorre sempre que, considerando um grupo homogéneo de
devedores, há um racionamento, alguns desses devedores obtém todo o
crédito que solicitam, enquanto que outros são racionados. Os devedores
desse grupo homogéneo são tratados de forma diferente. Aqueles cujos
pedidos são rejeitados não obtém crédito mesmo que estejam dispostos a
pagar uma taxa de juro superior.

Tipo II: Ocorre sempre que, considerando um grupo homogéneo de


devedores, há um racionamento, total ou parcial, de todos esses devedores.
Os devedores desse grupo homogéneo são todos tratados de igual forma.

Racionamento exógeno
Procura de crédito superior à oferta devido a razões externas, que não
dependem da iniciativa dos bancos: restrição à oferta de crédito, taxas de
juro do crédito fixadas administrativamente, etc.. É uma situação temporária
na medida em que se a restrição, desaparecer, ela também se resolve.

Fátima Sol 3

O problema de racionamento do crédito é relevante a


dois níveis:
A nível macroeconómico:
•Se há excesso de procura, há insuficiência de meios
financeiros para os agentes económicos produtivos
necessários à expansão da economia?
•Questão da transmissão da política monetária – as
alterações de taxa de juro oficial têm efeitos nas taxas de juro
ao crédito ou elas são rígidas?

A nível microeconómico :
•Como explicar o racionamento de crédito ao nível da
empresa bancária?
•Será que o racionamento de crédito é compatível com
decisões racionais de um banco cujo objectivo é maximizar o
lucro?
Fátima Sol 4

Fátima Sol 2
Economia Bancária

A teoria da disponibilidade de fundos (the availability


doctrine):
• Desenvolvida nos anos do pós II Guerra Mundial
• De acordo com a teoria: bancos estavam limitados pela quantidade de
fundos que conseguiam atrair ⇒ racionamento: a quantidade de crédito
era exclusivamente determinada pela disponibilidade de fundos dos
bancos
• Nesta época bancos tinham em ativo enorme quantidade de títulos de
dívida pública (financiamento das despesas de guerra e de reconstrução).
Liquidez bancária era controlada por operações de open-market onde os
governos, através dos Bancos Centrais, colocavam títulos de dívida
pública nos bancos.
• Política monetária era mesmo efetiva: se Base Monetária↑ ⇒ expansão
do crédito
• Em muitas economias existiam limites quantitativos à concessão de
crédito

• Mas: se bancos não têm fundos para conceder crédito, porque não
sobem a taxa de juro (até ao ponto em que oferta = procura)? Esta teoria
não consegue explicar o fenómeno.
• Explicação por restrições legais e não o resultado de comportamento
racional
5
Fátima Sol

O racionamento e a maximização do lucro


•Teorias que explicam endogenamente a existência de
racionamento, isto é, como resultado de comportamento
racional de um agente económico maximizador do lucro
•Baseiam-se na existência de risco de crédito (ou risco de
incumprimento) no crédito concedido pelo banco
• À medida que o banco concede mais crédito, pode ficar
exposto a mais risco de crédito
• O rendimento esperado E(π) é incerto, depende do efetivo
pagamento dos empréstimos concedidos

 preço L   rend . esperado 



rL   
risco de crédito   rend . esperado 

6
Fátima Sol

Fátima Sol 3
Economia Bancária

5.2. O racionamento do crédito bancário e a informação


assimétrica
•Muitos modelos têm explicado o racionamento de crédito com a
existência de informação assimétrica
•Stiglitz e Weiss, 1981, Credit Rationing in Markets with Imperfect
Information
– Stiglitz e Weiss afirmam que o mercado de crédito pode ser
caracterizado por uma situação de racionamento
– o racionamento de crédito pode ocorrer devido à existência de
informação assimétrica no mercado de crédito
– os bancos, ao realizarem empréstimos preocupam-se com a taxa de
juro que recebem e com o risco do projeto.
– a própria taxa de juro cobrada pelo banco pode afetar o risco
presente no grupo de devedores aceites
⇒ afastando/atraindo potenciais devedores ⇒ seleção adversa
⇒ condicionando as ações dos devedores ⇒ risco moral

Fátima Sol 7

Stiglitz e Weiss, 1981, Credit Rationing in Markets with Imperfect Information


(cont)

• Diferentes devedores têm diferentes probabilidades de pagar o


empréstimo concedido. O banco pretende atrair os devedores com maior
probabilidade de pagamento da dívida. É difícil identificar os bons
devedores e para isso o banco tem que usar meios para os selecionar e
identificar. A taxa de juro que um devedor está disposto a pagar atua como
um desses meios: aqueles que estão dispostos a pagar taxas mais
elevadas podem ser, em média, piores devedores, isto é, aqueles cuja
probabilidade de pagar o empréstimo é menor.
• Assim, à medida que a taxa de juro sobe:
⇒ o risco médio dos devedores aumenta
⇒ os “bons” devedores, de menor risco, são afastados ⇒ problema de
seleção adversa

Fátima Sol 8

Fátima Sol 4
Economia Bancária

Stiglitz e Weiss, 1981, Credit Rationing in Markets with Imperfect Information


(cont)

• Por outro lado, se a taxa de juro se altera, o comportamento do devedor


também pode mudar. É que a subida da taxa de juro significa para o
devedor um aumento do custo do projeto e por isso, uma diminuição do
rendimento esperado. Assim, a taxa de juro constitui um incentivo
adverso, na medida em que constitui um estímulo a que os devedores se
envolvam em projetos ou atividades de maior risco (mas maior retorno se
tiverem sucesso) que lhe permitam pagar a dívida ⇒ problema de risco
moral
• Então:
–Subida da taxa de juro pode não significar aumento de lucro
esperado pois o risco de crédito aumenta
–Sempre que a procura pressionar a taxa de juro para um nível
superior à que maximiza o lucro (rL*), a melhor estratégia é racionar o
crédito, à taxa de juro rL*

Fátima Sol 9

A probabilidade de sucesso de um investimento é igual a p. A existência de


assimetria de informação significa que o devedor conhece a probabilidade de
sucesso do seu investimento mas o banco não a conhece. Então, a subida da
taxa tem um efeito direto no rendimento esperado, devido aos pagamentos
nominais do empréstimo e um efeito de sentido oposto que se deve à
assimetria de informação:



1) preçoL   pagamento empréstimo  L1  rL    E   

rL   
  selecção adversa
  p
 2 )    0  E   
 incentivo adverso r
 

Deste modo a função de lucro esperado tem um comportamento não-


monótono. A maximização do lucro esperado por parte do banco acontece
quando o primeiro efeito é exatamente compensado pelo segundo, isto é:

E  
0
rL
Fátima Sol 10

Fátima Sol 5
Economia Bancária

Se um banco conhece o comportamento da sua função de lucro esperado:


E(π)

E(π)*

rL* rL

Se rL  rL*  1º efeito é mais forte : rL   E  

Se rL  rL*  2º efeito é mais forte : rL   E  

O banco escolheria aplicar a taxa de juro que maximiza o lucro esperado

Fátima Sol 11

rL
D2
S

D1

r L*

r L1

L1 L* L2 L

→ excesso de procura = L2 – L*

→ excesso de procura ⇒ racionamento de crédito

Fátima Sol 12

Fátima Sol 6
Economia Bancária

Resumindo: O lucro esperado do banco e a oferta de crédito têm um comportamento


não monótono. Se a procura igualar a oferta a um nível da taxa de juro tal que existe
uma taxa de juro menor, à qual o lucro esperado do banco é maior ⇒ racionamento

rL
S
D

Selec.
Adversa e r1
Incentivo
Adverso

r L*

E(π) E(π) máx L* LD L

Fátima Sol 13

Stiglitz e Weiss, 1981, Credit Rationing in Markets with Imperfect Information


(conclusão)

•Este modelo explica racionamento de tipo I: Banco não


distingue bons e maus devedores ⇒ concede crédito a bons e
maus devedores; não concede crédito a bons e maus
devedores ⇒ dentro da mesma classe de risco devedores são
tratados de forma diferente
• Crítica: Baseia-se na existência de informação assimétrica ⇒
incapacidade do banco para avaliar corretamente o risco de
cada devedor
Mas: existência de bancos é justificada economicamente
pelo seu papel na recolha e tratamento de informação
⇒ redução dos problemas de seleção adversa e risco
moral
⇒ deve poder discriminar entre bons e maus devedores,
realizar o screening dos devedores

Fátima Sol 14

Fátima Sol 7

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