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EXMO SR.

JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CÍVEL DA COMARCA DE CARMO DO RIO


CLARO/MG

CÉDULA RURAL PIGNORATÍCIA Nº 40/02085-1

vem perante Vossa Excelência, por seus procuradores (procuração e


substabelecimento anexos), ajuizar:

AÇÃO DE EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL

1. DOS FATOS

Em 02/06/2017, o Banco Exequente deferiu ao Executado, emitente da cédula,


um crédito no valor de R$ 100.493,11 (Cem mil quatrocentos e noventa e três reais e onze
centavos), destinado ao financiamento para custeio de uma lavoura de café, conforme definido
no orçamento de aplicação do crédito – fls. 01 do contrato.

Em contrapartida, o Executado assumiu a obrigação de pagar o valor do


financiamento em 04 (Quatro) parcelas vencíveis entre 28/12/2018 e 28/03/2019. No entanto, a
obrigação não foi cumprida, tornando-se o Exequente credor da parte Executada na quantia de
R$ 128.564,57 (Cento e vinte e oito mil quinhentos e sessenta e quatro reais e cinquenta e sete
centavos).

Consta na cláusula garantias, os seguintes bens:

 Em penhor cedular de primeiro grau e sem


concorrência de terceiros 27.090,00 kgs de café arábica , período
agrícola compreendido entre agosto/2017 a julho/2018, no valor total de
R$ 228.368,70. Referida safra encontra-se localizada na Fazenda do
Espírito Santo, Matrícula R-01-M-11.074 do CRI de Carmo do Rio
Claro/MG.

Destarte, com o inadimplemento do pagamento das prestações mensais,


ocorreu o vencimento antecipado da dívida, estando os Executados descumpridores com a

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obrigação de pagar a quantia já descrita anteriormente, conforme demonstra planilha de saldo
devedor anexa, realizada de acordo com o instrumento de crédito.

Os outros integrantes do polo passivo o fazem na condição de avalistas,


conforme se verifica nas assinaturas do instrumento de crédito.

Frustradas as tentativas de receber o crédito, alternativa não restou ao


Exequente senão o ajuizamento desta para recebimento dos valores que lhe são devidos.

2. DA LEGITIMIDADE DOS DEMAIS EXECUTADOS

Infere-se na presente demanda que os demais executados são avalistas da


Cédula Rural Pignoratícia n° 40/02085-1, emitida contra o primeiro executado.

Os Executados em questão obrigaram-se a garantir o cumprimento do contrato


através do instituto do aval, conforme assinaturas lançadas na presente cédula. Com efeito,
são avalistas e co-responsáveis pelo cumprimento da obrigação, também pelo que determina o
art. 897 do Código Civil, que assim dispõe:

Art. 897. O pagamento de título de crédito, que contenha


obrigação de pagar soma determinada, pode ser garantido por
aval.

Parágrafo único. É vedado o aval parcial.

E, ainda, de acordo com o artigo 60 do Decreto-Lei 167 /67, resta evidente a


obrigação dos avalistas. Senão vejamos:

"Art 60. Aplicam-se à cédula de crédito rural, à nota promissória


rural e à duplicata rural, no que forem cabíveis, as normas de
direito cambial, inclusive quanto a aval, dispensado porém o
protesto para assegurar o direito de regresso contra endossantes
e seus avalistas." (grifo nosso)

Como os avalistas também obrigaram-se pelo adimplemento do contrato, é de se


concluir que tendo eles prestado aval e não tendo sido o negócio avalizado cumprido, não há
qualquer conduta irregular por parte do Banco ao incluí-los no polo passivo da presente
execução.

3. DOS FUNDAMENTOS E DO DIREITO

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Não há dúvidas quanto à natureza de título de crédito da Cédula Rural
Pignoratícia, por força do que dispõe o artigo 10º do Decreto-Lei nº 167/67 c/c com o artigo
784, XII, do CPC, a seguir transcritos:

Artigo 10 do Decreto-Lei 167/67:

"Art 10. A cédula de crédito rural é título civil, líquido e certo,


exigível pela soma dêla constante ou do endôsso, além dos juros,
da comissão de fiscalização, se houver, e demais despesas que o
credor fizer para segurança, regularidade e realização de seu
direito creditório;"

Artigo 784, XII do CPC:

"Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais

...

XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a


lei atribuir força executiva."

Comprova-se a característica de Título Executivo da Cédula Rural Pignoratícia


através de recentes jurisprudências de nossos Tribunais, como se percebe pelo teor dos
julgados abaixo colacionados:

"APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. EXECUÇÃO DE


TÍTULO EXTRAJUDICIAL. CÉDULA RURAL PIGNORATÍCIA. A cédula rural
pignoratícia constitui título executivo extrajudicial por força de lei, não
sendo necessária a assinatura de duas testemunhas, consoante
entendimento dos arts. 10 e 14 do Decreto-Lei n. 167 /67 e art. 585, incisos
III e VIII , do CPC . APELAÇÃO CÍVEL PROVIDA. SENTENÇA
DESCONSTITUÍDA PARA DETERMINAR O REGULAR PROSSEGUIMENTO
DO FEITO. (APELAÇÃO CÍVEL Nº 70063639942, Vigésima Quarta Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Altair de Lemos Junior, p.
04/05/2015).

”EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - EMBARGOS À EXECUÇÃO - AGRAVO


RETIDO - JUSTIÇA GRATUITA - CÉDULA RURAL PIGNORATÍCIA - TÍTULO
EXECUTIVO - OBRIGAÇÃO LÍQUIDA, CERTA E EXIGÍVEL - PRESCRIÇÃO -
INOCORRÊNCIA - CAPITALIZAÇÃO - POSSIBILIDADE - MULTA -
SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA(...). Inexiste nulidade nas cédulas rurais
pignoratícias que contêm todos os requisitos previstos em lei e estão
acompanhadas de extratos hábeis para demonstrar que as obrigações dos
títulos são líquidas, certas e exigíveis. Se a ação de execução foi ajuizada no
prazo de três anos contados da data de vencimento do título, não está prescrita

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a pretensão do credor. (...). (TJMG - Apelação Cível 1.0349.07.017061-9/006,
13ª Câmara Cível, Relator: Rogério Medeiros, p. 26/04/2018).

Ante a redação clara dos dispositivos legais exarados acima, do entendimento


jurisprudencial apresentado e da narração fática, não restam dúvidas da existência de título
executivo extrajudicial pronto a comprovar o direito de crédito.

Importante ressaltar também que a presente ação, que visa à cobrança do


direito de crédito, está dentro do prazo prescricional que dispõe o Código Civil em seu artigo
206, § 3º, inciso VIII. Assim sendo, vejamos:

"Art. 206. Prescreve:

§ 3o Em três anos:

VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a


contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial".
(grifo nosso)

Cumpre evidenciar que a execução pode ser instaurada caso o devedor não
satisfaça a obrigação líquida, certa e exigível, consubstanciada em título executivo. Neste
sentido é a hipótese prevista no inciso III do art. 1.425 do Código Civil, que assim dispõe:

"Art. 1425. A dívida considera-se vencida:

III - se as prestações não forem pontualmente pagas, toda vez


que deste modo se achar estipulado o pagamento. Neste caso, o
recebimento posterior da prestação atrasada importa renúncia do
credor ao seu direito de execução imediata". (grifo nosso)

Sobre este tema, dispõe também o artigo 11, parágrafo único do Decreto-Lei
167/67:

"Art 11. Importa vencimento de cédula de crédito rural


independentemente de aviso ou interpelação judicial ou
extrajudicial, a inadimplência de qualquer obrigação convencional
ou legal do emitente do título ou, sendo o caso, do terceiro
prestante da garantia real.

Parágrafo único. Verificado o inadimplemento, poderá ainda o


credor considerar vencidos antecipadamente todos os

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financiamentos rurais concedidos ao emitente e dos quais seja
credor."

Ademais, o estabelecido na Cláusula "Vencimento Antecipado/Extraordinário" do


presente instrumento, acarreta o seu vencimento antecipado, obrigando-se o executado a
liquidar imediatamente toda a dívida, inclusive juros moratórios e compensatórios, encargos
financeiros, despesas, multa convencional e demais acessórios, o que de fato ocorreu.

Sobre os requisitos para se ajuizar uma execução baseada em título executivo


extrajudicial, se faz importante ressaltar a lição dos eminentes Professores Luiz Guilherme
Marioni e Sérgio Cruz Arenhart para elucidar a matéria, in verbis:

"Assim como ocorre com o título judicial, o título executivo deve


revestir-se das qualidades de certeza, liquidez e exigibilidade
(art.586 do CPC).(...) A certeza deve apresentar-se na formação
do título, de modo que pela sua simples leitura se possa
determinar o objeto da prestação, sua forma, seus sujeitos e, em
fim, os contornos da obrigação. Em relação à exigibilidade, estará
presente no momento em que for possível impor ao executado a
prestação constante no título. (...) Enfim, quanto à liquidez do
título extrajudicial, é usual afirmar que estes títulos devem ser
líquidos em sua origem, não admitindo procedimentos ulterior de
liquidação. Em regra, estes últimos devem expressar, imediata e
diretamente, o valor da prestação devida ou ao menos indicar os
créditos para a pronta definição destes elementos."
(Execução/Luiz Guilherme Marioni e Sérgio Cruz Arenhart. - 5 ed.
- São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013, p.449).

No caso em tela, tem-se a formação do título executivo extrajudicial que indica a


obrigação certa, que é o pagamento do valor financiado em 04 parcelas, inadimplidas pelos
executados; a liquidez que é o valor de (valor de acordo com a planilha) R$ 128.564,57 (Cento
e vinte e oito mil quinhentos e sessenta e quatro reais e cinquenta e sete centavos) e a
exigibilidade, que é a mora no cumprimento da prestação, todos elencados no artigo 783 do
Novo CPC.

4. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Diante do exposto, requer:

1) A citação dos Executados, nos endereços constantes do preâmbulo, nos


termos do artigo 829 do Novo Código de Processo Civil para, no prazo de 03 (três) dias,
efetuar o pagamento da dívida no valor de R$ 128.564,57 (Cento e vinte e oito mil quinhentos e
sessenta e quatro reais e cinquenta e sete centavos), planilha em anexo, ou, conforme os
artigos 914 e 915 e seus parágrafos do Novo CPC, embargar a execução no prazo de 15
(quinze) dias;

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2) nos termos dos artigos 829, § 2º e 835, § 3º, ambos do Novo Código de
Processo Civil, caso não haja pagamento, desde já indica-se à penhora os bens abaixo
descritos:

 Em penhor cedular de primeiro grau e sem


concorrência de terceiros 27.090,00 kgs de café arábica , período
agrícola compreendido entre agosto/2017 a julho/2018, no valor total de
R$ 228.368,70. Referida safra encontra-se localizada na Fazenda do
Espírito Santo, Matrícula R-01-M-11.074 do CRI de Carmo do Rio
Claro/MG.

3) Nos termos do artigo 246, II, e artigo 829 e seus parágrafos, ambos do Novo
Código de Processo Civil, caso o Oficial de Justiça não localize bens passíveis de penhora ou
caso estes não sejam capazes de suportar a execução ora proposta, requer a intimação das
partes Executadas para indicarem bens passíveis de penhora;

4) A concessão dos benefícios do artigo 212, § 2º do Novo Código de Processo


Civil, para expedição do mandado citatório e para a penhora;

5) Caso não sejam localizadas as partes Executadas, sejam-lhe arrestados


tantos bens quantos bastem para garantir a execução, nos termos dos artigos 830 e 831 do
Novo Código de Processo Civil, observando-se a ordem de preferência prevista no artigo 835
do referido Código;

6) Sejam os Executados condenados ao pagamento das custas processuais e


honorários advocatícios, sobre o valor do débito, nos termos do art. 827 do Novo CPC;

7) Provar o alegado por prova documental;

8) Seja efetuado o cadastramento do Dr. Sérvio Túlio de Barcelos, inscrito na


OAB/MG 44.698, para que toda e qualquer publicação e/ou intimação seja efetivada em seu
nome, sob pena de nulidade, inclusive aquelas por meio eletrônico de acordo com a Lei nº
11.419/06, através do e-mail [email protected];

9) Ao final, requer a intimação do advogado signatário, Dr. Sérvio Túlio de


Barcelos, para as futuras publicações, através do endereço do seu escritório, situado na Rua
Rio Grande do Sul, nº 661, 4º andar, bairro Barro Preto, Belo Horizonte/MG, CEP 30.170-110;

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10) Nos termos do art. 425, IV, CPC, os documentos juntados aos autos são
declarados autênticos.

Dá-se à causa o valor de R$ 128.564,57 (Cento e vinte e oito mil quinhentos e


sessenta e quatro reais e cinquenta e sete centavos).

Nestes termos, pede deferimento.

Carmo do Rio Claro/MG, 28 de maio de 2024.

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