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CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA

CURSO DE DIREITO

MIRIAM SATIKO DE MELO COSTA IDE

AVALIAÇÃO DA IMPUTABILIDADE DO PSICOPATA SOB A


PERSPECTIVA DA PSIQUIATRIA FORENSE E DO DIREITO PENAL.

RIBEIRÃO PRETO
2024
MIRIAM SATIKO DE MELO COSTA IDE

AVALIAÇÃO DA IMPUTABILIDADE DO PSICOPATA SOB A PERSPECTIVA DA


PSIQUIATRIA FORENSE E DO DIREITO PENAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso de Direito do Centro Universitário Moura
Lacerda como requisito à obtenção de grau de
bacharel em Direito.

Orientadora: Prof. Thaís Del Monte Buzato


RIBEIRÃO PRETO
2024
MIRIAM SATIKO DE MELO COSTA IDE

AVALIAÇÃO DA IMPUTABILIDADE DO PSICOPATA SOB A PERSPECTIVA DA


PSIQUIATRIA FORENSE E DO DIREITO PENAL

Monografia apresentada ao Centro Universitário Moura


Lacerda, curso de graduação em Direito, como
requisito para a obtenção de título bacharel em Direito
sob a orientação da Prof. Thaís Del Monte Buzato com nota
final ____, conferida pela banca examinadora.

____________________________________
Prof. Thaís Del Monte Buzato (Orientadora)

________________________________
Examinador (indicado pela instituição)

__________________________________
Examinador (convidado pela Orientadora)
Ribeirão Preto SP, ____ de ______________ de 2024.

Dedicatória
Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso a todos
aqueles que foram fundamentais em minha jornada
acadêmica e pessoal, em especial minha querida mãe
Andrelina, que sempre me incentivou e apoiou em
toda essa trajetória, a qual expresso minha profunda
Gratidão.
‘’Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo,
não precisa temer o resultado de cem batalhas’’
Sun Tzu, a arte da guerra

RESUMO

O objetivo deste trabalho é buscar o desenvolvimento da psiquiatria juntamente com


o Direito Penal. Quais as medidas tomadas hoje e qual a possível solução com
relação à punição desse criminoso. Visa demonstrar o esclarecimento do direito
penal com relação ao criminoso psicopata e sua imputabilidade, já que se trata de
um indivíduo totalmente capaz, portador de transtorno antissocial e não de doença
mental. Esclarecer sobre a reincidência criminal desses indivíduos. Alertando sobre
sua periculosidade na sociedade. Para desenvolvimento do presente trabalho de
conclusão de curso foram realizadas análises de trabalhos acadêmicos que
discorrem sobre o tema da imputabilidade penal, pesquisas bibliográficas de autores
renomados, análise de manual diagnóstico e estatísticos de transtornos mentais e
jurisprudências com casos que tiveram grande repercussão de psicopatas no brasil.

Palavras – chave: Imputabilidade. Direito Penal. Transtorno de Personalidade.


Psicopatia.
ABSTRACT

The objective of this work is to seek the development of psychiatry together with
Brazilian criminal law, which led to a definition of what a psychopath is, what
measures are taken today and what is the possible solution in relation to the violence
of this violence. It aims to demonstrate the clarification of criminal law in relation to
psychopathic crime and its imputability, since it involves a fully capable individual,
suffering from an antisocial disorder and not a mental illness. It should be defined as
attributable and not as semi-attributable or non-imputable. Clarify the criminal
recidivism of these individuals in our society. For the development of this course
conclusion work, analyzes were carried out of academic works that disagree on the
topic of criminal liability, bibliographic research by renowned authors, analysis of
manual diagnosis and statistics of mental disorders and disorders with cases that
had a great impact on psychopaths. in Brazil.

Keywords: Imputability. Criminal Law. Personality Transformation. Psychopathy.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Sintomas chave de psicopatia………………………………….14

Figura 2 - Itens e fatores da Escala Hare…………………………………………..17

Figura 3 - Respostas de um ex detento sobre Psychopathy Checklist………19


LISTA DE ABREVIATURAS

CID – Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas


Relacionados com a Saúde

CP – Código Penal

DSM – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais

LEP – Legislação Penal Extravagante

PCL – Psychopathy Checklist

STJ – Superior Tribunal de Justiça

STF – Supremo Tribunal Federal


SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO........................................................................................................

2.PSICOPATIA..........................................................................................................

2.1 Emocional / Interpessoal…………………………………………………………...

2.2 Desvio Social …………………...........................................................................

3 PSIQUIATRIA FORENSE......................................................................................

3. 1 Métodos de avaliação da psicopatia para fins legais…………………………

3.2 Doença mental……………………………………………………………………......

4. CULPABILIDADE .................................................................................................

4.1 Imputabilidade ……………………………………………………………………......

4.2 Semi Imputabilidade…………………………………………………………………

4.3 Inimputabilidade………………………………………………………………......

5 TEORIA NORMATIVA PURA ………………………………………………………….


...
5.1 Elementos integralizantes da culpabilidade …………………………………….

5.3 Exigibilidade de conduta diversa…………………………………………………….

6. REINCIDÊNCIA CRIMINAL DOS PSICOPATA……………………………………...

6.1 Sanção Penal adequada aos psicopatas……………………………………..........

6.2 Ineficácia psicoterápica……………………………………………………………....


7. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................

REFERÊNCIAS....................................................... ....................................................
1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho visa demonstrar as questões envolvendo psicopatas


entrelaçando a psiquiatria forense e o direito penal nesse mesmo contexto. Um tema
que por sua vez, ainda é pouco debatido e em nosso ordenamento jurídico não
encontramos muitas respostas para a definição do psicopata e como esses
indivíduos devem ser punidos. A figura do psicopata, com sua mente perversa e
maligna, desafia constantemente os limites da justiça. Exigindo, portanto, um exame
minucioso e interdisciplinar, integrando conhecimentos da psiquiatria forense e do
direito penal.

Este trabalho busca contribuir para o debate, analisando criticamente as


diferentes perspectivas sobre o tema e buscando soluções que considerem a
complexa natureza da psicopatia. Em nosso ordenamento jurídico ainda não há
nenhum diploma legal que trata sobre esse assunto de maneira específica. Por
muitas vezes esses indivíduos acabam sendo julgados como presos comuns. O que
é perigoso, inclusive, para os outros presos. Nesse sentido, a doutrina e
jurisprudência adotou a possibilidade de julgar como imputáveis, ou seja, se aplica a
pena privativa de liberdade. Se reconhecidos como semi imputáveis, a
responsabilidade é diminuída e serão julgados com uma redução de pena. Já os
inimputáveis, sofrem uma medida de segurança, e deverão cumprir pena em
hospital de custódia (manicômio judiciário) e só voltarão a se reintegrar na
sociedade após cessar sua periculosidade.
2. Psicopatia

Quando ouvimos a palavra “psicopata” logo imaginamos um criminoso que


pratica crimes brutais com requintes de crueldade. Contudo, vale ressaltar que nem
sempre o psicopata será um criminoso sanguinário. Na realidade, a psicopatia é um
transtorno na personalidade do indivíduo. O termo mais utilizado é transtorno de
personalidade antissocial (TPAS), encontrado na Classificação Internacional de
Doenças (CID-10).

Na lição de Michele O. de Abreu (Imputabilidade do Psicopata. p. 6) Alguns


estudiosos preferem usar o termo ‘’ psicopatia enquanto outros usam o termo por ‘’
sociopatas’’ ‘’personalidade sociopática’’ ‘’condutopatia’’ ‘’transtorno de
personalidade antissocial’’ pois acreditam serem indivíduos que possuem está
moléstia na conduta patológica. Vale ressaltar que os psicopatas não possuem
sentimentos superiores como, piedade, compaixão e altruísmo, sendo indivíduos
extremamente egoístas.

Para Guido Arturo Palomba a definição de psicopata seria “ condutopatas ou seja, o


indivíduo possui um transtorno em sua personalidade, o qual nasce com a psicopatia,
desenvolve e morre com ela’’.

Vale ressaltar que são indivíduos plenamente capazes, ou seja, possuem


total discernimento de seus atos. Não devendo, portanto, serem confundidos com os
doentes mentais.
Segundo Ana Beatriz Barbosa (Mentes Perigosas: o psicopata mora ao
lado, p.26) ‘’Os psicopatas são indivíduos que podem ser encontrados em
qualquer etnia, cultura, sociedade, credo, sexualidade ou nível financeiro.
Estão infiltrados em todos os meios sociais e profissionais, camuflados de
executivos bem-sucedidos, líderes religiosos, trabalhadores, pais e mães
“de família”, políticos etc. Certamente, cada um de nós conhece ou
conhecerá algumas dessas pessoas ao longo da vida. Muitos já foram
manipulados por elas, alguns vivem forçosamente com elas e outros tentam
reparar os danos materiais e psicológicos por elas causados. Por isso, não
se iluda: esses indivíduos charmosos e atraentes frequentemente deixam
um rastro de perdas e destruição por onde passam. Sua marca principal é a
impressionante falta de consciência nas relações interpessoais
estabelecidas nos diversos ambientes do convívio humano (afetivo,
profissional, familiar e social). O jogo deles se baseia no poder e na
autopromoção à custa dos outros, e eles são capazes de atropelar tudo e
todos com total egocentrismo e indiferença”.

Nas palavras de Robert D. Hare (Sem Consciência: o mundo perturbador


dos psicopatas p. 38) ‘’Os psicopatas não são pessoas desorientadas ou
que perderam o contato com a realidade; não apresentam ilusões,
alucinações ou a angústia subjetiva intensa que caracteriza a maioria dos
transtornos mentais. Ao contrário dos psicóticos, os psicopatas são
racionais, conscientes do que estão fazendo e do motivo por que agem
assim. Seu comportamento é resultado de uma escolha exercida livremente.
Portanto, quando uma pessoa diagnosticada com esquizofrenia desrespeita
as normas sociais, digamos, mata alguém que está passando na rua, em
resposta a ordens “recebidas de um marciano em uma espaçonave”,
concluímos que essa pessoa não é responsável “por motivo de insanidade”.
Já quando alguém com diagnóstico de psicopata desrespeita essas
mesmas normas, ele é considerado uma pessoa sã e mandado para a
prisão’’.

Jorge Trindade (Manual de Psicologia Jurídica para operadores do Direito,


p.11) “A psicopatia não é um transtorno mental da mesma ordem da
esquizofrenia, do retardo ou da depressão, por exemplo. Não sem críticas,
pode-se dizer que a psicopatia não é propriamente um transtorno mental.
Mais adequado parece considerar a psicopatia como um transtorno de
personalidade, pois implica uma condição mais grave de desarmonia na
formação da personalidade”

Nas palavras de Robert Hare: Os psicopatas têm total ciência de seus atos,
ou seja, sabem perfeitamente que estão infringindo regras sociais e porque
estão agindo dessa maneira. A deficiência deles está no campo dos afetos e
das emoções. Assim, para eles, tanto faz ferir, maltratar ou até matar alguém
que atravesse o seu caminho ou os seus interesses, mesmo que esse
alguém faça parte de seu convívio íntimo. Esses comportamentos
desprezíveis são resultados de uma escolha exercida de forma livre e sem
nenhuma culpa. A mais evidente expressão da psicopatia envolve a flagrante
violação criminosa das regras sociais. Sem nenhuma surpresa adicional,
muitos psicopatas são assassinos violentos e cruéis. No entanto, como já foi
dito, a maioria deles está do lado de fora das grades, utilizando, sem
consciência alguma, habilidades manipuladoras contra suas vítimas que,
para eles, funcionam apenas como troféus de competência e inteligência.
2.1 Emocional/ Interpessoal

Este tópico tem como finalidade o entendimento do componente humano: A


capacidade de sentimento em relação aos outros. Compreender o jeito de agir e
pensar a respeito de si próprio e das outras pessoas à sua volta.

Em se tratando do lado emocional, podemos analisar que indivíduos portadores


desse transtorno antissocial carregam consigo um egocentrismo muito maior do que
o das outras pessoas, em outras palavras, são indivíduos que se ‘’acham ‘’
superiores aos outros, pois a soberba de um psicopata pode ser considerada
imensurável, pois se consideram o centro do universo, ignorando as regras sociais,
e por consequência se tornam pessoas egocêntricas, mentirosas, manipuladores e
cruéis.

Robert D. Hare (Sem Consciência: o mundo perturbador dos psicopatas. pg.57)


ressalta que ‘’ muitas pessoas são impulsivas, simples, frias, insensíveis ou anti-
sociais, mas isso não significa que sejam psicopatas. A psicopatia é uma síndrome:
um conjunto de sentimentos relacionados’’

Neste tópico iremos fazer uma análise com o livro Sem Consciência, do Psicólogo
Canadense, Robert D. Hare. A seguir serão apresentadas algumas características,
sintomas-chave da psicopatia, que serão divididos em emocional/interpessoal e
desvio social.

Figura 1 - Robert. Hare Sem consciência: o mundo perturbador dos psicopatas que vivem
entre nós; tradução: Denise Regina de Sales; revisão técnica: José G. V. Taborda. Porto
Alegre: Artmed, 2013.p. 49.

Os psicopatas na maior parte das vezes podem demonstrar ser eloquentes e superficiais pois a
princípio demonstram ser indivíduos muito bem articulados e persuasivos em suas palavras.
Sendo capazes de inventar várias histórias mentirosas com a intenção de fazer com que suas
vítimas sintam pena deles e com isso ganhem sua confiança para poder manipular com mais
facilidade suas vítimas e poder tirar algum proveito dessa situação.
E em caso de serem desmascarados pela própria mentira não irão demonstrar qualquer
arrependimento ou vergonha pois sabem exatamente como manipular as coisas a sua volta.

Nas palavras de Robert Hare (Sem consciência: o mundo perturbador dos psicopatas que
vivem entre nós.p.50) Os psicopatas às vezes falam pelos cotovelos e contam histórias que
parecem improváveis à luz do que sabemos sobre eles. Em geral, tentam passar a impressão de que
conhecem bem sociologia, psiquiatria, medicina, psicologia, filosofia, poesia, literatura, arte ou direito.
Uma indicação clara desse traço costuma ser uma leviana falta de preocupação com o risco de serem
descobertos. Um de nossos arquivos prisionais descreve um recluso psicopata que afirmava ter
formação superior em Sociologia e Psicologia, quando, na verdade, não tinha nem concluído o ensino
médio. Ele manteve essa ficção durante uma entrevista com uma de minhas alunas, candidata a
doutora em Psicologia; ela comentou que o recluso tinha tanta segurança no uso do jargão técnico e
dos conceitos que pessoas sem familiaridade com a área da psicologia teriam ficado impressionadas.
Variações desse tipo de “especialista” são comuns entre psicopatas

Podendo demonstrar ser egocêntrico e grandioso, pois acreditam ser superiores aos
outros e se sentem o centro do universo, acreditando na falsa teoria criada por eles
mesmos de que devem seguir de acordo com suas próprias regras e condições,
vivem desrespeitando o direito dos outros passando por cima dos outros de forma
narcisistas e insensível.

Seguindo a lição de (Robert Hare Sem consciência: o mundo perturbador dos psicopatas que
vivem entre nós.p.53) Os psicopatas têm uma visão narcisista e exageradamente vaidosa de seu
próprio valor e importância, um egocentrismo realmente espantoso, acreditam que têm direito a tudo
e consideram-se o centro do universo, seres superiores que têm todo o direito de viver de acordo com
suas próprias regras. “Não é que eu não cumpro as leis”, disse um dos sujeitos de nossa pesquisa.
“Eu sigo as minhas próprias leis. Nunca violo minhas próprias leis.” Em seguida, descreveu essas
regras nos seguintes termos: “escolhendo a número um”.
A próxima das diversas características dos psicopatas seria a ausência de remorso
ou culpa, pois por mais que causem mal as pessoas nunca serão capazes de
reconhecer, simplesmente não se importam e não irão se comover com a dor e
sofrimento que causarem. Podendo, inclusive, sentir prazer com a situação.
Chegando -se à conclusão de que esses indivíduos seguem ignorando as normas
éticas e sociais.

Em um trecho retirado do livro de Robert Hare Sem consciência: o mundo


perturbador dos psicopatas que vivem entre nós.p.56) Iremos analisar o que
Antes da própria execução, o serial killer Ted Bundy disse o seguinte: Não
importa o que fiz no passado”, disse ele, “seja lá o que for, você sabe – as
emoções das omissões ou comissões –, isso não me incomoda. Tente tocar
o passado! Tente lidar com o passado. Ele não é real. É só um sonho!” O
sonho de Bundy continha seus assassinatos: matar uma centena de
mulheres jovens. Não havia apenas fugido do próprio passado, ele acabara
com o futuro de cada uma de suas jovens vítimas, uma por uma.
“Culpado?”, ele repetia na prisão. “Esse é um mecanismo que se usa para
controlar as pessoas. É uma ilusão. É um tipo de mecanismo de controle
social, e é muito doentio. Isso faz o nosso corpo reagir de um modo horrível.
E há modos muito melhores de controlar nosso comportamento do que o
uso extraordinário da culpa’’.

2.2 Desvio Social

Impulsividade é uma das características marcantes de psicopatas, nas


palavras de Robert D. Hare (Sem Consciência: o mundo perturbador dos
psicopatas p. 72)’’ Mais do que manifestação de estados de espírito, os atos
impulsivos com frequência resultam de um objetivo que desempenha papel
central na maior parte do comportamento do psicopata: obter satisfação,
prazer ou alívio imediato. “O psicopata é como um bebê, absorvido com as
próprias necessidades, exigindo saciedade a todo custo”, escreveram os
psicológicos William e Joan McCord.3 Ainda bem cedo, a maioria das
crianças começa a adiar o prazer, agindo de acordo com restrições do
ambiente. Em geral, o pai pode prometer algo para postergar a satisfação
dos desejos do filho de 2 anos de idade por pelo menos algum tempo, mas
parece que os psicopatas nunca aprendem essa lição; não modificam os
próprios desejos, ignoram as necessidades dos outros’’.

Outra das diversas características do Psicopata seria a necessidade de


excitação, que seria a necessidade de viver em constante adrenalina, buscam por
situações de risco, se sente bem em estar quebrando regras sociais e enganando
pessoas a sua volta.

Nas palavras de Robert D. Hare (Sem Consciência: o mundo perturbador


dos psicopatas, p.75) Muitos psicopatas contam que “fazem crimes” pelo
“barato” ou prazer. Uma de nossas entrevistadas respondeu o seguinte
quando perguntamos se às vezes fazia loucuras ou coisas perigosas só por
diversão; “Nossa, um monte de coisas. Mas o que eu acho mesmo o maior
barato é passar pelo aeroporto com drogas. Cristo! Que loucura!”

Os indivíduos psicopatas os quais possuem transtorno antissocial representam


uma alta periculosidade para a sociedade. Sua mente, caracterizada por uma
profunda desconexão moral e emocional, o que impulsiona para um comportamento
desviante e não costumam cumprir as normas sociais. A alta taxa de criminalidade
entre os psicopatas é um problema social grave.

Sua impulsividade, falta de empatia e desconsideração pelas consequências os


predispõe a atos criminosos, desde pequenos delitos até crimes violentos.
A falta de responsabilidade do psicopata é algo predominante nesses indivíduos,
pois não são capazes de cumprir com seus compromissos e quebram promessas
facilmente, pois não se importam com as outras pessoas à sua volta e não medem
consequências que essa falta de responsabilidade que levam consigo podem causar
a terceiros.

Na lição de Robert D. Hare (Sem Consciência: o mundo perturbador dos


psicopatas. p.76) A irresponsabilidade dos psicopatas e o fato de não serem
pessoas confiáveis estendem-se a todas as esferas de sua vida. Seu
desempenho no trabalho é errático, com faltas frequentes, uso indevido de
recursos, violações da política da empresa e um comportamento geral que
não desperta confiança. Eles não honram compromissos formais ou
intrínsecos com pessoas, organizações ou princípios.

Seguindo neste mesmo contexto os problemas precoces desses indivíduos


psicopatas é um fato, pois começam a demonstrar comportamentos violentos desde
muito cedo, seja na escola, no meio social ou até mesmo com animais, sendo
capazes de praticar crueldades perversas contra os mais vulneráveis.

Segundo Robert D.Hare (Sem Consciência: o mundo perturbador dos


psicopatas. p.79) Crueldade contra animais na infância costuma ser sinal de
graves problemas emocionais ou comportamentais. O serial killer de
Milwaukee, Jeffrey Dahmer, por exemplo, chocava colegas e vizinhos,
deixando um rasto de pistas horríveis em suas atividades: a cabeça de um
cachorro espetada em um pedaço de pau, sapos e gatos pendurados em
árvores e uma coleção de esqueletos de animais.

E, por fim, a última das características dos psicopatas com base no desvio social
seria o comportamento adulto antissocial.

Como já relatado anteriormente, esse tipo de comportamento começa em alguns


casos, desde muito cedo, fazendo com que esses indivíduos passem a demonstrar
comportamentos visíveis de crueldade, e dando continuidade nesse tipo de
comportamento por toda a jornada de sua vida adulta.

Segundo Robert D. Hare (Sem Consciência: o mundo perturbador dos


psicopatas.p.81) Os psicopatas consideram as regras e as expectativas da
sociedade como inconvenientes e insensatas, verdadeiros obstáculos à
expressão comportamental de suas inclinações e desejos. Eles
estabelecem leis próprias, tanto na infância quanto na vida adulta. Crianças
impulsivas, que enganam os outros, que não sentem empatia e veem o
mundo como sua própria concha serão assim também quando adultas. Nos
psicopatas, a continuidade do comportamento autocentrado e antissocial
durante toda a vida é realmente impressionante. Em grande medida, essa
continuidade é responsável pela descoberta, feita por muitos pesquisadores,
de que o surgimento precoce de ações antissociais consiste em bom fator
de predição de problemas comportamentais e criminalidade na vida adulta.

3. Psiquiatria Forense

A Psiquiatria forense é uma análise clínica de um indivíduo que visa identificar


se no momento que o indivíduo cometeu determinado tipo crime se estava em suas
plenas capacidades mentais, ou seja, se havia discernimento para identificar o
caráter ilícito do crime ou se houve alguma influência em relação ao seu estado
psiquiátrico, caso haja alguma doença mental que impeça o indivíduo de identificar
se aquele ato era ou não de caráter ilícito. Portanto, a psiquiatria forense é uma área
que busca o entendimento da mente e o comportamento em contexto jurídico, que
busca auxiliar o judiciário na busca de decisões assertivas e justas. Com isso, a
psiquiatria forense tem por objetivo analisar a imputabilidade, ou seja, dizer se o
indivíduo possuía no momento da prática do crime, discernimento para identificar a
ilicitude do fato em razão de seu comportamento ou mesmo controlar suas emoções.
Dentro desse mesmo contexto, busca analisar a periculosidade desse indivíduo,
sendo assim, visa estimar a chance do cometimento de atos de violência no futuro.

O psicólogo forense, Robert Hare ressalta que: a psicopatia é uma síndrome o


que significa que comportamentos isolados não servem para o diagnóstico de
psicopatia, devendo o indivíduo possuir um conjunto de comportamentos ou seja
possuir um comportamento atípico.

3.1 Métodos de avaliação da psicopatia para fins legais

Não é uma tarefa simples diagnosticar um psicopata no meio da multidão,


devendo, portanto, ser avaliado por psiquiatras e psicólogos com experiência em
avaliação forense. Não existe um único teste ou exame que possa determinar se
uma pessoa é psicopata, já que é necessário de uma avaliação criteriosa para se
chegar no diagnóstico. O diagnóstico é baseado em uma série de fatores, incluindo:
entrevista clínica.

Com isso, nasce a importância de uma análise criteriosa a respeito do perfil


desses criminosos psicopatas. Um estudo contínuo da psicopatia é capaz de
estimular inúmeras discussões a respeito deste tema tão intrigante e desafiador. Por
fim, o presente trabalho procura salientar a importância de estabelecer mudanças no
modo como é aplicada a sanção penal a estes indivíduos criminosos com um alto
grau de periculosidade e reincidência criminal.

Neste tópico abordaremos os principais critérios clínicos e comportamentais


utilizados para identificação do psicopata, com base na Lista de Verificação de
Psicopatia por Robert Hare (PCL-R).

Para se identificar o psicopata se faz necessário a presença de indícios


suficientes de que aquele indivíduo possui o maior número de comportamentos
específicos estabelecidos para se traçar um perfil completo e assim fechar um
diagnóstico de psicopatia.

Entretanto, a dificuldade de se identificar esse transtorno é o fato de não ser


evidente, pois aparentemente o psicopata é apenas mais um rosto na multidão,
capaz de se misturar com seu comportamento envolvente, manipulador e perigoso.

Nas palavras de Jorge Trindade (2012. p.174). No momento, parece haver


um consenso de que o PCL- R é o mais adequado instrumento, sob a
forma de escala, para avaliar psicopatia e identificar fatores de risco de
violência. Com demonstrada confiabilidade, tem sido adotado em diversos
países como instrumento de eleição para a pesquisa e para o estudo clínico
da psicopatia, como escala de predição de recidivismo, violência e
intervenção terapêutica’’

Figura 2 - Itens e fatores da Escala Hare. Fonte: Trindade, Jorge. Manual de Psicologia Jurídica
para operadores do Direito. 4ª ed. rev. atual. e ampl. Porto Alegre: Livraria do Advogado
Editora, 2010. pág. 169.
Importante mencionar que uma pontuação alta na PCL-R indica uma maior
probabilidade de psicopatia.
O PCL-R é uma ferramenta utilizada por profissionais qualificados e deve ser
interpretada dentro de um contexto clínico abrangente.
Outros critérios diagnósticos, como o Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais (DSM-5), também podem ser utilizados para auxiliar no
diagnóstico da psicopatia.

Como esclarece Jorge Trindade (Manual de Psicologia Jurídica


para operadores do Direito. 2010, p.170). “A pontuação total
pode variar de 0 a 40: as pontuações do Fator 1, de 0 a 16; e as
pontuações do Fator 2, de 0 a 18, sendo os demais pontos
referentes aos itens de promiscuidade sexual, muitas relações
conjugais de curta duração e versatilidade criminal”

Portanto, por mais que o indivíduo com transtorno antissocial, demonstre


diversos sinais de psicopatia, sempre encontrará alguma justificativa para manter
seu personagem e dizer que no fundo precisam manter essas características e com
isso seguem manipulando todos à sua volta.
Figura 3 - Retirado do Livro Sem Consciência: o mundo perturbador dos psicopatas que vivem
entre nós. Robert D.Hare Porto Alegre: Artmed, 2013. p 82 (livro digital).

3.2 Doença Mental

No Ordenamento Jurídico penal vigente não é possível encontrar o conceito


de doença mental, pois compete exclusivamente às ciências médicas, mas
especificamente à psicopatologia forense.
Segundo Cláudio Cohen: O campo de estudo da psicopatologia forense pode
ser compreendido como a aplicação dos conhecimentos provenientes da área da
saúde mental em todos os casos de ordem civil, penal ou laboral em que se torne
necessária a comprovação do estado mental de um indivíduo.
Segundo a Organização Mundial da Saúde a Doença é a ‘’ falta de saúde’’,
acompanhada de alterações na condição da pessoa por influência do ambiente que
o indivíduo está inserido. Sendo assim, o termo doença engloba uma alteração na
psique. A maioria dos distúrbios são mentais ou psicológicos, o transtorno mental
inclui uma condição em que possa afetar a vida pessoal, profissional e social de um
paciente, afetando, inclusive, a forma como vemos as pessoas e o ambiente ao
nosso redor.
A doença mental seria uma ruptura com a realidade, fácil de ser identificado
pois os indivíduos possuem comportamento esquisitos e quando esses indivíduos
cometem algum tipo de crime são crimes incompreensíveis psicologicamente e
possuem comportamento alucinante e delirante, fácil de serem identificados. Em se
tratando de psicopatas podemos afirmar que não rompem com a realidade, ou seja,
não alucinam ou deliram, muito pelo contrário, estão em plenas capacidades
mentais, sendo capazes de entender o caráter ilícito do fato criminoso. Entende-se
que por mais que o transtorno de personalidade antissocial esteja inserido no cid 10
e no dsm 5 não é um transtorno mental, pois não afeta a compreensão dos fatos,
não possuindo alteração na percepção da realidade, sabendo exatamente o que faz
A doença mental propriamente dita é uma ruptura com a realidade como
mencionado anteriormente, sendo assim, o doente mental vive em uma outra
realidade. Entre o mundo real e o mundo delirante e alucinatório, o doente mental
sempre optará por viver em seu mundo delirante, pois a realidade dele é a da
loucura. E na maior parte dos casos eles nunca se arrependem de seus crimes, pois
para os doentes mentais aquele ato faz sentido por se tratar de um indivíduo com
delírios mentais.

4 CULPABILIDADE

O Direito penal não traz um conceito de psicopatia, mas sim o esclarecimento


se o indivíduo deve ser considerado imputável, semi imputável ou inimputável. O
que, consequentemente, gera uma insegurança jurídica. O Direito Penal vai
identificar um desses fatores acima mencionados, para que assim, se possa aplicar
a execução da penal correta para esses indivíduos.

A culpabilidade pode ser conceituada como a possibilidade de declarar um


indivíduo culpado por ter cometido um crime.

Segundo Fernando Capez (Curso de direito penal, volume 1, parte geral, 2012.
p.328) Costuma-se definir a culpabilidade como um juízo de censurabilidade e
reprovação exercido sobre alguém que praticou um fato típico e ilícito.

Nos julgamentos desses criminosos se faz necessário a utilização de laudos


para se comprovar que aquele indivíduo é portador do transtorno antissocial e um
entendimento mais analítico dos juizados para que com isso se possa chegar a uma
forma conclusiva de qual medida penal deve ser tomada sobre esses crimes
cometidos por indivíduos psicopatas.

O psicopata não é um doente mental, o que faz com que se excluía sua
inimputabilidade. Mas diante dos tribunais um psicopata pode usar de seu lado
manipulador e ardiloso e simular possuir um transtorno mental para tentar ter uma
pena diminuída.

Vale ressaltar, que no código penal brasileiro ainda não existe uma lei específica
que vai tratar sobre crimes praticados por psicopatas. Enquanto a palavra psicopata
traz para a ciência Jurídica o meio de classificar esses indivíduos que apresentam
comportamentos de insensibilidade afetiva e condutas antissociais em práticas
criminais.
4.1 imputabilidade

Em se tratando da imputabilidade, podemos afirmar que seria atribuir


responsabilidade, sendo assim, é possível atribuir responsabilidade penal ao
indivíduo, o qual possui plena capacidade de compreender o caráter ilícito dos fatos.
Pois não sofre com doença mental ou perturbação mental e é capaz de distinguir o
certo do errado.

Em regra, são três os critérios para se analisar a imputabilidade do indivíduo,


tais como o biológico, o psicológico e o biopsicológico, este último adotado pela
legislação penal brasileira, com previsão legal no artigo 26 do Código Penal.

A priori trataremos sobre o critério biológico que seria, resumidamente,


caracterizado pela doença mental, perturbação da saúde mental, desenvolvimento
mental incompleto ou retardado, o que automaticamente influenciaria em sua
capacidade mental de discernimento de seus atos.

Em se tratando do critério Psicológico, vai tratar se o indivíduo no momento em


que praticou o crime, possuía plenas capacidades mentais de entender o caráter
ilícito dos fatos e de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Por fim, o critério biopsicológico, o qual é adotado pelo sistema penal brasileiro
vigente que seria a junção dos critérios biológico e psicológico, anteriormente
mencionados.

Podendo, assim, apenas ter a responsabilidade excluída se o indivíduo, em


razão de uma enfermidade ou retardamento mental, era, no momento da ação ou
omissão, incapaz de entender a ilicitude do fato e de determinar-se de acordo com
este entendimento.

Segundo Juan Carlos Ferré Olivé (Direito Penal Brasileiro, p 459). “A


culpabilidade e a pena têm estreita ligação e se estruturam de acordo com a
presença de três exigências condicionadas pela realidade social, histórica e cultural:
que o sujeito seja imputável, que conheça a proibição e que uma conduta alternativa
lícita lhe seja exigível”.
A posição majoritária dos Tribunais prevê que:STJ: Em sede de
inimputabilidade (ou semi-imputabilidade), vigora entre nós, o
critério biopsicológico normativo. Dessa maneira, não basta
simplesmente que o agente padeça de alguma enfermidade
mental, faz-se mister, ainda, que exista prova (v.g. perícia) de
que este transtorno realmente afetou a capacidade de
compreensão do caráter ilícito do fato (requisito intelectual) ou
de determinação segundo esse conhecimento
(requisito volitivo) à época do fato, i.e., no momento da ação
criminosa. (HC33.401-RJ, 5ª T., rel. Felix Fischer, 28.09.2004,
v.c., DJ 03.11.2004, p.212)”. (Apud NUCCI, 2008, p.276).

Heleno Cláudio Fragoso (Lições de Direito Penal, p.203) Argumenta que a


imputabilidade é a condição pessoal de sanidade e maturidade mental que confere
ao indivíduo a capacidade de entender o caráter ilícito do fato e de se determinar
segundo esse entendimento.

Marcello Jardim Linhares (Responsabilidade Penal, p. 21) entende que a


imputabilidade consiste no atributo de uma pessoa, de modo de agir a um fato
descrito pela lei como crime ‘’ senão integra a estrutura do crime, dele é, entretanto,
um pressuposto lógico.’’ ‘’ Imputável é o homem que reúne dentro de si qualidades
de saúde que o direito estabelece para que sofra uma pena; que se exigem
juntamente com o crime, como qualidades mínimas para poder ser apenado. Tais
qualidades são a capacidade de entender o que faz e de querer aquilo que faz’’.

Portanto, entende-se como imputabilidade como atribuir responsabilidade ao


indivíduo, ou seja, que o judiciário tem a autoridade para determinar que aquele
indivíduo deve ser punido sem que haja dúvidas. Pois mesmo sabendo que aquele
determinado tipo de ato é ilícito foi lá e o fez sem medir suas consequências,
devendo, portanto, ser punido pelos seus atos.
4.2 Semi Imputabilidade

A Semi Imputabilidade está prevista no art. 26 parágrafo único do artigo 26 do


Código Penal. Que diz que é considerado semi imputável quem, ao tempo, da ação
ou omissão em virtude de perturbação mental incompleto ou retardado, não possui
plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento.

Portanto, a semi imputabilidade é adotada quando se faz presente alguma


perturbação mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado que torne o
indivíduo parcialmente incapaz de entender o ato ilícito do fato ou mesmo de
determinar-se de acordo com esse entendimento.

Segundo Capez: o semi imputável apresenta ‘’ a perda de parte da capacidade


de entendimento e autodeterminação, em razão de doença mental ou de
desenvolvimento mental incompleto ou retardado. Alcança os indivíduos em que as
perturbações psíquicas tornam menor o poder de autodeterminação e mais fraca
resistência interior em relação à prática do crime. Na verdade, o agente é imputável
e responsável por ter alguma noção do que faz, mas sua responsabilidade é
reduzida em virtude de ter agido com culpabilidade diminuída em consequência das
suas condições’’

Importante mencionar que o desenvolvimento mental incompleto ou retardado


somente implicará a semi imputabilidade do indivíduo se for determinante para
retirar parcialmente a compreensão o caráter ilícito do fato criminoso ou à
autodeterminação.

4.3 Inimputabilidade

Entende-se como inimputabilidade o indivíduo que possui doença mental, ou


desenvolvimento mental incompleto ou retardado, como prevê o parágrafo único do
artigo 26 do Código de Processo Penal. Ou seja, se faz necessário que seja
comprovado através de um laudo que sofre de doença mental. Comprovada a
imputabilidade, o indivíduo deverá cumprir sua pena em hospital psiquiátrico e
deverá se manter na internação compulsória até que sua periculosidade cesse e o
indivíduo possa se reintegrar ao seio social.

O Código Penal Brasileiro adotou o critério biológico, de acordo com o art. 26


- é isento de pena o agente que por doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determina-se de acordo com esse
entendimento. Parágrafo único- A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o
agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental
incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do
fato ou de determina-se de acordo com esse entendimento.

Julio Fabrini. Mirabete, menciona sobre os fatores psicológicos e biológicos


“O sistema biológico condiciona a responsabilidade à saúde mental, à
normalidade da mente. Se o agente é portador de uma enfermidade ou
grave deficiência mental, deve ser declarado irresponsável, sem
necessidade de ulterior indagação psicológica. O método psicológico
não indaga se há uma perturbação mental mórbida: declara a
irresponsabilidade se, ao tempo do crime, estava abolida no agente, seja
qual for a causa, a faculdade de apreciar a criminalidade do fato (momento
intelectual) e de determinar-se de acordo com essa apreciação (momento
volitivo). (MIRABETE, 2010).

5. Reincidência Criminal dos Psicopatas

Segundo alguns estudos analisados com relação à reincidência criminal dos


psicopatas, podemos concluir ser cerca de duas vezes maiores do que a dos demais
criminosos comuns.

No Brasil, a reincidência criminal esteja a aproximadamente dos 82%. O


número, que por si só pode ser considerado preocupante.

Outra questão que é se suma importância de se mencionar é com relação a


superlotação dos presídios.

Entretanto, o problema tende a progredir cada vez mais, já que, além dos
novos presidiários que chegam ao sistema, podemos nos deparar que uma parcela
muito grande daqueles que saem possam voltar a delinquir e consequentemente
voltar ao cárcere.

Sendo assim, o sistema penal que já não cumpre adequadamente seu papel de
recuperar os indivíduos em falta com a lei, pode oferecer cada vez menos soluções
e mais problemas à sociedade.

Para J. Alves Garcia (Psicopatologia forense, 1979. p.224) “O psicopata é


incapaz de aproveitar integralmente a pena, pois, ‘’ recolocando nas mesmas
circunstâncias, repete os mesmos erros e delitos, porque isso o conduz a sua
natureza.’’

Portanto, para os indivíduos que possuem o transtorno antissocial são mais


propensos a voltar a cometer crimes e não se arrepender de seus atos na maioria
das vezes perversos e brutais.

Segundo Jorge Trindade (Manual de Psicologia Jurídica para operadores do


Direito. 2010. p.170). ‘’ Como no Brasil não há pena perpétua nem
legislação específica para psicopatas, o PCL-R seria importante para
estimar o risco de reincidência dos psicopatas. Nesse aspecto, estabeleceu-
se o ponto de corte 23 (vinte e três), tendo sido verificado que, a partir
desse ponto, já se manifestam as características prototípicas da psicopatia.
Contudo, independentemente do valor do ponto de corte atribuído, um
escore elevado do PCL-R indica maior probabilidade de o sujeito reincidir na
atividade criminosa’’.

Hilda Clotilde Penteado Morana (2004) para o fato de que no Sistema


Penitenciário Brasileiro não há exames padronizados que possam avaliar a
personalidade do preso e a sua previsibilidade de reincidência criminal
(capacidade de cometer novos crimes). A liberação do preso para
progressão de regime penitenciário, benefícios de indulto, comutação de
pena, dentre outros, depende da atuação das Comissões Técnicas de
Classificação, a fim de avaliar o grau de periculosidade e de readaptação à
vida em comunidade. Ressalta-se que a realização de tal exame é realizada
no Centro de Observação, instalado em unidade autônoma ou em anexo a
estabelecimento penal, em face de determinação dos artigos 96 e 97 da Lei
de Execuções Penais. Os resultados obtidos são encaminhados à
Comissão Técnica de Classificação, oferecendo-lhe subsídios para uma
melhor classificação dos presos, ao lado daqueles oferecidos pelo exame
de personalidade.

Importante frisar novamente a questão da grande chance de reincidência por


parte dos criminosos diagnosticados como portadores de transtornos antissociais,
isto também significa que sua ressocialização é extremamente complicada, beirando
a impossibilidade, pois tal transtorno não tem cura e os indivíduos não se importam
em voltar a comer novos delitos.

5.1Sanção Penal adequada aos psicopatas

O Ordenamento Jurídico Brasileiro trata a psicopatia como um transtorno de


personalidade antissocial, não tendo o condão de afetar nas capacidades do
indivíduo de entender o caráter ilícito e de terminar -se de acordo com esse
entendimento.

Portanto, portadores de transtorno antissocial, possuem pleno discernimento


de seus atos criminosos, simplesmente não se importando com suas vítimas e o
resultado de seus atos, chegando- se a conclusão de que o problema está na
indiferença e não no desconhecimento do caráter ilícito de seus atos.

Sendo assim, não devemos tratar o psicopata como uma doença mental, pois
o psicopata possui a capacidade de entendimento de suas ações e não podemos
classificá-lo como um indivíduo que possui sua capacidade diminuída, pois assim
estaríamos beneficiando com uma punição mais branda para esses indivíduos que
possuem um alto nível de periculosidade para a sociedade.

J. Alves Garcia (Psicopatologia Forense 1979.p.206) Menciona ‘’é inútil


qualquer tentativa de reeducação ou regeneração pois não existe na sua
personalidade o móvel ético sobre o que se possa influir’’.

O PCL - R, que é o primeiro exame padronizado exclusivo para o uso no


sistema penal do Brasil, pretende avaliar a personalidade do preso e prever a
reincidência criminal, buscando separar os criminosos comuns dos psicopatas. A
autora defende em sua tese que não é o tipo de crime que define a probabilidade de
reincidência, e sim a personalidade de quem o comete. Assim, os estudos visando à
adaptação e validação desse instrumento para a população forense brasileira, bem
como sua comercialização para os profissionais da área, há muito urgiam ser
viabilizados no Brasil
Segundo Jorge Trindade (Manual de Psicologia Jurídica para
operadores do Direito. 2010. p.170). ‘’ Como no Brasil não há
pena perpétua nem legislação específica para psicopatas, o
PCL-R seria importante para estimar o risco de reincidência
dos psicopatas. Nesse aspecto, estabeleceu-se o ponto de
corte 23 (vinte e três), tendo sido verificado que, a partir desse
ponto, já se manifestam as características prototípicas da
psicopatia. Contudo, independentemente do valor do ponto de
corte atribuído, um escore elevado do PCL-R indica maior
probabilidade de o sujeito reincidir na atividade criminosa’’.

Hilda Clotilde Penteado Morana (2004) para o fato de que no


Sistema Penitenciário Brasileiro não há exames padronizados
que possam avaliar a personalidade do preso e a sua
previsibilidade de reincidência criminal (capacidade de cometer
novos crimes). A liberação do preso para progressão de regime
penitenciário, benefícios de indulto, comutação de pena, dentre
outros, depende da atuação das Comissões Técnicas de
Classificação, a fim de avaliar o grau de periculosidade e de
readaptação à vida em comunidade. Ressalta-se que a
realização de tal exame é realizada no Centro de Observação,
instalado em unidade autônoma ou em anexo a
estabelecimento penal, em face de determinação dos artigos
96 e 97 da Lei de Execuções Penais. Os resultados obtidos
são encaminhados à Comissão Técnica de Classificação,
oferecendo-lhe subsídios para uma melhor classificação dos
presos, ao lado daqueles oferecidos pelo exame de
personalidade.

5.2 Ineficácia Psicoterápica

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