PROVA DE HISTÓRIA - Cassiano

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PROVA DE HISTÓRIA

1) As diferenças culturais são evidenciadas pelos textos históricos como o que


segue, que descreve aspectos da vida cotidiana dos Astecas, no início da Idade
Moderna. “Quando lá chegamos, ficamos atônitos com a multidão de pessoas e a
ordem que prevalecia, assim como a vasta quantidade de mercadorias. Cada
espécie tinha seu lugar particular que era distinguido por um sinal. Os artigos
consistiam em ouro, prata, joias, plumas, mantas, chocolate, peles curtidas ou não,
sandálias e outras manufaturas de raízes e fibras de juta. O mercado de carne
vendia aves domésticas, caça e cachorros. Vegetais, frutas, comida preparada, sal,
pão, mel e massas doces, feitas de várias maneiras. Muitas mulheres vendiam
peixe e pequenos “pães” feitos de uma determinada argila especial que eles
achavam no lago e que se assemelhavam ao queijo:

a) são citadas diversas riquezas coloniais oriundas da América Central que foram
exploradas pela metrópole portuguesa.
b) são indicados diversos produtos que equilibraram a balança de comércio entre a
Coroa espanhola e suas colônias na América.
c) é percebida uma das motivações da exploração mercantilista ibérica: o
metalismo.
d) é constatada a necessidade ibérica da importação de mão de obra escrava e
indígena para suas manufaturas.
e) é mostrado um sistema de produção, com base escravista, que originou a
encomenda utilizada pelo colonialismo lusitano

2) (Uerj 2012) Leia. Uma questão acadêmica, mas interessante, acerca da


“descoberta” do Brasil é a seguinte: ela resultou de um acidente, de um acaso da
sorte? Não, ao que tudo indica. Os defensores da casualidade são hoje uma
corrente minoritária. A célebre carta de Caminha não refere a ocorrência de
calmarias. Além disso, é difícil aceitar que uma frota com 13 caravelas, bússola e
marinheiros experimentados se perdesse em pleno oceano Atlântico e viesse bater
nas costas da Bahia por acidente. Rejeitado o acaso como fonte de explicação no
que tange aos objetivos da “descoberta”, fica de pé a seguinte pergunta: qual foi,
portanto, a finalidade, a intenção da expedição de Cabral? Adaptado de LOPEZ,
Luiz Roberto.
História do Brasil colonial. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1983. Os descobrimentos
marítimos dos séculos XV e XVI foram processos importantes para a construção do
mundo moderno. A chegada dos portugueses ao Brasil decorre dos projetos que
levaram diferentes nações europeias às grandes navegações. Formule uma
resposta à pergunta do autor, ao final do texto: qual foi a finalidade da expedição de
Cabral? Em seguida, cite dois motivos que justificam as grandes navegações
marítimas nos séculos XV e XVI.
Conhecedora das possibilidades da existência de terras a oeste do Atlântico que pertenceriam a Portugal, segundo o
Tratado de Tordesilhas, a Coroa portuguesa tinha interesse em garantir a posse dessas terras como estratégia para o
controle – virtual monopólio – da rota atlântica que levava às Índias Orientais, região das famosas especiarias, fonte
de lucros para as burguesias e Estados nacionais europeus modernos.

A à procura de soluções para a crise do feudalismo. Governos e setores da burguesia mercantil e da nobreza
interessavam-se, dentre outras coisas, em encontrar novas rotas marítimas que os levassem às regiões das
especiarias orientais; em buscar metais preciosos, matéria-prima para a manutenção do comércio e cunhagem das
moedas; em encontrar novas terras para uma nobreza territorial enfraquecida com a crise feudal; em descobrir
matérias-primas e produtos exóticos com valor no comércio europeu. Todo esse processo acabaria também por
fortalecer os soberanos modernos e a Igreja Católica, que perdia fiéis com o processo das reformas religiosas.

Garantir a posse de terras a oeste do Atlântico que pertenceriam a Portugal, segundo o Tratado de Tordesilhas,
como estratégia para controle da rota atlântica que levava às Índias. Dois dos motivos:

• busca de especiarias

• propagação da fé católica

• busca de metais preciosos

• busca de terras pela nobreza decadente

• busca de matérias-primas rentáveis para o comércio europeu

• afirmação do poder territorial por parte dos Estados modernos recém-implantados

3) Desde cedo, aprendemos, em casa ou na escola, que o Brasil foi descoberto por
Pedro Álvares Cabral, em abril de 1500. Esse fato constitui um dos episódios da
expansão marítima portuguesa, iniciada em princípios do século XV. Para entendê-
la, devemos começar pelas transformações ocorridas na Europa Ocidental, a partir
de uma data situada em torno de 1150.”
Boris Fausto. História do Brasil
Entre as transformações citadas no texto, e que se encontram entre as causas
da expansão marítima europeia no século XV, podemos, corretamente, citar:

A) o conflito religioso resultante da Reforma na Europa, o que fez com


que missionários luteranos desembarcassem na América Ibérica,
convertendo milhares de nativos à fé protestante, em detrimento do Catolicismo.

B) o estudo das atividades marítimas e técnicas de navegação desenvolvidas na


Espanha medieval, principalmente em relação à exploração do litoral africano, o
que fez deste país o pioneiro na navegação do Oceano Atlântico no século XV.

C) a precoce centralização do poder na Inglaterra – garantida pela união


da monarquia plantageneta com a rica burguesia comercial –, possibilitando,
aos ingleses, investimentos na compra de navios portugueses entre os séculos XIII
e XV.

D) a permanência do “espírito cruzadista” na Península Ibérica, o que fez com que


Portugal e Espanha estivessem empenhados na luta contra os “infiéis” no Oriente
Médio, atrasando em dois séculos (XIV-XVI) a Expansão Marítima Ibérica.

E) a contradição entre o crescimento populacional nesse período e a


baixa produção feudal, gerando a necessidade de se procurar novas
áreas geográficas para exploração europeia, aumentando, assim, a quantidade
de recursos materiais e alimentícios na Europa.

4) A conquista da Gália por Júlio César foi comparada, com razão, a um


genocídio, e criticada pelos próprios romanos da época, nesses mesmos termos.
Mas Roma se expandiu por um mundo de violência endêmica, de focos rivais de
poder apoiados por forças militares [...] e de mini impérios.

Segundo o excerto:
A) a brutalidade das ações militares era incentivada pelos senadores romanos.
B) o conceito de imperialismo foi criado a partir do expansionismo romano.
C) os romanos celebraram acriticamente a conquista de outros territórios.
D) a violência cotidiana era estimulada nos territórios ocupados pelos romanos.
E) os povos dos territórios ocupados pelos romanos eram militarizados.

5) "Lucius Aurelius, liberto de Lucius César, Nicomedes, chamado Ceionius e


Aelius; foi criado de quarto de Lucius César e preceptor do divino Verus imperador;
foi distinguido pelo divino Antonino com o cavalo público e com o sacerdócio de
Caenina, bem como com o pontificado menor; foi feito por este mesmo imperador
procurador da pavimentação das ruas e prefeito dos veículos; foi encarregado pelo
imperador Antonio Augusto e pelo divino Verus do abastecimento do exército e
ganhou uma lança pura, um estandarte e uma coroa mural; procurador das contas
municipais; está enterrado aqui com sua mulher Ceionia Laena". (Inscrição
Funerária. Roma. Século II d. C. In: CARDOSO, C. F. "Trabalho compulsório na
Antiguidade". Rio de Janeiro: Graal, 1984. p.138.)

É correto afirmar que o texto:

a) Representa o quotidiano de um aristocrata rural empobrecido e que se tornou


funcionário público para sobreviver, indicando uma mobilidade social descendente,
o que comprova a seletividade das castas militares na Roma Antiga.

b) Descreve as funções públicas que um homem livre pobre exerceu ao longo de


sua vida, evidenciando que este se tornou rico e poderoso, o que comprova a
dissolução das antigas castas da sociedade imperial.

c) Trata-se de um ex-escravo que deixou registrado em seu epitáfio o


processo de ascensão econômica e política pelo qual passou ao longo de sua
vida, o que comprova a existência de um processo de mobilidade social na
Roma imperial.

d) Descreve o quotidiano de um nobre pertencente à aristocracia, cujas atividades


durante a República eram a guerra e o comércio o que comprova a
impermeabilidade dessa casta aos novos ricos vinculados às atividades agrícolas.
e) Representa o dia a dia de um homem pobre que, ao longo de sua vida, trabalhou
como funcionário público, o que comprova a eficácia da mobilidade social na Roma
republicana.

6) No pensamento grego, tudo o que é “musical” se relaciona intimamente com o


ritual, sobretudo com as festas, nas quais, evidentemente, o ritual possui sua
função específica. Talvez não haja uma descrição mais lúcida das relações entre o
ritual, a dança, a música e o jogo do que a das Leis de Platão. Os deuses, diz ele,
cheios de piedade pela raça humana, condenada ao sofrimento, ordenaram que
se realizassem as festas de ação de graças como descanso para suas
preocupações, e deram-lhes Apolo, as Musas e Dionísio como companheiros
dessas festas, a fim de que essa divina comunidade festiva restabelecesse a
ordem das coisas entre os homens.
(Johan Huizinga. Homo ludens, 2007.)

O excerto, que aborda história e pensamento na Grécia Antiga, caracteriza:

A) a dimensão material dos sentimentos e das ações políticas dos homens,


sustentada pela filosofia clássica.

B) a centralidade do mito na sociedade antiga grega e o vínculo desse mito


com manifestações de caráter público.

C) a fragilidade do politeísmo perante a lógica e a incapacidade desse politeísmo


de mobilizar politicamente a sociedade.

D) as origens filosóficas da piedade e do sentimento de culpa posteriormente


apropriados pelo cristianismo.

E) as matrizes religiosas da democracia grega e o reconhecimento por essa


democracia da igualdade entre os homens livres.

7) Roma não era apenas o parente mais violento da Grécia Clássica, não estava
apenas comprometida com engenharia, eficiência militar e absolutismo, enquanto
os gregos haviam preferido a especulação intelectual, o teatro e a democracia.
(Mary Beard. SPQR: uma história da Roma antiga. São Paulo, 2017. Adaptado.)

O excerto critica os estereótipos de Roma e Grécia antigas.

Essa crítica justifica-se, pois

A) a experiência democrática ateniense foi uma exceção, uma vez que a


maioria das cidades-Estado gregas desconhecia a democracia.
B) a filosofia grega derivou principalmente da tradição do pensamento metafísico
desenvolvido no Império Romano.

C) o teatro dramático desenvolveu-se sobretudo no Império Romano, uma vez que


na Grécia estimulava-se prioritariamente a comédia.

D) os direitos de cidadania no Império Romano eram exercidos pelo conjunto da


população, por meio de ações políticas diretas.

E) o expansionismo imperialista romano foi diretamente determinado pelo exemplo


da militarização do cotidiano imposta nas cidades gregas.
8) Recusando a Humanidade àqueles que parecem ser os mais "selvagens" ou
"bárbaros", emprestamos uma [das] atitudes típicas [da barbárie]. O bárbaro é,
antes de tudo, o homem que acredita na barbárie. (Levi-Strauss. "Raça e história".
1952.)

O texto apresenta um ponto de vista etnológico geralmente definido como


"relativismo cultural". A partir desta definição, explique a ação dos europeus sobre
os povos americanos no período da colonização do Novo Mundo.
Ao rotular os habitantes do Novo Mundo de “selvagens”, os europeus abriam caminho para o seu extermínio,
uma vez que lhes era negada a humanidade. Além disso, justificava-se a imposição de uma nova cultura, sob a
desculpa de salvá-los da barbárie. Dentro do ponto de vista do relativismo cultural, é a atuação genocida de
conquistadores europeus como Fernão Cortez e Francisco Pizarro que poderia ser considerada “bárbara”.

9) “As colônias inglesas do Novo Mundo foram povoadas de maneira distinta. Em


geral, os historiadores as dividem em três grandes grupos que se diferenciavam na
atividade produtiva e na organização social.”
As afirmações do texto, sobre a colonização dos Estados Unidos, são
Alternativas
A) corretas, porque as colônias do Sul produziam e comercializavam
prioritariamente com as regiões de colonização espanhola no Caribe, enquanto as
colônias do Norte exportavam toda sua produção para a Europa e as do centro
dedicavam-se à agricultura de subsistência.

B) erradas, porque todas as colônias americanas, independentemente da metrópole


que as controlasse, assemelhavam-se na composição da população e na
organização socioeconômica.

C) corretas, porque a população das colônias do Norte provinha da Inglaterra e da


França, enquanto a das colônias do centro era oriunda dos países ibéricos e as
colônias do Sul eram povoadas basicamente por povos nativos da região.
D) erradas, porque em todas as áreas de colonização britânica predominou a
colonização de povoamento e ocupação do território, sem que houvesse diferenças
significativas entre elas.

E) corretas, porque as populações do Norte e do centro, embora de distinta


formação e origem, assemelhavam-se na prática da pequena agricultura, da
pesca, da pecuária e do comércio, enquanto nas colônias do Sul predominava
o regime de plantation

10) Embora a Igreja da Inglaterra tenha passado por uma espécie de Reforma no
curso do século XVI, continuava, quase cem anos depois do rompimento com
Roma, longe de ser uma igreja "protestante". Como não se registrara mudança
religiosa fundamental, muita gente da Inglaterra fazia restrições ao formalismo da
liturgia anglicana, à forma episcopal de governo eclesiástico e à falta de interesse
de inúmeros párocos pelo bem estar de seus paroquianos. A esses fiéis da Igreja
da Inglaterra que insistiam em nova reforma se deu o nome de Puritanos. A
perseguição movida aos puritanos, pelos reis da Inglaterra, foi terrível. Um grupo de
puritanos, em 1620, embarca para a América e começa, assim, a colonização dos
territórios mais ao norte da colônia, região denominada de Nova Inglaterra. Dos 65
000 ingleses que vieram para a América e para as Antilhas no decurso da década
de 1630, cerca de 20 000, puritanos na maioria, emigraram para a Nova Inglaterra.
ROBERTSON, Ross M. História Econômica Americana. Rio de Janeiro: Record,
1967 (Adaptação).O excerto refere-se a um dos processos de colonização inglesa
da América, que se diferencia da natureza das colonizações do "Novo Mundo" por
Portugal e Espanha, considerando:

A) o apoio da monarquia inglesa ao grupo de dissidentes políticos emigrados.


B) a aliança dos grupos de colonizadores aos reis absolutistas inimigos da
Inglaterra.
C) a organização da produção agrícola na Nova Inglaterra em grandes latifúndios.
D) a exploração da mão de obra negra em grande escala na Nova Inglaterra.
E) a ruptura consciente dos colonizadores ingleses para com a sociedade de
origem.

11) "O puritanismo era uma teoria política quase tanto quanto uma doutrina
religiosa. Por isso, mal tinham desembarcado naquela costa inóspita, (...) o primeiro
cuidado dos imigrantes (puritanos) foi o de se organizar em sociedade".
Esta passagem de A DEMOCRACIA NA AMÉRICA, de A. de Tocqueville, diz
respeito à tentativa
A ) malograda dos puritanos franceses de fundarem no Brasil uma nova sociedade,
a chamada França Antártida.
B ) malograda dos puritanos franceses de fundarem uma nova sociedade no
Canadá.
C ) bem-sucedida dos puritanos ingleses de fundarem uma nova sociedade no Sul
dos Estados Unidos.
D ) bem-sucedida dos puritanos ingleses de fundarem uma nova sociedade no
Norte dos Estados Unidos, na chamada Nova Inglaterra.
E ) bem-sucedida dos puritanos ingleses, responsáveis pela criação de todas as
colônias inglesas na América

12) Sobre a colonização da América Inglesa do Norte,

a) Estabeleça sua conexão com os desdobramentos da Reforma Protestante da


Inglaterra
Com a reforma religiosa na Inglaterra e uma série de conflitos entre católicos em puritanos estes últimos com
receio do aumento das perseguições resolveram procurar um local para criar uma Nova Inglaterra onde poderiam
viver sem medo.

b) Explique porque na região sul se originou uma organização socioeconômica


diferente da do norte
Na região sul dos Estados Unidos, a organização sócio-econômica foi diferente da do norte devido à
presença de grandes plantações de algodão, tabaco e outros produtos agrícolas que eram cultivados com
mão de obra escrava. Essa economia baseada na escravidão criou uma sociedade hierarquizada e desigual,
enquanto no norte a economia era mais diversificada e baseada em pequenas propriedades agrícolas,
comércio e indústria.

13) No século XII, padres e guerreiros esperavam da dama que, depois de ter sido
filha dócil, esposa clemente, mãe fecunda, ela fornecesse em sua velhice, pelo
fervor de sua piedade e pelo rigor de suas renúncias, algum bafio de santidade à
casa que a acolhera. Ela, por certo, era dominada. Entretanto, era dotada de um
singular poder por esses homens que a temiam, que se tranquilizavam clamando
bem alto sua superioridade nativa, que a julgavam contudo capaz de curar os
corpos, de salvar as almas, e que se entregavam nas mãos das mulheres para que
seus despojos carnais depois de seu último suspiro fossem convenientemente
preparados e sua memória fielmente conservada pelos séculos dos séculos.
A partir do texto,
a) identifique dois papéis sociais exercidos pelas mulheres na Idade Média;
No contexto das relações familiares, o texto aponta para os papéis de filha, esposa e mãe. Neste
espaço devem estar submetidas aos valores cristão, preconizados pela Igreja, de submissão ao
universo masculino.
Ainda no contexto religioso, associado ao papel da Virgem Maria na afirmação do modelo cristão
medieval, assumiam papel central, seja nas relações domésticas ou no papel de beatas, na
construção da identidade medieval.

b) associe as relações entre homens e mulheres à estrutura social na Idade Média.


O modelo hierarquizado medieval, marcado pelo predomínio político e econômico dos homens,
seja como sacerdotes ou como guerreiros, marginalizava a mulher das estruturas de poder.
Nesse modelo patriarcal, ocorria uma assimetria que submetia as questões de gênero a um
modelo cristão. Isso restringia a mulher às esferas domésticas e subalternas nas estruturas do
clero.

14) Uma família de Guarujá vivia angustiada nas últimas semanas com boatos
sobre uma sequestradora de crianças à solta na periferia da cidade do litoral
paulista. O medo naquela casa do bairro de Morrinhos era que a criminosa se
aproximasse de Fabiane Maria de Jesus, 33 anos de idade, casada e mãe de
duas filhas. “Se ela chegasse na minha irmã, tomava as crianças dela. Porque a
Fabiane é assim: se alguém começa a conversar com ela no ônibus, ela já conta a
vida inteira.” O desabafo, com os verbos no presente, é de Leidiane, 31 anos de
idade, irmã mais nova de Fabiane, linchada na semana passada por moradores de
Morrinhos após ser confundida com a tal sequestradora que nunca agiu no
município. O que se soube após a morte de Fabiane é que tudo não passava de
um boato. Um retrato falado feito em 2012 pela polícia do Rio de Janeiro foi
divulgado em uma página na Internet voltada à população de Guarujá e a falsa
informação levou pânico aos moradores. Na família de Fabiane, por exemplo,
apenas ela não dava muita atenção à história da “bruxa” que levava crianças para
rituais macabros. A mãe, Raimunda Maria de Jesus, 50 anos de idade, conta que
chegou a alertar a filha, mas Fabiane não acreditou na conversa. “Ela me disse:
‘Isso é coisa do satânico. Isso é mentira’.” A opinião de Fabiane, porém, era
minoria em casa e também em Morrinhos. Na tarde de sábado, dia 3, ela foi
cercada e atacada por uma multidão. Ao longo de pelo menos duas horas, nas
ruas de terra e nas palafitas do bairro, foi arrastada, levou chutes e pauladas e foi
jogada ao chão. Internada em estado crítico após as agressões, morreu às
6h40min de segunda-feira. O linchamento foi registrado em fotos e vídeos
gravados com celulares, o que já permitiu à polícia prender suspeitos de agredir
Fabiane, mãe das meninas Yasmin, 12 anos de idade, e Esther Nicolly, 1 ano de
idade.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, responda aos itens a
seguir.
a) Discorra sobre o que era considerado como “bruxaria” no contexto da
sociedade europeia entre a Baixa Idade Média e o início da Idade Moderna.

Na sociedade europeia, as “bruxas” eram acusadas de adulterar o controle divino da natureza. Tal ingerência se
daria por meio de palavras, gestos, objetos ou oferendas. Portanto, estavam sempre relacionadas com a dimensão
sobrenatural. O estereótipo foi construído, a partir do século XVI, por teólogos e magistrados. As bruxas eram
comumente acusadas de fazerem pactos demoníacos e realizarem feitos sobrenaturais, como voar pelos ares. Foi
com esse imaginário simbólico que acusações foram legitimadas e várias mulheres foram mortas em diversas
cidades da Europa até a chegada do Iluminismo. A bruxaria foi considerada uma prática demoníaca, e a mulher, o
principal agente do demônio. A “caça às bruxas” era realizada pelo Tribunal da Inquisição.

b) Quais poderiam ser as comparações possíveis entre o relatado no texto e as


noções sobre “bruxaria” na sociedade europeia entre a Baixa Idade Média e o
início da Idade Moderna?

A degradação da imagem feminina, mulher foi reduzida a um objeto sem valor, portanto, sua vida era
passível de ser removida. Em períodos do passado, as bruxas vivenciaram a fogueira e as torturas corporais
dos mais variados níveis de intensidade.
Outro ponto era a banalização da condição humana da mulher com base no preconceito, cujos exemplos são
inúmeros: o estupro justificado como responsabilidade da mulher; a violência doméstica contra a mulher
ainda existente e crescente; a diferença entre salários de homens e mulheres; o preconceito contra as
mulheres que amamentam em público; a desqualificação realizada em relação às mulheres que atuam no
espaço político ou profissional; a propensão de se ter mais assédio sexual no trabalho em relação à mulher,
entre outros.

15) A cidade é [desde o ano 1000] o principal lugar das trocas econômicas que
recorrem sempre mais a um meio de troca essencial: a moeda. [...] Centro
econômico, a cidade é também um centro de poder. Ao lado do e, às vezes, contra
o poder tradicional do bispo e do senhor, frequentemente confundidos numa única
pessoa, um grupo de homens novos, os cidadãos ou burgueses, conquista
“liberdades”, privilégios cada vez mais amplos. Jacques LeGoff. São Francisco de
Assis. Rio de Janeiro: Record, 2010. Adaptado. O texto trata de um período em
que:
A) Os fundamentos do sistema feudal coexistiam com novas formas de
organização política e econômica, que produziam alterações na hierarquia
social e nas relações de poder.
B) O excesso de metais nobres na Europa provocava abundância de moedas, que
circulavam apenas pelas mãos dos grandes banqueiros e dos comerciantes
internacionais.
C) O anseio popular por liberdade e igualdade social mobilizava e unificava os
trabalhadores urbanos e rurais e envolvia ativa participação de membros do baixo
clero.
D) À igreja romana, que se opunha ao acúmulo de bens materiais, enfrentava forte
oposição da burguesia ascendente e dos grandes proprietários de terras.
E) As principais características do feudalismo, sobretudo a valorização da terra,
haviam sido completamente superadas e substituídas pela busca incessante de
lucro e pela valorização do livre comércio.

16) Observemos apenas que o sistema dos feudos, a feudalidade, não é, como se tem dito
frequentemente, um fermento de destruição do poder. A feudalidade surge, ao contrário,
para responder aos poderes vacantes. Forma a unidade de base de uma profunda
reorganização dos sistemas de autoridade […].
(Jacques Le Goff. Em busca da Idade Média, 2008.)
Segundo o texto, o sistema de feudos

A) representa a unificação nacional e assegura a imediata centralização do poder político.


B) deriva da falência dos grandes impérios da Antiguidade e oferece uma alternativa viável
para a destruição dos poderes políticos.
C) impede a manifestação do poder real e elimina os resquícios autoritários herdados das
monarquias antigas.
D) constitui um novo quadro de alianças e jogos políticos e assegura a formação de Estados
unificados.
E) ocupa o espaço aberto pela ausência de poderes centralizados e permite a construção
de uma nova ordem política.

17) Nos arredores de Assis, dois leprosários [...] hospedavam os homens e


mulheres de visão repugnante escorraçados por todos: considerava-se que os
leprosos eram assim por castigo de Deus, por causa dos pecados cometidos, ou
porque tinham sido concebidos em pecado. Por isso, ao se movimentarem, eram
obrigados a bater certas castanholas, para que os sãos pudessem evitá-los,
fugindo a tempo.
(Chiara Frugoni. Vida de um homem: Francisco de Assis, 2011.)
A lepra e as demais doenças recorrentes durante a Idade Média

A) resultavam do descuido das vítimas e os médicos se dedicavam apenas aos


doentes graves ou terminais.
B) atingiam basicamente as populações rurais, pois as condições de higiene e
saneamento nas cidades eram melhores.
C) atacavam e matavam igualmente nobres e pobres, pois não existiam hospitais
ou remédios.
D) eram consideradas contagiosas e, devido a isso, não havia pessoas dispostas
a cuidar dos enfermos.
E) eram muitas vezes atribuídas à ação divina e as vítimas eram tratadas
como responsáveis pelo mal.
18) Os homens da Idade Média estavam persuadidos de que a terra era o centro do
Universo e que Deus tinha criado apenas um homem e uma mulher, Adão e Eva, e
seus descendentes. Não imaginavam que existissem outros espaços habitados. O
que viam no céu, o movimento regular da maioria dos astros, era a imagem do que
havia de mais próximo no plano divino de organização.

(Georges Duby. Ano 1000, ano 2000: na pista de nossos medos, 1998. Adaptado.)
O texto revela, em relação à Idade Média ocidental:

A) o prevalecimento de uma mentalidade fortemente religiosa, indicativa da


força e da influência do cristianismo.

B) a consciência da própria gênese e origem, resultante das pesquisas históricas e


científicas realizadas na Grécia Antiga.

C) o esforço de compreensão racionalista dos fenômenos naturais, base do


pensamento humanista.

D) a construção de um pensamento mítico, provavelmente originário dos contatos


com povos nativos da Ásia e do Norte da África.

E) a presença de esforços constantes de predição do futuro, provavelmente


oriundos das crenças dos primeiros habitantes do continente.

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