Lei 9.455-97 Lei de Tortura
Lei 9.455-97 Lei de Tortura
Lei 9.455-97 Lei de Tortura
I - Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
II - Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos. (TORTURA CASTIGO/PUNITIVA)
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou
mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na
pena de detenção de um a quatro anos.
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se
resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo
dobro do prazo da pena aplicada.
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em
regime fechado.
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo
a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.
FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL
ART.5°, III, DA CF/1988 - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
ART.5°, XLIII, DA CF/1988 - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por
eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
STF entende que a injúria racial, quando envolvendo elementos de raça, cor, etnia, religião ou origem nacional,
também será imprescritível.
Se um policial militar no momento de folga dele, vier a torturar a esposa, ele irá ser julgado pela justiça criminal
comum, pois ele não estava de serviço no momento da tortura. Já se, por exemplo, um policial militar vier a
torturar um preso com a finalidade de conseguir informações, ele será julgado pela justiça militar.
Se por exemplo um funcionário público praticar tortura no exercício da sua função, ele irá estar abusando da sua
função. Mas observe que ele está abusando da função com a finalidade de conseguir uma confissão, nesse caso ele
será julgado apenas pelo crime de tortura.
A tortura absorve a lesão corporal leve. Se usar de grave ameaça, a tortura também vai absorver o crime de ameaça.
Lesão corporal leve e grave ameaça serão absorvidas pela tortura.
Se da tortura gerar um resultado agravador, como a lesão corporal grave ou gravíssima com resultado morte, ele
vai responder pela tortura qualificada.
Art 1°, § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na
pena de detenção de um a quatro anos.
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou
mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de
detenção de um a quatro anos.
Dolo especifico: dolo + especial fim de agir
I - Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
II - Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a
intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
MODALIDADES DE TORTURA
Tortura probatória / tortura prova / tortura persecutória / tortura inquisitorial
Art. 1, inc. I, A da lei 9455/97
I - Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
Situação hipotética – o marido amarrou a esposa na cama com a finalidade de ter prazer através do sofrimento
dela sem o consentimento dela. Apesar de não ter sido consentido pela esposa, não se configura como crime de
tortura probatória pois não teve a finalidade de obtenção de informação, declaração ou confissão da vítima.
Sujeito ativo – qualquer pessoa – crime comum (se for agente público vai ter pena aumentada de 1/6 a 1/3 - art.
1°, § 4°, I)
Sujeito passivo – qualquer pessoa – crime comum (se for criança ou adolescente, deficiente, pessoa maior de 60
anos ou gestante a pena aumenta na forma do art. 1°, § 4°, II)
Conduta - Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou
mental.
Elemento subjetivo – Dolo + Especial fim de agir. Se não tiver o especial fim de agir não vai se configurar como
tortura probatória.
Consumação – Crime formal – se consuma a partir do momento que tiver o constrangimento (violência ou grave
ameaça e causando sofrimento físico ou mental)
Tentativa – É cabível.
II - Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
Tratando da tortura castigo/tortura punitiva é considerado um crime próprio, pois é necessária uma condição
especial do sujeito ativo (guarda, poder ou autoridade)
Sujeito ativo – crime próprio – pois o sujeito passivo precisa estar sob guarda, poder ou autoridade.
Sujeito passivo – crime próprio – pois o sujeito está sob guarda, poder ou autoridade do sujeito ativo.
Conduta - Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a
intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
Situação hipotética – uma babá bater em uma criança é um exemplo de tortura castigo/punitiva, pois a criança
está sob a guarda da babá. Da mesma forma de uma cuidadora de idosos, ao agredir um idoso.
Quando o agente tinha o dever de evitá-las – tortura omissiva impropria – é dever do agente evitar a tortura.
Sujeito ativo – quem tem o dever jurídico de evitar – crime próprio
Sujeito passivo – qualquer pessoa
Conduta – dever
Quem responde nessa modalidade? – quem tem o dever de evitar a prática da tortura – crime próprio
OBS: se um policial deixa de evitar um furto mesmo tendo o dever e podendo evitá-lo, ele poderá responder por
furto na modalidade omissiva. Na mesma forma um estupro, tendo o dever de evitá-lo e não fazendo isso,
responderá por estupro na modalidade omissiva. No caso da tortura, se não evitada pelo agente ele não
responderá pela tortura específica que estiver sendo praticada, assim o agente responderá apenas por omissão
impropria.
Quando o agente tinha o dever de apurá-las – tortura omissiva própria – é dever do agente apurar/investigar a
tortura.
Quando o agente presenciou a tortura, teve a ciência da tortura e dentro dessas condições tinha o dever de apurá-
la. Na tortura omissiva própria, a tortura já ocorreu, o agente tem como obrigação investigá-la.
Sujeito ativo – quem tem o dever jurídico de apurar – crime próprio
Sujeito passivo – qualquer pessoa
TORTURA QUALIFICADA
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se
resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
Diferença entre a tortura com resultado morte e homicídio qualificado pela tortura
O homicídio qualificado pela tortura tem previsão no Art. 121, § 2°, III, no código penal. Nesse caso o agente ativo
ele já vai com a intenção de matar (morte com dolo) o agente passivo e a tortura é um meio até chegar nesse
resultado. Competência do Tribunal do Juri.
A tortura qualificada pelo resultado morte é necessariamente preterdolosa.
II – Se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta)
anos; ‘(Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
1º, § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º (tortura omissiva própria e tortura
omissiva impropria), iniciará o cumprimento da pena em regime fechado. A tortura omissiva própria e impropria,
por terem a detenção como pena, só podem cumprir a pena em regime aberto ou semiaberto. Pena e detenção em
regime fechado, só de maneira excepcional quando o indivíduo já foi condenado e começou a cumprir a detenção
e praticou outro crime doloso ou uma falta grave.
STF/STJ consideram esse artigo inconstitucional, por ferir o principio da individualização da pena. Não
individualiza quem é primário ou reincidente.
EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a
vítima (sujeito passivo) brasileira ou encontrando-se o agente (sujeito ativo) em local sob jurisdição brasileira.
Art. 88 DO CPP. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o juízo da Capital
do Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente o
juízo da Capital da República.
TORTURA-PROVA
TORTURA-CRIME
TORTURA-RACIAL/RELIGIOSA
RECLUSÃO DE 2 A 8 ANOS
RECLUSÃO DE 4 A 10 ANOS
RESULTA MORTE
RECLUSÃO DE 8 A 16 ANOS
MEDIANTE SEQUESTRO
CONDENAÇÃO ACARRETA PERDA DO CARGO E INTERDIÇÃO PARA SEU EXERCÍCIO PELO DOBRO DO
PRAZO DA PENA APLICADA
DICAGAS
Deficiente
Criança
Adolescente
Gestante
Sequestro
RAÇÃO