Disserta o Gabriel BR Revisao
Disserta o Gabriel BR Revisao
Disserta o Gabriel BR Revisao
Santo André - SP
Outubro de 2022
Gabriel Rodrigues Bruzinga
Análise Comparativa das Metodologias Analítica e Numérica no Projeto de
Máquinas Síncronas de Ímãs Permanentes de Fluxo Radial com Enfoque em Geração
Eólica./ Gabriel Rodrigues Bruzinga. – Santo André - SP, Outubro de 2022-
81 p. : il. (algumas color.) ; 30 cm.
CDU
Gabriel Rodrigues Bruzinga
Ademir Pelizari
Co-Orientador
Professor
Jose Alberto Torrico Altuna
Professor
Mauricio Barbosa de Camargo Salles
Santo André - SP
Outubro de 2022
Dedico esse trabalho a Maria Teresa (in memorian), minha avó, uma pessoa que sempre
esteve ao meu lado e uma das mais incentivadoras.
Agradecimentos
Em todos esses meses em que essa pesquisa foi desenvolvida, esforço, empenho e
tempo foi empregado. Eu gostaria de agradecer algumas pessoas e instituições que foram
fundamentais para o desenvolvimento desse trabalho, me apoiando de diversas maneiras,
meu Orientador Alfeu Joãozinho Sguarezi Filho, meu co-orientador Ademir Pelizari e a
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES).
...although great new ideas are usually articulated by individuals they are almost always
generated by communities...
(Brian Eno)
Resumo
O objetivo desse trabalho é realizar uma análise comparativa entre métodos analítico e
numérico (implementado via software de elementos finitos em 2D e 3D) no projeto de
um gerador síncrono de ímãs permanentes de 3.88 MVA, 710 V, 145 Hz com enfoque em
geração eólica, para aerogeradores do Tipo D de grande potência. Para isso é proposto
um método de resolução analítico utilizando-se primeiramente ímãs de NdFeB no rotor.
Após essa etapa os resultados analíticos foram comparados com os resultados numéricos e
apresentaram resultados satisfatórios, com margem de erro relativo média em cerca de 3%
(simulação 2D) e erro absoluto médio de 37,3 mT (simulação 3D). Na segunda etapa do
projeto, ímãs de AlNiCo foram utilizados no rotor, no entanto, os resultados analíticos e
numéricos apresentaram erro médio elevado, fazendo com que o método anterior, utilizados
para os ímãs de NdFeB, não fosse adequado, sendo necessário alterações no método. É
proposto então, um método para a readequação do cálculo de volume de ímãs, sendo
utilizado um método numérico e analítico. Após essas alterações, os resultados foram
satisfatórios, com margem de erro relativo médio calculado em cerca de 4%. Os resultados
analíticos e numéricos foram comentados e apresentados no final deste trabalho para a
validação das metodologias (ímãs de NdFeB e AlNiCo).
AE Área do Entreferro
f Frequência Elétrica
g Comprimento do Entreferro
kAlN iCo Fator de Correção para o Volume Total de Ímãs Permanentes Utilizando
AlNiCo
M Fator Volumétrico
NCF
τ Passo Polar
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1 Eletricidade e Suas Fontes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Matriz Elétrica Brasileira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.3 Energia Eólica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.4 Tipos de Aerogeradores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.4.1 Aerogeradores do Tipo D . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.5 Motivação do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.6 Objetivo do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.7 Contribuições do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.8 Metodologia do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.9 Estado da Arte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.10 Organização do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
3 DIMENSIONAMENTO DO GERADOR . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3.1 Dimensionamento do Estator . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.2 Dimensionamento do Rotor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.2.1 Ímãs Montados na Superfície do Rotor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
7 CONCLUSÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
APÊNDICES 73
Na tabela 1 é possível observar que em 2019 grande parte da matriz elétrica mundial
provinha de fontes não renováveis de energia, principalmente com o uso do carvão. Em
1973 a principal maneira de gerar eletricidade era com o uso de petróleo e carvão, ainda na
década de 1970 ocorreram dois grandes choques no preço do petróleo e seus derivados, o
que fez com que os derivados de petróleo tivessem aumentos súbitos nos seus custos, estas
variações de custos somadas às novas exigências ambientais, impulsionadas pelo controle de
emissão de gases estufa para frear as mudanças climáticas, fez com que o uso de petróleo
para a geração de eletricidade tivesse uma queda considerável na participação da matriz
elétrica mundial, indo de 24,8% em 1973 para 2,8% em 2019. O uso de carvão para geração
de eletricidade manteve uma participação na matriz praticamente constante entre 1973
e 2019, impulsionado principalmente pelo crescimento da China e Índia, mas também
pela inércia dos Estados Unidos em aplicar as mudanças necessárias para mudança da
matriz elétrica, esses países geraram respectivamente em 2019 4876 TWh, 1181 TWh e
1070 TWh. A geração mundial de energia elétrica com o uso de carvão no ano de 2019
foi de 9914 TWh, sendo 4876 TWh gerados na China, o que representa cerca de 49%
da geração de energia elétrica mundial com base em carvão, enquanto que, na matriz
elétrica chinesa o carvão conta com participação de cerca de 65% geração total de energia
elétrica. No ano de 2019 a matriz elétrica mundial continua a ser formada principalmente
de combustíveis fósseis, mesmo com dados alarmantes a respeito da emissão de gases
estufa e das mudanças climáticas. O uso de gás natural para a geração de eletricidade
teve um aumento na participação da matriz elétrica mundial, indo de 12,1% em 1973
1.1. Eletricidade e Suas Fontes 3
para 23,6% em 2019 e hoje os três maiores de geradores de energia elétrica utilizando gás
natural são Estados Unidos, Rússia e Japão, gerando 1640 TWh, 514 TWh e 385 TWh
respectivamente [3].
No Brasil o panorama energético é mais positivo, uma vez que o país conta com
grande participação de fontes renováveis em sua matriz. No setor elétrico esse panorama é
ainda melhor, uma vez que, desde a segunda metade do século XX houve a construção
de muitas hidrelétricas. Desde 1974 a capacidade instalada de hidrelétricas saltou de
13,7 GW para 109,4 GW em 2021, no mesmo período, a geração de energia hidrelétrica
saltou de 65.679 GWh para 362.818 GWh. A participação de hidrelétricas, no entanto,
teve uma queda, passando de 91,6% para 55,3% no total de energia gerado no mesmo
período de análise (1974 a 2021). Essa diminuição da participação de hidrelétricas se
deve principalmente à dificuldade na emissão de licenças ambientais, fazendo com que a
construção desse tipo de usina se torne cada vez mais restrita [4]. O uso da fonte hídrica
fez com que a matriz brasileira se diferenciasse da média mundial, principalmente no uso
de combustíveis fósseis para a geração de eletricidade. Na tabela 2 foram apresentados
dados com a participação das principais fontes de energia para a geração de eletricidade
em 1973 e 2019 para o Brasil, esses dados foram então confrontados com dados da matriz
elétrica mundial [3].
Na tabela 3 pode ser visualizado que as principais fontes da matriz elétrica brasileira
são renováveis, com destaque para hidráulica, eólica, solar e as biomassas (bagaço de cana
e lixívia), que juntas foram responsáveis por 76,4% da geração de energia elétrica no ano
de 2021, segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que possui o histórico
da geração elétrica nacional, a matriz elétrica brasileira é majoritariamente renovável, com
participação de cerca de 80% de fontes renováveis em todo o período de análise [3].
Na tabela 4, observa-se os dados de participação das fontes renováveis utilizadas
na matriz elétrica. Uma diversificação das fontes renováveis utilizadas na matriz elétrica
aconteceu a partir do ano 2000, principalmente pelos programas de incentivo a fontes
alternativas de energia. A implementação de usinas eólicas e o crescimento da participação
da biomassa foram as fontes que tiveram crescimento significativo [3].
1.3. Energia Eólica 5
Fonte: [7]
que em outras latitudes, conforme explicitado na figura 1. O ar mais quente é menos denso
que o ar frio, logo o ar quente tende a ir para topo da atmosfera e em direção aos polos,
enquanto o ar frio e mais denso dos polos tende a seguir a direção contrária. Somada a
esse movimento devido as diferenças de densidade do ar há o movimento de rotação do
planeta, que faz com que ocorra o deslocamento das massas de ar quente e fria, segundo o
princípio de Coriolis. De acordo com esse fenômeno, o movimento de rotação da Terra
faz com um deslocamento norte-sul seja desviado para a direita, da mesma forma, um
movimento sul-norte seja desviado para a esquerda. Os deslocamentos provocados por
esses mecanismos são chamados de ventos globais, conforme ilustrado na figura 2 [8].
Fonte: [8]
Dentro dessas duas classificações ainda há outras 4 configurações, que dizem respeito
ao arranjo dos dispositivos dentro dos aerogeradores. Essas configurações são as de Tipo
A, Tipo B, Tipo C e Tipo D. A configuração do Tipo A é utilizada para aerogeradores
de velocidade fixa, enquanto que, as configurações do Tipo B,C e D são utilizados para
aerogeradores de velocidade variável, sendo os geradores síncronos de ímãs permanentes
(GSIP) empregados nos aerogeradores do tipo D.
Fonte: [11]
base para o projeto, uma vez que, o gerador estudado foi um GSIP. Máquinas síncronas
com ímãs permanentes possuem aplicações de baixa, média e alta potência, sendo usadas
desde motores de tração em veículos elétricos até geradores de alta potência presente em
aerogeradores. O uso de máquinas síncronas de ímãs permanentes traz algumas vantagens
em relação a máquinas síncronas convencionais: torque e uma potência elétrica de saída
maiores (por volume), simplificação da construção e manutenção da máquina (inexistência
do enrolamento de campo), diminuindo as perdas e consequentemente aumentando a
eficiência da máquina. Apresentam também um melhor desempenho dinâmico e em alguns
casos, é possível obter uma redução no preço de produção [12, 13, 14].
As vantagens desta configuração trazem, no entanto, desafios técnicos na operação
e nos sistemas de proteção dessas máquinas. Durante a operação elevam sua temperatura,
e a produção de fluxo magnético pelos ímãs e o torque são inversamente proporcionais a
temperatura, logo, durante o projeto deve haver a consideração do efeito da temperatura
na operação em regime permanente, ou ainda, o projeto de um sistema de refrigeração
[15].
Neste tipo de configuração de aerogerador, devido as características do conversor
de capacidade plena e sua operação em velocidade variável, o mesmo apresenta um
comportamento de tensão e frequência conforme a figura 4.
• Proposta de cálculo analítico para o projeto de GSIP com ímãs de NdFeB de grande
potência.
• Com base nos valores analíticos da geometria, foi elaborado de um projeto em CAD
(2D) para importação em software dedicado para análise eletromagnética
2.1 Estator
Fonte: [12]
2.2. Rotor 13
2.2 Rotor
O rotor de uma máquina síncrona é responsável por produzir o fluxo de excitação
através do uso de ímãs permanentes. Esse fluxo de excitação juntamente com a movimenta-
ção do eixo do rotor, induz corrente alternada nos enrolamentos do estator. Esta corrente
induzida produzirá o campo girante no estator [12]. Na figura 6 foram apresentados os
quatro principais tipos de arranjos de rotores.
(a) (b)
(c) (d)
Fonte: [14]
Os ímãs nesse tipo de configuração são dispostos no interior do rotor de forma que
sejam magnetizados de forma radial e alternada, formando os polos, conforme figura 6(a).
Essa configuração de rotor faz com que a densidade de fluxo no entreferro seja menor do
que o fluxo dos ímãs, uma vez que, a área do polo é maior do que a área do ímã. Essa
configuração também apresenta lacuna de ar, que tem por objetivo maximizar o fluxo
no entreferro, além de reduzir o peso do rotor. Essa redução de peso também diminui
a inércia, fazendo com que sejam ideais para atividades que exijam aplicações de alta
velocidade [13, 14].
Os ímãs de ferrite, são compostos por elementos de óxido de ferro e, em alguns casos,
pode apresentar algum elemento pesado como bário ou zircônio. Neste tipo particular
apresentam-se:
• Alta resistência a temperatura (500ºC) e estabilidade térmica, sendo essa sua principal
vantagem.
Os ímãs de SmCo, são compostos por samário, cobalto, ferro e zinco, podendo ser
sinterizados ou aglomerados e destacam-se por:
• Samário é o material mais caro utilizado para a produção de ímãs [20, 21].
• Esse tipo de ímã é caracterizado por apresentar baixa temperatura de Curie ( situação
em que há desmagnetização parcial ou total de forma permanente) e baixa resistência
a corrosão, sendo necessário a aplicação de uma camada de proteção na superfície
do ímã.
Da tabela 5 foi visto que o ímã com menor custo é o de ferrite, no entanto, esse ímã
também apresenta a menor energia e campo remanente. O ímã de AlNiCO que possui um
dos menores custos, apresenta uma energia superior ao de SmCo, porém, ainda classificado
como baixo, podendo apresentar um campo remanente superior ao ímã de NdFeB na
forma sinterizada e possui a maior temperatura máxima de operação dos ímãs analisados.
Os ímãs de SmCo apresentam alto custo, no entanto, apresentam tanto campo coercitivo
quanto remanente elevados. Já os ímãs de NdFeB apresentam a maior energia dos ímãs
analisados, possuindo campo remanente alto assim como o seu campo coercitivo, sendo
o maior do grupo em termos de energia. Na figura 7 observa-se a relação entre o campo
remanente e o coercitivo para 4 ímãs permanentes de mesmo volume, com os materiais
citados anteriormente. Verifica-se que o ímã com maior coercitividade são os de NdFeB,
seguido pelo ímã de SmCo, Ferrite e Alnico. O ímã de AlNiCo apesar da alta remanência
apresenta a coercitividade mais baixa dos ímãs analisados. Observa-se também que os
ímãs de SmCo com coercitividade e campo remanente elevadas.
Fonte: [20]
3 Dimensionamento do Gerador
f . 60
p= (3.1)
N
Vl
Pativa = 3 . √ . If . cos(θ) (3.3)
3
√
Pativa . 3
Il = If = (3.4)
3 . Vl . cos(θ)
A equação 3.4 foi reescrita para que o cálculo fosse realizado através da potência
aparente do gerador, conforme equação 3.5.
S
Il = If = √ (3.5)
Vl . 3
A densidade de fluxo magnético no entreferro e o índice de carregamento elétrico
recomendados para o gerador síncrono foram obtidos através das tabelas 6 e 7 e são
determinadas em função do número de pares de polos e do comprimento do passo polar,
sendo utilizados Tesla (T) para os valores da densidade de fluxo magnético e Ampère por
metro (A/m) para o índice de carregamento elétrico. Os valores adotados para os cálculos
dos parâmetros geométricos e magnéticos seguintes foram realizados considerando a média
entre o valor máximo e mínimo de densidade de campo e do índice de utilização elétrica
em função do comprimento do passo polar.
Tabela 6 – Densidade de Fluxo (T) em Função do Passo Polar
τ (cm) 2 polos 4 polos 6 polos 8 polos 12 polos
10 - - - - 0,820
15 - - - - 0,835
20 - - - - 0,850
30 - 0,710 0,760 0,820 0,860
40 - 0,715 0,770 0,830 0,870
50 - 0,730 0,780 0,850 0,880
60 0,610 0,735 0,790 0,860 0,890
70 0,630 0,740 0,800 0,870 0,895
80 0,640 0,745 0,810 0,875 0,900
Fonte: [22]
KG = Ka . K f (3.6)
S . 107 2
M= = Dint . Lmag (3.7)
KG . n . B . A
√
3
Dint = ε.M (3.8)
magnético do estator (Lmag ) e possui relação direta com o número de pares de polos da
máquina síncrona em 60 Hz. Nos casos de máquinas síncronas com frequências diferentes,
deverá ser relacionada com a velocidade da máquina síncrona. Com o o valor do diâmetro
interno do estator foi possível o calcular o comprimento magnético da máquina síncrona
através da equação 3.9, que relaciona o fator volumétrico e o diâmetro interno do estator.
M
Lmag = 2
(3.9)
Dint
π . Dint
τ= (3.12)
2p
O passo polar de cada um dos canais (τc ) foi definido como a distância do eixo de
um canal até a o eixo do próximo canal, e foi calculado através da equação 3.13.
π . Dint
τc = (3.13)
NCE
O arco da expansão polar do rotor (bp ) foi determinado considerando que a dis-
tribuição do fluxo magnético seja puramente senoidal no entreferro, sendo que esse valor
representa o comprimento do polo do rotor. Para que o fluxo magnético no entreferro
apresente uma distribuição senoidal, o arco da expansão polar do rotor deve ser de 60 à
70% do comprimento do passo polar do estator [19, 22]. Neste trabalho foi considerado
que a relação entre os comprimentos dos polos do rotor e do estator foi de 65%, sendo o
comprimento de bp calculado pela equação 3.14.
bp = ψ . τ (3.14)
A . π . Dint
NT C = (3.15)
102 . If
102 . NT C . If
A = Acalc = (3.16)
π . Dint
O próximo passo é avaliar a simetria e o balanceamento magnético dos enrolamentos
do estator do gerador. A simetria avalia a divisão magnética da máquina através da equação
3.17.
O número de simetrias (Nsimetrias ) foi definida como o máximo divisor comum entre
o número total de condutores e o número de pares de polos (M DC[NT C ; p]). Uma vez
definido o número de simetrias, calcula-se o balanceamento magnético, através da equação
3.18. Para a máquina ser considerada balanceada magneticamente o número de pares de
polos e o número de condutores do estator deve ser igual em todas as simetrias, e para
isso, o resultado da equação 3.18 deve ser um número inteiro.
NT C
X= (3.18)
3 . Nsimetrias
NT C
NCC = (3.19)
NCE
Com o número total de condutores foi possível através da equação 3.20, determinar
o número de condutores por fase.
NT C
NF C = (3.20)
3
26 Capítulo 3. Dimensionamento do Gerador
Uma vez que o número total de condutores totais por fase e canal foram deter-
minados, fez-se necessário a análise dos enrolamentos do estator. Essa análise permitiu
determinar a disposição dos mesmos ao longo dos canais, sendo o cálculo de graus elétricos
totais (GET ) a primeira etapa da análise [23, 24]. Cada polo formado internamente possui
180°E (180° elétricos) de defasagem em relação ao polo vizinho, desta forma, foi possível
determinar ao longo de toda a geometria o número de graus elétricos totais que a máquina
possui, conforme equação (3.21):
GET
GER = (3.22)
NCE
Com GER definido, foi calculado o passo de cada fase em número de ranhuras (Yf ase ),
conforme equação 3.23, sendo considerado um circuito elétrico trifásico e equilibrado, com
defasagem elétrica entre as fases de 120°E.
120°E
Yf ases = (3.23)
GER
NCE
NBT = (3.24)
2
NBT
NBF = (3.25)
Nf ases
NBT
NBP F = (3.26)
2p.Nf ases
Com as configurações das bobinas determinadas, foi possível calcular o passo polar
em número de ranhuras (Ypolar ), conforme a equação 3.27.
NCE
Ypolar = (3.27)
NBF
3.1. Dimensionamento do Estator 27
If
Ast = (3.29)
δ
A razão entre área total (Ast ) e a área do cabo (Ac ), permitiu o cálculo do número
totais de cabos por condutor (Ncc ), através da equação 3.30.
Ast
Ncc = (3.30)
Ac
Com o número de cabos por condutor calculado foi possível determinar as dimensões
e a profundidade dos canais do estator. Para isso foi necessário determinar as dimensões do
cabo, obtido através da tabela 10 ou de considerações realizadas, tendo em vista que deve
ser definido a disposição dos condutores dentro dos canais (camada simples ou comada
dupla).
Para o cálculo das dimensões dos canais do estator foi considerado o revestimento
de papel do tipo Nomex® , a folga entre os condutores, revestimentos e o canal, o que
permitiu o cálculo da abertura do canal (Lt ) e profundidade total do canal (Pt ). Determinar
a abertura e profundidade total do canal do estator foi fundamental para o cálculo da
abertura dos dentes na periferia do estator (b′ ) e da abertura dos dentes na base (b′′ ). O
cálculo da abertura dos dentes na periferia do estator foi realizado através da equação
3.31.
b′ = τc − Lt (3.31)
b′ . (Dint + Pt )
b′′ = (3.32)
Dint
108 . E
ϕ= (3.33)
2 . KG . f . NF C
ϕ
Ace = (3.34)
2.104 . Brce
Na equação 3.34 Ace é a área da carcaça estatórica (em cm2 ). A partir da área
da carcaça estatórica, a altura da carcaça do estator (he ) foi determinada com o uso da
equação 3.35.
Ace
he = (3.35)
Lmag
ϕ
Bg = (3.38)
104 . AE
O valor encontrado de indução deve ser compatível com a tabela 6, de maneira
a averiguar se o mesmo está dentro dos limites sugeridos. Uma vez que os parâmetros
magnéticos do entreferro foram determinados, o cálculo do comprimento do entreferro foi
realizado utilizando a equação 3.39.
A
g = 0, 3 . .τ (3.39)
106 . Bg
ϕ
ϕce = (3.41)
2
ϕce
Bce = (3.42)
104 . Ace
Considerou-se o fluxo magnético dos dentes com mesmo valor àquele do entreferro.
Portanto, a densidade de fluxo nos dentes pôde ser determinada através da relação entre
o fluxo magnético dos dentes (ϕD ) e da área efetiva de material ferromagnético sobre o
entreferro. Para determinar a área efetiva, foi necessário calcular o número de dentes sobre
o polo do rotor. A área total dos dentes sobre o entreferro (AD ) foi calculada pela equação
3.43.
b′ . (1 + 2 . µD ) + b′′ bp
AD = . Lg . (3.43)
2 τc
Com a área total dos dentes, calcula-se a densidade de fluxo magnético dos dentes
do estator através da equação 3.44.
ϕD
BD = (3.44)
104 .AD
s
4 S
Deixo = 2, 8. (3.45)
N
32 Capítulo 3. Dimensionamento do Gerador
π 2 . Dint
2
. Lmag . ka . Am . Bg . cos(θ).η. fp
ϵ= (3.46)
2 . Pativa . 106
√
NT C . 2.If √
Am = 102 . = A. 2 (3.47)
π.Dint
1
kf d = .[ψ.π + sen(ψπ) + Cg .(π − ψπ − sen(ψ.π)] (3.48)
π
1 1
kf q = .[( ).(ψ.π − sen(ψ.π)) + π.(1 − ψ) + sen(ψ.π)] (3.49)
π Cg
kf d = kf q = 1
4 ψ.π
kexa = .sen( ) (3.50)
π 2
O coeficiente de utilização do ímã permanente (ζ), que possui uma faixa de operação
entre 0,30 e 0,81, teve o seu valor determinado pela equação 3.51 [14, 26].
2.106 . P . ksc . kf d . (1 + ϵ)
ζ= (3.51)
2p . π 2 . f . Br . Hc . hm . Lmag . ψ . τ
34 Capítulo 3. Dimensionamento do Gerador
hm .Br
Bg = (3.52)
g + hm
Onde hm é altura do ímã permanente. Utilizando a equação 3.52 foi possível ajustar
a equação 3.51, o que permitiu que o coeficiente de utilização do ímã permanente fosse
determinado em função da densidade do fluxo magnético no entreferro e das características
do ímã permanente, conforme equação 4.2.2.
2 . ksc . kf d . (1 + ϵ)
Cv = (3.54)
π2 . ζ
Com o coeficiente de utilização geral determinado e com o material do ímã escolhido,
o volume total de ímã necessário (V M T a) para o rotor com esse arranjo foi obtido através
da equação 3.55.
Pativa . 106
V M T a = Cv . (3.55)
f . Br . Hc
Para cálculo do volume individual dos ímãs (V M ) a equação (3.56) foi utilizada.
V MT a
VM = = (hm .wm .Lm ) (3.56)
2.p
Na equação (3.56), hm é a altura do ímã, wm é o comprimento do arco do ímã e
Lm é o comprimento do ímã. A figura 15, ilustra os principais parâmetros geométricos do
rotor. O comprimento do arco polar do ímã foi determinado com o uso da equação 3.57.
wm = ψ.τ (3.57)
3.2. Dimensionamento do Rotor 35
Vm
hm = (3.58)
Lm .wm
ϕ
ϕcr = (3.60)
2
ϕcr
Bcr = (3.61)
104 .Acr
As densidades de fluxo magnético recomendadas para os trechos do circuito mag-
nético do gerador foram dispostos na tabela 11 e foram utilizados para avaliar os valores
de densidade de fluxo calculados para esse arranjo [22, 28].
• Frequência: 145 Hz
• Número de fases: 3
• Rendimento: 85%
• Ligação Estrela
60.f 60.(145)
p= = =6
N 1450
Enquanto que a corrente de fase respectiva, foi obtida através da equação 3.5.
S 3880000
Il = √ = √ = 3155, 10 A
Vl . 3 710. 3
Para um gerador de 6 pares de polos (12 polos), a tabela 6 indica uma densidade
de fluxo no entreferro entre 0,820 à 0,900 T, resultando em um valor médio adotado de
0,860 T para o projeto do gerador [29]. O índice de carregamento elétrico inicial sugerido
pela tabela 7 tem valores entre 26000 à 54000 A/m, sendo adotado o valor médio adotado
de 40000 A/m.
38 Capítulo 4. Detalhamento Construtivo, Magnético e Elétrico do Gerador
O fator de forma (Kf ) considerado foi de 1,11 ( 2.π√2 ≈ 1, 11), equivalente a uma
onda senoidal, enquanto que, o fator de enrolamento (Ka ), obtido através da tabela 8,
foi de 0,966, uma vez que foi adotado um gerador com 2 canais por polo e fase. Com os
valores do fator de forma e fator de enrolamentos determinados foi possível o cálculo de
KG através da equação 3.6.
S . 107
M=
KG . n . B . A
3880000.107
M= = 725446, 14 cm3
(1, 07226).(1450).(0, 860).(40000)
Com o fator volumétrico, foi possível calcular o diâmetro interno do estator, no
entanto, foi necessário determinar primeiramente a relação entre o diâmetro interno do
estator e o comprimento magnético do gerador (ε) através da tabela 9. O gerador estudado
possui uma frequência de 145 Hz, portanto, para a determinar ε foi necessário utilizar a
velocidade síncrona (n) de 1450 rpm, o que resultou em ε =1,8. Com o fator volumétrico e
ε foi possível calcular o valor do diâmetro interno do estator através da equação 3.8.
√
3
q
3
Dint = ε.M = 1, 8.(725446, 14) = 109, 30 cm
725446, 14
Lmag = = 60, 72 cm
(109, 30)2
Para o cálculo do comprimento geométrico foi necessário determinar o número de
canais de ventilação, a largura dos canais e o comprimento adicional. Para esse projeto em
particular, foram considerados dois canais de ventilação com 1,0 cm de comprimento e
um comprimento adicional de 5% em relação ao comprimento magnético. Assim, com a
equação 3.10, determina-se o comprimento geométrico.
Com o número de pares de polos calculado e com a definição de 2 canais por polo e
fase, foi possível determinar o número totais de canais do estator através da equação 3.11.
O passo polar, que representa o comprimento do arco de cada polo foi fundamental
para o projeto de diversas regiões do estator e do rotor. Esse valor foi determinado através
da equação 3.12.
π.Dint π.109, 30
τ= = = 28, 62 cm
2p 12
Assim, determina-se o passo polar de cada canal que representa o comprimento do
arco entre os canais do estator, sendo calculado pela equação 3.13.
π.Dint π.109, 30
τc = = = 4, 77 cm
NCE 72
O projeto da abertura dos canais e do dente do estator foi realizado considerando-se
este valor como máximo.
A expansão polar, representa o comprimento do arco do polo do rotor de ímãs
permanentes e foi determinado pela equação 3.14.
Este valor considera uma relação de 65% entre o comprimento do polo do estator e
do rotor.
De posse da corrente de fase, do índice de utilização elétrica e do diâmetro interno
do estator, foi possível calcular através da equação 3.15 o número total de condutores do
estator.
Esse valor foi ajustado considerando um condutor por polo e fase, resultando em
número total de condutores de 72.
Com o número total de condutores do estator definido, foi possível determinar o
índice de utilização elétrica, que foi comparado ao valor utilizado da tabela 7. A equação
3.16 apresenta o cálculo do índice de utilização elétrica.
O gerador possui 6 simetrias, sendo cada simetria composta por 2 polos. O cálculo
do balanceamento magnético foi obtido através da equação 3.18.
NT C 72
X= = =4
3.Nsimetrias 3.(6)
O resultado obtido pela equação 3.18 foi um número inteiro, portanto, o número
de polos e condutores do estator do gerador é simétrico e balanceado.
Uma vez que não houve a necessidade no ajuste no número de condutores do
estator, foram determinados o número de condutores por fase e o número de condutores
por canal através das equações 3.19 e 3.20, respectivamente.
NT C 72
NCC = = =1
NCE 72
NT C 72
NF C = = = 24
3 3
O cálculo dos graus elétricos totais (GET ) e dos graus elétricos entre as ranhuras
(GER ) permitiu a correta distribuição dos enrolamentos e das fases do estator. Desta forma,
os graus elétricos totais, conforme equação 3.21, se tornam:
GET 2130°E
GER = = = 30°E
NCE 72
4.1. Projeto do Estator 41
Com os graus elétricos totais e das ranhuras foi possível determinar o passo das
bobinas (Ybobinas ), das fases (Yf ase ) e dos polos (Ypolar ), caracterizando assim a configuração
dos enrolamentos do estator. A equação 3.23 foi utilizada para o cálculo do passo de fase.
120° 120°E
Yf ase = = = 4 dentes
GER 30°E
NCE 72
NBT = = = 36
2 2
NBT 36
NBF = = = 12
Nf ases 3
NBT 36
NBP F = = =1
2p.Nf ases (12).(3)
NCE 72
Ypolar = = = 6 dentes
NBF 12
If 3155
Ast = = = 631 mm2
δ 5
Cada condutor foi composto por um conjunto de cabos e a área total foi utilizada
para determinar o tamanho desse conjunto.
O cabo escolhido para formar os condutores é composto por fios magnéticos de
cobre esmaltados, com área quadrada de 8,41 mm2, com lado com 2,9 mm de comprimento,
4.1. Projeto do Estator 43
conforme ilustrado pela figura 10 e equivalente a um cabo 8 AWG, conforme a tabela 10.
Assim, O número total de cabos foi calculado através da equação 3.30.
Ast 631
Ncc = = = 75
Ac 8, 41
O número total de cabos foi calculado em 75, no entanto, para obter uma distribuição
uniforme dentro de cada canal, foi considerado o uso de 80 cabos, sendo 10 colunas (largura
do canal) e 8 linhas (profundidade do canal). A área total do conjunto foi de 672,80 mm2,
resultando em uma densidade de corrente de 4,69 A/mm2.
Uma vez definido o número de cabos que compõe cada condutor, foi definido que
será utilizado revestimento de papel do tipo Nomex, com uma espessura de 2,50 mm, o
espaço entre os cabos e o revestimento com espessura de 0,60 mm e o espaço entre o canal
e o revestimento com folga de 0,30 mm. Foi considerado que para definir a profundidade
do canal o uso de revestimento de papel do tipo Nomex entre a parede do canal e o
diafragma, com espessura de 2,50 mm cada, uma folga de 1,90 mm entre o revestimento e
os condutores, a folga entre o revestimento Nomex e o difragma com espessura de 0,60 mm
e um diafragma com 3,00 mm de espessura. Na tabela 12 foi descrito como foi composta o
dimensionamento dos canais.
em azul o diafragma. A área hachurada foi utilizada para representar os cabos que compõe
o condutor.
Uma vez determinadas as dimensões dos canais do estator, foi possível calcular
a abertura dos dentes do estator na periferia (b′ ) e a abertura da base dos dentes (b′′ ),
através das equações 3.31 e 3.32, respectivamente.
b′ = τc − Lt = 4, 77 − 3, 58 = 1, 19 cm
ϕ = 6316641, 32 Mx
Com o fluxo determinado, foi possível calcular a área da carcaça estatórica, uma
vez que, foi adotada uma densidade de fluxo magnético de 1,200 T nessa região. Assim, a
área da carcaça estatórica foi definida conforme a equação 3.34.
ϕ 6316641, 32
Ace = = = 263, 19 cm2
2.104 .Brce 2.104 .(1, 2000)
4.1. Projeto do Estator 45
Ace 263, 19
he = = = 4, 33 cm
Lmag 60, 72
Uma vez que os principais parâmetros geométricos do estator foram definidos, foi
possível determinar o diâmetro externo do estator, conforme a equação 3.36.
bp
bp . Lmag + b′ . (1 + 2 . µD ). . Lmag
τc
AE =
2
Onde µD foi considerado como um incremento dos dentes no entreferro em relação
a abertura original (b’). Com a área do entreferro, determinou-se a densidade de fluxo
magnético no entreferro através da equação 3.38.
ϕ
Bg =
104 . AE
66200
g = 0, 3 . . 28, 62 = 0, 686 cm = 6, 86 mm
106 . 0, 8290
ϕ 6316641, 32
ϕce = = = 3158320, 66 Mx
2 2
Com este valor foi possível determinar a densidade de fluxo magnético nessa região,
calculado através da equação 3.42.
3158320, 66
Bce = = 1, 2000 T
104 .263, 19
Considerou-se a igualdade dos fluxos magnéticos dos dentes e no entreferro (ϕ = ϕD ).
Desta maneira, a área dos dentes pode ser determinada pela equação 3.43.
6316641, 32
BD = = 1, 8424 T
104 . 342, 84
Com as densidades de fluxo magnético definidas nas regiões de interesse no estator
foi possível iniciar a análise do rotor, onde foram calculadas as dimensões dos ímãs
permanentes e a densidade de fluxo magnético da carcaça rotórica.
Já o diâmetro do eixo do gerador foi calculado pela equação 3.45.
s s
S4 3880000
Deixo = 2, 8. = 2, 8. 4 = 20, 13 cm
N 1450
4.2. Projeto do Rotor 47
√ f
π 2 . Dint
2
. Lmag . ka . (A. 2) . Bg . cos(θ) . η . p
ϵ=
2.Pativa .106
√
π 2 .(109, 30)2 .(60, 72).(0, 966).(66200. 2).(0, 829).0, 85.0, 85. 145
6
ϵ= 6
2.(3298000).10
ϵ = 1, 421
Uma vez definido a relação entre a tensão induzida fase em vazio e a tensão de fase
em carga nominal, são calculados os outros parâmetros dos dois ímãs mencionados.
11, 121.1012
ζ= = 0, 697
15, 953.1012
Através da equação 3.56 foi determinado o volume de cada ímã presente no gerador.
V MT a 12984, 15
VM = = = 1082, 01 cm3
2.p 12
Vm 1082, 01
hm = = = 0, 95 cm = 9, 58 mm
Lm .wm (18, 60).(60, 72)
Deste modo, foram definidas as dimensões dos ímãs presentes no rotor, o que
possibilitou a realização da simulação computacional do gerador desenvolvido com este
arranjo de ímãs permanentes e a definição da área, do fluxo magnético e da densidade de
fluxo magnético na carcaça rotórica. Para o cálculo da área da carcaça rotórica a equação
3.59 foi utilizada.
ϕ 6316641, 32.
ϕcr = = = 3158320, 66 Mx
2 2
E a respectiva densidade de fluxo na carcaça rotórica foi obtida pela equação 3.61.
ϕcr 3158320, 66
Bcr = 4
= 4 = 0, 2404 T
10 .Acr 10 .1313, 89
Após definição das dimensões dos ímãs, pode-se elaborar o respectivo circuito
magnético do gerador, conforme a figura 19, onde foram destacadas as relutâncias de
cada um dos trechos (desprezadas as relutâncias de dispersão das ranhuras e dos ímãs
permanentes).
Fazendo uma análise similar àquela realizada para o ímã NdFeB N50, calcula-se
o coeficiente de utilização do ímã permanente (ζ) para o ímã AlNiCo 9 (Br =1,06 T e
Hc =112.000 A/m), através da equação 3.53.
4.2. Projeto do Rotor 51
4, 242.1012
ζ= = 3, 170
1, 338.1012
Analisando o valor de ζ obtido, percebe-se que o mesmo está fora do intervalo
estabelecido de 0,30 à 0,81 [14, 26, 27]. Para que o volume de ímãs não seja super ou
subdimensionado foi necessário alterações do formato do ímã, de maneira que a densidade
de fluxo no entreferro fosse preservada. Uma das primeiras alterações possíveis é alteração
do comprimento do arco do rotor (bp ) através da alteração de ψ. Na tabela 15 foram
calculados os valores de ζ para diferentes valores de ψ e de altura do ímã.
52 Capítulo 4. Detalhamento Construtivo, Magnético e Elétrico do Gerador
Da tabela 15 nota-se que para a abertura de 65%, o ímã de AlNiCo deve possuir
9,90 cm de altura, para 70% a altura do ímã deve ser de 9,15 cm e para 75% a altura
4.2. Projeto do Rotor 53
do ímã deve ser de 8,55 cm. O valor calculado de altura para o ímã diverge dos valores
obtidos pela tabela 15. Comparando-se as alturas obtidas foi visto que para ψ = 0, 65 a
altura com valores válidos de ζ deve ser superior a 9,90 cm, cerca de 4 vezes maior que
o valor obtido de 2,51 cm. Desta maneira, devido ao fato dos valores de ζ e Cv estarem
fora do intervalo, uma análise numérica foi necessária de forma a garantir que a densidade
de fluxo no entreferro fosse preservada. Para tentar solucionar este problema, realizou-se
uma análise numérica que considerou a altura do ímã, o comprimento do arco polar (bp )
e a densidade de fluxo como variáveis, de modo, que seja possível propor uma solução
para o projeto de geradores síncronos de ímãs permanentes utilizando ímãs de AlNiCo.
Na tabela 16 foram apresentados os valores de densidade de fluxo no entreferro obtidas
numericamente (Bgnum ) para diversas alturas de ímãs de AlNiCo 9 para valores de ψ de
0,65, 0,70 e 0,75.
Pativa .106
V M T a = kAlN iCo .Cv. (4.1)
f.Br .Hc
Onde kAlN iCo é o fator de correção para o volume total de ímãs permanentes
utilizando AlNiCo. Esse fator foi calculado em função da densidade de fluxo magnético
obtida na tabela 17.
Para ψ = 0, 65 o coeficiente de utilização Cv foi calculado em 0,178, conforme
equação 3.54.
Que resulta em uma altura de 2,51 cm, sendo utilizado a equação 3.58 para o
cálculo.
VM T a 34071, 49
hm = = = 2, 51 cm
2p.Lm .wm 12.(18, 60).(60, 72)
O valor da altura calculado sem o coeficiente de ajuste (kAlN iCo ) diverge do obtido
pela tabela 17, adotado em 4,90 cm e utilizado para determinar o novo volume de ímãs
permanente, utilizando como base a equação 3.55.
4.2. Projeto do Rotor 55
VM′ T a = 2p.Lm .wm .h′m = (12).(18, 60).(60, 72).(4, 90) = 66418, 96 cm3
Onde VM′ T a é o volume total de ímãs corrigido e h′m é o valor corrigido da altura
para o ímã permanente. Para determinar kAlN iCo as equações 3.55 e 4.1 foram igualadas,
conforme equação 4.2.
Pativa . 106
2p.Lm .wm .h′m = kAlN iCo . Cv . (4.2)
f . Br . Hc
ω = 2.π.f (5.1)
ω
ωcg = (5.2)
p
Desta maneira, a frequência do campo girante se torna:
ωcg
fcg = (5.3)
2.π
Uma vez que a frequência do campo girante foi calculada, determina-se a frequência
devido as ranhuras conforme a equação 5.4.
2.NCE
fr = ( + 1).fcg (5.4)
2p
60 Capítulo 5. Análise Numérica - Elementos Finitos
As regiões de análise foram as mesmas que foram utilizadas para o ímã de NdFeB
(N-50), e as densidades de fluxo dessas regiões foram obtidas com o uso de uma linha
exploratriz. O resultado dessa análise foi compilado na tabela 23.
62 Capítulo 5. Análise Numérica - Elementos Finitos
Com base nos dados das figuras 27 e 30 foi construída a tabela 24, onde foram
inseridos os valores de indução encontrados para a fundamental à harmônica de décima
terceira ordem para os rotores com ímãs de NdFeB N-50 e AlNiCo 9 LNGT-72.
!
⃗ = J⃗ − σ ∂A − σ∇V + ∇ × H
∇ × υ∇ × A ⃗ c + σv × ∇ × A
⃗ (5.5)
∂t
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Apêndices
APÊNDICE A – Utilização do Software
FEMM
Uma máquina síncrona com ímãs permanentes foi utilizada para exemplificar a
atribuição de materiais, bem como a definição do tamanho da malha, conforme ilustrado
na figura 38.
Para avaliar a influência da densidade da malha nos resultados das análises, foram
feitas simulações considerando tamanhos diferentes de malha e seu impacto no valor de
pico da densidade de fluxo no entreferro (Bgmax ) e na média do dez maiores valores de
densidade de fluxo no entreferro (Bgmed ). Essa análise permitiu também determinar o
ponto de convergência para os valores de densidade de fluxo magnético obtidos.
De modo a ilustrar o gerador desenvolvido neste trabalho, as figuras 40, 41, 42, 43
e 44 foram utilizadas. Nelas, é possível visualizar cada região do gerador. Os parâmetros
utilizados para a elaboração da geometria presente nas figuras foram determinados através
do método analítico desenvolvido neste trabalho.