Disserta o Gabriel BR Revisao

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Universidade Federal do ABC

Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas


Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica

Análise Comparativa das Metodologias Analítica


e Numérica no Projeto de Máquinas Síncronas
de Ímãs Permanentes de Fluxo Radial com
Enfoque em Geração Eólica.

Gabriel Rodrigues Bruzinga

Santo André - SP, Outubro de 2022


Gabriel Rodrigues Bruzinga

Análise Comparativa das Metodologias Analítica e


Numérica no Projeto de Máquinas Síncronas de Ímãs
Permanentes de Fluxo Radial com Enfoque em Geração
Eólica.

Dissertação de Mestrado apresentada à Co-


ordenação do Programa de Pós-Graduação
em Engenharia Elétrica da Universidade Fe-
deral do ABC, para obtenção do título de
Mestre em Engenharia Elétrica.

Universidade Federal do ABC – UFABC


Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica

Orientador: Alfeu Joãozinho Sguarezi Filho


Coorientador: Ademir Pelizari

Santo André - SP
Outubro de 2022
Gabriel Rodrigues Bruzinga
Análise Comparativa das Metodologias Analítica e Numérica no Projeto de
Máquinas Síncronas de Ímãs Permanentes de Fluxo Radial com Enfoque em Geração
Eólica./ Gabriel Rodrigues Bruzinga. – Santo André - SP, Outubro de 2022-
81 p. : il. (algumas color.) ; 30 cm.

Orientador: Alfeu Joãozinho Sguarezi Filho

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do ABC – UFABC


Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica, Outubro de 2022.
1. Energia Eólica. 2. Ímãs Permanentes. I. Orientador. Alfeu Joãozinho Sguarezi
Filho II. Universidade Federal do ABC. III. Centro de Engenharia, Modelagem e
Ciências Sociais Aplicadas. IV. Análise Comparativa das Metodologias Analítica
e Numérica no Projeto de Máquinas Síncronas de Ímãs Permanentes de Fluxo
Radial com Enfoque em Geração Eólica

CDU
Gabriel Rodrigues Bruzinga

Análise Comparativa das Metodologias Analítica e


Numérica no Projeto de Máquinas Síncronas de Ímãs
Permanentes de Fluxo Radial com Enfoque em Geração
Eólica.

Dissertação de Mestrado apresentada à Co-


ordenação do Programa de Pós-Graduação
em Engenharia Elétrica da Universidade Fe-
deral do ABC, para obtenção do título de
Mestre em Engenharia Elétrica.

Alfeu Joãozinho Sguarezi Filho


Orientador

Ademir Pelizari
Co-Orientador

Professor
Jose Alberto Torrico Altuna

Professor
Mauricio Barbosa de Camargo Salles

Santo André - SP
Outubro de 2022
Dedico esse trabalho a Maria Teresa (in memorian), minha avó, uma pessoa que sempre
esteve ao meu lado e uma das mais incentivadoras.
Agradecimentos

Em todos esses meses em que essa pesquisa foi desenvolvida, esforço, empenho e
tempo foi empregado. Eu gostaria de agradecer algumas pessoas e instituições que foram
fundamentais para o desenvolvimento desse trabalho, me apoiando de diversas maneiras,
meu Orientador Alfeu Joãozinho Sguarezi Filho, meu co-orientador Ademir Pelizari e a
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES).
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(Brian Eno)
Resumo
O objetivo desse trabalho é realizar uma análise comparativa entre métodos analítico e
numérico (implementado via software de elementos finitos em 2D e 3D) no projeto de
um gerador síncrono de ímãs permanentes de 3.88 MVA, 710 V, 145 Hz com enfoque em
geração eólica, para aerogeradores do Tipo D de grande potência. Para isso é proposto
um método de resolução analítico utilizando-se primeiramente ímãs de NdFeB no rotor.
Após essa etapa os resultados analíticos foram comparados com os resultados numéricos e
apresentaram resultados satisfatórios, com margem de erro relativo média em cerca de 3%
(simulação 2D) e erro absoluto médio de 37,3 mT (simulação 3D). Na segunda etapa do
projeto, ímãs de AlNiCo foram utilizados no rotor, no entanto, os resultados analíticos e
numéricos apresentaram erro médio elevado, fazendo com que o método anterior, utilizados
para os ímãs de NdFeB, não fosse adequado, sendo necessário alterações no método. É
proposto então, um método para a readequação do cálculo de volume de ímãs, sendo
utilizado um método numérico e analítico. Após essas alterações, os resultados foram
satisfatórios, com margem de erro relativo médio calculado em cerca de 4%. Os resultados
analíticos e numéricos foram comentados e apresentados no final deste trabalho para a
validação das metodologias (ímãs de NdFeB e AlNiCo).

Palavras-chaves: Energia Eólica. Gerador de Ímãs Permanentes. Análise de Elementos


Finitos.
Abstract
The objective of this work is to perform a comparative analysis between analytical and
analytical and numerical methods (implemented using 2D and 3D finite element software)
in the design of a 3.88 MVA, 710 V, 145 Hz permanent magnet synchronous generator
with a focus on wind power generation, for high power D-type wind turbines. For this an
analytical solving method is proposed using firstly NdFeB magnets in the rotor. After
this step the analytical results were compared with the numerical results and showed
satisfactory results, with an average error margin of about 3% (2D simulation) and 37.3
mT (3D simulation). In the second step of the project, AlNiCo magnets were used in the
rotor, however, the analytical and numerical results showed high average error, making the
previous method, used for NdFeB magnets, not suitable, requiring changes in the method.
Therefore, a method for readjusting the volume calculation of magnets is proposed, using
a numerical and analytical method. After these changes, the results were satisfactory, with
a calculated average error margin of about 4%. The analytical and numerical results were
commented and presented at the end of this work for the validation of the methodologies
(NdFeB and AlNiCo magnets).

Keywords: Wind Power. Permanent Magnets. Finite Elements analysis.


Lista de ilustrações

Figura 1 – Distribuição de Temperaturas da Superfície dos Oceanos . . . . . . . . 5


Figura 2 – Distribuição dos Ventos Globais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
Figura 3 – Diagrama de um Aerogerador Tipo D . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Figura 4 – Tensão de Linha em Função da Frequência Elétrica . . . . . . . . . . . 8
Figura 5 – Máquina Síncrona com Polos Salientes Trifásica . . . . . . . . . . . . . 12
Figura 6 – Tipos de Arranjos de Rotores com Ímãs Permanentes . . . . . . . . . . 13
Figura 7 – Curva BH dos Principais Ímãs Comerciais . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Figura 8 – Fluxograma do Método Analítico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Figura 9 – Fator Volumétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Figura 10 – Detalhamento do Canal e Disposição dos Condutores . . . . . . . . . . 25
Figura 11 – Enrolamentos do Estator . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Figura 12 – Dimensões Principais do Estator . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Figura 13 – Abertura Adicional dos Dentes do Estator . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Figura 14 – Curva de Desmagnetização do Ímã N50. . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Figura 15 – Dimensões dos Ímãs e Entreferro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Figura 16 – Distribuição dos Enrolamentos do Estator-Diagrama Frontal . . . . . . 42
Figura 17 – Distribuição dos Enrolamentos do Estator-Diagrama Planificado . . . . 42
Figura 18 – Ilustração do Canal do Estator . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Figura 19 – Circuito Magnético Estabelecido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Figura 20 – Comportamento de ζ em função de Br e Hc . . . . . . . . . . . . . . . 50
Figura 21 – Comportamento de ζ em função de Br . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Figura 22 – Comportamento de ζ em função de Hc . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Figura 23 – Curva BxH para o Aço 1020 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Figura 24 – Induções no Gerador com Ímãs Inseridos na Superfície - NdFeB N50 . 57
Figura 25 – Utilização de Linha Exploratriz no Modelo Numérico . . . . . . . . . . 58
Figura 26 – Forma de Onda da Densidade de Fluxo no Entreferro . . . . . . . . . . 59
Figura 27 – Espectro das Harmônicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Figura 28 – Induções no Gerador com Ímãs Inseridos na Superfície - AlNiCo 9 . . . 61
Figura 29 – Forma de Onda da Densidade de Fluxo no Entreferro - AlNiCo 9 . . . 62
Figura 30 – Espectro das Harmônicas - AlNiCo 9 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Figura 31 – Condições de Fronteira e Materiais Usados . . . . . . . . . . . . . . . . 64
Figura 32 – Tensão de Saída do Gerador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Figura 33 – Corrente de Saída do Gerador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Figura 34 – Potência Elétrica do Gerador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
Figura 35 – Mapa de Cores e Linhas de Fluxo das Induções . . . . . . . . . . . . . 66
Figura 36 – Ferramenta de Importação do Modelo em Duas Dimensões . . . . . . . 74
Figura 37 – Biblioteca de Materiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
Figura 38 – Aplicação dos Materiais no Modelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
Figura 39 – Condições do Solver do FEMM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
Figura 40 – Conjunto Final do Gerador - 2D . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
Figura 41 – Conjunto Final do Gerador - 3D . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
Figura 42 – Detalhe da Armadura do Gerador com Enrolamentos . . . . . . . . . . 80
Figura 43 – Detalhe da Armadura do Gerador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
Figura 44 – Detalhe do Rotor do Gerador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
Lista de tabelas

Tabela 1 –Fonte de Energia Primária para a Geração de Eletricidade no Mundo . 2


Tabela 2 –Matriz Elétrica Brasileira e Mundial 1973 e 2019 (%) . . . . . . . . . . 3
Tabela 3 –Matriz Elétrica Brasileira em 2021 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Tabela 4 –Participação de Fontes Renováveis na Matriz de Energia Elétrica (%) . 5
Tabela 5 –Comparação de Ímãs Permanentes Normalmente Comercializados . . . 17
Tabela 6 –Densidade de Fluxo (T) em Função do Passo Polar . . . . . . . . . . . 20
Tabela 7 –Carregamento Elétrico (A/m) em Função do Passo Polar (cm) . . . . 20
Tabela 8 –Fator de Enrolamento Trifásico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Tabela 9 –Relação Pares de Polos e Relação Diâmetro e Comprimento . . . . . . 22
Tabela 10 –
Capacidade Máxima de Corrente em função da Densidade de Corrente 27
Tabela 11 –
Densidades de Fluxo Recomendadas no Circuito Magnético . . . . . . 36
Tabela 12 –
Dimensionamento do Canal do Estator . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Tabela 13 –
Densidade de Fluxo no Entreferro x Abertura dos Dentes do Estator . 45
Tabela 14 –
Densidades de Fluxo do Gerador-Método Analítico . . . . . . . . . . . 50
Tabela 15 –
Coeficiente de Utilização do Ímã AlNiCo 9 em Função de ψ e hm . . . 52
Tabela 16 –
Densidade de Fluxo no Entreferro - Cálculo Numérico . . . . . . . . . 53
Tabela 17 –
Determinação da Altura do Ímã - AlNiCo . . . . . . . . . . . . . . . . 54
Tabela 18 –
Fator de Ajuste para Ímãs de AlNiCo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Tabela 19 –
Parâmetros Geométricos do Rotor - NdFeB . . . . . . . . . . . . . . . 57
Tabela 20 –
Densidade de Fluxo-Método Numérico-2D (NdFeB) . . . . . . . . . . . 58
Tabela 21 –
Frequências do GSIP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Tabela 22 –
Parâmetros Geométricos do Rotor - AlNiCo . . . . . . . . . . . . . . . 61
Tabela 23 –
Densidade de Fluxo-Método Numérico-2D (AlNiCo) . . . . . . . . . . 62
Tabela 24 –
Amplitude do Espectro Harmônico - Entreferro . . . . . . . . . . . . . 63
Tabela 25 –
Densidade de Fluxo-Método Numérico-3D . . . . . . . . . . . . . . . . 66
Tabela Comparação - Analítico e Numérico - Magnetostático (2D) - NdFeB N50
26 – 67
Tabela 27 –
Comparação - Analítico e Numérico - Magnetostático (2D) - AlNiCo 9 67
Tabela 28 –
Comparação - Analítico e Numérico - Magnetotransitório (3D) - NdFeB
50 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Tabela 29 – Análise do Tamanho de Malha dos Materiais do Gerador . . . . . . . . 77
Tabela 30 – Análise do Tamanho de Malha do Entreferro . . . . . . . . . . . . . . . 78
Lista de abreviaturas e siglas

EPE Empresa de Pesquisa Energética

GSEE Gerador Síncrono com Excitação Elétrica

GSIP Gerador Síncrono com Ímãs Permanentes

UHE Usina Hidrelétrica


Lista de símbolos

A Índice de Utilização Elétrica (Índice de Carregamento Elétrico)

Ac Área dos Cabos

Acalc Índice de Utilização Elétrica Calculado

Ace Área da Carcaça Estatórica

Acr Área da Carcaça Rotórica

AD Área Total dos Dentes sobre o Entreferro

AE Área do Entreferro

Am Índice de Utilização Elétrica Máximo

Ast Área de Seção dos Condutores do Estator

B Densidade de Fluxo Magnético

Bce Densidade de Fluxo Magnético Calculado na Carcaça Estatórica

Bcr Densidade de Fluxo Magnético Calculado na Carcaça Rotórica

BD Densidade de Fluxo Magnético dos Dentes do Estator

Bg Fluxo Magnético no Entreferro do Gerador

bp Arco da Expansão Polar do Rotor

Br Remanência do Ímã Permanente a 20°C

Brce Fluxo Magnético na Carcaça Estatórica

b′ Abertura dos Dentes na Periferia do Estator

b′′ Abertura dos Dentes na Base

cos(θ) Defasagem entre a Tensão e a Corrente de Fase

Cv Coeficiente de Utilização do Gerador para Ímãs Montados na Superfície


do Rotor

Dint Diâmetro Interno do Estator

Dext Diâmetro Externo do Estator


Der Diâmetro Externo do Rotor

Deixo Diâmetro do Eixo do Gerador

E Tensão de Fase Acrescida de 15%

f Frequência Elétrica

fcg Frequência do Campo Girante

fr Frequência Harmônica Devido as Ranhuras

g Comprimento do Entreferro

GER Graus Elétricos das Ranhuras do Estator

GET Graus Elétricos Totais

Hc Coercitividade do Ímã Permanente a 20°C

he Altura da Carcaça do Estator

hm Altura do Ímã para Ímãs Montados na Superfície do Rotor

h′m Altura Corrigida do Ímã para Ímãs Montados na Superfície do Rotor

If Corrente de Fase do Gerador

Il Corrente de Linha do Gerador

Ka Fator de Enrolamento do Estator

kAlN iCo Fator de Correção para o Volume Total de Ímãs Permanentes Utilizando
AlNiCo

kexa Fator do Campo de Excitação para Ímãs Montados na Superfície do


Rotor

Kf Fator de Forma do Gerador

kf d Fator de Reação da Armadura de Eixo Direto para Ímãs Montados na


Superfície do Rotor

kf q Fator de Reação da Armadura de Eixo em Quadratura para Ímãs


Montados na Superfície do Rotor

KG Fator de Enrolamento Global (KAAP)

Ksc Coeficiente de Sobrecarga


Lgeo Comprimento Geométrico do Gerador

Lm Comprimento do Ímã para Ímãs Montados na Superfície do Rotor

Lmag Comprimento Magnético do Gerador

Lt Abertura do Canal do Estator

Lv Comprimento dos Canais de Ventilação do Estator

M Fator Volumétrico

N Velocidade Síncrona do Gerador (em RPM)

n Velocidade de Rotação Nominal do Gerador (em RPM)

NBF Número de Bobinas por Fase

NBP F Número de Bobinas por Polo e Fase

NBT Número de Total de Bobinas

Nc Número de Canais de Ventilação

Ncc Número de Cabos por Condutor

NCC Número de Condutores por Canal

NCE Número de Condutores do Estator

NCF

NCP F Número de Canais por Polo e Fase

Nf ases Número de Fases do Gerador

Nsimetrias Número de Simetrias do Gerador

NT C Número Total de Condutores do Estator

p Número de Par de Polos

Pt Profundidade do Canal do Estator

Pativa Potência Ativa do Gerador

S Potência Aparente do Gerador

Vf Tensão de Fase do Gerador

Vl Tensão de Linha do Gerador


VM Volume Individual dos Ímãs para Ímãs Montados na Superfície do Rotor

V MT a Volume Total de Ímã

V ′M T a Volume Total Corrigido para o Ímã

wm Comprimento do Arco do Ímã para Ímãs Montados na Superfície do


Rotor

X Parâmetro de Avaliação de Balanceamento e Simetria

Ybobinas Passo da Bobina em Número de Ranhuras

Yf ases Passo de Fase em Número de Ranhuras

Ypolar Passo Polar em Número de Ranhuras

2p Número de Polos do Gerador

δ Densidade de Corrente Elétrica

ε Relação entre o Diâmetro Interno do Estator e o Comprimento Magné-


tico do Gerador

ϵ Relação entre a Tensão Induzida em Vazio e a Tensão de Fase em Carga


Nominal

ζ Coeficiente de Utilização do Ímã Permanente para Ímãs Montados na


Superfície do Rotor

ηg Comprimento Adicional ao Comprimento Magnético

µD Abertura Adicional dos Dentes na Periferia

τ Passo Polar

τc Passo Polar dos Canais

ϕ Fluxo Magnético com Carga Nominal

ϕce Fluxo Magnético na Carcaça Estatórica

ϕcr Fluxo Magnético na Carcaça Rotórica

ϕD Fluxo Magnético dos Dentes

ψ Abertura do Expansão Polar em Relação ao Passo Polar

ω Frequência Angular das Correntes no Estator

ωcg Frequência Angular Resultante do Campo Girante no Entreferro


Sumário

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1 Eletricidade e Suas Fontes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Matriz Elétrica Brasileira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.3 Energia Eólica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.4 Tipos de Aerogeradores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.4.1 Aerogeradores do Tipo D . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.5 Motivação do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.6 Objetivo do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.7 Contribuições do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.8 Metodologia do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.9 Estado da Arte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.10 Organização do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

2 CARACTERIZAÇÃO MAGNÉTICA DA MÁQUINA . . . . . . . . . 12


2.1 Estator . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.2 Rotor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.3 Tipos de Rotores de Ímãs Permanentes . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.3.1 Rotor com Ímãs Internos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.3.2 Magnetização Radial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.3.3 Magnetização Circunferencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.3.4 Ímãs Montados na Superfície do Rotor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.3.5 Ímãs Inseridos na Superfície do Rotor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.3.6 Principais Ímãs Permanentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

3 DIMENSIONAMENTO DO GERADOR . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3.1 Dimensionamento do Estator . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.2 Dimensionamento do Rotor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.2.1 Ímãs Montados na Superfície do Rotor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

4 DETALHAMENTO CONSTRUTIVO, MAGNÉTICO E ELÉTRICO


DO GERADOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
4.1 Projeto do Estator . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
4.2 Projeto do Rotor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.2.1 Ímãs Montados na Superfície do Rotor - Ímã de NdFeB . . . . . . . . . . . 47
4.2.2 Ímãs Montados na Superfície do Rotor - Ímã de AlNiCo . . . . . . . . . . . 50
5 ANÁLISE NUMÉRICA - ELEMENTOS FINITOS . . . . . . . . . . 56
5.1 Desenvolvimento do Modelo em 2D . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
5.2 Resultados das Simulações Magnéticas Estática e Transitória . . . . 56
5.2.1 Ímãs NdFeB Montados na Superfície do Rotor-Magnetostático . . . . . . . 56
5.2.1.1 Influência das Ranhuras na Forma de Onda no Entreferro . . . . . . . . . . . . 59
5.2.2 Ímãs AlNiCo Montados na Superfície do Rotor-Magnetostático . . . . . . . 61
5.3 Desenvolvimento do Modelo em 3D . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
5.3.1 Formulação Magnetotransitória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
5.3.2 Materiais, Condições de Fronteira e Banda de Rolagem . . . . . . . . . . . 64

6 RESULTADOS FINAIS - VALIDAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . 67

7 CONCLUSÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

APÊNDICES 73

APÊNDICE A – UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE FEMM . . . . . . 74

APÊNDICE B – ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DO TAMANHO DE


MALHA NA SIMULAÇÃO . . . . . . . . . . . . . 77
B.1 Análise do Tamanho de Malha dos Materiais do Gerador . . . . . . 77
B.2 Análise do Tamanho de Malha do Entreferro . . . . . . . . . . . . . . 78

APÊNDICE C – GEOMETRIA FINAL DO GERADOR . . . . . . . 79


1 Introdução

1.1 Eletricidade e Suas Fontes

O uso da energia sempre foi intrínseco as sociedades, um exemplo disso foram as


primeiras culturas a florescerem, que utilizavam o fogo de maneira controlada. Mais tarde
o uso do fogo se somou ao uso de animais para tração, o que permitiu, por exemplo, o
transporte de sementes, lenha e mecanismos que permitiam a irrigação de plantações e a
moagem de grãos. Com o uso do fogo de maneira controlada, tração animal para transporte
de carga, lenha e alimentos de forma regular, permitiram o desenvolvimento de populações,
um exemplo disso foram as civilizações da Europa oriental (onde hoje se localiza a Ucrânia)
que adquiriram a capacidade de alimentar olarias e forjas primitivas, permitindo que
ferramentas de metal fossem confeccionadas. Essa capacidade de confeccionar ferramentas
de metal se estendeu pela Europa ocidental, o que acarretou uma mudança drástica nessas
civilizações, período que data no início da idade do bronze [1, 2].
Um outro período de forte mudanças socioeconômicas devido ao uso da energia,
ocorreu no século XVIII, quando em 1712 Thomas Newcomen desenvolveu a primeira
máquina a vapor efetivamente operativa, posteriormente aperfeiçoada por James Watt.
Essa máquina passou a ser utilizada em diversas atividades, de fábricas a locomotivas e
navios, alterando a maneira como eram produzidas mercadorias e como pessoas e cargas
eram transportadas. Um outro uso da energia que permitiu uma transformação econômica
e social ocorreu com o uso da eletricidade, que começou a ser utilizada entre 1830 e 1840,
mas sua aplicação era limitada no uso dos telégrafos, no entanto, o crescimento na geração
e em sua popularização, ocorreu em 1878, quando uma lâmpada elétrica funcional foi
desenvolvida por Thomas Edson e em seguida, em 1879, com a construção da primeira
locomotiva elétrica feita Siemens & Halske. A eletricidade e uso desses dispositivos, e
posteriormente de tantos outros, permitiram uma rápida transformação econômica e social
no início do século XX [1].
A matriz elétrica mundial tem como base o uso de combustíveis fósseis, princi-
palmente gás natural e carvão. Esses combustíveis, que acumulam energia química, são
queimados para a geração de calor em plantas de vapor. Esse vapor em alta temperatura e
pressão é então utilizado para movimentar uma turbina que é ligada a um gerador elétrico,
e assim a conversão de energia se completa, indo da energia química acumulada em um
combustível à energia elétrica.
No cenário brasileiro as usinas hidrelétricas (UHE) representam a maior participação
percentual dentro da matriz de energia elétrica. Nesse caso para se gerar energia elétrica
2 Capítulo 1. Introdução

é construída uma barragem com o objetivo de utilizar a energia cinética do fluxo de


água, tendo como base o direcionamento desse fluxo para uma turbina hidráulica acoplada
mecanicamente à um gerador elétrico, produzindo assim energia elétrica. Na grande maioria
dos países do mundo, os recursos hídricos com potencial de utilização para a geração de
eletricidade são poucos abundantes em comparação aos recursos hídricos do Brasil, fazendo
com que o uso de combustíveis fósseis para a obtenção de energia elétrica possua maior
participação na matriz elétrica. Na tabela 1, foram dispostos dados das fontes utilizadas a
nível mundial para geração de eletricidade no ano de 1973 e 2019.

Tabela 1 – Fonte de Energia Primária para a Geração de Eletricidade no Mundo


1973 2019
Combustível
% TWh % TWh
Carvão 38,3 2348 36,7 9885
Gás Natural 12,1 742 23,6 6356
Hidráulica 20,9 1282 15,7 4228
Nuclear 3,3 202 10,4 2801
Petróleo 24,8 1520 2,8 754
Outros 0,6 37 10,8 2909
Total 100,0 6131 100,0 26936
Fonte: [3]

Na tabela 1 é possível observar que em 2019 grande parte da matriz elétrica mundial
provinha de fontes não renováveis de energia, principalmente com o uso do carvão. Em
1973 a principal maneira de gerar eletricidade era com o uso de petróleo e carvão, ainda na
década de 1970 ocorreram dois grandes choques no preço do petróleo e seus derivados, o
que fez com que os derivados de petróleo tivessem aumentos súbitos nos seus custos, estas
variações de custos somadas às novas exigências ambientais, impulsionadas pelo controle de
emissão de gases estufa para frear as mudanças climáticas, fez com que o uso de petróleo
para a geração de eletricidade tivesse uma queda considerável na participação da matriz
elétrica mundial, indo de 24,8% em 1973 para 2,8% em 2019. O uso de carvão para geração
de eletricidade manteve uma participação na matriz praticamente constante entre 1973
e 2019, impulsionado principalmente pelo crescimento da China e Índia, mas também
pela inércia dos Estados Unidos em aplicar as mudanças necessárias para mudança da
matriz elétrica, esses países geraram respectivamente em 2019 4876 TWh, 1181 TWh e
1070 TWh. A geração mundial de energia elétrica com o uso de carvão no ano de 2019
foi de 9914 TWh, sendo 4876 TWh gerados na China, o que representa cerca de 49%
da geração de energia elétrica mundial com base em carvão, enquanto que, na matriz
elétrica chinesa o carvão conta com participação de cerca de 65% geração total de energia
elétrica. No ano de 2019 a matriz elétrica mundial continua a ser formada principalmente
de combustíveis fósseis, mesmo com dados alarmantes a respeito da emissão de gases
estufa e das mudanças climáticas. O uso de gás natural para a geração de eletricidade
teve um aumento na participação da matriz elétrica mundial, indo de 12,1% em 1973
1.1. Eletricidade e Suas Fontes 3

para 23,6% em 2019 e hoje os três maiores de geradores de energia elétrica utilizando gás
natural são Estados Unidos, Rússia e Japão, gerando 1640 TWh, 514 TWh e 385 TWh
respectivamente [3].
No Brasil o panorama energético é mais positivo, uma vez que o país conta com
grande participação de fontes renováveis em sua matriz. No setor elétrico esse panorama é
ainda melhor, uma vez que, desde a segunda metade do século XX houve a construção
de muitas hidrelétricas. Desde 1974 a capacidade instalada de hidrelétricas saltou de
13,7 GW para 109,4 GW em 2021, no mesmo período, a geração de energia hidrelétrica
saltou de 65.679 GWh para 362.818 GWh. A participação de hidrelétricas, no entanto,
teve uma queda, passando de 91,6% para 55,3% no total de energia gerado no mesmo
período de análise (1974 a 2021). Essa diminuição da participação de hidrelétricas se
deve principalmente à dificuldade na emissão de licenças ambientais, fazendo com que a
construção desse tipo de usina se torne cada vez mais restrita [4]. O uso da fonte hídrica
fez com que a matriz brasileira se diferenciasse da média mundial, principalmente no uso
de combustíveis fósseis para a geração de eletricidade. Na tabela 2 foram apresentados
dados com a participação das principais fontes de energia para a geração de eletricidade
em 1973 e 2019 para o Brasil, esses dados foram então confrontados com dados da matriz
elétrica mundial [3].

Tabela 2 – Matriz Elétrica Brasileira e Mundial 1973 e 2019 (%)


1973 2019
Combustível
Brasil Mundo Brasil Mundo
Carvão 2,1 38,3 2,6 36,7
Gás Natural 0,0 12,1 10,4 23,6
Hidráulica 89,5 20,9 62,8 15,7
Nuclear 0,0 3,3 2,5 10,4
Petróleo 7,2 24,8 2,5 2,8
Outras 1,2 0,6 19,2 10,8
Fonte: [3]

Com os dados da tabela 2 é possível observar que a partir de 1973, a participação


de fontes renováveis já apresentava relevância para a na matriz energética no Brasil, tendo
como base as usinas hidrelétricas. O consumo de carvão na matriz elétrica mundial se
manteve em cerca de 40%, consumo que se deve principalmente ao crescimento econômico
e melhora na qualidade de vida na China e na Índia. O aumento da participação do Gás
Natural na geração elétrica brasileira se deve principalmente ao crescimento econômico
observado a partir do ano 2000.
4 Capítulo 1. Introdução

1.2 Matriz Elétrica Brasileira


O Brasil se destaca de outros países por ter uma matriz energética com grande
participação de fontes renováveis de energia, no ano de 2021 44,7% da matriz energética
era composta por fontes renováveis. Na matriz elétrica as fontes renováveis se destacam
ainda mais, tendo participação de 77,4% da quantidade de energia elétrica total gerada
no ano de 2021. As três maiores fontes para a geração de energia elétrica no Brasil são a
energia hidráulica (com participação de 55,3%), Gás Natural (com participação de 13,3%)
e Eólica (com participação de 11,0%). Na tabela 3 as fontes utilizadas para a geração de
eletricidade foram dispostas em um gráfico com a sua porcentagem de participação da
matriz elétrica [3].

Tabela 3 – Matriz Elétrica Brasileira em 2021


Fonte Participação (%)
Hidráulica 55,3
Gás Natural 13,3
Eólica 11,0
Bagaço de Cana 5,2
Carvão 2,7
Nuclear 2,2
Líxivia 2,3
Óleo Combustível 1,4
Óleo Diesel 1,2
Solar 2,6
Lenha 0,3
Gás Coqueira 0,3
Biodiesel 0,1
Outras Secundárias 0,4
Outras Renováveis 0,5
Fonte: [3]

Na tabela 3 pode ser visualizado que as principais fontes da matriz elétrica brasileira
são renováveis, com destaque para hidráulica, eólica, solar e as biomassas (bagaço de cana
e lixívia), que juntas foram responsáveis por 76,4% da geração de energia elétrica no ano
de 2021, segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que possui o histórico
da geração elétrica nacional, a matriz elétrica brasileira é majoritariamente renovável, com
participação de cerca de 80% de fontes renováveis em todo o período de análise [3].
Na tabela 4, observa-se os dados de participação das fontes renováveis utilizadas
na matriz elétrica. Uma diversificação das fontes renováveis utilizadas na matriz elétrica
aconteceu a partir do ano 2000, principalmente pelos programas de incentivo a fontes
alternativas de energia. A implementação de usinas eólicas e o crescimento da participação
da biomassa foram as fontes que tiveram crescimento significativo [3].
1.3. Energia Eólica 5

Tabela 4 – Participação de Fontes Renováveis na Matriz de Energia Elétrica (%)


2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Hidráulica 97,5 96,7 96,5 96,2 96,2 96,1 95,9 95,2 94,6 94,2 92,2 92,4 91,1 89,2 86,3 83,4 81,8 79,4 78,5 77,2 75,8 71,5
Eólica - - - - - - 0,1 0,2 0,3 0,3 0,5 0,6 1,1 1,5 2,8 5,0 7,2 9,1 9,8 10,9 10,9 14,2
Bagaço
1,2 1,7 1,8 2,1 2,1 2,2 2,3 2,8 3,1 3,4 5,1 4,8 5,5 6,8 7,5 7,9 7,6 7,6 7,2 7,1 7,4 6,8
de Cana
Lixívia 1,0 1,1 1,2 1,2 1,3 1,3 1,4 1,4 1,4 1,6 1,6 1,7 1,8 1,8 2,4 2,6 2,6 2,8 2,8 2,5 2,8 3,0
Solar - - - - - - - - - - - - - - - - - 0,2 0,7 1,3 2,1 3,3
Lenha 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,4 0,3 0,4 0,3 0,3 0,4 0,5 0,5 0,4 0,5 0,5 0,4 0,5 0,4
Biodiesel - - - - - - - - 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,2 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1
Outras 0,1 0,2 0,2 0,2 0,2 0,3 0,1 0,1 0,1 0,2 0,1 0,1 0,1 0,2 0,3 0,4 0,4 0,4 0,4 0,5 0,5 0,7
Fonte: [3]

1.3 Energia Eólica


O crescimento da demanda energética, as pressões ambientais, diretrizes políticas
devido as mudanças climáticas e a iminência do esgotamento de combustíveis fósseis fizeram
com que fontes alternativas de energia fossem pesquisadas e passassem a ser utilizadas,
como é o caso da energia eólica, sendo que essa se mostra uma alternativa extremamente
viável. A primeira operação comercial se deu em 1971, na Dinamarca, porém, a políticas
para incentivo e uso da fonte eólica passaram a ser seguidas apenas em 1991, quando a
associação Europeia de Energia Eólica estabeleceu metas de instalação de aerogeradores
[5].
Ao analisarmos a origem de cada uma das fontes energéticas, vemos que todas
tem origem solar, exceto pela energia geotérmica e das marés. O sol fornece cerca de
174.423.000.000.000 kWh de energia, cerca de 1% a 2% dessa energia é convertida em
energia eólica [6].

Figura 1 – Distribuição de Temperaturas da Superfície dos Oceanos

Fonte: [7]

A energia solar provoca um aquecimento não uniforme na superfície dos oceanos,


na região equatorial com latitudes próximo a 0° o oceano sofre um aquecimento maior do
6 Capítulo 1. Introdução

que em outras latitudes, conforme explicitado na figura 1. O ar mais quente é menos denso
que o ar frio, logo o ar quente tende a ir para topo da atmosfera e em direção aos polos,
enquanto o ar frio e mais denso dos polos tende a seguir a direção contrária. Somada a
esse movimento devido as diferenças de densidade do ar há o movimento de rotação do
planeta, que faz com que ocorra o deslocamento das massas de ar quente e fria, segundo o
princípio de Coriolis. De acordo com esse fenômeno, o movimento de rotação da Terra
faz com um deslocamento norte-sul seja desviado para a direita, da mesma forma, um
movimento sul-norte seja desviado para a esquerda. Os deslocamentos provocados por
esses mecanismos são chamados de ventos globais, conforme ilustrado na figura 2 [8].

Figura 2 – Distribuição dos Ventos Globais

Fonte: [8]

Dado o potencial da energia eólica, o desenvolvimento de aerogeradores mais


eficientes e confiáveis para a geração de energia elétrica é de vital importância, visto que a
participação da energia eólica na matriz elétrica mundial aumenta a cada ano [9].

1.4 Tipos de Aerogeradores


Atualmente, podemos classificar os aerogeradores comerciais em 2 tipos: aerogera-
dores de velocidade fixa e de velocidade variável [10].
Os aerogeradores de velocidade fixa podem ser conectados diretamente à rede ou
operar de modo isolado e utilizam geradores assíncronos gaiola de esquilo. O escorregamento
desse gerador e consequentemente a sua velocidade de rotação, variam conforme a potência
eólica gerada, no entanto, devem ser tais que, não ultrapassem os limites de qualidade da
energia elétrica da rede, principalmente em valores de frequência elétrica, por isso, a variação
da velocidade de rotação do gerador fica restrita de 1% à 2%, originando a denominação
aerogerador de velocidade fixa. Por sua vez, os aerogeradores de velocidade variável tem
a frequência elétrica da rede e a frequência elétrica do gerador desacopladas, uma vez
que, fazem uso de dispositivos de controle e conversores de potência, possibilitando sua
operação em uma faixa maior de velocidades, o que origina a denominação aerogeradores
de velocidade variável [11].
1.4. Tipos de Aerogeradores 7

Dentro dessas duas classificações ainda há outras 4 configurações, que dizem respeito
ao arranjo dos dispositivos dentro dos aerogeradores. Essas configurações são as de Tipo
A, Tipo B, Tipo C e Tipo D. A configuração do Tipo A é utilizada para aerogeradores
de velocidade fixa, enquanto que, as configurações do Tipo B,C e D são utilizados para
aerogeradores de velocidade variável, sendo os geradores síncronos de ímãs permanentes
(GSIP) empregados nos aerogeradores do tipo D.

1.4.1 Aerogeradores do Tipo D


Os aerogeradores com essa configuração possuem a tecnologia mais avançada, uma
vez que os conversores eletrônicos modulam toda a potência gerada, como na figura 3,
possibilitando uma diversidade de arranjo dos dispositivos internos do aerogerador. O
uso mais comum é o uso de máquinas síncronas, seja com campo de excitação elétrica
(Gerador Síncrono com Excitação Elétrica -GSEE) ou com ímãs permanentes (GSIP), em
alguns casos há a possibilidade de operação sem a caixa de engrenagens.
O uso de um conversor eletrônico de capacidade plena em um aerogerador apresenta
uma série de benefícios quando comparado as configurações anteriores, uma vez que, é
possível aumentar a eficiência aerodinâmica, estabilidade de tensão e frequência, controle
das correntes de curto-circuito e controle da energia reativa [11].

Figura 3 – Diagrama de um Aerogerador Tipo D

Fonte: [11]

Os aerogeradores do Tipo D tem, naturalmente, uma faixa de trabalho ampla,


tem elevada densidade de energia e não possuem escovas, reduzindo-se os os custos de
manutenção e operação e neste trabalho, a configuração do tipo D foi utilizada como
8 Capítulo 1. Introdução

base para o projeto, uma vez que, o gerador estudado foi um GSIP. Máquinas síncronas
com ímãs permanentes possuem aplicações de baixa, média e alta potência, sendo usadas
desde motores de tração em veículos elétricos até geradores de alta potência presente em
aerogeradores. O uso de máquinas síncronas de ímãs permanentes traz algumas vantagens
em relação a máquinas síncronas convencionais: torque e uma potência elétrica de saída
maiores (por volume), simplificação da construção e manutenção da máquina (inexistência
do enrolamento de campo), diminuindo as perdas e consequentemente aumentando a
eficiência da máquina. Apresentam também um melhor desempenho dinâmico e em alguns
casos, é possível obter uma redução no preço de produção [12, 13, 14].
As vantagens desta configuração trazem, no entanto, desafios técnicos na operação
e nos sistemas de proteção dessas máquinas. Durante a operação elevam sua temperatura,
e a produção de fluxo magnético pelos ímãs e o torque são inversamente proporcionais a
temperatura, logo, durante o projeto deve haver a consideração do efeito da temperatura
na operação em regime permanente, ou ainda, o projeto de um sistema de refrigeração
[15].
Neste tipo de configuração de aerogerador, devido as características do conversor
de capacidade plena e sua operação em velocidade variável, o mesmo apresenta um
comportamento de tensão e frequência conforme a figura 4.

Figura 4 – Tensão de Linha em Função da Frequência Elétrica

Fonte: o autor (2022)

1.5 Motivação do Trabalho


A construção e o desenvolvimento de GSIP possui uma série de desafios associados
ao seu projeto, uma vez que, devido as características inerentes aos ímãs permanentes, como
1.6. Objetivo do Trabalho 9

a produção constante de fluxo magnético e a sua possível desmagnetização em regime de


operação faz com que sua construção, operação e a seleção de materiais que irão compor o
rotor, o estator e os próprios ímãs sejam mais desafiadores do que máquinas com excitação
elétrica convencional. O uso de métodos analíticos juntamente com a utilização de métodos
numéricos presentes em softwares de resolução por elementos finitos, tornam o projeto, não
menos trabalhoso, no entanto, possibilita confrontar valores obtidos analiticamente. Tais
simulações, pode permitir a simulação de diversos arranjos de ímãs permanentes no rotor
de um gerador síncrono, sustentando a etapa de projeto e construção de um equipamento
desta complexidade.

1.6 Objetivo do Trabalho


O objetivo desse trabalho é realizar uma análise comparativa entre os métodos
analítico e numérico (implementado via software de elementos finitos) no projeto de um
GSIP com enfoque em geração eólica de 3.88 MVA, 710 V, 145 Hz em aerogeradores do
Tipo D.

1.7 Contribuições do Trabalho


As principais contribuições dessa dissertação são:

• Proposta de cálculo analítico para o projeto de GSIP com ímãs de NdFeB de grande
potência.

• Readequação da tabela de velocidades e frequência tendo em vista sua aplicação em


geração eólica para aerogeradores do tipo D com frequências diferentes dos 50/60
Hz.

• Implementação de um método analítico para a solução do problema do cálculo,


anteriormente utilizado para ímãs de NdFeB, especificamente para ímãs de AlNiCo.

1.8 Metodologia do Trabalho


A metodologia utilizada neste trabalho foi resumida nos seguintes itens:

• A utilização de métodos analíticos para o dimensionamento das dimensões do estator,


rotor e entreferro, bem como, o cálculo das grandezas elétricas e magnéticas do
gerador;

• Elaboração de um circuito magnético para determinação das densidades e induções


nas partes das máquinas;
10 Capítulo 1. Introdução

• Com base nos valores analíticos da geometria, foi elaborado de um projeto em CAD
(2D) para importação em software dedicado para análise eletromagnética

• Finalização da geometria e inserção das características elétricas e magnéticas em


software 2D e 3D por elementos finitos (F EM M ® e AnsysM axwell® );

• Com base nas induções obtidas analiticamente e numericamente (software de ele-


mentos finitos) foi feita uma análise dos resultados obtidos no circuito magnético
comparando-se e determinando-se os erros relativos dos dois métodos;

1.9 Estado da Arte


Em Ridge .A, at al. (2019) foi realizada uma simulação de um GSIP com base em
ímãs de ferrite. Os autores utilizaram ferramentas computacionais e métodos analíticos
com o objetivo de avaliar o campo magnético gerado por esses ímãs, que possuem níveis
de indução menores comparativamente aos ímãs de terras-raras, mas possuem um custo
significativamente inferior, levando à uma diminuição de custos. Esses ímãs também
possuem maior resistência à desmagnetização devido à alta temperatura. Os métodos
analíticos aliados a uma análise de elementos finitos aplicados a problemas magnéticos
permitiram aos autores encontrar uma topologia ideal e desenvolver dois protótipos desses
geradores com características dentro do esperado pelos autores. Os protótipos desenvolvidos
foram testados e os parâmetros elétricos e magnéticos avaliados e comparados com as
simulações realizadas com o objetivo de avaliar as metodologias de desenvolvimento e
construção do gerador [16].
Hebala. A, at al (2017) utilizaram um software de simulação computacional aplicado
a problemas magnéticos e aliada a um função de otimização por enxame de partículas
(particle swarm optimization-PSO) com o objetivo de determinar o projeto ideal de um
gerador de ímãs permanentes com base na sua eficiência e custo de fabricação. O uso
dessas ferramentas, segundo os autores, é capaz de auxiliar os projetos de diversas partes
de um gerador [17].
Melcescu .L , at al (2017) utilizaram um modelo numérico para projetar e estimar o
comportamento de um GSIP de rotor duplo. O gerador simulado pelos autores foi aplicado
a uma turbina que permitia a geração eólica em duas direções, sendo elas opostas, onde
cada um dos lados dessa turbina era responsável pela movimentação de um dos rotores. A
complexidade da construção do gerador permitiu aos autores, através das simulações de
elementos finitos, avaliar parâmetros elétricos, mecânicos e magnéticos sem a necessidade
da construção de um protótipo. As densidades de fluxo e as tensões obtidas através das
simulações, permitiram aos autores avaliar a eficiência do gerador e a escolha dos materiais
[18].
1.10. Organização do Trabalho 11

Guo .Z e Chang .L (2005) criaram uma metodologia para avaliar a topologia e


o comportamento de um GSIP aplicados a geração eólica através de um software de
elementos finitos, onde avaliaram as perdas magnéticas, os parâmetros elétricos, suas
perdas e o comportamento mecânico. O gerador utilizado para as simulações possuía uma
topologia em que os ímãs eram montados na superfície do rotor e durante as simulações
o que foi alterado foi a configuração do ímã utilizado, sendo que a cada simulação eram
avaliados os parâmetros elétricos, o comportamento magnético no entreferro, no rotor, no
estator e a eficiência do gerador [19].

1.10 Organização do Trabalho


Este trabalho está dividido nos seguintes capítulos:

• Introdução: é contextualizado o tema abordado, sendo apresentada uma breve


introdução com relação aos aerogeradores, o objetivo, a motivação e o estado da arte.

• Caracterização Magnética da Máquina: é apresentado as características principais


do GSIP com a caracterização do estator e do rotor.

• Dimensionamento do Gerador: é apresentado o desenvolvimento do modelo analítico.

• Detalhamento Construtivo, Magnético e Elétrico do Gerador: com base nos dados de


placa do gerador, desenvolve-se um método analítico para a obtenção dos parâmetros
geométricos, magnéticos (com destaque para a densidade de fluxo magnético nas
regiões de interesse) e elétricos no arranjo de rotor proposto.

• Simulação Computacional: a geometria 2D e 3D do gerador é simulada em um


software de elementos finitos aplicados à problemas magnéticos (modelo numérico),
com o objetivo de obter a densidade de fluxo magnético nas regiões de interesse.

• Resultados Finais - Validação: os resultados obtidos pelo modelo analítico e numérico


são comparados, o erro relativo calculado bem como uma análise sobre o modelo
analítico desenvolvido é realizada.
2 Caracterização Magnética da Máquina

Uma máquina síncrona tem como características principais um campo magnético


girante em seu estator em sincronismo com o campo magnético produzido pelo rotor. Na
máquina projetada temos um enrolamento trifásico no estator, com corrente alternada em
seus condutores, e no rotor ímãs permanentes que produzem fluxo de excitação constante
[12].

2.1 Estator

O estator de um gerador síncrono abriga os enrolamentos trifásicos distribuídos,


gerando o campo girante da máquina no entreferro. Esses enrolamentos são abrigados em
ranhuras em sua superfície interna e possuem o mesmo número de polos do rotor. Em
uma máquina multifases, cada polo é formado pelo número total de fases, ou seja, em
um sistema trifásico cada polo é formado pelo agrupamento de 3 fases. A figura 5 pode
ser utilizada para exemplificar, nela, há 2 polos com três fases, o condutor a representa
o sentido da corrente na direção interna do estator, enquanto −a representa a saída da
corrente do estator. As letras a e −a são o mesmo condutor e formam uma fase de um par
de polos em um gerador trifásico.

Figura 5 – Máquina Síncrona com Polos Salientes Trifásica

Fonte: [12]
2.2. Rotor 13

2.2 Rotor
O rotor de uma máquina síncrona é responsável por produzir o fluxo de excitação
através do uso de ímãs permanentes. Esse fluxo de excitação juntamente com a movimenta-
ção do eixo do rotor, induz corrente alternada nos enrolamentos do estator. Esta corrente
induzida produzirá o campo girante no estator [12]. Na figura 6 foram apresentados os
quatro principais tipos de arranjos de rotores.

Figura 6 – Tipos de Arranjos de Rotores com Ímãs Permanentes

(a) (b)

(c) (d)

Fonte: [14]

2.3 Tipos de Rotores de Ímãs Permanentes


As configurações de GSIP se resumem pela maneira como os ímãs podem ser
alocados no rotor. Essa configuração vai determinar desde características geométricas,
como o espaço no entreferro, até características magnéticas, como o campo girante resultante
e a saturação dos materiais magnéticos, tanto do rotor, como do estator [12, 13, 14].
14 Capítulo 2. Caracterização Magnética da Máquina

2.3.1 Rotor com Ímãs Internos

Esse tipo de configuração costuma apresentar a maior resistência mecânica, uma


vez que, os ímãs estão completamente inseridos no interior do rotor, permitindo que
máquinas com essa configuração operem a alta velocidade. Essa configuração também
apresenta dois tipos principais de magnetização dos ímãs, sendo elas a magnetização radial
e circunferencial. Em ambas as configurações a razão entre a indutância em quadratura e
de eixo direto pode chegar a três, indicando que a indutância em quadratura é maior do
que a de eixo direto [13, 14].

2.3.2 Magnetização Radial

Os ímãs nesse tipo de configuração são dispostos no interior do rotor de forma que
sejam magnetizados de forma radial e alternada, formando os polos, conforme figura 6(a).
Essa configuração de rotor faz com que a densidade de fluxo no entreferro seja menor do
que o fluxo dos ímãs, uma vez que, a área do polo é maior do que a área do ímã. Essa
configuração também apresenta lacuna de ar, que tem por objetivo maximizar o fluxo
no entreferro, além de reduzir o peso do rotor. Essa redução de peso também diminui
a inércia, fazendo com que sejam ideais para atividades que exijam aplicações de alta
velocidade [13, 14].

2.3.3 Magnetização Circunferencial

Essa configuração de rotor possui ímãs magnetizados circunferencialmente e po-


sicionados em cavidades no rotor, conforme figura 6(b). Essa configuração também é
caracterizada por exigir um grande volume de ímãs, fazendo com que não sejam indicados
para atividades que exijam aplicações em que a densidade de energia seja alta, significando,
que uma máquina pode atingir grandes volumes. Essa máquina é indicada para operar
em atividades em que a densidade energética da máquina possa ser baixa e que os ímãs
utilizados possam utilizar materiais de baixo custo, como o ferrite.
Exclusivamente nessa configuração a densidade de fluxo no entreferro pode ser
superior a densidade de fluxo nos ímãs, isso porque a área de seção transversal do ímãs é
maior do que área da superfície do rotor que conduz o fluxo do rotor para os enrolamentos
do estator. Essa máquina quando comparada com outras máquinas síncronas de ímãs
permanentes de mesma potência podem apresentar maior eficiência, porém, ao custo de
um rotor mais volumoso [13, 14].
2.3. Tipos de Rotores de Ímãs Permanentes 15

2.3.4 Ímãs Montados na Superfície do Rotor


Esse tipo de configuração de rotor possui ímãs que são magnetizados de forma
radial e as vezes ímãs circulares são usados. Esses ímãs são colocados sobre a periferia do
rotor, fixados através de cola ou de forma mecânica. Essa configuração apresenta maiores
níveis de densidade de fluxo no entreferro, uma vez que, não possui material que interrompa
o campo gerado pelos ímãs, conforme ilustrado na figura 6(c). No entanto, possuem uma
menor resistência mecânica e seu uso fica limitado a velocidades de rotação de 3000 rpm,
porém, em máquinas pequenas, onde o diâmetro do rotor seja reduzido, esse limite pode
atingir até 50.000 rpm. A diferença entre as indutâncias de eixo em quadratura e de eixo
direto normalmente fica abaixo de 10% [13, 14].

2.3.5 Ímãs Inseridos na Superfície do Rotor


Nessa configuração de rotor as ranhuras são feitas na periferia do rotor para que os
ímãs sejam alocados. Essas ranhuras são construídas de maneira a deixar a superfície dos
ímãs alinhados a periferia do rotor, conforme a figura 6(d).
Essa configuração possui alta resistência mecânica, uma vez que os ímãs são
inseridos completamente no rotor. O rotor pode ser constituído por lâminas de material
ferro magnético ou ainda feitos de uma peça sólida. A reatância síncrona de eixo em
quadratura é muito maior do que a de eixo direto, podendo ter uma relação de 2 a 2,5
vezes maior. Outra característica dessa configuração de rotor é que a tensão induzida no
enrolamentos do estator pelos ímãs tende a ser menor do que a configuração de rotor com
ímãs montados na superfície para uma máquina com as mesmas características [13, 14].

2.3.6 Principais Ímãs Permanentes


A escolha do tipo de ímã permanente está diretamente relacionada à sua dimensão
como também ao nível de densidade de fluxo magnético necessário no entreferro do gerador.
Durante a etapa de projeto é possível a escolha de diversos tipos de ímãs, sendo que a
seleção de um determinado tipo acarreta na obtenção de certas características e parâmetros
para o gerador em detrimento de outros [20].
Comercialmente, existem 4 tipos de ímãs que são empregados em máquinas elétricas:
Ferrite, AlNico, Samário-Cobalto (SmCo) e neodímio-Ferro-Boro (NdFeB). Estes tipos
mencionados, se corretamente projetados, possuem energia suficiente para produzir o
campo de excitação necessário assim como resistir à prováveis desmagnetizações cabendo
ao projetista mensurar as vantagens e desvantagens de um ou de outro ímã [20, 21].
Como características escolhidas para a análise e seleção destaca-se o custo, a energia,
o custo x energia, remanência e a temperatura de trabalho.
16 Capítulo 2. Caracterização Magnética da Máquina

Os ímãs de ferrite, são compostos por elementos de óxido de ferro e, em alguns casos,
pode apresentar algum elemento pesado como bário ou zircônio. Neste tipo particular
apresentam-se:

• Menor densidade remanente entre os ímãs citados, em torno de 0,40 T.

• Processo de fabricação simples.

• Apresenta estabilidade magnética a longo prazo e resistência a corrosão.

• A principal desvantagem se deve a sua baixa coercitividade, em torno de 175 kA/m

Os ímãs de AlNiCo, são compostos por alumínio, níquel e cobalto e destaca-se:

• Alta resistência a temperatura (500ºC) e estabilidade térmica, sendo essa sua principal
vantagem.

• Possui grandes aplicações em instrumentos de medição e sensores indutivos.

• Em relação a outros ímãs apresenta baixa coercitividade, podendo apresentar coerci-


tividade de 48 kA/m, sendo essa a sua principal desvantagem.

Os ímãs de SmCo, são compostos por samário, cobalto, ferro e zinco, podendo ser
sinterizados ou aglomerados e destacam-se por:

• Samário é o material mais caro utilizado para a produção de ímãs [20, 21].

• Esse tipo de ímã é caracterizado por apresentar baixa temperatura de Curie ( situação
em que há desmagnetização parcial ou total de forma permanente) e baixa resistência
a corrosão, sendo necessário a aplicação de uma camada de proteção na superfície
do ímã.

• Na forma sinterizada é utilizada em alto-falantes e na forma aglomerada na produção


de discos-rígidos.

Na tabela 5 foram compiladas as características principais para os ímãs de ferrite,


AlNiCo, SmCo na forma sinterizada (SmCosint ) e NdFeB na forma sinterizada (N dF eBsint ).
Dentro das características destacam-se a Energia (BHM AX ), o campo coercitivo (Hc ), o
campo remanente (Br ) e a temperatura máxima de trabalho (T emp.M ax).
2.3. Tipos de Rotores de Ímãs Permanentes 17

Tabela 5 – Comparação de Ímãs Permanentes Normalmente Comercializados


Níveis
Parâmetros Mais Baixo Baixo Alto Mais Alto
Custo F errite AlN iCo N dF eBsint SmCosint
Energia - (BHMAX ) F errite AlN iCo SmCosint N dF eBsint
Custo X Energia F errite AlN iCo N dF eBsint SmCosint
Campo Coerc. Hc AlN iCo F errite SmCosint N dF eBsint
Campo Reman. Br F errite SmCosint N dF eBsint AlN iCo
Temp. Max N dF eBsint F errite SmCosint AlN iCo
Coef Temp. Reversa (α Br ) AlN iCo SmCosint N dF eBsint F errite
Estabil. Térmica - Diferentes Temp. F errite N dF eBsint SmCosint AlN iCo
Temp. Curie N dF eBsint F errite SmCosint AlN iCo
Resist. Eletr. (Ohm.m) F errite AlN iCo SmCosint N dF eBsint
Resist. Mecânica F errite SmCosint N dF eBsint AlN iCo
Resist. Corrosão N dF eBsint SmCosint AlN iCo F errite
Fonte: [20]

Da tabela 5 foi visto que o ímã com menor custo é o de ferrite, no entanto, esse ímã
também apresenta a menor energia e campo remanente. O ímã de AlNiCO que possui um
dos menores custos, apresenta uma energia superior ao de SmCo, porém, ainda classificado
como baixo, podendo apresentar um campo remanente superior ao ímã de NdFeB na
forma sinterizada e possui a maior temperatura máxima de operação dos ímãs analisados.
Os ímãs de SmCo apresentam alto custo, no entanto, apresentam tanto campo coercitivo
quanto remanente elevados. Já os ímãs de NdFeB apresentam a maior energia dos ímãs
analisados, possuindo campo remanente alto assim como o seu campo coercitivo, sendo
o maior do grupo em termos de energia. Na figura 7 observa-se a relação entre o campo
remanente e o coercitivo para 4 ímãs permanentes de mesmo volume, com os materiais
citados anteriormente. Verifica-se que o ímã com maior coercitividade são os de NdFeB,
seguido pelo ímã de SmCo, Ferrite e Alnico. O ímã de AlNiCo apesar da alta remanência
apresenta a coercitividade mais baixa dos ímãs analisados. Observa-se também que os
ímãs de SmCo com coercitividade e campo remanente elevadas.

Figura 7 – Curva BH dos Principais Ímãs Comerciais

Fonte: [20]
3 Dimensionamento do Gerador

O dimensionamento do gerador síncrono foi realizado com base em seus dados


nominais e a partir destes dados, foi possível determinar os parâmetros elétricos, magnéticos
e geométricos necessários [14, 22]. A figura 8 ilustra uma síntese do método analítico
desenvolvido.

Figura 8 – Fluxograma do Método Analítico

Fonte: o autor (2022)


3.1. Dimensionamento do Estator 19

3.1 Dimensionamento do Estator

O gerador síncrono foi projetado através das especificações de tensão de linha,


frequência elétrica, velocidade de rotação, fator de potência, potência aparente e potência
ativa. Com o uso desses dados, características elétricas, magnéticas e geométricas do
estator foram calculadas.
O primeiro parâmetro calculado foi o número de polos. O número de polos de
um gerador síncrono é proporcional a frequência elétrica e inversamente proporcional a
velocidade de rotação. A equação 3.1 permitiu o cálculo do número de pares de polos.

f . 60
p= (3.1)
N

Onde p é o número de par de polos, N é a velocidade síncrona do gerador e f é a


frequência elétrica.
Para determinar os parâmetros geométricos, foi necessário a realização do cálculo
de parâmetros elétricos fundamentais, como a tensão e corrente de fase.
O cálculo da potência ativa total de um circuito elétrico trifásico equilibrado tem
relação direta com a sua tensão, corrente e o fator de potência. Para o cálculo da corrente
de fase do gerador foi considerado a operação em valores nominais de tensão e potência
ativa e aparente e com equilíbrio entre as fases. A relação entre potência ativa, corrente de
fase, tensão de fase e fator de potência é descrita pela equação 3.2.

Pativa = 3 . Vf . If . cos(θ) (3.2)

Onde Pativa é a potência ativa do gerador, Vf é a tensão de fase do gerador, If é a


corrente de fase do gerador e cos(θ) é a defasagem entre a tensão e a corrente de fase.
É possível escrever a equação 3.2 em função dos valores de corrente de linha e
tensão de linha, sendo que os enrolamentos do gerador foram considerados como uma
ligação em Y, logo as correntes de fase e linha são iguais. A equação 3.3 representa a
potência ativa total do gerador em função dos valores de linha.

Vl
Pativa = 3 . √ . If . cos(θ) (3.3)
3

Onde Vl é a tensão de linha do gerador.


Para o cálculo da corrente de fase a equação 3.3 foi rearranjada. O cálculo da
corrente de fase foi feito através da equação 3.4.
20 Capítulo 3. Dimensionamento do Gerador


Pativa . 3
Il = If = (3.4)
3 . Vl . cos(θ)
A equação 3.4 foi reescrita para que o cálculo fosse realizado através da potência
aparente do gerador, conforme equação 3.5.

S
Il = If = √ (3.5)
Vl . 3
A densidade de fluxo magnético no entreferro e o índice de carregamento elétrico
recomendados para o gerador síncrono foram obtidos através das tabelas 6 e 7 e são
determinadas em função do número de pares de polos e do comprimento do passo polar,
sendo utilizados Tesla (T) para os valores da densidade de fluxo magnético e Ampère por
metro (A/m) para o índice de carregamento elétrico. Os valores adotados para os cálculos
dos parâmetros geométricos e magnéticos seguintes foram realizados considerando a média
entre o valor máximo e mínimo de densidade de campo e do índice de utilização elétrica
em função do comprimento do passo polar.
Tabela 6 – Densidade de Fluxo (T) em Função do Passo Polar
τ (cm) 2 polos 4 polos 6 polos 8 polos 12 polos
10 - - - - 0,820
15 - - - - 0,835
20 - - - - 0,850
30 - 0,710 0,760 0,820 0,860
40 - 0,715 0,770 0,830 0,870
50 - 0,730 0,780 0,850 0,880
60 0,610 0,735 0,790 0,860 0,890
70 0,630 0,740 0,800 0,870 0,895
80 0,640 0,745 0,810 0,875 0,900
Fonte: [22]

Tabela 7 – Carregamento Elétrico (A/m) em Função do Passo Polar (cm)


τ (cm) 2 polos 4 polos 6 polos 8 polos 12 polos
10 - - - - 26000
15 - - - - 31000
20 - - 25000 31000 34000
30 - 26000 31000 35000 39000
40 - 30000 34000 37000 42000
50 - 33000 38000 42000 46000
60 22000 35000 40000 44000 48000
70 25000 37000 42000 47000 51000
80 29000 40000 45000 50000 54000
Fonte: [22]

Os dados da tabela 7 apresentados referem-se a máquinas sem um sistema de


refrigeração, sendo considerado apenas a convecção natural.
3.1. Dimensionamento do Estator 21

O fator de enrolamento global (KG ) é o resultado da multiplicação do fator de


enrolamento (Ka), calculado através da relação entre a soma geométrica das tensões
geradas em cada condutor de cada polo pela soma aritmética dessas tensões, e o fator de

forma (Kf ), que para uma onda senoidal é calculado por Kf = π/2 2. O valor de Ka
para um gerador trifásico é dado pela tabela 8.

Tabela 8 – Fator de Enrolamento Trifásico


N CP F Ka
1 1,000
2 0,966
3 0,960
4 0,958
5 0,957
6 0,956
Fonte: [22]

Para a escolha de Ka é necessário adotar o número de canais por polo e fase


(NCP F ), de modo que os parâmetros nominais magnéticos e elétricos sejam atendidos. Com
a escolha do número de canais por polo e fase e de Ka foi possível o cálculo do fator de
enrolamento global do gerador (KG ), através da equação 3.6.

KG = Ka . K f (3.6)

O objetivo de se determinar a densidade de fluxo magnético, o índice de utilização


elétrica e KG do gerador síncrono, foi a obtenção do fator volumétrico, calculado pela
equação 3.7:

S . 107 2
M= = Dint . Lmag (3.7)
KG . n . B . A

Onde M é o valor do fator volumétrico (cm3 ), A é o índice de utilização elétrica, B


é a densidade de fluxo magnético no entreferro (indução no entreferro), n é a velocidade
de rotação nominal e S é a potência aparente do gerador em VA, Lmag é o comprimento
magnético do gerador e Dint é o diâmetro interno do estator. A figura 9 ilustra a variação
do fator volumétrico da máquina em função da faixa de variação dos valores de indução
no entreferro e carregamento elétrico para valores de Kf , Ka e n constantes.
Com o fator volumétrico, determinam-se os parâmetros geométricos do gerador
síncrono, sendo o primeiro, o diâmetro interno do estator. Para isso, foram utilizados dados
entre a razão do diâmetro pelo comprimento magnético do gerador (ε). Esses dados foram
dispostos na tabela 9, onde os valores de ε para uma máquina de 60 Hz foram dispostos
em função do número de pares de polos.
22 Capítulo 3. Dimensionamento do Gerador

Figura 9 – Fator Volumétrico

Fonte: o autor (2022)

Tabela 9 – Relação Pares de Polos e Relação Diâmetro e Comprimento


p n (60 Hz) ε (60 Hz) n (145 Hz) ε (145 Hz)
1 3600,0 1,3 8.700,0 1,0
2 1800,0 1,6 4.350,0 1,0
4 900,0 2,1 2.175,0 1,5
6 600,0 2,7 1.450,0 1,8
8 450,0 3,4 1.087,5 2,0
10 360,0 4,0 870,0 2,2
12 300,0 4,3 725,0 2,5
14 257,1 4,6 621,4 2,7
16 225,0 4,9 543,8 3,0
18 200,0 5,2 483,3 3,2
20 180,0 5,5 435,0 3,5
22 163,6 5,8 395,5 3,8
Fonte: [22]

Para máquinas síncronas com frequências diferentes de 60 Hz foi aplicada uma


correção em função da velocidade de rotação. Essa correção para determinar o valor de
ε passou a considerar a velocidade nominal (n) no lugar do número de pares de polos,
utilizando como base a tabela 9. Com o valor de ε e do fator volumétrico determinados,
calcula-se o diâmetro interno do estator através da equação 3.8.


3
Dint = ε.M (3.8)

Onde ε representa a relação entre o diâmetro interno (Dint ) e o comprimento


3.1. Dimensionamento do Estator 23

magnético do estator (Lmag ) e possui relação direta com o número de pares de polos da
máquina síncrona em 60 Hz. Nos casos de máquinas síncronas com frequências diferentes,
deverá ser relacionada com a velocidade da máquina síncrona. Com o o valor do diâmetro
interno do estator foi possível o calcular o comprimento magnético da máquina síncrona
através da equação 3.9, que relaciona o fator volumétrico e o diâmetro interno do estator.

M
Lmag = 2
(3.9)
Dint

O comprimento magnético da máquina representa o valor efetivo de material em que


haverá a passagem do fluxo magnético, no entanto, esse parâmetro não representa o valor
de comprimento geométrico (Lgeo ), uma vez que depende do fator de empilhamento. Além
disto, durante a operação de uma máquina síncrona, seja como motor ou gerador, observa-
se aquecimento dos componentes, sendo que para sua devida refrigeração, foi necessário
que canais de ventilação fossem considerados no cálculo do comprimento geométrico final.
A quantidade de canais de ventilação e a sua espessura dependem da velocidade de rotação
da máquina e a área de superfície do núcleo do estator e do rotor. Outro fator que foi
considerado para o cálculo do comprimento geométrico foi o incremento no comprimento
devido à laminação do material ferromagnético, sendo assim, o espaço entre essas lâminas
foi considerado como um incremento no comprimento magnético em ηg (%) para considerar
o fator de empilhamento. Assim, o cálculo do comprimento geométrico da máquina, pode
ser determinado através da equação 3.10.

Lgeo = Lmag + Lv . Nc + Lmag . ηg (3.10)

Onde Lgeo é o comprimento geométrico do gerador (em cm), Lv é o comprimento


dos canais de ventilação (em cm), Nc é o número de canais de ventilação e ηg é uma
constante que representa o comprimento adicional ao comprimento magnético. O número
de fases e número de canais por polo e fase são fundamentais para o projeto da máquina. O
número de canais do estator (também denominado ranhuras do estator) foi obtido através
da equação 3.11.

NCE = NCP F . 2p . Nf ases (3.11)

Onde NCE é o número de condutores do estator, NCP F é o número de condutores


por polo e fase, 2p é o número de polos do gerador e Nf ases é o número de fases do gerador.
O cálculo do passo polar é de suma importância para determinar outros parâmetros
elétricos e magnéticos do gerador. O passo polar (τ ) é definido como a distância entre o
eixo direto de dois polos consecutivos e é calculado através da relação entre o perímetro
do diâmetro interno do estator pelo número total de polos, conforme a equação 3.12.
24 Capítulo 3. Dimensionamento do Gerador

π . Dint
τ= (3.12)
2p

O passo polar de cada um dos canais (τc ) foi definido como a distância do eixo de
um canal até a o eixo do próximo canal, e foi calculado através da equação 3.13.

π . Dint
τc = (3.13)
NCE
O arco da expansão polar do rotor (bp ) foi determinado considerando que a dis-
tribuição do fluxo magnético seja puramente senoidal no entreferro, sendo que esse valor
representa o comprimento do polo do rotor. Para que o fluxo magnético no entreferro
apresente uma distribuição senoidal, o arco da expansão polar do rotor deve ser de 60 à
70% do comprimento do passo polar do estator [19, 22]. Neste trabalho foi considerado
que a relação entre os comprimentos dos polos do rotor e do estator foi de 65%, sendo o
comprimento de bp calculado pela equação 3.14.

bp = ψ . τ (3.14)

Onde ψ representa a abertura do expansão polar em relação ao passo polar, sendo


adotado o valor de 65%.
Um parâmetro de suma importância, obtido pela corrente de fase, do índice de
utilização elétrica e do diâmetro interno do estator foi o número total de condutores do
estator e as dimensões dos canais. A equação 3.15 em conjunto com a tabela 7 possibilitaram
a determinação do número total de condutores do estator NT C , ou seja:

A . π . Dint
NT C = (3.15)
102 . If

Após a determinação do número totais de condutores do estator foi necessário


avaliar se o índice de utilização elétrica (A) inicialmente considerado é compatível com
a tabela 7. Para isso uma análise do índice de utilização elétrica calculado (Acalc ) foi
realizada através da equação 3.16.

102 . NT C . If
A = Acalc = (3.16)
π . Dint
O próximo passo é avaliar a simetria e o balanceamento magnético dos enrolamentos
do estator do gerador. A simetria avalia a divisão magnética da máquina através da equação
3.17.

Nsimetrias = M DC[NT C ; p] (3.17)


3.1. Dimensionamento do Estator 25

O número de simetrias (Nsimetrias ) foi definida como o máximo divisor comum entre
o número total de condutores e o número de pares de polos (M DC[NT C ; p]). Uma vez
definido o número de simetrias, calcula-se o balanceamento magnético, através da equação
3.18. Para a máquina ser considerada balanceada magneticamente o número de pares de
polos e o número de condutores do estator deve ser igual em todas as simetrias, e para
isso, o resultado da equação 3.18 deve ser um número inteiro.

NT C
X= (3.18)
3 . Nsimetrias

Onde X é o parâmetro de avaliação de balanceamento da máquina elétrica. Com as


condições de índice de utilização elétrica e de balanceamento satisfeitas, calcula-se através
da equação 3.19 o número de condutores por canal, cuja distribuição foi ilustrada na figura
10.

NT C
NCC = (3.19)
NCE

A figura 10 apresenta o detalhamento dos canais e a disposição dos condutores.


Na figura, os parâmetros geométricos Pt e Lt representam a profundidade e a largura do
canal, considerando cabos de seção retangular (barras).

Figura 10 – Detalhamento do Canal e Disposição dos Condutores

Fonte: o autor (2022)

Com o número total de condutores foi possível através da equação 3.20, determinar
o número de condutores por fase.

NT C
NF C = (3.20)
3
26 Capítulo 3. Dimensionamento do Gerador

Uma vez que o número total de condutores totais por fase e canal foram deter-
minados, fez-se necessário a análise dos enrolamentos do estator. Essa análise permitiu
determinar a disposição dos mesmos ao longo dos canais, sendo o cálculo de graus elétricos
totais (GET ) a primeira etapa da análise [23, 24]. Cada polo formado internamente possui
180°E (180° elétricos) de defasagem em relação ao polo vizinho, desta forma, foi possível
determinar ao longo de toda a geometria o número de graus elétricos totais que a máquina
possui, conforme equação (3.21):

GET = 2p.180° (3.21)

E a partir de (3.21) calcula-se os graus elétricos entre as ranhuras do estator (GER ),


conforme equação (3.22).

GET
GER = (3.22)
NCE

Com GER definido, foi calculado o passo de cada fase em número de ranhuras (Yf ase ),
conforme equação 3.23, sendo considerado um circuito elétrico trifásico e equilibrado, com
defasagem elétrica entre as fases de 120°E.

120°E
Yf ases = (3.23)
GER

Considerando que a máquina neste trabalho possui polos ativos e enrolamento de


camada simples, o número de total de bobinas (NBT ), o número de bobinas por fase (NBF )
e o número de bobinas por polo e fase (NBP F ) foram calculados através das equações
(3.24), (3.25) e (3.26), respectivamente.

NCE
NBT = (3.24)
2

NBT
NBF = (3.25)
Nf ases

NBT
NBP F = (3.26)
2p.Nf ases

Com as configurações das bobinas determinadas, foi possível calcular o passo polar
em número de ranhuras (Ypolar ), conforme a equação 3.27.

NCE
Ypolar = (3.27)
NBF
3.1. Dimensionamento do Estator 27

Para o tipo de configuração de polos ativos, o passo da bobina em número de


ranhuras (Ybobinas ), definida como o espaçamento entre ranhuras da mesma fase, é encurtado
em um ranhura em relação a Ypolar , conforme equação 3.28.

Ybobinas = Ypolar − 1 (3.28)

Na figura 11 foram ilustrados os passos polar, passo de bobina e o passo de fase


para o enrolamento do estator da máquina síncrona.

Figura 11 – Enrolamentos do Estator

Fonte: o autor (2022)

Com a caracterização dos enrolamentos do estator concluída e de posse do número


de condutores por fase, as dimensões dos canais do estator foram determinadas, e para
isto, foi necessário estabelecer a densidade de corrente elétrica assim como o cabo dos
enrolamentos do estator. Neste projeto foi adotado uma densidade de corrente máxima
de 5 A / mm2, tendo em vista que a máquina será resfriada com convecção forçada a
água para limitação da sua temperatura. Com base na densidade de corrente adotada,
foi possível determinar o número de cabos necessários para suportar a corrente de fase.
Para isso foi utilizada a tabela 10, que fornece para uma dada densidade de corrente a
capacidade máxima de corrente elétrica admitida pelo condutor.

Tabela 10 – Capacidade Máxima de Corrente em função da Densidade de Corrente


Corrente Máxima (A)
AWG nº Diâmetro (mm) Seção (mm2)
1 (A/mm2 ) 2 (A/mm2 ) 3 (A/mm2 ) 4 (A/mm2 ) 5 (A/mm2 )
8 3,21 8,37 8,37 A 16,74 A 25,11 A 33,48 A 41,85 A
9 2,91 6,63 6,63 A 13,26 A 19,89 A 16,52 A 33,15 A
10 2,59 5,26 5,26 A 10,52 A 15,78 A 21,04 A 26,30 A
Fonte: [22]

Como mencionado anteriormente, a densidade de corrente (δ) considerou a capaci-


dade de refrigeração do gerador. Para geradores com pouca capacidade de refrigeração,
28 Capítulo 3. Dimensionamento do Gerador

com a ausência de sistemas de refrigeração forçada e baixas velocidade de rotação, uma


menor densidade de corrente deve ser utilizada, enquanto que, para geradores com alta
velocidade de rotação e que possuem sistemas de refrigeração permitem o uso de densidades
de corrente mais elevadas. Para determinar o número de cabos necessários para uma dada
densidade de corrente foi necessário determinar a área de secção transversal do cabo
através da equação 3.29.

If
Ast = (3.29)
δ
A razão entre área total (Ast ) e a área do cabo (Ac ), permitiu o cálculo do número
totais de cabos por condutor (Ncc ), através da equação 3.30.

Ast
Ncc = (3.30)
Ac
Com o número de cabos por condutor calculado foi possível determinar as dimensões
e a profundidade dos canais do estator. Para isso foi necessário determinar as dimensões do
cabo, obtido através da tabela 10 ou de considerações realizadas, tendo em vista que deve
ser definido a disposição dos condutores dentro dos canais (camada simples ou comada
dupla).
Para o cálculo das dimensões dos canais do estator foi considerado o revestimento
de papel do tipo Nomex® , a folga entre os condutores, revestimentos e o canal, o que
permitiu o cálculo da abertura do canal (Lt ) e profundidade total do canal (Pt ). Determinar
a abertura e profundidade total do canal do estator foi fundamental para o cálculo da
abertura dos dentes na periferia do estator (b′ ) e da abertura dos dentes na base (b′′ ). O
cálculo da abertura dos dentes na periferia do estator foi realizado através da equação
3.31.

b′ = τc − Lt (3.31)

Através da profundidade total do canal, determina-se a abertura da base dos dentes


e para isso, com base no diâmetro interno e na profundidade total dos canais do estator
(Dint + 2.Pt ) foi feita a proporção com a abertura dos dentes na periferia do estator,
conforme 3.32

b′ . (Dint + Pt )
b′′ = (3.32)
Dint

O diâmetro externo do gerador (diâmetro da carcaça estatórica), depende da


densidade de fluxo magnético, determinado a partir do fluxo magnético no entreferro da
máquina em carga nominal, calculado conforme a equação 3.33.
3.1. Dimensionamento do Estator 29

108 . E
ϕ= (3.33)
2 . KG . f . NF C

Onde ϕ é o fluxo magnético no entreferro com carga nominal e E é o valor da


tensão de fase acrescido de 15% [19]. A partir do fluxo magnético, calcula-se a área da
carcaça estatórica. Para tal foi considerado que a densidade de fluxo magnético na carcaça
estatórica (Brce ) foi de 1,2 T. Desta forma a área da carcaça foi definida conforme a
equação 3.34.

ϕ
Ace = (3.34)
2.104 . Brce

Na equação 3.34 Ace é a área da carcaça estatórica (em cm2 ). A partir da área
da carcaça estatórica, a altura da carcaça do estator (he ) foi determinada com o uso da
equação 3.35.

Ace
he = (3.35)
Lmag

Figura 12 – Dimensões Principais do Estator

Fonte: o autor (2022)

A figura 12 apresenta os principais parâmetros geométricos do estator. O diâmetro


externo (Dext ) foi obtido através do diâmetro interno do estator, da profundidade do canal
do estator e da altura da carcaça do estator, conforme a equação 3.36.

Dext = Dint + 2.Pt + 2.he (3.36)


30 Capítulo 3. Dimensionamento do Gerador

Com as principais dimensões do estator calculadas, determina-se a área do entreferro


(AE ), definida como a média entre a área do rotor e a área periférica dos dentes para um
polo, conforme definido em 3.37.

bp .Lmag + b′ (1 + 2.µD ). bτpc .Lmag


AE = (3.37)
2
Onde µD é a abertura adicional dos dentes na periferia. O uso de dentes com
maior abertura da periferia é responsável pelo menor índice de harmônicos e por evitar a
saturação dos materiais ferromagnéticos do gerador.
Na figura 13 foi ilustrado um dente do estator, com a abertura na periferia e o
comprimento adicional dos dentes.

Figura 13 – Abertura Adicional dos Dentes do Estator

Fonte: o autor (2022)

Em seguida, determina-se a densidade de fluxo magnético no entreferro do gerador


(Bg ), tendo como base o fluxo magnético em carga nominal e a área do entreferro, conforme
a equação 3.38.

ϕ
Bg = (3.38)
104 . AE
O valor encontrado de indução deve ser compatível com a tabela 6, de maneira
a averiguar se o mesmo está dentro dos limites sugeridos. Uma vez que os parâmetros
magnéticos do entreferro foram determinados, o cálculo do comprimento do entreferro foi
realizado utilizando a equação 3.39.

A
g = 0, 3 . .τ (3.39)
106 . Bg

Com o valor do comprimento do entreferro (g) o diâmetro externo do rotor (Der )


pôde ser determinado através da equação 3.40.
3.1. Dimensionamento do Estator 31

Der = Dint − g (3.40)

Com as dimensões geométricas do gerador definidas e os parâmetros magnéticos do


entreferro calculados, o fluxo magnético em outras partes do gerador, como os dentes do
estator e também para a carcaça estatórica foram determinados. A equação 3.41 determina
o fluxo magnético resultante na carcaça estatórica do gerador.

ϕ
ϕce = (3.41)
2

Onde ϕce é o fluxo magnético na carcaça estatórica. O valor da densidade de fluxo


magnético na carcaça estatórica foi obtido através da equação 3.42.

ϕce
Bce = (3.42)
104 . Ace

Considerou-se o fluxo magnético dos dentes com mesmo valor àquele do entreferro.
Portanto, a densidade de fluxo nos dentes pôde ser determinada através da relação entre
o fluxo magnético dos dentes (ϕD ) e da área efetiva de material ferromagnético sobre o
entreferro. Para determinar a área efetiva, foi necessário calcular o número de dentes sobre
o polo do rotor. A área total dos dentes sobre o entreferro (AD ) foi calculada pela equação
3.43.

b′ . (1 + 2 . µD ) + b′′ bp
AD = . Lg . (3.43)
2 τc

Com a área total dos dentes, calcula-se a densidade de fluxo magnético dos dentes
do estator através da equação 3.44.

ϕD
BD = (3.44)
104 .AD

O cálculo da densidade de fluxo na carcaça rotórica foi realizado de maneiras


distintas para cada um dos arranjos abordados neste trabalho, isso porque, o caminho
médio e a área de material ferromagnético são diferentes em cada arranjo, sendo assim, se
fez necessário abordar esse cálculo nas seções pertencentes a cada arranjo.
Para determinar o diâmetro de eixo do gerador (em cm) a equação 3.45 foi utilizada.

s
4 S
Deixo = 2, 8. (3.45)
N
32 Capítulo 3. Dimensionamento do Gerador

3.2 Dimensionamento do Rotor


O dimensionamento do rotor teve como base o projeto do estator, permitindo desta
maneira, que as dimensões do rotor e dos ímãs fossem obtidas [14, 25]. As informações e
parâmetros iniciais necessários para avaliar a relação entre a tensão induzida em vazio e a
tensão de fase em carga nominal (ϵ) foram obtidas através dos parâmetros já definidos
e determinados no projeto do estator. A equação 3.46, utilizada para a determinação
de ϵ, é função do diâmetro interno do estator, do comprimento magnético, da relação
entre a frequência e do número de pares de polos, do fator de enrolamento, do índice de
carregamento elétrico máximo, definido através da equação 3.47, da densidade de fluxo no
entreferro, do rendimento e do fator de potência.

π 2 . Dint
2
. Lmag . ka . Am . Bg . cos(θ).η. fp
ϵ= (3.46)
2 . Pativa . 106


NT C . 2.If √
Am = 102 . = A. 2 (3.47)
π.Dint

Para o projeto do rotor, foi necessário definir o material de composição do ímã


permanente empregado. Neste estudo um dos ímãs utilizados foi o de NdFeB sinterizado do
tipo N50, com remanência (Br ) de 1,4346 T e uma coercitividade (Hc ) à 20°C de 987837
A/m, cuja curva de desmagnetização pode ser visualizada na figura 14.

Figura 14 – Curva de Desmagnetização do Ímã N50.

Fonte: o autor (2022)


3.2. Dimensionamento do Rotor 33

3.2.1 Ímãs Montados na Superfície do Rotor

Neste tipo de configuração os ímãs são montados sobre a superfície do rotor e


a direção de magnetização é normal a superfície do mesmo. O gerador proposto opera
com velocidade síncrona de 1450 rpm, dentro dos limites de 3000 rpm apresentados pela
referência [14].
Os fatores de reação da armadura (estator) de eixo direto (kf d) e em quadratura
(kf q) foram fundamentais para determinar o coeficiente de utilização geral do gerador
(Cv). Para um rotor com ímãs montados na superfície, os fatores de reação de armadura de
eixo direto e em quadratura são determinados pelas equações 3.48 e 3.49 respectivamente.

1
kf d = .[ψ.π + sen(ψπ) + Cg .(π − ψπ − sen(ψ.π)] (3.48)
π

1 1
kf q = .[( ).(ψ.π − sen(ψ.π)) + π.(1 − ψ) + sen(ψ.π)] (3.49)
π Cg

Nas equações anteriores, Cg é definido como 1 + hg .


Ao analisar as equações, verifica-se que para essa configuração de rotor, a altura
do canal do ímã (h) é nula (h=0), uma vez que os ímãs estão na superfície, fazendo com
que os fatores de reação do estator em eixo direto e em quadratura fossem iguais a 1. Com
isto, observa-se que os fatores de reação de armadura desse arranjo são independentes da
abertura da expansão polar (ψ). Portanto:

kf d = kf q = 1

Uma vez determinados os fatores de reação da armadura, o fator do campo de


excitação (kexa ) pôde ser calculado. Esse fator é definido como a razão entre o valor de
primeira harmônica da densidade de fluxo no entreferro (Bg1 ) e o valor calculado da
densidade de fluxo no entreferro, esse fator também foi definido através da abertura da
expansão polar. A equação 3.50 foi utilizada para calcular o fator de forma do campo de
excitação.

4 ψ.π
kexa = .sen( ) (3.50)
π 2
O coeficiente de utilização do ímã permanente (ζ), que possui uma faixa de operação
entre 0,30 e 0,81, teve o seu valor determinado pela equação 3.51 [14, 26].

2.106 . P . ksc . kf d . (1 + ϵ)
ζ= (3.51)
2p . π 2 . f . Br . Hc . hm . Lmag . ψ . τ
34 Capítulo 3. Dimensionamento do Gerador

Onde ksc é o coeficiente de sobrecarga, definido como a relação entre a potência


de sobrecarga e a potência nominal do gerador, com valor considerado de 1,15, Br é a
remanência do ímã permanente considerado e Hc é a coercitividade do ímã permanente.
Para definir ζ em função da densidade de fluxo magnético no entreferro e da
remanência e coercitividade do ímã, foi realizada uma revisão bibliográfica [14, 26, 27]. A
revisão permitiu que a equação 3.52 fosse utilizada para o cálculo da densidade do fluxo
magnético no entreferro em função das características geométricas e magnéticas do ímã
permanente.

hm .Br
Bg = (3.52)
g + hm
Onde hm é altura do ímã permanente. Utilizando a equação 3.52 foi possível ajustar
a equação 3.51, o que permitiu que o coeficiente de utilização do ímã permanente fosse
determinado em função da densidade do fluxo magnético no entreferro e das características
do ímã permanente, conforme equação 4.2.2.

2.106 . ksc . kf d . Pativa . (Br − Bg ) . (1 + ϵ)


ζ= (3.53)
π 2 . 2p . g . Bg . ψ . τ . Lmag . f . Br . Hc
Para determinar o coeficiente de utilização geral (Cv), os fatores de forma do
estator e do campo de excitação, bem como o coeficiente de utilização do ímã foram
utilizados, conforme a equação 3.54.

2 . ksc . kf d . (1 + ϵ)
Cv = (3.54)
π2 . ζ
Com o coeficiente de utilização geral determinado e com o material do ímã escolhido,
o volume total de ímã necessário (V M T a) para o rotor com esse arranjo foi obtido através
da equação 3.55.

Pativa . 106
V M T a = Cv . (3.55)
f . Br . Hc
Para cálculo do volume individual dos ímãs (V M ) a equação (3.56) foi utilizada.

V MT a
VM = = (hm .wm .Lm ) (3.56)
2.p
Na equação (3.56), hm é a altura do ímã, wm é o comprimento do arco do ímã e
Lm é o comprimento do ímã. A figura 15, ilustra os principais parâmetros geométricos do
rotor. O comprimento do arco polar do ímã foi determinado com o uso da equação 3.57.

wm = ψ.τ (3.57)
3.2. Dimensionamento do Rotor 35

Figura 15 – Dimensões dos Ímãs e Entreferro

Fonte: o autor (2022)

O comprimento do ímã foi considerado o mesmo do comprimento magnético do


gerador (Lm = Lmag ). Com duas das dimensões do ímã determinadas foi possível o cálculo
da altura do ímã, através da equação 3.58.

Vm
hm = (3.58)
Lm .wm

Neste tipo de arranjo o volume de ímãs é independe da abertura do arco do polar,


no entanto, o comprimento do arco do ímã e sua altura são diretamente relacionados.
Determinar as dimensões dos ímãs permanentes deste arranjo possibilitou que a densidade
de fluxo magnético fosse explorada em todas as regiões do gerador.
Uma vez determinadas as dimensões dos ímãs foi possível determinar o fluxo
magnético na carcaça rotórica para esse arranjo. Para tal, foi necessário primeiramente
determinar a área da carcaça rotórica, definida pela equação 3.59, que considerou a área
de seção da roda polar, considerando a distância de 50% do comprimento do raio do rotor.

(Der − 2.hm − Deixo ) . Lmag


Acr = (3.59)
4

O cálculo do fluxo magnético, assim como na carcaça estatórica, considerou 50%


do fluxo produzido, conforme equação 3.60.

ϕ
ϕcr = (3.60)
2

De posse do fluxo magnético e da área da carcaça rotórica, calcula-se a densidade


do fluxo magnético nesta região através da equação 3.61.
36 Capítulo 3. Dimensionamento do Gerador

ϕcr
Bcr = (3.61)
104 .Acr
As densidades de fluxo magnético recomendadas para os trechos do circuito mag-
nético do gerador foram dispostos na tabela 11 e foram utilizados para avaliar os valores
de densidade de fluxo calculados para esse arranjo [22, 28].

Tabela 11 – Densidades de Fluxo Recomendadas no Circuito Magnético


Trecho Dens. de Fluxo Mínima (T) Dens. de Fluxo Máxima (T)
Carcaça Estatórica 1,000 1,200
Carcaça Rotórica ≤ 0,700 1,000
Dentes do Estator 1,600 2,500
Entreferro 0,820 0,900
Fonte: [22]
4 Detalhamento Construtivo, Magnético e
Elétrico do Gerador

Neste capítulo são apresentados os detalhes referentes ao dimensionamento elétrico,


magnético e construtivo do gerador com base nas equações do capítulo 3 e nos dados
nominais de um aerogerador comercial, sendo seus principais parâmetros:

• Potência: 3,88 MVA

• Tensão de Linha: 710 V

• Frequência: 145 Hz

• Rotação: 1450 rpm

• Número de fases: 3

• Fator de Potência: 0,85

• Rendimento: 85%

• Ligação Estrela

• Aerogerador tipo D de Velocidade Variável

4.1 Projeto do Estator


O número de pares de polos, para um gerador com 145 Hz e 1450 rpm de velocidade
síncrona foi determinado através da equação 3.1.

60.f 60.(145)
p= = =6
N 1450
Enquanto que a corrente de fase respectiva, foi obtida através da equação 3.5.

S 3880000
Il = √ = √ = 3155, 10 A
Vl . 3 710. 3
Para um gerador de 6 pares de polos (12 polos), a tabela 6 indica uma densidade
de fluxo no entreferro entre 0,820 à 0,900 T, resultando em um valor médio adotado de
0,860 T para o projeto do gerador [29]. O índice de carregamento elétrico inicial sugerido
pela tabela 7 tem valores entre 26000 à 54000 A/m, sendo adotado o valor médio adotado
de 40000 A/m.
38 Capítulo 4. Detalhamento Construtivo, Magnético e Elétrico do Gerador

O fator de forma (Kf ) considerado foi de 1,11 ( 2.π√2 ≈ 1, 11), equivalente a uma
onda senoidal, enquanto que, o fator de enrolamento (Ka ), obtido através da tabela 8,
foi de 0,966, uma vez que foi adotado um gerador com 2 canais por polo e fase. Com os
valores do fator de forma e fator de enrolamentos determinados foi possível o cálculo de
KG através da equação 3.6.

KG = ka .Kf = (1, 11).(0, 966) = 1, 07226

Com a densidade de fluxo no entreferro, o índice de carregamento elétrico e a


constante KG determinados, foi possível calcular o fator volumétrico através da equação
3.7. Este último, é de extrema importância para determinar os parâmetros geométricos e
magnéticos do gerador.

S . 107
M=
KG . n . B . A

3880000.107
M= = 725446, 14 cm3
(1, 07226).(1450).(0, 860).(40000)
Com o fator volumétrico, foi possível calcular o diâmetro interno do estator, no
entanto, foi necessário determinar primeiramente a relação entre o diâmetro interno do
estator e o comprimento magnético do gerador (ε) através da tabela 9. O gerador estudado
possui uma frequência de 145 Hz, portanto, para a determinar ε foi necessário utilizar a
velocidade síncrona (n) de 1450 rpm, o que resultou em ε =1,8. Com o fator volumétrico e
ε foi possível calcular o valor do diâmetro interno do estator através da equação 3.8.


3
q
3
Dint = ε.M = 1, 8.(725446, 14) = 109, 30 cm

Com o diâmetro interno do estator e do fator volumétrico foi possível determinar o


comprimento magnético do gerador, calculado através da equação 3.9, representa o valor
efetivo de material ferromagnético em que haverá a passagem de fluxo.

725446, 14
Lmag = = 60, 72 cm
(109, 30)2
Para o cálculo do comprimento geométrico foi necessário determinar o número de
canais de ventilação, a largura dos canais e o comprimento adicional. Para esse projeto em
particular, foram considerados dois canais de ventilação com 1,0 cm de comprimento e
um comprimento adicional de 5% em relação ao comprimento magnético. Assim, com a
equação 3.10, determina-se o comprimento geométrico.

Lgeo = 60, 72 + (1).(2) + 60, 72.(0, 05) = 65, 76 cm


4.1. Projeto do Estator 39

Com o número de pares de polos calculado e com a definição de 2 canais por polo e
fase, foi possível determinar o número totais de canais do estator através da equação 3.11.

NCE = NCP F .2p.Nf ases = (2).(12).(3) = 72

O passo polar, que representa o comprimento do arco de cada polo foi fundamental
para o projeto de diversas regiões do estator e do rotor. Esse valor foi determinado através
da equação 3.12.

π.Dint π.109, 30
τ= = = 28, 62 cm
2p 12
Assim, determina-se o passo polar de cada canal que representa o comprimento do
arco entre os canais do estator, sendo calculado pela equação 3.13.

π.Dint π.109, 30
τc = = = 4, 77 cm
NCE 72
O projeto da abertura dos canais e do dente do estator foi realizado considerando-se
este valor como máximo.
A expansão polar, representa o comprimento do arco do polo do rotor de ímãs
permanentes e foi determinado pela equação 3.14.

bp = ψ.τ = (0, 65).(28, 62) = 18, 60 cm

Este valor considera uma relação de 65% entre o comprimento do polo do estator e
do rotor.
De posse da corrente de fase, do índice de utilização elétrica e do diâmetro interno
do estator, foi possível calcular através da equação 3.15 o número total de condutores do
estator.

A.π.D (40000).π.(109, 30)


NT C = 2
= = 44
10 .If 102 .(3155)

Esse valor foi ajustado considerando um condutor por polo e fase, resultando em
número total de condutores de 72.
Com o número total de condutores do estator definido, foi possível determinar o
índice de utilização elétrica, que foi comparado ao valor utilizado da tabela 7. A equação
3.16 apresenta o cálculo do índice de utilização elétrica.

102 .NT C .If 102 .(72).(3155)


A = Acalc = = = 66154, 87 A/m
π.D π.109, 30
40 Capítulo 4. Detalhamento Construtivo, Magnético e Elétrico do Gerador

O valor do índice de utilização elétrica calculado foi de 66154,87 A/m, enquanto


que o valor adotado da tabela 7 foi de 40000 A/m, sendo adotado neste projeto 66200
A/m. Essa diferença, no entanto, não indicou a necessidade de uma nova iteração para o
cálculo, uma vez que o gerador contará com um sistema de refrigeração com convecção
forçada à água. Utilizar de valores acima dos atribuídos na tabela 7 resultaria em uma
máquina com dimensões reduzidas, entretanto, decorreria em um aquecimento excessivo
do gerador.
Em enrolamentos de corrente alternada, mais especificamente do estator, uma
análise de simetria e de balanceamento dos enrolamentos foi necessária. A avaliação inicial
foi feita determinando o número de simetrias do gerador, cálculo realizado pela equação
3.17.

Nsimetrias = M DC[NT C ; p] = M DC[72; 6] = 6

O gerador possui 6 simetrias, sendo cada simetria composta por 2 polos. O cálculo
do balanceamento magnético foi obtido através da equação 3.18.

NT C 72
X= = =4
3.Nsimetrias 3.(6)
O resultado obtido pela equação 3.18 foi um número inteiro, portanto, o número
de polos e condutores do estator do gerador é simétrico e balanceado.
Uma vez que não houve a necessidade no ajuste no número de condutores do
estator, foram determinados o número de condutores por fase e o número de condutores
por canal através das equações 3.19 e 3.20, respectivamente.

NT C 72
NCC = = =1
NCE 72

NT C 72
NF C = = = 24
3 3
O cálculo dos graus elétricos totais (GET ) e dos graus elétricos entre as ranhuras
(GER ) permitiu a correta distribuição dos enrolamentos e das fases do estator. Desta forma,
os graus elétricos totais, conforme equação 3.21, se tornam:

GET = 2p.180° = (12).(180°) = 2130°E

Os graus elétricos entre as ranhuras foi calculado pela equação 3.22.

GET 2130°E
GER = = = 30°E
NCE 72
4.1. Projeto do Estator 41

Com os graus elétricos totais e das ranhuras foi possível determinar o passo das
bobinas (Ybobinas ), das fases (Yf ase ) e dos polos (Ypolar ), caracterizando assim a configuração
dos enrolamentos do estator. A equação 3.23 foi utilizada para o cálculo do passo de fase.

120° 120°E
Yf ase = = = 4 dentes
GER 30°E

Logo, o passo de fase vai da 1ª a 5ª ranhura. Para determinar o passo polar em


números de ranhuras (Ypolar ) e das bobinas (Ybobinas ) foi necessário determinar o número
total de bobinas (NBT ), o número de bobinas por fase (NBF ) e o número de bobinas por polo
e fase (NBP F ), sendo o cálculo realizado pelas equações 3.24, 3.25 e 3.26 respectivamente.

NCE 72
NBT = = = 36
2 2

NBT 36
NBF = = = 12
Nf ases 3

NBT 36
NBP F = = =1
2p.Nf ases (12).(3)

Logo os enrolamentos do estator possuem 36 bobinas, sendo 12 bobinas por fase e 1


bobina por polo e fase, essa caracterização permitiu o cálculo do passo polar em ranhuras,
realizado com o uso da equação 3.27.

NCE 72
Ypolar = = = 6 dentes
NBF 12

Em ranhuras, o passo polar é da 1ª a 7ª ranhura. Realizando as bobinas com passo


encurtado resulta em um passo das bobinas em uma ranhura, conforme equação 3.28.

Ybobinas = Ypolar − 1 = 6 − 1 = 5 dentes

Logo, realiza-se o passo da bobina da 1ª a 6ª ranhura. Esta análise permitiu a


distribuição dos enrolamentos do estator, conforme a figura 16.
42 Capítulo 4. Detalhamento Construtivo, Magnético e Elétrico do Gerador

Figura 16 – Distribuição dos Enrolamentos do Estator-Diagrama Frontal

Fonte: o autor (2022)

A figura 17, representa os enrolamentos do estator através de um diagrama planifi-


cado, onde são representadas as respectivas conexões das bobinas em polos ativos.

Figura 17 – Distribuição dos Enrolamentos do Estator-Diagrama Planificado

Fonte: o autor (2022)

Uma vez definidas as ligações e distribuição dos enrolamentos no estator, determina-


se a bitola dos condutores no padrão AWG (American Wire Gauge). Para tal, foi adotada
uma densidade de corrente para o projeto do gerador de 5 A/mm2, o que possibilitou
determinar a área total de cada um dos condutores através da equação 3.29.

If 3155
Ast = = = 631 mm2
δ 5

Cada condutor foi composto por um conjunto de cabos e a área total foi utilizada
para determinar o tamanho desse conjunto.
O cabo escolhido para formar os condutores é composto por fios magnéticos de
cobre esmaltados, com área quadrada de 8,41 mm2, com lado com 2,9 mm de comprimento,
4.1. Projeto do Estator 43

conforme ilustrado pela figura 10 e equivalente a um cabo 8 AWG, conforme a tabela 10.
Assim, O número total de cabos foi calculado através da equação 3.30.

Ast 631
Ncc = = = 75
Ac 8, 41

O número total de cabos foi calculado em 75, no entanto, para obter uma distribuição
uniforme dentro de cada canal, foi considerado o uso de 80 cabos, sendo 10 colunas (largura
do canal) e 8 linhas (profundidade do canal). A área total do conjunto foi de 672,80 mm2,
resultando em uma densidade de corrente de 4,69 A/mm2.
Uma vez definido o número de cabos que compõe cada condutor, foi definido que
será utilizado revestimento de papel do tipo Nomex, com uma espessura de 2,50 mm, o
espaço entre os cabos e o revestimento com espessura de 0,60 mm e o espaço entre o canal
e o revestimento com folga de 0,30 mm. Foi considerado que para definir a profundidade
do canal o uso de revestimento de papel do tipo Nomex entre a parede do canal e o
diafragma, com espessura de 2,50 mm cada, uma folga de 1,90 mm entre o revestimento e
os condutores, a folga entre o revestimento Nomex e o difragma com espessura de 0,60 mm
e um diafragma com 3,00 mm de espessura. Na tabela 12 foi descrito como foi composta o
dimensionamento dos canais.

Tabela 12 – Dimensionamento do Canal do Estator


Largura
Quantidade Total (mm)
Cabo 10 29,00
Revestimento Nomex 2 5,00
Folga entre os Condutores e o Revestimento 2 1,20
Folga entre o Revestimento e o Canal 2 0,60
Abertura Total Lt - 35,80
Profundidade
Quantidade Total (mm)
Cabo 8 23,20
Revestimento Nomex 2 5,00
Folga entre os Condutores e o Revestimento 2 3,80
Folga entre o Revestimento e o Canal 1 0,60
Diafragma 1 3,00
Profundidade Total P t - 35,60
Fonte: o autor (2022)

Ao considerar o espaço do condutor e os revestimentos e as folgas previstas em


projeto, foi obtida uma abertura total (Lt ) de 35,80 mm e uma profundidade total (Pt ) de
35,60 mm para os canais do estator. A figura 18 foi utilizada para ilustrar a composição
das dimensões do canal.
Na figura 18 foi destacada na cor verde as folgas, em vermelho os revestimentos e
44 Capítulo 4. Detalhamento Construtivo, Magnético e Elétrico do Gerador

Figura 18 – Ilustração do Canal do Estator

Fonte: o autor (2022)

em azul o diafragma. A área hachurada foi utilizada para representar os cabos que compõe
o condutor.
Uma vez determinadas as dimensões dos canais do estator, foi possível calcular
a abertura dos dentes do estator na periferia (b′ ) e a abertura da base dos dentes (b′′ ),
através das equações 3.31 e 3.32, respectivamente.

b′ = τc − Lt = 4, 77 − 3, 58 = 1, 19 cm

b′ .(D + Pt ) (1, 19).(109, 30 + 3, 56)


b′′ = = = 1, 23 cm
D 109, 30

O diâmetro externo do estator foi calculado em função do fluxo magnético produzido


pelo gerador em potência nominal (ϕ) em Maxwell (Mx ), determinado pela equação 3.33.

108 .E 108 . (710).(1,15)



3
.
ϕ= =
2.Ka .Kf .f.NF C 2.(0, 966).(1, 11).(145).(24)

ϕ = 6316641, 32 Mx

Com o fluxo determinado, foi possível calcular a área da carcaça estatórica, uma
vez que, foi adotada uma densidade de fluxo magnético de 1,200 T nessa região. Assim, a
área da carcaça estatórica foi definida conforme a equação 3.34.

ϕ 6316641, 32
Ace = = = 263, 19 cm2
2.104 .Brce 2.104 .(1, 2000)
4.1. Projeto do Estator 45

Utilizando a área da carcaça estatórica em conjunto com o comprimento magnético


do gerador foi possível determinar a altura do estator, calculado através da equação 3.35.

Ace 263, 19
he = = = 4, 33 cm
Lmag 60, 72

Uma vez que os principais parâmetros geométricos do estator foram definidos, foi
possível determinar o diâmetro externo do estator, conforme a equação 3.36.

Dext = 109, 30 + (2).3, 56 + (2).4, 33 = 125, 09 cm

De posse do fluxo magnético produzido em condição nominal e dos principais


parâmetros geométricos do gerador, foi possível determinar a densidade de fluxo no
entreferro. Primeiramente, a área do entreferro foi calculada, conforme definido na equação
3.37.

bp
bp . Lmag + b′ . (1 + 2 . µD ). . Lmag
τc
AE =
2
Onde µD foi considerado como um incremento dos dentes no entreferro em relação
a abertura original (b’). Com a área do entreferro, determinou-se a densidade de fluxo
magnético no entreferro através da equação 3.38.

ϕ
Bg =
104 . AE

Na tabela 13 foram dispostos os valores de incremento da abertura de 15% a 30%


em relação a b’, com a respectiva área média do entreferro (AE ) e da densidade de fluxo
magnético no entreferro (Bg ) calculada para cada uma das aberturas.

Tabela 13 – Densidade de Fluxo no Entreferro x Abertura dos Dentes do Estator


µD (%) AE (cm2 ) B g (G) B g (T)
15,0 747,83 8447 0,8447
17,5 754,88 8367 0,8367
20,0 761,92 8290 0,8290
22,5 768,97 8214 0,8214
25,0 776,01 8139 0,8139
27,5 783,06 8066 0,8066
30,0 790,10 7994 0,7994
Fonte: o autor (2022)

Na tabela 13 as densidades de fluxo magnético no entreferro obtidas estão no


intervalo recomendado de 0,820 a 0,900 T para incrementos de 15% e 22,5% para os dentes
46 Capítulo 4. Detalhamento Construtivo, Magnético e Elétrico do Gerador

do estator, sendo adotado a abertura de 20%. Desta forma, o comprimento do entreferro


foi calculado através da equação 3.39.

66200
g = 0, 3 . . 28, 62 = 0, 686 cm = 6, 86 mm
106 . 0, 8290

Foi adotado o valor de 0,70 cm para a execução do entreferro. Definido todos os


parâmetros geométricos do estator, calcula-se o diâmetro do rotor, conforme equação 3.40.

Der = Dint − g = 109, 30 − 0, 70 = 108, 60 cm

Para a validação do modelo desenvolvido foi necessário o cálculo da densidade de


fluxo em regiões do estator especificas, determinadas pela tabela 11, que inclui a carcaça
estatórica, os dentes do estator e a densidade de fluxo no entreferro. O fluxo magnético da
carcaça estatórica foi determinado através da equação 3.41.

ϕ 6316641, 32
ϕce = = = 3158320, 66 Mx
2 2
Com este valor foi possível determinar a densidade de fluxo magnético nessa região,
calculado através da equação 3.42.

3158320, 66
Bce = = 1, 2000 T
104 .263, 19
Considerou-se a igualdade dos fluxos magnéticos dos dentes e no entreferro (ϕ = ϕD ).
Desta maneira, a área dos dentes pode ser determinada pela equação 3.43.

1, 19(1 + 2.0, 2) + 1, 23 18, 60


AD = .(65, 76). = 342, 84 cm2
2 4, 77
Deste modo foi possível determinar a densidade de fluxo magnético nos dentes do
estator através da equação 3.44.

6316641, 32
BD = = 1, 8424 T
104 . 342, 84
Com as densidades de fluxo magnético definidas nas regiões de interesse no estator
foi possível iniciar a análise do rotor, onde foram calculadas as dimensões dos ímãs
permanentes e a densidade de fluxo magnético da carcaça rotórica.
Já o diâmetro do eixo do gerador foi calculado pela equação 3.45.

s s
S4 3880000
Deixo = 2, 8. = 2, 8. 4 = 20, 13 cm
N 1450
4.2. Projeto do Rotor 47

4.2 Projeto do Rotor


Com os parâmetros geométricos e magnéticos do estator definidos, inicia-se a etapa
de projeto do rotor onde foram determinados o volume e as dimensões dos ímãs permanentes.
Foram realizadas duas análises, a primeira com um ímã de Neodímio-Ferro-Boro N50 com
remanência de 1,4346 T e uma coercitividade de 987837 A/m, e uma segunda análise
considerando ímãs de AlNiCo com remanência de 1,060 T e uma coercitividade de 112100
A/m.
Independentemente do tipo de ímã, alguns parâmetros são comuns, como a relação
entre a tensão induzida em vazio e a tensão de fase em carga nominal (ϵ). O valor de ϵ foi
determinado através da equação 3.46.

√ f
π 2 . Dint
2
. Lmag . ka . (A. 2) . Bg . cos(θ) . η . p
ϵ=
2.Pativa .106


π 2 .(109, 30)2 .(60, 72).(0, 966).(66200. 2).(0, 829).0, 85.0, 85. 145
6
ϵ= 6
2.(3298000).10

ϵ = 1, 421

Uma vez definido a relação entre a tensão induzida fase em vazio e a tensão de fase
em carga nominal, são calculados os outros parâmetros dos dois ímãs mencionados.

4.2.1 Ímãs Montados na Superfície do Rotor - Ímã de NdFeB


Neste tipo de arranjo os ímãs são montadas na superfície do rotor e para o seu
dimensionamento foi necessário determinar o fator de reação da armadura em eixo direto
e em eixo em quadratura, conforme análises das equações 3.48 e 3.49. Para esse arranjo
foi possível demonstrar que kf d = kf q = 1.
Uma vez definidos os fatores de reação da armadura determina-se o fator do campo
de excitação (kexa ) através da equação 3.50.

4 ψ.π 4 (0, 65).π


kexa = . sen ( ) = . sen ( ) = 1, 08
π 2 π 2
Para o cálculo do coeficiente de utilização (Cv), foi adotado o valor de 1,15 para o
fator de capacidade de sobrecarga (ksc ) e o coeficiente de utilização do ímã permanente
(ζ) foi calculado através da equação 3.53.

2.106 .ksc .kf d.Pativa .(Br − Bg ).(1 + ϵ)


ζ=
π 2 .2p.g.Bg .ψ.τ.Lmag .f.Br .Hc
48 Capítulo 4. Detalhamento Construtivo, Magnético e Elétrico do Gerador

2.106 .(1, 15).(1).(3298000).(1, 4346 − 0, 8290).(1 + 1, 421)


ζ=
π 2 .(12).(0, 70).(0, 8290).(0, 65).(28, 62).(60, 72).(145).(1, 4346).(987837)

11, 121.1012
ζ= = 0, 697
15, 953.1012

Com o coeficiente de utilização do ímã permanente definido e com o fator de


sobrecarga calcula-se o coeficiente de utilização através da equação 3.54.

2.Ksc .kf d.(1 + ϵ) 2.(1, 15).(1).(1 + 1, 421)


Cv = 2
= = 0, 809
π .ζ π 2 .0, 697

Com o coeficiente de utilização definido, determina-se o volume total de ímãs


permanentes através da equação 3.55.

Pativa .106 3298000.106


V M T a = Cv. = 0, 809. = 12984, 19cm3
f.Br .Hc 145.(1, 4346).(987837)

Através da equação 3.56 foi determinado o volume de cada ímã presente no gerador.

V MT a 12984, 15
VM = = = 1082, 01 cm3
2.p 12

O comprimento do ímã foi considerado com o mesmo comprimento magnético do


gerador, ou seja, com 60,72 cm, assim como o comprimento do polo do ímã foi considerado
com mesmo valor do arco polar do rotor (bp ), com 18,60 cm. A altura do ímã foi calculada
considerando o volume individual de cada ímã e as dimensões já consolidadas, conforme o
cálculo realizado através da equação 3.58.

Vm 1082, 01
hm = = = 0, 95 cm = 9, 58 mm
Lm .wm (18, 60).(60, 72)

Deste modo, foram definidas as dimensões dos ímãs presentes no rotor, o que
possibilitou a realização da simulação computacional do gerador desenvolvido com este
arranjo de ímãs permanentes e a definição da área, do fluxo magnético e da densidade de
fluxo magnético na carcaça rotórica. Para o cálculo da área da carcaça rotórica a equação
3.59 foi utilizada.

(108, 60 − 2.0, 958 − 20, 13).(60, 72)


Acr = = 1313, 89 cm2
4
O fluxo magnético da carcaça rotórica foi calculado com o uso da equação 3.60.
4.2. Projeto do Rotor 49

ϕ 6316641, 32.
ϕcr = = = 3158320, 66 Mx
2 2

E a respectiva densidade de fluxo na carcaça rotórica foi obtida pela equação 3.61.

ϕcr 3158320, 66
Bcr = 4
= 4 = 0, 2404 T
10 .Acr 10 .1313, 89

Após definição das dimensões dos ímãs, pode-se elaborar o respectivo circuito
magnético do gerador, conforme a figura 19, onde foram destacadas as relutâncias de
cada um dos trechos (desprezadas as relutâncias de dispersão das ranhuras e dos ímãs
permanentes).

Figura 19 – Circuito Magnético Estabelecido

Fonte: o autor (2022)

Onde RE , Rr , Rg e Rd , representam a relutância do estator, a relutância do rotor,


a relutância do entreferro e a relutância dos dentes respectivamente. Os valores de área
considerada, fluxo e densidade de fluxo magnético obtidos analiticamente foram dispostos
na tabela 14.

As densidades de fluxo da tabela 14 foram utilizadas para a comparação com os


valores obtidos pelo modelo numérico para a validação do modelo.
50 Capítulo 4. Detalhamento Construtivo, Magnético e Elétrico do Gerador

Tabela 14 – Densidades de Fluxo do Gerador-Método Analítico


Área Cons. Fluxo Mag. Dens. Fluxo Dens. Fluxo
Região de Análise
(cm2 ) (M x ) (G) (T)
Entreferro 761,92 6316641,32 8290 0,8290
Dentes do Estator 216,64 6316641,32 18424 1,8424
Carcaça Estatórica 263,19 3158320,66 12000 1,2000
Carcaça Rotórica 1422,55 3158320,66 2404 0,2404
Fonte: o autor (2022)

4.2.2 Ímãs Montados na Superfície do Rotor - Ímã de AlNiCo


Nesta seção, foi considerada a substituição dos ímãs permanentes de NdFeB N50
por ímãs de AlNiCo 9, com remanência de 1,060 T e uma coercitividade de 112.100 A/m de
maneira que a indução no entreferro seja a mesma daquela proporcionada através dos ímãs
de NdFeB, com o mesmo arranjo de ímãs na superfície. Desta maneira, foram analisados
os coeficientes de utilização (ζ) e de utilização global (Cv ), o volume total de ímãs (V M T )
e o volume individual de cada ímã (V M ). Com base na equação 3.53, e através dos valores
de Br e Hc do ímã de AlNiCo, avaliou-se o comportamento de ζ. As figuras 20, 21 e 22
ilustram este comportamento.

Figura 20 – Comportamento de ζ em função de Br e Hc

Fonte: o autor (2022)

Fazendo uma análise similar àquela realizada para o ímã NdFeB N50, calcula-se
o coeficiente de utilização do ímã permanente (ζ) para o ímã AlNiCo 9 (Br =1,06 T e
Hc =112.000 A/m), através da equação 3.53.
4.2. Projeto do Rotor 51

Figura 21 – Comportamento de ζ em função de Br

Fonte: o autor (2022)

Figura 22 – Comportamento de ζ em função de Hc

Fonte: o autor (2022)

2.106 . ksc . kf d . Pativa . (Br − Bg ) . (1 + ϵ)


ζ=
π 2 . 2p . g . Bg . ψ . τ . Lmag . f . Br . Hc

2.106 .(1, 15).(1).(3298000).(1, 06 − 0, 829).(1 + 1, 421)


ζ= 2
π .(12).(0, 70).(0, 829).(0, 65).(28, 62).(60, 72).(145).(1, 06).(112100)

4, 242.1012
ζ= = 3, 170
1, 338.1012
Analisando o valor de ζ obtido, percebe-se que o mesmo está fora do intervalo
estabelecido de 0,30 à 0,81 [14, 26, 27]. Para que o volume de ímãs não seja super ou
subdimensionado foi necessário alterações do formato do ímã, de maneira que a densidade
de fluxo no entreferro fosse preservada. Uma das primeiras alterações possíveis é alteração
do comprimento do arco do rotor (bp ) através da alteração de ψ. Na tabela 15 foram
calculados os valores de ζ para diferentes valores de ψ e de altura do ímã.
52 Capítulo 4. Detalhamento Construtivo, Magnético e Elétrico do Gerador

Tabela 15 – Coeficiente de Utilização do Ímã AlNiCo 9 em Função de ψ e hm


ψ
hm 0,60 0,61 0,62 0,63 0,64 0,65 0,66 0,67 0,68 0,69 0,70 0,71 0,72 0,73 0,74 0,75
2,75 3,139 3,087 3,037 2,989 2,942 2,897 2,853 2,811 2,769 2,729 2,690 2,652 2,615 2,580 2,545 2,511
3,00 2,877 2,830 2,784 2,740 2,697 2,656 2,615 2,576 2,539 2,502 2,466 2,431 2,397 2,365 2,333 2,302
3,15 2,740 2,695 2,652 2,610 2,569 2,529 2,491 2,454 2,418 2,383 2,349 2,315 2,283 2,252 2,222 2,192
3,30 2,615 2,573 2,531 2,491 2,452 2,414 2,378 2,342 2,308 2,274 2,242 2,210 2,180 2,150 2,121 2,092
3,45 2,502 2,461 2,421 2,383 2,345 2,309 2,274 2,240 2,207 2,175 2,144 2,114 2,085 2,056 2,028 2,001
3,60 2,397 2,358 2,320 2,283 2,248 2,213 2,180 2,147 2,115 2,085 2,055 2,026 1,998 1,971 1,944 1,918
3,75 2,302 2,264 2,227 2,192 2,158 2,125 2,092 2,061 2,031 2,001 1,973 1,945 1,918 1,892 1,866 1,841
3,90 2,213 2,177 2,142 2,108 2,075 2,043 2,012 1,982 1,953 1,924 1,897 1,870 1,844 1,819 1,794 1,770
4,05 2,131 2,096 2,062 2,030 1,998 1,967 1,937 1,908 1,880 1,853 1,827 1,801 1,776 1,752 1,728 1,705
4,20 2,055 2,021 1,989 1,957 1,927 1,897 1,868 1,840 1,813 1,787 1,761 1,737 1,712 1,689 1,666 1,644
4,35 1,984 1,952 1,920 1,890 1,860 1,832 1,804 1,777 1,751 1,725 1,701 1,677 1,653 1,631 1,609 1,587
4,50 1,918 1,887 1,856 1,827 1,798 1,770 1,744 1,718 1,692 1,668 1,644 1,621 1,598 1,576 1,555 1,534
4,65 1,856 1,826 1,796 1,768 1,740 1,713 1,687 1,662 1,638 1,614 1,591 1,569 1,547 1,526 1,505 1,485
4,80 1,798 1,769 1,740 1,712 1,686 1,660 1,635 1,610 1,587 1,564 1,541 1,520 1,498 1,478 1,458 1,438
4,95 1,744 1,715 1,687 1,661 1,635 1,610 1,585 1,561 1,538 1,516 1,495 1,473 1,453 1,433 1,414 1,395
5,00 1,726 1,698 1,671 1,644 1,618 1,593 1,569 1,546 1,523 1,501 1,480 1,459 1,438 1,419 1,400 1,381
5,10 1,692 1,665 1,638 1,612 1,587 1,562 1,538 1,516 1,493 1,472 1,451 1,430 1,410 1,391 1,372 1,354
5,25 1,644 1,617 1,591 1,566 1,541 1,518 1,495 1,472 1,451 1,430 1,409 1,389 1,370 1,351 1,333 1,315
5,40 1,598 1,572 1,547 1,522 1,498 1,475 1,453 1,431 1,410 1,390 1,370 1,351 1,332 1,314 1,296 1,279
5,55 1,555 1,530 1,505 1,481 1,458 1,436 1,414 1,393 1,372 1,352 1,333 1,314 1,296 1,278 1,261 1,244
5,70 1,514 1,489 1,465 1,442 1,420 1,398 1,377 1,356 1,336 1,317 1,298 1,280 1,262 1,245 1,228 1,211
5,85 1,475 1,451 1,428 1,405 1,383 1,362 1,341 1,321 1,302 1,283 1,265 1,247 1,229 1,213 1,196 1,180
6,00 1,438 1,415 1,392 1,370 1,349 1,328 1,308 1,288 1,269 1,251 1,233 1,216 1,199 1,182 1,166 1,151
6,15 1,403 1,380 1,358 1,337 1,316 1,295 1,276 1,257 1,238 1,220 1,203 1,186 1,170 1,153 1,138 1,123
6,30 1,370 1,348 1,326 1,305 1,284 1,265 1,245 1,227 1,209 1,191 1,174 1,158 1,142 1,126 1,111 1,096
6,45 1,338 1,316 1,295 1,274 1,255 1,235 1,216 1,198 1,181 1,164 1,147 1,131 1,115 1,100 1,085 1,071
6,60 1,308 1,286 1,266 1,245 1,226 1,207 1,189 1,171 1,154 1,137 1,121 1,105 1,090 1,075 1,060 1,046
6,75 1,279 1,258 1,237 1,218 1,199 1,180 1,162 1,145 1,128 1,112 1,096 1,081 1,066 1,051 1,037 1,023
6,90 1,251 1,230 1,211 1,191 1,173 1,155 1,137 1,120 1,104 1,088 1,072 1,057 1,042 1,028 1,014 1,001
7,05 1,224 1,204 1,185 1,166 1,148 1,130 1,113 1,096 1,080 1,065 1,049 1,035 1,020 1,006 0,993 0,979
7,20 1,199 1,179 1,160 1,142 1,124 1,107 1,090 1,074 1,058 1,042 1,027 1,013 0,999 0,985 0,972 0,959
7,35 1,174 1,155 1,136 1,118 1,101 1,084 1,068 1,052 1,036 1,021 1,007 0,992 0,979 0,965 0,952 0,939
7,50 1,151 1,132 1,114 1,096 1,079 1,062 1,046 1,031 1,015 1,001 0,986 0,973 0,959 0,946 0,933 0,921
7,65 1,128 1,110 1,092 1,075 1,058 1,041 1,026 1,010 0,995 0,981 0,967 0,953 0,940 0,927 0,915 0,903
7,80 1,107 1,088 1,071 1,054 1,037 1,021 1,006 0,991 0,976 0,962 0,948 0,935 0,922 0,909 0,897 0,885
7,95 1,086 1,068 1,051 1,034 1,018 1,002 0,987 0,972 0,958 0,944 0,931 0,917 0,905 0,892 0,880 0,869
8,10 1,066 1,048 1,031 1,015 0,999 0,984 0,969 0,954 0,940 0,927 0,913 0,900 0,888 0,876 0,864 0,852
8,25 1,046 1,029 1,012 0,996 0,981 0,966 0,951 0,937 0,923 0,910 0,897 0,884 0,872 0,860 0,848 0,837
8,40 1,027 1,011 0,994 0,979 0,963 0,948 0,934 0,920 0,907 0,893 0,881 0,868 0,856 0,845 0,833 0,822
8,55 1,009 0,993 0,977 0,961 0,946 0,932 0,918 0,904 0,891 0,878 0,865 0,853 0,841 0,830 0,818 0,808
8,70 0,992 0,976 0,960 0,945 0,930 0,916 0,902 0,888 0,875 0,863 0,850 0,838 0,827 0,815 0,804 0,794
8,85 0,975 0,959 0,944 0,929 0,914 0,900 0,887 0,873 0,861 0,848 0,836 0,824 0,813 0,802 0,791 0,780
9,00 0,959 0,943 0,928 0,913 0,899 0,885 0,872 0,859 0,846 0,834 0,822 0,810 0,799 0,788 0,778 0,767
9,15 0,943 0,928 0,913 0,898 0,884 0,871 0,858 0,845 0,832 0,820 0,809 0,797 0,786 0,775 0,765 0,755
9,30 0,928 0,913 0,898 0,884 0,870 0,857 0,844 0,831 0,819 0,807 0,795 0,784 0,773 0,763 0,752 0,742
9,45 0,913 0,898 0,884 0,870 0,856 0,843 0,830 0,818 0,806 0,794 0,783 0,772 0,761 0,751 0,741 0,731
9,60 0,899 0,884 0,870 0,856 0,843 0,830 0,817 0,805 0,793 0,782 0,771 0,760 0,749 0,739 0,729 0,719
9,75 0,885 0,871 0,857 0,843 0,830 0,817 0,805 0,793 0,781 0,770 0,759 0,748 0,738 0,728 0,718 0,708
9,90 0,872 0,858 0,844 0,830 0,817 0,805 0,793 0,781 0,769 0,758 0,747 0,737 0,727 0,717 0,707 0,697
10,05 0,859 0,845 0,831 0,818 0,805 0,793 0,781 0,769 0,758 0,747 0,736 0,726 0,716 0,706 0,696 0,687
10,20 0,846 0,832 0,819 0,806 0,793 0,781 0,769 0,758 0,747 0,736 0,725 0,715 0,705 0,695 0,686 0,677
10,35 0,834 0,820 0,807 0,794 0,782 0,770 0,758 0,747 0,736 0,725 0,715 0,705 0,695 0,685 0,676 0,667
10,50 0,822 0,809 0,795 0,783 0,771 0,759 0,747 0,736 0,725 0,715 0,705 0,695 0,685 0,676 0,666 0,658
10,65 0,810 0,797 0,784 0,772 0,760 0,748 0,737 0,726 0,715 0,705 0,695 0,685 0,675 0,666 0,657 0,648
10,80 0,799 0,786 0,773 0,761 0,749 0,738 0,727 0,716 0,705 0,695 0,685 0,675 0,666 0,657 0,648 0,639
10,95 0,788 0,775 0,763 0,751 0,739 0,728 0,717 0,706 0,695 0,685 0,676 0,666 0,657 0,648 0,639 0,631
11,10 0,778 0,765 0,752 0,741 0,729 0,718 0,707 0,696 0,686 0,676 0,666 0,657 0,648 0,639 0,630 0,622
11,25 0,767 0,755 0,742 0,731 0,719 0,708 0,697 0,687 0,677 0,667 0,658 0,648 0,639 0,631 0,622 0,614
11,40 0,757 0,745 0,733 0,721 0,710 0,699 0,688 0,678 0,668 0,658 0,649 0,640 0,631 0,622 0,614 0,606
11,55 0,747 0,735 0,723 0,712 0,701 0,690 0,679 0,669 0,659 0,650 0,641 0,631 0,623 0,614 0,606 0,598
Fonte: o autor (2022)

Da tabela 15 nota-se que para a abertura de 65%, o ímã de AlNiCo deve possuir
9,90 cm de altura, para 70% a altura do ímã deve ser de 9,15 cm e para 75% a altura
4.2. Projeto do Rotor 53

do ímã deve ser de 8,55 cm. O valor calculado de altura para o ímã diverge dos valores
obtidos pela tabela 15. Comparando-se as alturas obtidas foi visto que para ψ = 0, 65 a
altura com valores válidos de ζ deve ser superior a 9,90 cm, cerca de 4 vezes maior que
o valor obtido de 2,51 cm. Desta maneira, devido ao fato dos valores de ζ e Cv estarem
fora do intervalo, uma análise numérica foi necessária de forma a garantir que a densidade
de fluxo no entreferro fosse preservada. Para tentar solucionar este problema, realizou-se
uma análise numérica que considerou a altura do ímã, o comprimento do arco polar (bp )
e a densidade de fluxo como variáveis, de modo, que seja possível propor uma solução
para o projeto de geradores síncronos de ímãs permanentes utilizando ímãs de AlNiCo.
Na tabela 16 foram apresentados os valores de densidade de fluxo no entreferro obtidas
numericamente (Bgnum ) para diversas alturas de ímãs de AlNiCo 9 para valores de ψ de
0,65, 0,70 e 0,75.

Tabela 16 – Densidade de Fluxo no Entreferro - Cálculo Numérico


ψ
0,65 0,70 0,75
ψ ψ ψ
hm Bgnum hm
ζ Bgnum hm
ζ Bgnum hm
ζ
2,50 0,4705 0,26 3,85 0,4709 0,28 3,57 0,4714 0,30 3,33
5,00 0,8406 0,13 1,59 0,8385 0,14 1,48 0,8399 0,15 1,38
7,50 0,9888 0,09 1,06 0,9837 0,09 0,99 0,9854 0,10 0,92
8,55 1,0090 0,07 0,93 1,0049 0,08 0,86 1,0073 0,08 0,81
9,15 1,0163 0,07 0,87 1,0111 0,08 0,81 1,0138 0,08 0,75
9,90 1,0211 0,06 0,80 1,0168 0,07 0,75 1,0195 0,07 0,70
Fonte: o autor (2022)

As simulações realizadas na tabela 16 tiveram o objetivo de avaliar a tabela 15,


utilizando as alturas de ímãs para valores válidos de ζ (8,55, 9,15 e 9,90 cm) e três alturas
para estudo de uma correlação entre bp , ψ e a densidade de fluxo no entreferro.
Na análise foi possível visualizar que para valores válidos de ζ a densidade de fluxo
no entreferro obtida de maneira numérica excede o valor calculado analiticamente, enquanto
que, o valor encontrado para a altura de 2,50 cm a densidade de fluxo no entreferro obtida
numericamente é inferior a determinada de forma analítica. Para ambas as aberturas,
utilizando-se ímãs com 5,00 cm, o resultado numérico obtido para a densidade de fluxo
apresenta maior proximidade ao valor obtido analiticamente.
Tendo como base os resultados obtidos na tabela 16, onde a altura de 5,00 cm
se mostra promissora, uma segunda análise através do método numérico foi feita, com o
objetivo de refinar o valor da indução, através da altura do ímã para valores entre 4,50 cm
e 4,90 cm. Os resultados foram dispostos na tabela 17.
Na tabela 17 os valores numéricos da densidade de fluxo no entreferro (Bgnum ), os
valores calculados para ζ e Cv foram dispostos. O objetivo dessa análise foi determinar um
fator de ajuste para ímãs de AlNiCo (kalnico ) para ser implementado ao método analítico.
54 Capítulo 4. Detalhamento Construtivo, Magnético e Elétrico do Gerador

Tabela 17 – Determinação da Altura do Ímã - AlNiCo


ψ
0,65 0,70 0,75
hm Bgnum ζ Cva Bgnum ζ Cv Bgnum ζ Cv
4,50 0,7852 1,770 0,319 0,7848 1,644 0,343 0,7862 1,534 0,368
4,60 0,7973 1,732 0,326 0,7966 1,608 0,351 0,7983 1,501 0,376
4,70 0,8089 1,695 0,333 0,8080 1,574 0,358 0,8095 1,469 0,384
4,80 0,8201 1,660 0,340 0,8189 1,541 0,366 0,8207 1,438 0,392
4,90 0,8306 1,626 0,347 0,8287 1,510 0,374 0,8301 1,409 0,400
Fonte: o autor (2022)

Utilizando as equações 3.54 e 4.1 foram calculados o coeficiente de utilização e o


volume total de ímãs permanentes.

2.Ksc .kf d.(1 + ϵ)


Cv =
π 2 .ζ

Pativa .106
V M T a = kAlN iCo .Cv. (4.1)
f.Br .Hc

Onde kAlN iCo é o fator de correção para o volume total de ímãs permanentes
utilizando AlNiCo. Esse fator foi calculado em função da densidade de fluxo magnético
obtida na tabela 17.
Para ψ = 0, 65 o coeficiente de utilização Cv foi calculado em 0,178, conforme
equação 3.54.

2.Ksc .kf d.(1 + ϵ) 2.(1, 15).(1).(1 + 1, 421)


Cv = = = 0, 178
π 2 .ζ π 2 .3, 170

Que resulta em um volume total de 34071,49 cm3, conforme equação 3.55.

Pativa .106 3298000.106


V M T a = Cv. = 0, 178. = 34071, 49 cm3
f.Br .Hc 145.(1, 06).(112100)

Que resulta em uma altura de 2,51 cm, sendo utilizado a equação 3.58 para o
cálculo.

VM T a 34071, 49
hm = = = 2, 51 cm
2p.Lm .wm 12.(18, 60).(60, 72)

O valor da altura calculado sem o coeficiente de ajuste (kAlN iCo ) diverge do obtido
pela tabela 17, adotado em 4,90 cm e utilizado para determinar o novo volume de ímãs
permanente, utilizando como base a equação 3.55.
4.2. Projeto do Rotor 55

VM′ T a = 2p.Lm .wm .h′m = (12).(18, 60).(60, 72).(4, 90) = 66418, 96 cm3

Onde VM′ T a é o volume total de ímãs corrigido e h′m é o valor corrigido da altura
para o ímã permanente. Para determinar kAlN iCo as equações 3.55 e 4.1 foram igualadas,
conforme equação 4.2.

Pativa . 106
2p.Lm .wm .h′m = kAlN iCo . Cv . (4.2)
f . Br . Hc

Portanto, para ψ = 0, 65 e h′m = 4, 90 cm o valor de kAlN ico foi calculado em 1,9494.


Na tabela 18 foram apresentados os resultados de kAlN iCo para os diferentes valores de ψ,
suas respectivas alturas e volumes e os seus valores corrigidos.

Tabela 18 – Fator de Ajuste para Ímãs de AlNiCo


ψ V ′M T a (cm3) V M T a (cm3) h′m (cm) hm (cm) kAlN iCo
0,65 66418,96 34071,49 4,90 2,51 1,9494
0,70 71518,11 36751,27 4,90 2,71 1,9463
0,75 76637,26 39431,05 4,90 2,91 1,9436
Fonte: o autor (2022)
5 Análise Numérica - Elementos Finitos

Com as dimensões do gerador determinadas pelo método analítico a geometria foi


desenvolvida, tanto em 2D quanto em 3D. Posteriormente teve início uma análise numérica
com uso de softwares de elementos finitos aplicados a problemas magnéticos, utilizado
para se determinar grandezas magnéticas e elétricas desejadas através da caracterização
elétrica e magnética da geometria [30].

5.1 Desenvolvimento do Modelo em 2D


Uma vez definidos os parâmetros geométricos, elétricos e magnéticos do gerador
foi preparado um modelo 2D em software AutoCAD − 2021® para cada um dos arranjos
de ímãs permanentes abordados neste estudo, onde a geometria do estator foi mantida
fixa. Posteriormente, o modelo 2D foi utilizado em um software de resolução numérica
pelo método dos elementos finitos aplicados a problemas eletromagnéticos (F EM M ® ).

5.2 Resultados das Simulações Magnéticas Estática e Transitória


Nesta etapa são apresentados os resultados das simulações em regime magnetostático
2D, sendo utilizado um software de resolução numérica pelo método dos elementos finitos
aplicados a problemas eletromagnéticos (F EM M ® ). A geometria foi importada e os
materiais em cada região foram atribuídos, sendo utilizado aço 1020 para a carcaça rotórica
e estatórica, com curva BxH apresentada na figura 23, ímã NdFeB N50, imã de AlNiCo 9
LNGT 72, aço inoxidável 304 para o eixo do rotor e cabo 10 AWG para os condutores do
estator.

5.2.1 Ímãs NdFeB Montados na Superfície do Rotor-Magnetostático


O arranjo com ímãs permanentes na superfície do rotor teve suas dimensões
calculadas na seção 4.2.1 e foram fundamentais para determinar os parâmetros geométricos
e magnéticos do rotor. As dimensões geométricas utilizadas para a construção do modelo
em duas dimensões desse arranjo foram inseridas na tabela 19.
Uma vez realizada a etapa de pré-processamento com a importação da geometria,
a parametrização inicial e a respectiva atribuição dos materiais, foi dado início a etapa de
processamento, com a criação da malha, e posteriormente a etapa de pós-processamento.
Esta última, contempla a resolução do problema e plotagem das induções e linhas de fluxo,
sendo o resultado da simulação ilustrado pela figura 24.
5.2. Resultados das Simulações Magnéticas Estática e Transitória 57

Figura 23 – Curva BxH para o Aço 1020

Fonte: o autor (2022)

Tabela 19 – Parâmetros Geométricos do Rotor - NdFeB


Dimensão Valor (cm)
Diâmetro Interno do Estator (Dint ) 109,300
Diâmetro Externo do Estator (Dext ) 125,090
Abertura do Canal (Lt ) 3,580
Profundidade do Canal (Pt ) 3,560
Diâmetro do Rotor (Der ) 108,600
Abertura do Ímã (wm ) 18,600
Altura do Ímã (hm ) 0,940
Comprimento do Entreferro (g) 0,700
Fonte: o autor (2022)

Figura 24 – Induções no Gerador com Ímãs Inseridos na Superfície - NdFeB N50

Fonte: o autor (2022)


58 Capítulo 5. Análise Numérica - Elementos Finitos

Para realizar a análise da densidade de fluxo magnético utilizou-se um gradiente de


cores, onde os níveis de indução foram representados, junto a uma legenda representando
a sua intensidade, conforme figura 24, sendo os valores apresentados em Tesla (T).
O software possui ainda uma ferramenta que permitiu a análise da densidade
de fluxo nas regiões de interesse com auxílio de uma linha exploratriz, possibilitando a
obtenção da componente normal à esta linha. A figura 25 ilustra a utilização da linha
exploratriz.

Figura 25 – Utilização de Linha Exploratriz no Modelo Numérico

Fonte: o autor (2022)

Os resultados foram compilados na tabela 20.

Tabela 20 – Densidade de Fluxo-Método Numérico-2D (NdFeB)


Região de Análise Densidade de Fluxo (T)
Entreferro 0,8341
Carcaça Estatórica 1,2301
Carcaça Rotórica 0,2569
Dentes do Estator 1,7889
Fonte: o autor (2022)

O uso da linha exploratriz permitiu a amostragem da densidade de fluxo no


entreferro, possibilitando sua exportação e posterior plotagem. A figura 26 apresenta a
forma de onda da densidade de fluxo obtida no entreferro do gerador estudado.
5.2. Resultados das Simulações Magnéticas Estática e Transitória 59

Figura 26 – Forma de Onda da Densidade de Fluxo no Entreferro

Fonte: o autor (2022)

5.2.1.1 Influência das Ranhuras na Forma de Onda no Entreferro

A forma de onda resultante no entreferro depende não somente da distribuição


dos enrolamentos no estator, da geometria e do tipo de ímã utilizado, como também do
número de ranhuras do estator (NCE ). A frequência angular das correntes no estator da
máquina pode ser descrita conforme a equação 5.1.

ω = 2.π.f (5.1)

No entanto a onda resultante de campo girante (ωcg ) varia em função do número


de pares de polos, ou seja:

ω
ωcg = (5.2)
p
Desta maneira, a frequência do campo girante se torna:

ωcg
fcg = (5.3)
2.π
Uma vez que a frequência do campo girante foi calculada, determina-se a frequência
devido as ranhuras conforme a equação 5.4.

2.NCE
fr = ( + 1).fcg (5.4)
2p
60 Capítulo 5. Análise Numérica - Elementos Finitos

Na tabela 21 as frequências presentes no gerador forma dispostas.

Tabela 21 – Frequências do GSIP


Paramêtro Valores Calculados
Frequência Angular das Correntes no Estator (ω) 911.06 rad/s
Frequência Angular do Campo Girante no Entreferro (ωcg ) 151.84 rad/s
Frequência do Campo Girante no Entreferro (fcg ) 24.17 Hz
Frequência Harmônica Devido as Ranhuras do Estator (fr ) 314.17 Hz
Fonte: o autor (2022)

A figura 27 representa o espectro harmônico da forma de onda no entreferro, onde


verificamos a componente de 314,2 Hz, coincidindo com a 13ª harmônica.

Figura 27 – Espectro das Harmônicas

Fonte: o autor (2022)


5.2. Resultados das Simulações Magnéticas Estática e Transitória 61

5.2.2 Ímãs AlNiCo Montados na Superfície do Rotor-Magnetostático


Nesta seção são apresentados os resultados da simulação em regime magnetostático,
utilizando-se agora ímãs de AlNiCo 9 (LNGT-72). A tabela 22 apresenta as dimensões
utilizadas na simulação.

Tabela 22 – Parâmetros Geométricos do Rotor - AlNiCo


Dimensão Valor (cm)
Diâmetro Interno do Estator (Dint ) 109,300
Diâmetro Externo do Estator (Dext ) 125,090
Abertura do Canal (Lt ) 3,580
Profundidade do Canal (Pt ) 3,560
Diâmetro do Rotor (Der ) 108,600
Abertura do Ímã (wm ) 18,600
Altura do Ímã (hm ) 4,900
Comprimento do Entreferro (g) 0,700
Fonte: o autor (2022)

Na etapa de pré-processamento a geometria foi importada considerando o fator


de correção kAlN iCo , sendo realizada a parametrização e a atribuição dos materiais na
geometria do gerador. A malha foi criada na etapa de processamento e o resultado da
resolução numérica foi obtida na etapa de pós-processamento, sendo essa ilustrada pela
figura 28, onde um mapa de cores com sua respectiva legenda representa a densidade de
fluxo magnético na geometria do gerador e suas faixas de intensidade.

Figura 28 – Induções no Gerador com Ímãs Inseridos na Superfície - AlNiCo 9

Fonte: o autor (2022)

As regiões de análise foram as mesmas que foram utilizadas para o ímã de NdFeB
(N-50), e as densidades de fluxo dessas regiões foram obtidas com o uso de uma linha
exploratriz. O resultado dessa análise foi compilado na tabela 23.
62 Capítulo 5. Análise Numérica - Elementos Finitos

Tabela 23 – Densidade de Fluxo-Método Numérico-2D (AlNiCo)


Região de Análise Densidade de Fluxo (T)
Entreferro 0,8306
Carcaça Estatórica 1,1511
Carcaça Rotórica 0,2440
Dentes do Estator 1,6812
Fonte: o autor (2022)

Os resultados obtidos para a densidade de fluxo magnético nas regiões de interesse


mantiveram a densidade de fluxo magnético em níveis similares aos obtidos de maneira
analítica, indicando que o ajuste realizado para esse material preserva as características
magnéticas do gerador.
A forma de onda da densidade de fluxo magnético também foi explorada, resultando
na figura 29, enquanto que, a análise dos harmônicos resulta na figura 30.

Figura 29 – Forma de Onda da Densidade de Fluxo no Entreferro - AlNiCo 9

Fonte: o autor (2022)

Como as características do gerador foram mantidas, a frequência de campo girante


(fcg ) e as frequências devido as ranhuras (fr ) se mantém, portanto, a frequência da 13ª
harmônica encontrada também foi mantida em 314,2 Hz, conforme figura 30.
5.2. Resultados das Simulações Magnéticas Estática e Transitória 63

Figura 30 – Espectro das Harmônicas - AlNiCo 9

Fonte: o autor (2022)

Com base nos dados das figuras 27 e 30 foi construída a tabela 24, onde foram
inseridos os valores de indução encontrados para a fundamental à harmônica de décima
terceira ordem para os rotores com ímãs de NdFeB N-50 e AlNiCo 9 LNGT-72.

Tabela 24 – Amplitude do Espectro Harmônico - Entreferro


Ordem da Harmônica NdFeB (T) AlNiCo (T)
Fundamental 0,662 0,609
Terceira 0,014 0,023
Quinta 0,123 0,061
Sétima 0,060 0,041
Nona 0,011 0,016
Décima Primeira 0,068 0,128
Décima Terceira 0,155 0,173
Fonte: o autor (2022)

Nota-se que em comparação as densidades obtidas pelo ímã NdFeB N-50, as


densidades de fluxo magnético sofreram uma redução, principalmente a do dente do
estator, no entanto, este comportamento era esperado, uma vez que o campo coercitivo
e remanente do ímã de AlNiCo 9 LNGT-72 é significativamente menor do que o ímã de
NdFeB. Observa-se essa mesma redução da densidade de fluxo na forma de onda, compilada
na figura 29 e no valor harmônica fundamental, compilada na figura 30 e na tabela 24.
64 Capítulo 5. Análise Numérica - Elementos Finitos

5.3 Desenvolvimento do Modelo em 3D

5.3.1 Formulação Magnetotransitória


O objetivo da simulação magneto-transitória, que considera o movimento do rotor,
foi avaliar os níveis de indução nos materiais ferromagnéticos bem como extrair resultados
de grandezas como corrente, tensão, potência e torque à medida que o rotor se movimenta,
da velocidade nula até um valor de referência, com passos de tempo determinados. A cada
passo de tempo, à medida que o rotor gira, a malha do entreferro também se movimenta,
fazendo-se necessário a imposição da conhecida banda de rolagem. A formulação do
problema com velocidade fixa (obtida no regime permanente), pode ser descrita conforme
a equação (5.5):

!
⃗ = J⃗ − σ ∂A − σ∇V + ∇ × H
∇ × υ∇ × A ⃗ c + σv × ∇ × A
⃗ (5.5)
∂t

As constantes υ e σ são a relutividade magnética e a condutividade elétrica,


respectivamente. Na mesma equação, V é potencial escalar elétrico da fonte, H ⃗c é a
intensidade de campo coercitivo, quando existem ímãs permanentes na geometria, o vetor
J⃗ é a densidade de corrente dos condutores do estator e A
⃗ é o vetor potencial magnético.

5.3.2 Materiais, Condições de Fronteira e Banda de Rolagem


Nesta seção, são detalhadas as etapas da simulação em software de resolução
numérica em regime transitório 3D Ansys Maxwell. Neste tipo de simulação, se torna
possível avaliar grandezas como tensão de saída, corrente de saída e potência elétrica
como respostas da simulação magneto-transitória. Na etapa de pré-processamento foram
estabelecidas as condições de fronteira, as condições da banda de rolagem assim como os
materiais utilizados. A figura 31 apresenta detalhadamente estas condições.

Figura 31 – Condições de Fronteira e Materiais Usados

Fonte: o autor (2022)


5.3. Desenvolvimento do Modelo em 3D 65

Foram extraídas da simulação o comportamento das tensões, correntes e potência


elétrica, conforme as figuras 32, 33 e 34, respectivamente.

Figura 32 – Tensão de Saída do Gerador

Fonte: o autor (2022)

Figura 33 – Corrente de Saída do Gerador

Fonte: o autor (2022)

A figura 35 ilustra os mapas de cores das induções da simulação em regime


magnetotransitório e a tabela 25 apresenta as induções obtidas nas regiões de interesse no
modelo 3D.
66 Capítulo 5. Análise Numérica - Elementos Finitos

Figura 34 – Potência Elétrica do Gerador

Fonte: o autor (2022)

Figura 35 – Mapa de Cores e Linhas de Fluxo das Induções

Fonte: o autor (2022)

Tabela 25 – Densidade de Fluxo-Método Numérico-3D


Região de Análise Densidade de Fluxo (T)
Carcaça Estatórica 1,04 - 1,19
Carcaça Rotórica 0,29 - 0,44
Dentes do Estator 1,79 - 1,94
Fonte: o autor (2022)
6 Resultados Finais - Validação

Os métodos analíticos utilizados (NdFeB e AlNiCo) possibilitaram a obtenção dos


parâmetros elétricos, magnéticos e geométricos GSIP. As induções magnéticas em todo
o circuito magnético da máquina foram calculadas com o objetivo de avaliar o nível de
saturação do material ferromagnético empregado.
A simulação em software de elementos finitos aplicados a problemas magnéticos
foi realizada em regime magnetoestático e em regime magnetotransitório. As simulações
permitiram que as faixas de indução nos trechos de interesse do circuito magnético fossem
determinadas, sendo que esses trechos foram os mesmos dos estudados pelos métodos
analíticos.
As tabelas 26, 27 e 28, apresentam os resultados obtidos analítica e numericamente,
respectivamente pelos métodos magnetostático (NdFeB 50 e AlNiCo 9) e magnetotransitório
(NdFeB 50).

Tabela 26 – Comparação - Analítico e Numérico - Magnetostático (2D) - NdFeB N50


Região Met. Analítico (T) Met. Numérico (T) Erro (%)
Entreferro 0,8290 0,8341 0,61
Carcaça Estatórica 1,2000 1,2301 2,51
Carcaça Rotórica 0,2404 0,2569 6,86
Dentes do Estator 1,8424 1,7889 2,90
Fonte: o autor (2022)

Tabela 27 – Comparação - Analítico e Numérico - Magnetostático (2D) - AlNiCo 9


Região Met. Analítico (T) Met. Numérico (T) Erro (%)
Entreferro 0,8290 0,8306 0,19
Carcaça Estatórica 1,2000 1,1511 4,07
Carcaça Rotórica 0,2404 0,2440 1,50
Dentes do Estator 1,8424 1,6812 8,75
Fonte: o autor (2022)

Tabela 28 – Comparação - Analítico e Numérico - Magnetotransitório (3D) - NdFeB 50


Região Met. Analítico (T) Met. Numérico (T) Erro (%) ∆B (mT)
Carcaça Estatórica 1,2000 1,1900 0,83 10,0
Carcaça Rotórica 0,2404 0,2900 20,63 49,6
Dentes do Estator 1,8424 1,7900 2,93 52,4
Fonte: o autor (2022)
7 Conclusões Finais

O método analítico desenvolvido neste trabalho foi capaz de determinar os parâ-


metros elétricos, magnéticos e geométricos de um gerador síncrono de ímãs permanentes
de grande potência e com a utilização de dois materiais para os ímãs, considerando a
configuração com ímãs na superfície do rotor. As grandezas que foram determinadas por
este método foram utilizadas para a construção de uma geometria em software CAD,
tanto para 2D, quanto para 3D. As geometrias foram então importadas nos respectivos
softwares de análise de elementos finitos, F EM M ® para a análise magnetostática 2D e
Ansys Maxwell para a análise magnetotransitória em 3D.
A análise 2D, realizada para os ímãs de NdFeB e AlNiCo, apresentou resultados
satisfatórios para a indução nas regiões de interesse, sendo que para os ímãs de NdFeB
apresentou erros médios percentuais de cerca de 3%. Já ao considerar ímãs de AlNiCo,
apresentou discrepâncias, acarretando no desenvolvimento de uma solução para a correção
do volume de ímãs com base na indução desejada no entreferro. Após essa readequação,
verificou-se que a solução proposta é eficaz, validada através da solução numérica, com
erros médios percentuais de cerca de 4%
A análise 3D, realizada para o ímã de NdFeB e de maneira magnetotransitória,
permitiu não só uma análise dos valores de indução, mas também uma análise dos valores
de tensão e corrente nos enrolamentos do gerador. Os erros médios absolutos encontrados
para os valores de indução foram cerca de 37,3 mT, enquanto que, os valores dos parâmetros
elétricos (tensão e corrente) encontrados são praticamente coincidentes aos valores nominais
adotados, reforçando que os parâmetros de projeto encontrados pelo método analítico
foram satisfatórios.
Existe a possibilidade de se explorar em trabalhos futuros o comportamento térmico
do GSIP, sendo essa análise realizada através de softwares de elementos finitos, incluindo
o F EM M ® , que dispõe de ferramentas para se desenvolver essa análise. Outros arranjos
de ímãs no rotor podem ser explorados, bem como a utilização de diversos materiais para
os ímãs presentes nesse gerador.
69

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sua aplicação para fornecimento de potência elétrica constante. Master’s thesis,
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Pós-Graduação em Engenharia Elétrica.

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cas em centrais de geração eólica. Master’s thesis, Escola Politécnica, Universidade
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[15] Camila Rossi Scalabrin. Estudo do gerador síncrono de Ímãs permanentes para uso em
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[30] N. Bianchi, Massimo Barcaro, and Silverio Bolognani. Electromagnetic and Thermal
Analysis of Permanent Magnet Machines, pages 407–438. Março, 2012.
Apêndices
APÊNDICE A – Utilização do Software
FEMM

A simulação computacional foi realizada utilizando o software F EM M ® em regime


magnetostático 2D. Para isso, foi necessário elaborar uma geometria em um software CAD.
Para as simulações realizadas neste trabalho as geometrias elaboradas de cada um
dos arranjos em um software CAD foram importadas através da ferramenta Import DXF,
conforme a figura 36.

Figura 36 – Ferramenta de Importação do Modelo em Duas Dimensões

Fonte: o autor (2022)

Uma vez importado o modelo em duas dimensões, foram determinados os materiais


com uso da biblioteca disponível no software F EM M , essa biblioteca foi acessada através
na barra de ferramentas no botão Propieties e em seguida na opção Materials Library.
Uma vez aberta a biblioteca de materiais foram escolhidos os materiais a serem utilizados
na simulação, conforme ilustrado pela figura 37. Os materiais disponibilizados pelo soft-
ware dispões de propriedades elétricas e magnéticas, como a permeabilidade magnética,
condutividade elétrica e, em alguns materiais, a curva de magnetização B-H.
75

Figura 37 – Biblioteca de Materiais

Fonte: o autor (2022)

Uma máquina síncrona com ímãs permanentes foi utilizada para exemplificar a
atribuição de materiais, bem como a definição do tamanho da malha, conforme ilustrado
na figura 38.

Figura 38 – Aplicação dos Materiais no Modelo

Fonte: o autor (2022)


76 APÊNDICE A. Utilização do Software FEMM

Para realizar a simulação foi necessário estabelecer alguns parâmetros na barra


Problem, como a profundidade do modelo importado, a precisão do solver, o tipo de cálculo
iterativo a ser realizado e a unidade dos parâmetros geométricos, conforme ilustrado na
figura 39.

Figura 39 – Condições do Solver do FEMM

Fonte: o autor (2022)

Uma vez estabelecidos os materiais de cada região do modelo, o tamanho da malha


e os parâmetros de simulação foi possível realizar a simulação. O resultado da simulação
permitiu observar as linhas de campo e com o uso de ferramentas do software obter a
densidade de fluxo magnético, a intensidade de campo magnético e a permeabilidade
relativa que permitem caracterizar o comportamento magnético do modelo simulado para
cada um dos arranjos abordados neste estudo.
77

APÊNDICE B – Análise da Influência do


Tamanho de Malha na Simulação

Para avaliar a influência da densidade da malha nos resultados das análises, foram
feitas simulações considerando tamanhos diferentes de malha e seu impacto no valor de
pico da densidade de fluxo no entreferro (Bgmax ) e na média do dez maiores valores de
densidade de fluxo no entreferro (Bgmed ). Essa análise permitiu também determinar o
ponto de convergência para os valores de densidade de fluxo magnético obtidos.

B.1 Análise do Tamanho de Malha dos Materiais do Gerador


Para essa análise foi considerando o gerador síncrono de ímãs permanentes com
ímãs na superfície do rotor. Na tabela 29 foram atribuídos valores de tamanho de malha
para os materiais do gerador, sendo que, nesta primeira análise o tamanho de malha do
entreferro foi mantido fixo com tamanho em 1 mm e tamanho em 10 mm para o ambiente
externo e eixo do rotor, enquanto que, o tamanho de malha do material do rotor, estator e
ímãs foram simulados com diferentes tamanho de malha e a densidade de fluxo magnético
no entreferro foi avaliada com 50.000 pontos.

Tabela 29 – Análise do Tamanho de Malha dos Materiais do Gerador


Malha (mm): Estator Canais Ímãs Rotor Bgmax (T) Variação (T) Bgmed (mT) Variação (T)
b.1.1 10 10 10 10 0,8337 0,0000 0,8334 0,0000
b.1.2 9 9 9 9 0,8337 0,0000 0,8334 0,0000
b.1.3 8 8 8 8 0,8337 0,0000 0,8334 0,0000
b.1.4 7 7 7 7 0,8337 0,0000 0,8334 0,0000
b.1.5 6 6 6 6 0,8337 0,0000 0,8334 0,0000
b.1.6 5 5 5 5 0,8337 0,0000 0,8334 0,0000
b.1.7 4 4 4 4 0,8336 0,0001 0,8333 0,0000
b.1.8 3 3 3 3 0,8335 0,0001 0,8332 0,0001
b.1.9 2 2 2 2 0,8336 0,0001 0,8334 0,0002
b.1.10 1 1 1 1 0,8338 0,0002 0,8337 0,0003
Fonte: O autor (2022)

Na tabela 29 a densidade de fluxo no entreferro não sofre grande variação em


tamanhos de malha superior a 4, indicando que para valores menores de malha para os
materiais do gerador o valor da densidade de fluxo no entreferro tende a convergência para
um valor superior a 0,8337 T, no entanto, independentemente do tamanho de malha a
variação é ínfima, sendo cerca de 0,17 mT entre os valores extremos para o valor máximo
e 0,26 mT para o valor médio.
78 APÊNDICE B. Análise da Influência do Tamanho de Malha na Simulação

B.2 Análise do Tamanho de Malha do Entreferro


Nesta segunda análise a malha atribuída aos materiais foi mantida em um tamanho
fixo em 10 para o exterior e o eixo, 5 para os canais e ímãs, 3 para o rotor e estator,
enquanto que, a malha do entreferro foi avaliada para diferentes tamanhos iniciando em
5,00 até 0,50 mm. A análise foi feita considerando o gerador síncrono de ímãs permanentes
com ímãs na superfície do rotor. Na tabela 30 foram dispostos os dados do valor de pico
da densidade de fluxo no entreferro para diferentes tamanhos de malha com 50.000 pontos.

Tabela 30 – Análise do Tamanho de Malha do Entreferro


Malha (mm): Entreferro Bgmax (T) Variação (T) Bgmed (T) Variação (T)
b.2.1 5,00 0,8329 0,0000 0,8327 0,0000
b.2.2 4,00 0,8329 0,0000 0,8327 0,0000
b.2.3 3,00 0,8329 0,0000 0,8328 0,0001
b.2.4 2,00 0,8348 0,0019 0,8346 0,0018
b.2.5 1,00 0,8337 0,0011 0,8334 0,0012
b.2.6 0,75 0,8341 0,0004 0,8339 0,0005
b.2.7 0,50 0,8340 0,0001 0,8338 0,0001
Fonte: O autor (2022)

Na tabela 30 a medida que a malha do entreferro se aproxima da largura do


entreferro (b.2.2.3) há um aumento súbito da densidade de fluxo, indicando que utilizar
valores de malha superiores a largura do material acarreta em imprecisões, no entanto,
ao utilizar valores de malha suficientemente pequenos (b.2.2.6 e b.2.2.7) foi visto que os
valores de densidade no entreferro sofrem pouca variação, cerca de 0,0001 T para o maior
valor e para o valor médio.
79

APÊNDICE C – Geometria Final do Gerador

De modo a ilustrar o gerador desenvolvido neste trabalho, as figuras 40, 41, 42, 43
e 44 foram utilizadas. Nelas, é possível visualizar cada região do gerador. Os parâmetros
utilizados para a elaboração da geometria presente nas figuras foram determinados através
do método analítico desenvolvido neste trabalho.

Figura 40 – Conjunto Final do Gerador - 2D

Fonte: o autor (2022)


80 APÊNDICE C. Geometria Final do Gerador

Figura 41 – Conjunto Final do Gerador - 3D

Fonte: o autor (2022)

Figura 42 – Detalhe da Armadura do Gerador com Enrolamentos

Fonte: o autor (2022)


81

Figura 43 – Detalhe da Armadura do Gerador

Fonte: o autor (2022)

Figura 44 – Detalhe do Rotor do Gerador

Fonte: o autor (2022)

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