Slides Trabalho Social Grupos e Familias

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 21

Trabalho Social com Grupos

e Famílias
PROFA. DRA. MOÍZA MEDEIROS
OBJETIVOS DA AULA
• Problematizar como historicamente o Serviço Social concebeu o
trabalho social com grupos e famílias
• Refletir acerca de como o trabalho social com grupos e famílias vem
sendo requisitado pelas políticas sociais e suas implicações ao fazer
profissional do Serviço Social
• Apontar estratégias profissionais para a realização do trabalho social
com grupos e famílias na perspectiva da garantia de direitos,
organização política e justiça social
TEXTOS DE REFERÊNCIA
• HORST, Cláudio H. M. ; MIOTO, Regina C. T. Serviço Social e o
Trabalho com Famílias: renovação ou conservadorismo? In: EM
PAUTA, Rio de Janeiro, n. 40, v. 15, p. 228 – 246, 2º sem. 2017.

• MIOTO, Regina C. T. Orientação e acompanhamento de indivíduos,


grupos e famílias. In: CFESS. Conselho Federal de Serviço
Social. Serviço Social -Direitos Sociais e Competências Profissionais,
2009.
TEXTOS DE REFERÊNCIA
• MOREIRA, Carlos F. N. O trabalho com grupos no Serviço Social e a incidência das
dinâmicas de grupo: recuperações históricas e análises contemporâneas. In: ______.
Dinâmicas de Grupo no Serviço Social: uma técnica pouco estudada e muito
difundida entre os assistentes sociais na Rede de Proteção ao Educando. Rio de
Janeiro. 297f. Dissertação (Mestrado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Faculdade de Serviço Social, 2010.

• TEIXEIRA, Solange M. Trabalho social com famílias na Política de Assistência Social:


elementos para sua reconstrução em bases críticas. In: SERV. SOC. REV., Londrina,
n.1, v. 13, p. 4-23, jul/dez. 2010.
QUESTÕES INTRODUTÓRIAS
• O trabalho social com grupos e famílias sempre acompanhou a trajetória do Serviço Social
• As concepções teóricas sobre grupos e famílias presentes nas políticas sociais
instrumentalizam o fazer profissional do/a assistente social
• A configuração das políticas sociais demandam dos/as assistentes sociais determinados
tipos de intervenção junto aos grupos e famílias
• Existem diferentes projetos em disputa orientando o trabalho social com grupos e famílias
nas políticas sociais
• Apesar dos avanços que a profissão teve a partir da aproximação com a teoria social
crítica, ainda é possível identificar ações profissionais de viés conservador no trabalho
social com grupos e famílias
PERSPECTIVAS HISTÓRICAS SOBRE TRABALHO SOCIAL
COM GRUPOS E SERVIÇO SOCIAL
• Serviço Social recebeu influência de autores positivistas da tendência
estrutural-funcionalista que concebia o Grupo como um elemento
integrador e potencializador da resolução dos “problemas” dos
indivíduos, bem como garantida o equilíbrio diante das “disfunções” e
problemas sociais surgidos devido à estrutura social em mudança.
• O Serviço Social de Grupos tinha como função:
1. Estabelecer relações positivas funcionais, corrigir disfunções e obter metas
2. Contribuir para o estado de funcionamento adequado do sistema maior do qual faz
parte
PERSPECTIVAS HISTÓRICAS SOBRE TRABALHO SOCIAL
COM GRUPOS E SERVIÇO SOCIAL
• Proposta desenvolvimentista: “Grupos de ação social” – visavam
mudanças no meio social – indivíduos de uma determinada comunidade
reunidos para superação de um problema comum a todos os moradores.
• Pedagogia da participação: o Serviço Social estimula a participação dos
indivíduos na resolução dos problemas da comunidade. Sociedade
tomando para si o que o Estado não assumiu.
• Dinâmica de grupo: preocupação com os aspectos sócio-emocionais do
grupo – preocupação com a dimensão técnica
PERSPECTIVAS HISTÓRICAS SOBRE TRABALHO SOCIAL
COM FAMÍLIAS E SERVIÇO SOCIAL
• Forte influência de Mary Richmond – Serviço Social de Caso no
direcionamento do Trabalho Social com famílias – perspectiva estrutural-
funcionalista de família (Serviço Social – intervir moral e ideológica na vida das
famílias operárias)
• As ações dos assistentes sociais deveriam incidir na higiene (pessoal e
doméstica), na estrutura habitacional, respeito a propriedade, condutas
sociais e familiares, retomada de laços familiares, ajuda na aquisição de
hábitos e nas situações de “crises” associadas, em geral, aos grupos familiares
PERSPECTIVAS HISTÓRICAS SOBRE TRABALHO SOCIAL
COM FAMÍLIAS E SERVIÇO SOCIAL
• Década de 1970 – influência da teoria sistêmica: terapias familiares
para efetuar mudanças a partir da “estrutura” e dinâmica familiares
• Na perspectiva conservadora do Trabalho Social com famílias: a
família é entendida como fonte e ao mesmo tempo solução dos
problemas sociais. Família como produtora de patologias.
PERSPECTIVAS HISTÓRICAS SOBRE TRABALHO SOCIAL
COM FAMÍLIAS E SERVIÇO SOCIAL
•MIOTO (2004; 2006 Apud TEIXEIRA, 2010, p.07):
1.Concepções estereotipadas de famílias e papéis familiares, centrados na noção de família
padrão e as demais como “desestruturadas’, com expectativas das clássicas funções
alicerçadas nos papéis atribuídos por sexo e lugar nos espaços público e privado;
2.Prevalência de propostas residuais, dirigindo-se a determinados problemas, segmentados
e fragmentados da totalidade social, tomados como “desviantes”, “patológicos” e sujeitos
ao trabalho psicossocial individualizante e terapêutico, para cujo diagnóstico e solução
envolve-se a família, responsabilizada pelo fracasso na socialização, educação e cuidados
de seus membros;
3.Focalização nas famílias em situação-limite, em especial nas “mais derrotadas”, “incapazes”,
“fracassadas”, e não em situações cotidianas da vida familiar,
com ações preventivas e na oferta de serviços que deem sustentabilidade às famílias.
A FAMÍLIA NA POLÍTICA SOCIAL
• “Em relação às famílias pobres, subjacentes à lógica da assistência
social, estava a ideia de que a família é constitutiva do problema
social, e de que seus responsáveis não tinham capacidade de educar
as crianças, proteger seus membros da marginalidade, da
promiscuidade e dos vícios. São, assim, consideradas incapazes,
devido a sua debilidade, desagregação conjugal, à pobreza, dentre
outros, cabendo ao Estado, nessas situações limites, livrá-las dos
riscos, por via da institucionalização, com o afastamento do ambiente
familiar” (TEIXEIRA, 2010, p. 06)
A FAMÍLIA NA POLÍTICA SOCIAL
• Família-padrão, “normal”, nuclear-tradicional (tomada como padrão):
“eram definidas segundo a presença de um casal heterossexual e sua
prole, concepção difundida por várias disciplinas científicas, como, por
exemplo, a Psicologia e os Terapeutas Familiares, Psicanálise, dentre
outras. Para estas disciplinas, a maior parte das outras formas de
composição familiar ou era encarada como patológica, incompleta,
insuficiente, ou era simplesmente invisível” (TEIXEIRA, 2010, p. 07)
SINTETIZANDO O TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS
NUMA PERSPECTIVA CONSERVADORA
“O trabalho social com famílias dirigiu-se às chamadas famílias
“desestruturadas”, “incapazes”, trabalhando com o paradigma da patologia social
e com os recursos terapêuticos do trabalho psicossocial individualizante.

As práticas socioeducativas dirigidas aos grupos de família dos segmentos


atendidos, quando não institucionalizados ou retirados do convívio familiar, eram
desenvolvidas em uma dimensão normatizadora e disciplinadora (dimensão moral
e doméstica, geralmente dirigidas às mulheres)”. (TEIXEIRA, 2010, p. 07)
E HOJE?
1. COMO A FAMÍLIA VEM SENDO ENTENDIDA PELO SERVIÇO SOCIAL E PELA
POLÍTICA SOCIAL?
2. COMO VEM SENDO REALIZADO O TRABALHO SOCIAL COM GRUPOS E
FAMÍLIAS?
3. SUPERAMOS ESSA PERSPECTIVA CONSERVADORA DO TRABALHO SOCIAL COM
GRUPOS E FAMÍLIAS?
4. QUE ESTRATÉGIAS PODEMOS CONSTRUIR PARA O TRABALHO SOCIAL COM
GRUPOS E FAMÍLIAS OPORTUNIZAR GARANTIA DE DIREITOS, ORGANIZAÇÃO
POLÍTICA E JUSTIÇA SOCIAL?
No que se refere ao Serviço Social
- Aproximação com o marxismo: a profissão passa a se entender como partícipe da
reprodução das relações sociais (relação contraditória) e como especialização do
trabalho coletivo. Reconstrói seu objeto de estudo e trabalho, a “questão social”.

- Isso implica...
1. Na “interpretação das demandas colocadas aos assistentes sociais, a qual permite
compreendê-las não mais como problemas individuais ou familiares, mas como
expressões de necessidades humanas básicas não satisfeitas, decorrentes da
desigualdade social própria da organização capitalista” (HORST; MIOTO, 2017, p. 235).
No que se refere ao Serviço Social
2. “compreender as situações vivenciadas pelos indivíduos e suas famílias como expressões da
“questão social”, passa-se a sustentar que o enfrentamento delas, de fato, só se efetivará com a
superação do modo de produção capitalista, com a transformação das bases de produção e
reprodução das relações sociais” (HORST; MIOTO, 2017, p. 235).

- Ações profissionais pautadas na totalidade, ultrapassando a lógica instrumental e imediatista.


- Encaminhamento central das ações profissionais: concretização de direitos e da cidadania a partir
das políticas sociais.

- NESSA PERSPECTIVA... A FAMÍLIA É “lugar de materialização das expressões da questão social


e, por outro, ser ela historicamente uma instância de provisão de bem-estar” (idem)

.
A FAMÍLIA ENTENDIDA A PARTIR DA DIMENSÃO DE
TOTALIDADE...
Contradição: “se expressa exatamente no cenário conflituoso entre proteção e cuidado, e
altos índices de violência e opressão, independente do arranjo familiar”
Deslocamento da lógica dos problemas – típica da perspectiva funcional-estruturalista –
para a lógica das necessidades: “permite pautar a perspectiva da defesa dos direitos sociais
na sua universalidade, afastando-se criticamente das propostas de focalização e
mercantilização. Também permite desconstruir a ideia de família dissociada da condição
de classe e de outros eixos de desigualdades, como gênero e raça. Isso rebate
frontalmente na proposição do trabalho com famílias que se propõe a realizá-lo
centralizado na abordagem das famílias e nas suas singularidades. Ao contrário, destaca-se
o conjunto de ações que necessitam ser desenvolvidas para além das famílias, como
sujeitos singulares” (HORST; MIOTO, 2017, p. 237).
No que se refere à Política Social...
Há duas grandes tendências em disputa:
1. Proposta Familista: falência da família. Política pública de forma
compensatória e temporária diante do fracasso da família de garantir
provisões (Pluralismo de Bem-Estar). Incapacidade da família cumprir
com suas obrigações. Proposta reavivada pelo neoliberalismo, tomando
a família como instância principal de proteção social.
2. Proposta Protetiva: garantia de direitos sociais universais. Diminuição
dos encargos familiares. Socializar antecipadamente os custos
enfrentados pela família, antes que sua capacidade se esgote.
IMPLICAÇÕES DESSAS CONCEPÇÕES PARA O
TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS
-As políticas sociais vem demandando...
Que estimulemos “a autonomia, o protagonismo social, o empoderamento e outras
expressões tomadas no aspecto individual, que se constroem pelo aconselhamento individual
ou grupal, centradas na mudança da subjetividade individual ou do grupo, como forma de
libertá-lo da dependência dos benefícios sociais, de ensiná-lo a “andar com as próprias
pernas”, mediante processos profissionais que fortalecem a
autoestima, a capacidade produtiva, dando-lhe condições de empregabilidade, como se a
ausência de trabalho se devesse apenas a não capacitação ou falta de vontade, de crença
nas suas potencialidades” (TEIXEIRA, 2010, p. 12).
- São propostas conservadoras de trabalho social com famílias, incorporadas à
política social com outra linguagem
ESTRATÉGIAS PARA O TRABALHO SOCIAL COM
GRUPOS E FAMÍLIAS NUMA PERSPECTIVA CRÍTICA
- Foco nas ações socioeducativas, na perspectiva das necessidades sociais e garantia de direitos
(famílias como sujeitos de direitos)
1. Socialização de informações
2. Processo reflexivo
- Fortalecimento da autonomia e do protagonismo, compreendidos na perspectiva de
participação social e do coletivo;
- Fortalecimento do trabalho em grupo numa perspectiva organizativa (organização política – luta
por direitos);
- Envolve três níveis de ações: processos político-organizativos, processos de gestão e
planejamento e processos sócio-assistenciais
-
POR FIM...
- É necessário ultrapassar a lógica disciplinadora e de controle moral das
famílias.

- É necessário entender o trabalho com grupos de famílias como


potencializador das ações profissionais em seu caráter pedagógico de
garantia de direitos e enfrentamento das expressões da “questão social”.

Você também pode gostar