TCC Guarani X Urutu

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ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS

ACADEMIA REAL MILITAR (1810)

RODRIGO CORRÊA DAMASCENO

UTILIZAÇÃO DA VBTP GUARANI EM SUBSTITUIÇÃO À VBTP URUTU NAS


OPERAÇÕES GLO

Resende
2018
RODRIGO CORRÊA DAMASCENO

UTILIZAÇÃO DA VBTP GUARANI EM SUBSTITUIÇÃO À VBTP URUTU NAS


OPERAÇÕES GLO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Academia Militar das
Agulhas Negras como parte dos
requisitos para a Conclusão do Curso
de Bacharel em Ciências Militares, sob
a orientação do 1º Ten Cav George
Aiex Taier Rocha.

Resende
2018
RODRIGO CORRÊA DAMASCENO

UTILIZAÇÃO DA VBTP GUARANI EM SUBSTITUIÇÃO À VBTP URUTU NAS


OPERAÇÕES GLO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Academia Militar das
Agulhas Negras como parte dos
requisitos para a Conclusão do Curso
de Bacharel em Ciências Militares, sob
a orientação do 1º Ten Cav George
Aiex Taier Rocha.

COMISSÃO AVALIADORA

____________________________
GEORGE AIEX TAIER ROCHA – 1º Ten Cav
Orientador

__________________________
Avaliador

__________________________
Avaliador

Resende
2018
A Deus, entes queridos, pais, irmão e amigos que sempre foram o suporte e motivação
para enfrentar todos os desafios da formação do oficial a arma de Cavalaria do Exército
Brasileiro.
AGRADECIMENTOS

Á minha família, que esteve presente em toda a caminhada ao longo da formação,


comemorando junto os bons momentos e incentivando nos momentos ruins. Em especial,
agradeço aos meus pais por todos os conselhos e por me ensinarem a nunca desistir.
Ao Ten Taier, instrutor, orientador e amigo, por sua atenção, paciência e dedicação
durante toda a confecção do trabalho, dando contribuições primordiais para a correta
execução da pesquisa.
Aos Cap Cav Gonzales e Cap Cav Saucha pela contribuição oportuna.
Á minha amada companheira, Mariana, que hoje me ilumina e me protege do céu, pela
compreensão, alegria que sempre me proporcionou e por sempre me apoiar na realização dos
meus sonhos.
Por fim, aos meus camaradas de Cavalaria, irmãos que a Força me deu e companheiros
para qualquer momento.
6

RESUMO

DAMASCENO, Rodrigo Corrêa. Utilização da VBTP GUARANI em substituição à VBTP


URUTU nas Operações GLO. Resende: AMAN, 2018. Monografia.

A pesquisa a seguir tem o objetivo de realizar um comparativo entre a Viatura Blindada de


Transporte de Pessoal Média de Rodas (VBTP-MR) GUARANI, recentemente introduzida no
Exército Brasileiro, com a VBTP EE-11 URUTU, em utilização há mais de três décadas no
Brasil e outros países da América do Sul, no âmbito das Operações de Garantia da Lei e da
Ordem (Op GLO). Dessa maneira, foi realizada uma explanação técnica, ilustrada por fotos e
quadros comparativos visando à realização de uma conclusão na qual se pudesse afirmar qual
entre as duas viaturas seria superior nas especificações técnicas para melhor atuação em
combate no ambiente operacional já citado. Foram levantadas e analisadas as características,
possibilidades e limitações de ambas as viaturas a serem comparadas. O método utilizado foi
a pesquisa descritiva, através da pesquisa bibliográfica relacionada a dados técnicos referentes
a cada uma das viaturas e à utilização recente de ambas em operações militares. Segundo os
dados coletados, concluímos que as características da VBTP-MR GUARANI, baseado em
suas dimensões, mobilidade, proteção blindada e potência de fogo, fazem com que ela seja
superior à VBTP EE-11 URUTU. A adoção da viatura “Guarani” às fileiras do Exército é
totalmente válida, tendo em vista que representa um grande avanço no campo militar em
função de sua evolução tecnológica, maior eficiência em combate e segurança para a tropa,
mostrando-se compatível para o emprego em Operações de Garantia da Lei e da Ordem.

Palavras-chave: Operações de Garantia da Lei e da Ordem. VBTP-MR GUARANI. VBTP


EE-11 URUTU. Comparação.
7

ABSTRACT

DAMASCENO, Rodrigo Corrêa. Use of VBTP GUARANI to replace VBTP URUTU in


GLO Operations. Resende: AMAN, 2018. Monograph.

The following research has the objective of comparing the VBTP-MR GUARANI Personnel
Transport Armored Vehicle, recently introduced in the Brazilian Army, with VBTP EE-11
URUTU, in use for more than three decades in Brazil and other countries of South America,
in the context of Law and Order Assurance Operations (Op GLO). In this way, a technical
explanation was carried out, illustrated by photos and comparative tables aiming at a
conclusion where it could be affirmed which between the two vehicles would be superior in
the technical specifications for better performance in combat in the operating environment
already mentioned. The characteristics, possibilities and limitations of both vehicles were
compared and analyzed. The method used was the descriptive research, through
bibliographical research related to technical data referring to each one of the vehicles and the
recent use of both in military operations. According to the data collected, we conclude that the
characteristics of the GUARANI VBTP-MR, based on its dimensions, mobility, armored
protection and firepower, make it superior to VBTP EE-11 URUTU. The adoption of the
"Guarani" vehicle in the ranks of the Army is totally valid, considering that it represents a
great advance in the military field due to its technological evolution, greater efficiency in
combat and security for the troops, showing itself compatible for the job in Law and Order
Assurance Operations.

Key words: Law and Order Assurance Operations. VBTP-MR GUARANI. VBTP EE-11
URUTU. Comparation.
8

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 9

2 REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO........................................... 11
2.1 Revisão da literatura e antecedentes do problema ............................................ 11
2.2 Referencial metodológico e procedimentos ........................................................ 12

3 AS OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM........................... 15

4 A VBTP-MR GUARANI ..................................................................................... 19


4.1 Generalidades ........................................................................................................ 19
4.2 Dimensões e mobilidade........................................................................................ 20
4.3 Proteção blindada.................................................................................................. 23
4.4 Potência de fogo..................................................................................................... 25

5 A VBTP EE-11 URUTU....................................................................................... 28


5.1 Generalidades ........................................................................................................ 28
5.2 Dimensões e mobilidade........................................................................................ 29
5.3 Proteção blindada.................................................................................................. 30
5.4 Potência de fogo..................................................................................................... 32

6 COMPARAÇÃO DAS VIATURAS EM OPERAÇÕES GLO......................... 33


6.1 Comparação das dimensões e mobilidade........................................................... 33
6.2 Comparação da proteção blindada das viaturas................................................ 36
6.3 Comparação da Potência de fogo......................................................................... 37

7 CONCLUSÃO....................................................................................................... 39

REFERÊNCIAS.................................................................................................... 41

APÊNDICE A........................................................................................................ 44
APÊNDICE B........................................................................................................ 47
9

1 INTRODUÇÃO

Na última década, o emprego do Exército Brasileiro em operações em ambiente urbano


têm se intensificado. A ocorrência de eventos de grande vulto como a Copa do Mundo de
2014 e as Olimpíadas de 2016, bem como as limitações operacionais que as forças policiais
ainda demonstram, exigiram a presença cada vez mais constante da Força Terrestre nas
grandes cidades em prol da segurança.
Diante disso, a utilização de meios de apoio adequados, como a proteção blindada,
visando o melhor cumprimento das missões de garantia da lei e da ordem (GLO) tem uma
importância cada vez maior. Assim, o estudo da utilização das principais viaturas blindadas de
transporte de pessoal torna-se essencial, levando-se em conta sua adequabilidade ao ambiente
operacional e emprego mais apropriado em investimentos nas operações de garantia da lei e
da ordem (Op GLO), cada vez mais realizadas pelas tropas do Exército.
A presente pesquisa busca abordar o tema sob a perspectiva das operações militares e
a influência dos meios de apoio empregados nas mesmas, particularmente as viaturas
blindadas. Nesse contexto, o trabalho procura analisar as características, possibilidades e
limitações da VBTP-MR GUARANI em comparação à VBTP EE-11 URUTU, tendo em vista
a recente introdução da primeira no Exército Brasileiro, bem como as principais diferenças
notadas pelo emprego da mesma em recentes Op GLO.
O foco da pesquisa ficou delimitado nas ações de investimento dentro das operações
de garantia da lei e da ordem em ambiente urbano. Foram analisadas, especificamente, as
características necessárias para as ações de investimento em ambiente urbano, bem como as
exigências do ambiente operacional, observando, para isso, a utilização das VBTP GUARANI
e VBTP URUTU em recentes operações (Complexo do Alemão, Maré, Copa do Mundo).
Comparamos as especificações técnicas da VBTP-MR GUARANI com a VBTP EE-11
URUTU para a elaboração desse trabalho.
Para o desenvolvimento do assunto, faz-se necessário o conhecimento prévio de
alguns conceitos vistos como fundamentais. Segundo o manual C 85-1 do Exército Brasileiro,
as operações de garantia da lei e da ordem são definidas da seguinte maneira:
Operações militares conduzidas pelas Forças Armadas, por decisão do Presidente da
República, de forma episódica, em área previamente estabelecida e por tempo
limitado, com o propósito de assegurar o pleno funcionamento do estado
democrático de direito, da paz social e da ordem pública. (BRASIL, 2010, p. 2-2)

Segundo o mesmo manual citado acima, fica definido também o conceito de


investimento:
10

É a entrada de grupos especiais na área conturbada para conquistar os acidentes


capitais que permitam o controle da área, neutralizar grupos armados e capturar
líderes. A posse dos objetivos cria as condições de segurança e controle necessários
ao desencadeamento das demais ações. O investimento pode ser realizado durante
ou logo após o cerco e requer o emprego de tropas altamente especializadas. A ação
pode contar com a utilização de meios aeromóveis e meios blindados para a
infiltração. (BRASIL, 2010, p. 6-6)

A presente monografia está estruturada da seguinte maneira:


No próximo capítulo será abordada a revisão da literatura a respeito do assunto, que
reúne informações contidas em manuais do Exército Brasileiro, cadernos de instrução e sites
especializados, todos de suma importância para a compreensão do assunto. Em seguida, será
apresentado o referencial metodológico, que tratará da definição do problema, da hipótese,
dos objetivos gerais do estudo bem como dos procedimentos de pesquisa adotados.
No terceiro capítulo, serão apresentadas as Operações de Garantia da Lei e da Ordem
(Op GLO), onde serão abordadas as principais características desses tipos específicos de
operações bem como suas peculiaridades.
No quarto capítulo, serão apresentados os elementos estudados sobre a VBTP Guarani,
que estão divididos em subcapítulos que versam sobre: dimensões e mobilidade, proteção
blindada e, por fim, potência de fogo.
No quinto capítulo, serão apresentados os elementos estudados sobre a VBTP Urutu,
que estão divididos em subcapítulos que versam sobre: dimensões e mobilidade, proteção
blindada e potência de fogo.
No sexto capítulo, será realizada uma análise comparativa com os resultados obtidos
no terceiro e quarto capítulos.
No sétimo e último capítulo, será realizada uma conclusão, retomando os objetivos da
pesquisa, com a intenção de verificar se foram plenamente alcançados e, então, a hipótese
apresentada será corroborada ou refutada.
Por último, serão apresentadas as referências desse trabalho.
11

2 REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO

O trabalho com o tema de pesquisa “Utilização da VBTP GUARANI em substituição


à VBTP URUTU nas Operações GLO” está disposto na grande área Defesa/Ciências
Militares, na área 1 “Doutrina e Operações Militares” na subárea 1.1.45 “TTP para a
Plataforma GUARANI” das áreas de concentração da AMAN.

2.1 Revisão da literatura e antecedentes do problema

Atualmente, com a implantação dos Batalhões de Infantaria Mecanizados na doutrina


do Exército e tendo em vista a crescente utilização das Forças Armadas em operações de
pacificação em conjunto com as Forças Auxiliares, surgiu a necessidade de uma viatura de
transporte de pessoal que se adequasse as características do novo combate. Alinhado a isso,
está o pensamento militar da Força Terrestre, conforme disposto no manual de campanha
EB70-MC-10.223 Operações:
[...] as forças militares devem realizar suas ações com relativa proteção blindada e
acurada precisão. Devem dispor de capacidades específicas, ser dotadas de meios
com alta tecnologia agregada, de armas de letalidade seletiva e que permitam uma
rápida e precisa avaliação de danos, combinados com meios de inteligência,
reconhecimento, vigilância e aquisição de alvos (IRVA). (BRASIL, 2017, p. 2-3).

A partir da criação da Estratégia de Defesa Nacional (END/2008) pelo Ministério da


Defesa, que busca a reestruturação das Forças Armadas e a reorganização da indústria
nacional de Defesa, entre outros objetivos, o Exército lançou sua estratégia de transformação
da Força denominada Estratégia BRAÇO FORTE (EBF/2009), constituída por dois planos:
Articulação e Equipamento (PROFORÇA, 2013, p. 03). Dentro desses planos foram criados
diversos projetos, sendo criado, dessa forma, o Projeto Guarani.
Desse projeto de criação de uma nova família de blindados, “[...] o Exército Brasileiro
desenvolveu, em parceria com o consórcio italiano Iveco-Fiat, uma nova viatura blindada, a
Viatura Blindada de Transporte de Pessoal Média sobre Rodas – GUARANI (VBTP-MR).”
(SÁ, 2012, p. 29)
Diante disso, equipados com VBTP-MR GUARANI, as tropas blindadas estão aptas a
participar de ações nas Operações de Garantia da Lei e da Ordem (Op GLO), que antes a eram
executadas com limitações.
12

Pode-se afirmar também que a utilização de blindados em Op GLO está previsto na


doutrina do Exército Brasileiro, visto que segundo o manual de campanha C 85-1 Operações
de Garantia da Lei e da Ordem, “os blindados serão amplamente empregados nas operações
de GLO devido ao seu poder dissuasório e a proteção blindada que conferem à tropa”.
(BRASIL, 2010, p. 6-8).

2.2 Referencial metodológico e procedimentos

Nesta seção, será apresentado o problema formulado para a pesquisa, as hipóteses


levantadas e os objetivos gerais do TCC. Serão definidos, também, os parâmetros e os passos
da pesquisa bibliográfica e documental sobre o tema, isto é, serão relacionados à forma como
os dados foram coletados, indicando o processo desenvolvido desde a seleção até a confecção
e execução dos instrumentos de pesquisa.
A VBTP EE-11 URUTU é viatura utilizada pelo Exército Brasileiro há mais de 40
anos. Apesar de ter sido uma viatura de relativo sucesso, tendo sido utilizada também por
diversos países da América do Sul e do Oriente Médio, foi desenvolvida de maneira a
adequar-se ao ambiente operacional do século passado. No cenário atual, segundo o Manual
de Operações:
Os conflitos têm demonstrado a predominância de combates em terrenos
humanizados (urbanos ou rurais). Deve-se considerar, também, que haverá atores
agindo em espaços que vão além do campo de batalha.
Em uma perspectiva mais ampla, as ameaças concretas deverão vir associadas à
proliferação de tecnologias (incluindo as relacionadas a armas e agentes de
destruição em massa), ao terrorismo internacional, ao narcotráfico e à migração
massiva. Por outro lado, como ameaças potenciais que podem servir de pretexto para
legitimação de ações bélicas, devem ser considerados possíveis contenciosos
relacionados às questões ambientais, às populações nativas e aos recursos naturais.
A opinião pública, tanto nacional quanto internacional, está menos propensa
a aceitar o emprego da força para a solução de antagonismos entre Estados e entre
estes e atores não estatais. Além disso, a presença constante da mídia e a valorização
de questões humanitárias têm sido aspectos a serem considerados no ambiente
operacional. (BRASIL, 2017, p. 2-3)

Para o emprego das tropas mecanizadas em ambientes urbanos, os fatores de decisão


terreno, população e peculiaridades devem ser cuidadosamente analisados. Esse ambiente se
caracteriza por possuir campos de observação e tiro reduzidos, predominância de ângulos
mortos, vias de acesso por vezes estreitas (becos e acessos) e acidentes capitais caracterizados
pelas edificações que dominam as vias de acesso, que facilitam ameaças multidirecionais
como arremesso de objetos de cima, descentralização das operações e dificuldade de
comunicações.
13

Dessa maneira, a VBTP GUARANI deve atender às necessidades do emprego de uma


tropa no ambiente urbano. Suas dimensões devem permitir a progressão e manobra em ruas
estreitas, características de localidades com grande concentração populacional. Sua blindagem
deve proporcionar proteção blindada contra fogos de forças adversas. Os sistemas de
comunicações devem ligar de forma eficiente diversas frações, tendo em vista a
descentralização das frações. Por fim, a VBTP, como um todo, deve ser capaz de transpor
obstáculos tanto horizontais, como verticais.
Com isso, surge a seguinte problemática: está a VBTP GUARANI apta a ser
empregada nas Operações de Garantia da Lei e da Ordem em ambiente urbano pelas tropas
blindadas?
A pesquisa está vinculada à premissa de que, frente à complexidade e inúmeras
limitações que as Op GLO em ambiente urbano oferecem, a VBTP GUARANI se mostra um
eficiente material de emprego pelas tropas blindadas. A intenção é mostrar que, frente ao
avanço tecnológico do combate moderno, a substituição das VBTP URUTU se fez, de
maneira geral, vantajosa e oportuna tendo em vista a maior proteção, flexibilidade e
tecnologia embarcada da nova VBTP.
Podem-se enunciar as hipóteses de investigação da seguinte maneira:
a) A complexidade e limitações do ambiente urbano exigem o emprego de uma
VBTP flexível, moderna e de proteção eficiente;
b) O uso da VBTP GUARANI se mostra mais vantajoso e eficiente no que tange as
Op GLO em ambiente urbano quando comparada à VBTP URUTU.
O objetivo geral deste TCC será observar a compatibilidade do emprego da VBTP
GUARANI em apoio às tropas blindadas para as Op GLO em ambiente urbano, bem como
apresentar as vantagens e desvantagens de sua utilização em substituição à VBTP URUTU.
Serão observados os seguintes objetivos específicos: explicar em que consistem as Op
GLO; apresentar as características, possibilidades e limitações das VBTP GUARANI e
URUTU, analisando, principalmente, suas dimensões, mobilidade, proteção blindada e poder
de fogo; comparar as VBTP GUARANI e URUTU observando qual apresenta melhor aptidão
para o emprego nas Op GLO em ambiente urbano.
Para a confecção do trabalho, foi realizada uma pesquisa exploratória, de natureza
bibliográfica e documental, sendo as principais fontes: o Manual Técnico da Viatura Blindada
de Transporte de Pessoal VBTP-MR 6x6 “Guarani” Uso e Manutenção em 1º Escalão,
Manual MD33-M-10 Garantia da Lei e da Ordem, Manual de Campanha EB70-MC-10.223
14

Operações, além de notas de aula do Curso de Cavalaria da AMAN e de diversos artigos a


respeito do assunto retirados do sítio eletrônico DefesaNet.
A fim de aprofundar os conhecimentos, foi enviado, também, um questionário á
respeito do assunto para militares do Centro de Instrução de Blindados, localizado na cidade
de Santa Maria-RS.
15

3 AS OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM

Antes de abordamos o ambiente operacional, há a necessidade de definir o que são as


Operações de Garantia da Lei e da Ordem (Op GLO). Segundo o manual C 85-1, as Op GLO
são definidas da seguinte maneira:
Operações militares conduzidas pelas Forças Armadas, por decisão do Presidente da
República, de forma episódica, em área previamente estabelecida e por tempo
limitado, com o propósito de assegurar o pleno funcionamento do estado
democrático de direito, da paz social e da ordem pública. (BRASIL, 2010, p. 2-2).

Figura 1: Operação de Garantia da Lei e da Ordem

Fonte: GABINO, 2017

A realidade encontrada nesse tipo de operação é muito diferente da guerra


convencional. Os largos campos de batalha, localizados longe dos grandes centros urbanos,
com grandes espaços para o desdobramento das tropas, deu lugar às comunidades dentro das
próprias cidades, com ruas estreitas, casas, prédios e moradores que seguem suas atividades
diárias normalmente, de forma simultânea à execução das operações.
De acordo com o Manual de Operações EB70-MC-10.223, essas áreas “são aquelas
em que estão inseridos elementos distintos que se inter-relacionam de forma intensa, tais
como: população, infraestruturas, terreno, meios de comunicação de massa.” (BRASIL, 2017,
p 4-12).
Com essas informações, podemos elencar alguns fatores que não podem ser
negligenciados para que as operações tenham êxito. Dentre eles, destacamos a preocupação
16

com a opinião pública e o conhecimento e adequação da tropa ás peculiaridades do ambiente


operacional no qual atuam.
A opinião publica é influenciada, principalmente, pela ampla cobertura da mídia,
característica muito comum nesse tipo de operação. Estes meios de comunicação social serão
responsáveis em retransmitir à população todas as ações executadas pelo Exército Brasileiro e
pelas Forças Armadas. Dessa maneira, é fundamental que as tropas busquem sempre o apoio
da população, demonstrando sempre atitudes que justifiquem o emprego da instituição no
local de atuação e deixem explícita a melhoria na qualidade de vida de moradores locais,
conforme prevê o manual de Garantia da Lei e da Ordem MD33-M-10:
A Comunicação Social também terá os propósitos de, por meio da transparência e do
esclarecimento, buscar o apoio da população às Op GLO, e preservar a imagem das
instituições da Defesa Nacional, incluindo as Forças Armadas. (BRASIL, 2014, p.
27).

O apoio populacional é de suma importância para o prosseguimento das operações


pelo Exército, pois, além de não oferecerem resistência às tropas amigas, também podem
atuar na colaboração e fornecimento de informações à respeito das Forças Adversas. “Os
comandantes envolvidos na operação, em todos os níveis, devem ter sempre em mente que o
sucesso de sua operação depende da conquista e/ou manutenção do apoio da população.”
(BRASIL, 2010, p. 4-4).
Por isso, a tropa deve estar apta a ser empregada em ambiente urbano, principal área
de atuação nas Op GLO, pois, como dito, tal região possui características bem peculiares em
relação ao ambiente operacional de um combate convencional. Segundo o Manual de
Operações, a população e construções conferem às operações de combate urbano as seguintes
características:
a) canalização do movimento;
b) dificuldade de prover apoio mútuo;
c) ações táticas descentralizadas e executadas por pequenas frações;
d) predomínio do combate aproximado;
e) dificuldade de localizar e identificar o inimigo;
f) preocupação com efeitos colaterais;
g) menor velocidade nas operações;
h) observação e campos de tiro reduzido;
i) maior necessidade de segurança em todas as direções;
j) importância do apoio da população; e
k) dificuldade de comando e controle. (BRASIL, 2017, p. 4-13)
17

Figura 2: O Ambiente Operacional em Op GLO

Fonte: http://crimesnewsrj.blogspot.com.br/2016/08/tiros-pra-dentro-do-caju.html

A existência de muitos ângulos mortos, vielas estreitas e presença de habitantes locais


exigem um constante e intenso adestramento das tropas, além do apoio dos melhores tipos de
materiais, de maneira que os militares que estejam atuando no ambiente sejam menos
suscetíveis às baixas ou que um alvo errado seja atingido, prejudicando, assim, a imagem do
Exército Brasileiro.

Figura 3: Atuação de tropas nas comunidades

Fonte: COSTA, 2014


18

Diante dessas características, as tropas que estiverem sendo empregadas nas Op GLO
devem ser capazes de executar as seguintes ações:
a) assegurar o funcionamento dos serviços essenciais sob a responsabilidade do
órgão paralisado;
b) controlar vias de circulação;
c) desocupar ou proteger as instalações de infraestrutura crítica, garantindo o seu
funcionamento;
d) garantir a segurança de autoridades e de comboios;
e) garantir o direito de ir e vir da população;
f) impedir a ocupação de instalações de serviços essenciais;
g) impedir o bloqueio de vias vitais para a circulação de pessoas e cargas;
h) permitir a realização de pleitos eleitorais;
i) prestar apoio logístico aos OSP ou outras agências;
j) proteger locais de votação;
k) realizar a busca e apreensão de armas, explosivos etc; e
l) realizar policiamento ostensivo, estabelecendo patrulhamento a pé e motorizado.
(BRASIL, 2014, p. 28)

Após levados em consideração todos esses fatores, irá se desenvolver o planejamento


para a melhor execução das Operações de Garantia da Lei e da Ordem. Isso reforça a idéia de
complexidade na qual estão inseridas esses tipos de operações, além da necessidade de
emprego de materiais de última geração pelas tropas para o melhor cumprimento de missão.
19

4 A VBTP-MR GUARANI

4.1 Generalidades:

O Projeto Estratégico GUARANI foi incluído no Escritório de Projetos do Exército


Brasileiro (EPEx) com o objetivo de “ transformar as Organizações Militares de Infantaria
Motorizada em Mecanizada e modernizar as Organizações Militares de Cavalaria
Mecanizada.” (DEFESANET, 2014). Para isso, buscou-se desenvolver uma nova família de
blindados de rodas, capazes de substituir os blindados EE-9 CASCAVEL e EE-11 URUTU,
em utilização pelo Exército desde o século passado.
O projeto fundamenta-se na necessidade de acompanhar o desenvolvimento
tecnológico bélico mundial, oferecendo às tropas meios com características essenciais ao
combate das novas ameaças, bem como nivelar ou até mesmo apresentar vantagens em
relação a outras VBTP da América do Sul e do resto do mundo.
Tem por base, também, a atual conjuntura de combate, que se distancia da forma
convencional e ocorre cada vez mais em áreas urbanas, onde são empregadas técnicas, táticas
e procedimentos de guerra irregular e existe uma grande dificuldade de identificação do
inimigo, tornando essencial que a guarnição da VBTP não se exponha de maneira
desnecessária. Percebeu-se, então, a necessidade de um VBTP com maior proteção blindada,
equipamentos de visão noturna e de comunicações desenvolvidos, além de um armamento
remotamente controlado. Segundo Martins (2013):
O Guarani está equipado com uma blindagem leve, capaz de proteger ele contra
disparos de todos os tipos de projéteis em calibre 7,62x51 mm (inclusive perfurantes
de blindagem) e fragmentos de granadas. Seu assoalho foi projetado com forma em
“V” para dissipar detonações de minas terrestres e IEDs (explosivos improvisados)
que já causaram centenas de morte e muita destruição em blindados convencionais
no Iraque e Afeganistão. (MARTINS, 2013)
20

Figura 4: Apresentação da VBTP-MR GUARANI

Fonte: http://www.defesanet.com.br/guarani/noticia/12818/DNTV---Guarani-Walkaround/

A VBTP-MR GUARANI tem sido muito importante como meio de dissuasão nos
conflitos atuais, já tendo participado com sucesso de diversas operações:
Além de servirem ao adestramento de tropas e a exercícios militares, as viaturas já
protagonizaram importantes missões. “A VBTP-MR 6x6 foi empregada com
sucesso na Operação Maré e nos Jogos Olímpicos 2016, ambos no Rio de Janeiro”,
lembrou o General de Brigada Ramires. (BARRETTO, 2017).

4.2 Dimensões e mobilidade:

O estudo sobre a VBTP-MR GUARANI começa com uma análise de dados referentes
a suas dimensões e mobilidade extraídos do Manual Técnico 2355-005-12 Viatura Blindada
de Transporte de Pessoal 6x6 Guarani – Descrição e Operação. O estudo desses dados se faz
necessário devido às características do ambiente o qual está limitada a pesquisa (ambiente
urbano), caracterizado por ruas estreitas e vielas, além da presença constante de obstáculos.
Dessa maneira, é fundamental considerar características como autonomia, velocidade
máxima, degrau máximo transponível, fosso máximo transponível, ângulo máximo de entrada
e saída, entre outros dados.
21

Figura 5: Dimensões do Guarani.

Fonte: http://circulotrubia.blogspot.com.br/2009/12/firmado-el-vbtp-mr.html

Analisando a imagem acima, obtêm-se as seguintes informações a respeito das


dimensões da viatura:
- comprimento Total: 7022 mm (7 metros e 2 centímetros);
- altura (sem torreta): 2430 mm (2 metros e 43 centímetros);
- largura: 2700 mm (2 metros e 70 centímetros); e
- bitola: 2260 mm (2 metros e 26 centímetros).
Conclui-se, assim, que a VBTP-MR GUARANI é uma viatura grande, exigindo que
pontes possuam no mínimo 2260 mm de largura para que possam ser transpostas e que as ruas
possuam no mínimo 2700 mm de largura para que a viatura possa passar. Além disso, é capaz
de passar em locais que possuem no mínimo 2430 mm de altura (limite superior).
No tocante à mobilidade, foram levantados dados técnicos que são de suma
importância para o planejamento de missões, tendo em vista que eles expõem a capacidade de
transposição de obstáculos da viatura, a velocidade máxima que alcança, a inclinação máxima
transversal e longitudinal que a viatura atinge, entre outros aspectos. Analisando o Manual
Técnico 2355-005-12 podem-se extrair os seguintes dados:
- guarnição: 11 militares;
- velocidade máxima em solo: 95 km/h;
- velocidade máxima na água: 9 km/h;
- autonomia: 600 km;
- rampa longitudinal máxima: 60%;
- rampa transversal máxima: 30%;
22

- degrau vertical: 0,5 m;


- transposição de fosso: 1,3 m;
- ângulo de entrada: 45º;
- ângulo de saída: 41º;
- peso: 14,5 ton (17,5 ton quando preparada para operação anfíbia).
O Guarani possui, também, um motor FPT Cursor 9 F2C, que lhe garante uma
potência de 383 cv, podendo funcionar com querosene de aviação ou com diesel. Já em
relação à sua capacidade anfíbia, é capaz de navegar em uma correnteza de até 5,4 km/h.
Outra vantagem que pode ser observada no Guarani, quando se fala em mobilidade, é
da preocupação que houve no projeto em proporcionar segurança ao motorista,
principalmente quando empregado em operações. Nessas situações, o motorista é capaz de
realizar manobras com a viatura estando escotilhado, sem que tenha para isso, grandes
prejuízos na sua visibilidade, conforme explica Grande (2014), no artigo “Impressões ao
dirigir: VBTP Guarani” para o sítio eletrônico Quatro Rodas:
Com a escotilha fechada, não há para-brisa. No lugar, o motorista conta com três
periscópios com campo de visão de 46 graus (horizontal) e 20 graus (vertical),
aproximadamente. E duas câmeras de vídeo (uma dianteira e outra traseira).
(GRANDE, 2014).

O Guarani possui, também, um sistema de controle da pressão dos pneus, o CTIS


(Central Tyre Inflation System), que possibilita ao motorista ajustar a pressão dos pneus da
viatura mesmo estando em movimento. Segundo o Manual de Descrição e Operação da
Viatura:
Utilizando este sistema, a VBTP-MR pode ser operada com a pressão dos pneus
adequada para a velocidade, a condição do percurso a ser percorrido e a carga a ser
transportada. O sistema é centralizado e controlado eletricamente a partir do posto
do motorista, o qual permite o ajuste da pressão dos pneus em quatro níveis
diferentes, dependendo do tipo de terreno: estrada pavimentada, off-road, terra
inconsistente (areia, lama) e emergência (em condições de aderência muito baixa).
(BRASIL, 2015, p. 68).

Algumas vantagens que podem ser observadas pelo uso do CTIS são:
• Aumento da mobilidade do veículo;
• Custos reduzidos na operação do veículo (substituição de pneus e as despesas de
reparação, etc.);
• Seleção da pressão ideal;
• Melhoria da dirigibilidade do veículo;
• Redução da fadiga do condutor; (BRASIL, 2015, p. 69).

A VBTP também é “dotada de sofisticada tecnologia e de novos conceitos que lhe


conferem modernidade, segurança e eficiência, virtudes indispensáveis no campo de batalha
23

moderno, assimétrico e imprevisível.” (DEFESANET, 2014). Dentre algumas características


que comprovam isso estão: a existência de ar condicionado; visão noturna; baixa assinatura
térmica e radar; filtros contra armas químicas, biológicas e nucleares e; capacidade de
navegação por GPS.

4.3 Proteção Blindada:

O estudo da blindagem é muito importante, tendo em vista que expõe a capacidade da


viatura ser atingida por projéteis e estilhaços de diferentes calibres, em diferentes distâncias,
sem que estes adentrem a parte interna do veículo, causando danos materiais e,
principalmente, danos na guarnição.

Figura 6: Blindagem da VBTP-MR GUARANI

Fonte: http://www.defesanet.com.br/guarani/noticia/14684/Guarani---Novas-capacidade-com-Protecao/

O Guarani possui uma blindagem básica em aço balístico homogêneo, revestida


internamente com o material “Spall Liner” (proteção contra estilhaço), que lhe confere, na
medida padronizada pela OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), blindagem
nível 3 STANAG (Stadardization Agreement – Acordo de Normatização OTAN) 4569
(referente à blindagem) contra munição cinética, isto é, proteção blindada eficaz contra
munição 7,62 mm perfurante a distância de 30 metros e proteção nível 2 contra estilhaços de
munição 155 mm a 80 metros.
24

Além disso, o Guarani é revestido externamente por proteção nível 2 (STANAG 4569)
contra minas de até 6 kg (seis quilogramas) de trotil sob qualquer roda ou sob o açoalho.

No período de 17 a 20 de maio de 2011, o Centro de Avaliações do Exército (CAEx)


acompanhou testes anti-minas executados pela empresa IBD na VBTP-MR GUARANI, no
campo de provas da empresa TDW, localizado na cidade de Schrobenhausen, na Alemanha.
Na ocasião, foram utilizados 6 kg de explosivo do tipo trinitrotolueno (TNT).

Os efeitos das explosões na tripulação e guarnição da viatura blindada foram


medidos, por meio de manequins padronizados, de acordo com requisitos
estabelecidos em normas internacionais, que simulam as dimensões, as proporções
de peso e articulação do corpo humano (dummies). Os manequins foram
devidamente fardados e equipados com capacete e colete à prova de balas, conforme
situação de combate a ser enfrentado pelos ocupantes do Guarani. O teste evidenciou
que a viatura possui elevada capacidade de proteção à integridade física da
guarnição embarcada contra ameaça anti-minas. (DEFESANET, 2011).

Figura 7: Teste anti-minas na VBTP-MR GUARANI

Fonte: http://www.defesanet.com.br/guarani/noticia/5626/BLINDADOS---Guarani-realiza-testes-antiminas/

Vale ressaltar que existe a possibilidade de instalação de blindagem adicional externa,


que potencializa a proteção da viatura. Essa blindagem oferece uma proteção contra munição
14,5 mm Armour Piercing Incendiary (Munição Incendiária), disparados com elevação de 0º
a 200 m da viatura (BRASIL, 2014).
25

4.4 Potência de Fogo:

No que diz respeito ao poder de fogo, a VBTP-MR GUARANI é capaz de receber três
versões de torres, sendo eles: o Canhão Automático 30x173 mm (UT30BR-Elbit), o Reparo
Automatizado de Metralhadora (REMAX-CTEx) e o Reparo Manual de Metralhadora 12,7
mm ou 7,62 mm (MR550-PLATT). Na presente pesquisa, serão abordadas com maiores
detalhes as torres REMAX-CTEx e MR550-PLATT, tendo em vista que estas são as torres de
maior utilização pelo Exército Brasileiro.
O Reparo Manual de Metralhadora, de origem australiana, MR550-PLATT, tem a
capacidade de suportar quatro tipos de armamentos. São eles:
- M2HB/QCB 12,7 mm (.50) HMG;
- LAG40 40mm AGL (lançador de granadas);
- MAG-58/M240 7,62 mm GPMG; e
- Minimi/M249 5,556 mm LMG. (MEDEIROS, 2016, p. 28)

Figura 8: Torre MR550-PLATT

Fonte: CAIAFA, 2016

“Essa torre é equipada com uma cúpula de proteção com complemento balístico
padrão OTAN STANAG 4569 nível 1, ou seja, suporta impactos de calibre até 7,62 mm x 51
ball a 30 metros de distância”. (MEDEIROS, 2016, p. 27). Sua janela balística apresenta o
mesmo nível de proteção, proporcionando ao atirador a possibilidade de realizar uma melhor
26

observação da região, sem abrir mão de sua segurança. Com esse tipo de reparo, é possível
realizar a pontaria em 360º na horizontal, e de -35º a +60º na vertical.
O Reparo Automatizado de Metralhadora, REMAX-CTEx, é uma estação de armas
remotamente controlada e de giro estabilizado que possui configuração para utilizar as
metralhadoras MAG 7,62mm ou M2HB-QCB.50.

Figura 9: Reparo Automatizado de Metralhadora, REMAX-CTEx

Fonte: OLIVEIRA, 2017

Essa torre foi desenvolvida com materiais de última geração, agregando um grande
salto tecnológico relativo ao emprego de tropas mecanizadas em operações atualmente.
Dentre suas características, podemos citar:
Seu Sistema de Emprego (SE) possui um peso de 210 kg (sem armamento e
munição), azimute de 360°; capacidade de 100 munições de 12,7mm (.50) ou de 200
munições de 7,62mm; ângulos de elevação de -20° e + 60°; velocidade de elevação e
azimute de 45° por segundo; possui como funções de sua câmera diurna e termal o
campo de visão estreito, campo de visão largo e “zoom” óptico e ainda o telêmetro
laser (LRF) classe 1, com distância de utilização de 30m a 5000m, podendo ser
operado no modo manual, modo potência, modo estabilização e modo observação.
(OLIVEIRA, 2017).

Este equipamento possui uma grande flexibilidade funcional, podendo ser empregado
não somente como apoio de fogo, mas também como um excelente meio de observação e
detecção, principalmente em operações de reconhecimento. Seu moderno módulo optrônico,
27

que possui câmera diurna e termal, permite a detecção de alvos a até 5000 metros de
distância, usufruindo de um “zoom” de 26 vezes de magnitude. Pode, ainda, determinar com
precisão a posição inimiga através do uso de seu telêmetro laser. Inseridos em um pelotão de
Cavalaria Mecanizada, por exemplo, essas características, quando em conjunto, oferecerem
enormes vantagens no levantamento de Elementos Essenciais de Inteligência (EEI), além de
facilitar a detecção de alvos para elementos de apoio de fogo.
Quando empregada em localidades, essas características se tornam ainda mais
benéficas, tendo em vista que “uma VBTP possuidora deste reparo poderá não somente
oferecer sua proteção blindada, mas sim um grande meio de obtenção de alvos
compensadores e de execução de fogos com extrema precisão.” (OLIVEIRA, 2017).
Destaca-se, nesse sistema, a segurança proporcionada ao atirador, que controla todos
os armamentos remotamente do interior da viatura, o que configura uma grande evolução na
maneira de combater do Exército, principalmente diante do cenário atual de operações.
O atirador permanece no interior de uma célula de sobrevivência, podendo, assim,
diminuir em muito seu nível de stress de combate, selecionando e abatendo alvos
com muito mais precisão, diminuindo o gasto de munição, aumentando de maneira
excepcional a proteção ao atirador e reduzindo o risco de fratricídio e danos
colaterais. (OLIVEIRA, 2017).

Um grande aspecto a ser destacado é o cálculo de compensação balístico oferecido por


meio de seu programa já instalado, que apresenta diversas funções que irão auxiliar na
execução do tiro, como por exemplo, sensores de temperatura do ar, de velocidade do vento e
de velocidade do alvo, entre outros.
Pode-se afirmar, ainda, que diferente de outras plataformas, na REMAX existiu um
grande investimento tecnológico em segurança, fornecendo funcionalidades adequadas ao
ambiente operacional atual e primordiais para um melhor cumprimento de missão.
O subsistema de segurança, denominado de Zona de Inibição de Tiro, previne que a
estação realize disparos na própria viatura, e até mesmo na tropa, enquanto esta
realiza a proteção aproximada da viatura.
Possui, ainda, o modo observação, no qual o sistema de armas é desabilitado, mas
seu módulo optrônico continua ativo, podendo ser empregado em uma situação em
que o pelotão esteja inserido como uma Força-Tarefa (FT) em ambiente urbano e a
presença de civis não combatentes seja um risco ao sucesso da operação. Essa
ferramenta mostra-se extremamente útil para o emprego do Pel C Mec, também, em
Operações de Garantia da Lei e da Ordem. (OLIVEIRA, 2017).
28

5 A VBTP EE-11 URUTU

5.1 Generalidades:

A Viatura Blindada de Transporte de Pessoal EE-11 URUTU foi escolhida para esta
comparação em razão dela estar sendo substituída pela VBTP-MR GUARANI, assim como
para verificar se realmente houve um progresso combativo com o novo projeto de blindados.
Além disso, obtém-se muitas informações a respeito dessa viatura, visto que também é
utilizada por vários países da América do Sul, além do Brasil.
Seu desenvolvimento teve início na década de 60, juntamente com a Viatura Blindada
de Reconhecimento EE-9 CASCAVEL, ambas produzidas pela empresa ENGESA. Sua
produção foi voltada, inicialmente, para atender as demandas do Exército Brasileiro, porém,
posteriormente foi exportado para outros países, como: Bolívia, Chile, Colômbia, Chipre,
Equador, Gabão, Iraque, Líbia, Marrocos, Uruguai e Venezuela.

Figura 10: Apresentação da VBTP EE-11 URUTU

Fonte: MARTINS, 2013.

Ao todo, foram produzidas cerca de 1500 unidades até 1990, quando a empresa
ENGESA interrompeu a fabricação, sendo quase metade adquirida pelo Exército Brasileiro e
pela Marinha do Brasil, e o resto sendo exportado para os países já citados.
Pode-se afirmar que, por estar presente em tantos países, “a viatura foi testada em
diversos conflitos, tais como a Guerra Civil na Colômbia, Guerra Irã Iraque, Invasão do
29

Kuwait, Guerra do Golfo, Guerra Civil da Líbia e MINUSTAH (Missão de paz no Haiti)”.
(MEDEIROS, 2016, p. 30).

5.2 Dimensões e mobilidade:

Assim como feito com a VBTP-MR GUARANI, foram levantados dados a respeito da
mobilidade, possibilidades e limitações, bem como informações referentes às dimensões da
VBTP EE-11 URUTU. Esses dados, extraídos do Manual de Operações do Urutu, servirão
como fins de comparação posteriormente.

Figura 11: Dimensões da VBTP EE-11 URUTU

Fonte: Nota de aula da AMAN, 2016

Analisando a imagem acima, são verificados os seguintes dados:


- comprimento total: 6 metros
- largura total: 2,59 metros
- altura: 2,72 metros
Com essas informações, conclui-se que a VBTP é apta a transitar em ruas com até
2,59 metros de largura e com limites de até 2,72 metros de altura (2,12 m se estiver sem
torreta), apresentado, dessa maneira, medidas compatíveis com o ambiente operacional
urbano. Quanto à bitola, a do Urutu é de 2,10 metros, podendo, assim, ultrapassar pontes com
no mínimo essa medida.
Foram extraídos os seguintes dados técnicos do Manual de Operações da ENGESA:
- guarnição: 11 homens (1 motorista + 1 atirador + 1 GC);
30

- velocidade Máxima em terra: 95 km/h;


- velocidade Máxima na água: 2 km/h;
- autonomia: 600 km em terra e 60 km na água;
- rampa longitudinal máxima: 65%;
- rampa transversal máxima: 30%;
- degrau vertical: 0,6 m;
- transposição de fosso: Não Ultrapassa; e
- peso: 11 ton (13 ton quando aprestada para o combate).
Quanto à sua capacidade anfíbia, observa-se que possui uma autonomia máxima de 60
km e é capaz de navegar em correntezas de até 2 km/h.
Destaca-se o Sistema Boomerang, criado pela empresa ENGESA em 1969, que
consiste em um sistema de tração dupla traseira, possibilitando a tração 6x4 e 6x6. O Eixo
Boomerang permite que as rodas traseiras estejam sempre em contato com solo e que a
viatura tenha bons rendimentos mesmo em terrenos pedregosos e bastante acidentados.
Em vez dos dois eixos traseiros suportados por feixes de molas dos sistemas
tradicionais, o Boomerang exigia apenas um eixo de tração nas pontas do qual eram
montadas duas caixas de engrenagens (cujo formato lembra os bumerangues
australianos), cada uma delas distribuindo os movimentos para duas rodas. Eram
essas mesmas caixas de engrenagens, independentes entre si e com enorme
amplitude de variação do ângulo com o solo, que garantiam o contato das rodas
traseiras com pisos irregulares e desagregados. (SCHARINGER, 2014).

Em relação ao embarque e desembarque das tropas, a VBTP EE-11 URUTU possui


apenas uma porta traseira, ao invés de uma rampa. Essa estrutura aumenta drasticamente o
tempo de embarque e desembarque pela tripulação, o que gera, muitas vezes, um período
indesejável de exposição à fogos inimigos sem a devida proteção blindada oferecida pela
viatura.
Apesar de ter passado por vários projetos de repotencialização, segundo o manual de
operações do Urutu, a viatura possui um motor original a diesel Mercedes Benz OM 352A 6
cilindros em linha, turbo alimentado, que lhe conferem uma potência de 156 cv.

5.3 Proteção Blindada

A blindagem que compõe o chassi da VBTP EE-11 URUTU consiste em uma Chapa
Bimetálica de 8 mm, desenvolvida pela própria ENGESA. A parte externa da blindagem é
composta por um metal mais rígido que possa impedir a penetração de projéteis. Já a parte
31

interna, possui um metal menos rígido, evitando o estilhaçamento e protegendo, assim, a


guarnição da viatura.
Os resultados dessa blindagem se mostraram satisfatórios contra projéteis de armas
portáteis e estilhaços de artilharia. A viatura é capaz de oferecer proteção contra projétil
perfurante 7,62 mm à 100 m de distância e contra projétil comum 7,62 mm à 50 m de
distância, ambas disparadas em um ângulo de 90º.
Porém, foi verificado que a VBTP EE-11 URUTU não possui os seguintes
componentes:
- Proteção anti-minas (muito importante para a proteção da guarnição nos conflitos
assimétricos atuais);
- Preparação para receber blindagem adicional (que potencializaria a proteção
blindada);
- Sistema automático de controle e enchimento de pneus (que aumentaria a
operacionalidade e a segurança); e
- Sistema automático contra incêndio (que tornaria o combate ao incêndio muito
mais rápido e eficiente). (MEDEIROS, 2016, p. 34).

Algumas unidades, principalmente as empregadas em missões de paz da ONU,


receberam algumas adaptações, de maneira que pudessem atuar de maneira mais eficiente em
ambiente urbano:
As principais mudanças foram a instalação de uma torre de metralhadora blindada
para proteger o atirador (no projeto original, o operador da metralhadora ficava com
as costas expostas a tiros) e de uma cabine de vidro blindada para o motorista, que
tinha que ficar com parte da cabeça exposta para dirigir. (ANDRADE, 2018)

Figura 12: Urutu adaptado

Fonte: BASTOS, 2018


32

5.4 Potência de Fogo:

A VBTP EE-11 URUTU é dotada apenas de uma metralhadora .50 (12,7 mm) M2 HB
MV “Browning” de origem americana, mais comumente utilizada contra viaturas blindadas,
posições defensivas, fortificações e para proteção antiaérea.

Figura 13: Armamento .50.

Fonte: http://www.forte.jor.br/2016/05/26/sobre-urutus-e-cascaveis/

Esse armamento possui um grande poder de destruição, possuindo um alcance máximo


de 6900 m, alcance de utilização de 1800 m e um regime de tiro de 450 a 550 tiros por
minuto.
No entanto, a viatura não possui:
- Torreta com armamento remotamente controlado (que deixaria o elemento atirador
protegido dentro da blindagem da viatura);
- Armamento secundário (que deixaria a viatura com um maior poder de fogo, bem
como ampliaria sua possibilidade de emprego em diferentes teatros de operação);
- Sistema de estabilização do armamento (que possibilitaria o tiro em movimento
com alta expectativa de impacto);
- Sistema automático de designação de alvos como o “Hunter Killer” (que
aumentaria a precisão de tiro bem como aumentaria a velocidade de responder com
fogo a uma ameaça); e
- Sistema de visão externa por câmeras (que facilitaria a verificação de novas
ameaças próximas à viatura). (MEDEIROS, 2016, p. 35).
33

6 COMPARAÇÃO DAS VIATURAS EM OPERAÇÕES GLO

Neste capítulo serão comparados os dados de ambas as viaturas apresentados


anteriormente. O resultado desta comparação servirá como base para a comprovação hás
hipóteses levantadas no início do trabalho e para a elaboração da conclusão.

6.1 Comparação das dimensões e mobilidade:

Tendo em vista as características peculiares encontradas no ambiente operacional das


Operações de Garantia da Lei e da Ordem, a comparação das dimensões e mobilidade das
duas viaturas irá fornecer a informação a respeito de qual é mais adequada para o emprego
das tropas.
Tabela 1: Quadro comparativo das dimensões.
Dados/Viatura VBTP-MR GUARANI VBTP EE-11 URUTU DIFERENÇA
Comprimento 7022 mm 6000 mm 1022 mm
Altura (sem 2430 mm 2120 mm 310 mm
torreta)
Largura 2700 mm 2590 mm 110 mm
Bitola 2260 mm 2100 mm 160 mm
Fonte: o Autor.

Observando essa tabela, percebe-se que a VBTP-MR GUARANI é maior do que a


VBTP EE-11 URUTU em todos os aspectos, mostrando-se uma viatura grande, o que pode
limitar sua mobilidade em ambiente urbano, principalmente em comunidades. Segundo o
Manual de Lições Aprendidas 2016/1, “para o terreno do Complexo da Maré, por exemplo, a
VBTP GUARANI mostrou-se muito grande para algumas ruas e vielas, portanto foi utilizada
com muita dificuldade em algumas áreas”. (BRASIL, 2016).
Na tabela a seguir, verificam-se os dados relacionados à mobilidade de cada viatura
confrontados item a item.
Tabela 2: Quadro comparativo de mobilidade
Dados/Viatura VBTP-MR VBTP EE-11 Diferença
GUARANI URUTU
Velocidade 95 km/h 95 km/h -
34

Máxima em solo
Velocidade 9 km/h 2 km/h 7 km/h
Máxima em água
Autonomia 600 km 600 km -
Rampa 60% 65% 5%
Longitudinal
Rampa 30% 30% -
Transversal
Degrau Vertical 50 cm 60 cm 10 cm
Fosso 130 cm Não ultrapassa 130 cm
Ângulo de Entrada 45º 60º 15º
Ângulo de saído 41º 60º 19º
Peso 17,5 Ton 13 Ton 4,5 Ton
Potência 383 cv 156 cv 227 cv
Tripulação 11 militares 11 militares -
Transmissão Possui Não Possui Mobilidade
Automática
Movimento com Possibilita Possibilita -
pneus vazios
Enchimento Possui (CTIS) Não possui Mobilidade
Automático de
pneus
Freios Disco Duplo ABS Tambor Eficiência
Correnteza 5,4 km/h 2 km/h 3,4 km/h
Máxima
Câmera de vídeo Possui Não possui Mobilidade
Fonte: MEDEIROS, 2016, p. 37-38.

Após essa comparação dos itens referentes à mobilidade, pode-se aferir que:
O URUTU é mais vantajoso que o GUARANI nos seguintes quesitos:
- rampa longitudinal máxima (em 5%), permitindo a mobilidade em terrenos mais
acidentados que apresentam inclinações longitudinais maiores;
35

- degrau vertical (em 10 cm), permitindo a transposição de obstáculos 10 cm mais


altos;
- ângulo de entrada (em 15º), permitindo a abordagem de frente a obstáculos 15º mais
íngremes;
- ângulo de saída (em 19º), permitindo a abordagem de ré a obstáculos 19º mais
íngremes;
- peso (em 4,5 ton), facilitando o transporte como carga, e dificultando o atolamento
em terrenos alagadiços.
Já GUARANI é mais vantajoso que o URUTU nos seguintes quesitos:
- velocidade máxima em água (7 km/h mais rápido), possibilitando um melhor
desempenho anfíbio;
- transposição de fosso (em até 1,3 m), possibilitando a transposição de fossos, o que
não era possível com o “Urutu”;
- potência (227 cv mais potente), possibilitando um desempenho maior no terreno, e
mais força motora para superar obstáculos;
- alteração da pressão dos pneus, com sistema de enchimento remoto “CTIS”,
aumentando a mobilidade e segurança por não precisar parar a viatura nem tampouco sair da
mesma para encher os pneus. Isso se mostra muito vantajoso, visto que no ambiente urbano as
ameaças podem vir de qualquer direção;
- freio, aumentando a eficiência da frenagem da viatura;
- capacidade de transpor correnteza (3,4 km/h mais fortes), o que também melhora o
desempenho anfíbio;
- câmera de vídeo, que aumenta a mobilidade por proporcionar ao motorista melhor
visão externa. Esse item se mostra eficiente, também, devido à segurança proporcionada ao
motorista, que pode dirigir escotilhado, além de prevenir algum acidente com a população ou
obstáculo devido à melhor visão.
Conclui-se dessa maneira, que apesar das dimensões, que dificultam as manobras da
Viatura “Guarani”, ela é dotada de tecnologia que proporciona maior segurança, potência e
conforto à sua tripulação.
36

6.2 Comparação da Proteção blindada das viaturas:

Neste subcapítulo foram comparadas as capacidades de proteção blindada das duas


viaturas, bem como foram analisados outros itens que proporcionam segurança e a integridade
física da guarnição embarcada. Para melhor entendimento, pode-se observar a tabela abaixo:

Tabela 3: Proteção blindada das viaturas.


Dados/ Viatura VBTP- MR GUARANI VBTP EE-11 URUTU
Chapa bimetálica
OTAN STANAG 4569 ENGESA (Suporta
Proteção balística Nível 3 (Suporta projéteis projéteis perfurantes 7,62
7,62 mm à 30 m) mm à 100 m e comuns 7,62
mm a 50 m)
OTAN STANAG 4569
Nível 2 (Suporta estilhaços Não possui dados
Estilhaços de Artilharia de granadas 155 mm à 80 específicos
m)
OTAN STANAG 4569 Não possui essa
Blindagem adicional Nível 4 (suporta projéteis possibilidade.
14,5 mm incendiária a 200
m)
Proteção Anti-minas OTAN STANAG 4569 Não possui.
Nível 2 (suporta até 6 kg
de explosivo em qualquer
ponto)
Extinção de incêndio Sistema automático com 06 Feito manualmente.
extintores
Operador de Armamento Opera remotamente. Necessita se expor.
Proteção QBN Possui Não possui.
Fonte: MEDEIROS, 2016, p. 39-40.

Através dessa tabela observa-se que a Viatura GUARANI mostra-se muito mais
evoluída, sendo mais vantajosa que a Viatura URUTU em todos os quesitos.
37

- A proteção balística da viatura desenvolvida pela empresa IVECO é superior,


suportando disparos de projéteis 7,62 mm a distâncias menores do que a viatura da ENGESA.
Essa característica é muito importante, levando em consideração que nos ambientes urbanos
os disparos realizados por forças inimigas são de uma distância menor do que em campos
abertos;
- A blindagem adicional, não existente na viatura “Urutu”, potencializa a capacidade blindada,
que se torna capaz de suportar disparos de projéteis 14,5 mm (.50);
- A Proteção Anti-minas garante ao “Guarani” a capacidade de suportar até 6 kgs de
explosivos em seu assoalho, já o “Urutu” não possui esse tipo de proteção;
- O Sistema de Extinção de Incêndio Automático do “Guarani” é muito mais eficiente que o
Sistema Manual presente no “Urutu”.
Destaca-se também que o atirador do “Guarani” opera remotamente o enquanto o
atirador do “Urutu” necessita se expor para empregar o seu armamento.
Por fim, somente o “Guarani” possui proteção QBN.

6.3 Comparação da Potência de Fogo

Para essa comparação, foram analisadas as duas torretas adquiridas pelo Exército
Brasileiro para o “Guarani”, a REMAX e a MR550-PLATT, e a torreta do “Urutu”. A tabela
abaixo expõe os dados obtidos através da comparação entre as três torretas.

Tabela 4: Potência de Fogos das Viaturas

Dados/ REMAX MR550-PLATT Metralhadora .50


Armamento (GUARANI) (GUARANI) Mtr MAG 7,62
mm (URUTU)
M2HB/QCB 12,7
Armamento Metralhadora .50/ mm GPMP, MAG- Metralhadora .50/
Principal Metralhadora 7,62 58/M240 7,62 mm Metralhadora MAG
mm GPMG ou 7,62 mm
Minimi/M249 5,56
mm LMG
Armamento Não possui. LAG40 40 mm Não possui
38

Secundário AGL
Sistema de Câmera Diurna e Olho nu e binóculos Olho nu e binóculos
observação Termal
Alcance 1800 / 800 m 1800/800 m 1800/800 m
Em 2 eixos
Estabilização (Armamento e Não possui Não possui
EO/IR)
Designação de Não possui Não possui Não possui
Alvos
Operada Sim Não Não
Remotamente
Computador de Possui Não possui Não possui
Tiro
Fonte: o Autor.

Baseado na tabela acima se observa que o GUARANI, em todas as configurações


possíveis, é mais vantajoso que o URUTU. Seja na mais básica, a MR550-PLATT, por
possuir mais configurações de armamento, ou na REMAX, por possuir sistema de observação
diurno e noturno, sistema de estabilização, computador de tiro e por ser operada remotamente.
Segundo Oliveira (2017), a torre REMAX se mostra muito evoluída em função de toda
a tecnologia que possui, podendo ser empregada com eficiência nos diversos tipos de
operação:
A telemetria e a visão noturna fornecerão dados mais precisos, capazes de apoiar a
tomada de decisão com mais propriedade.
Além disso, o alto grau de precisão apresentado pelo equipamento permitirá a
execução de tiros mais precisos, colaborando para a segurança da tropa amiga no
terreno e para a economia de munição com um efeito mais eficaz. É importante
destacar, ainda, a versatilidade do REMAX, permitindo seu uso numa grande gama
de missões, desde operações ofensivas e defensivas, até operações de Garantia da
Lei e da Ordem e Forças de Pacificação. (OLIVEIRA, 2017)

Essas características são essenciais param a atuação em Operações de Garantia da Lei


e da Ordem, uma vez que nessas situações, os campos de tiro são muito restritos, com a
presença tanto de civis como de forças inimigas. Sendo assim, cresce de importância um
sistema que facilite a detecção de alvos e permita a execução de tiros de maneira mais precisa
possível.
39

7 CONCLUSÃO

Esta pesquisa teve a finalidade de realizar um estudo comparativo entre a VBTP-MR


GUARANI, em processo de implantação no Exército Brasileiro, e a VBTP EE-11 URUTU,
em utilização há mais de quatro décadas tanto no Brasil como em vários outros países da
América do Sul, analisando dados referentes à suas dimensões, mobilidade, proteção blindada
e poder de fogo. Esta análise foi feita visando concluir qual viatura é mais eficiente quando
empregada em Operações de Garantia da Lei e da Ordem, e se a substituição do “Urutu” pelo
“Guarani” se faz vantajoso.
Ao realizar o estudo das dimensões das viaturas, conclui-se que a viatura “Urutu” é
menor. Em virtude disso, sua utilização em comunidade se mostra vantajoso, visto que tem
maior facilidade em transitar pelas estreitas ruas e vielas características desse tipo de ambiente
operacional.
A respeito da mobilidade, o “Urutu” possui como característica principal a presença
dos eixos Boomerang, que possibilitam a transposição de rampas longitudinais mais íngremes
e degraus verticais um pouco maiores. Porém, a quantidade de vantagens do “Guarani” é
muito maior que a quantidade de desvantagens. A viatura da empresa IVECO possui uma
potência maior e capacidade de transpor fosso, o que é fundamental, tendo em vista a enorme
quantidade de obstáculos presente nos ambiente urbanos. Além disso, também possui sistema
ABS de freios, câmera de vídeo externa, ar-condicionado e sistema CTIS de controle de
pressão dos pneus, componentes, estes, que proporcionam segurança e conforto à tripulação
embarcada.
Quanto à proteção blindada, verifica-se uma grande superioridade da VBTP-MR
GUARANI quando comparada à VBTP EE-11 URUTU. Isso acontece porque o “Guarani”
possui proteção anti-minas, a possibilidade de instalação de blindagem adicional, que
potencializa a eficiência contra armamentos de calibres, e proteção QBN, inexistente no
“Urutu”. Dessa maneira, a viatura da IVECO é mais eficiente em ambientes urbanos, nos
quais os disparos dos mais variados tipos de armamentos de posse das forças inimigas podem
ser realizados tanto a curta, quanto a longas distâncias. Existe também, a possibilidade de
controlar a torreta remotamente no “Guarani” garante a segurança e eficiência do atirador da
viatura.
No quesito potência de fogo, mais uma vez é evidenciada a superioridade da viatura
“Guarani”. Seu sistema de armas possui tecnologia muito superior, maior precisão de tiro,
computador de tiro para cálculos de correção de tiro, telêmetro laser para aferir distância,
40

capacidade de operar no período noturno com visão termal, além da possibilidade de realizar
disparos em movimento com alta expectativa de impacto, devido à estabilização da torreta
REMAX. Esses fatores são fundamentais nas Op GLO, onde o inimigo se confunde com a
população comum e, um impacto em um alvo errado possa influenciar fortemente a opinião
pública e, assim, prejudicar toda a operação.
Em suma, os resultados apontam que a VBTP-MR GUARANI é muito mais vantajosa
que a VBTP EE-11 URUTU e, apesar de possuir dimensões maiores, é melhor nos quesitos
mobilidade, proteção blindada e poder de fogo. Em consequência, seu desempenho em
Operações de Garantia da Lei e da Ordem também é melhor.
Conclui-se assim, que a implantação da viatura “Guarani” é positiva no processo de
atualização das frotas blindadas do Exército Brasileiro. Ela oferece tecnologias modernas,
segurança, conforto e armamentos apropriados e adaptados para o que as tropas irão encontrar
nos ambientes operacionais das Op GLO. Assim, o projeto de inserção na força terrestre no
lugar da viatura “Urutu” se faz muito vantajoso.
41

REFERÊNCIAS

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42

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43

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<http://www.forte.jor.br/2016/05/26/sobre-urutus-e-cascaveis/>. Acesso em: 03 de maio de
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Tiros para dentro do Caju. Crimes News, 23 de agosto de 2016. Disponível em


<http://crimesnewsrj.blogspot.com.br/2016/08/tiros-pra-dentro-do-caju.html>. Acesso em: 11
de Abril de 2018.
44

APÊNDICE A
Questionário enviado via e-mail ao Cap Cav Gonzales, do Centro de Instrução de
Blindados.

Sou o Cadete Rodrigo Corrêa, da Academia Militar das Agulhas Negras e estou realizando o
meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) com o tema “Utilização da VBTP GUARANI
em substituição à VBTP URUTU nas operações GLO”. Para desenvolver minha pesquisa
estou utilizando dados das VBTP-MR GUARANI e VBTP EE-11 URUTU, bem como as
experiências do emprego dessas viaturas em recentes Op GLO. Gostaria de saber se o Centro
de Instrução de Blindados poderia colaborar com o desenvolvimento do projeto através de um
pequeno questionário.

QUESTIONÁRIO
Cad RODRIGO CORRÊA: Quais foram as principais limitações da VBTP EE-11
URUTU quando empregada em Op GLO?

Cap Cav GONZALES: Conforme manual Lições Aprendidas 1/2016: “a falta dos
seguintes itens: torreta blindada para o At Mtr, cápsula blindada para o Mot e lâmina frontal
para desobstrução de obstáculos.”Em conversas informais, com militares que operaram com a
VBTP Urutu, a ausência de um sistema de ar condicionado contribui para o desgaste da tropa.

Cad RODRIGO CORRÊA: O emprego da VBTP EE-11 URUTU se fez vantajoso às


tropas no ambiente anteriormente citado?

Cap Cav GONZALES: Minha experiência pessoal na Operação Arcanjo VI


(Complexo da Penha e Alemão) me permite afirmar que considerando apenas a proteção
blindada e o poder de dissuasão da viatura já justificam o seu emprego.

Cad RODRIGO CORRÊA: Quais foram as vantagens e desvantagens observadas na


VBTP-MR GUARANI em relação à VBTP URUTU?

Cap Cav GONZALES: Segundo o manual de Lições Aprendidas 1/2016: “Para o


terreno do Complexo da MARÉ, por exemplo: - a VBTP GUARANI mostrou-se muito
grande para algumas ruas e vielas, portanto foi utilizada com muita dificuldade em algumas
áreas...”. Cabe ressaltar que a VBTP Guarani possui diversos sistemas que possibilitam uma
melhora significativa em relação ao Urutu: sistema de ar condicionado, proteção anti minas,
torre manual com cúpula de proteção para o atirador (PLATT) ou sistema remotamente
45

controlado REMAX (Reparo Automatizado X), que permite ao atirador desenvolver o seu
trabalho sem exposição desnecessária.

Cad RODRIGO CORRÊA: Quais foram as limitações observadas no emprego da


VBTP-MR GUARANI em recentes operações em ambiente urbano?

Cap Cav GONZALES: Como citado anteriormente, os usuários destacaram a


dificuldade de progredir na área de operações devido as dimensões da VBTP.

Cad RODRIGO CORRÊA: A VBTP-MR GUARANI mostrou-se adequada diante


de situações antes vistas como obstáculos pela VBTP EE-11 URUTU?

Cap Cav GONZALES: Vale ressaltar que o aspecto de exposição do atirador do


Urutu foi resolvido com o Guarani.

Cad RODRIGO CORRÊA: Em sua opinião, que melhorias podem ser realizadas de
forma a aperfeiçoar o emprego da VBTP-MR GUARANI?

Cap Cav GONZALES: Acredito que o emprego deve ter criterioso planejamento,
visto que, a problemática quanto as dimensões da viatura blindada não possui solução. É
importante ressaltar que o Escritório de Projetos do Exército (EPEx) informou, em 14 ABR
2016 ,o fim do processo licitatório pela sua nova viatura blindada leve. O vencedor foi o
LMV da IVECO, tal viatura me parece ideal para o emprego no ambiente em estudo.

Cad RODRIGO CORRÊA: Em sua opinião, a substituição da VBTP EE-11 URUTU


pela VBTP-MR GUARANI demonstrou-se vantajoso ás tropas nas Op GLO? Justifique.

Cap Cav GONZALES: Sem dúvidas, o melhor exemplo é a utilização do REMAX:


possibilita ao atirador não se expor, e proporciona excelentes condições de detecção,
reconhecimento e identificação dos agentes perturbadores da ordem pública, conforme tabela
abaixo:

IDENTIFICAÇÃO RECONHECIMENTO DETECÇÃO

DIURNA 2,5KM 5 KM 8,5 KM

NOTURNA 1,5 KM 2,5 KM 6,5 KM


(TERMAL)

Observação: dados do fabricante.


46

Além do sistema de ar condicinado, que proporciona maior conforto para a tropa,


destaco o CTIS (Central Tyre Inflation System) que permite a calibragem dos pneus para
diferentes terrenos. Cada pneu da VB possui um toróide , possibilitando ao blindado deslocar-
se para uma zona de ação mais segura mesmo com seus pneus furados.
47

APÊNDICE B
Questionário enviado via e-mail ao Cap Cav Saucha, do Centro de Instrução de
Blindados.

Sou o Cadete Rodrigo Corrêa, da Academia Militar das Agulhas Negras e estou realizando o
meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) com o tema “Utilização da VBTP GUARANI
em substituição à VBTP URUTU nas operações GLO”. Para desenvolver minha pesquisa
estou utilizando dados das VBTP-MR GUARANI e VBTP EE-11 URUTU, bem como as
experiências do emprego dessas viaturas em recentes Op GLO. Gostaria de saber se o Centro
de Instrução de Blindados poderia colaborar com o desenvolvimento do projeto através de um
pequeno questionário.

QUESTIONÁRIO
Cad RODRIGO CORRÊA: Quais foram as principais limitações da VBTP EE-11
URUTU quando empregada em Op GLO?

Cap Cav SAUCHA: Raio de 360° muito grande, falta de climatização em áreas com
elevadas temperaturas, exposição do atirador.

Cad RODRIGO CORRÊA: O emprego da VBTP EE-11 URUTU se fez vantajoso às


tropas no ambiente anteriormente citado?

Cap Cav SAUCHA: Segundo relatórios feitos por militares empregados com a VBTP
o uso do blindado se mostrou bastante vantajoso principalmente para acessar regiões com
presença de Agentes Perturbadores da Ordem Pública armados. A proteção blindada fez
indiscutível diferença.

Cad RODRIGO CORRÊA: Quais foram as vantagens e desvantagens observadas na


VBTP-MR GUARANI em relação à VBTP URUTU?

Cap Cav SAUCHA: As vantagens são a climatização da viatura e o conforto maior


para tropa embarcada com mais espaço e acentos melhores; uso de sistemas d'armas com
emprego remoto e optrônicos proporcionou maior segurança para a tripulação e atirador. As
desvantagens dizem respeito principalmente às dimensões da viatura, que dificultaram o
acesso à maior parte das ruas das comunidades ocupadas.
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Cad RODRIGO CORRÊA: Quais foram as limitações observadas no emprego da


VBTP-MR GUARANI em recentes operações em ambiente urbano?

Cap Cav SAUCHA: Os relatórios ostensivos citam bastante as dimensões e a


limitação do emprego da VBTP somente em vias de acesso mais largas.

Cad RODRIGO CORRÊA: A VBTP-MR GUARANI mostrou-se adequada diante


de situações antes vistas como obstáculos pela VBTP EE-11 URUTU?

Cap Cav SAUCHA: As duas viaturas cumprem praticamente as mesmas missões.

Cad RODRIGO CORRÊA: Em sua opinião, que melhorias podem ser realizadas de
forma a aperfeiçoar o emprego da VBTP-MR GUARANI?

Cap Cav SAUCHA: Inclusão em novas versões de locais específicos para


empaiolamento e acondicionamento do aprestamento quando este estiver padronizado.

Cad RODRIGO CORRÊA: Em sua opinião, a substituição da VBTP EE-11 URUTU


pela VBTP-MR GUARANI demonstrou-se vantajoso ás tropas nas Op GLO? Justifique.

Cap Cav SAUCHA: A substituição se mostra vantajosa em qualquer operação, visto


que a tropa mecanizada passa a empregar uma viatura alinhada com requisitos exigidos por
países do arco do conhecimento. A proteção anti minas, o sistema de combate a incêndio, o
uso de um motor eletrônico, a tecnologia embarcada e o emprego de estações de armas
remotas representam um avanço de 50 anos no emprego de viaturas mecanizadas para o EB.

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