A Ansiedade Nao Manda em Mim! - Sara Crispim
A Ansiedade Nao Manda em Mim! - Sara Crispim
A Ansiedade Nao Manda em Mim! - Sara Crispim
Contraponto.
Rua Prof. Jorge da Silva Horta, 1
1500-499 Lisboa PORTUGAL
www.contrapontoeditores.pt
[email protected]
Tel. 217 626 000
ISBN: 978-989-666-429-9
Ansiedade é sentir o relâmpago na mente e o trovão no corpo.
É ser o patinho feio das emoções, a incompreendida.
É querer ajudar e ser rejeitada por quem a sente.
É trazer à tona tudo o que o humano sofreu.
É ter amizade de longa data com os intestinos, com o coração,
com a insónia, com o nó na garganta em que todos em coro gritam
pelo autocuidado.
É aparecer sem hora, sem data e local apropriados.
É não gostar de profissionais de saúde mental pois sabe
que está tramada.
É ter várias máscaras para passar despercebida.
É também salvar o ser humano do perigo e prepará-lo
para acontecimentos importantes.
É estar presente em milhões de pessoas em todo o mundo e,
mesmo
assim, muitos não saberem o seu nome.
Sara Crispim
INTRODUÇÃO
Se ainda restarem dúvidas de que este livro é para si, vou ajudá-
lo. Marque com caso se identifique com algumas destas
afirmações:
1 — NÃO SE AUTOSSABOTAR
O primeiro passo é o de não se autossabotar. Permita-se entrar
nesta viagem e acreditar no processo. Para isso, precisa de acreditar
em si, no seu potencial e nas suas capacidades. Quando pensar que
é difícil, lembre-se: sempre que nos propomos a criar uma melhor
versão de nós próprios é normal, e esperado, que sejamos
confrontados com desafios. É a dificuldade que uma pessoa enfrenta
quando se inscreve no ginásio ou quando quer modificar hábitos,
pensamentos e comportamentos. Agora, este é o ginásio da mente!
Nem todos os dias estamos com disposição para enfrentar o mundo,
por vezes a dor dilacera-nos de tal forma que parece não ter fim,
mas lembre-se de todas as fases menos boas que já ultrapassou
pensando que não seria capaz. Comprometa-se a não desistir de si!
2— APLICAR
Este livro não é apenas teórico, vai aprender a conhecer-se e a
adquirir ferramentas e estratégias práticas. Só lhe peço uma coisa:
que as aplique. Não é suposto este livro ficar na estante da sua
casa, ele é o «amigo» que o vai acompanhar nesta jornada para
viver livre da ansiedade. Quando puser este livro na estante, será o
dia em que o saberá de cor, em que passará a ir consigo para todo o
lado, na sua mente.
O objetivo é que consiga ter uma vida com mais qualidade,
tranquilidade e menos ansiedade.
Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta.
Carl Jung
• Mas, afinal, o que é a ansiedade?
• Será a minha ansiedade normal ou patológica?
• Morre-se com ansiedade?
• Porque me sinto ansioso?
• Como se manifesta a ansiedade?
• Na minha vida, a ansiedade tem efeitos negativos?
NO CONSULTÓRIO
O QUE É A ANSIEDADE?
Perturbações da ansiedade.
No
No trabalho Na vida familiar No dia a dia
relacionamento
Fobia Específica
Para saber o que está por trás da sua ansiedade, é essencial iniciar
um processo de autoconhecimento do seu corpo e dos gatilhos que
espoletam as crises.
Ao longo do nosso caminho, vivemos experiências negativas e
traumáticas que influenciam o nosso bem-estar. Essas experiências
acabam por condicionar a forma como nos sentimos e nos
comportamos. A origem genética ou biológica, bem como diferentes
pressões a que somos sujeitos diariamente a nível profissional,
social, financeiro e familiar podem despertar gatilhos que vão ativar
uma ansiedade que até então pode ter estado mascarada. Tal como
acontece com os problemas de saúde física, como a asma, quando
existe histórico familiar não significa que seja uma sentença, no
entanto existe uma predisposição. Esta herança, aliada a um
conjunto de outros fatores são um solo fértil para a ansiedade se
desenvolver.
Vários clientes revelam em consulta que, quando crianças, se
sentiam muito ansiosos antes dos testes escolares, chegando a
desmaiar ou a vomitar, uma sensação terrível, mas que desaparecia
depois de realizados os testes. Todavia, revelam ter sentido pela
primeira vez uma crise de ansiedade ou um ataque de pânico
quando sentiram pressão laboral ou na sequência da rutura de uma
relação. Aqui refiro-me a uma ansiedade que não é passageira, mas
que começa a fazer parte do dia a dia e a ser bastante limitadora,
como uma caixa de Pandora que se abre. Com certeza já se
perguntou: «Porquê a mim? Conheço tantas pessoas que não se
deixam afetar por nada.» A origem da ansiedade depende sempre
da história e das experiências de vida de cada pessoa. É
indispensável fazer uma viagem até à infância, período no
qual muitas das experiências vividas podem ter contribuído
para a dificuldade que existe no presente em gerir a
ansiedade. Provavelmente, já pensou que se não fosse tão sensível
não sofreria tanto com a ansiedade ou não seria tão perfecionista.
Deixe-me dizer-lhe que não devemos anular quem somos, até
porque o que seria do mundo sem pessoas sensíveis? Será que ser
perfecionista tem uma conotação apenas e só negativa? A chave é o
equilíbrio. Quando algo adquire uma tamanha dimensão ao ponto de
nos prejudicar, então deve ser avaliado.
Assim, a ansiedade é uma resposta desproporcional aos
acontecimentos, sendo muito desgastante estar constantemente
suscetível a sensações físicas desagradáveis e a pensamentos
catastróficos.
Reuni um conjunto de eventos que possam ter ocorrido na
infância ou na idade adulta e que podem estar na origem da sua
ansiedade, ora veja:
Não se preocupe se, depois de ler isto, não identificou a origem
da sua ansiedade. O objetivo não é deixá-lo ainda mais ansioso e
sim refletir sobre os principais eventos da sua vida. No final deste
capítulo tem exercícios que o vão ajudar a encontrar essas
respostas.
EXERCÍCIOS PRÁTICOS
Exercício1
Serei uma pessoa ansiosa?
Exercício 2
Marcos de vida
• Porquê agora? O que o faz querer ter uma vida com menos
ansiedade?
• Como seria a sua vida se a ansiedade não estivesse tão
presente?
• O que pensa conseguir alcançar com uma vida mais tranquila
e com menos preocupação?
• Quem poderá beneficiar (para além de si, claro) com esta
mudança e investimento?
Quero que pense mais além do que «quero viver uma vida
sem ansiedade». Pense comigo: como é que esse investimento
iria beneficiar a sua vida? Exemplo: «Conseguiria ter um
encontro com uma pessoa que conheci e, assim, sinto que
saboto essa possibilidade» ou «conseguiria usufruir mais do
tempo com os meus amigos, sem estar sempre tenso e com
necessidade de ir consultar o email».
CONSELHOS DA PSICÓLOGA
SINTOMAS FÍSICOS
NO CONSULTÓRIO
ATAQUES DE PÂNICO
NO CONSULTÓRIO
O Mateus foi convidado pelo melhor amigo para ir ver um jogo do Benfica
ao estádio. Sendo apaixonado por futebol, aceitou prontamente. Na fila
para a entrada do estádio, o Mateus sente-se mal, o coração parece
disparar, a sua respiração acelera e tem tonturas que o fazem crer que vai
desmaiar. O seu amigo foi obrigado a ligar para o 112 por acreditar que o
Mateus estava à beira de um ataque cardíaco que lhe podia tirar a vida.
Para que mais facilmente entenda o que se sente num ataque de
pânico, imagine que está a perder o controlo do corpo e da mente, a
enlouquecer, sentindo-se, depois, exausto, com medo e meio
perdido com toda a descarga emocional e física. Diria que a
hiperventilação é o sintoma central, pois é a partir daqui que surgem
muitos outros. Quando estamos numa espiral de pânico começamos
a ter uma respiração ofegante, centrada no peito, rápida e curta,
com menos oxigenação e mais dióxido de carbono a circular no
organismo, o que dá origem a outros sintomas, tais como: tonturas,
dificuldade em respirar e sensação de dormência nas mãos e nos
pés.
1 – Aprenda a respirar
• Respiração Diafragmática
Já reparou que quando está ansioso sente que o ar não chega? Isto
acontece porque está a fazer uma respiração de peito
(hiperventilação), que é rápida e sem controlo. Deste modo, está a
emitir um aviso sonoro para ativar o sistema nervoso simpático,
responsável pelo estado alerta, levando-o a depreender que precisa
de fugir ou de lutar.
Sabia que respirar corretamente ajuda a diminuir a
ansiedade? Ao respirar de forma consciente vai diminuir a
frequência do seu batimento cardíaco e a sua pressão arterial, o que
o vai deixar mais relaxado.
A respiração a fazer numa situação de ansiedade deve ser lenta,
consciente e profunda, como a respiração diafragmática. Ao
concretizar a respiração diafragmática vai ativar o sistema nervoso
parassimpático, responsável por restaurar a calma ao seu organismo
e procurar o estado de equilíbrio.
Tal como o próprio nome indica, esta é uma respiração realizada
com recurso ao nosso diafragma, que separa a cavidade abdominal
da cavidade torácica.
Antes de lhe explicar como pode fazer a respiração diafragmática,
peço a sua atenção para a posição das mãos (uma mão no peito e
outra na barriga), esta posição das mãos é importante para perceber
se a respiração está a ser feita corretamente.
• Respiração Alternada
• Respiração Quadrada
Passo 1
Estar confortável, quer na posição corporal quer no espaço em que
se encontra. Não precisa de estar deitado e pode até estar sentado
numa cadeira. Caso seja confortável, poderá fechar os olhos.
Passo 2
Recordar a principal premissa: contrair ligeiramente os músculos
mantendo a tensão uns segundos e depois relaxar e deixar-se
inundar pelas sensações. Escolha um grupo muscular e comece por
aí. Aconselho a escolher uma extremidade do corpo e ir subindo ou
descendo, poderá ser mais fácil.
Passo 3
Aperte e solte os músculos, começando pelos seus pés. Contraia os
dedos dos pés e pressione os calcanhares em direção ao chão
(lembre-se de respirar!) e depois solte. Reconheça a sensação de
relaxamento e concentre-se na mesma.
Passo 4
Continue até percorrer todo o seu corpo. Vou sugerir uma ordem,
caso lhe faça sentido:
Pés
Apertar e enrolar os dedos dos pés, manter por uns segundos e
soltar. De seguida, estique os dedos em direção à sua cabeça,
contraia e solte livremente.
Pernas
Faça força nas pernas como se quisesse empurrar algo, espere uns
segundos e solte. Lembre-se de apreciar a sensação quando solta
para perceber a diferença entre a tensão e o relaxamento.
Glúteos
Aperte os glúteos por um momento e solte. Poderá repetir se
continuar a sentir tensão em alguma zona.
Barriga
Concentre-se num movimento de colar a sua barriga às costas e
depois liberte toda a tensão acumulada. Sabe quando a ansiedade
se localiza na barriga? Está na hora de deitar tudo cá para fora!
Mãos
Feche as mãos e abra, feche e abra novamente, já está a sentir a
diferença?
Braços
Tencione os seus braços por uns segundos e depois solte, pode
repetir, caso faça sentido. Passamos aos ombros?
Ombros
Encolher, relaxar. Lembre-se de quando está no escritório, acumula
tensão e quando chega a casa está cheio de dores nessa zona do
corpo. Relaxe e lembre-se de acompanhar sempre com a respiração,
sim?
Rosto
Começamos pelos lábios, aperte o lábio superior contra o inferior e
depois relaxe. Passamos para os olhos: feche-os, espere um
momento, e depois abra-os. Terminamos na testa, é hora de franzir
a testa e depois relaxar.
Vamos começar?
4– Imagética
5 – Distração Cognitiva
• Contagem decrescente
Esta estratégia tem como objetivo recuperar a calma de forma
rápida e para isso é necessário complicar e desafiar a nossa mente
para que o foco nos sintomas seja rapidamente evitado. É uma
técnica que pode andar sempre no bolso, uma vez que é possível
pô-la em prática quando está no trânsito, no supermercado ou em
qualquer lugar que saiba ser um gatilho para ativar a sua ansiedade.
Poderá fazer algo similar com letras, ou seja, pensar numa letra
(exemplo «A») e dizer o maior número de palavras com essa letra.
• Liberte o seu corpo da ansiedade
1 – Solte a língua do céu da boca;
2 – Solte os ombros, verifique que não está tenso. Rode o
pescoço e abane os ombros;
3 – Abra e feche as mãos;
4 – Bata com os pés no chão de forma alternada;
5– Conte os sinais do seu corpo.
• Quebra de estado
A quebra de estado consiste em provocar uma diferença da
temperatura no seu corpo de modo a retirar o foco de todos os
sintomas que está a sentir, evitando o pânico.
NO CONSULTÓRIO
• Adivinhação
É como não conseguir ver a luz ao fundo do túnel. Se é aquela
pessoa que acha que algo de mal – de certeza – vai acontecer, então
este é o seu estilo de pensamento. Vou deixar aqui alguns exemplos:
«Nunca conseguirei nada na vida»;
«Vai correr tudo mal»;
«Vai acontecer algo».
• Catastrofização
É prima da «adivinhação», mas com conclusões assustadoras. No
fundo, é acreditar que o pior vai acontecer, a nós e àqueles que
amamos. Vou deixar alguns exemplos:
«O que sinto pode ser um tumor»;
«Os meus filhos vão ter a vida arruinada»;
«O avião vai cair».
• Generalização
Remete para o facto de acreditarmos que por algo ter acontecido
uma vez, então acontecerá sempre. Normalmente surge após um
acontecimento negativo e traz também agregado aquilo que não
aconteceu mas podia ter acontecido. Vou deixar alguns exemplos:
«Nunca irei passar neste exame»;
«Não dormi bem, vou sofrer sempre de insónias».
• Pensamento dicotómico
É o tudo ou nada, branco e preto ou verdadeiro e falso. Vou deixar
alguns exemplos:
«Se eu chumbar no exame, serei um fracasso na vida»;
«Ou estás comigo ou estás contra mim».
• Maximização e minimização
Esta distorção cognitiva consiste em aumentar os nossos erros e as
conquistas dos outros e, no sentido inverso, em minimizar as nossas
conquistas e os erros dos outros. Vou deixar alguns exemplos:
«Só consegui porque tive ajuda»;
«Sou o pior funcionário».
• Leitura mental
Trata-se de adivinhar o que os outros poderão estar a pensar sem
ter nada que comprove ou sustente essa crença. Vou deixar alguns
exemplos:
«Acham que sou um idiota»;
«Não gostam mesmo de mim»;
«Só está comigo pelo dinheiro».
• Raciocínio emocional
Trata-se de acreditar que as emoções são factos e que sustentam a
veracidade de um pensamento. Vou deixar alguns exemplos:
«Sinto que os meus colegas falam de mim nas minhas costas»;
«Sinto que ela já não gosta de mim».
• Abstração seletiva
É ver tudo com óculos escuros, ou seja, analisar toda a situação
como negativa, como se tivesse uma visão em túnel. Vou deixar
alguns exemplos:
«A semana passada foi horrível»;
«Toda a minha vida foi um fardo».
• Desqualificação do positivo
Não atribuir importância às coisas positivas, desconsiderando-as ou
ignorando-as. Vou deixar alguns exemplos:
«Entrei na faculdade, mas isso qualquer um consegue»;
«Passei no exame de condução por pura sorte».
• Rotulação
Trata-se de fazer afirmações gerais (como se faz com os rótulos)
com base em eventos que podem ter acontecido apenas uma vez.
Vou deixar alguns exemplos:
«Não foi simpática ontem, ela é intragável»;
«Se não me contactaram é porque sou um fracasso».
• Personalização
Quando se coloca a culpa ou a responsabilidade de determinados
acontecimentos nos outros ou em nós próprios. Vou deixar alguns
exemplos:
«A minha relação está arruinada e a culpa é minha»;
«Senti-me mal por causa dele».
1
– Que pensamentos surgiram na sua mente? Como lidou com
eles? (Anote todos os pensamentos que teve e refira como
lidou com os mesmos. Tentou distrair-se para não pensar?
Deu ouvidos aos seus pensamentos? Como agiu?)
2
– Como é que se sentiu perante esse quadro de pensamentos?
3
– Que emoções observou em si? (Exemplo: assustado, receoso.)
4
– Teve reações físicas? Quais? (Exemplo: náuseas, vómitos, dor
de barriga).
5
– Que comportamentos adotou nessa situação? (Exemplo:
cancelei a reunião) – o objetivo não é alterar o seu
comportamento, apenas ter consciência das consequências
dos seus pensamentos.
Registe tudo no seu caderno de exercícios para conseguir
responder a estas questões e monitorizar os seus pensamentos.
Poderá sentir dificuldade em perceber que está a ter um
pensamento ansiogénico. Como são automáticos e já podem ser
«visitas» habituais na sua vida, pode ser desafiante anotar todos.
Os pensamentos referem-se a toda a nossa conversa interior, a
imagens mentais e a crenças. As emoções dizem respeito à forma
como se sente, se está triste, feliz, nervoso, com medo, frustrado ou
entusiasmado. As sensações físicas envolvem tudo o que sente no
seu corpo, seja o estômago às voltas, o coração acelerado, as
náuseas, entre outros. Por fim, os comportamentos dizem respeito
às suas ações, nas quais se incluem o choro, o silêncio, a evitação
da ansiedade, etc.
1
– Perceber o que o preocupa e quais os gatilhos dessas
preocupações;
2
– Reconhecer no momento o que está a acontecer, essencial
para romper esse círculo de medo e preocupação que
sustenta a ansiedade;
3
– Monitorizar a ansiedade, o que vai permitir observar e
desconstruir esses pensamentos.
Depois desta reflexão, terá uma ideia mais clara dos momentos
que geram ansiedade na sua vida, o que vai permitir-lhe
implementar mudanças. Será o seu trabalho? Será o seu
relacionamento amoroso? É a sua saúde? Qual está a ser o principal
tema dos seus pensamentos?
1
– «O que é que sinto?»
2
– «O que me deixou assim?»
3
– «Tenho controlo sobre esta situação?»
4
– «Esta situação depende de mim?»
5
– «Posso resolver isto hoje?»
6
– «Como me sinto por estar a pensar nisto?»
Exemplo:
FOME EMOCIONAL
NO CONSULTÓRIO
CONSELHOS DA PSICÓLOGA
(para conseguir uma boa relação com o seu corpo)
ISOLAMENTO
NO CONSULTÓRIO
VANESSA (NOME FICTÍCIO)
Este foi um dos casos mais graves que atendi. Esta cliente só
procurou ajuda quando atingiu um estado limite, no qual a
ansiedade já a impedia de sair de casa. Neste caso, e em muitos
outros, não existiam condições psicológicas e físicas para trabalhar,
socializar ou ter uma rotina. Os ataques de pânico aconteciam
diariamente e mais do que uma vez por dia.
Muitas pessoas isolam-se não porque querem, mas devido à sua
ansiedade. Não conseguem estar com outras pessoas nem trabalhar
ou manter algumas das rotinas que tinham antes, e existem vários
motivos que o justificam:
PROCRASTINAÇÃO
NO CONSULTÓRIO
2 – O Método GTD
Em inglês, GTD significa «Getting Things Done». Trata-se de um
método de produtividade desenvolvido por David Allen, em 2001, e
descrito no seu livro GTD – Fazer Bem as Coisas: A Arte de Fazer
Acontecer. Este método é utilizado para gerir o tempo e refere que,
quanto mais informação tiver na sua mente, menos produtivo e
focado o seu cérebro vai estar. O objetivo de Allen foi diminuir a
ansiedade e aumentar a produtividade. A produtividade não se
refere ao volume de trabalho e sim a conseguir uma gestão mais
eficaz do tempo com total foco na tarefa a desenvolver.
• Registar
Antes de pôr as «mãos na massa», é fundamental registar tudo o
que é necessário fazer. Para isso é importante fazer esse registo fora
da sua mente (a que David Allen chama «caixa de entrada»),
anotando todos os seus afazeres. Use um sistema que facilite o
registo de informações, pode ser o seu caderno ou o computador.
• Esclarecer
Depois do registo vem o esclarecimento. Neste momento, deverá
analisar cada um dos itens que registou e verificar o que necessita
ou não da sua atenção. Para isso, o Método GTD estabelece um
fluxograma que determina a importância da tarefa:
• Refletir
Depois de organizadas as tarefas, é tempo de perceber qual a
próxima ação. É na fase da reflexão que irá avaliar as prioridades,
percebendo o que é realmente urgente.
• Executar
Hora de pôr a «mão na massa». Neste passo, as tarefas já estão
organizadas, já refletiu sobre o que é prioritário e chegou à ação.
Não permita ser interrompido, ou seja, execute a tarefa
completamente. O objetivo do Método GTD não é trabalhar na
tarefa, mas sim completar a tarefa.
4 – A técnica Pomodoro
Foi criada por Francesco Cirillo na década de 1980 com o objetivo de
melhorar a gestão do tempo, aumentando a sua produtividade. A
origem do nome Pomodoro, que em italiano significa «tomate»,
remete para o relógio de cozinha com formato de um tomate que
girava durante 25 minutos, emitindo um som forte quando esse
tempo terminava. Durante esse tempo, Cirillo focava-se nas suas
tarefas sem qualquer interrupção, mantendo-se totalmente focado.
Devido aos resultados satisfatórios desta técnica, Cirillo fez a sua
divulgação em 1992.
CONSELHOS DA PSICÓLOGA
(para vencer a Procrastinação)
PERFECIONISMO
NO CONSULTÓRIO
6 – Procrastina
Parece um paradoxo, mas o perfecionismo é prejudicial à
produtividade. Devido ao medo de falhar e ao medo de não ficar
perfeito, as pessoas com traços perfecionistas tendem a procrastinar
perante um desafio, ficam imobilizadas e não conseguem fazer nada.
Essa procrastinação pode levar a uma sensação de fracasso,
perpetuando ainda mais um círculo vicioso e paralisante.
7 – Tem baixa autoestima
Quando alguém com traços perfecionistas se avalia de forma
negativa, isso contribui para uma baixa autoestima. Os
perfecionistas também podem ser solitários devido à forma como se
analisam a si mesmos e aos outros, com crítica e rigidez, afastando
quem os rodeia.
Vou dar-lhe estratégias para começar hoje mesmo a pôr
em prática, vamos a isso?
NECESSIDADE DE CONTROLO
NO CONSULTÓRIO
• Ponto 5: A vida é como a água que corre no rio, por mais que
tente controlar o seu curso, não será possível deter a sua força.
Aceite as pessoas e situações tal como se apresentam, sem querer
alterar constantemente os outros e as suas experiências.
INSÓNIAS
NO CONSULTÓRIO
NO CONSULTÓRIO
1
– Estilos de apego inseguros (infância);
2
– Baixa autoestima;
3
– Medo de sofrer;
4
– Medo do compromisso;
5
– Crenças disfuncionais acerca dos relacionamentos.
SENTIMENTO DE CULPA
NO CONSULTÓRIO
A Cíntia foi mãe há pouco tempo e descobriu uma das coisas mais
avassaladoras da maternidade: o sentimento de culpa. A culpa que está
presente nas dúvidas que sente: «E se estas fraldas não são as melhores e
o bebé fica com a pele irritada? A culpa será minha»; «Se não conseguir
amamentar, sou culpada por não dar todas as defesas ao meu bebé»;
«Sinto culpa quando penso que a minha carreira vai ficar pendente». A
culpa está presente na vida da Cíntia e isso tem um enorme impacto na
sua autoestima.
O complexo de culpa refere-se a uma crença persistente de que fez
algo errado, ou que fará algo errado, que leva à ansiedade.
Embora um complexo de culpa possa ser a consequência de
algum dano real que se tenha causado, também pode ser uma culpa
imaginada ou percebida. As pessoas podem pensar que fizeram algo
errado, mesmo que não o tenham feito. Noutros casos, podem
sobrestimar o seu papel numa determinada situação, acreditando
que os seus erros tiveram um impacto muito mais sério do que
realmente tiveram.
A culpa é descrita como uma emoção autoconsciente que envolve
avaliações negativas do «eu». Envolve sentimentos de angústia e de
fracasso e pode conduzir a stresse, ansiedade e depressão, podendo
notar-se ainda dificuldade para dormir, perda de interesse por
atividades diárias, fadiga, dificuldade de concentração e abstinência
social.
1 – Ansiedade
Se é muito ansioso, é provável que avalie negativamente as suas
ações, o que o leva a um sentimento de culpa. Mas, recorde-se, nós
não somos a nossa ansiedade.
2 – Experiências de infância
Crianças que são criadas em famílias em que constantemente lhes
apontam o que fizeram de errado.
3 – Cultura
Se tiver comportamentos contrários às normas culturais em que
cresceu, poderá sentir culpa mesmo que não acredite ou apoie essas
normas.
4 – Religião
Algumas tradições religiosas sobrevalorizam os sentimentos de culpa
como forma de indicar que determinado comportamento está
errado.
5 – Pressão social
Se sente que outras pessoas o julgam pelo que faz, pode ficar com
um sentimento de culpa ou de remorsos.
• Culpa natural
Se realmente cometeu um erro e se sente mal pelo que fez, a
culpa é uma resposta normal. Este tipo de culpa pode ser
adaptativa e motivá-lo a agir ou a fazer mudanças que sejam
benéficas. Por exemplo, pode aliviar a sua culpa pedindo
desculpas por determinado comportamento.
• Culpa desadaptativa
Às vezes, as pessoas sentem-se culpadas por
acontecimentos/ações que não estavam sob o seu controlo. Por
exemplo, sentir-se culpado porque o seu filho caiu.
• Culpa existencial
Nestes casos, a culpa está intrinsecamente ligada a um
sentimento de injustiça. Um dos tipos de culpa existencial é a
«culpa do sobrevivente» (uma pessoa que sobreviveu a um
acidente enquanto outras morreram).
SÍNDROME DO IMPOSTOR
NO CONSULTÓRIO
• «Isso é impossível.»
Quando me dizem que algo é impossível, pergunto sempre se
alguém já o fez ou já o conseguiu. Se a resposta for positiva, então
não existe espaço para o impossível. Exige sacrifício, cedências e
resiliência, mas é possível.
CONSELHOS DA PSICÓLOGA
(para a prática de mindfulness)
Meditação
«Inspiro e expiro.
OK, certo, estou a respirar.
Quando é suposto começar a sentir alguma coisa?
OK, volto à respiração.
Adapto a postura, porque estou desconfortável sentado de costas
direitas.
Inspiro, expiro.»
• Meditação Guiada
A meditação guiada também é uma técnica bastante popular, na
qual um instrutor orienta quem está a meditar através das posições
corporais, da respiração e da imagética.
São muitos os benefícios da meditação para a saúde mental:
aprender a gerir pensamentos negativos, treinar a capacidade de
atenção e concentração, conseguir um sono reparador, melhorar o
foco e a capacidade de tomada de decisão, ajudar na regulação
emocional, diminuir a fadiga e o stresse e reduzir os sintomas de
depressão, de ansiedade e a dor física.
• Escolher a meditação
Aconselho vivamente que comece com uma meditação guiada, uma
vez que está a iniciar a prática. Sou fã das meditações da Raissa
Zocal, tem um canal de YouTube chamado Yoga Mudra, sempre que
penso em meditar é a ela que recorro, e gosto muito.
• Sentir sono
Se sente que meditar deitado poderá induzir o sono, encontre outra
posição em que também esteja confortável. Poderá ainda meditar de
olhos abertos, o importante é encontrar o que resulta consigo.
Sono
• Limitar o álcool
Beber álcool, especialmente antes de dormir, pode fazer com que
acorde muitas vezes durante a noite ou muito cedo. Tente limitar
(consumir ao fim de semana) ou evitar completamente o álcool para
ver como isso muda a qualidade do seu sono.
Exercício físico
Alimentação Saudável
O papel da neuronutrição
A neuronutrição é uma área que se tem desenvolvido muito nos
últimos anos e que, entre as múltiplas realidades que estuda, aborda
a relação entre a alimentação saudável e a saúde mental. Neste
âmbito, a neuronutrição destaca como os alimentos influenciam o
cérebro e as suas funções (Fernandes, et al., 2021).
Estudos científicos comprovam que uma alimentação saudável
rica em nutrientes como triptofano, ómega-3, magnésio, vitaminas
do complexo B, vitamina C, vitamina A, e minerais como cálcio, zinco
e ferro vai ajudar no controlo das perturbações da ansiedade (Rocha
& Myva, 2020).
O consumo elevado de açúcar pode afetar de forma negativa o
funcionamento cognitivo e até contribuir para o agravamento de
sintomas associados à depressão e à ansiedade. Uma dieta que seja,
de modo geral, desequilibrada pode ainda contribuir para o
surgimento de fadiga, dificuldade na tomada de decisões e aumento
do tempo de reação. Assim, uma alimentação equilibrada vai
melhorar o seu sono, a sua autoestima e as suas funções cognitivas.
• Beba água
Faça várias pausas no seu trabalho, e em vez de consultar
imediatamente as redes sociais, procure hidratar o seu corpo.
Sol
Vive ou sobrevive?
Dorme ou descansa?
Engole a comida ou saboreia-a?
Está no futuro ou no agora?
Está em último ou em primeiro nas suas prioridades?
Respira de forma rápida ou controlada?
Cuida de si?
• Mental
Já sabe que a forma como pensa irá influenciar o que sente e como
se comporta, correto? O autocuidado mental pode envolver tudo o
que estimule e alimente a sua mente, como ler livros, ouvir música,
fazer jogos complexos, entre tantas outras atividades. O autocuidado
mental é tudo o que mantém a sua mente saudável e aqui refiro-me
à qualidade dos seus pensamentos, à forma como olha para o
mundo e responde a fases desafiantes, à maneira como resolve
problemas e trabalha a sua resiliência e, muito importante, como
estimula um diálogo interno positivo.
Se o diálogo que tem consigo próprio é, geralmente, negativo, o
olhar que tem perante o mundo e a sua vida vai ser igualmente
negativo, o que vai gerar stresse e ansiedade. Comece por prestar
atenção às palavras que utiliza no seu dia a dia, até nas coisas mais
simples, como, por exemplo, em vez de dizer «odeio o trânsito»,
torne essa afirmação mais leve «não gosto de trânsito».
Por norma, temos um diálogo muito negativo connosco próprios
e muito positivo com os outros, já tinha reparado nisso? Vou deixar-
lhe um desafio importante, cada vez que tiver um diálogo interno
negativo, pense se diria isto a uma amiga muito próxima: «Hoje,
estás mesmo com má cara, assim não vais conseguir enfrentar o
dia.» Se não diria, por que razão haverá de ter este discurso consigo
próprio?
Cultive pensamentos gentis e verá que não se vai arrepender de
cuidar de si, um trabalho que começa mesmo por este diálogo
interior.
• Físico
Somos um só, e por isso corpo e mente estão totalmente
conectados, nenhum deles pode ficar em segundo plano. Assim,
quando cuida do seu corpo estará a beneficiar a sua mente. O
autocuidado físico envolve uma alimentação adequada, o descanso
merecido, a vigilância da sua saúde e o exercício físico. Para saber
em que ponto está o seu autocuidado físico, responda às seguintes
questões:
– Dorme o necessário? Como está o seu sono?
– Nutre o seu corpo através de uma alimentação saudável?
– Exercita o seu corpo com frequência?
– Cuida do seu corpo oferecendo-lhe uma massagem ou um
momento de spa em casa?
• Espiritual
O autocuidado espiritual não está, necessariamente, relacionado
com uma religião. Prende-se, sim, com o cuidar de si, estabelecendo
uma conexão interior mais profunda.
Aqui podemos incluir a meditação, o contacto com a natureza, o
silêncio, o estar somente a apreciar o momento presente como uma
forma de autocuidado profunda.
• Social
Quando se trata de bem-estar social pensamos de imediato em
quem queremos ter sempre por perto. São, certamente, as pessoas
que não nos julgam, que nos respeitam, empoderam e suportam. A
melhor forma de receber algo é investir primeiro, sobretudo nas
pessoas que realmente vale a pena ter na nossa vida. É fundamental
que estas pessoas estejam na nossa «agenda», e que alimentemos
estas relações.
• Emocional
Já aprendemos o quão importante é saber gerir as emoções para
minimizar o impacto de determinadas situações na nossa vida.
Gostava também de destacar algo fundamental para o autocuidado
emocional: o investimento na autoestima, nesta vontade de gostar
mais de nós próprios e de nos sentirmos merecedores de todas as
nossas conquistas. A autoestima é mais do que apenas gostar de
nós por dentro e por fora, abarca também o que pensamos, como
nos relacionamos com os outros, o que sentimos e valorizamos em
nós próprios.
CONSELHOS DA PSICÓLOGA
Eu senti-me…
Fiz isto por mim…
Agradeci por isto…
Precisei disto…
Consegui alcançar…
Desafiei-me a…
Noto que muitas pessoas ainda não olham para o descanso como
prioridade e aqui não me refiro ao sono e sim ao desligar do
trabalho, da rotina, do ritmo acelerado, das redes sociais, do mundo
que não dorme. A culpa impera sempre que se fala em descanso
numa sociedade que vive à velocidade da luz. Nunca temos tempo,
se nos permitimos descansar categorizamo-nos logo como maus
profissionais ou maus pais, ficando com a sensação de que estamos
sempre a falhar. O burnout existe e nada mais é do que a nossa
mente a entrar em completo esgotamento. Sabe quando o seu
computador está tão cheio que se desliga do nada? A nossa mente é
igualmente assim, precisa de desligar, não suporta tanta informação
e tão rápida.
Saber desligar é reconhecer a importância de entrar numa bolha
só sua, onde só encontra aquilo que lhe faz bem, seja lugares,
pessoas, a necessidade de silêncio ou a viagem livre da sua mente.
Não se culpe por todas as vezes em que precisar de ir até essa
bolha, um espaço que cala os gritos e exigências de uma sociedade
sempre ligada. Lembre-se de que o mindfulness é um excelente
aliado desta necessidade de parar e de só estar. Ninguém vai cuidar
de si, está na hora de ser o agente principal no seu processo
de mudança.
O mundo não vai acabar se descansar, o mundo não vai acabar
se se puser no topo das suas prioridades.
OS INIMIGOS DA ANSIEDADE
• Café
• Tabaco
• Álcool
• Stresse
• Redes sociais
EXERCÍCIO PRÁTICO
• Ao acordar
Comece por alongar o seu corpo e inicie o seu dia com 10
minutos de meditação ou, caso esteja com mais tempo, com 30
minutos de ioga. Vamos acordar o corpo e a mente para
começarmos bem o dia ou a nossa semana. De seguida, faça a
sua higiene fora do piloto automático. Caso queira acordar
ainda mais a sua mente, escove os dentes com a mão contrária
àquela que costuma utilizar. Antes de sair, não se esqueça de
nutrir o seu corpo com um pequeno-almoço equilibrado que lhe
dará a energia que precisa para abraçar o dia.
• A caminho do trabalho
Pare de olhar para o relógio, eu sei que pode estar trânsito,
mas lembre-se de que nem tudo está sob o seu controlo. Essa
preocupação não vai ajudar a que o trânsito flua, aproveite
para fazer uma respiração calma e profunda, pode até ouvir
música no carro.
• No regresso a casa
Aproveite para fazer um exercício de minfulness, olhe pela
janela e respire de forma calma e consciente. Sinta o sol a
bater no seu rosto. Concentre-se na música que está a ouvir e
nas sensações que está a experienciar.
• Ao chegar a casa
Prepare um jantar saudável e aproveite o tempo para estar com
quem ama. É fundamental ter essas pessoas por perto depois
de um dia de trabalho. Aproveitem para comunicar e partilhar
os momentos bons e menos bons do dia, expressem as vossas
emoções e acolham-nas.
• Ao deitar
Tome um banho relaxante e substitua as redes sociais pela
leitura de um livro. Caso a ansiedade bata à porta, faça
exercícios de respiração ou o Relaxamento Muscular Progressivo
de Jacobson. Lembre-se de usar a escrita terapêutica para lidar
com o lixo acumulado na sua mente.
Uma vida de altos e baixos, com dias de sol e dias cinzentos, com
momentos de felicidade e de tristeza. Esta é a vida real e somos o
produto de todas as nossas experiências felizes e menos felizes,
todas são importantes na nossa construção como seres humanos.
O QUE FAZER DURANTE UM ATAQUE DE PÂNICO OU NUMA
CRISE DE ANSIEDADE
• Ao acordar
• No trabalho
• Não julgar;
• Respeitar o espaço;
• Ajudar a respirar;
• Incentivar a procura de ajuda;
• Praticar uma escuta ativa;
• Ser empático.
CONSELHOS DA PSICÓLOGA
• Detesta mudanças;
• Pensa em tudo o que pode correr mal e desiste dos objetivos
por medo;
• Tem a mente assoberbada de pensamentos maus;
• Está muito vigilante com o seu corpo;
• Recusa convites com medo de se sentir mal;
• Pode pensar que alguém está chateado consigo só porque não
lhe respondeu a uma mensagem;
• Quando tenta dizer «não» foca-se no receio da reação do
outro;
• Não gosta de sair da zona de conforto.
5
PLANO DETOX PARA A ANSIEDADE – ESTRATÉGIAS
PARA VOLTAR A CONTROLAR AS SUAS DECISÕES
E EMOÇÕES
CONSELHOS DA PSICÓLOGA
(para começar a dizer não)
1 – Carta de si para si
Imagine a pessoa que gostava de se tornar, imagine que alcançou
todos os seus objetivos, que já consegue gerir a sua ansiedade e
tem uma atitude muito mais positiva perante a vida.
Escreva uma carta para si próprio.
– O que diria esta nova versão de si à versão de hoje?
– Como é que diria para viver?
– O que diria sobre a sua preocupação e a sua ansiedade?
– O que diria sobre as suas potencialidades e aquilo que
conseguiu alcançar?
– Como é que diria para não ser tão autocrítico, para pensar de
outra forma e ser mais gentil consigo mesmo?
Para começar deve fazer uma hierarquia dos seus medos, onde o
número um é o primeiro passo na exposição real e o número dez a
concretização do objetivo. Veja o seguinte exemplo de hierarquia
para a ansiedade social, em que o medo central é ser o centro das
atenções:
• Abraçar-se na recaída
Se avançou e recaiu é porque avançou. Ninguém recai se não tiver
tentado a superação. Para abraçar a recaída é necessário saber que
faz parte do processo, que não é linear. Vejamos o seguinte
exemplo: A Luísa tem medo de andar de avião, está a investir em si
mesma para superar esse medo, uma vez que tem muita vontade
em acompanhar o grupo de amigas em viagens. Começa a fazer
terapia e está numa fase do processo na qual começa a confrontar-
se com os seus pensamentos mais catastróficos, que envolvem o
medo de se sentir mal no avião. A Luísa não esperava, mas recebeu
um email do chefe a dizer que tem de ir à Bélgica representá-lo
numa reunião e que não existe hipótese de não ser ela a fazê-lo. O
mais fácil seria fugir da ansiedade, mas a Luísa não tem outra
hipótese, precisa de ir. Não se sentindo preparada, é normal que a
sua ansiedade se intensifique ao ponto de ter uma crise, o que é
perfeitamente esperado. O importante é a Luísa saber que está no
processo para conseguir vencer o medo, é expectável que ainda
existam dificuldades. Assim, sempre que recair não se julgue tanto,
trata-se de um caminho com altos e baixos. Aconselho-o a fazer uma
lista com as situações que possam ser um gatilho para si e, desta
forma, pensar que comportamentos poderiam levar à sua recaída,
assim como comportamentos que favorecem a mudança contínua.
Veja o seguinte exemplo:
Gatilho: Adoecer, vou logo pensar que tenho uma doença grave;
Comportamento de risco: Ir pesquisar sobre o que sinto na
Internet;
Comportamento a adotar: Desconstruir os meus pensamentos
e encontrar alternativas mais coerentes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
QUEM MANDA NA MINHA VIDA SOU EU!
SORRIA, conseguiu!
Merece todo o reconhecimento. Conseguiu, trabalhando com os seus
próprios recursos. Não é uma vitória, pois não existia um inimigo,
apenas uma visita de hábitos estranhos que passou a compreender
e a aceitar melhor.
Respirar
Comer uma fruta de olhos fechados
A gargalhada de uma criança
O cheiro de uma flor
O sorriso de um desconhecido
Andar descalço na relva
Cantar alto no banho
Adormecer no sofá
Presentear os amigos
Ver o nascer e o pôr do sol
Agradecer, agradecer, agradecer
O som dos pássaros no campo
Um mergulho no mar
Comer um doce sem culpa
Viajar sem destino
Arrepiar-se ao ouvir uma música
Dizer amo-te, desculpa e obrigada
Perdoar
Acreditar nos sonhos
Ajudar sem esperar nada em troca
Respeitar o outro e a si mesmo
Abrir as janelas para o sol entrar
Escrever o que sente
Ler um livro com os pés na areia
Não olhar para o relógio
Viver o hoje, o presente
EXERCÍCIO
Quais foram os pontos chave mais marcantes deste livro que irão
sustentar a minha mudança? Que aspetos foram essenciais para eu
aprender a gerir a minha ansiedade?
O que preciso de fazer com tudo o que aprendi? De que modo
penso pôr em prática?