Conceitos Essenciais Da Sociologia - Anthony Giddens-4

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BAKER, S. Sustainable Development. London: Routledge, 2005.

[82] LUKE, T. Neither sustainable, nor development: reconsidering sustainability in


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University Press, 1987.

Industrialização

Definição prática

Iniciado em meados do século XVIII na Grã-Bretanha e Europa,


processo de substituição da mão de obra humana e animal por máquinas,
sobretudo no campo da produção e do trabalho.

Origens do conceito

Antes do período moderno, as palavras “indústria” e “industrioso” eram


muito usadas no sentido de “diligente”. Ao final do século XVI, o termo
“indústria” também era usado para descrever manufatura e comércio. Esse
significado posteriormente começou a ser bastante usado para descrever
determinadas áreas da manufatura, como mineração, eletrônica e até mesmo
setores de serviços. Portanto, o conceito de industrialização sugere um
processo de mudança em longo prazo, de uma [83] sociedade pré-industrial
ou não industrial rumo a uma sociedade primordialmente baseada na
manufatura. Nesse sentido, a industrialização talvez seja o aspecto mais
significativo do processo de modernização. A Revolução Industrial na
Europa e América do Norte começou na Inglaterra entre meados do século
XVIII e as primeiras décadas do XIX. Durante esse período, o processo
começou a decolar e se perpetuar, com uma série de inovações relacionadas,
como mineração de carvão, produção de ferro e novas tecnologias que
facilitavam a produção de quantidades maiores de mercadorias. Mais
produção significava movimentos populacionais, uma vez que as pessoas
deixavam as zonas rurais e agrícolas à procura de trabalho nas cidades em
pleno desenvolvimento, sedes de novas fábricas e oficinas.
Ao final do século XIX, já era possível falar em uma sociedade
industrial com base em uma mudança tecnológica contínua em que os
processos de manufatura dominavam e a grande massa de trabalhadores era
empregada na manufatura, não na agricultura. Embora muitos tenham visto
nisso um avanço positivo, o período também foi alvo de muitas críticas
fervorosas contra as terríveis condições de vida e de trabalho em cidades
superlotadas, sem contar o impacto devastador das máquinas sobre as
habilidades artesanais tradicionais. Os sociólogos mais antigos estudavam a
expansão radical da divisão do trabalho, o surgimento do conflito de classes
e as formas cada vez mais seculares de vida urbana. Desde os anos 1970, os
sociólogos argumentam que muitas sociedades previamente industriais se
tornaram gradativamente pós-industrializadas, pois uma quantidade cada vez
menor de trabalhadores está diretamente envolvida na manufatura e mais
pessoas estão empregadas no segmento de serviços nas áreas de educação,
saúde e finanças.

Significado e interpretação

Industrialização se refere à substituição da mão de obra animal e


humana por máquinas. O desenvolvimento tecnológico em si não é novidade
e remonta à mais básica fabricação de ferramentas de pedra nas [84] antigas
sociedades tribais, o que possibilitou novas práticas sociais como caça e
construção de moradias mais eficazes. Contudo, a Revolução Industrial do
século XVIII é vista como uma mudança revolucionária equiparável em
representatividade àquela criada pela Revolução Neolítica iniciada por volta
de 9000 a.C., que trouxe a fixação de comunidades e a produção agrícola. A
industrialização transformou o modo como a massa de pessoas vivia o seu
cotidiano e das mais variadas maneiras. Portanto, uma sociedade industrial é
aquela cuja tecnologia faz a mediação do relacionamento entre os seres
humanos e o mundo natural.
A industrialização muda a relação entre pessoas e natureza, pois esta
passa a ser cada vez mais vista apenas como fonte de matérias-primas ou
recursos destinados ao processo de produção. No início do século XIX,
muitos analistas sociais se perguntavam se a industrialização seria apenas um
processo em curto prazo que poderia ser interrompido ou revertido, porém ao
final do século tal expectativa parecia impossível. Hoje a desindustrialização
não só é improvável, mas também impossível sem que antes haja
significativas reduções na população global, que cresceu para além de
qualquer previsão realizada pelos cientistas sociais. Os níveis populacionais
humanos globais de 6 a 8 bilhões só são sustentáveis com a industrialização
na produção alimentícia, no transporte e na divisão global do trabalho.
Algumas teorias de mudança pós-industrial da década de 1970 sugerem
que a mais recente onda de desenvolvimento eletrônico usando
microcircuitos, computação, satélites e tecnologia da informação representa
um avanço além da simples industrialização. No entanto, todas essas
tecnologias ainda são produzidas em instalações industriais onde as máquinas
dominam, não a mão de obra humana e animal. Os computadores ainda
precisam ser produzidos em fábricas industriais e funcionam usando
eletricidade gerada por usinas elétricas. A internet é um meio de comunicação
global maravilhoso, mas não pode ser acessado sem os devidos dispositivos
tecnológicos e uma fonte de energia. Talvez seja mais correto descrever o
surgimento das tecnologias da informação como uma forma de industrialismo
avançado em vez de um movimento que se distancia dos princípios
industriais.
[85] Uma das consequências significativas da industrialização está
relacionada à movimentação das pessoas conhecida como urbanização,
extremamente acelerada ao longo do século XIX. A produção industrial
gerou mais matérias-primas para casas, fábricas e infraestrutura, o que
acelerou o abandono da agricultura e do modo rural de vida. Para muita
gente, as novas cidades pareciam uma sociedade totalmente nova, com
diversas invenções industriais como gás, eletricidade e novas máquinas junto
com salários mais altos. Muitos críticos, inclusive William Morris e John
Ruskin, na Inglaterra, viram os modos tradicionais de vida e moralidade
desaparecerem à medida que novos problemas sociais eram criados.
Sociólogos da época também reclamavam sobre a perda de solidariedade
social na comunidade e o aumento do individualismo e da ação voltada aos
próprios interesses (Tönnies, 2001 [1887]).

Aspectos controversos

Em muitos aspectos, a industrialização é um processo contínuo, já que


um número crescente de países passa pelo seu próprio processo. No entanto,
desde os anos 1970 a teoria da pós-industrialização nos alerta para a forma
pela qual as sociedades industriais avançadas transitam em outra direção. Os
processos de manufatura migraram para os países em desenvolvimento onde
os custos de mão de obra são mais baratos e as regulamentações aplicadas
com menos rigidez. Esse processo levou a uma forte diminuição da
manufatura nos países desenvolvidos e a uma expansão do emprego no setor
de serviços, em que as pessoas trabalham cada vez mais com e para outras
pessoas em vez de matérias-primas e máquinas na produção de mercadorias.
O trabalho no setor de serviços exige um conjunto de habilidades muito
diferente, incluindo o “trabalho emocional”, e a isso se atribui a
“feminização” da força de trabalho à medida que mais mulheres ocupam
empregos remunerados e obtêm ensino superior. Obviamente, nesses países,
a industrialização não é o que costumava ser, embora o conceito ainda capte a
experiência dos países que passaram recentemente pelo processo de
industrialização como China, Filipinas e Índia.

[86] Relevância contínua

A tese pós-industrial descreve a situação em países como Inglaterra,


Estados Unidos e França, mas é importante observar que esses países não
podem evitar a poluição industrial produzida em outra parte do mundo. As
mudanças socioeconômicas vivenciadas no mundo desenvolvido não
significam o fim da industrialização, mas apenas que o processo agora
envolve o mundo inteiro. A escala de mudança industrial e a transformação
da vida humana trazida por ela não são correspondidas pelas mudanças pós-
industriais – pelo menos, ainda não. A industrialização foi um avanço
histórico mundial que viabilizou um crescimento populacional em ritmo
jamais visto, e a produção industrial continua a sustentar essa população.
A maioria dos países em desenvolvimento foi industrializada muito
tempo depois do mundo desenvolvido e em um período em que as
preocupações ambientais estão no topo do debate político global. O que
alguns estudiosos defendem agora é que haja uma forma ecológica de
modernização que evite os níveis devastadores de poluição gerados na
industrialização anterior e que permita que os países em desenvolvimento se
modernizem. Frijns, Phuong e Mol (2000) analisam essa tese em relação ao
desenvolvimento no Vietnã a partir de três dimensões: consciência ambiental,
relações Estado-mercado e desenvolvimento tecnológico. Nas três eles
encontram uma divergência significativa das expectativas da teoria de
modernização ecológica (ME), que foi desenvolvida no contexto europeu.
Assim sendo, a teoria precisa ser refinada para que possa ser útil em países
em desenvolvimento. Entretanto, as reformas no Vietnã em relação à
democratização, internacionalização e liberalização econômica podem
oferecer possibilidades de uma forma diferente de ME em relação àquela
criada na Europa.

Referências e leitura complementar

CLAPP, B. W. An Environmental History of Britain since the Industrial Revolution.


London: Longman, 1994.
[87] FRIJNS, J.; PHUONG, P. T.; MOL, A. Ecological modernization theory and
industrialising economies: the case of Viet Nam, Environmental Politics, 9(1), 2000,
p.257-92.
KUMAR, K. From Post-Industrial to Post-Modern Society: New Theories of the
Contemporary World. 2.ed. Oxford: Blackwell, 2005.
TÖNNIES, F. Community and Society [Gemeinschaft und Gesellschaft]. Cambridge;
New York: Cambridge University Press, 2001 [1887].

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