TCC Gabriel Andrade Moreira - Final
TCC Gabriel Andrade Moreira - Final
RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS:
RESOLUÇÃO DE QUESTÕES DA PROVA DO ENEM DE 2016 E 2017
APLICANDO O MÉTODO PROPOSTO POR GEORGE POLYA
Tubarão/SC
2018
GABRIEL ANDRADE MOREIRA
RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS:
RESOLUÇÃO DE QUESTÕES DA PROVA DO ENEM DE 2016 E 2017
APLICANDO O MÉTODO PROPOSTO POR GEORGE POLYA
Tubarão/SC
2018
GABRIEL ANDRADE MOREIRA
RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS:
RESOLUÇÃO DE QUESTÕES DAS PROVAS DO ENEM DE 2016 E 2017
RELACIONADAS A FUNÇÕES ELEMENTARES
______________________________________________________
Professor e orientador Dalmo Gomes de Carvalho, MSc.
Universidade do Sul de Santa Catarina
______________________________________________________
Prof. Mário Selhorst, MSc.
Universidade do Sul de Santa Catarina
______________________________________________________
Prof. Carlos Augusto Zilli, Esp.
Universidade do Sul de Santa Catarina
Este trabalho é dedicado a
minha mãe. (In Memoriam)
AGRADECIMENTOS
Este estudo teve como principal objetivo a ser alcançado, analisar as questões relacionadas a
função nas provas do Enem de 2016 e 2017 através do método de resolução de problemas
proposto por George Polya. Buscando alcançar o objetivo proposto, fizemos um breve estudo
histórico de Polya, as principais características e o funcionamento do método a ser utilizado, a
presença da resolução de problemas nos documentos oficiais que regem a educação no país,
características das provas do Enem e suas competências e habilidades, além da análise das
cinco questões chave obtidas. Dessa forma, através do tratamento dos dados da pesquisa,
verificamos que o método contribui de forma significativa para a resolução de problemas de
função, e que pode ser tratado como um método de ensino, embora algumas dificuldades dos
professores possam fazer desse processo um caminho mais difícil, o engrandecimento a
personalidade e ao conhecimento dos alunos será notório.
This study had as main objective to be reached, to analyze the questions related to the
function in the tests of the Enem of 2016 and 2017 through the method of problem solving
proposed by George Polya. Motivated by this question, we made a brief historical study of
Polya, the main characteristics and functioning of the method to be used, the presence of
problem solving in the official documents governing education in the country, characteristics
of Enem evidence and their skills and abilities, in addition to the analysis of the five key
questions obtained. So, through the treatment of the research data, we verified that the method
contributes significantly to the resolution of function problems, and that it can be treated as a
teaching method, although some difficulties of the teachers can make this process a little more
difficult at times, the enhancement of the personality and knowledge of the students will be
noticeable.
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 11
1.1 TEMA E DELIMITAÇÃO DO TEMA ........................................................ 11
1.2 PROBLEMATIZAÇÃO ............................................................................... 11
1.3 JUSTIFICATIVAS ....................................................................................... 12
1.4 OBJETIVOS ................................................................................................. 12
1.4.1 Objetivo Geral .......................................................................................... 12
1.4.2 Objetivos Específicos ............................................................................... 13
1.5 TIPO DA PESQUISA ................................................................................... 13
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO.................................................................. 14
2 RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS .................................................................................. 15
2.1 RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS E O ENSINO ........................................ 15
2.2 GEORGE POLYA E UM POUCO DE HISTÓRIA ..................................... 19
2.3 RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS POR GEORGE POLYA ....................... 20
2.4 RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NOS DOCUMENTOS OFICIAIS ........ 23
3 EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO ................................................................ 26
3.1 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO EXAME NACIONAL DO
ENSINO MÉDIO ..................................................................................................................... 26
3.2 COMPETÊNCIAS E HABILIDADES ......................................................... 27
3.3 MATEMÁTICA NO EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO ........... 30
3.4 EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO 2018 ..................................... 31
4 ANÁLISE DAS QUESTÕES DO EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO A
PARTIR DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS PROPOSTO POR GEORGE POLYA
32
4.1 QUESTÃO RELACIONADA A FUNÇÃO APLICADA EM 2017,
BANCA INEP, PROVA EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO – SEGUNDO DIA,
148 CADERNO AZUL, SEGUNDA APLICAÇÃO – PPL. ................................................ 33
4.2 QUESTÃO RELACIONADA A FUNÇÃO EXPONENCIAL APLICADA
EM 2016, BANCA INEP, PROVA EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO –
SEGUNDO DIA, 176 CADERNO AZUL, SEGUNDA APLICAÇÃO – PPL. ...................... 35
4.3 QUESTÃO FUNÇÃO APLICADA EM 2017, BANCA INEP, PROVA
EXANE NACIONAL DO ENSINO MÉDIO – SEGUNDO DIA, 152 CADERNO AZUL,
SEGUNDA APLICAÇÃO – PPL. ........................................................................................... 37
4.4 QUESTÃO FUNÇÃO EXPONENCIAL APLICADA EM 2016, BANCA
INEP, PROVA EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO – SEGUNDO DIA, 157
CADERNO AZUL, SEGUNDA APLICAÇÃO – PPL. .......................................................... 39
4.5 QUESTÃO RELACIONADA A FUNÇÃO APLICADA EM 2017, BANCA
INEP, PROVA EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO – SEGUNDO DIA, 176
CADERNO AMARELO, SEGUNDA APLICAÇÃO – PPL. ................................................. 41
5 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................... 45
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 47
11
1 INTRODUÇÃO
1.2 PROBLEMATIZAÇÃO
1.3 JUSTIFICATIVAS
1.4 OBJETIVOS
O tipo de pesquisa que será utilizado neste projeto será de cunho bibliográfico,
que “(...) decorre de fontes secundárias: livros, revistas, jornais, monografias, teses,
dissertações, relatórios de pesquisa, etc. Busca-se resposta ao problema em fontes,
exclusivamente bibliográficas”. (MOTTA, 2015, p. 102). Além disso, a pesquisa também
contará com partes documentais, devido à análise de documentos públicos como a Base
Nacional Comum Curricular e a prova do Exame Nacional do Ensino do Médio (ENEM).
Além disso, também serão utilizados os métodos de pesquisa exploratória e
qualitativa, uma vez que a pesquisa exploratória tem como objetivo fazer com que o
graduando tenha mais proximidade com o assunto, o deixando mais explícito. A pesquisa
exploratória tem como características principais o levantamento bibliográfico, entrevistas
sobre o problema pesquisado quando necessário, e análise de exemplos que consigam ajudar
na compreensão por parte do estudante. Como dito anteriormente, a pesquisa também tem
caráter qualitativo, pois grande parte dos assuntos abordados também são obtidos por consulta
bibliográfica, rico em dados descritivos, o que é determinante para a relevância da
fundamentação teórica. Dentro do processo de pesquisa qualitativa existem etapas como
análise exploratória do tema, a descrição do tema, interpretação e teorização do assunto a ser
abordado.
14
Com o intuito de concluir todos os objetivos propostos para este trabalho, pensou-
se em dividir todo o referencial teórico em três capítulos. As sessões anteriores ou
subsequentes são elementos que constam em todos os trabalhos acadêmicos, geralmente.
O capítulo 1 é composto por introdução, tema, delimitação do tema,
problematização, justificativas, objetivos, tipo da pesquisa e a estrutura do trabalho.
O capítulo 2 remete o leitor a primeira parte do referencial teórico, que é uma
explanação sobre a resolução de problemas na matemática. Será subdividido da seguinte
forma: resolução de problemas e o ensino, George Polya e um pouco de história, resolução de
problemas por George Polya, resolução de problemas nos documentos oficiais.
O capítulo 3 compreende a segunda parte do referencial teórico, que é sobre o
Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), divido em: principais características do Enem,
competências e habilidades, matemática no Enem, Enem 2018.
O capítulo 4 contém a apresentação das questões do Enem de 2016 e 2017 sobre
funções elementares, onde é realizado a resolução com utilização do método de George Polya.
Ao final, o capítulo 5 que mostra as conclusões e considerações finais, além das
referências bibliográficas.
15
2 RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
O método da resolução de problemas vem sendo estudado cada a vez mais nos
últimos anos. Dentro desta pesquisa, será colocado como principal método de resolução de
problemas, o proposto por George Polya. Primeiro será feita uma breve análise histórica para
dar introdução ao presente tema.
.
individuais de cada aluno e realidades sociais dos mesmos. O professor é um ditador de regras
e informações, e não sobra espaço para o diálogo, discussão de assuntos, debates, interação, o
que pode ainda ser interpretado como falta de respeito e indisciplina. A única interação
necessária seria a de professor/aluno, em que o primeiro é o grande responsável por punir,
cobrar, treinar, vigiar, organizar conteúdos e também de avaliar os alunos. Esta avaliação é
tida como um processo de acerto e erro, sendo o erro eliminado, e o acerto muitas vezes uma
simples memorização por repetição do conteúdo, longe de qualquer aprendizagem pura e
significativa.
Outro problema deste tipo de aprendizagem, é o fato de que o aluno quando chega
na escola, é considerado como um ser sem conhecimento prévio, sem experiências de vida em
qualquer disciplina, não só na matemática, o que não é verdade.
Segundo Paulo Freire, em “Pedagogia do Oprimido” (1967), “O educador, que
aliena a ignorância, se mantém em posições fixas, invariáveis. Será sempre o que sabe,
enquanto os educandos serão sempre os que não sabem”. Já o processo de ensino através da
resolução de problemas como método de ensino para a aprendizagem matemática vem sendo
tratado cada vez mais com cuidado e atenção por parte dos pesquisadores, estes que são
defensores do método como forma de conhecimento natural e que pode ser melhorado.
A resolução de problemas como forma eficaz de ensino proporciona ao aluno
desenvolver a sua capacidade de pensar e conhecer as informações, sem a „ajuda‟ direta do
professor. No Exame Nacional do Ensino Médio, por exemplo, segundo o INEP (2007)
O educador deve ser um mediador com o papel de auxiliar, nunca demais, nem de
menos. Se o professor ajudar mais do que o necessário, não sobrará nada para o aluno pensar,
fazer, raciocinar, desenvolver. Segundo Polya (1995), “o estudante deve adquirir tanta
experiência pelo trabalho independente quando lhe for possível. Mas se ele for deixado
sozinho, sem ajuda ou com auxílio insuficiente, é possível que não experimente qualquer
progresso”. Destaca-se então, que segundo Prado e Allevato (2010), há três tipos de
concepções de ensino baseadas na Resolução de Problemas: ensinar sobre a resolução de
problemas “corresponde a teorizar sobre a Resolução de Problemas, explicitando
17
fundamentos, regras e passos para realizar essa atividade”; ensinar para a resolução de
problemas “é uma concepção em que os professores costumam utilizar os problemas para
apresentarem aplicações dos conteúdos matemáticos”; ensinar através da resolução de
problemas “é uma forma de trabalho em que um problema é ponto de partida e orientação
para a aprendizagem, e a construção do conhecimento se faz através de sua resolução”.
Osborne e Kasten (1997), analisando a opinião de profissionais da educação, descrevem como
metas do ensino a partir da resolução de problemas
[...] promover oportunidades de praticar habilidades em cálculos, desenvolver
métodos de pensamento e raciocínio lógico, descobrir alunos que tenham talento
matemático, aprender leitura matemática, aplicar ideias matemáticas ensinadas
recentemente, adquirir habilidades necessárias para viver no mundo atual,
desenvolver habilidades para abordar com independência novos tópicos de
matemática, desenvolver processos criativos de raciocínio, adquirir técnicas de
resolução de problemas vitais para uma educação diversificada e ampla, trabalhar a
habilidade de aplicar matemática nas ciências (OSBORNE; KASTEN, 1997, p. 78).
período está relacionado com o conteúdo de aritmética e álgebra, e foram resolvidos com a
matemática primitiva, através de um embasamento prático para a resolução.
De acordo com Freire,
Dos problemas mais famosos encontrados desde então, podemos citar um clássico
chamado de „Regra da Falsa posição‟ ou ainda „Regra do falso pressuposto‟, encontrado no
papiro de Rhind, no Egito. De acordo com Medeiros (2004)
embora o método da falsa posição seja um assunto muito antigo, algumas variações
do mesmo têm aplicações bem mais recentes. A idéia, por exemplo, de proceder-se,
no Cálculo Numérico, por tentativas e erros, seguidos de repetidas correções na
solução de equações nãolineares é inspirada no antigo método da falsa posição,
recebendo, assim, a mesma denominação e sendo conteúdo usual em cursos de
fundamentos da computação. (2004, p. 546)
Esta regra consistiria hoje em uma simples equação do primeiro grau, mas devido
ao fato de não existir os conceitos básicos para isto na época, os matemáticos encontravam as
respostas através da resolução de problema, seguindo três etapas: A) supor uma resposta; B)
verificação; C) ajustar à resposta encontrada. Os problemas encontrados no Papiro de Rhind
são em sua maioria numéricos e exemplos práticos da época, embora existam alguns
problemas que tinham caráter teórico.
De acordo com Onuchic (1999), ao longo da década de 80 foram desenvolvidos
diversos métodos de resolução de problemas. Apesar disso, ainda na década de 50, foi
publicado o artigo de George Polya chamado de „Mathematics as a Subject for Learning
Plausible Reasoning‟, na revista „Mathematics Teacher‟, do Conselho Nacional de
Professores de Matemática dos Estados Unidos. Além disso, foi publicado em 1948 o livro „A
Arte de Resolver Problemas‟, também de George Polya.
19
Com medo da segunda guerra mundial, George Polya se muda para os Estados
Unidos no ano de 1940 e recebe um convite especial para trabalhar na Universidade de
Stanford, onde permanece até parar de lecionar em 1953. Neste meio tempo, George Polya
continuou escrevendo, e publicou o livro “How to Solve It” (A Arte de Resolver Problemas),
em 1945, o que hoje pode-se considerar como a maior obra de sua vida.
Nos dias de hoje, alguns pesquisadores e filósofos consideram George Polya
como um pesquisador um pouco à frente do seu tempo, considerando o seu apego e seu
interesse pelo currículo e pelos métodos de ensino da matemática. Polya faleceu no ano de
1985 em Palo Alto, com 97 anos de idade.
Polya, escreveu em 1945 o livro chamado “How to Solve It”, que em português é
intitulado como „A Arte de Resolver Problemas‟. Neste livro, pode-se dizer que, de uma
forma rápida, Polya nos ensina um método de resolução de problemas matemáticos utilizando
4 passos ditos por ele, e assim, diferenciando a técnica matemática da resolução, para um
pensar matemático que vai guiar o aluno até o resultado. O método ensina o leitor a pensar o
problema de modo que possa ser conduzido para a solução através dos 4 passos citados por
ele. As quatro etapas descritas por George Polya são respectivamente: 1) Compreensão do
problema; 2) Estabelecimento de um Plano; 3) Execução do Plano e por último; 4)
Retrospecto.
Em Polya (1995) o primeiro passo, a Compreensão do problema, o autor descreve
o passo como “é uma tolice responder uma pergunta que não foi compreendida”. Além disso,
cita a simples definição de que “É preciso compreender o problema”. A partir disso, existem
algumas perguntas para serem feitas a si mesmo, com o objetivo de buscar uma melhor
compreensão em primeiro contato com o problema para ser resolvido. O primeiro objetivo do
método que deve ser cumprido é o entendimento por parte do aluno da onde ele deve começar
o seu raciocínio. Um bom começo, segundo o autor, é a realização da leitura do enunciado do
21
problema, visualização do problema como um todo, tentar montar uma imagem em sua
cabeça com tanta clareza e nitidez quanto possível. Assim, o aluno poderá se familiarizar com
o problema, e marcar o seu objetivo com a intensão de resolvê-lo. Segundo Polya (1995), o
aluno deverá seguir examinando as partes principais do seu problema, até “gravar nitidamente
na memória” os dados do problema, e assim, considerar o problema sob diversos pontos de
vista, procurando e relacionando o enunciado e os detalhes com todos os conhecimentos
matemáticos que o aluno tem previamente aprendido.
A partir da compreensão do problema, o aluno vai seguir de modo automático
para o Estabelecimento de um Plano, ou, Procura da Ideia Proveitosa. Logo após o aluno ter
visto o problema por diversos lados, é comum que apareçam algumas ideias sobre como
resolvê-lo, as vezes uma ideia completa, ou parte dela, sugerindo com maior ou menor nitidez
a maneira de prosseguir. Segundo o autor, já é uma sorte ter uma ideia qualquer para
prosseguir. Assim, mesmo que o aluno tenha uma ideia, deve sempre ter a consciência de que
examiná-la é necessário, para saber se ela é vantajosa, e se for, perceber se a ideia é confiável.
Ainda assim, segundo o autor, se o aluno estiver pensando em reconsiderar toda a situação,
voltar atrás, é porque de fato ele não confia totalmente na ideia e no caminho em que chegou.
Deve-se então voltar, porque é possível ainda surjam novas ideias para serem analisadas e que
podem talvez o guiar direto para a solução. Mesmo que não apareça nova ideia para o aluno, o
autor sugere que ele fique agradecido com a sua concepção do problema, por esta o tornou
mais coerente, com uma ideia mais complexa e equilibrada da resolução.
A próxima etapa é menor, segundo George Polya. O aluno deverá ter chego até
essa parte através do estabelecimento de um plano, que é a parte que leva mais tempo, pois o
estudante deve saber que tomou a melhor decisão e escolheu o melhor caminho para chegar
na solução. A execução do plano deve ser fácil de fazer, dessa maneira, visto que ele já tem
ideia de como proceder, e para executar o plano deve apenas fornecer os detalhes que faltam.
Um exemplo disso é o aluno já ter imaginado que pode resolver um devido problema através
de cálculos algébricos ou geométricos, com o conhecimento que adquiriu anteriormente,
sabendo que a solução através destes é viável. Na realização dos cálculos, Polya sugere que o
aluno verifique também a execução de cada passo, e também a correção, seja pelo raciocínio
formal ou pela intuição. A vantagem de prosseguir desta maneira, é saber que ao apresentar a
resolução, o aluno terá a certeza de que cada passo está correto e fora de qualquer dúvida.
22
Embora pareça pouco, pode-se dizer que este é um dos grandes feitos de George
Polya, e uma das razões que tornam este método eficaz: a simplicidade. Utilizando uma série
de perguntas que se encaixam em cada parte da resolução, as etapas citadas pelo autor se
justificam e se tornam pertinentes para o sucesso do aluno.
23
fenômenos periódicos. Nesse sentido, um projeto envolvendo também a Física pode ser uma
grande oportunidade de aprendizagem significativa.” (PCN, 2015).
O BNCC (Base Nacional Comum Curricular), aprovada pelo governo Michel
Temer em fevereiro de 2017 e estabelecida em abril do mesmo ano, compreende todo o
ensino básico, da educação infantil até o final do ensino médio. Este documento tem como
objetivo estabelecer para os profissionais da educação quais são os conteúdos mínimos que
devem ser lecionados para os alunos em cada tema, de cada disciplina. Um exemplo que é
citado no documento, é que os alunos de história do sétimo ano aprendam na disciplina de
história sobre a emergência do capitalismo no mundo. Essa parte é chamada de competências,
e além delas temos as habilidades, que são os resultados que são esperados por parte dos
alunos nestes assuntos a serem abordados em sala de aula.
Segundo o BNCC,
A BNCC da área de Matemática e suas Tecnologias propõe a ampliação e o
aprofundamento das aprendizagens essenciais desenvolvidas até o 9º ano do Ensino
Fundamental. Para tanto, coloca em jogo, de modo mais inter-relacionado, os
conhecimentos já explorados na etapa anterior, de modo a possibilitar que os
estudantes construam uma visão mais integrada da Matemática, ainda na perspectiva
de sua aplicação à realidade. (BNCC, 2017)
para atender as necessidades oriundas do ser humano e também tendo em vista que a escola é
a melhor instituição que prepara os sujeitos a atuarem na nova sociedade, sociedade esta, que
está descrita como “Sociedade do Conhecimento e da Tecnologia”, o currículo foi ampliado, e
além das disciplinas básicas, agregou uma série de conhecimentos multidisciplinares, como
questões de gênero e diversidade sexual, étnico-raciais, educação para o trânsito, educação
fiscal, educação ambiental, educação e direitos humanos, além da educação especial. O
Estado de Santa Catarina vem desde 1988 ampliando e estabelecendo novas metas a serem
atingidas junto da Proposta Curricular.
De acordo com o documento, a resolução de problemas e os conceitos matemáticos
tudo isso como um novo modelo de prova na intensão de utilizar o ENEM como forma de
unificação dos concursos vestibulares nas universidades federais.
O exame passou a ser aceito nas universidades com a criação do SiSU (Sistema de
Seleção Unificada), de forma em que os alunos poderiam se inscrever para as vagas
disponíveis nas universidades brasileiras que são participantes do sistema. Além disso, a
prova também começou a ser utilizada para a obtenção da bolsa de forma integral em
universidades privadas através do ProUni (Programa Universidade para todos), para o Fies
(Fundo de Financiamento ao estudante do Ensino Superior
O Exame Nacional do Ensino Médio a partir do ano de 2009 passou a ter 180
questões, e estas são divididas em quatro cadernos diferentes, contendo cada um 45 questões
objetivas, além da questão de redação. No primeiro, a prova tem duração de 4h30min, possui
90 questões, e o segundo dia tem duração de 5h30 e também 90 questões e a redação, o que
faz com que os alunos tenham uma média de 3 minutos para resolver cada questão. De acordo
com o Ministério da Educação, a prova tem o objetivo de avaliar as competências, e não as
informações que os avaliados possuem, e portanto, a prova não é dividida em matérias, as
questões são colocadas de uma forma que não possui qualquer tipo de agrupamento.
Com o objetivo de avaliar a capacidade de raciocínio e as ideias de cada aluno, a
prova é dividida em quatro cadernos e a redação, sendo eles Ciências da Natureza e suas
tecnologias; Ciências Humanas e suas tecnologias; Linguagens, Códigos e suas tecnologias;
Matemática e suas tecnologias.
A prova de Ciências da Natureza engloba as disciplinas de Biologia, Química e
Física, possuindo questões que utilizam de assuntos das três matérias. Ciências Humanas
englobam História, Geografia, Filosofia e Sociologia; Linguagens, Códigos englobam Língua
Portuguesa, Literatura, Artes, Educação Física, Língua Estrangeira que pode ser Inglês ou
28
A prova do Exame nacional do Ensino Médio (ENEM), como já foi citado, possui
um caderno de 45 questões sobre matemática. Segundo uma matéria do site globo.com,
publicada no dia 09 de setembro de 2017, um quarto das questões da prova desde o ano de
2009 trazem razões, proporções, porcentagem, juros e funções como os principais temas
abordados. Ainda de acordo com o site, a matriz dos conteúdos gira em torno de cinco áreas:
conhecimentos numéricos, conhecimentos geométricos, conhecimentos algébricos,
conhecimentos de estatística e probabilidade e conhecimentos algébricos/geométricos.
Como pode-se observar no gráfico acima, feito pelo Curso Poliedro em pesquisa
realizada em 2017, a prova tem como maior fonte de conteúdos os conhecimentos numéricos.
Como em todos os anos desde a criação da prova e não diferente em 2018, ano em
que este trabalho é realizado, a prova do ENEM gera muita expectativa em estudantes por
todo o país. Para este ano, segundo o jornal Globo Educação (2018), o Exame Nacional do
Ensino Médio já possui mais de 5,5 milhões de inscritos confirmados, menor número desde
2011.
O exame que será realizado nos dias 4 e 11 de novembro, teve uma redução de
18% no número de inscrições em relação com o ano anterior, 2017. Ainda segundo o jornal
Globo Educação, toda essa queda no número de inscritos pode ter relação com a mudança da
finalidade da prova, visto que desde o ano de 2017 o exame não serve mais como certificação
de conclusão do ensino médio. A partir de agora, os estudantes maiores de 18 anos que não
tenham concluído o ensino médio na idade correta e desejam obter o diploma de conclusão,
precisam prestar o Exame Nacional para Certificação de Competências de jovens e adultos
(ENCCEJA), prova que não era realizada desde o ano de 2009.
Alguns dados ainda citados na pesquisa e que pode-se usá-los de modo a obter o
perfil do aluno participante do exame, é que segundo o jornal, 59,1% dos participantes são
mulheres, em sua maioria de 21 aos 30 anos de idade. 58,6% dos participantes homens e
mulheres já concluíram o ensino médio, e a maioria (37%) mora na região sudoeste do país.
32
Figura 2 - Questão 148 Enem 2017 Caderno Azul - Segundo Dia - Segunda Aplicação
34
Figura 3 - Questão 176 Enem 2016 Caderno Azul - Segundo Dia - Segunda Aplicação
Para início da resolução do problema, o aluno deve fazer a leitura tentando realizar
a Compreensão do problema, o primeiro passo seguindo o método de George Polya. O
aluno deve então, perceber que a questão traz um problema de função exponencial,
retratando o crescimento suposto do plantio de eucalipto. Pode-se perceber que o
problema já nos diz no enunciado que y(0) nos fornece a altura da muda quando foi
plantada, ou seja, significando que a altura da muda é 0,5m. Assim, compreendido o
problema, o aluno obrigatoriamente terá de estabelecer um Plano, descobrindo o valor de
a e substituindo os valores na função y dada pelo problema, e percebendo que precisa do
valor do próprio y para prosseguir. Seguindo para a Execução deste Plano, o aluno deverá
36
perceber que a altura a qual este eucalipto será cortado, pois o problema nos diz que será
cortado com 7.5m após o plantio, o que não se pode esquecer que a muda é plantada com
0,5m, logo terá 8m quando for cortada. Neste caso, para a execução do plano o aluno deve
inicialmente achar o valor de a (constante maior que 1):
y(t) = at - 1
y(t) = 8 e a = 2
8 = 2 t–1
23 = 2 t – 1
3=t-1
4=t
A última etapa da resolução do problema é o Retrospecto, portanto ao aluno deverá
examinar a solução que encontrou que está na letra B. O aluno deverá avaliar se a execução
do plano que fez é satisfatória, e se o resultado condiz com todos os dados que foram obtidos
durante a resolução do problema.
37
Figura 4 - Questão 152 Enem 2017 Caderno Azul - Segundo Dia - Segunda Aplicação
38
Figura 5 - Questão 157 Enem 2016 Caderno Azul - Segundo Dia - Segunda Aplicação
Ao se deparar com a questão acima, o aluno deverá fazer a leitura para a melhor
Compreensão e Interpretação do problema, com o objetivo de entender que este é um
problema com uma função do segundo grau.
A partir deste princípio, o aluno Estabelecerá um Plano de ação para que consiga
descobrir em qual dia a segunda dedetização fora feita no município,uma vez que a função
dada é representada por f(t) = - 2t2 + 120t, onde f é o número de pessoas infectadas em relação
a (t) que é o número que indica a quantidade de dias (tempo) e que para tanto deve usar a
fórmula de Bháskara, ou o método de soma e produto, por exemplo, o que faz com que ele
tenha mais do que uma saída como plano de ação.
Na Execução do Plano, o aluno deve fazer f(t) = 1600 e resolver a equação com o
auxílio da fórmula de Bháskara. Assim:
40
∆ = (-120)² – 4.2.160
∆ = 14400 – 12800
∆ = 1600
t= 120+- √1600
4
t‟ = 20
t” = 40
Após executar todos os cálculos que já haviam sido planejados, o aluno irá se deparar
com todo o processo que o levou a chegar no resultado, um Retrospecto. Portanto, deverá
voltar ao enunciado para entender qual das duas opções de resposta é a que mais se adequa ao
problema: „‟A Secretaria de Saúde decidiu que uma segunda dedetização deveria ser feita no
dia em que o número de infectados chegasse à marca de 1 600 pessoas‟‟. Isso acontece no
20°, portanto a resposta correta é a letra B. Assim, pode-se observar mais uma vez que o
método proposto por Polya é totalmente eficaz na resolução deste tipo de problema.
41
Figura 6 - Questão 176 Enem 2017 Caderno Amarelo - Segundo Dia - Segunda Aplicação
42
Para dar início na resolução através do método de George Polya, como já dito
anteriormente, o aluno deverá realizar a Compreensão do Problema através da leitura e da
interpretação do enunciado, o que o leva a saber que é uma questão de função do primeiro
grau, pois o gráfico apresentado é uma reta, e o objetivo do problema é de identificar a
equação da reta.
O aluno deverá realizar o Estabelecimento de um Plano de ação, com o objetivo de
chegar até a solução utilizando os seus conhecimentos de função de 1º grau, sabendo que um
gráfico de função do primeiro grau é representado pela função y = ax + b.
Na Execução deste Plano de ação montado anteriormente, o aluno deverá executar as
suas ideias como método de solução do problema. Um possível meio de obtenção do
resultado, é a coleta de dois pontos presentes na reta do gráfico, por exemplo, o ponto (20;
3000) e (5; 0). Dessa forma:
y = ax + b
L = at + b
Assim, monta-se um sistema com os pontos obtidos anteriormente (20; 3000) e (5; 0),
desse modo:
0 = a.5 + b
3000 = a.20 + b
Para facilitar o cálculo, deve-se multiplicar a equação superior por -1, desse modo:
0 = a.5 + b . ( - 1 )
3000 = a.20 + b
43
0 = -a.5 - b
3000 = a.20 + b
3000 = 15.a
3000
=a
15
200 = a
Após descobrir a constante a, pode substituir a na primeira equação e obter o b:
0 = 200.5 + b
0 = 1000 + b
b = - 1000
Assim, reescrevendo a equação escrita anteriormente L = at + b, conclui que:
E com este resultado, o aluno é levado até a alternativa de letra D. Passando por todos
estes processos e realizando os cálculos de maneira correta, o aluno fará o Retrospecto da
questão, percebendo que chegou ao resultado correto, quando por exemplo retorna ao gráfico
e nota que o b = -1000 é exatamente o ponto onde a reta toca o eixo y, lucro, e assim, o
método se torna eficaz para a resolução deste tipo de problema relacionado com função do
primeiro grau.
Ao longo da resolução das questões apresentadas, procura-se demonstrar o raciocínio
utilizado por quem lê o enunciado pela primeira vez, demonstrando através das quatro etapas
propostas por Polya a possibilidade de chegar até o resultado. Compreendendo o problema
através da leitura e da interpretação do enunciado, atentamente observando os fatos e
informações que a questão nos dá enquanto faz a pergunta; montando um plano de ação, um
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método que nós possamos resolver ou chegar até o resultado através dos nossos
conhecimentos; executando o plano com cuidado, até chegar a solução do problema de forma
a se manter satisfeito; e olhando para o resultado onde se chegou, e assim fazendo uma análise
se todo o processo foi feito da forma correta. Ressalta-se a importância de autores como
Polya, Onuchic, Medeiros, além dos documentos oficiais para comprovação da relevância da
resolução de problemas como um possível método de ensino.
Outras questões de funções elementares das provas do ENEM analisadas
possivelmente são adequadas para aplicação do método, no entanto por uma questão de
limitação do trabalho resolvemos não trata-las neste trabalho.
Das questões apresentadas relacionadas a funções elementares o método de
resolução de problemas proposto por George Polya, em seu livro “A Arte de Resolver
Problemas” se mostrou totalmente adequado para que os alunos a utilizem no momento da
prova, mesmo não cumprindo fielmente as etapas propostas. Para tanto, é importante que os
professores utilizem no ensino da matemática nas diferentes etapas da educação básica,
facilitando a familiaridade com o método para o aluno.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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