Reflexão Individual Modulo I e II

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Universidade São Paulo

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto


Programa de Pós Graduação em Psicologia

Disciplina: Universidade, Formação, Ensino e Produção de Conhecimento

Docente: Reinaldo Furlan e Silvia Domingos Barrera

Discente: Dalgis López Santos (13977202)

Reflexão Individual Modulo I e II

As sociedades contemporâneas tem sofrido, ao longo das últimas décadas, diversas


transformações influenciadas pela globalização, a industrialização, as demandas do capital
e os diferentes avanços tecnológicos, que están contribuindo de forma irreversível para
ampliar nossas formas de se comunicar, conviver e aprender. Nesse contexto, vemos a
educação superior enfrentando diversos desafios e contradições de poder. Por um lado, das
clases dominantes e por outro, das clases mais vulneráveis, que precisam da educação
superior para tentar um futuro melhor. Mas, as universidades resistem ante essas
contradições. Resistem e persistem oscilando entre as demandas externas e internas, e
conseguem manter a formação profissional, ética e a formação de valores, tentando práticas
mais inovadoras.

Os propósitos de desenvolvimento numa economia interligada baseada no


conhecimento e potencial das universidades, exigem sua relevância e carácter inovador,
para contribuir para os sectores produtivos e as transformações da sociedade, tendo a
responsabilidade social como variável determinante para o progresso. A excelência
académica da universidade, a investigação e o vínculo à vida política, social e cultural dos
povos, são atribuídas à sua própria missão.

Muito importante é comprender o papel do Estado como meta-ator nessa missão. O


Estado que promove, organiza e executa as políticas públicas na educação superior, ao
mesmo tempo que regula as relações entre os diferentes campos da sociedade e os capitais
(Azevedo et al, 2020). Nesse sentido, o Estado brasileiro, sem escapar das influências
externas do capitalismo globalizado, tem uma historia de Políticas que promovem as
transformações no contexto das universidades em beneficio da sociedade. Sendo assim,
ainda há Universidades Públicas no Brasil, há programas com vista a promover a
Internacionalização e há preocupação também com a questão da Universalização da
Educação Superior, para garantir o direito de todas as camadas sociais acessarem a os
serviços de formação profissional.

No entanto, as transformações que enfrentam hoje as universidades, vão também


encaminhadas à inovação nas formas de promover o aprendizagem. É preciso quebrar
padrões conservadores de educação, nos quais, por exemplo, a sala de aula é estruturada de
forma a garantir apenas a transmissão do conhecimento, representado pela figura do
professor, àqueles que necessitam apenas absorver esse conhecimento, ou seja, os
graduandos ou pos-graduandos. Nesse cenário não é possível se configurar uma forma de
aprendizagem centrada na participação ativa dos alunos universitários.

Para isso, é necessário comprender o papel do sujeito na sua formação profissional,


intelectual e moral, e como é configurada sua subjetividade na interação com os outros. A
educação se dirige ao sujeito, e do sujeito, a educação retorna convertida em atividade
social e comportamento social. O sujeito tem que ser concebido como un ser social ativo,
no como um reproductor do conhecimento. Isso significa que o sujeito não é uma entidade
passiva no processo de sua subjetivação, de sua constituição como sujeito social.

Nesse sentido e importante que o processo de formação nas universidades


contemporáneas seja um processo de experiências vividas pelos estudantes, desde o ponto
de vista afetivo, cognitivo e emocional. As experiências vividas de forma activa pelos
sujeitos em sua dimensão biológica, social e histórica, configuram sua subjetividade ao
mesmo tempo que o configuram como sujeito activo de seu proprio aprendizagem.

Por outro lado, o perfil dos alunos que ingressam no ensino superior tem sofrido
algumas mudanças. As novas gerações que passam a integrar o corpo discente são
compostas de pessoas que trazem uma bagagem tecnológica muito vasta e que possuem
uma vivência praticamente toda baseada no digital. Sendo assim, a universidade passa a ser
integrada e construída por pessoas às quais a tecnologia faz parte do cotidiano de uma
forma muito intrínseca e natural. Essa realidade traz para a discussão a necessidade de
revisão e atualização do binómio ensino - aprendizagem, com o objetivo de atingir
melhores resultados no que diz respeito à formação dos graduandos.
A reformulação das metodologias de aprendizagem visando a criação de
ferramentas mais dinâmicas e atuais de ensino, deve ser o foco principal da estruturação
das salas de aula. Embora, pode-se perceber que o processo de ensino e aprendizagem não
está restrito apenas à sala de aula e pode ser cultivado em diferentes espaços e situações.
Dentro das instituições de ensino superior essa deve ser uma tarefa coletiva. Importante é
também conhecer os processos que intervierem no aprendizagem dos alunos, aqueles que a
ciência psicológica estuda como processos cognitivos: a percepção, a memoria, a atenção.

Vivemos em um mundo constantemente bombardeado pela Internet, pelas mídias


sociais, com um excesso de estímulos que, embora possa ser considerado uma força para a
aprendizagem, também pode enviesar esses processos durante a formação universitária. A
dificuldade de concentração que caracteriza as formas cognitivas predominantes nos dias
atuais parece requerer estratégias metodológicas mais concretas (Kastrup, 2004). Portanto, e
importante tornar o aluno de graduação e pós-graduação, o ator preponderante na
construção de seu conhecimento, e o faz despertá-lo sobre a nova tendência de que o
professor ainda é um importante ator no processo de ensino, mas com a função de auxiliar,
sendo ele, o aluno ou aluna, o grande responsável por balizar todo seu aprendizado. As
sociedades atuais precisam uma educação superior que priorize e valorize este tipo de
formação, e que seja inclusiva, respeite a diversidade e a heterogeneidade, ao mesmo
tempo que cumpra sua missão social.

Referências

Andrade, A. D. e Furlan, R. (2022) A fenomenologia entretempos. São Paulo: Cultura Acadêmica


Editora / São Carlos: Pedro & João Editores. DOI: 10.51795/9786559542543
Azevedo, M.L e Catani, A.M. (2020) Políticas Públicas para a Educação Superior no Brasil (1990-
2020): da Universidade Operacional ao Programa FUTURE-SE (uma reforma em andamento) DOI:
https://doi.org/10.36888/udual.universidades.2020.85.275
Cardoso, I.A.R (1995). Imagens da Universidade e os Conflitos em Torno do Seu Modo de Ser.
Revista USP (25). São Paulo. Pág. 84 - 91
Furlan, R. (2016) A importância da discussão sobre a noção de sujeito: Foucault, Sartre, Merleau-
Ponty. Educ. Pesqui., São Paulo, Ahead of print, set. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1517-
9702201608142870
Kastrup,V. (2004) A aprendizagem da atenção na cognição inventiva. Psicologia & Sociedade; 16
(3): 7-16; set/dez.

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