1 | FERNANDO FREITAS - CORPO COM CIÊNCIA - MÓDULO 2

CORPO COM CIÊNCIA

MÓDULO 2
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Copyright © 2020 IBRACS Instituto Brasileiro de Consciência Sistêmica

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prévia autorização desta instituição.

Autor: Fernando Freitas

Designer Instrucional: Siland Meiry França Dib
Edição de texto: Siland Meiry França Dib
Revisão ortográfica: Flávia Fernanda Frederico e Jaqueline Leite de Oliveira
Revisão Técnica: Fernando Freitas e Carla Palhares Queiroz
Projeto Gráfico: Ingrid Karyj
Diagramação: Jaqueline Leite de Oliveira
Revisão Final: Flávia Fernanda Frederico

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SUMÁRIO

Percepções Nos Hemisférios Cerebrais 5

Cérebro Trino – Memória Evocativa e Memória Emocional 9

Mielinização e as Formações das Crenças, Convicções e Pensamentos 15

Neurociência: O Corpo Conta a Verdade a Mente, Frequentemente, Mente 19

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Caro Aluno

Olá! Seja muito bem vinda (o) ao curso Corpo com Ciência. Agora, você é um de nossos alunos e
eu quero parabenizá-lo pela decisão de seguir ampliando a sua consciência. Sua presença aqui
me enche de alegria e certeza de que escolhi o caminho certo: auxiliar pessoas a seguirem no
autoconhecimento.

Esse curso integra uma série que visa apresentar como o corpo manifesta na vida e suas relações
sistêmicas. São conhecimentos avançados associados à psicanálise, a teoria transacional, a biogenética,
a epigenética etc.

Sou médico, e durante muito tempo observei centenas de pacientes e suas queixas. Nessa trajetória,
depois de muito estudar a psicanálise, a constelação familiar, a terapia corporal Neo Reichiana, a
bioenergética, biossíntese e biodinâmica, entre outras teorias sistêmicas, observei que existem
diversas causas emocionais, desde o mundo intrauterino, para diferentes características corporais
e de formação de caráter, a partir de traumas ocorridos nos primeiros anos de vida, desde a fase
embrionária. Um corpo doente é regido pela criança que foi traumatizada. Ela passou por privações
e negação de sentimentos. Esses traumas, quando não são reconhecidos, aparecem como doenças
físicas e emocionais e reverberam em nossos sistemas familiares e profissionais, um alerta para
que tomemos consciência de quem somos de verdade e possamos nos reconhecer, nos aceitar e
aproveitar o melhor de cada traço de caráter de forma sábia, criativa e potente.

Eu resolvi contar tudo isso neste curso e acredito que, diante das revelações que posso trazer para
você aqui, muitos problemas de saúde poderão ser evitados, muitas curas promovidas e você poderá
ter uma vida mais plena e feliz! Vamos lá ampliar a consciência?

O curso foi elaborado utilizando uma metodologia bem acessível que vai auxiliar você a aprender
definitivamente. Tomei muito cuidado em elaborar uma proposta que respeitasse o seu
desenvolvimento como estudante dos cursos do IBRACS, tenho uma excelente equipe que dedicou
muitas horas de trabalho para esse curso chegar com qualidade até você. A carga horária, a
qualidade dos vídeos e o design desse conteúdo foram pensados para te oferecer uma experiência de
aprendizagem única.

Essa formação possui 10 módulos, divididos em 56 aulas de, no máximo, 11 minutos. As aulas em vídeos
são acompanhadas de um texto teórico complementar, para ampliar ainda mais o tema abordado
no vídeo. Cada módulo vai apresentar um tema relevante. A abordagem metodológica que uso tem
como objetivo principal proporcionar para os estudantes uma aprendizagem dinâmica, interativa
e definitivamente eficaz. Realmente me preocupo com sua aprendizagem, esse é o diferencial dos
cursos do IBRACS, estamos sempre buscando alternativa para tornar suas experiências conosco as
melhores possíveis.

Essa organização apresenta o conteúdo de forma leve e facilita sua aprendizagem com aulas de curta
duração e textos interativos que ajudam você poderá estudar em qualquer lugar, na fila do banco,
na espera de uma consulta, domingo no parque ou até mesmo no Shopping esperando alguém. A
plataforma on-line ou o ambiente de aprendizagem que escolhi é bem fácil de acessar, inclusive pelo
celular. Não tem desculpas, só se organizar e seguir adiante!

Seja disciplinado e vamos lá, aperte os cintos que já vamos decolar!!!!

Seu professor,
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MÓDULO 2 - A NEUROCIÊNCIA NO
ESTUDO DO CORPO
PERCEPÇÕES NOS
HEMISFÉRIOS CEREBRAIS
Na comunicação, existe o emissor, que é a pessoa
que fala e se expressa, e existe também o receptor,
que a pessoa que recebe a mensagem emitida. O
receptor da mensagem deve ter um bom nível de
interpretação, permitindo ficar o mais perto possível
da verdade, para assim, agir sem julgamentos.

É preciso se colocar num lugar de extremo

desapego. Lembre-se, cada um tem sua dinâmica
e seus traumas. Não existe dor maior ou dor menor,
não existe certo ou errado. Então, se abstenha de
qualquer julgamento e se coloque na posição de
compreensão.

De certa forma, sabemos que todos nós usamos

nossas faculdades mentais para ler as dinâmicas,
as histórias e os corpos das pessoas. Existe uma
explicação neuro científica para isso, envolvendo
nossos hemisférios cerebrais:

• Hemisfério Esquerdo: coordena a linguagem

verbal, que é lógica e racional. Por exemplo: 2 + 2 é
igual a 4, e pronto. O hemisfério esquerdo analisa
as coisas de forma exata, sem fazer objeções.

• Hemisfério Direito: coordena o lado emocional,

nos dá condições de acessar as sensações e
os sentimentos. O hemisfério direito possui
uma riqueza impressionante. Nele você tem
percepções diferentes, têm sensações diversas e
pode fazer um exercício de empatia, ao sentir e
compreender como o outro se sente.

Sendo assim, um terapeuta ao analisar seu cliente,

precisa compreender como fazer as leituras
corporais e saber identificar o que é racional e o
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que é emocional. Entretanto, se o terapeuta olhar

para o cliente com o hemisfério esquerdo do seu
cérebro, vai ver algumas dinâmicas, mas para ele
ter uma melhor compreensão, fazer analogia e
conhecer a dinâmica de vida do cliente, deverá
utilizar o hemisfério direito. Quanto o terapeuta
utiliza ambos hemisférios, poderá ter uma visão
muito mais nítida do seu cliente.

Algumas pessoas possuem dificuldades em fazer

leitura usando os dois hemisférios cerebrais. Pode
ser que essas pessoas tenham hipertrofia do
hemisfério esquerdo do cérebro.

Para te ajudar a entender esse tema, quero que

imagine a seguinte situação: quando estamos
diante de uma pessoa e observamos as sensações
que essa pessoa nos traz.

• Se sentimos vontade de nos aproximar, ou de

nos afastar dessa pessoa, essa análise é feita
pelo hemisfério direito.

• Se nos perguntamos o motivo de estarmos nos

afastando ou nos aproximando, tem a ver com
hemisfério esquerdo. Sabemos que temos uma
sensação e que algo que nos atrai ou afasta
dessa pessoa, mas não sabemos o motivo.

Se explica e racionaliza, é hemisfério esquerdo.

Se compreende e emociona, é hemisfério direito.
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O hemisfério direito proporciona sensações, que

se transformam numa imensidão de informações.
Diferente do hemisfério esquerdo, que permite ver
uma pessoa e seu corpo atual, o hemisfério direito
permite ver o lado criança dessa pessoa, as dinâmicas
que ela carrega, as informações que ela transmite,
o tom de voz utilizado e como tudo isso me afeta
ou não me afeta. Então, quando você consegue
utilizar os dois hemisférios integrados, você terá
uma riqueza muito maior para compreender o
indivíduo.

Aproveito para fazer um alerta: se você está

habituado a usar o hemisfério esquerdo, como a
enorme maioria das pessoas, procure desenvolver
seu hemisfério direito e trabalhar também com
ele, assim, você terá uma melhor percepção e uma
maior capacidade de observação.
Mas, lembre-se, é treinando muito que você ficará
apto a fazer essa leitura corporal com destreza.

Para você ter uma melhor

compreensão e para fazer a leitura
corporal, é preciso treinar cada
dia mais o hemisfério direito do
cérebro. Racionalizando menos
e compreendendo mais, tendo
melhores percepções do mundo
e das relações.
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Existe uma técnica de leitura corporal conhecida

como Proxêmica. Essa técnica estuda as sensações
em relação à proximidade e distância entre as
pessoas ao se relacionarem, ou seja, a Proxêmica
basicamente analisa a distância entre uma
pessoa e outra. Os hemisférios cerebrais vão atuar
trazendo as informações e sensações, permitindo
que o terapeuta observe as falas, as sensações e
as percepções do seu cliente, naquele contexto, e
avaliar se a pessoa usa mais o hemisfério esquerdo
ou o direito, por exemplo.

Como dito anteriormente, o hemisfério direito sabe

que tudo tem significados e sentidos diferentes,
enquanto o hemisfério esquerdo racionaliza
e agrega justificativas. Sendo assim, ressalto a
importância de conhecer e compreender os
hemisférios cerebrais, principalmente o hemisfério
direito, para que, você como terapeuta, seja mais
compreensível com seus clientes e dê diagnósticos
mais precisos para os casos abordados. Além disso,
é fundamental compreender os hemisférios para
dar continuidade nesse curso, ok?
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CÉREBRO TRINO
MEMÓRIA EVOCATIVA E
MEMÓRIA EMOCIONAL
Para quem atua como um terapeuta, analisando
os corpos dos clientes, é fundamental treinar e usar
o hemisfério direito do cérebro. Entretanto, muitas
vezes, não temos consciência dessa dinâmica,
quanto ao processamento do nosso pensamento,
porque é tudo dinâmico, não é mesmo? A
neurociência explica muita coisa, e, neste tópico,
vamos falar do cérebro trino.

O cérebro Trino é uma parte do nosso cérebro,

que nos possibilita compreender a evolução das
espécies. O nosso cérebro é formado basicamente
por três camadas: Paleocórtex, Sistema Límbico
e Neocórtex.

O Paleocórtex é a primeira e mais antiga

camada do nosso cérebro, denominado como
cérebro reptiliano por ser um cérebro existente
também nos répteis. Ele tem a função de manter
a sobrevivência, ou seja, serve basicamente para
delimitar território, controlar a respiração, promover
a alimentação e garantir a sexualidade necessária
para a reprodução. Ele atua no básico para garantir
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à vida. Os répteis, por exemplo, põem os ovos na

beira da praia e dos rios, e então o sol aquece e
choca estes ovos, fazendo os animais nascerem e ir
para a vida. Os pais não cuidam dos filhotes e não
tem mais funções em suas vidas.

O Sistema Límbico é a segunda camada cerebral,

desenvolvida durante o processo de evolução das
espécies. Este cérebro é típico nos mamíferos
e trata-se do cérebro das emoções, ou seja, o
sistema límbico é o cérebro emocional. Observe os
mamíferos: têm sangue quente e o ninho onde os
ovos são chocados fica dentro da fêmea, melhor
dizendo, dentro do útero. Os mamíferos também
vivem em grupo, em sistemas, diferente dos répteis
que praticamente vivem isolados. Os mamíferos
vivem em grupo, pois as chances de sobrevivência
são muito maiores. Para que o grupo consiga
conviver, eles têm que ter recursos emocionais,
dessa forma, o cérebro emocional ajuda a construir
os relacionamentos dentro de um grupo.

Também é importante destacar, que o cérebro

emocional é responsável pela memória, então,
nós temos uma série de estruturas de memória
dentro do sistema límbico, que servem para que
nós possamos aprender muitas coisas durante
nossa evolução. Quando nasce um filhote de lobo,
primeiramente ele desenvolve uma relação com a
mãe, depois com a alcateia que ajuda a proteger
esse filhote. Ele aprende com a mãe e com o grupo,
tratando-se da possibilidade de um aprendizado
contínuo.

Os anfíbios, como as tartarugas, já nascem com o

suficiente para ir para a vida. Com os mamíferos é
diferente, eles têm um aprendizado constante de
como conviver, como lidar com as situações e quais
funções ele deve ocupar dentro daquele grupo, pois
ele faz parte do grupo e tem um relacionamento
dentro desse sistema. Observe que neste formato
tem memória e aprendizado o tempo todo.
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O Neocórtex é a terceira camada cerebral, típica

nos seres humanos. É a nossa “mente pensante”.
Simplificando, é a camada responsável pelos
questionamentos, como: “Para que eu vivo?”, “Deus
existe?”, “Qual é o significado da vida?”, dentre
muitas outras. O Neocórtex age para dar um
significado diferente à vida.

Sobre o Sistema Límbico, o cérebro das emoções,

é importante saber que a nossa memória está lá,
e entender sobre isso, vai explicar muitas questões
importantes.

Existem duas estruturas de memória no Sistema

Límbico, o hipocampo e a amígdala cerebral.

Imagem do site https://www.nanocell.org.br

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O hipocampo encontra-se presente no Sistema

Límbico, responsável pelas memórias evocativas,
ou seja, sobre as coisas que já aconteceram em
nossas vidas, das quais podemos nos recordar.
Sendo assim, as lembranças e as memórias ficam
no hipocampo. No esquema ilustrativo acima, você
pode visualizar melhor. O hipocampo, geralmente
começa a funcionar depois dos cinco anos de vida.

Abro um parêntese aqui para dar uma

informação muito importante:

As primeiras grandes informações ou

experiências de vida, que vão moldar você
a ser o que é hoje, aconteceram até os
cinco anos de vida e ­­ não estão localizadas
no hipocampo. Portanto, você não vai se
lembrar das primeiras grandes experiências
de vida, elas não fazem parte da memória
evocativa. Os indivíduos não se lembram
dos traumas emocionais infantis, pois a dor
foi muito grande. Às vezes ele pode achar
que lembra, mas muitas vezes são memórias
implantadas, mas não vamos entrar nessa
história agora.

Então, como o terapeuta pode identificar as

histórias que o cliente carrega neste período?
É exatamente isso que você está aprendendo
neste curso, como o corpo mostra as experiências
de vida que ele teve antes dos cinco anos, ou até
os cinco anos de vida. Mas a memória dele, não
consegue acessar.

A outra estrutura do Sistema Límbico, como

mencionei acima, chama-se amígdala cerebral,
que nada mais é do que um núcleo de sistema
nervoso. Amígdala quer dizer “amêndoa”, sendo
assim, a amígdala cerebral são estruturas que
lembram uma amêndoa.
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É importante saber que na amígdala cerebral

estão guardadas todas as histórias traumáticas da
sua vida, tudo aquilo que lhe ameaçou em algum
momento. O que aconteceu e quando aconteceu
está guardado na amígdala cerebral.

Essa estrutura está sempre atuando, ela é um

sistema de emergência. Você está numa situação
tranquila e de repente você entra em pânico,
simplesmente foi a sua amígdala cerebral que
disparou. Ela faz isso para que você se proteja
de alguma ameaça, mesmo que a ameaça
aparentemente não exista.

A amígdala cerebral é o sistema de

memória que guarda os traumas que você
carrega, ela funciona como um alerta, uma
sirene, por exemplo: quando você vê uma
pessoa com os olhos parecidos aos de
outra pessoa que, anos atrás, lhe fez muito
mal. Só de olhar para essa pessoa que tem
os olhos semelhantes, a amígdala dispara
e toca uma emergência, fazendo você
entrar em pânico, achando que algo ruim
possa ocorrer, mesmo que não ocorra.
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O hipocampo frequentemente não lembra

dos traumas infantis. O corpo reage diante
desses traumas, porque ele foi montado em
cima de todas essas experiências.

A memória evocativa do hipocampo, você

não lembra porque é praticamente depois
dos cinco anos que ele começa a funcionar.
Entretanto, são até os cinco anos de vida
que surgem as principais experiências. A
amígdala tem todas as histórias traumáticas
guardadas lá.

O corpo e todo o seu funcionamento está

conectado com o sistema límbico. Desde o
hipotálamo até a hipófise, o controle do sistema
nervoso autônomo, o controle emocional, o
sistema imunológico, o tônus muscular, a postura,
a imagem corporal, tudo está conectado com o
sistema límbico. Até a forma como você respira,
como se alimenta, tudo isso tem influência do
mundo emocional e das histórias que você teve, a
forma do corpo, a dinâmica, a estrutura e a função
do corpo, tudo.
 15 | FERNANDO FREITAS - CORPO COM CIÊNCIA - MÓDULO 2

MIELINIZAÇÃO E AS
FORMAÇÕES DAS
CRENÇAS, CONVICÇÕES
E PENSAMENTOS.
Na psicanálise, estudamos as fases da evolução e
sua importância na formação da personalidade do
indivíduo. São três fases: oral, anal e genital. Nestas
3 fases ocorrem a construção dos traços de caráter.
Resumidamente, podemos descrevê-la assim:

• O embrião tem um processo de mielinização

craniocaudal, melhor dizendo, “crânio” é
referente a cabeça e “caudal” e referente ao
final da coluna vertebral, onde seria a cauda
dos animais. O processo segue progressivamente
e demora em torno de cinco anos. Sendo assim,
a mielinização é um processo que acontece
para que a criança tenha controle de toda a
sua estrutura corporal. Se você compreendeu a
importância das experiências infantis, ditas até o
momento neste curso, está indo pelo raciocínio
certo e vai notar como tudo faz sentido.
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A mielina é uma bainha que envolve o

neurônio e sua função é conduzir impulsos
elétricos na célula nervosa, de um lado para o
outro. Quando, por algum defeito, uma célula
nervosa não tem a mielina, essa energia não
chega até o final e o impulso elétrico não
segue o fluxo, não chega ao seu destino.

A bainha de mielina, no embrião, conduz os impulsos

elétricos e influencia na formação e evolução do
corpo da criança, da cabeça até a cauda, ou coluna
vertebral. Então, a evolução dos recursos que essa
criança tem, do seu controle do corpo, segue a
progressão da mielinização que acontece até os
cinco anos de idade e chega até a área sacral, que
será posteriormente a área genital.

Para efeitos didáticos, observe que a última área a

ser mielinizada é a região sacral, que vai dar origem
aos órgãos genitais. São três fases importantes: oral,
anal e genital. Vou descrever melhor esses aspectos
mais à frente. O que nos importa agora, é que a
formação da bainha de mielina mostra a evolução.

Quando a criança nasce, ela tem 12 pares nervosos

cranianos. Esses pares, que durante a gestação vão
se mielinizando, se localizam na cabeça da criança.
Isso serve para capacitar a criança a sugar e mamar,
e para isso ela precisa ter controle das estruturas
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da língua, assim será capaz de exercer a sucção na

boca. Então os pares cranianos são mielinizados já
dentro do útero, pois a criança precisa desse recurso
para se alimentar. E depois, progressivamente,
até os cinco anos, ela vai tendo um controle sobre
o restante do corpo. E assim, dependendo do
que está acontecendo nas fases de evolução da
mielinização, cada dinâmica traumática que a
criança tenha na evolução, vai deixar um registro
que é correspondente a essa fase de evolução da
mielinização.

Existe também outra forma de mielinização, que

é responsável por originar as crenças, convicções
e pensamentos. Para exemplificar: uma pessoa
recebe uma determinada informação dos pais,
e com o tempo, essa informação é conduzida
repetitivamente por meio dos Axônios, que fazem a
conexão entre os neurônios, e acaba mielinizando e
criando uma crença. Assim, essa informação passa
a moldar a sua forma de sentir, pensar e agir. Por
exemplo: “Eu acredito que os pais devem cuidar
dos filhos para sempre”. Isso é uma crença, uma
convicção, não pode ser verdade pois se um pai ou
mãe tiver que cuidar desse filho para sempre, ele
nunca vai crescer, será sempre filho e dependente.
Entretanto, essa pessoa pensa assim, porque a
informação acabou “mielinizando” dessa forma.

Outro exemplo de crença doentia, seria a pessoa

pensar que ela não é merecedora e que não é
boa em nada e nenhum relacionamento. Se a
pessoa continuar pensando dessa forma, tudo será
mielinizado assim, como uma estrada pavimentada,
por onde essa informação passa o tempo todo no
seu cérebro. Então, acabará moldando a forma
de sentir, pensar e agir dela. A informação que foi
“mielinizada”, de tanto passar por esses caminhos
neurais, vai transformar aquela informação em
crenças e irá fazer parte das suas verdades.
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Construir uma crença é como começar a

fazer uma trilha na grama. Depois de passar
por ela durante muito tempo, aquele lugar
vira uma trilha sem grama, depois pode até
ser pavimentada e virar uma estrada. E, se
você construir uma estrada doentia, você
vai caminhar por lá o tempo todo.

Para você construir algo novo, precisa fazer uma nova

trilha, caminhar muitas vezes por ali e construir um
novo caminho sináptico, isso é fundamental. Por isso,
estou aqui construindo com você novos caminhos
sinápticos. E, nesse novo caminho, se você começar
a trilhar por várias e várias vezes, vai construir uma
mielinização desse trajeto. Dessa forma, vai ficar
muito mais fácil de ter uma compreensão melhor
da vida, isso também é mielinização.

“Neurociência é impressionante. É um ramo das

ciências que me fascina e motiva muito estudar
cada dia mais.“

Fernando Freitas
 19 | FERNANDO FREITAS - CORPO COM CIÊNCIA - MÓDULO 2

NEUROCIÊNCIA:
O CORPO CONTA A VERDADE.
A MENTE, FREQUENTEMENTE,
MENTE.
O seu jeito de interpretar as coisas, talvez nem sempre
reflita a realidade, mas sim, como você desenhou a
sua realidade. A mielinização dos pensamentos cria
o seu modo de pensar e de ver as coisas, cria sua
verdade, pois consolida caminhos na sua mente. Por
isso, chega um determinado momento que já não
pensamos mais sobre aquilo que fazemos, agimos
no automático. O processo é o seguinte, a crença é
criada e o tempo todo o indivíduo segue por aquele
caminho, que foi montado lá atrás, seguindo por ali
infinitas vezes. O cérebro nem questiona, porque
a via da informação está totalmente consolidada,
“pavimentada”. Entretanto, será que só existe essa
forma de pensar? Claro que não.

Conforme você monta essa forma de se relacionar

com a vida, o seu corpo também se molda para
isso, ou seja, seu corpo trava nessa situação. Se sua
realidade é acreditar que o mundo te agride, e estar
sempre preparado para enfrentar e se defender de
tudo, o padrão de brigar e de defender do mundo
é manifestado no corpo. Basta observar essas
pessoas, que estão sempre prontas para brigar com
o mundo, elas vivem num conflito interno o tempo
todo, elas estão sempre brigando com alguém,
reagindo assim para tudo sem ao menos pensar.

Quando aprendemos uma coisa nova, temos que

ficar conscientes daquela nova informação e
treinar, até que ela se consolide e possa ser feita
automaticamente. Por exemplo: tocar um
instrumento. No início a pessoa precisa tomar
conhecimento das posições, de se familiarizar com
o som, construir uma postura corporal, etc. Com
o tempo, o indivíduo só de ouvir uma música já
é capaz de tocar facilmente, automaticamente,
já sabe como manipular o instrumento e retirar
 20 | FERNANDO FREITAS - CORPO COM CIÊNCIA - MÓDULO 2

dele qualquer som, é como se o instrumento

fosse extensão do próprio corpo. Assim, também
acontece quando estamos aprendendo uma nova
língua, no começo precisa pensar na tradução,
no significado das palavras, depois tudo sai no
automático.

A partir do momento que familiarizamos com

uma nova informação, ela passa do mundo do
consciente para o hábito. Neste estágio, não precisa
mais pensar, fazemos tudo automaticamente. Na
nossa história de vida é exatamente a mesma coisa,
no começo, nas primeiras experiências, estamos
conscientes de tudo que nos acontece. Conforme
o tempo vai passando, vamos criando hábitos e
padrões inconscientes de funcionamento, até o
corpo se moldar e ficar dentro daquela história.

Quando ficamos travados numa história

de vida, que parou lá atrás, mesmo que
tenhamos a possibilidade de mudar,
vivemos naquela mesma situação, por não
termos consciência dos padrões. Está tudo
no automático, não existe espaço para
reflexão.
 21 | FERNANDO FREITAS - CORPO COM CIÊNCIA - MÓDULO 2

A neurociência é capaz de explicar facilmente:

• Existem duas estruturas denominadas Gânglios

da Base.

Imagem do site https://afh.bio.br/

Elas ficam no tronco cerebral e, são nessas

estruturas que os hábitos são formados, ficando
assim, no inconsciente. Isso serve para que o cérebro
economize energia. Então, para não gastar energia
naquilo que é habitual, fazemos tudo sem tomar
consciência e de maneira automática. Em algumas
situações, isso é bom, um exemplo a forma como
caminhamos, sem precisar pensar em colocar
um pé na frente do outro e andar, quando somos
adultos.
 22 | FERNANDO FREITAS - CORPO COM CIÊNCIA - MÓDULO 2

Isso também acontece com nossas experiências

de vida. Moldamos algumas dinâmicas e fazemos
tudo automaticamente. Quando essas dinâmicas
são saudáveis, tudo bem, entretanto, muitas vezes,
nos habituamos às dinâmicas doentias e que, com o
tempo, acabamos tornando-as normais. Mas essas
dinâmicas doentias, as quais estamos habituados,
foram criadas em cima dos traumas, e a pessoa
acaba repetindo tantas vezes, que uma hora fica
inconsciente, onde ela nem ao menos percebe os
padrões prejudiciais, que vão se consolidando.

De modo geral, não temos consciência de um monte

de dinâmicas que fazemos na vida. O problema é
que podemos estar repetindo dinâmicas doentias.
Nesse sentido, é fundamental trazer isso de volta
para consciência. Mas como fazer isso? Vamos
lá, para voltar a ter consciência dessas dinâmicas
inconscientes, é necessário reviver a história
traumática, e assim, ter condições de reconstruir a
história.

É claro que existem inconvenientes nesse processo.

O desafio de sair do automático inconsciente e
voltar para o consciente, é que precisamos entrar
em contato com a dinâmica dolorida do trauma.
Essa é a grande oportunidade de reconstruir a
nossa história e fazer diferente. E pode acreditar, isso
é fundamental para se ter uma vida mais saudável
e ser feliz.

O corpo conta a história do indivíduo e conta

também os traumas que ele carrega. A mente não
sabe, não vê, mas o trauma está lá. A mente fica
desconectada da realidade do corpo e ela faz isso
para não entrar em contato com os problemas, que
esse corpo carrega.

O corpo está sempre revelando o que acontece

com o indivíduo, mas a mente está desconectada,
por ser um mecanismo de defesa, que não quer
olhar para a dor. Então, o indivíduo faz sempre a
mesma coisa para não precisar pensar. O corpo
está em contato com a realidade, mas a mente
 23 | FERNANDO FREITAS - CORPO COM CIÊNCIA - MÓDULO 2

está em uma bolha de ilusão para não ver. Assim,

o indivíduo cria hábitos, reproduz aquele hábito
automaticamente e a mente nem pensa mais no
assunto. Isso significa que o corpo e a mente estão
dissociados.

Para ser saudável, você precisa refazer a conexão

da mente com o corpo. O que faz a dissociação e
rompe a conexão do corpo e mente, são as histórias
traumáticas. Quando o indivíduo entra em contato
com a história traumática, para aliviar a sensação
da dor, ele se desconecta. O corpo sente o tempo
todo, ele revela que tem algo acontecendo, mas a
mente não percebe.

Então, quando um terapeuta está com o seu cliente,

ele deve ser capaz de identificar duas dimensões
do indivíduo:

• A dimensão mental: que esconde da consciência

os problemas que o corpo carrega, os problemas
traumáticos que estão acontecendo dentro dele;

• A dimensão corporal: que mostra a realidade

que muitas vezes se esconde no inconsciente da
pessoa, o corpo mostra a verdadeira história da
vida dele.

Por isso, quando você vai trabalhar com o indivíduo,

você tem que reconhecer essas duas dimensões.

Outras dimensões importantes a destacar são:

• Máscara: é a maneira que o indivíduo se mostra

para o mundo;
• Sombra: é aquilo que o indivíduo esconde do
mundo;
• Self: é a essência do indivíduo.

Abordarei essas três dimensões mais à frente.

“O corpo sempre conta a verdade, é a mente

que f requentemente está desconectada.”
Fernando Freitas
24 | FERNANDO FREITAS - CORPO COM CIÊNCIA - MÓDULO 2

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