Conservação Do Solo e Da Água
Conservação Do Solo e Da Água
Conservação Do Solo e Da Água
BOAS PRÁTICAS EM
CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA
1. INTRODUÇÃO .................................................................................1
2. EROSÃO HÍDRICA...........................................................................3
2.1. Erosividade das chuvas.................................................................5
2.2. Erodibilidade do solo......................................................................6
2.3. Topografia do terreno.....................................................................7
2.4. Uso e manejo do solo.....................................................................8
2.4.1. Uso do solo .................................................................................9
3. SISTEMA DE CLASSES DE CAPACIDADE DE USO DAS
TERRAS AGRÍCOLAS.......................................................................10
3.1. Capacidade de uso de terra........................................................12
3.1.1. Grupos e capacidade de uso de terra......................................12
4. ESTRATÉGIAS DE AÇÃO PARA O COMBATE À EROSÃO.........15
4.1. Tecnologias disponíveis para aumentar a cobertura vegetal e
a infiltração de água no solo..............................................................16
4.2. Tecnologias disponíveis para controlar o escorrimento
superficial do solo ..............................................................................27
4.3. Tecnologias disponíveis para a implementação de técnicas
complementares no solo....................................................................32
5. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES.........................................35
6. PROPOSTA PARA AVALIAÇÃO TÉCNICA EM PROPRIEDADES
RURAIS EM TERMOS DE PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS......36
Referências Bibliográficas..................................................................38
ANEXO - Estratégias Técnicas de Consevação do Solo
ix
x
BOAS PRÁTICAS EM
CONSERVAÇÃO DO
SOLO E DA ÁGUA
1. INTRODUÇÃO
2. EROSÃO HÍDRICA
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A erosão hídrica no Estado de São Paulo é causada pela erosividade
das chuvas, erodibilidade do solo, topografia do terreno, uso e manejo
do solo.
Figura 3 – Curvas de distribuição do índice de erosão para três regiões do Estado de São Paulo.
Fonte: BERTONI e LOMBARDI NETO, 1990.
Todos os solos com ‘B’ textural, com exceção dos Nitossolos, as-
sim como os Neosoloslitólicos, apresentam problemas de erosão em
razão das baixas taxas de infiltração e do relevo movimentado em que
ocorrem. Já os Latossolos arenosos e também os Neosolosquartzarê-
nicos são altamente suscetíveis à erosão, devido à textura arenosa e
6
aos relevos suaves, porém, de longos comprimentos de rampa. Essas
unidades, em função das características e aliadas ao clima dominante
no Estado, tornam 143.934km2 ou 60,2% da área territorial altamente
suscetível à erosão quando cultivada. Os limites de tolerância de perdas
por erosão, para algumas unidades de solos de Estado de São Paulo,
variam de 4,5 a 13,4t.ha-1.ano-1 e de 9,6 a 15,0t.ha-1.ano-1, respectiva-
mente, para solos com ‘B’ textural e com ‘B’ latossólico.
Foto 4 – Ilustra o efeito do impacto direto das gotas das chuvas no solo, tendo como referência
o solo protegido abaixo das pedras, que absorvem o impacto.
Autor: Rodrigo Estevam Munhoz de Almeida – doutorando Esalq/USP.
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Foto 6 – Erosão em sulco, causada por rompimento de terraço.
Autor: Pedro Henrique de Cerqueira Luz – professor FZEA/USP.
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• Grupo C – terras não adequadas para cultivos anuais, perenes, pas-
tagens ou reflorestamento, porém, apropriadas para proteção da flora
e fauna silvestres, recreação ou armazenamento de água:
99Classe VIII – terras impróprias para cultura, pastagem ou reflores-
tamento, podendo servir apenas como abrigo e proteção da fauna
e flora silvestres, como ambiente para recreação, ou para fins de
armazenamento de água.
Foto 7 – Foto retratando o enquadramento nas diferentes Classes de Capacidade de Uso para
efeito de planejamento.
Fonte: Google Earth – Adaptação Tom Ribeiro (Cecor/CATI/SAA).
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Figura 4 – Resumo da variação do tipo e da intensidade máxima de utilização da terra sem risco de erosão acelerada, em função das
classes de capacidade de uso.
Extraído: LOMBARDI NETO, F & DRUGOWICH, M. I (Coordenadores), Manual Técnico de Conservação do Solo e da Agua, Boletim n.o
39, Volume II, pág. 124, figura 1, CATI, 1994.
4. ESTRATÉGIAS DE AÇÃO PARA O COMBATE À EROSÃO
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• Cobertura morta – a cobertura do solo com restos de culturas é uma
das mais eficientes práticas de controle da erosão. A cobertura morta
protege o solo contra o impacto das gotas de chuva, faz diminuir o
escoamento da enxurrada, e incorpora ao solo a matéria orgânica,
que aumenta a sua resistência ao processo erosivo. No caso da ero-
são eólica, protege o solo contra a ação direta dos ventos e impede
o transporte das partículas. A cobertura morta com palha ou resíduos
vegetais contribui para a conservação da água, devendo ser preconi-
zada nas zonas de precipitações pouco abundantes, além de diminuir
a temperatura do solo, reduzindo, assim, as perdas por evapotrans-
piração. Estima-se que a prática controla a erosão na porcentagem
de 53%, nas perdas de solo, a 57% nas perdas de água.
Foto 15 – Cobertura morta com palhada de capim braquiária recebendo o plantio direto de soja.
Autor: Rodrigo Estevam Munhoz de Almeida – doutorando Esalq/USP.
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• Preparo do solo – essa prática pode ser definida como a manipulação
física, química (referindo se principalmente à aplicação de calcário ou
gesso) ou biológica do solo, com o objetivo de otimizar as condições
para a germinação das sementes e emergência e estabelecimento
das plântulas. O preparo e as manipulações do solo podem, em geral,
ser divididos em três categorias.
a) Preparo primário do solo – operações mais profundas e grossei-
ras que visam, entre outras, eliminar ou enterrar as ervas daninhas
estabelecidas, assim como os restos de culturas e, também, soltar
o solo. Exemplos: aração, desmatamento, operações com rolo faca.
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• Plantio Direto na Palha (PDP) – é um sistema de produção em que
se evita a perturbação do solo, mantendo sua superfície sempre re-
coberta por resíduos (palha) e/ou vegetação. Considerando as suas
premissas básicas, pode-se afirmar que o PDP é, hoje, a melhor tec-
nologia agrícola disponível, aplicável a praticamente todas as culturas
comerciais, inclusive a cana-de-açúcar e culturas perenes. É, também,
a que mais se aproxima das condições em que a natureza opera. Traz
em sua essência a busca pelo equilíbrio do ecossistema, possibili-
tando para a agricultura a autossustentação em termos econômicos,
sociais e ambientais. Propicia a melhoria da infiltração e retenção de
água, a oxigenação, a redução da amplitude térmica, a manutenção
da umidade, a reciclagem de nutrientes e a riqueza biológica. Remete,
ainda, à redução dos custos de mecanização e mão de obra, ao menor
consumo de combustíveis fósseis e a maior eficiência no uso da água
e dos insumos.
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• Sistema de Integração entre Agricultura, Pecuária e Floresta (ILP,
ILPS e SAF) – são sistemas de cultivos que integram a produção de
grãos, fibras, madeiras, carnes, leite e/ou agroenergia em uma mesma
área. Nesses sistemas o cultivo de grãos, a exploração de pastagens
e a produção arbóreas são realizados em consórcio, em rotação ou
em sucessão, de forma planejada, para benefício das interações eco-
lógicas e econômicas resultantes da diversidade de espécies. Além
da conservação do solo, incluindo o controle da erosão e a melhoria
de suas propriedades, esses sistemas objetivam promover a susten-
tabilidade da produção agropecuária, a diversificação de atividades
e o bem-estar animal.
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4.2. Tecnologias disponíveis para controlar o escorrimento super-
ficial do solo
Foto 20 – Estrada com bom preparo primário, abaulamento e sangras para terraços.
Autor: Pedro Henrique de Cerqueira Luz – professor FZEA/USP.
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• Faixas de vegetação permanente – faixas ou cordões de vegetação
permanente são fileiras de plantas perenes e de crescimento denso,
dispostas com determinado espancamento horizontal e sempre em
nível. Em culturas anuais cultivadas continuamente na mesma faixa,
ou em rotação, são intercaladas faixas estreitas de vegetação cerrada,
formando os cordões de vegetação permanente. Nas culturas pere-
nes, também podem ser usadas as faixas de vegetação permanente,
formando barreiras vivas entre as árvores para controlar a erosão e
servir de quebra-vento. Quebrando a velocidade de escorrimento da
enxurrada, o cordão de vegetação permanente provocará a deposição
de sedimentos transportados e facilitará a infiltração da água que es-
corre no terreno, concorrendo para diminuir a erosão do solo. Esses
cordões possibilitam a formação gradual de terraços com o correr dos
anos; com o preparo do solo e com os cultivos que se fazem entre as
faixas. Também, como resultado da própria erosão, a terra vai sendo
deslocada do seu lado de cima, formando, gradativamente, terraços
que, com um pequeno trabalho de acabamento, serão terminados.
Nos padrões atuais de ocupação do solo, a cultura em faixa também
se presta como elemento fundamental no Sistema Integração Lavoura-
Pecuária-Floresta (ILPF), em que, além de poder receber nos primeiros
anos culturas anuais intercalares, ao final poderão ser estabelecidas
pastagens, as quais tornam possível o aproveitamento econômico da
cultura explorada na faixa, normalmente espécies florestais.
Foto 22 – Terraços em nível e estruturas primárias e secundárias de coleta de água por sistema
de canais escoadouros vegetados.
Fonte: NRCS/USDA.
Foto 23 – Comportamento da água, por meio de uma alternativa simples de sistema de condução
de águas em estrada rural devidamente projetada.
Autor: Rodrigo Di Carlo – Cecor/CATI/SAA.
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Foto 24 – Estrada Santa Cruz Rio Pardo, antigamente.
Autor: Rodrigo Di Carlo – Cecor/CATI/SAA.
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5. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES