11729-Texto Do Artigo-44650-1-10-20201224

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 39

MAPEAMENTO DA FRAGILIDADE AMBIENTAL À

PROCESSOS EROSIVOS LINEARES E MOVIMENTOS DE


MASSA NA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DA BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO MACHADO- MG
Manoel Ribeiro Rodrigues Neto1
Marta Felícia Marujo Ferreira2

RESUMO: A Área de Proteção Ambiental da bacia hidrográfica do Rio Machado, integra a


bacia do Alto rio Grande situando-se no sul do estado de Minas Gerais (Brasil) sendo
definida pelos limites físicos da bacia. O presente artigo teve como objetivo mapear a
fragilidade ambiental da bacia hidrográfica do Rio Machado à ocorrência de processos
erosivos lineares e movimentos de massa, visando analisar quais zonas são mais
propensas a ocorrência de tais processos. A metodologia utilizada consiste em uma
adaptação do procedimento metodológico desenvolvido por Garófalo e Ferreira (2015),
por meio de técnicas de análise geoespacial em Sistemas de Informação Geográfica (SIG)
para o mapeamento da fragilidade ambiental utilizando as seguintes variáveis
geoambientais: índice de vegetação (NDVI), declividade (DEC), densidade de lineamentos
estruturais (DLE) e densidade de vias de circulação (DVC). Os resultados demonstraram
que as áreas mais frágeis estão situadas nos setores sul e norte da bacia, principalmente
em Espírito Santo do Dourado e São João da Mata e as áreas menos frágeis se encontram
principalmente nos municípios de Poço Fundo e Machado. Foi evidenciado que as áreas
mais frágeis comportam diversos processos erosivos.
PALAVRAS-CHAVE: Planejamento ambiental; Geomorfologia; Erosão; Ocupação antrópica;

Conservação.

MAPPING OF ENVIRONMENTAL FRAGILITY TO LINEAR EROSIVE


PROCESSES AND MASS MOVEMENTS IN THE ENVIRONMENTAL
PROTECTION AREA OF RIO MACHADO WATERSHED-MG

ABSTRACT: The Environmental Protection Area of the Rio Machado hydrographic basin,
integrates the Upper Rio Grande basin located in the south of the state of Minas Gerais
(Brazil) being defined by the physical limits of the basin. The present paper aimed at

1
Discente do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Alfenas –
PPGEO – UNIFAL - MG. E-mail: [email protected]
2
Docente do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Alfenas –
PPGEO – UNIFAL- MG. E-mail: [email protected]
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

mapping the environmental fragility of Rio Machado watershed in order to find linear soil
erosion processes as well as mass movement, seeking to analyze which zones are more
likely to suffer from such processes. The methodology adopted consists in an adaptation
of the methodological process developed by Garófalo e Ferreira (2015), through
techniques of geospatial analysis in Geographic Information Systems to map the
environmental fragility, using the following geoenvironmental variables: vegetation index
(NDVI), slope (DEC), density of structural lineaments (DLE) and density of circulation paths
(DVC). The results showed the most fragile areas are located in southern and northern
parts of the watershed, mainly in Espírito Santo do Dourado and São João da Mata and
the least fragile areas are mainly in Poço Fundo e Machado. It could be evidenced that the
most fragile areas present several processes of soil erosion.
KEYWORDS: Environmental planning; Geomorphology; Erosion; Anthropic occupation;

Conservation.

CARTOGRAFIA DE LA FRAGILIDAD AMBIENTAL EN PROCESOS


EROSIVOS LINEALES Y MOVIMIENTOS DE MASAS EN EL ÁREA DE
PROTECCIÓN AMBIENTAL DE LA CUENCA HIDROGRÁFICA DEL RIO
MACHADO-MG
246
RESUMEN: El Área de Protección Ambiental de la cuenca hidrográfica del Río Machado,
integra la cuenca del Alto Río Grande ubicada al sur del estado de Minas Gerais (Brasil)
quedando definida por los límites físicos de la cuenca. Lo presente artículo tuvo el objetivo
de mapear la fragilidad ambiental de la cuenca del Río Machado a la ocurrencia de
procesos erosivos lineales y movimientos de masas, a fin de analizar qué zonas son más
propensas a la ocurrencia de tales procesos. La metodología utilizada consiste en una
adaptación del procedimiento metodológico desarrollado por Garófalo y Ferreira (2015),
utilizando técnicas de análisis geoespacial en Sistemas de Información Geográfica para
mapear la fragilidad ambiental, utilizando las siguientes variables geoambientales: índice
de vegetación (NDVI), pendiente (DEC), densidad de lineamientos estructurales (DLE) y
densidad de vías de circulación (DVC). Los resultados mostraron que las áreas más frágiles
están ubicadas en los sectores sur y norte de la cuenca, principalmente en Espírito Santo
do Dourado y São João da Mata, y las áreas menos frágiles se encuentran principalmente
en los municipios de Poço Fundo y Machado. Se evidenció que las áreas más frágiles
tienen varios procesos erosivos.
PALABRAS CLAVE: Planificación ambiental; Geomorfología; Erosión; Ocupación antrópica;

Conservación.

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

INTRODUÇÃO

Historicamente a região sul de Minas Gerais tem se baseado em uma

economia dirigida fundamentalmente para o setor agrícola, sendo, por exemplo,

liderança para o estado na produção de café (DANTAS, 2011). Esse fato faz com

que os processos de erosão do solo se configurem como um problema de caráter

socioeconômico e ambiental preocupante para a região, uma vez que estes

processos afetam a conservação dos agrossistemas e causam prejuízos

econômicos (GUERRA; MENDONÇA, 2004, PANACHUKI et al., 2006).

A Área de Proteção Ambiental da Bacia hidrográfica do Rio Machado (APA-

BHRM) é uma Unidade de Conservação Estadual de uso sustentável (Lei Federal

8895/2000). Foi criada pela Lei nº 13.373 de 30 de novembro de 1999, e teve sua

implantação em outubro de 2014. Sua competência é atribuída ao Instituto

Estadual de Florestas - IEF do estado de Minas Gerais, vinculado à Secretaria de

Estado de Meio Ambiente – SEMAD (SANTOS, 2019). A APA do rio Machado 247

abrange os municípios de Alfenas, Campestre, Machado, Paraguaçu, Fama,

Congonhal, Espírito Santo do Dourado, Ipuiúna, São João da Mata, Poço Fundo,

Carvalhópolis e Santa Rita de Caldas, sendo inserida nesta forte dinâmica

produtiva regional, apresentando também os problemas erosivos resultantes

dela.

Santos (2019) salienta que a APA do rio Machado é uma unidade de

conservação criada com objetivo principal de auxiliar no uso sustentável, sendo

esta unidade de conservação formada majoritariamente por propriedades

privadas. Nestas propriedades é comum “práticas agrosilvopastoril, com a

presença de plantios anuais e perenes, a exemplo do café, milho, morango,

mandioquinha e batata, como também a silvicultura de eucalipto e a pecuária de

corte e leite” (SANTOS, 2019, p. 150).

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

Alves et al. (2019) estudando a dinâmica econômica dos municípios que

integram a APA do Rio Machado ressaltam que estes se localizam numa das

regiões mais desenvolvidas do estado de Minas Gerais. Os autores destacam

também a “intensa atividade agropecuária, principalmente o agronegócio cafeeiro

nos mananciais e áreas de nascentes, pois as áreas plantadas e colhidas dessas

culturas agrícolas estão presentes em todos municípios e áreas da APA” (ALVES,

et al., p. 179). É importante destacar também, conforme Porto et al. (2019), que a

maioria dos municípios possuem “alta taxa de urbanização, sugerindo que os

cursos d’água que atravessam ou tangenciam áreas urbanas, ou densamente

povoadas, carecem de atenção e intervenção por parte dos órgãos que

administram a região da bacia” (PORTO et al., 2019, p. 86).

Considerando-se a configuração espacial e a dinâmica produtiva nesta APA,

bem como o grave problema de erosão dos solos, que causa a diminuição da

produtividade agrícola e até o encerramento das atividades agrícolas (GUERRA;


248
MENDONÇA, 2004), é necessário a realização de estudos na área, que visem o

diagnóstico geoambiental e auxiliem no planejamento territorial e no

desenvolvimento sustentável.

A fragilidade ambiental, conceito preconizado por Ross (1994), é um dos

estudos que destaca a necessidade de conhecer as potencialidades dos

ambientes de forma integrada. Para isso, o autor se baseia no conceito de

“Unidades Ecodinâmicas” de Tricart (1977), no qual o ambiente é analisado por

meio da teoria sistêmica. Desse modo, Ross (op. cit.) define Unidades

Ecodinâmicas Instáveis, aquelas com intervenção humana e as Unidades

Ecodinâmicas Estáveis, aquelas em estado natural e equilibrado sem a

intervenção humana.

Pesquisas sobre fragilidade ambiental desenvolvidas por Garófalo e

Ferreira (2015) e Messias e Ferreira (2017) apresentam um procedimento

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

alternativo de mapeamento da fragilidade ambiental baseado em técnicas de

análise geoespacial em Sistema de Informação Geográfica. Segundo Garofalo e

Ferreira (2015), este procedimento tem como vantagem:

estimar o valor dos pesos das variáveis por análise estatística;


utilizar a classificação contínua para a representação da fragilidade
ambiental; e possibilitar o mapeamento de fragilidade ambiental
em áreas onde não haja a disponibilidade de mapas pedológicos e
geológicos em escala adequada (p.214).

Nesse contexto, a presente pesquisa teve como objetivo realizar o

mapeamento da fragilidade ambiental da APA da bacia hidrográfica do rio

Machado à ocorrência de processos erosivos lineares e movimentos de massa,

utilizando a metodologia de análise geoespacial proposta por Garófalo e Ferreira

(2015).

Este trabalho justifica-se em razão da sua importância como potencial

subsídio ao planejamento ambiental de uma unidade de conservação ocupada, 249

na medida em que demonstra as áreas mais propensas ao desenvolvimento de

processos erosivos e que, portanto, carecem de um maior controle sobre as

atividades que podem ser nela desenvolvidas. Conforme Santos (2019), os

principiais vetores de pressão na APA do rio Machado são: expansão urbana sobre

áreas nativas, mineração e dragagem de areia do rio Machado, uso intensivo de

agrotóxico e parcelamento do solo rural, desmatamento e atropelamento da

fauna nas rodovias e o uso do fogo sem autorização (SANTOS, 2019).

Além do mais, este artigo poderá contribuir com futuros estudos sobre

fragilidade ambiental, uma vez que utiliza uma metodologia desenvolvida

recentemente, baseada em variáveis geoambientais compatíveis com sistemas de

informação geográfica.

REVISÃO DOS CONHECIMENTOS ANTERIORES

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

A erosão do solo é um dos principais problemas que afetam o

desenvolvimento sustentável. Segundo Correia, De Lima e Bezerra (2015), a

erosão é um processo morfológico natural, resultante de ações do intemperismo,

responsável pelo deslocamento e transporte de sedimentos na superfície da terra,

sendo agravado por atividades antrópicas.

De acordo com Panachuki et al. (2006), a degradação dos solos é resultante

de práticas inadequadas de manejo agrícola, e deve ser compreendida quando se

almeja a manutenção ou o aumento da produtividade agrícola e a conservação

ambiental, de maneira a contribuir para a manutenção da sustentabilidade de

agroecossistemas.

Botelho e Silva (2004), salientam que “grande parte dos problemas

relacionados à erosão, assoreamento, volume e qualidade da água nas bacias

hidrográficas seria resolvida se a taxa de infiltração nos solos fosse maior” (p. 168).

Segundo os autores (op. cit.), para se aumentar a taxa de infiltração, o escoamento


250
superficial deve ser mitigado, sendo que nas microbacias hidrográficas onde este

escoamento foi reduzido devido a implementação de programas de

planejamento, a qualidade do ambiente da bacia e até fora dela foi melhorada.

Seguindo esta lógica, para que haja um planejamento ambiental eficiente

que vise à mitigação de processos erosivos, é necessário dar-se devida

importância à relação entre escoamento superficial e ocupação agrícola, uma vez

que, de acordo com Botelho e Silva (2004) nas áreas agrícolas alguns fatores, como

exposição do solo às gotas de chuva, ausência de cobertura vegetal durante uma

parte do ano e a falta de práticas conservacionistas, propiciam a formação de

fluxo superficial.

A APA do rio Machado integra a subzona Planalto Sul de Minas Gerais

(CAVALCANTE et al., 1979), inserindo-se no domínio das regiões serranas de

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

morros mamelonares do Brasil de Sudeste ou Mares de Morros conforme

Ab’Sáber (2003).

Levando-se em consideração a influência da ação antrópica sobre o

desenvolvimento de processos erosivos, Ab’Sáber (2003, p.17) salienta que “o

domínio dos “mares de morros” tem mostrado ser o meio físico, ecológico e

paisagístico mais complexo e difícil do país em relação as ações antrópicas”. Ainda

segundo Ab’Sáber (op. cit.), em todo território brasileiro, este domínio se mostra

muito vulnerável à ocorrência dos processos erosivos e movimentos coletivos de

solo.

Leite e Rosa (2012, p.269) afirmam que a necessidade de se combater os

problemas relacionados a erosão tem ocasionado a “formulação de metodologias

que explicitem o potencial natural de áreas de modo que subsidie a ocupação

antrópica, gerando planos conforme as peculiaridades locais”. Os estudos sobre

fragilidade ambiental se encaixam nesse contexto, uma vez que “têm por
251
finalidade identificar as fragilidades e potencialidades dos ambientes naturais e

propor uma melhor forma de uso e ocupação do território, de acordo com as

características de cada lugar” (ABRÃO; BACANI, 2018, p. 620).

Spörl & Ross (2004) frisam que os sistemas ambientais quando expostos as

intervenções humanas apresentam diferentes níveis de fragilidade em função de

suas características genéticas, uma vez que alterações nos componentes da

natureza comprometem a funcionalidade do sistema, quebrando seu estado de

equilíbrio dinâmico.

As metodologias para o mapeamento da fragilidade ambiental mais

utilizadas no Brasil foram as desenvolvidas por Ross (1994), por Crepani et al.

(1996) e Crepani et al. (2001), sendo que o método de Ross (1994) busca estimar a

estabilidade das Unidades Ecodinâmicas com base na combinação entre variáveis

de origem natural (fragilidade potencial) e de origem natural associadas a

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

variáveis de origem antrópica (fragilidade emergente). Já o método de Crepani et

al. (1996; 2001), também baseado no conceito de Ecodinâmica de Tricart (1977),

relaciona variáveis de origem natural, como geologia, cobertura vegetal e

climatologia para gerar cartas de vulnerabilidade natural à erosão (BATISTA; SILVA,

2013; MESSIAS; FERREIRA, 2017).

Ao avaliarem estas metodologias, Spörl e Ross (2004) constataram que o

principal problema apresentado por elas diz respeito à forma de atribuição de

pesos, em geral subjetiva, às variáveis utilizadas nos modelos, devido à

complexidade em se verificar a contribuição de cada uma das variáveis a níveis de

fragilidade ambiental (GARÓFALO e FERREIRA, 2015).

Levando em consideração os problemas apresentados pelos métodos

clássicos de fragilidade ambiental, Garófalo e Ferreira (2015) desenvolveram uma

pesquisa na qual apresentam um procedimento metodológico desenvolvido

através de técnicas de análise geoespacial em Sistema de Informação Geográfica


252
(SIG) para o mapeamento da fragilidade ambiental, o qual foi aplicado na APA

Fernão Dias, no sul de Minas Gerais. Esse método conseguiu sanar o problema da

subjetividade na atribuição dos pesos às variáveis geoambientais, uma vez que os

pesos foram atribuídos através de estatística.

Desse modo, a presente pesquisa se baseou na metodologia de fragilidade

ambiental proposta por Garófalo e Ferreira (2015) cujas variáveis geoambientais

utilizadas foram: índice de vegetação, declividade, densidade de lineamentos

estruturais, densidade de vias de circulação.

ÁREA DE ESTUDO

Á área de estudo consiste na APA da bacia hidrográfica do Rio Machado,

apresentando uma superfície de 1.016 km². Localiza-se no sul do estado de Minas

Gerais, abrangendo os municípios de Espírito Santo do Dourado, Congonhal,

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

Ipuiúna, São João da Mata, Poço Fundo, Carvalhópolis, Campestre, Machado,

Alfenas, Paraguaçu e Fama (Figura 1).

Segundo Coelho et al. (2014), o clima da região é do tipo Cwb (subtropical

moderado úmido), apresentando invernos secos e verões chuvosos, de acordo

com o sistema de Köppen. A temperatura e a precipitação anuais médias ficam,

respectivamente, em torno de 23ºC e de 1500 mm.

No que se refere ao contexto geomorfológico, Ferreira et al. (2019)

propuseram a compartimentação geomorfológica da APA do rio Machado,

agrupando unidades de padrões de formas semelhantes, considerando o índice

de dissecação e a forma dos topos, vertentes e vales. Foram mapeados seis

compartimentos de relevo, sendo eles: Escarpas, Morros e Montanhas, Morros

com Encostas Suaves, Morrotes, Colinas e Planícies. Os compartimentos que

abrangem as maiores áreas são, respectivamente, Colinas (26%), Planície (24%) e

Morros com encostas suaves (21%). Por outro lado, as Escarpas, Morrotes e
253
Morros e Montanhas são os compartimentos de menor dimensão, ocupando,

respectivamente, 17 %, 10 % e 2 % das terras da APA (FERREIRA et al., 2019).

Figura 1 – Localização da APA da bacia hidrográfica do Rio Machado - MG.

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

Fonte: Dos autores (2019)


254

Através da análise do mapa de compartimentos geomorfológicos de

Ferreira et al., 2019), verifica-se que os setores norte e sul da APA apresentam um

relevo mais suavizado, dominado por colinas, enquanto o setor central abriga um

relevo mais serrano, com a presença de escarpas e morros e montanhas,

associados a morros com encostas suaves.

No tocante ao uso da terra, Santos (2019) salienta que predominam na

bacia a cafeicultura e as pastagens, e em menor área, culturas anuais e perenes.

Quanto a cobertura vegetal nativa, Santos (op. cit.) afirma que a bacia apresenta

fragmentos da Mata Atlântica, principalmente nos municípios de Poço Fundo,

Machado, Espírito Santo do Dourado e Congonhal; bem como fragmentos de

cerrado, que ocupam uma área menos extensa ao norte da bacia, no município

de Alfenas.

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

Santos (2019) elucida que a área possui uma importante riqueza de

espécies, como animais vulneráveis ou ameaçados de extinção, a exemplo “da

onça parda, do lobo guará, da jaguatirica, do bugio, entre outros” (p. 148).

Apresenta também espécies arbóreas importantes como “ [...] massaranduba,

jequitibá, jacarandá, canela sassafrás, óleo vermelho, barba timão, etc.” (SANTOS,

op. cit.).

Filetto e Alencar (2001) ressaltam que a agricultura possui grande relevância

para os diversos municípios que compõem a APA do rio Machado, principalmente

o café, cultura característica do sul de Minas Gerais. A região sul-mineira é

responsável por quase metade da produção de todo o estado, fato que confere a

ela importância nacional no âmbito da produção cafeeira.

A APA do rio Machado, possui diversas propriedades rurais dedicadas ao

cultivo do café, muitas delas cooperadas da COOPFAM (Cooperativa dos

Agricultores Familiares de Poço Fundo), localizada no munícipio de Poço Fundo e


255
da COOXUPÉ (Cooperativa Regional de Cafeicultores de Guaxupé), que possui um

núcleo em Alfenas.

METODOLOGIA

Os procedimentos metodológicos adotados na pesquisa são demonstrados

na figura 2.

O levantamento e a revisão de materiais cartográficos, tais como as cartas

topográficas na escala 1:50.000 correspondentes a área de estudo (Pouso Alegre,

Poço Fundo, Campestre, Machado, Ipuiúna e Capivari) (IBGE, 1970); bibliográficos,

tratando-se principalmente de artigos científicos e livros que abordam temas de

interesse para a pesquisa; e de sensoriamento remoto, como imagens

multiespectrais e Modelo Digital de Elevação, foram etapas fundamentais para o

cumprimento dos objetivos propostos na pesquisa. O material foi adquirido

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

fisicamente, em bibliotecas, e através de diferentes sites, tais como Scientific

Eletronic Library Online (SCIELO, 2019) (material bibliográfico); Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE, 2019), (material cartográfico); Serviço Geológico

dos Estados Unidos (USGS, 2019) e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE,

2019) (material de sensoriamento remoto).

Todo o mapeamento temático foi gerado na escala 1:50.000, através do SIG

Arcgis 10.5TM (ESRI, 2016) disponível no Laboratório de Geoprocessamento da


Universidade Federal de Alfenas-UNIFAL-MG. Os mapas foram projetados no

sistema de coordenadas planas Universal Transversa de Mercator (UTM), Datum

SIRGAS 2000 e classificados em 4 classes pelo classificador Natural Breaks. Este

classificador foi utilizado pois ele visa eliminar, em certa medida, a interferência

subjetiva do pesquisador nos dados (FERREIRA, 2014). Após a análise de vários

números de classes, optou-se por 4, pois a representação espacial das variáveis

geoambientais com este número de classes mostrou-se bastante condizente com


256
a realidade terrestre. O software Google Earth PRO (GOOGLE, 2019) foi utilizado

para a identificação e levantamento de feições erosivas na área de estudo. Os

mapas foram projetados no sistema de coordenadas planas Universal Transversa

de Mercator (UTM), Datum SIRGAS 2000.

Figura 2 – Fluxograma dos procedimentos metodológicos adotados na pesquisa.

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

257

Fonte: Dos autores (2019)

A metodologia utilizada neste trabalho consiste em uma adaptação da

metodologia desenvolvida por Garófalo e Ferreira (2015), aplicada pelos autores

na APA Fernão Dias (MG), sendo também aplicada por Messias e Ferreira (2017)

no Parque Nacional da Serra da Canastra, MG. A metodologia se baseia no uso de

técnicas de análise geoespacial para o mapeamento da fragilidade ambiental,

utilizando uma base de dados composta por variáveis geoambientais (declividade,

índice de vegetação, densidade de vias de circulação, densidade de lineamentos

estruturais e probabilidade de ocorrência de chuvas intensas) padronizadas para

função Fuzzy, que são combinadas por meio de pesos obtidos empiricamente

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

através do teste estatístico Kolmogorov-Smirnov (KS) para a obtenção do mapa de

fragilidade ambiental.

Segundo Ferreira (2014), a função Fuzzy representa os limites espaciais

entre classes de uma variável como zonas transitórias, distribuindo os valores

desta variável de forma contínua, o que melhor representa a realidade terrestre

dos sistemas ambientais.

O teste estatístico Kolmogorov-Smirnov (KS) “permite avaliar dados não

paramétricos, gerando valores que indicam a dependência entre duas variáveis,

baseando-se em uma amostra mapeada empiricamente e outra hipotética”

(YOUNG, 1977, n.p. apud MESSIAS; FERREIRA, 2017). Na metodologia de Garófalo

e Ferreira (2015), o teste KS é utilizado na atribuição de pesos as variáveis

geoambientais visando avaliar o grau de aderência entre a distribuição espacial

dos valores de cada uma destas variáveis e a ocorrência de feições erosivas

mapeadas para a área de estudo. Logo, o peso de cada variável geoambiental, ou


258
a importância que as mesmas possuem em relação a fragilidade do ambiente ao

desenvolvimento de processos erosivos, é representado por este grau de

aderência, sendo atribuído empiricamente (GARÓFALO; FERREIRA, 2015).

A adaptação metodológica realizada no presente trabalho consiste em duas

alterações em relação a metodologia de Garófalo e Ferreira (2015): a não

utilização de uma variável para o mapeamento da fragilidade ambiental (no caso,

probabilidade de ocorrência de chuvas intensas), devido a distribuição

insuficiente de estações pluviométricas na área de estudo, o que comprometeria

os resultados alcançados; e a adoção proporcional (uma vez que foram utilizadas

4 variáveis ao invés de 5) dos pesos atribuídos por Garófalo e Ferreira (2015) aos

mapas temáticos produzidos pelos autores para a APA Fernão Dias. Esta decisão

foi em razão das similaridades físico-ambientais entre a referida Unidade de

Conservação e a área de estudo deste trabalho no que concerne a geologia

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

(litologia), geomorfologia e uso e cobertura da terra, levando em consideração a

proximidade geográfica entre ambas as unidades de conservação.

Os procedimentos metodológicos para a elaboração do mapeamento

temático proposto são descritos a seguir:

i – Declividade

O mapeamento da declividade demonstra a inclinação, em graus ou

porcentagem, representada pelo gradiente ou taxa de mudança máxima no valor

Z de cada célula de uma superfície raster (ESRI, 2016). O mapa de declividade foi

elaborado com base no mosaico das cenas S22W046, S22W047, S23W046 e

S23W047 do Modelo Digital de Elevação (MDE) gerado pelos dados altimétricos do

sensor ASTER (Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection

Radiometer), apresentando resolução espacial de 30 m. Justifica-se a utilização do


MDE ASTER devido a sua resolução espacial compatível com a escala de

mapeamento do presente trabalho, considerando também a ampla


259
disponibilidade e o fácil acesso as imagens.

Inicialmente foi utilizada a ferramenta Fill para remover pequenas

imperfeições do MDE (ESRI, 2016). Em seguida, foi gerado o raster contendo os

valores de declividade, em graus, através da ferramenta Slope.

ii – Índice de Vegetação

O mapeamento do índice de vegetação foi realizado aplicando-se o método

Índice de Vegetação da Diferença Normalizada – NVDI (ROUSE et al., 1973). O NDVI

trata-se de “um indicador sensível da quantidade e condição da vegetação, cujos

valores variam no intervalo de -1 a 1. Nas superfícies que contém água ou nuvens,

esta variação é sempre menor doque 0” (GAMEIRO, et al.,2016). É obtido a partir

da razão entre a diferença da reflectância do infravermelho próximo (NIR) e do

vermelho (VIS) pela soma destas mesmas bandas, como demonstrado na equação

1:

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

𝑁𝐷𝑉𝐼 = (eq.1)

onde ρNIR e ρRED são, respectivamente, a reflectância na faixa espectral do

infravermelho e a reflectância na faixa espectral do vermelho (ROUSE et al., 1973).

Para o cálculo do NDVI foram utilizadas as bandas quatro (vermelho) e a

cinco (infravermelho próximo) da cena que abrange a área de estudo (219/075),

com a data de 21 de janeiro de 2019, provenientes do sensor OLI (Operational

Land Imager) a bordo do satélite Landsat 8. Estes produtos já foram adquiridos


com correção atmosférica, por meio da página EarthExplorer contida no site do

Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, 2019).

Optou-se por gerar o NDVI com uma imagem adquirida no mês de janeiro

pois o referido mês faz parte do período chuvoso no tipo climático em que a área

de estudo está inserida (SOUZA; SANTOS; SANCHES, 2019), e no período em que


260
ocorre uma maior concentração de chuvas os processos erosivos tendem a se

intensificar, fato que aumenta ainda mais a importância do papel da cobertura

vegetal no tocante a proteção do solo frente ao efeito erosivo das chuvas

(BIGARELLA, 2001).

As bandas 4 e 5 foram reprojetadas para o sistema de coordenadas planas

UTM, no Datum SIRGAS 2000, zona 23S, e posteriormente o NDVI foi calculado

aplicando-se a Equação 1, por meio da ferramenta Raster Calculator. O raster

gerado foi recortado com base no arquivo vetorial poligonal do limite da APA da

bacia hidrográfica do rio Machado, utilizando-se a ferramenta Extract by Mask.

iii) Densidade de vias de circulação

Para a produção do mapa de densidade de vias de circulação (DVC), foi

utilizado o estimador Kernel sobre o arquivo vetorial de linhas representando as

vias de circulação identificadas na área de estudo. As vias de circulação foram

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

vetorizadas sobre as cenas 154/124 e 154/125 das câmeras PAN e MUX, a bordo

do satélite CBERS 4. Optou-se pela utilização destes sensores devido à alta

resolução espacial (5 m) apresentada pela banda pancromática que, mediante a

técnica de fusão espectral de imagens, permite gerar uma composição de bandas

espectrais que possibilita uma identificação satisfatória das feições de vias de

circulação; levando em consideração a disponibilização gratuita das imagens no

site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE.

Inicialmente foram testadas diversas composições de bandas espectrais

formadas através da combinação das bandas do vermelho (R), verde (G) e do azul

(B), do sensor MUX, com objetivo de selecionar a composição que possibilitasse a

melhor identificação das vias de circulação. Este teste foi realizado por meio da

ferramenta Composite Bands, sendo selecionada a composição 7R/6G/5B. O

procedimento seguinte foi a realização do mosaico de cada banda selecionada de

uma das cenas com a respectiva banda da segunda cena, para que,
261
posteriormente, toda à área de estudo fosse contemplada em uma única imagem.

Este mesmo procedimento também foi realizado para as bandas pancromáticas,

através das ferramentas Mosaic to a new raster e Mosaic.

Em seguida, foi realizada a fusão da composição 7R/6G/5B com a banda

pancromática do sensor PAN, que apresenta resolução espacial de cinco metros,

a fim de se obter um ganho de resolução espacial para a composição escolhida.

Este procedimento foi realizado por meio da ferramenta Create Pan-Sharpened

Raster Dataset.
Após estas etapas de pré-processamento, as vias foram vetorizadas

manualmente sobre a composição 7R/6G/5B, e o mapa de densidade de vias de

circulação foi gerado utilizando-se o estimador de densidade Kernel, por meio da

ferramenta Kernel Density. O raio de abrangência para o estimar a densidade

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

(também empregado para o cálculo da densidade de lineamentos e de drenagem)

foi o preconizado no trabalho de Messias e Ferreira (2017), equivalente a 3 km.

iv) Densidade de lineamentos estruturais

Os lineamentos estruturais são feições de drenagem retilíneas ou que

apresentam ângulos abruptos, fortemente condicionadas pela estrutura

geológica, e que demonstram a presença de zonas de fraturamento (SOARES;

FIORI, 1978).

O mapa de densidade de lineamentos estruturais (DLE) foi elaborado

utilizando como base o arquivo vetorial de rede de drenagem da área de estudo,

vetorizado manualmente sobre as cartas topográficas que abrangem a APA (IBGE,

1970). A identificação dos lineamentos estruturais foi realizada de acordo com a

metodologia de interpretação visual proposta por Soares e Fiori (1978). Os

lineamentos identificados foram digitalizados sobre a rede de drenagem, através

do módulo Editor, sendo então criado um arquivo vetorial, a partir do qual foi
262
calculada a densidade de lineamentos estruturais, em km/km², aplicando-se o

estimador Kernel por meio da ferramenta Kernel density.

v) Mapas auxiliares: densidade de drenagem e hipsometria

Os mapas hipsométrico e de densidade de drenagem foram elaborados

para auxiliar na análise integrada das características ambientais da APA da bacia

hidrográfica do Rio Machado. Ambos foram classificados em 4 classes por meio

do classificador Quebras Naturais, assim como as variáveis usadas no modelo de

fragilidade. Para elaboração do mapa hipsométrico, o MDE ASTER anteriormente

utilizado para o mapeamento da declividade foi classificado, sendo a ele atribuída

uma rampa de cores. Já o mapa de densidade de drenagem foi elaborado por

meio da aplicação do estimador Kernel ao arquivo vetorial de drenagem da área

de estudo, sendo o raster gerado, recortado sobre o limite da APA e classificado

como os demais mapas.

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

vi) Atribuição de pesos as variáveis geoambientais e obtenção da fragilidade

ambiental

A atribuição de pesos as variáveis geoambientais consiste em uma etapa

fundamental para se obter o mapa de fragilidade ambiental, na medida em que

este mapa é resultado da média ponderada entre as variáveis. Os pesos referem-

se ao grau de importância quantitativo de cada variável em relação a sua

contribuição aos processos geomorfológicos. Garófalo e Ferreira (2015)

estabeleceram pesos as variáveis geoambientais de acordo com a associação de

cada uma delas a distribuição espacial de processos erosivos na APA Fernão Dias,

localizada no sul de Minas Gerais. Os valores dos pesos atribuídos por Garófalo e

Ferreira (2015), adaptados ao presente trabalho, são apresentados na tabela 1:

Tabela 1 – Valores dos pesos atribuídos às variáveis geoambientais.

263

Fonte: Adaptado de Garófalo e Ferreira (2015)

O procedimento metodológico seguinte foi a conversão dos valores

originais dos mapas em valores Fuzzy. De acordo com Garófalo e Ferreira (2015),

para se analisar as variáveis geoambientais de maneira integrada por meio de

mapas temáticos é necessário que os valores dos campos destes mapas sejam

padronizados para ficarem em uma mesma escala de valores. Para isso, foi

utilizada a função de afinidade linear, contida na ferramenta Fuzzy Membership.

A variáveis densidade de vias de circulação, densidade de lineamentos estruturais

e declividade após terem seus valores convertidos em escala Fuzzy passaram a

variar de 0,0 (menor afinidade à fragilidade) a 1,0 (maior afinidade à fragilidade),

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

com relação linearmente direta. Para o mapa de NDVI foi utilizada a relação linear

inversa, visto que as áreas com baixos valores de índice de vegetação estão

associadas a uma maior possibilidade de desenvolvimento de processos erosivos.

As variáveis apresentadas em conjunto fuzzy estão representadas na Figura 3.

Após essas etapas, o mapa de fragilidade ambiental (FA) foi gerado a partir

da aplicação da álgebra ponderada dos mapas das variáveis geoambientais,

através da função Raster Calculator aplicando-se a equação 2:

FA = (eq. 2)

vii) Mapeamento de formas erosivas

O mapeamento dos processos erosivos lineares e movimentos de massa na

área de estudo foi realizado visando relacionar os índices de fragilidade à

ocorrência destes processos. Este mapeamento foi executado através do Google


264
Earth Pro no mês de julho de 2019, por meio da identificação visual com base na

literatura especializada. Foi estipulada a escala fixa de mapeamento de 1:700, pois

esta escala permitiu a visualização e diferenciação das diferentes formas erosivas.

Foram mapeados um total de 110 processos erosivos, entre erosões lineares e

movimentos de massa. Cada feição identificada foi demarcada através da função

“Adicionar Marcador” e salva em uma pasta em formato kml, que posteriormente

foi convertida em layer, através da ferramenta layer to kml, do ArcGis 10.5 ™.

Neste SIG, as feições foram exportadas para um arquivo vetorial de pontos e

reprojetadas para SIRGAS 2000. Foram realizados trabalhos de campo para

verificação da realidade terrestre e obtenção de fotografias, e por fim os pontos

das erosões foram sobrepostos ao mapa de fragilidade.

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

Figura 3 – Variáveis geoambientais com valores de seus respectivos campos convertidos


em escala fuzzy: (A) Índice de vegetação - NDVI; (B) Declividade - DEC; (C) Densidade de
lineamentos estruturais - DLE; (D) Densidade de vias de circulação - DVC.

265

Fonte: Dos autores (2019).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

A fragilidade ambiental (FA) da APA do rio Machado à ocorrência de

processos erosivos e movimentos de massa apresentou valores que variaram

entre 0,086 (baixa FA) a 0,807 (alta FA). Os menores valores de FA foram

observados em áreas dos municípios de Poço Fundo e Machado, na média bacia

do rio Machado (Figura 3). Valores altos de fragilidade predominam ao sul da

bacia, no trecho superior do rio Machado, principalmente nos arredores do

referido corpo d’água, no trecho médio, na sub-bacia do Ribeirão do Machadinho

e nas proximidades da mancha urbana de Machado, bem como no setor norte,

trecho inferior da bacia, em que grande área de seu território detém valores de

FA que variam de médios a altos, apresentando valores maiores nos arredores do

Reservatório de Furnas.

A espacialização da fragilidade ambiental da APA do rio Machado e os

processos erosivos mapeados, está demonstrada no mapa da figura 4.

Comparando os mapas das variáveis geoambientais utilizados nesta


266
pesquisa (Figura 5) com o mapa de fragilidade ambiental, foi constatado que há

uma relação inversa entre fragilidade ambiental e Índice de Vegetação (NDVI). Isto

se deve ao fato de o NDVI ter o maior peso (0,619) em relação às demais variáveis

geoambientais. Portanto, áreas com maior densidade de cobertura vegetal são

menos vulneráveis à ocorrência de processos erosivos.

Botelho e Silva (2004) salientam a importância da cobertura vegetal para a

conservação do solo, e consequentemente, para evitar ou mitigar os processos

erosivos. Os solos de florestas apresentam uma capacidade de infiltração maior

que os solos nus, fato atribuído à presença da serrapilheira, que protege o solo

contra o impacto direto da chuva, e por outro lado, pela ação de diversos

organismos, que contribuem para a melhoria da estrutura do solo.

Foi observado na área de estudo que grande parte das áreas com maiores

valores de declividades (DEC) ocorrem em áreas com baixos valores de FA, fato

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

que vai na contramão do que era esperado do ponto de vista geomorfológico,

uma vez que em relevos com declives mais acentuados geralmente predominam

processos de morfogênese onde o desgaste do relevo é predominante (OLIVEIRA,

2014). Estes baixos valores de FA podem ser explicados pelo fato de os terrenos

com maior densidade de cobertura vegetal estarem associados a relevos mais

declivosos na área de estudo.

Por outro lado, áreas com menores valores de DEC estão ocupadas pela

agricultura ou pastagens e, por isto, apresentam baixos índices de vegetação.

Oliveira (2014), ressalta que a declividade controla de maneira direta a distribuição

dos tipos de solos, uma vez que, em geral, quanto mais planos são os terrenos,

maior a probabilidade de ocorrer o predomínio da pedogênese em relação à

morfogênese. O autor afirma ainda que as áreas menos declivosas tendem a

formar solos mais profundos, pela maior facilidade de infiltração da água das

chuvas e sua ação na decomposição das rochas, favorecendo o desenvolvimento


267
da agricultura, consequentemente a retirada de parte da vegetação nativa, o que

contribui com o aumento da fragilidade ambiental.

Figura 4 – Mapa de fragilidade ambiental à processos erosivos e movimentos de


massa da APA da bacia hidrográfica do rio Machado-MG.

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

268

Fonte: Dos autores (2019)

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

Figura 5 – Variáveis geoambientais utilizadas na elaboração do mapeamento da


fragilidade ambiental da APA da bacia hidrográfica do rio Machado- MG. (A) Declividade;
(B) NDVI; (C) Densidade de lineamentos; (D) Densidade de vias.

269

Fonte: Dos autores (2019)

Como o peso atribuído ao NDVI foi maior, infere-se que nas formas mais

suavizadas do relevo, embora os valores de DEC sejam menores, o escoamento

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

superficial tende a ser maior que a taxa de infiltração, aumentando assim, o

potencial erosivo das águas pluviais e o índice de FA.

A associação inversa existente entre NDVI e DEC para com à fragilidade

ambiental, foi percebida principalmente nas áreas central e oeste da bacia, mais

especificamente nas Serras do Cantagalo, da Boa Vista e Serra Negra, cujas áreas

apresentaram baixo índice de FA, alta declividade e altos valores de NDVI. Apesar

dos altos valores de declividade, estas áreas se encontram relativamente

protegidas da ação morfogenética devido a presença de uma cobertura vegetal

vigorosa, uma vez que, segundo Bigarella (2007), a cobertura vegetal possui um

papel importante na proteção das vertentes, através da retenção da água das

chuvas, controlando o escoamento superficial e diminuindo a penetração de água

em excesso no manto de intemperismo. Bigarella (op. cit.) salienta que a retirada

da vegetação se caracteriza como um fator condicionante do início de

movimentos de massa, além de processos erosivos lineares. Por outro lado, as


270
características morfométricas dessas áreas também conferem uma certa

proteção a vegetação, o que pode ser explicado “pela concordância entre

limitações na mecanização agrícola neste tipo de terreno e as restrições impostas

pela legislação ambiental” (FERREIRA, 2014, p. 108).

Foi constatado que os menores índices FA estão associados às áreas com

presença de fragmentos de mata nativa intercalados com áreas de plantio de café,

uma cultura perene, que apresenta alto índice de vegetação quando as plantas se

encontram na fase adulta. Este perfil de cobertura da terra ocorre em áreas com

relevos de maiores amplitudes como Morros e Montanhas, Morros com Encostas

Suaves e Morrotes, existentes nos municípios de Machado e Poço Fundo. No

município de Ipuíuna, as áreas com baixos valores de FA estão ocupadas pela

silvicultura e fragmentos florestais relativamente maiores e mais contínuos. É

válido ressaltar, que o “entorno de fragmentos sofre pressão de atividades

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

agrosilvopastoril evidenciando a importância de estabelecer regras protetivas”

(SANTOS, 2019).

Por outro lado, valores médios do índice FA distribuem-se também em

relevos de Morros com Encostas Suaves, com ocupação agrícola considerável,

intercaladas a pastagens extensas, menores fragmentos florestais e matas

ciliares. Este padrão foi constatado nos municípios de Poço Fundo e Machado.

Ao se analisar o mapa de DEC e o mapa hipsométrico (Figura 6), foi

observado que o setor central da bacia do rio Machado apresenta uma

característica morfológica particular, pois, nesta área ocorre um degrau

topográfico (knickpoint) associado às serras do Cantagalo, da Bela Vista e do

Cardoso. Estas serras apresentam amplitude altimétrica expressiva

(aproximadamente 110 metros) e altos valores de DEC, expondo brusca

descontinuidade entre os padrões morfométricos a montante, um planalto

composto por Colinas, que apresenta baixas amplitudes e cujas áreas atingem
271
mais de 1.400 metros de altitude. Por outro lado, no trecho inferior da bacia, a

jusante, domina o compartimento de colinas, com baixas amplitudes e

declividades suaves.

Associado ao desnivelamento altimétrico, o rio Machado apresenta forte

encaixamento, traçado retilíneo e degrau topográfico (knickpoint) indicado pela

presença de queda d’água. Ressalta-se que neste trecho, ocorre alteração

significativa no perfil longitudinal do rio Machado (Figura 7), com desnível de cerca

de 400m (FERREIRA et al, 2019). Esta anomalia no perfil longitudinal também é

apontada por Lima et. al. (2010) em estudo desenvolvido na área.

Este degrau, gera um novo nível de base além do nível presente no exutório

da bacia, formando planícies de inundação também à montante da bacia. Os altos

índices de declividade impostos por rupturas de declive podem-se constituir, em

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

áreas que apresentam baixo índice de cobertura vegetal, como potenciais

dinamizadores de processos erosivos.

Altos valores do índice FA foram observados ao sul da bacia, principalmente

nos municípios de Espírito Santo do Dourado, Congonhal e São João da Mata.

Nestas áreas, associam-se altos valores de DVC (Densidade de Vias de Circulação),

relacionados principalmente a estradas rurais, e de DLE (Densidade de

Lineamentos), baixos valores de NDVI e grande quantidade de áreas ocupadas por

culturas anuais, que, quando não realizadas práticas de manejo adequadas,

promovem a exposição do solo às chuvas concentradas, gerando compactação e

favorecendo o início do processo erosivo linear.

Neste setor, as áreas com fragmentos florestais são pouco extensas, e estão

envolvidas pelas culturas anuais e pastagens por vezes degradadas, como

observado em trabalho de campo e imagens orbitais. Segundo Cunha e Thomaz

(2017), as estradas rurais podem causar efeitos negativos ao ambiente, uma vez
272
que alteram a resposta hidrológica natural da bacia hidrográfica, interferindo nos

fluxos subsuperficiais. Cunha e Thomaz (op. cit.) em pesquisa realizada na bacia

do rio Guabiroba, Paraná, constataram que as estradas interceptam diferentes

fluxos em distintos setores da vertente, sendo o fluxo de retorno interceptado nos

fundos de vale, o fluxo pipe pelos taludes das estradas na média vertente e o fluxo

insaturado expelido no talude da estrada em alta vertente.

Figura 6 – Mapa hipsométrico da APA da bacia hidrográfica do rio Machado-MG.

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

273

Fonte: Dos autores (2019)

Figura 7 - Perfil Longitudinal do rio Machado.

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

Fonte: Adaptado de Ferreira et al., 2019

A área sul da bacia apresenta características naturais do relevo que

permitem maior mecanização da agricultura, combinadas à presença de

lineamentos da rede de drenagem confirmadas pelos altos valores de DLE. De

acordo com Mantelli e Rossetti (2009, p. 51) “diversos elementos de drenagem

como canais retilíneos com junções em ângulos retos, ocorrência de meandros

localizados, levam a interpretar que os lineamentos estão relacionados a presença


274
de estruturas tectônicas”.

A presença dominante de uma alta densidade de lineamentos estruturais

no setor sul revela forte controle destas estruturas no desenvolvimento de

processos erosivos. Através do mapeamento destes processos, foi verificado que

o setor sul abriga uma grande concentração de erosões lineares e movimentos de

massa, a exemplo da ravina e do escorregamento rotacional demonstrado na

figura 8.

A estruturação do relevo aliada às características antrópicas, e ao intenso

uso da terra para fins agropecuários, faz com que o setor sul da bacia concentre

altos índices de FA e um grande número de processos erosivos, se comparado aos

demais setores, o que pode ser explicado, em parte, pelo fato das atividades

humanas se configurarem como os principais agentes catalisadores de processos

erosivos (PANACHUKI, 2006). Ademais, conforme estudos realizados por Baccaro

(2010) os processos erosivos lineares podem ser gerados e dinamizados por zonas

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

de fraturamento e de falhas “que se constituem em locais preferenciais de alívio

da pressão piezométrica por meio de exfiltração da água, dando início à frente de

erosão ou túneis que provocam o colapso do teto iniciando o processo erosivo”

(p. 208).

Os altos valores de FA encontrados nos municípios de Alfenas, Fama e

Paraguaçu, no setor norte da área de estudo, estão associados a presença de solo

exposto, áreas agricultáveis, fragmentos florestais escassos e com dimensões

reduzidas e altos valores de DLE, características propícias ao desenvolvimento de

processos erosivos, como os que foram mapeados nessas áreas.

No trecho médio da bacia do rio Machado, a jusante da ruptura topográfica

(knickpoint), foi verificada uma fragilidade ambiental relativamente alta se

comparada ao relevo circundante. Este fato pode ser explicado pelo forte controle

estrutural apresentado pelo rio neste trecho, que sofre mudança brusca de

direção e altitude, pois seu curso se encaixa em uma falha (Lima et al, 2010).
275
Outros fatores que podem explicar os altos valores do índice FA nesta área são:

vegetação pouco expressiva existente próximo as margens do rio Machado,

indicando que há ocupação da planície de inundação por agropecuária e a

quantidade considerável de estradas nas proximidades (altos valores de DVC).

Figura 8- Processos erosivos e movimentos de massa identificados na APA do rio


Machado. (A): Ravina em área de FA no município de Campestre-MG; (B):
Escorregamentos observados no município de Espírito Santo do Dourado (MG).

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

Fonte: dos autores (2019)


276
A sub-bacia do ribeirão do Machadinho também apresenta áreas com

valores altos de FA, pois possui relevo relativamente declivoso (altos valores de

DEC), a cobertura vegetal mais esparsa, além de uma densidade média de

estradas e maior presença de pastagens. As pastagens favorecem a fragilidade do

terreno a processos erosivos, pois, segundo Botelho e Silva (2004, p.165), “o

pastoreio compacta o solo e cria caminhos preferenciais para o escoamento

superficial, aumentando o risco de erosão”. Ressalta-se que o trecho desta sub-

bacia próximo a mancha urbana de Poço Fundo apresenta índices elevados de FA

associados a presença de vários processos erosivos.

CONCLUSÃO

Foi constatado que a intensa ocupação por atividades agropecuárias,

especialmente nos setores sul e norte da APA da bacia hidrográfica do rio

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

Machado está diretamente relacionada a uma maior fragilidade ambiental a

processos erosivos lineares e movimentos de massa, bem como a presença de

diversos processos erosivos, pois foi observado que, de maneira geral, as áreas

que apresentam fragilidade ambiental variando de média a alta e uma maior

concentração de erosões também concentram estas atividades antrópicas. Essa

constatação está intimamente ligada ao fato de que as atividades agropecuárias,

especialmente as pastagens sem manejo correto do solo na APA, causam

diminuição da cobertura vegetal e/ou exposição do solo (principalmente na

estação de estiagem, caracterizada por um inverno mais seco) culminando em

baixos valores de NDVI; além de concentrarem uma maior quantidade de vias em

suas proximidades para o escoamento da produção.

Foi observado também que o relevo de Colinas pode ter facilitado o

desenvolvimento de atividades agrícolas nos setores sul e norte da bacia,

aumentando o desmatamento e a intensa fragmentação da cobertura vegetal


277
original, fato determinante para a ocorrência de áreas com altos índices de

fragilidade ambiental.

Através de trabalhos de campo, análise de fotografias e de imagens orbitais

foram identificados e mapeados diversos processos erosivos lineares, como

ravinas, sulcos e voçorocas, bem como processos de escorregamentos nas áreas

cujos índices de fragilidade ambiental a processos erosivos lineares e movimentos

de massa variam de médios a altos, validando o mapeamento produzido.

Com base nos resultados obtidos, propõe-se uma maior fiscalização, pelos

órgãos competentes, das atividades exercidas na UC, bem como o

desenvolvimento de atividades de educação ambiental, através das cooperativas

de produtores, por exemplo, que possam demonstrar aos habitantes da APA a

importância desta UC do ponto de vista ambiental e, inclusive econômico,

enfatizando a relevância do uso sustentável dos recursos naturais

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

A metodologia utilizada para a análise da fragilidade ambiental da APA do

Rio Machado se mostrou satisfatória, permitindo o mapeamento em uma média

escala de detalhamento. Apesar da não utilização de uma das variáveis utilizadas

por Garófalo e Ferreira (2015), os resultados obtidos permitiram demonstrar a

realidade terrestre, pois comprovou-se empiricamente a relação entre índices

mais altos de fragilidade ambiental e o desenvolvimento de processos erosivos,

mapeados e observados em campo. Ressalta-se que esta metodologia permite a

utilização de quaisquer variáveis que apresentem distribuições contínuas no

espaço, podendo assim, serem classificadas através da função Fuzzy. Como

sugestão para trabalhos futuros, indica-se a variável Densidade de drenagem, que

está intimamente ligada a evolução do relevo e pode contribuir com o modelo de

fragilidade apresentado.

AGRADECIMENTOS
278
Os autores agradecem a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de

Nível Superior-CAPES pela concessão da bolsa de mestrado que propiciou a

finalização desse artigo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRÃO, C. M. R.; BACANI, V. M. Diagnóstico da fragilidade ambiental na bacia


hidrográfica do rio Santo Antônio, MS: subsídio ao zoneamento ambiental.
Boletim Goiano de Geografia, Goiânia, n. 3, v. 38, p. 619-645, 2018. Disponível em:
< https://doi.org/10.5216/bgg.v38i3.56362>. Acesso em: 13 jan. 2019.

AB’ SÁBER, AZIZ. Os Domínios de Natureza no Brasil. 6. ed. São Paulo: Ateliê
Editorial, 2003.

ALVES, F. D.; PORTO, G. C. S.; BANDO, D. H.; RIBEIRO, T. M.; SILVA, M de O. Relação
Campo-Cidade e dinâmica Econômica nos municípios da APA do Rio Machado-MG.
Caderno de Geografia, v.29, Número Especial 1, 2019, p. 164-180.

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

BACCARO, C. A. D. Processos erosivos no domínio do Cerrado. In: GUERRA, A. J. T.;


DA SILVA, A. S.; BOTELHO, R. G. M. (orgs). Erosão e conservação dos solos. 6ª ed.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010. cap. 7, p. 195-223.

BATISTA, J.P.G.; DA SILVA, F.M. Avaliação da fragilidade ambiental na microbacia


do riacho Cajazeiras no semiárido Potiguar. Boletim Goiano de Geografia, Goiânia,
v. 33, n. 1, p. 53-72, 2013. Disponível em:
<https://doi.org/10.5216/bgg.v33i1.23632>. Acesso em: 11 jan. 2019.

BIGARELLA, J. J. Estrutura e origem das paisagens tropicais e subtropicais. 2. ed.


Florianópolis: Ed. da UFSC, 2007.
BOTELHO, R. G. M.; DA SILVA, A. S. Bacia Hidrográfica e Qualidade Ambiental. In:
VITTE, A.C.; GUERRA, A. J. T. (orgs). Reflexões sobre a Geografia Física no Brasil. Rio
de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. cap. 6, p. 153-188.

CAVALCANTE, J.C.; CUNHA, H.C.S.; CHIEREGATI, L.A.; KAEFER, L.; ROCHA, J.M.;
DAITX, E.C.; COUTINHO, M.G.N.; YAMAMOTO, K.; DRUMOND, J.B.V.; ROSA, D.B.;
RAMALHO, R. Projeto Sapucaí. Brasília, DNPM. (Série Geologia, 4), (Relatório Final),
1979.

COELHO, P.N.; DE OLIVEIRA, E. B. B.; WISNIEWSKI, M. J. S. Comunidade 279


zooplanctônica em um pequeno corpo d’água associado a um fragmento florestal
e pastagem no município de Alfenas-MG. Periódico Eletrônico Fórum Ambiental
da Alta Paulista, [s. l], v. 10, n. 3, p. 85-100, 2014. Disponível em:
<https://dx.doi.org/10.17271/198008271032014843>. Acesso em: 12 dez. 2018.

CORREIA, F. N.; LIMA, W. S. G. de.; BEZERRA, I. S. Processos erosivos costeiros e


recuperação de áreas degradadas na Praia de Tabatinga II, município de Conde-
litoral sul, Paraíba- Brasil. Revista Ambiental, João Pessoa, v. 1, n. 3, p. 1-14, 2015.

CREPANI, E.; MEDEIROS, J.S.; AZEVEDO, L.G.; DUARTE, V.; HERNANDEZ, P.;
FLORENZANO, T. Curso de sensoriamento remoto aplicado ao Zoneamento
Ecológico-Econômico. INPE, São José dos Campos, 1996.

CREPANI, E.; MEDEIROS, J.S.; FILHO, P.H.; FLORENZANO, T.G.; DUARTE, V.;
BARBOSA, C.C.F. Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento Aplicados ao
Zoneamento Ecológico-Econômico e ao Ordenamento Territorial. São José dos
Campos: INPE, 2001. Disponível em:
<http://sap.ccst.inpe.br/artigos/CrepaneEtAl.pdf>. Acesso em: 18 dez. 2018.

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

CUNHA, M. C. da.; THOMAZ, E. L. Fluxo subsuperficial interceptado por estrada


rural: características e distribuição na paisagem. Boletim Goiano de Geografia,
Goiânia, v. 37, n. 3, p. 429-447, 2017. Disponível em:
<https://doi.org/10.5216/bgg.v37i3.50763>. Acesso em: 12 dez. 2018.

DANTAS, Mayara Fontes. Impactos da modernização da agricultura na estrutura


agrária sulmineira na microrregião de Alfenas- MG. 2011. Trabalho de Conclusão
de Curso (Geografia) - Instituto de Ciências da Natureza (ICN), Universidade
Federal de Alfenas, Alfenas, 2011. Disponível em: <https://www.unifal-
mg.edu.br/geres/files/TCC%20-%20Mayara.pdf> . Acesso em: 14 dez. 2018.

ESRI. Arcais Desktop. Versão 10.5. Redlands: ESRI, 2016.

FERREIRA, M.C. Iniciação à análise geoespacial: teoria, técnicas e exemplos para


geoprocessamento. 1. ed. São Paulo: Editora Unesp, 2014.

FERREIRA, M.F.M.; DA CRUZ, B.L.; GREGÓRIO, D.H.S.; DE ALFENAS, D.S.P.; PINTO,


G.S.; MARINHO, G.S. Geomorfologia da Área de Proteção Ambiental do Rio
Machado, Sul de Minas Gerais. Caderno de Geografia, [s. l], v. 29, n. 1, p. 36- 57,
2019. Disponível em: <https://doi.org/10.5752/p.2318-2962.2019v29nespp36> .
Acesso em: 15 dez. 2018. 280
FILETTO, F.; ALENCAR, E. Introdução e expansão do café na região sul de Minas
Gerais. Organizações rurais e agroindustriais, Lavras, v. 3, n. 1, p. 1-10, 2001.
Disponível em: < http://revista.dae.ufla.br/index.php/ora/article/view/278>.
Acesso em: 15 dez. 2018.

GAMEIRO, S.; TEIXEIRA, C. P. B.; SILVA NETO, T. A. da.; LOPES, M. de. F. L.; DUARTE,
C. R.; SOUTO, M. V. S.; ZIMBACK, C. R. L. Avaliação da cobertura vegetal por meio
de índices de vegetação (NDVI, SAVI e IAF) na sub-bacia hidrográfica do Baixo
Jaguaribe, CE. Terrae, Campinas, v. 13, p. 15-22, 2016.

GARÓFALO, D. T.; FERREIRA, M. C. Mapeamento de fragilidade ambiental por meio


de análise geoespacial: uma aplicação na alta bacia dos rios Piracicaba e Sapucaí-
Mirim, APA Fernão Dias, MG. Revista do Departamento de Geografia, [s. l], São
Paulo, v. 29, p. 212-245, 2015. Disponível em:
<https://doi.org/10.11606/rdg.v29i0.102118>. Acesso em: 11 jan. 2019.

GOOGLE. Google Earth Pro. Disponível em: <https://www.google.com/intl/pt-


BR/earth/download/gep/agree.html>. Acesso em: 09 out. 2019.

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

GUERRA, A. J. T.; MENDONÇA, J. K. S. Erosão dos Solos e a Questão Ambiental. In:


VITTE, A.C.; GUERRA, A. J. T. (orgs). Reflexões sobre a Geografia Física no Brasil. Rio
de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. cap. 8, p. 225-251.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Portal de Mapas.


Disponibiliza o download de material cartográfico. Disponível em:
<https://portaldemapas.ibge.gov.br/portal.php>. Acesso em: 14 fev. 2019.
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS. Divisão de Geração de Imagens.
Disponibiliza o download de produtos de sensoriamento remoto. Disponível em:
<http://www.dgi.inpe.br/catalogo/>. Acesso em: 15 abr. 2019.
LEITE, E. F.; ROSA, R. Mapeamento geomorfológico: A carta de energia do relevo
da bacia hidrográfica do rio Formiga- TO. Revista Brasileira de Geografia Física,
Pernambuco, v. 5, n. 2, p. 269-284, 2012. Disponível em:
<https://doi.org/10.26848/rbgf.v5.2.p269-284>. Acesso em: 12 jan. 2019.

LIMA, H. C.; DORANTI, C.; HACHSPACHER, P.C.; RIBEIRO, M.C.S.; RIBEIRO, L.F.B.
Análise morfométrica da rede de drenagem da bacia do rio do Machado-MG.
Sociedade & Natureza, Uberlândia, v. 22, n. 1, p. 23-34, 2010. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.1590/S1982-45132010000100003>. Acesso em: 15 jan. 2019.
281
MANTELLI, L.R.; ROSSETTI, D. de F. Significado tectônico de lineamentos de
drenagem no sudoeste da ilha do Marajó. Revista Brasileira de Geociências, São
Paulo, v. 39, n. 1, p. 42-54, 2009. Disponível em: <
http://www.ppegeo.igc.usp.br/index.php/rbg/article/view/7628>. Acesso em: 15
jan. 2019.

MESSIAS, C. G.; FERREIRA, M. C. Aplicação do método de classificação contínua


fuzzy para o mapeamento da fragilidade do terreno em relação à ocorrência de
ravinas no Parque Nacional da Serra da Canastra. Revista Ra’ e Ga, Curitiba, v. 39,
p. 111-127, 2017. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.5380/raega.v39i0.42914>.
Acesso em: 14 dez. 2018.

OLIVEIRA, I. J. de. Chapadões descerrados: relações entre vegetação, relevo e uso


das terras em Goiás. Boletim Goiano de Geografia, Goiânia, v. 34, n. 2, p. 311-336,
2014. Disponível em: <https://doi.org/10.5216/bgg.v34i2.31734>. Acesso em: 12
dez. 2018.

PANACHUKI, E.; ALVES SOBRINHO, T.; VITORINO, A. C. T.; DE CARVALHO, D. F.;


URCHEI, M. A. Parâmetros físicos do solo e erosão hídrica sob chuva simulada, em
área de integração agricultura-pecuária. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

e Ambiental, Campina Grande, v. 10, n. 2, p. 261-268, 2006. Disponível em:


<http://dx.doi.org/10.1590/S1415-43662006000200003>. Acesso em: 15 jan. 2019.

PORTO, G. C. S.; ALVES, F. D.; BANDO, D. H.; RIBEIRO, T. M.; SILVA, M. de O. Notas
sobre a formação territorial e dinâmica populacional dos municípios integrantes
da APA do rio Machado – MG. Caderno de Geografia, v.29, Número Especial 1,
2019, p. 72-88.

ROSS, J. L. S. Análise Empírica da Fragilidade dos Ambientes Naturais e


Antropizados. Revista do Departamento de Geografia, [s. l], v. 8, p. 63-74, 1994.
Disponível em: <https://doi.org/10.7154/RDG.1994.0008.0006>. Acesso em: 14
dez. 2018.

ROUSE, J.W.; HAAS, R.H.; SCHELL, J.A. Deering, D.W. Monitoring vegetation systems
in the great plains with ERTS. Remote Sensing Center, Texas A&M University,
College Station, Texas, , 1973. p. 309-317.

SANTOS, C. A. dos. Diagnóstico e zoneamento geoambiental da APA da bacia


hidrográfica do rio Machado- MG. Caderno de Geografia, v. 29, n. 1, p. 144-163,
2019. Disponível em: <https://doi.org/10.5752/p.2318-2962.2019v29nespp144>.
Acesso em: 04 jul. 2019. 282
SCIENTIFIC ELETRONIC LIBRARY ONLINE (SCIELO). Disponível em:
<https://scielo.org/>. Acesso em: 12 fev. 2019.

SOARES, P. C.; FIORI, A.P. Lógica e Sistemática na Análise e Interpretação de


Fotografias Aéreas em Geologia. Notícia Geomorfológica, Campinas, v. 16, n. 32,
p. 71-104, 1976.

SOUZA, P. H. de.; SANTOS, B. C. dos.; SANCHES, R. G. A identificação de anos secos,


chuvosos e normais em Machado/MG através do estudo de uma série histórica e
análise do comportamento da precipitação. Caderno de Geografia, [ s. l], v. 29, n.
1, p. 181-212. Disponível em:< https://doi.org/10.5752/p.2318-
2962.2019v29nespp181>. Acesso em: 07 dez. 2020.

SPORL, C.; ROSS, J.L.S. Análise comparativa da Fragilidade Ambiental com


Aplicação de Três Modelos. GEOUSP Espaço e Tempo, São Paulo, v. 8, n. 1, p. 39-
49, 2004. Disponível em: <https://doi.org/10.11606/issn.2179-
0892.geousp.2004.123868>. Acesso em: 15 dez. 2018.

TRICART, J. Ecodinâmica. Rio de Janeiro: IBGE/ SUPREN (Recursos Naturais e Meio


Ambiente), 1977, 91 p.

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.
RODRIGUES NETO, M. R; FERREIRA, M. F. M. Mapeamento da fragilidade ambiental...

UNITED STATES GEOLOGICAL SURVEY. Earth Explorer. [Desenvolvida pelo Serviço


Geológico dos Estados Unidos. Disponibiliza produtos de sensoriamento remoto
para download. Disponível em: < https://www.usgs.gov/>. Acesso em: 13 jan. 2019.

Submetido em: 09 de setembro de 2020

Aprovado em: 04 de dezembro de 2020

Publicado em: 24 de dezembro de 2020

283

REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO DOS G EÓGRAFOS BRASILEIROS SEÇÃO TRÊS LAGOAS - V. 1, Nº 32,
2020.

Você também pode gostar