FLUXO DE TRABALHO254-comuBOSQUILIA-41 - 46

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DIFERENTES IMAGENS DE SATÉLITE NO MAPEAMENTO VISUAL

DE DRENAGENS E NASCENTES EM AMOSTRAS CIRCULARES


Raoni Wainer Duarte Bosquilia, Peterson Ricardo Fiorio, Sergio Nascimento Duarte e
Pedro Paulo Da Silva Barros

RESUMO

O uso de imagens de satélite vem se tornando cada vez mais de raio em diferentes áreas do município de Piracicaba aonde
comum na obtenção de dados ambientais, como os cursos fossem observadas densidades de drenagem (DD) diferentes e,
d’água e as nascentes. O presente trabalho teve por objetivo portanto, relevos diferentes. Para o parâmetro CD, a imagem
comparar três diferentes produtos utilizados no mapeamento do satélite SPOT apresentou maior semelhança com as cartas
manual (visual) de drenagens e nascentes: um mosaico de ima- 1:10.000 nas amostras com maior DD. Para a amostra com a
gens do satélite SPOT, imagens do programa Google Earth® e menor DD, a imagem do Google Earth® mostrou-se mais pró-
uma imagem do satélite Landsat 8; cada produto com resolu- xima. Para a quantificação do NN houve maior semelhança
ção espacial diferente. Utilizou-se a rede de drenagem presente entre os produtos estudados, sendo esse resultado dependente
em cartas topográficas de Piracicaba, São Paulo, Brasil, es- da resolução espacial (nível de detalhamento) do produto es-
cala 1:10.000, como base para comparação. Para uma melhor tudado. Concluiu-se que é possível utilizar qualquer um dos
comparação entre os produtos, foram analisados dois fatores: produtos analisados na elaboração de mapas hidrológicos e
comprimento de drenagem (CD) e número de nascentes (NN), de nascentes, para os mais variados trabalhos, inclusive para
sendo as análises realizadas apenas em caráter quantitativo. aceitação de órgãos públicos que utilizam cartas topográficas
Para tanto, foram dispostas três amostras circulares de 2,75km como referência.

Introdução da década de 70. O processa- bem sucedida do uso e cober- de imagens para os locais
mento de informações geográ- tura da terra em uma região estudados.
A crescente preocupação ficas, ou seja, aquelas desenvol- da Área de Proteção Am- Já Bittencourt et al. (2013)
com os recursos hídricos e vidas em ambiente de SIG, é biental da Bacia do Rio São utilizaram técnicas de senso-
com o meio ambiente tem uma ferramenta fundamental Bartolomeu, Distrito Federal, riamento remoto, como uma
cada vez mais se materializa- nas análises qualitativas e Brasil, utilizando imagens do classificação supervisionada
do por meio de ações gover- quantitativas na caracterização satélite SPOT 5, sendo que utilizando o algoritmo classi-
namentais voltadas a este se- do objeto de estudo. essa imagem foi importante ficador MaxVer, para monito-
tor, como a elaboração de Para Nowatzki et al. (2010), para a melhor definição dos rar o processo de arenização
planos diretores de manejo de a utilização de SIG pode ser alvos pretendidos. presente no município de
bacias hidrográficas e diver- uma excelente ferramenta, vis- Simon e Trentin (2009), em Quaraí, Rio Grande do Sul,
sos programas voltados para a to que os mapeamentos podem busca de alternativas em ima- utilizando imagens dos satéli-
conservação do meio ambien- ser realizados com maior pre- gens para a elaboração de sé- tes Landsat 5 e 8, tendo obti-
te (Alves, 2000). cisão e ser utilizados em di- ries temporais de uso da terra, do resultados conf iáveis e
Alves e Carvalho (2007) versos tipos de estudos. procuraram avaliar as poten- muito próximos entre as ima-
afirmaram que, para a proteção Rudorff et al. (2007) afirma- cialidades das imagens do pro- gens avaliadas.
do meio ambiente, o uso do ram que o sensoriamento re- grama Google Earth®. Foram Kalaf et al. (2013) compara-
Sistema de Informação moto tem contribuído muito apresentadas duas aplicações ram o posicionamento original
Geográfica (SIG) tem contribu- para o estudo dos mais diver- destas imagens na identifica- de seis cenas ortorretificadas
ído com as metodologias em- sos ambientes do planeta, aju- ção de padrões recentes de uso do satélite Landsat 8, abrangen-
pregadas em estudos ambien- dando a ampliar a compreen- da terra e, de forma geral, as do todo o Estado do Rio de
tais, oferecendo maior agilida- são das estruturas ecossistêmi- imagens do Google Earth® se Janeiro, com bases cartográfi-
de, objetividade, consistência e cas e de suas interações. mostraram adequadas para tal cas 1:2.000 e 1:25.000 e verifi-
precisão na tomada de decisões Nesse contexto, Roig et al. fim, já que no programa exis- caram que estas cenas apresen-
geoespaciais, sobretudo a partir (2009) fizeram uma avaliação tiam algumas datas diferentes taram uma correspondência

PALAVRAS CHAVE / Google Earth® / Hidrologia / Landsat 8 / SIG / SPOT 5 /


Recebido: 27/11/2014. Modificado: 29/02/2016. Aceito: 03/03/2016.

Raoni Wainer Duarte Bosquilia. nológica Federal do Paraná Peterson Ricardo Fiorio. Doutor Viçosa, Brasil. Professor, USP/
Doutorando em Engenharia de (UTFPR), Brasil. Endereço: em Agronomia, ESALQ/USP, ESALQ, Brasil. e-mail: snduar-
Sistemas Agrícolas, Escola UTFPR - Câmpus Dois Vizinhos. Brasil. Professor, USP/ESALQ, [email protected]
Superior de Agricultura Luiz de Estrada p/ Boa Esperança, km 4 Brasil. e-mail: [email protected] Pedro Paulo Da Silva Barros.
Queiroz (ESALQ), Universidade - 85660-000 - Dois Vizinhos - Sergio Nascimento Duarte. Doutorando em Engenharia de
de São Paulo (USP), Brasil. PR, Brasil. e-mail: raonibosqui- Doutor em Engenharia Agrí- Sistemas Agrícolas, ESALQ/USP,
Professor, Universidade Tec- [email protected] cola, Universidade Federal de Brasil. e-mail: [email protected]

254 0378-1844/14/07/468-08 $ 3.00/0 MAY 2016, VOL. 41 Nº 5


DIFFERENT SATELLITE IMAGES FOR VISUAL MAPPING OF DRAINAGE
AND SPRINGS IN CIRCULAR SAMPLES
Raoni Wainer Duarte Bosquilia, Peterson Ricardo Fiorio, Sergio Nascimento Duarte and
Pedro Paulo Da Silva Barros
SUMMARY

The use of satellite imagery is becoming increasingly com- radius were arranged in different areas of the municipality
mon in order to obtain environmental data, such as streams of Piracicaba, where different drainage densities (DD) were
and springs. Thus, this study aimed to compare three dif- observed and therefore different reliefs. For the DL param-
ferent products used in manual (visual) mapping of drain- eter, the SPOT satellite image showed greater similarity
age and springs: a SPOT mosaic of satellite images, Goo- to the 1:10,000 scale maps in the samples with higher DD,
gle Earth® images and, one Landsat 8 satellite image; each while for the sample with the lowest DD, the Google Earth®
product with a different spatial resolution. Topographic image was more similar. For SN quantification there was a
maps of drainage network for Piracicaba, São Paulo, Bra- greater similarity between the studied products, a result en-
zil, on a 1:10,000 scale were used as a basis for compar- tirely dependent upon the studied product’s spatial resolu-
ison. Two factors have been analyzed for better compari- tion (detail level). It was concluded that it is possible to use
son between products: drainage length (DL) and number any of the analyzed products to map hydrology and springs
of springs (SN). The analyses carried out were only of a for various tasks, including for public agencies using topo-
quantitative character. Three circular samples with 2.75km graphic maps as a reference.

DIFERENTES IMÁGENES DE SATÉLITE EN EL MAPEAMENTO VISUAL DE DRENAJES


Y NACIENTES EN MUESTRAS CIRCULARES
Raoni Wainer Duarte Bosquilia, Peterson Ricardo Fiorio, Sergio Nascimento Duarte y
Pedro Paulo Da Silva Barros
RESUMEN

El uso de imágenes de satélite viene siendo cada vez más radio en diferentes áreas del municipio de Piracicaba donde
común en la obtención de datos ambientales, como los cursos serían observadas densidad de drenajes (DD) diferentes y, por
del agua y las nacientes. El presente trabajo tuvo por objeti- lo tanto, relieves diferentes. Para el parámetro LD, la imagen
vo comparar tres diferentes productos utilizados en el mapeo del satélite SPOT presentó mayor semejanza con las cartas
manual (visual) de drenajes y nacientes: un mosaico de imá- 1:10.000 en las muestras con mayor DD. Para la muestra con
genes del satélite SPOT, imágenes del programa Google Ear- menor DD, la imagen del Google Earth® se mostró más próxi-
th® y una imagen del satélite Landsat 8; cada producto con ma. Para a cuantificación del NN hubo mayor semejanza entre
resolución espacial diferente. Se utilizó la rede de drenaje pre- los productos estudiados, siendo ese resultado dependiente de
sente en cartas topográficas de Piracicaba, São Paulo, Brasil, la resolución espacial (nivel de detalle) del producto estudiado.
escala 1:10.000, como base para comparación. Para una mejor Se concluye que es posible utilizar cualquiera de los produc-
comparación entre los productos, fueron analizados dos fac- tos analizados en la elaboración de mapas hidrológicos y de
tores: longitud de drenaje (LD) y número de nacientes (NN), nacientes para los más variados trabajos, incluso para acepta-
los análisis se realizaron apenas en carácter cuantitativo. Para ción de órganos públicos que utilizan cartas topográficas como
tanto, fueron dispuestas tres muestras circulares de 2,75km de referencia.

exata com as bases compara- de drenagens e nascentes para lares de 2,75km de raio (área área e tamanho, facilitando a
das, dispensando esforços de três amostras circulares de de cada amostra igual a análise da densidade de dre-
correção geométrica para o 2,75km de raio, em diferen- 2.375,71ha) em regiões do mu- nagem (DD), como fizeram
usuário final. tes áreas do município de nicípio de Piracicaba (Figura 1) Demattê et al. (1993). Para
Senturião e Esquerdo (2012) Piracicaba, São Paulo, onde onde houvessem densidades de Christofoletti (1980) a DD é
utilizando SIG e imagens gra- são observadas densidades de drenagem diferentes (utilizando reconhecida como uma das
tuitas do CBERS-2B corrigi- drenagem diferentes, portanto, a hidrografia presente nas mais importantes variáveis na
ram e atualizaram a rede de relevos diferentes. cartas 1:10.000 do Instituto análise morfométrica das ba-
drenagem da bacia do Rio Geográfico e Cartográfico do cias hidrográficas, represen-
Apa, resultados que podem ser Material e Métodos Estado de São Paulo - IGC/SP) tando o grau de dissecação
utilizados na espacialização das e, consequentemente, um relevo topográfica e expressando a
Áreas de Proteção Permanente Localização da área de estudo diferente a ser avaliado. quantidade disponível de ca-
e avaliação dos processos de nais de escoamento. Essa va-
licenciamento ambiental. O município de Piracicaba Amostras circulares e riável reflete a influência das
Assim sendo, o presente situa-se na porção central do densidade de drenagem características topográficas,
trabalho teve o objetivo de Estado de São Paulo, Brasil litológicas, pedológicas, cli-
comparar imagens de satélite (Figura 1), possuindo uma área A utilização de amostras máticas e da cobertura vege-
com diferentes resoluções es- total de 1.378,02m². Foram es- circulares se justif ica por tal do local, incluindo a in-
paciais no mapeamento visual colhidas 3 amostras circu- serem amostras de mesma fluência antrópica; além disso

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Assim, foram utilizadas no também foi feito o mapeamento
presente trabalho seis cartas dos cursos d’água e das nas-
(Tabela II) na escala de 1:10.000 centes pelo método de vetoriza-
do IGC/SP, duas para cada ção em tela em cada amostra
amostra circular. As cartas fo- circular para uma posterior
ram digitalizadas e importadas comparação com os resultados
ao software ArcGIS 10 (ESRI, das cartas.
2010), georreferenciadas por
meio dos pontos de controle Imagem do programa
presentes, reprojetadas para o Google Earth®
DATUM SIRGAS 2000 e assim
obteve-se digitalizada a hidro- Com a grande facilidade de
grafia, para que fosse possível acesso da sociedade ao Google
mapear e quantificar o compri- Earth®, resolveu-se realizar o
mento de drenagem (CD) e nú- mapeamento das drenagens e
mero de nascentes (NN) presen- nascentes no próprio software
tes nas cartas em cada amostra Google Earth ®, pelo método
circular, para assim poderem ser da digitalização da imagem
comparadas com as imagens de em tela. Posteriormente, as
satélite estudadas. drenagens e nascentes foram
Para o presente estudo, re- exportadas para arquivos KMZ
solveu-se utilizar a hidrografia e importados para o ArcGIS
e as nascentes presentes nas 10 (ESRI, 2010) para finaliza-
cartas topográficas 1:10.000 ção do mapa de drenagens e
como base para a comparação nascentes e comparação com
com os produtos utilizados na as cartas.
determinação manual (visual) As imagens utilizadas pelo
de drenagens e nascentes apli- software nas regiões das amos-
cado, já que estas são docu- tras circulares são provenientes
Figura 1. Localização espacial das amostras circulares dentro do muni- mentos oficiais utilizados por do catálogo de imagens da
cípio de Piracicaba, Estado de São Paulo, Brasil.
vários órgãos públicos do DigitalGlobe ®, todas obtidas
Estado de São Paulo. através do sensor QuickBird 2
(fusionada com banda pancro-
permite saber se a bacia tem TABELA I
Imagens Satélite SPOT mática), possuindo uma resolu-
uma boa drenagem ou não, COMPRIMENTO E
ção espacial original conside-
e assim a sua tendência para DENSIDADE DE DRENAGEM
Foi utilizado um mosaico de rada alta (0,61m), ou seja, com
a ocor rência de cheias PARA AS TRÊS AMOSTRAS
imagens do satélite francês uma alta capacidade de se ob-
(Christofoletti, 1979, 1981). CIRCULARES
SPOT 5 do 20/03/2010, com servar o alvo pretendido.
A DD (km/km²) é calculada Amostras DD 5m de resolução espacial e com Para as amostras circulares
como circulares CD (m) (km/km²) uma composição em cor natu- propostas no presente estudo, as
L 1 85.786,731 3,611 ral RGB e um fusionamento imagens existentes no Google
DD = (1) 2 51.178,696 2,154 com a banda PAN já realizada. Earth® são datadas de 07/09/2011
A 3 24.605,280 1,036
Como algumas áreas dessas para as amostras 1 e 2, e de
onde DD: densidade de drena- CD: comprimento de drenagem, imagens SPOT apresentaram 13/06/2007 para a amostra 3.
gem (km/km²), L: comprimen- DD: densidade de drenagem. alto índice de nuvens, utilizou-
to total de drenagem (km), e -se recortes de imagens Ikonos Imagem Landsat 8
A: área da bacia ou amostra possíveis, para que os produtos de mesma data para compor a
circular (km²). Pode variar de e métodos analisados fossem imagem. Esse mosaico de ima- Com o lançamento do
0,5 km/km² (para bacias mal aplicados aos mais variados ti- gens SPOT foi importado ao Landsat 8 no 11/02/2013 sur-
drenadas devido a elevada per- pos de relevo, dentro do muni- ambiente SIG (ArcGIS 10; giu uma nova e gratuita opção
meabilidade ou à precipitação cípio de Piracicaba. ESRI, 2010) e convertido para de obtenção de imagens de
escassa) até 3,5 km/km² (para o DATUM SIRGAS 2000. satélite disponíveis para todo o
bacias excepcionalmente bem Cartas planialtimétricas Com esse mosaico de imagens planeta. Tendo em vista esse
drenadas, ocorrendo em áreas 1:10.000
com elevada precipitação ou
muito impermeáveis), segundo As cartas planialtimétricas TABELA II
literatura (Christofoletti, 1980). são essenciais no auxílio a FOLHA, NUMERAÇÃO E ARTICULAÇÃO DAS
As características da hidro- mapeamentos de declividade, CARTAS TOPOGRÁFICAS 1:10.000 QUE
grafia obtida por meio das car- da rede de drenagem e hipso- COMPÕEM A ÁREA DE ESTUDO
tas para as três amostras circu- métricos, e dessa for ma se Folha Numeração Articulação
lares estão apresentadas na apresentam como um subsídio Córrego do Limoeiro SF-23-Y-A-IV-1-NE-F 069/087
Tabela I. No presente trabalho, para a interpretação do relevo Vila Olímpia SF-23-Y-A-IV-2-NO-E 069/088
a densidade de drenagem foi nas bacias hidrográficas, pois Estância Lago Azul SF-23-Y-A-IV-1-SE-B 070/087
utilizada para que fossem sele- os mesmos contêm importan- Córrego das Ondas SF-23-Y-A-IV-2-SO-A 070/088
cionadas três áreas com as tes informações morfométricas Ártemis SF-23-Y-A-IV-1-SE-D 071/087
Santa Terezinha do Piracicaba SF-23-Y-A-IV-2-SO-C 071/088
maiores diferenças morfológicas pretendidas nesse estudo.

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fato, obteve-se uma imagem Os valores de CD, em me- do satélite SPOT 5 subestimou circulares, houve uma superes-
do Landsat 8 (Sensor OLI) tros, e da variação, em porcen- o valor existente nas cartas timação dos valores; porém,
para ser incluída na análise, já tagem, em relação à hidrogra- 1:10.000 em 15,75%. para a amostra circular 3, hou-
que, a partir de agora, deverá fia existente nas cartas topo- Para as drenagens obtidas ve uma superestimação de
ser esta a grande fonte de da- gráf icas do IGC escala pelas imagens do Google apenas 3,43% do valor apre-
dos orbitais disponíveis sem 1:10.000 obtidos através de Earth®, para as três amostras sentado nas cartas, sendo esse
custo. Assim, obteve-se uma cada produto estão apresenta-
imagem que compreendeu a dos na Tabela III. Na
região das amostras circulares Tabela IV estão apresentados
no município de Piracicaba os resultados de DD, em km/
(Órbita/Path 220; Ponto/Row km², obtidos através de cada
76), datada de 06/07/2013. imagem de satélite.
Importada a imagem ao SIG Interpretando os resultados
ArcGIS 10 (ESRI, 2010), utili- de CD e DD (Tabelas III e
zou-se as bandas 2, 3 e 4 (RGB IV), observa-se que as drena-
do sensor OLI) na geração de gens obtidas por intermédio da
uma composição colorida cor imagem do satélite SPOT 5
natural, com 30m de resolução apresentaram os resultados
espacial. Posteriormente, reali- mais semelhantes aos das car-
zou-se um fusionamento da tas 1:10.000, para as amostras
banda 8 (Pancromática) com a circulares 1 e 2, superestiman-
composição colorida obtida an- do os valores em 2,54 e
teriormente, resultando em uma 3,34%, respectivamente. Já Figura 2. Fluxograma geral do trabalho: mapeamento manual (visual)
imagem fusionada em coloração para a amostra 3, os resultados dos cursos d’água e nascentes das amostras circulares utilizando dife-
natural, com 15m de resolução obtidos por meio da imagem rentes produtos.
espacial.

Metodologia aplicada

A metodologia aplicada está


representada no f luxograma
das etapas de trabalho presente
na Figura 2. Conforme tal flu-
xograma, estudou-se a possível
diferença no mapeamento das
drenagens e nascentes utilizan-
do imagens de satélite de dife-
rentes resoluções espaciais
com as cartas topográficas do
IGC 1:10.000.

Comparação dos resultados

Para uma melhor compara-


ção entre os métodos, foram Figura 3. Amostras circulares contendo as drenagens obtidas a partir das imagens do Google Earth®, tendo
analisados os fatores quantita- como base a hidrografia existente nas cartas topográficas do IGC 1:10.000.
tivos comprimento das drena-
gens (CD), e, consequentemen-
te, densidade de drenagem
(DD) e número de nascentes
(NN). Para os dois parâmetros
estudados, foram analisados e
comparados resultados absolu-
tos de cada produto nas três
amostras circulares.

Resultados e Discussão

Realizou-se o mapeamento
dos cursos d’água presentes
nas amostras circulares por
meio de vetorização em tela
no programa ArcGIS (ESRI,
2010) para os três produtos
analisados (Figuras 3, 4 e 5). Figura 4. Amostras circulares contendo as drenagens obtidas a partir das imagens do satélite SPOT 5, tendo
como base a hidrografia existente nas cartas topográficas do IGC 1:10.000.

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É importante ressaltar que
foram utilizadas imagens dis-
poníveis gratuitamente, redu-
zindo os custos, e com vanta-
gem de serem trabalhadas em
um SIG que dispõe de ferra-
mentas que viabilizaram a
mudança de escala constante
da imagem apresentada na
tela, aumentando assim a fi-
delidade dos percursos dos
rios redesenhados.
Já para o parâmetro NN es-
tão apresentados, na Tabela V,
os resultados obtidos da quan-
tificação e da variação, em
porcentagem, em relação às
Figura 5. Amostras circulares contendo as drenagens obtidas a partir das imagens do satélite Landsat 8, tendo cartas IGC 1:10.000, obtidas
como base a hidrografia existente nas cartas topográficas do IGC 1:10.000. por cada produto. Analisando
a tabela, para o N N foram
TABELA III observados resultados relativa-
COMPRIMENTO DE DRENAGEM (CD) NAS AMOSTRAS CIRCULARES PARA mente próximos aos existentes
CADA PRODUTO ESTUDADO E A VARIAÇÃO DO RESULTADO DE CADA PRODUTO (%) nas cartas, mas também depe-
EM RELAÇÃO AO EXISTENTE NAS CARTAS TOPOGRÁFICAS 1:10.000 dentes da resolução espacial
do produto avaliado. Para a
Imagens de Satélite
Amostras Cartas 1:10.000 imagem do Google Earth ®,
Google Earth® SPOT 5 Landsat 8 pela sua resolução espacial
circulares CD (m)
CD (m) % CD (m) % CD (m) % melhor e por ser uma imagem
1 85.786,731 103.754,668 20,94 87.963,802 2,54 71.246,023 -16,95 com mais riqueza de detalhes,
2 51.178,696 59.050,863 15,38 52.889,672 3,34 46.478,513 -9,18 foram encontradas, para as
3 24.605,280 25.450,407 3,43 20.729,241 -15,75 19.008,742 -22,75 amostras 1, 2 e 3, respectiva-
mente, 38,78; 30,68 e 23,81%
de nascentes além das existen-
TABELA IV produto com riqueza de deta- tes nas cartas.
DENSIDADES DE DRENAGEM (DD) EXISTENTES lhes intermediária apresentou Para a imagem do satélite
NAS CARTAS 1:10.000 E OBTIDAS POR INTERMÉDIO os comprimentos dos canais SPOT 5, observou-se uma su-
DAS IMAGENS DE SATÉLITE, PARA CADA de drenagem mais semelhan- perestimação do NN nas duas
AMOSTRA CIRCULAR tes às car tas nas amost ras amostras circulares com maior
Imagens de Satélite com as maiores densidades de DD (1 e 2), com 21,94 e
Cartas drenagem.
Amostras 38,64%, respectivamente. Já
1:10.000 Google Earth® SPOT 5 Landsat 8
circulares DD (km/km²) Para a amostra circular 3,
DD (km/km²) DD (km/km²) DD (km/km²) para a amostra 3, que possui
onde a DD é baixa, ou seja, há
1 3,611 4,367 3,703 2,999 menos rios em uma mesma uma DD considerada baixa, o
2 2,154 2,486 2,226 1,956 área, foi necessária uma ima- resultado obtido subestimou os
3 1,036 1,071 0,873 0,800 gem com maior riqueza de valores encontrados nas cartas
detalhes para serem encontra- em 38,10%. Assim, a resolução
dos e delimitados todos os espacial da imagem SPOT 5
o método que mais se aproxi- amostras circulares 1 e 2 (amos- cursos d’água. Sendo assim, as (5m) foi insuficiente para loca-
mou das cartas na amostra 3, tras com maiores DD) é a de imagens obtidas pelo Google lização e mapeamento de to-
que possui a menor DD. Para que essa imagem possui uma Earth® apresentaram o melhor das as nascentes.
a imagem do Landsat 8, as resolução espacial de 5m, sendo resultado na amostra circular Já para a imagem do satélite
três amostras apresentaram ela intermediária entre as outras com a menor DD. Landsat 8, assim como no
valores menores que os exis- duas imagens estudadas, não
tentes nas cartas, principal- apresentando tanta riqueza de
mente pelo fato dessa ima- detalhes como a imagem do TABELA V
gem apresent a r pi xels de Google Earth®, que é uma ima- NÚMERO DE NASCENTES (NN) NAS AMOSTRAS
15×15m (15m de resolução gem que possui resolução espa- CIRCULARES PARA CADA PRODUTO ESTUDADO
espacial), sendo essa imagem cial <1m, nem tão poucos deta- E A VARIAÇÃO DO RESULTADO DE CADA PRODUTO
aquela com menor riqueza de lhes como a imagem do Landsat EM RELAÇÃO (%) AO EXISTENTE NAS CARTAS
detalhes, dentre todos os pro- 8 que possui uma resolução es- TOPOGRÁFICAS 1:10.000
dutos estudados no presente pacial de 15m. As cartas topo- Imagens de Satélite
Cartas
trabalho. gráficas do IGC 1:10.000 foram Amostras 1:10.000 Google Earth® SPOT 5 Landsat 8
Uma das explicações plausí- elaboradas a partir de fotogra- circulares NN NN % NN % NN %
veis para esse resultado muito fias aéreas, com escala 1:35.000,
semelhante do CD obtido por no ano de 1979, sendo esta uma 1 196 272 38,78 239 21,94 136 -30,61
meio da imagem do satélite escala com uma riqueza de de- 2 88 115 30,68 122 38,64 59 -32,95
3 21 26 23,81 13 -38,10 11 -47,62
SPOT 5 com as cartas nas talhes intermediária. Por isso, o

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parâmetro CD, observou-se Landsat 8, imagens do satélite Bittencourt A, Paroli EM, Vier LP, Brazilian Journal of Applied
que todos os resultados de NN SPOT 5 e imagens do progra- Facco DS, Benedetti ACP Technolog y for Agricultural
ma Google Earth®) apresenta- (2013) Sensoriamento remoto Science, Guarapuava, 7(1): 7-16
subestimaram os valores de
aplicado ao monitoramento do Roig HL, Bayma AP, Soares Neto
nascentes encontrados nas car- ram, quantitativamente, seme- processo de arenização no
tas, principalmente pelo fato lhanças com o produto utiliza- GB, Menezes PHBJ, Santos RP
município de Guaraí - Rio (2009) Adequação de uma área
dessa imagem apresentar pi- do como padrão nesse trabalho Grande do Sul, entre 1996 e sit uada na A PA de São
xels de 15×15 metros (15m de (cartas topográficas do IGC 2013. Anais Cong. Bras. de Bar tolomeu-DF à legislação
resolução espacial), não sendo 1:10.000), com variações de- Geoprocessamento, 4. Rio de ambiental. Anais Simp. de
pendentes da resolução espa- Janeiro, Brasil. www.cartogra-
possível a visualização de to- Sensoriamento Remoto, 14.
fia.org.br/cbg/trabalhos/90/13/
das as nascentes existentes na cial do produto avaliado. sensoriamento-remoto-aplicado-
Natal, Brasil. pp. 6133-6140.
resolução citada. O produto com melhor reso- ao-monitoramento-do-processo- Rudorff CM, Novo EMLM, Galvão
Com isso, observa-se que é lução espacial (Google Earth®) de-arenizacao-no-municipio-de- LS, Pereira Filho W (2007)
possível realizar a quantifica- superestimou todos os resulta- quarai_1373670324.pdf (Cons. Análise derivativa de dados
dos para dois parâmetros estu- 05/10/2013). hiperespect rais medidos em
ção de nascentes utilizando
nível de campo e orbital para
imagens de satélite, como fize- dados (CD e NN), sendo que Christofoletti A (1979) Análise de
caracterizar a composição de
ram Viel et al. (2013), que ma- esta imagem apresentou os Sistemas em Geografia. Hucitec.
águas opticamente complexas
resultados mais próximos às São Paulo, Brasil. 106 pp.
pearam nascentes através das na A ma zôn ia. Acta Amaz.
imagens do Google Earth® em cartas para a amostra circular Christofoletti A (1980) Geomorfo- 37: 269-280.
com menor DD. logia. 2 a ed. Blücher. São
Monte Belo do Sul, Rio Senturião ACO, Esquerdo JCDM
O produto com resolução es- Paulo, Brasil. 200 pp.
Grande do Sul, checando-as (2012) Atualização e ajustes da
pacial intermediária (SPOT 5) Christofoletti A (1981) A variabili- rede de drenagem da bacia do
em campo posterior mente,
apresentou os melhores resulta- dade espacial e temporal da rio Apa/MS utilizando sensoria-
com êxito. densidade de drenagem. Notícia
dos de CD para as amostras mento remoto o geoprocessa-
Piroli e Zanata (2014), estu- Geomorfol. 21(42): 3-22. mento. Anais Simp. de
dando a importância da atua- circulares com maiores DD.
Demattê JAM, Borges MH, Pfeifer Geotecnologias no Pantanal, 4.
lização da hidrografia através Já o produto com a menor RM (1993) Aerofotos conven- Bonito, Brasil. pp. 554-560.
imagens de alta resolução resolução espacial (Landsat 8) cionais e imagens orbitais TM/ Si mon A LH, Trent i n G (20 09)
para o monitoramento das subestimou todos os resultados LANDSAT no mapeamento Elaboração de cenários recen-
áreas de preservação perma- obtidos para os dois parâme- morfopedológico em Santa tes de uso da terra utilizando
nente, sugerem a utilização tros estudados. Bárbara D’Oeste (SP). Sci. i magens do Google Earth.
Dependendo do nível de de- Agríc. 50: 372-382. Ar@cne. Rev. Electrónica de
desses produtos, que permi-
tem identificações mais preci- talhamento do mapa pretendi- ESRI (2010) ArcGIS Professional recursos en Inter net sobre
do e da resolução espacial do GIS for the desktop, versão 10. Geografía y Ciencias Sociales
sas, também no acompanha- Sof t ware. Environ mental Nº 116. Barcelona, España.
mento das mudanças que produto existente, é possível
Systems Research Instit ute. www.ub.es/geocrit/aracne/arac-
ocorrem ao longo do tempo. utilizar qualquer um dos pro- Nova York, EEUU. ne-116.htm (Cons. 03/10/2013).
Os resultados deste trabalho dutos analisados na elaboração
Kalaf R, Brasileiro R, Cardoso PV, Verga ra OR , Ci nt ra J P, D’A lge
mostram a importância da re- de mapas hidrológicos e de Cruz BMC. (2013) Landsat 8: JCL (2002) Atualização carto-
solução no mapeamento de nascentes para os mais varia- Avanços para mapeamento em gráfica integrando técnicas de
drenagem e sua atualização, dos trabalhos, inclusive para mesoescala. Anais Cong. Bras. sensoriamento remoto, proces-
concordando com Vergara aceitação de órgãos públicos de Geoprocessamento, 4. Rio samento de imagens e siste-
que utilizam cartas topográfi- de Janeiro, Brasil. www.carto- mas de informação geográfica.
et al. (2002), que enfatizou g r a f i a .o r g.b r/c bg / t r a b a l -
cas como referência. Anais Simp. Latino Americano
que as imagens de sensoria- hos/90/51/resumo-geotec-rober- de Pe rce p ción Re mota y
mento remoto tem potencial t a - r a i s s a -1_1374 6118 41.p d f S i ste ma s de Infor mat ion
para atualização cartográfica, REFERÊNCIAS (Cons. 05/10/2013). Espacial, 10. Cochaba mba ,
por serem mais econômicas Nowatzki A, Santos LJC, De Paula Bolívia. pp. 1-10
que as fotograf ias aéreas e Alves SC (2000) A água como ele- EV (2010) Utilização do SIG na Viel JA, Arruda DC, Berreta MSR,
apresentar melhor resolução mento fundamental da paisa- delimitação das Áreas de Fantin ML, Farias AR, Hoff R
gem em microbacias. Inf. Preservação Permanente (APP’s)
temporal e espectral. (2013) Geotecnologias e apren-
Agropec. 21(2070): 9-14. na bacia do Rio Sagrado dizagem espacial em ambiente
Alves TM, Car valho TM (2007) (Morretes/PR). Rev. Soc. Nat. educacional: o mapeamento de
Conclusão 22: 107-120.
Técnicas de sensoriamento re- nascentes utilizando técnicas
moto para classificação e quan- Piroli EL, Zanata J M (2014) de geoprocessamento por meio
Os produtos utilizados para tificação do sistema lacustre do Hydrography update and study de sof t wares liv res. Anais
o mapeamento visual de dre- rio Araguaia entre Bar ra do of the permanent preservation Simp. de Sensoriamento
nagens e nascentes no presente Garças e foz do rio Cristalino. areas from a remote sensing Remoto, 16. Foz do Ig uaçu,
trabalho (imagem do satélite Rev. Geogr. Acad. 1: 79-94. of high spatial resolution. Brasil. pp. 2650-2656.

MAY 2016, VOL. 41 Nº 5 259

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