Aula Sistemas de Referencia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA


DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS

Disciplina:
Cartografia Básica
Sistemas Geodésicos de Referência

Prof. Dr. Alexandro Medeiros Silva


CONTEÚDO DA AULA

• A forma da Terra
• Geoide
• Elipsoide
• Sistemas de referência
INTRODUÇÃO

• Entender a forma da Terra é essencial para sua efetiva representação em


qualquer documento cartográfico, pois só é possível representar com
determinado nível de precisão espacial algo que é efetivamente conhecido
(Menezes e Fernandes, 2013).

• A forma e dimensão da Terra devem ser bem definidas, pois irão influenciar
todas as operações que envolvam posicionamentos sobre a superfície terrestre
– como é o caso dos cálculos de distância e orientações – e transformação de
escala.

• A geodésia se apresenta como uma ciência que estuda a forma e as dimensões


da Terra, a determinação de pontos sobre a sua superfície ou próximo a ela,
bem como seu campo gravitacional.
INTRODUÇÃO

• A forma da Terra é definida pela superfície topográfica e superfície dos mares. É


totalmente irregular e única, não existindo uma figura ou definição matemática
capaz de representa-la sem uma deformação.

• As características morfológicas da Terra (Montanhas, mares, depressões, etc.)


são pequenas asperezas da superfície, quando comparadas com o tamanho da
Terra.

• Considerando o raio da Terra (aprox. 6.371 km), a maior cota em torno de 9 km


(Monte Everest) e a maior depressão por volta de 11 km (Fossas Marianas),
uma representação da Terra como um globo de 6cm de raio mostra que a
variação entre as duas cotas representará apenas 0,2 mm, o limite de
percepção do olho humano.
QUAL É A FORMA DA TERRA?
QUAL É A FORMA DA TERRA?

• A ideia da Terra esférica data da época dos geômetras gregos, em torno de 600
a.C. As primeiras dimensões conhecidas foram calculadas por Erastóstenes e foi
Aristóteles que de acordo com os estudos sobre o movimento da Terra,
concluiu que deveria haver um achatamento nos polos.

• Isaac Newton, na segunda metade do século XVII demostrou que a forma


esférica era inadequada para explicar o equilíbrio da superfície dos oceanos. Ele
demostrou que para adquiri o equilíbrio hidrostático o eixo equatorial deveria
ser maior que o eixo polar.

• Com isso, fica claro que a superfície da Terra é muito complexa para permitir a
sua representação por um modelo perfeito, seja geométrico ou físico. Para isso,
são utilizadas aproximações adequadas e simplificadas em função das
necessidades de precisão e deformações.
O GEOIDE

A forma da Terra é única. Ela é


definida como um geoide, que
significa a forma própria da Terra.

Em uma definição simplista, o geoide


pode ser entendido como a
superfície do nível médio dos mares
supostamente prolongada sob os
continentes. Assim, ora ele está
acima, ora abaixo da superfície
definida como superfície
topográfica.
O GEOIDE
O GEOIDE

Uma forma mais completa de definir o geoide, é como uma superfície física ao
longo da qual o potencial gravitacional é constante e a direção da gravidade é
perpendicular.

Assim, o geoide (modelo geoidal) é o mais aproximado da forma real (superfície


física), podendo ser determinado com medidas gravimétricas.

A caracterização do geoide não é matemática, porém física, em cada ponto da


superfície terrestre. Sua definição é afetada pela variação das estruturas de
massas terrestres, ou seja, pelas anomalias geofísicas.
O GEOIDE

Todo ponto do geoide é perpendicular à vertical do lugar, pois a direção da


gravidade em todos os lugares é direcionada para o centro da Terra.

Com isso, o geoide é o ponto de partida ideal para a medição de altitudes ao


longo dessa vertical. Dessa forma, o geoide é utilizado como referência na
medição de altitudes, definindo a origem das altitudes de uma massa terrestre,
chamada de datum vertical.

O Datum vertical oficial do Brasil é o definido no marégrafo de Imbituba, em


Santa Catarina. Buscando densificar as informações altimétricas no pais foi
estabelecida uma rede com esse tipo de informação em todo o território
nacional
O GEOIDE – Altitude ortométrica ou geoidal
O GEOIDE
O ELIPSOIDE

Por causa da rotação em torno do seu eixo a Terra é achatada nos polos e mais
larga na área equatorial, efetuando o equilíbrio hidrostático da sua massa. A
diferença real entre o raio equatorial e o polar é de aproximadamente 23km
(Menezes e Fernandes, 2013)

Como o geoide é uma superfície indefinida matematicamente, as reduções a


ele são inconsistentes portanto, para um mapeamento preciso de grandes
áreas, é necessária a consideração de uma figura regular geométrica,
matematicamente definida.

A figura geométrica que mais se aproxima de um geoide é o elipsoide de


revolução, gerado por uma elipse rotacionada em torno do seu eixo menor.
O ELIPSOIDE

A elipse possui dois eixos 2a (eixo maior) e 2b (eixo menor). a e b representam


os semieixos maior e menor, respectivamente.

A razão que exprime o achatamento da elipse é dada pela seguinte expressão.


Para a terra, esse valor é definido em torno da razão de 1/300
(𝑎 − 𝑏)
𝑓=
𝑎
O ELIPSOIDE

A definição de um elipsoide de referência é arbitrária, em busca de um modelo


que melhor se adapte ao geoide, seja ele em âmbito global ou local.

A altitude em relação à superfície do elipsoide denomina-se de altitude


elipsóidica ou elipsoidal (h), e o desnível geoidal (N) é a diferença entre a
altitude elipsóidica e a geoidal.

O relacionamento entre o geoide e o elipsoide também apresenta o ângulo do


desvio vertical, diferença angular entre a normal ao elipsoide e a vertical do
lugar.
Elipsoide – Altitude elipsoidal
Elipsoide – Altitude elipsoidal
O ELIPSOIDE

Um elipsoide pode ser determinado para se adaptar a uma região, país ou


continente, evitando a ocorrência de desníveis geoidais muito exagerados. A
tabela a seguir mostra alguns dos mais de 50 elipsoides de referência existentes
no mundo (Menezes e Fernandes, 2013)

NOME DATA A (m) B (m) F UTILIZAÇÃO


Clarke 1866 6375208 6356584 1/294.98 USA
Hayford 1924 6378388 6356912 1/297 Mundial
WGS 84 1984 6378137 6356752,31424 1/298,257223 Mundial - GPS
SIRGAS2000 2005 6378137 6356752,31414 1/298,257222 Américas
O ELIPSOIDE

Resumo das principais diferenças entre o geoide e o elipsoide

Geoide Elipsoide
Superfície física, não possui definição Superfície matemática mais próxima do
geométrica; geoide;
Tecnicamente definido como uma O achatamento, razão que exprime a
superfície equipotencial; elipticidade, é dado pela relação dos seus
Superfície irregular; eixos.
a= semieixo equatorial (maior)
b= Semieixo polar (menor)
A diferença entre os raios equatorial e polar
é de 23km Para a Terra, esse valor é de
Referência altimétrica. aproximadamente 1/300

Superfície de Medição Superfície de Representação


SISTEMAS DE REFERÊNCIA

Sistemas de referência são utilizados para caracterizar a posição de objetos


segundo suas coordenadas. Tais sistemas são associados a uma superfície
geométrica que mais se aproxime da forma da Terra e sobre a qual serão
desenvolvidos todos os cálculos das suas coordenadas.

As coordenadas obtidas pelos sistemas de referência pode ser apresentadas


sob diversas formas.
• Quando são apresentadas em uma superfície esférica ou elipsóidica,
recebem a denominação de coordenadas geodésicas;
• Quando são apresentadas em uma superfície plana, recebem o nome
de coordenadas de projeção cartográfica às quais estejam associadas,
como por exemplo, as coordenadas do sistema de projeção UTM.
SISTEMAS DE REFERÊNCIA

Existem diferentes sistemas geodésicos de referência que buscam atender a


necessidades específicas.

No Brasil, o sistema geodésico de referência é conhecido como sistema


geodésico brasileiro – SGB. Esse sistema é definido com base em uma serie de
caraterísticas coletadas através de levantamentos de campo, os pontos
geodésicos.
SISTEMAS DE REFERÊNCIA

Tipos de sistemas de referência

ELIPSÓIDE ELIPSÓIDE

TERRA TERRA

REGIÃO
MAPEADA

DATUM GLOBAL (WGS-84) DATUM LOCAL (SAD-69)


GEOCÊNTRICO NÃO GEOCÊNTRICO
SISTEMAS DE REFERÊNCIA ADOTADOS NO BRASIL

SAD69
1. Superfície de referencia: Elipsoide internacional de 1967 (UGGI67)
Semieixo maior: a = 6378160 metros
Achatamento: f = 1/298,25
2. Ponto de origem: vértice Chuá
Coordenas: Lat. -19°45’41’’,65 e Long. -48°06’04’’,06
Altitude: 763,28 metros

SIRGAS2000
1. Sistema geodésico de referencia: sistema de referência terrestre internacional (ITRS)
2. Figura geométrica para a terra: elipsoide, do sistema geodésico de referencia de 1980
Semieixo maior: a = 6378137 metros
Achatamento: f = 1/298,257222101
2. Origem: centro de massa da Terra
ERROS ASSOCIADOS A SISTEMAS DE REFERÊNCIA

O mapeamento sistemático nacional possui sérios problemas de atualização.


Assim, é perfeitamente natural que, em um determinado projeto, necessite,
para a construção de uma base cartográfica, de cartas que estejam associadas a
diferentes sistemas geodésicos de referência. Nesse caso, é primordial a
efetuação da transformação das coordenas das cartas que comporão a base
cartográfica.

Dessa forma, uma grave problema que ocorre com o processo de disseminação
e desmitificação da Cartografia e dos SIGs é que alguns usuários sem
conhecimento cartográfico nem atentam para o fato de que um mesmo ponto
referenciado a sistemas de coordenadas diferentes possuem coordenadas
diferentes.
ERROS ASSOCIADOS A SISTEMAS DE REFERÊNCIA
ERROS ASSOCIADOS A SISTEMAS DE REFERÊNCIA

NOTA: A maioria dos SIGs já possuem os parâmetros de conversão das maiorias


dos sistemas de referência disponíveis. Contudo, dependendo do nível de
exigência de precisão, faz-se necessário uma verificação desses parâmetros
com os valores disponibilizados pelos órgãos competentes.
COMO ESCOLHER UM SISTEMA DE REFERÊNCIA?

O conhecimento da forma e do tamanho da Terra é necessário para descrevê-la


momentaneamente, visando as necessidades do mapeamento. O aumento da
complexidade do modelo matemático muitas vezes é desnecessário
dependendo do objetivo e a significância dessas variações.

A superfície terrestre é geometricamente mais complicada que o elipsoide,


porém, as variações do geoide não ultrapassam algumas centenas de metros e
são praticamente negligenciáveis para a maior parte dos levantamentos e para
a Cartografia.
COMO ESCOLHER UM SISTEMA DE REFERÊNCIA?

Podemos simplificar esse problema considerando três diferentes formas de


representa a forma e o tamanho da Terra para diferentes propósitos:

1. Um plano tangente à superfície terrestre;


2. Uma esfera perfeita de raio apropriado;
3. Um elipsoide de revolução de dimensões e achatamento adequados.

Essas três hipóteses de representação estão listadas em ordem crescente de


refinamento e de dificuldade matemática.
COMO ESCOLHER UM SISTEMA DE REFERÊNCIA?

1. A superfície plana de representação


Pode parecer um retrocesso assumir a Terra com uma representação plana,
mas, no entanto, muito útil, por assumir simplificações que facilitam o trabalho
de mapeamento. Supor a Terra plana permite realizar um mapeamento sem a
existência de um sistema de projeção.

Se o objetivo é mapear ou levantar feições que


estão próximas ao ponto de tangência, é
possível assumir que a Terra é um plano, desde
que os erros cometidos por essa hipótese
sejam tão pequenos que possam ser
desconsiderado, de acordo com o objetivo.
COMO ESCOLHER UM SISTEMA DE REFERÊNCIA?

1. A superfície plana de representação


Então qual o limite para o mapeamento utilizando a hipótese da Terra plana?

De forma intuitiva, o ideal seria a sua aplicação para pequenas áreas, já que
quanto mais longe do ponto de tangência, maiores são os erros. Menezes e
Fernandes (2013) destacam que de modo geral essa hipótese pode ser bem
aplicada para levantamentos com escala de 1:500 até 1:10.000 (sem projeção).

Contudo, vale destacar que existem projeções específicas para realizar


representações no plano, permitindo assim um mapeamento de áreas maiores
com boa precisão, por exemplo a projeção UTM.
COMO ESCOLHER UM SISTEMA DE REFERÊNCIA?

2. A hipótese esférica
O fato de que em escalas superiores a 1:100.000.000 não existe praticamente
diferença entre o tamanho dos eixos do elipsoide, implica que o uso principal
da hipótese esférica ocorrerá na preparação de mapas de formato muito
pequeno, mostrando grandes partes da superfície terrestre.

Com isso, surge o questionamento sobre qual a escala máxima de


representação que justifica o uso da hipótese esférica.

Em termos cartográficos práticos, assume-se a escala média de 1:5.000.000


como possível de representar a Terra como uma esfera.
COMO ESCOLHER UM SISTEMA DE REFERÊNCIA?

3. A hipótese elipsóidica
Obviamente, o elipsoide se adapta melhor ao geoide do que à esfera. Por isso,
é a superfície de referência mais amplamente empregada em levantamentos e
mapeamentos. Além disso, possui uma superfície matematicamente
desenvolvida, que permite a execução de cálculos diversos com a precisão
necessária para a cartografia de grandes áreas.

Essa superfície é apropriada a todas as escalas de mapeamento topográfico e


de navegação, assim como para todas as cartas temáticas e especiais. Pode ser
apontado como limite de aplicação para essa hipótese, a escala aproximada de
1:5.000.000. A seleção de um elipsoide, em particular para um região, é pelo
fato do seu parâmetro de definição se adaptarem melhor aos dados
observados.

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