Invasões Francesas

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Invasões Francesas

França Antártica (1555 – 1567)

A divisão do Novo Mundo entre Portugal e Espanha, a partir do Tratado de Tordesilhas,


desagradou outras nações, como França, Inglaterra e Países Baixos, que, por terem se
atrasado no processo de expansão marítima, foram marginalizadas na divisão das terras
americanas. Ainda no século XVI, corsários de origem francesa e inglesa atacavam
constantemente a costa brasileira em busca de riquezas, até mesmo praticando escambo
com os índios e explorando o pau-brasil, papagaios e algodão nativo.

A França não reconhecia a divisão das Américas. Motivada por dois fatores
fundamentais:

1- o desejo de ter uma colônia na América

2 também em virtude dos conflitos político-religiosos entre católicos e huguenotes


(calvinistas franceses), resultantes do processo da Reforma Protestante. Ainda no século
XVI, os franceses decidiram fundar uma colônia na América. Para os calvinistas, essa
colônia seria uma área onde poderiam viver livres das perseguições movidas pelo
Estado, podendo com segurança e estabilidade praticar seu culto.

Nicolas Durand de Villegaignon, liderou pessoalmente a ocupação da baía de


Guanabara, em 1555. Dali tomaram outras ilhas, recebendo reforços dos índios tamoios,
com os quais se aliaram e também da França.

As invasões francesas foram o principal motivador para o inicio da colonização do


sudeste brasileiro pelo temor de perderem terras. Uma vez que o maior foco estava no
nordeste.

Mem de Sá, o terceiro Governador-Geral do Brasil, e seu sobrinho, Estácio de Sá


conduziram a luta pela expulsão dos franceses da baía de Guanabara. Com o intuito de
servir de base na luta contra os invasores fundou o Forte de São Sebastião do Rio de
Janeiro (1565), que viria a ser o núcleo inicial da cidade do Rio de Janeiro.

Após meses de negociação, os padres Manuel da Nóbrega e José de Anchieta


conseguiram convencer os índios tamoios a retirar seu apoio aos franceses.Com a ajuda
de habitantes da vila de São Vicente e dos índios termininós (tupis) do Espírito Santo,
chefiados pelo cacique Arariboia, os franceses foram expulsos da baía de Guanabara em
1567.

França Equinocial (1612 – 1615)

Os franceses buscaram outra área para ocupar na América do Sul. A região escolhida foi
o território do atual Estado do Maranhão.

Daniel de La Touche invadiu a região, fundando o Forte de São Luís, em homenagem a


Luís IX, patrono da França, e ao rei francês à época, Luís XIII.
A luta contra os franceses no Maranhão foi liderada por Jerônimo de Albuquerque e
Diogo de Campos, que partiram de Pernambuco.

O Forte de São Luís foi tomado pelos luso-espanhóis e dali se originou, mais tarde, a
cidade de São Luís, capital do Maranhão. Sem condição de resistir na região, os
franceses foram expulsos definitivamente em 1615.

Luís XIII acabara de se casar com a filha de Felipe III da Espanha, o que selava a paz
entre as duas nações e encerrava a luta pela instauração da França Equinocial.
Derrotados em 1615, os invasores se retiraram para casa.

Invasões Holandesas

UNIÃO IBÉRICA (1580 – 1640)

Em 1578, ocupava o trono português D. Sebastião, que viria a ser o último monarca da
Dinastia de Avis. As dificuldades socioeconômicas e o espírito cruzadista levaram-no a
lutar contra os mouros no norte da África.

Felipe II, rei da Espanha achou-se no direito de ocupar o trono português. Reuniu suas
tropas e invadiu Portugal, sendo apoiado inclusive por uma parcela da classe dominante
portuguesa, que via na união a possibilidade de estender o tráfico de escravos para a
América espanhola.

Portugal ficou submetido à Espanha durante 60 anos. Consequentemente, nesse período


o Brasil também passou para o domínio espanhol, sofrendo alterações na sua estrutura
interna e no seu relacionamento internacional. Em 1580, quando da união das Coroas
Ibéricas, Portugal viu-se envolvido pelas rivalidades espanholas, sobretudo com relação
à Holanda.

O LADO HOLANDÊS

Em 1581, a Holanda proclamava sua independência do Império Espanhol. Rebelados


desde 1567 contra os altos impostos e a repressão religiosa do católico Felipe II contra o
calvinismo, os holandeses tiveram de sustentar longos anos de lutas para preservar sua
liberdade diante do poderio espanhol. Uma vez que haviam financiado a produção do
açúcar brasileiro, esperando distribuí-lo na Europa. Visando prejudicá-los, Felipe II
decretou o fechamento dos portos do Brasil, de Portugal e de qualquer domínio
espanhol aos navios e comerciantes flamengos. Os prejuízos dos holandeses foram
muito grandes.

Sendo a detentora da redistribuição desses produtos para o norte da Europa e


Mediterrâneo, a Holanda não teve outra alternativa senão lançar-se em busca daquelas
mercadorias nas áreas produtoras. Paulatinamente, a partir desse instante, a hegemonia
holandesa se firmou no Oriente, à custa do recuo dos portugueses que, sem autonomia,
dependiam de ações espanholas na região.
Os holandeses tinham atingindo o Oriente pela rota do Cabo, e, em 1602, fundaram a
Companhia das Índias Orientais, que recebeu o monopólio do comércio oriental,
compreendido entre o Cabo da Boa Esperança e o Estreito de Magalhães por todo o
Índico e o Pacífico. Os holandeses fundaram, então, a Companhia das Índias Ocidentais,
também conhecida pela sigla em inglês WIC (West Indian Company), monopolizando
comércio no Atlântico.

A BAHIA E A INVASÃO HOLANDESA (1624-1625)

A Companhia das Índias Ocidentais planejou a conquista da Bahia. Para os holandeses,


conquistar o Nordeste brasileiro significava assegurar o controle da produção
açucareira, manter o funcionamento da economia metropolitana e opor-se com eficácia
ao embargo espanhol.

Atacadas de surpresa, as forças luso-brasileiras, comandadas pelo bispo D. Marcos


Teixeira e pelo governador Mendonça Furtado, foram forçadas a uma rápida rendição,
em maio de 1624. O bispo escapou e refugiou-se no Arraial do Espírito Santo, nos
arredores de Salvador, de onde iniciou a resistência, apoiado pelo governador de
Pernambuco, Matias de Albuquerque.

Embora tivessem obtido com certa facilidade a rendição luso-brasileira, Jacob


Willekens e Johan van Dorth, os comandantes das forças holandesas, não conseguiram
consolidar a conquista. Faltou-lhes maior apoio da Holanda que, envolvida na Guerra
dos Trinta Anos, contra a Espanha, não enviou reforços, suprimentos, armas e
munições.

Cercados por terra pela guerrilha e atacados por mar pela esquadra luso-espanhola, a
Jornada dos Vassalos, comandada por Fradique de Toledo Osório. A ocupação
holandesa ficou ameaçada e não resistiu aos freqüentes ataques de grupos de
guerrilheiros sediados no Arraial do Espírito Santo. Os holandeses, em maio de 1625,
foram expulsos da Bahia.

A INVASÃO HOLANDESA DE PERNAMBUCO (1645 – 1654)

Dessa vez o alvo foi a Capitania de Pernambuco, a maior produtora de cana-de-açúcar,


que tinha uma defesa menos eficiente que a da Bahia, além de ser mais próxima da
Europa. A resistência foi organizada pelo Governador-Geral Matias de Albuquerque e,
por meio de guerrilhas, porém, os flamengos não encontraram dificuldade para ocupar
Olinda.

Os holandeses gastavam grande quantidade de recursos no conflito, bem como


acumulavam sérios prejuízos com a crise da lavoura açucareira, pois não podiam
comercializar açúcar. Já os colonos se encontravam em dificuldade por não poderem
comercializar sua produção. A conquista holandesa contou com o apoio de Domingos
Fernandes Calabar, profundo conhecedor da região e que os auxiliou em várias batalhas,
inclusive na conquista do Arraial do Bom Jesus.
A invasão batava no Brasil foi um raro caso de ataque a um Estado por uma companhia
privada (uma empresa), apesar de atuar de acordo com os interesses do governo
holandês. Consolidando sua ocupação de uma área que ia do Rio Grande do Norte ao
Sergipe. A Companhia das Índias Ocidentais passou a organizar a administração da
região conquistada.

Tanto os senhores de engenho como os holandeses queriam um ambiente de ordem e


paz para que pudessem obter lucros com a atividade açucareira. A Companhia enviou ao
Brasil o conde João Maurício de Nassau Siegen, nomeado Governador-Geral do Brasil
holandês (Nova Holanda) para cuidar dessa tarefa.

O GOVERNO DE NASSAU (1637 – 1644)

Destinado a pacificar a região e diminuir a revolta dos luso-brasileiros contra a ocupação


holandesa, Maurício de Nassau chegou ao Brasil em 1637 e aqui desenvolveu uma habilidosa
política administrativa:

 Obras urbanas – remodelação da cidade do Recife, onde se construíram pontes e


obras sanitárias e criou-se a cidade de Maurícia, hoje bairro da capital pernambucana.
 Concessão de crédito – a Companhia concedeu créditos aos senhores de engenho,
destinados ao reaparelhamento dos engenhos, à recuperação dos canaviais e à
compra de escravos.
 Vida cultural – o governo de Nassau promoveu a vinda para o Brasil de artistas,
médicos, astrônomos, naturalistas. Entre os pintores, estava Franz Post, famoso autor
de diversos quadros inspirados nas paisagens brasileiras. No setor científico, destaca-
se Jorge Marc grave, um dos primeiros a estudar nossa natureza, e Willen Piso, médico
que pesquisou a cura das doenças mais comuns da região.
 Tolerância religiosa – as diversas religiões da população (catolicismo, protestantismo,
judaísmo etc.) foram toleradas pelo governo de Nassau. Deve-se notar, entretanto,
que a religião oficial era o protestantismo calvinista, sendo, por isso, a mais defendida
e difundida.

INSURREIÇÃO PERNAMBUCANA (1645 – 1654)

O trono português foi restaurado com a ascensão de D. João IV, dando início à Dinastia de
Bragança, e em 1640, Portugal se libertou do domínio espanhol.

Portugal assinou, em 1641, uma trégua de dez anos com a Holanda, segundo a qual nenhum
dos dois países atacaria o outro ao longo desse período. A Holanda se beneficiaria com essa
trégua por estar envolvida na Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) contra a Espanha,
enfrentando dificuldades econômicas.

Essas dificuldades provocaram mudanças na atitude da Companhia das Índias Ocidentais em


relação ao Brasil, elevando impostos e cobrando dívidas dos senhores de engenho, incluindo aí
o confisco de bens, como terras e escravos, dos não pagadores.
Os colonos passaram a lutar pela expulsão dos holandeses, movimento iniciado em 1645 e
conhecido como Insurreição Pernambucana. Essa mudança de atitude levou ao
desentendimento de Nassau com a Companhia, levando à demissão deste.

Os senhores de engenho que não haviam apoiado os holandeses na invasão e, por isso, não
haviam recebido apoio financeiro batav, lideraram a rebelião, entre os quais se destacou-se
André Vidal de Negreiros, e contou com grande participação popular, de os índios, liderados
por Filipe Camarão e com destaque para os negros, liderados por Henrique Dias.

Com o fim da trégua dos dez anos assinada em 1641, Portugal inicialmente deu um discreto
apoio aos insurretos, passando a lutar abertamente a partir de 1651. Os holandeses passaram
à defensiva, rendendo-se em definitivo em 1654

AS INVASÕES HOLANDESAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS

A decadência da lavoura de cana-de-açúcar, pode ser apontada como principal


consequência da expulsão dos holandeses do Brasil. Durante sua estada no Brasil, os
flamengos puderam entrar em contato com a cultura do açúcar, aprendendo e
dominando as técnicas de produção de cana-de-açúcar ( plantation ), passando a
utilizá-las na região das Antilhas, onde se estabeleceram. Voltando a dominar
completamente o mercado, mas sem depender de Portugal e da produção brasileira,
que não tinha como vencer a concorrência.

Restou a Portugal se aproximar da Inglaterra, que viria a se aproveitar da crise da


lavoura açucareira e ameaçado externamente por Espanha e Holanda, para colocar
Portugal sob sua esfera de influência, gerando uma tutela econômica e política que
penduraria por quase dois séculos.

Ainda vale a ressalva de que, durante o domínio holandês no Nordeste brasileiro,


ocorreu a ampliação do número de quilombos e o aumento populacional dos já
existentes, principalmente Palmares. Já que o número de fugas de escravos aumentou,
devido à falta de controle dos seus senhores nesse momento conturbado.

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