10 Anos Do Código Civil - Indd
10 Anos Do Código Civil - Indd
10 Anos Do Código Civil - Indd
volume I
Rio de Janeiro
EMERJ
2013
© 2013 EMERJ
Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro - EMERJ
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - TJERJ
Trabalhos de magistrados participantes do Curso 10 Anos do Código Civil: Aplicação,
Acertos, Desacertos e Novos Rumos, realizado em 29 e 30 de março de 2012, como
parte do Programa de Atualização de Magistrados e Inserção Social da EMERJ, em
cumprimento a exigência da ENFAM.
CDD 342.1081
Conselho Consultivo
Desª. Maria Augusta Vaz Monteiro de Figueiredo
Des. Milton Fernandes de Souza
Des. Jessé Torres Pereira Júnior
Des. Geraldo Luiz Mascarenhas Prado
Des. Ricardo Couto de Castro
Des. Elton Martinez Carvalho Leme
Secretária-Geral de Ensino
Rosângela Pereira Nunes Maldonado de Carvalho
Assessora da Diretora-Geral
Donatila Arruda Câmara do Vale
Sumário
Apresentação........................................................................................ 9
A Exceção que Virou Regra
Álvaro Henrique Teixeira de Almeida. ................................................. 11
Apresentação
Por ocasião dos dez anos de vigência da nova codificação civil brasilei-
ra, em março de 2012, a Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janei-
ro, em parceria com a ESAJ e o CEDES, promoveu o Seminário “10 Anos
do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos”.
Com tema de amplo espectro o evento mereceu programação acurada
que perpassou pelas inúmeras matérias que compõem o Codex, elegendo
questões de profunda indagação e interesse na atualidade.
Nesta publicação da série “Aperfeiçoamento de Magistrados” apre-
sentamos, como de costume, o conteúdo dos melhores trabalhos apresenta-
dos pelos Magistrados participantes, os quais refletem o conhecimento com-
partilhado com os renomados palestrantes e suas experiências na judicatura.
Com fito de difundir esse conhecimento, trazemos a público,
em dois volumes, o teor da produção acadêmica proveniente de tão
profícua interação.
NOTA INTRODUTÓRIA
* Texto elaborado com base na palestra proferida pelo eminente Des. Sergio Cavalieri Filho (“A Responsabilidade
Civil nos Dez Anos da Codificação Civil na Construção da Doutrina e Jurisprudência”) proferida quando do en-
cerramento do Seminário “Os 10 anos do Código Civil” realizado pela EMERJ nos dias 29 e 30/03/2012.
² Cf. DIREITO, Carlos Alberto Menezes e CAVALIERI FILHO, Sergio, Comentários ao Novo Có-
digo Civil. 3ª ed., Rio de Janeiro, Ed. Forense, 2011, p. 1. Os autores afirmam que as mudanças ex-
perimentadas pela responsabilidade civil foram maiores até que as ocorridas em sede de direito de fa-
mília e, citando o jurista francês Josserand, esclarecem que, em verdade, as mudanças foram de tal
ordem que se operou uma verdadeira revolução, levando a teoria da responsabilidade civil a novos destinos.
³ In, Da Responsabilidade Civil, XI ed., Rio de Janeiro, Ed. Renovar, 2006, p. 25.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
12
5 Cf. DIREITO, Carlos Alberto Menezes e CAVALIERI FILHO, Sergio, op. cit. p. 02/10. Os auto-
res ressaltam que o sistema de responsabilização mediante comprovação da culpa mostrou-se insu-
ficiente antes mesmo da entrada em vigor do Código Civil de 1916, uma vez que a “Lei das Estradas de
Ferro”, de 1912, já havia estabelecido a responsabilidade objetiva para aquele meio de transporte.
6 Como leciona Paulo Nader, Curso de Direito Civil – Responsabilidade Civil, v. 7, 3ª ed., Rio de Janei-
ro, Ed. Forense, 2010, p. 59, “anteriormente ao novo Códex, a ordem jurídica carecia de um critério geral e
autônomo de adoção da responsabilidade independentemente de culpa, prevalecendo a teoria do risco apenas
admitida expressamente em lei. O novo dispositivo prevê, genericamente, a responsabilidade sem culpa, além
dos casos estipulados em lei (...). Dessarte, caracterizada a atividade de risco, a vítima fica liberada da prova de
culpa do ofensor”.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
13
7 Cf. GODOY, Cláudio Luiz Bueno, in Código Civil Comentado,Coord. Min. César Peluso, 3ª ed., Barueri/SP,
Ed. Manolo, 2009, p. 884/885.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
14
criado, e não inerente, pois se assim não fosse, todas as atividades estariam
sujeitas à responsabilização objetiva, o que não é o caso. A atividade de di-
rigir, por exemplo, quando não exercida profissionalmente e, portanto, de
forma não habitual e rotineira, se consubstancia em uma atividade de risco,
mas nem por isso, com a devida venia dos que pensam ao contrário, poderá
ser abrangida pela responsabilidade objetiva, isso porque a hipótese não re-
vela risco adquirido, mas, sim, risco inerente.
Com efeito, como leciona Sergio Cavalieri Filho, ao dissertar sobre a
responsabilidade pelo desempenho de atividade de risco, “o bom senso está a
indicar que a obrigação de indenizar não decorrerá da simples natureza da ativi-
dade, mormente quando tem perigosidade inerente. Para não chegarmos a uma
inteligência absurda, devemos entender que os danos decorrentes da perigosidade
inerente dão ensejo ao dever de indenizar, só respondendo
8
o fornecedor de serviços
pelos danos causados pela perigosidade adquirida”.
A cláusula geral da responsabilidade objetiva também é encontrada
no art. 931 do Código Civil que, em perfeita sintonia com o Código de
Defesa do Consumidor, consagrou a teoria do risco do empreendimento (ou
empresarial), pela qual todo aquele que se disponha a exercer alguma ativida-
de no mercado de consumo tem o dever de responder pelos eventuais vícios
ou defeitos dos bens e serviços fornecidos, independentemente de culpa.
E assim é porque não seria justo nem razoável impor ao consumi-
dor o ônus de assumir os riscos das relações de consumo, arcando com os
prejuízos decorrentes dos produtos por outros fabricados e comercializados,
razão pela qual, sem qualquer necessidade de comprovação de culpa, deverá
o empresário individual ou a empresa ressarcir os danos causados pelos pro-
dutos postos em circulação, em contrapartida ao bônus que auferem de sua
atividade empresarial.
O art. 933 do Código Civil também impõe a responsabilidade objetiva
por ato de terceiro, sepultando definitivamente antigas divergências a respeito
da natureza da responsabilidade por fato de outrem, existentes quando da vi-
gência do Código Civil de 1916. Sob esta nova concepção, pois, afastada está
a possibilidade de qualquer dos responsáveis, uma vez demandado, procurar
8
In, Programa e Responsabilidade Civil, 6ª ed., São Paulo, 2006, p. 185.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
15
se eximir de seu dever de reparar os danos provocados por seus filhos menores,
tutelados ou curatelados, empregados, serviçais e prepostos, dentre outros, ale-
gando que escolheu bem ou que vigiou bem.9
Também de forma expressa, o atual Código Civil contemplou hipó-
tese de responsabilidade independentemente de culpa pelo fato do animal,
como se depreende da leitura do art. 936, sendo da mesma natureza a res-
ponsabilidade prevista pelo art. 937, que trata da hipótese de danos que
resultarem da ruína de edifício ou construção, impondo ao respectivo dono
a responsabilização, quando verificado que os danos provieram da falta de
reparos, cuja necessidade era manifesta.
No mesmo sentido, o art. 938 impõe responsabilidade objetiva pelo
fato da coisa, responsabilizando o habitante do prédio pelos danos decorren-
tes das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar impróprio.
No contexto do Código Civil atual, verifica-se, pois, que o legislador
fez opção pela prevalência da responsabilidade de natureza objetiva, numa
clara tendência de se proteger a vítima, visando a salvaguardá-la de qualquer
dano, desviando, portanto, o foco da responsabilidade civil, que antes era
centrado no agente ofensor, ante a inafastável necessidade de comprovação
de sua culpa a autorizar a sua responsabilização.10
CONCLUSÃO
9 Cf. GODOY, Cláudio Luiz Bueno. Op. Cit., p. 897. Esclarece-nos o autor que o dispositivo legal ora em comen-
to segue a tendência preconizada pelo art. 927 no sentido de a lei elencar um responsável pela reparação, no caso al-
guém que, de alguma forma, possui autoridade ou direção sobre a conduta alheia, diretamente causadora do dano.
Acrescenta ainda o referido autor que, “por isso, vislumbram alguns, no caso, verdadeiro dever de garantia afeto ao
responsável por terceiro com quem mantém relação especial, muito embora prefiram outros ver na hipótese um ris-
co pela atividade ou pela conduta de terceiro. De toda sorte, sempre uma responsabilidade independente de culpa”.
10 Sobre tal tendência, Paulo Nader faz pertinente e relevante observação no sentido de que, não obstante o foco
da responsabilidade civil tenha se modificado, “a imputação de responsabilidade deve seguir critérios seguros, a fim
de não se perpetrarem injustiças quando o objetivo é justamente o suum cuique tribuere”. Op. Cit. p. 60
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
16
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LEGALIDADE E EFICÁCIA
CONSTITUCIONAL NA
APLICAÇÃO DO CÓDIGO CIVIL
estável é uma entidade familiar. Observe que isso é matéria de direito civil,
que deveria ser disciplinada no Código Civil, mas como o Código Civil de
1916 estava defasado em relação à realidade social, coube a Constituição
assumir este papel, dando margem ao fenômeno chamado de publicização
do direito civil ou a constitucionalização do direito civil.
Ainda sobre os direitos da personalidade, essa lacuna do Código
Civil de 1916 foi recuperada no artigo 11. O capítulo segundo do novo
Código Civil é um dos mais importantes, uma das maiores e mais elogiá-
veis inovações, de uma importância social e ética inacreditável.
Já no tocante à parte do Código sobre a Teoria Geral dos Contratos,
podemos dizer que tornou explícito que a liberdade de contratar só pode
ser exercida em consonância com os fins sociais do contrato, implicando
os valores primordiais da boa-fé e da probidade.
O artigo 112 do Código Civil, por sua vez, declara que “nas declara-
ções de vontade se atenderá mais a intenção nelas consubstanciada do que
ao sentido literal da linguagem.” Portanto, o novo Código brasileiro deu
prevalência à teoria da vontade sobre a da declaração.
Dois princípios hão de ser sempre observados na interpretação do
contrato. O primeiro é o da boa-fé. Deve o intérprete presumir que os
contratantes procedem com lealdade e que tanto a proposta, quanto a acei-
tação foram formuladas dentro do que podiam e deviam eles entender ra-
zoavelmente, segundo a regra da boa-fé. Declara o artigo 422 que “os con-
tratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como
em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.” Esta, portanto, se
presume; a má-fé, ao contrário, deve ser provada. Preceitua ainda o artigo
113 do mesmo diploma que “os negócios jurídicos devem ser interpretados
conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.”
O segundo princípio é o da conservação do contrato. Se uma cláu-
sula contratual permitir duas interpretações diferentes, prevalecerá a que
possa produzir algum efeito, pois não se deve supor que os contratantes
tenham celebrado um contrato carecedor de qualquer utilidade.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
21
REFERÊNCIAS
DIREITO CIVIL
CONSTITUCIONAL
FAMÍLIAS CONTEMPORÂNEAS NA LEGALIDADE
CIVIL-CONSTITUCIONAL
³ LÔBO, Paulo. Direito Civil. Famílias. 1. Ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 56-57.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
26
4 TEPEDINO, Gustavo, cf. Temas de Direito Civil, cit., p. 326, Ed. Renovar, 1999.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
27
III – salto para o § 4º do art. 226, apenas para dar conta de que
a família também se forma por uma terceira e expressa modali-
dade, traduzida na concreta existência de uma ‘comunidade for-
mada por qualquer dos pais e seus descendentes’. É o que a dou-
trina entende por ‘família monoparental’, sem que se possa fazer
em seu desfavor, pontuo, qualquer inferiorizada comparação com
o casamento civil ou união estável. Basta pensar no absurdo que
seria uma mulher casada enviuvar e manter consigo um ou mais
filhos do antigo casal, passando a ter que suportar o rebaixamen-
to da sua família à condição de ‘entidade familiar’; ou seja, além
de perder o marido, essa mulher perderia o status de membro de
uma consolidada família. Sua nova e rebaixada posição seria de
membro de uma simplória ‘entidade familiar’, porque sua antiga
família morreria com seu antigo marido. Baixaria ao túmulo
com ele. De todo modo, também aqui a Constituição é apenas
enunciativa no seu comando, nunca taxativa, pois não se pode
recusar a condição de família monoparental àquela constituída,
por exemplo, por qualquer dos avós e um ou mais netos, ou até
mesmo por tios e sobrinhos. Como não se pode pré-excluir da
adoção ativa pessoas de qualquer preferência sexual, sozinhas ou
em regime de emparceiramento.
REFERÊNCIAS
priedade. A natureza proporciona os bens que não podem ser usados com
ganância A proteção ambiental deve existir, para garantir a sobrevivência
das futuras gerações.
j) A propriedade sempre teve concepção individualista, eminentemen-
te patrimonial. Com o advento do Código Civil de 2001, a propriedade
passa a ter função social. Se o direito de propriedade é o direito de usar,
gozar e dispor do bem, obtendo toda sua potencialidade, deve observar
sua função social, o que não significa limitar a propriedade, mas apenas
caracterizá-la.
k) Os princípios constitucionais devem ser usados com concretude, tais
como a boa-fé e a função social do contrato. O objetivo é aplicar na prá-
tica os princípios, adequando-os ao caso concreto. Não se almeja apenas a
referência simbólica dos princípios constitucionais, mas sim sua aplicação
ao caso concreto.
l) Existe atualmente um movimento de desjudicialização, utilizando-se ou-
tros mecanismos de composição de litígios, tais como o Juízo Arbitral, a
escritura amigável de separação, a escritura amigável de partilha de bens
que substitui o inventário etc). Mesmo assim, grande número de feitos
ingressam atualmente no Judiciário, em decorrência dos fatos do dia a dia
(ex. cobrança de aluguel social ajuizada contra o Poder Público decorren-
te de enchentes e derrubada de moradias; remoção de comunidades em
área de risco; ação contra o Município porque ao lado de uma residência
formou-se uma favela etc.)
m) Atualmente considera-se que , em muitos casos, a invasão de terre-
nos por terceiros demonstra que o proprietário não cuidou da função
social de sua propriedade. Isso porque no direito das coisas, a posse e a
propriedade são os dois maiores institutos, os quais têm maior relevân-
cia. A posse geralmente é estigmatizada, é vista como um direito ruim.
O sistema capitalista rejeita a posse e prioriza a propriedade. Mas a pro-
priedade também traz compromissos e obrigações, bem como o dever
de cuidar dela. A aquisição da propriedade pode ocorrer pela função
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
34
para ser guardião dos filhos. Hoje em dia a guarda deve ser, sempre que
possível, compartilhada. A lei reconhece como direito subjetivo da criança
o de ter o convívio saudável com ambos os genitores. Trata-se de direito
fundamental que desaguou na Lei 12.318 (Lei da Alienação Parental),
a qual estabelece que um genitor não pode denegrir a imagem do outro.
Estas mudanças decorreram de mudanças sociais, basicamente em relação
às mulheres, devido à disputa pelo mercado de trabalho, o que destrói a
ideia do homem superior e provedor. A entrada da mulher na universidade
destrói a ideia de homem mais culto e inteligente. A mulher passou a ter
acesso a cargos de direção, de destaque. A descoberta da pílula anticon-
cepcional permitiu que a mulher descobrisse a maternidade, determinando
sua própria vida.
q) A presunção da paternidade deu lugar à certeza da paternidade através
da realização do exame de DNA.
r) Pela Constituição Federal, a família é constituída pelo casamento e terá
a proteção dos poderes públicos. A proteção é destinada ao casamento e
seus integrantes.
s) Surgiram relações plurifamiliares, com a contração de novas núpcias,
filhos havidos fora do casamento. Hipóteses como tais, anteriormente
inadmissíveis, hoje têm proteção jurídica.A família homoafetiva passou
a ser aceita, aplicando-se por analogia o regime jurídico da união estável.
Em alguns países, o casamento entre pessoas do mesmo sexo passou a ser
aceito. O Supremo Tribunal Federal admitiu o casamento de homoafe-
tivos por conversão da união estável , embora ainda não tenha admitido
o casamento direto.
t) A separação judicial não mais subsiste, porque perdeu sua finalidade. Os
cônjuges podem se divorciar diretamente , não cabendo mais, na atualida-
de, a discussão da culpa. Não há mais a exigência de prazo para o divórcio
direto. Para quem ainda admite a existência da separação judicial, tanto
esta, quanto o divórcio, podem ser realizadas por escritura pública, sendo
que a Emenda Constitucional 66/2010 teria facilitado o divórcio, mas não
teria acabado com o instituto da separação. Apenas acabaram os prazos
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
36
para o exercício do direito, mas não o direito em si. Haveria ainda vários
motivos que levariam as pessoas a buscar a separação judicial, tais como
motivos religiosos, financeiros, a facilidade de reatar o casamento.
u) O dever de fidelidade recíproca pode ser afastado por pacto antenupcial,
embora a união estável paralela ao casamento não seja aceita.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
37
pela liberdade e pela democracia, que volta seus olhos para o ser humano
real. Uma Constituição principiológica. Os seus redatores, com as fragi-
lidades de qualquer ser humano, cometeram erros, mas, por felicidade,
entenderam que não nos bastava apenas uma nova carta política para fazer
esquecer os anos difíceis da Ditadura Militar.
Seus redatores perceberam que o Brasil precisava de uma carta de
princípios, capaz de introduzir uma nova ordem jurídica. Por isso, a Cons-
tituição de 1988 passou a incluir valores fundamentais, que passariam a
inspirar, inclusive, os legisladores. Não é sem propósito que logo no seu ar-
tigo 1º, o qual define o Brasil como uma república federativa democrática
e um Estado de Direito, a Constituição incluiu, como um dos fundamen-
tos da República, a preservação da dignidade humana.
Já no artigo 3º, inciso III, pela primeira vez aludiu a essa solidarieda-
de social, que é a versão moderna do fraternité da Revolução Francesa.
Criou-se, portanto, um novo tempo, que haveria de impactar a so-
ciedade brasileira.
A Constituição de 1988 fez ainda questão de consagrar o Princípio
da Igualdade Real, sem a qual de nada adiantaria a autonomia privada,
além do Princípio da Garantia dos Direitos Fundamentais, a densa mensa-
gem que os constituintes de 1988 nos enviaram.
É necessário o estudo hermenêutico dos princípios que nortearam a
Carta de 1988.
Primeiramente, verifica-se o Princípio da Unidade da Constituição.
As normas constitucionais não podem ser pinçadas do texto e interpreta-
das isoladamente. A Constituição é monolítica, deve ser lida e entendida
como um todo.
O Princípio da Harmonização ou da Concordância Prática. Muitas
vezes, magistrados e advogados se deparam com bens constitucionalmente
protegidos e cuja proteção é, em princípio, difícil de harmonizar. Mas, o
que se quer do aplicador do direito é que, diante deste aparente conflito,
ele busque uma solução que harmonize esses valores aparentemente confli-
tantes, para garantir a plena eficácia da Constituição.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
40
Ainda na Parte Geral, há o artigo 187, que, pela primeira vez, define
que o abuso de direito é um ato ilícito, gerando a responsabilidade civil,
aferida objetivamente.
Nesta Parte Geral, encontramos dispositivos que vão prestigiar
a garantia do direito à igualdade no momento de contratar; o esta-
do de perigo, a figura da lesão, visando a garantir que os contratos
já nasçam justos e equilibrados, para garantir que uma parte não se
aproveite da premente necessidade da outra para contratar, ou ainda,
de sua inexperiência ou vulnerabilidade.
É a boa-fé objetiva, inspirando esta nova teoria contratualista.
No que tange os Direitos Reais, a propriedade, antes quase sacraliza-
da, hoje sofre limitações importantes, em nome do interesse coletivo.
O artigo 1.228, § 1º, pela primeira vez, submete o exercício do direito
à propriedade à preservação da fauna, da flora, das águas, dos monumentos
históricos, da cultura do povo. No parágrafo 2º vedam-se todos os atos do
proprietário que não lhe tragam nenhuma utilidade e que visem a prejudicar
terceiros. É o abuso de direito, aplicado ao direito à propriedade.
Atualmente, qualquer pessoa pode socorrer-se ao Poder Judiciário,
pleiteando a cessação dos atos emulativos do proprietário, os quais não lhe
tragam proveito, mas tragam o ranço do prejuízo a terceiros.
Em relação aos parágrafos 4º e 5º, tratam-se de exemplos das cláu-
sulas abertas e dessa preocupação social com o exercício do direito de pro-
priedade, através da noção inexata do que seja “extensa área” ou “conside-
rável número de pessoas”, o que deve ser aferido pelo juiz, em cada caso
concreto. Trata-se do fortalecimento da posse social, em detrimento da
propriedade ociosa.
Também não é em vão que, no artigo 2.035 das Disposições Finais,
diz-se que as convenções terão que se submeter a esses princípios, sendo
afirmado, em seu parágrafo único, que os efeitos dessas convenções, mes-
mo celebradas antes do Código de 2002, não prevalecerão se contrariarem
os princípios dele emanados, principalmente os princípios da função social
da propriedade e dos contratos.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
43
...
...
Isto posto, JULGO PROCEDENTE EM PARTE O PEDI-
DO, com a manutenção das relações jurídicas existentes entre as
partes, nas mesmas condições e com as mesmas coberturas previstas
na proposta de adesão firmada em 10/10/2001 (Fl. 104), pas-
sando as demandantes, individualmente, à condição de titulares,
mantendo-se, ainda, a emissão dos boletos de pagamento para
cada um dos contratos individuais, observando-se o valor an-
tes aplicado a cada uma das demandantes, admitindo-se apenas
os reajustes anuais autorizados pela Agencia Nacional de Saúde
(ANS), tudo sob pena de multa diária de R$ 500,00 (quinhen-
tos reais), para o caso de descumprimento...”
¹ Juíza de Direito Titular da 2ª Vara Cível Regional de Campo Grande da Comarca da Capital.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
48
² DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: direito das Sucessões. 21ª ed. São Paulo: Saraiva,
2007, p. 18.
³ KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes e Outros Escritos. Trad. Leopoldo Holzba-
ch. São Paulo: Martin Claret, 2004, p. 58 e 64.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
54
4 SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais na Constituição Federal
8 RIOS, Roger Raupp. “Direitos fundamentais e orientação sexual: o Direito brasileiro e a homossexualidade.”
Revista CEJ do Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal. Brasília, n. 6, dez. 1998.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
57
2002, e na esteira do que vem sendo defendido por Maria Berenice Dias
há tempos, devemos estar seguros ao constatarmos que não há como afir-
mar que o art. 226, § 3º, da Constituição Federal, ao mencionar a união
estável formada entre um homem e uma mulher, reconheceu somente essa
convivência como digna da proteção do Estado. O que existe ali é uma
recomendação em transformá-la em casamento. Em nenhum momento
se afirmou que não existem entidades familiares formadas por pessoas do
mesmo sexo e, ao fazê-lo, o aplicador da regra constitucional adota pos-
tura nitidamente discriminatória que contraria o princípio da igualdade,
ignorando a existência da vedação de diferenciar pessoas em razão de seu
sexo, pondo de lado a norma pétrea, consagrada no texto constitucional
(art. 1º, inciso III), que homenageia o respeito incondicional à dignidade
da pessoa humana.
O Supremo Tribunal Federal, no julgamento conjunto da ADPF nº
132/RJ e da ADI nº 4.277/DF, conferiu ao art. 1.723 do Código Civil de
2002 interpretação conforme a Constituição para dele excluir todo signi-
ficado que impeça o reconhecimento da união contínua, pública e dura-
doura entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar, entendida esta
como sinônimo perfeito de família.
Em julgamento recente, dando mais um passo em direção ao pres-
tígio do princípio da igualdade, o Superior Tribunal de Justiça reconheceu,
em boa hora, a possibilidade de habilitação para casamento entre duas
pessoas do mesmo sexo. Quando do julgamento do REsp. 1183378, cuja
relatoria coube o Ministro Luiz Felipe Salomão, ficou assentado o entendi-
mento no sentido de que se inaugurou
“com a Constituição Federal de 1988 uma nova fase do direito
de família e, consequentemente, do casamento, baseada na ado-
ção de um explícito poliformismo familiar em que arranjos mul-
tifacetados são igualmente aptos a constituir esse núcleo doméstico
chamado “família”, recebendo todos eles a “especial proteção do
Estado”. Assim, é bem de ver que, em 1988, não houve uma re-
cepção constitucional do conceito histórico de casamento, sempre
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
58
REFERÊNCIAS BIbLIOGRÁFICAS
do objetivará, por vezes, evitar que a outra parte sofra prejuízo, outras vezes
exigir uma atitude de cooperação, para que a outra parte alcance em toda
a sua plenitude a finalidade prevista numa relação negocial.
Cabe ressaltar que, em razão da fonte dessas obrigações ter origem
não voluntarista, elas existem independentemente da vontade das partes
ou até mesmo podem surgir contra a vontade dos contratantes, pois cuida-
se de deveres que decorrem da boa-fé.
Como bem explica Judith Martins-Costa, “Ao ensejar a criação desses
deveres, a boa-fé atua como fonte de integração do conteúdo contratual, de-
terminando a sua otimização, independentemente da regulação voluntaristi-
camente estabelecida” (A boa-fé no direito privado – Sistema e tópica no
processo obrigacional. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2000, p. 440).
Outro ponto importante a respeito da segunda função, supplendi,
refere-se às cláusulas faltantes. É que as vezes as partes elaboram um con-
trato e, por omissão ou mesmo falta de previsão ou incapacidade redacio-
nal, não incluem alguma cláusula e nesse caso, teremos, então, uma lacuna
contratual, devendo a boa-fé atuar com norte a ser seguido para a integra-
ção do conteúdo desse contrato.
A terceira função da boa-fé objetiva, em relação à qual o Código
Civil é omisso, tem por fim impedir o exercício de direitos em contrarie-
dade à lealdade e confiança recíprocas que devem estar presentes nas rela-
ções negociais, ou seja, veda comportamentos que, muito embora sejam
admitidos por lei ou pelo contrato, possam colidir com o conteúdo da
cláusula geral, estando diretamente relacionada à teoria do abuso de direito
nesta sua função de limitar ou mesmo impedir o exercício de direitos que
emergem da relação contratual. Nesse sentido, cabe frisar que o nosso Có-
digo do Consumidor, que foi feito depois do Projeto de Código Civil, esta
muito mais atualizado do que este, uma vez que tratou expressamente das
cláusulas abusivas, no vasto elenco do art. 51.
O princípio da boa-fé, com base nesta função de critério ou limite ao
exercício de direitos subjetivos, desenvolve a teoria dos atos próprios, que
importa em reconhecer a existência de um dever por parte dos contratantes
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
68
Conclusão
Bibliografia
A UNIÃO ESTÁVEL NO
NOVO CÓDIGO CIVIL
Claudia Nascimento Vieira¹
INTRODUÇÃO
O instituto tem origens remotas, em que pese ter sido, por muitos
anos, abandonado e repudiado por alguns doutrinadores conservadores,
influenciados pelo liberalismo individualista dominante no século XIX.
Desde o seu nascimento, com a Lei Segunda de Diocleciano e Ma-
ximiliano (documento cuja autenticidade é discutida), no ano de 285, até
os dias atuais, a lesão contratual sofreu inúmeras modificações em sua con-
ceituação, natureza jurídica, campo de abrangência e efeitos.
No decorrer dos anos, pudemos notar, em leis extravagantes, a volta
paulatina do instituto em nosso ordenamento jurídico, fazendo-nos pres-
sentir a sua positivação no Novo Código Civil.
Finalmente, o espírito de equidade e justiça sob o qual nasceu o
instituto da lesão permanecerá vivo, no propósito de reprimir a exploração
de um contratante sobre o outro, encerrando a discussão a respeito da in-
tervenção do Estado na liberdade contratual.
Os problemas cotidianos serviram para confirmar o óbvio: as pes-
soas são diferentes, necessitando as mais fracas de proteção, devendo o
princípio da autonomia da vontade, presente nas relações contratuais,
sucumbir aos princípios do intervencionismo estatal, agora corporifica-
dos na redação do artigo 157 do novo Código Civil, o qual será o foco
maior de nossa atenção.
DESENVOLVIMENTO
² PEREIRA, Caio Mário da Silva. Lesão nos Contratos. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, p. 216.
³ OLIVEIRA, J. M. Leoni Lopes de. Direito Civil: Teoria Geral do Direito Civil. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
1999, v. 2, p. 857.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
83
textos, uma vez que não se poderia acusar Justiniano ou Triboniano (seu
compilador) de não terem domínio sobre a língua latina.
Por essas razões, Caio Mário convenceu-se da interferência de Jus-
tiniano no conceito original, o qual, na opinião do autor, “teria prefe-
rido, talvez para lhe dar o prestígio da ancianidade, atribuí-lo àqueles
4
imperadores a baixar ele próprio um ato que lhe desse origem”.
Ademais, é consente entre todos os autores, até mesmo entre aque-
les que defendem a autenticidade dos textos, que, após essas Consti-
tuições, não foi colocado em prática o instituto criado, proibindo-se a
rescisão dos contratos com base na lesão.
De tudo isso, resta bastante frágil a tese da autenticidade das duas
Constituições de Diocleciano e Maximiliano, ficando, entretanto, tudo
na base das suposições, em razão da grande deficiência de informações
que se tinha na Idade Média.
A fase codificada no Brasil caracterizou-se pelo movimento de re-
pulsa à instituição, inspirado no liberalismo individualista presente entre
nós no final do século XIX.
Nesse sentido, o último e efetivo golpe foi dado por Clóvis Bevi-
láqua, excluindo o instituto da lesão quando da elaboração do Código
Civil de 1916, sob o argumento de que os Códigos modernos assim
haviam procedido.
A doutrina moderna, impulsionada por mudanças políticas, sociais
e econômicas ocorridas no século XX, buscou adaptar o direito à moral,
aplicando o princípio da boa-fé nos contratos, em busca de justiça e com
vistas a evitar a exploração do homem mais fraco pelo mais forte.
A despeito da discussão, através de leis posteriores ao Código Civil
de 1916, como a Lei do Inquilinato (Decreto nº 24.150, de 20/04/1934)
e a Legislação Trabalhista (Decreto-Lei nº 5.452/1943), percebemos a ten-
4
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Lesão nos Contratos. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 23/24.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
84
CONCLUSÃO
2001, p. 158.
7Expressão de Milton Femandes, “Problemas e Limites do Dirigismo Contratual”, citado por Caio Mário da Silva
Pereira, Lesão nos Contratos. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 204).
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
87
REFERÊNCIAS
8 BRASIL. Constituição (1998). Constituição da República Federativa do Brasil. 7. ed. Revista, atualizada e
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
Considerações históricas
CONCLUSÃO
do direito e da Justiça, a qual, por sua vez, passou a ser vista como meca-
nismo não apenas de pacificação social, mas também como instrumento
de efetivação de políticas públicas que visem à distribuição da justiça, não
mais apenas inter partes, mas agora também em consonância com os an-
seios e necessidades de toda a sociedade, a qual, ainda que indiretamente,
irá suportar os efeitos das decisões judiciais, e precisa ser considerada na
resolução dos casos em concreto.
É necessária uma abordagem do fenômeno jurídico, não apenas
como um conjunto de regras positivadas, mas também como um instru-
mento de inserção social do indivíduo, e efetivação daquelas políticas de
acesso a direitos fundamentais sociais, como base e meta essencial do regi-
me democrático.
Consolidou-se, assim, a implementação, não apenas de um novo
código de normas, mas de toda uma nova ordem jurídica, através da cons-
trução de um novo direito, a partir do direito positivo criado pela nova le-
gislação ora em estudo; resultado do reconhecimento normativo dos novos
valores vigentes a partir da segunda metade do século XX no Brasil e no
mundo. Para tanto, impossível a aplicação do Código Civil sem a inspira-
ção dos modelos constitucionais, cuja interpenetração normativa favorece
não apenas a legalidade, como também a eficácia constitucional na aplica-
ção do Código Civil, em harmonia com uma gestão de política jurisdicio-
nal de implementação de meios e resultados, e primada pelo princípio da
solidariedade social.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
publicas%20de%20leitura%20obrigatoria%20para%20a%20turma%20
de%20direito%20ambiental%20%20Luis%20Roberto%20Barroso%20
(Da%20falta%20de%20efetividade%20a%20judicializacao%20efetiva).
pdf [Acesso em 29/06/2011].
MELO, Marco Aurélio Bezerra de. “A Posse dos Imóveis como Ins-
trumento de Garantias Fundamentais e as Limitações Ambientas.” Palestra
proferida no Curso 10 Anos do Código Civil – Aplicação, Desacertos e
Novos Rumos, promovida pela Escola da Magistratura do Estado do Rio
de Janeiro, em 29 de março de 2012.
INTRODUÇÃO
² “Na verdade, o tema das cláusulas gerais relaciona-se com o movimento de descodificação que marca o fim do
século XX, e constitui técnica legislativa que permite dotar de mobilidade o sistema jurídico, destacando a ati-
vidade do intérprete em detrimento do legislador, que se abstém de tipificar condutas, em benefício da maior sin-
tonia entre os fatos e o fenômeno jurídico. Como bem sintetiza Heloísa Carpena, ‘a legislação por cláusulas ge-
rais permite, em última análise, a constante atualização do ordenamento, dando flexibilidade ao julgador para
decidir sobre novas e peculiares situações de conflito, que não poderiam ser previstas na lei ou seriam conduzidas
a uma situação injusta. Contrapõe-se, como se percebe claramente, ao dogma da completude do ordenamen-
to e à sua pretensão de atemporalidade, alicerces do positivismo e da Escola da Exegese que lhe deu sustentação’.
(...) Desde então, tem sido observada a presença, nos códigos civis mais recentes e nas leis especiais, de nor-
mas que buscam a formulação da hipótese legal mediante emprego de conceitos cujos termos têm sig-
nificados intencionalmente imprecisos e abertos, os chamados conceitos jurídicos indeterminados.
(...) Muito embora as cláusulas gerais e os conceitos jurídicos indeterminados possu-
am traços semelhantes, tais como o alto grau de ‘vagueza semântica’ e o ‘reenvio a standar-
ds valorativos extrassistemáticos’, certo é que se distinguem, especialmente, no plano funcional.
Enquanto os conceitos formados por termos indeterminados sempre integram a descrição do ‘fato’ em exame, carreando
ao juiz a simples tarefa de precisar o que a sociedade onde vive tem para si sobre determinada expressão (a liberdade do
aplicador se exaure na fixação da premissa), as cláusulas gerais funcionam como um instrumental à aplicação do direito
propriamente dito, impondo ao magistrado a pesquisa de soluções dentro do próprio sistema, através da análise da juris-
prudência e/ou da doutrina, no intuito de criar o regramento aplicável ao caso concreto. As cláusulas gerais, do ponto de
vista estrutural, ‘constituem normas (parcialmente) em branco, as quais são completadas mediante a referência a regras
extrajurídicas’. A sua concretização exige que o juiz seja ‘reenviado a modelos de comportamento e a pautas de valoração
que não estão descritos nem no próprio ordenamento jurídico, podendo ainda o juiz ser direcionado pela cláusula geral
a formar normas de decisão, vinculadas à concretização de um valor, de uma diretiva ou de um padrão social, assim
reconhecido como arquétipo exemplar da experiência social concreta.” (Lautenschläger, Milton Flávio de Almeida
Camargo, in Abuso de Direito, Ed. Atlas – 2007 – p. 73-78).
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
103
³ “No art. 1.228 caput o diploma civil traçou o conteúdo econômico e o jurídico do direito de pro-
priedade. Em seguida, no parágrafo primeiro, erigiu os suportes para exercício do direito, condiciona-
do às suas finalidades econômicas e sociais, ressaltando, ainda, o respeito à preservação do meio ambiente.
Agora, volta-se para o exercício do direito, que se reprime, quando configurado o animus nocendi. Inibe a prática de atos
cujo móvel é causar mal a outrem. Penetramos, aqui, em aplicação da teoria da abuso de direito. Nesse passo a jurispru-
dência francesa, que impõe restrições aos atos abusivos do proprietário, que se tipificam quando ele exerce seu direito sem
um interesse sério ou visando prejudicar a outrem (Cf. Pierre Voirin, Manuel de Droit Civil, t. 1, 23ª Ed. P. 245, nº 508).
Em rápida síntese, lembramos que a teoria do abuso do direito está assentada na concepção relativista dos direitos, em cuja siste-
matização teórica deparamo-nos com duas correntes: a) a subjetivista, que vacila entre dois critérios: o intencional e o técnico. Pelo
primeiro, o abuso pressupõe o ânimo de prejudicar; no segundo, o exercício culposo; a objetivista divide-se em dois critérios, a sa-
ber: o econômico, em que o abuso se desenha sempre que o direito é exercido sem legítimo interesse, e o teleológico, quando não
se exerce conforme sua destinação econômica e social (Cf. Marco Aurélio S. Viana, Curso, cit. Parte Geral. V. 1, Ed. 2001, p. 316).
Como já observado, foi no direito de propriedade, ‘por ser mais propício ao exercício anormal pela significação que lhe se atribuía, que,
primeiramente, se aplicou o princípio da relatividade’ (Orlando Gomes, Introdução ao Direito Civil, 3ª Ed., nº85). É o clássico caso
Bayard: um proprietário de terreno vizinho ao campo de atracação de dirigíveis edificou, sem qualquer interesse, impondo manifesto
perigo para o pouso das aeronaves, enormes torres. Assim agindo ele estava exercendo de modo anormal seu direito de propriedade (...)
(Viana, Marco Aurélio S. In Comentários ao Novo Código Civil – Dos Direitos Reais – volume XVI, Ed. Forense, 2003, p. 44-46).
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
104
4 “O uso anormal da propriedade, por sua vez, é aquele que ultrapassa os limites do que deve ser tolerado pela pessoa mediana,
e que também só pode ser aferido na situação concreta. Seria o caso, por exemplo, do ocupante de um prédio que nele instalasse
uma marcenaria cuja serra fosse excessivamente ruidosa, ou que todos os dias nele queimasse lixo, enchendo a vizinhança de
fumaça. Ou, ainda, que viesse a fazer escavações tão profundas que estivessem ameaçando de desabamento os prédios contí-
guos. Nesses casos, de modo geral, o vizinho prejudicado pode exigir que cesse a atividade que está causando a perturbação.
E veja-se que o fato do vizinho que causa o incômodo ter se instalado primeiro na área não é suficien-
te para justificar a tolerância dos incômodos causados. Como bem esclarece Hely Lopes Meirelles, a pré-ocu-
pação do local não atribui ao vizinho o direito de perturbar o sossego, a saúde ou a segurança da vizinhan-
ça, por isso que a anterioridade que poderia justificar a manutenção do uso que incomoda não é a individual e
acidental, mas sim aquela prevista de modo coletivo, nas normas municipais referentes ao zoneamento do bairro em questão.
Seria o caso, por exemplo, da fábrica ruidosa que se instalou em bairro destinado, pelas normas de zoneamento, à instalação de
indústrias.
(...) Por outro lado, não se pode esquecer que é possível que um certo uso que se dê ao imóvel, inobstante poder ser enquadrado
como anormal, podendo causar prejuízos aos vizinhos, ser socialmente necessário. E aí, levando-se em conta a função social da
propriedade, o limite do que deve ou não ser permitido deve ser visto não mais apenas em função da normalidade, e sim também
em função da necessidade coletiva, e o prejudicado, em casos tais, ao invés de pleitear a cessação do incômodo, terá que suportá-
lo, apenas tendo direito ao recebimento de uma indenização e, se possível, de pleitear a redução de tal incômodo.
(...) Em resumo, o uso do prédio pode ser separado em normal e anormal, em qualquer dos casos podendo haver incômodo ou
prejuízo para a vizinhança, por isso que a normalidade ou anormalidade não podem ser aferidas em função da existência desse
incômodo, e sim em função da intensidade do mesmo, vale dizer, se está ou não dentro dos limites normais de tolerabilidade.
Se o uso for normal, é evidente que o vizinho prejudicado não terá qualquer medida a adotar, para que cesse tal
uso, e nem ao menos terá o direito de ser indenizado.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
105
Se o uso foi anormal, contudo, deve-se ainda perquirir se o mesmo é ou não socialmente necessário, para que se
possa avaliar qual a providência cabível. Caso positiva a resposta, vale dizer, se houver necessidade social nesse
uso anormal, o prejudicado não terá como impedi-lo, pois o interesse social prevalece sobre o individual, tendo
no entanto o direito ao recebimento de uma indenização e a pleitear a adoção de medidas que possam reduzir
o incômodo causado. Na hipótese de tal uso anormal não corresponder a uma necessidade social, só aí é que o
prejudicado poderá exigir a sua cessação.
É de se realçar, diante do que acima se disse, que o uso só pode ser qualificado como normal ou anormal diante de
uma situação concreta, sendo que a primeira coisa a ser verificada é a intensidade do dano causado. Se este, nas cir-
cunstâncias do caso, está situado dentro dos limites do tolerável, não há qualquer restrição a ser imposta ao causador,
por isso que a própria convivência social conduz a que o vizinho incomodado tenha que suportar certos incômodos
de pequena monta, somente devendo ser imposta a restrição se forem ultrapassados tais limites.” (Junior, Aldemiro
Rezende Dantas, In O Direito de Vizinhança – 1ª edição – 2007 – 2ª tiragem. Ed.Forense, p. 68-70).
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
106
Por outro lado, não logrou o réu comprovar – ônus que lhe
incumbia, a teor do disposto no artigo 333, II do Código de
Processo Civil Pátrio – tivesse tomado as providências neces-
sárias para conter a infestação dos animais, não tendo trazido
aos autos qualquer prova acerca da contratação de serviço de
desratização ou afim.
Ora, faz parte do substrato das regras de experiência comum
que a existência de ratos na vizinhança de prédios residenciais
pode gerar a proliferação de doenças graves.
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
A RESPONSABILIDADE
CIVIL NOS DEZ ANOS DA
CODIFICAÇÃO CIVIL, NA
CONSTRUÇÃO DA DOUTRINA
E DA JURISPRUDÊNCIA
Danielle Rapoport¹
O “Seminário 10 anos do Código Civil”, realizado pela Escola da
Magistratura do Estado do Rio de Janeiro nos dias 29 e 30 de março de
2012, foi dividido em temas, dentre eles o da responsabilidade civil nos dez
anos da codificação civil, na construção da doutrina e da jurisprudência, ao
que passo à análise neste momento.
Em primeiro lugar deve ser dito que, diferentemente do Código
Civil de 1916, que consagrou na cláusula geral do seu artigo 159 apenas a
responsabilidade subjetiva, o Código Civil de 2002 contém cláusulas ge-
rais tanto para a responsabilidade subjetiva - fulcrada no ato ilícito stricto
sensu, em que a culpa é um dos seus elementos - como para a responsabi-
lidade objetiva – cujo campo de incidência é mais amplo, e diz respeito à
contrariedade entre a conduta do agente e a ordem jurídica, decorrente de
violação de dever jurídico preexistente.
As cláusulas gerais que consagram a responsabilidade objetiva estão
dispersas pelo Código Civil, como nos seus artigos 187 (abuso do direito),
927, parágrafo único (exercício de atividade de risco ou perigosa) e 931
(danos causados por produtos).
A primeira cláusula geral de responsabilidade objetiva, e que será
objeto de análise neste trabalho, é disciplinada pelo artigo 187 c/c artigo
927 do Código Civil, in verbis:
Assim, o abuso de direito é configurado pelo Código Civil como ato ilí-
cito, em que a culpa não figura como elemento integrante, mas sim os limites
impostos pela boa-fé, bons costumes e o fim econômico ou social do direito.
Sobre o abuso de direito, escreveu Sergio Cavalieri Filho² :
“O fundamento principal do abuso de direito é impedir que o di-
reito sirva como forma de opressão, evitar que o titular do direito
utilize seu poder com finalidade distinta daquela a que se destina.
O ato é formalmente legal, mas o titular do direito se desvia da
finalidade da norma, transformando-o em ato em ato substancial-
mente ilícito. E a realidade demonstra ser isso perfeitamente possí-
vel: a conduta está em harmonia com a letra da lei, mas em rota de
colisão com os seus valores éticos, sociais e econômicos – enfim, em
confronto com o conteúdo axiológico da norma legal”.
² CAVALIERI FILHO, Sergio, Programa de Responsabilidade Civil, 6ª Edição. Rio de Janeiro: Malheiros
Editores, 2005, p. 170.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
114
³ Apelação Cível, Processo nº 0206891-36.2009.8.19.0001 - 1ª Ementa; Des. Vera Maria Soares Van Hombeeck;
Julgamento: 06/12/2011, Primeira Câmara Cível.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
115
4 Apelação Cível, processo nº 2008.001.23198; Des. Carlos Eduardo Passos - Julgamento: 21/05/2008 – Segunda
Câmara Cível.
5 Apelação Cível, processo nº 0010468-25.2006.8.19.0061; Des. Renata Cotta - Julgamento: 09/11/2011 – Terceira
Câmara Cível.
6 Resp 935474/RJ, Recurso Especial 2004/0102491-0, Relator Ministro Ari Pargendler; Relator para Acórdão,
Ministra Nancy Andrighi. T3 Terceira Turma, Data do Julgamento: 19/08/2008; Data da Publicação/Fonte:
16/09/2008, RDR vol. 43, p. 266.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
116
sentido de que o muro seria cego (cheio) até a altura de 02 metros, e daí em
diante seria composto por elementos vazados no sentido vertical, enviesa-
dos e com espaçamento que possibilitassem a aeração, ensolação e vista da
paisagem a partir do prédio superior.
Posteriormente, surgiu novo conflito, no qual o proprietário do pré-
dio superior alegou que o plantio deliberado de árvores ao longo do muro
divisório acabou por gerar os mesmos efeitos anteriores.
Após realizada perícia, foi verificada a inexistência de prejuízos quan-
to à aeração e ensolação, cingindo-se a controvérsia à alegação de limitação
da vista panorâmica de que desfrutava o imóvel superior, tendo em vista
a instalação de armações em arame e colocação de trepadeiras acima do
muro divisório, impedindo a vista da Lagoa.
Efetivamente, conforme reconhecido no julgado, o ato do proprie-
tário do prédio inferior, que substituiu o muro de alvenaria por “muro
verde”, que, de igual forma, impedia a vista panorâmica, configurou abuso
do direito de plantio de árvores, desrespeitando o dever de boa-fé objetiva,
conforme previsto no artigo 187 do Código Civil.
Conclusão
Após essa breve exposição, deve ser dito que o nosso ordenamento
coíbe o abuso de direito, sendo que o Código Civil de 2002 elevou tal
proibição ao nível de princípio geral, válido para todas as áreas do direito,
cabendo ao julgador apontar, em cada caso, os fatos que tornam evidente o
desvio no exercício do direito de modo a causar danos a outrem.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
117
INTRODUÇÃO
artigo 187; e por fim, iii) função de integração do negócio jurídico, como
lançado no art. 422.
Na primeira função, a boa-fé significa um critério hermenêutico obje-
tivo de que o juiz deve se valer na busca da supressão das lacunas da relação
contratual, de forma a preservar as justas expectativas das partes contratantes.
Sob a ótica da segunda função, a boa-fé assume função semelhante
à figura do abuso de direito, não admitindo condutas que contrariem o
dever de agir com lealdade e probidade, pois somente assim o contrato
alcançará a função social dele esperada.
Por fim, a terceira função visa a criar deveres anexos que devem ser
observados pelos contratantes em todas as fases do contrato, inclusive, na
fase pré-contratual e pós-contratual, porquanto os efeitos do contrato se
protraem no tempo.
CONCLUSÃO
lidades dos juízes cresceram muito. Eles não são mais tão somente a “Boca
da Lei”, nas palavras de Montesquieu. O juiz moderno tem que sangrar
junto com as feridas de sua comunidade, chorar as mesmas lágrimas. Não
temos que ficar comprometidos somente com o texto da lei, mas também
com justiça social. Temos que nos transformar em “Quixotes brasileiros”,
vestir as nossas armaduras e lutar por um novo Brasil. Eu acredito que
esta nova ordem jurídica, da qual vocês fazem parte, pode construir um
novo país. Não podemos nos acomodar com essa realidade. Temos que ser
permanentemente inconformados com o nosso tempo, sermos agentes da
mudança”, sublinhou.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
134
FUNDAMENTOS DO NOVO
CÓDIGO CIVIL
Elizabeth Maria Saad¹
INTRODUÇÃO
EFETIVIDADE ou OPERABILIDADE
SOCIALIDADE
Por outro lado, pelo Art. 1.239, bastam cinco anos ininterrup-
tos para o possuidor, que não seja proprietário de imóvel rural
ou urbano, adquirir o domínio de área em zona rural não
superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu
trabalho ou de sua família, tendo nele sua moradia. Para tanto
basta que não tenha havido oposição.
ETICIDADE
E mais este:
neira a não causar lesão ao outro contratante, o que se quer agora são re-
lações contratuais transparentes, leais e acima de tudo com suas equações
econômicas equilibradas.
O art 113 diz que os negócios jurídicos se interpretarão agora pelos
princípios da boa-fé e os usos do lugar onde se celebrou, passando a boa-fé
a ser critério de interpretação dos contratos.
Assim, a eticidade leva a que, na interpretação das normas, a socie-
dade seja a destinatária, devendo o juiz indagar o que homens de boa-fé
teriam querido atingir com esse contrato.
CONCLUSÃO
BIBlIOGRAFIA
LEGALIDADE E EFICÁCIA
CONSTITUCIONAL NA
APLICAÇÃO DO CÓDIGO CIVIL
Flávia de Azevedo Faria Rezende Chagas¹
¹ Juíza de Direito Titular da 1ª Vara de Família, Infância, Juventude e Idoso da Comarca Itaboraí.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
145
OBSERVAÇÕES PANORÂMICAS
SOBRE O CÓDIGO CIVIL APÓS
DEZ ANOS DE SUA EDIÇÃO
Gustavo Quintanilha Telles de Menezes¹
introdução
Os princípios fundamentais
Pontos relevantes
INTRODUÇÃO
² CAMPA, Riccardo, A época das incertezas e as transformações no Estado Contemporâneo, 1ª Edição. São
Paulo, Difel: Instituto Italiano di Cultura, 1985.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
161
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
CONCLUSÃO
EMPRESA INDIVIDUAL DE
RESPONSABILIDADE LIMITADA
§ 4º ( VETADO).
Introdução
Princípios norteadores do
Código Civil de 2002
² MARTINS-COSTA, Judith. A Boa-Fé no Direito Privado. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1999.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
182
........................................................................................
³ REALE, Miguel et al. O Novo Código Civil discutido por juristas brasileiros. 1ª. Ed. Campinas. Book-
seller Editora LTDA., 2003.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
184
.............................................................................................
m) Acolher os modelos jurídicos validamente elaborados pela
jurisprudência construtiva de nossos tribunais, mas fixar nor-
mas para superar certas situações conflitivas, que de longa data
comprometem a unidade e a coerência de nossa vida jurídica.” 4
4 REIS, Clayton. Inovações ao Novo Código Civil. 1ª. Edição. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2002.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
185
6 COSTA, Judith Martins, BRANCO, Gerson Luiz Carlos. Diretrizes Teóricas do Novo Código Civil Bra-
7 NERY JÚNIOR, Nelson, Rosa Maria de Andrade. Novo Código Civil e Legislação Extravagante
Anotados, 1ª. Edição; São Paulo: RT, 2002.
8 MARTINS-COSTA, Judith. A Boa-Fé no Direito Privado. São Paulo: Editora Revista dos Tribu-
nais, 1999.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
188
9
MARTINS-COSTA, Judith. A Boa-Fé no Direito Privado. São Paulo: Editora Revista dos Tribu-
nais, 1999.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
189
1ª Ementa
0052076-81.2009.8.19.0001 - APELAÇÃO
1ª Ementa
CONTRATO DE SEGURO
ROUBO EM CASA LOTÉRICA
RECUSA DE COBERTURA
NULIDADE DE CLÁUSULA
NOVO CÓDIGO CIVIL
PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA E DA PROBIDADE
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
193
Registre-se que, recentemente, foi editada a Súmula 281 do TJ/RJ, que as-
sim dispôs: “a cláusula geral pode ser aplicada de ofício pelo magistrado.”
Conclusão
Bibliografia
INTRODUÇÃO
ESBOÇO HISTÓRICO
² FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito Civil: teoria geral. 6.ed., Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2007, p. 27
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
197
³ ALEXY, Robert. Teoría de los derechos fundamentales. Trad. Ernesto Garzón Valdés. Madri: Centro de Estu-
dios Constitucionales, p. 87-90. (tradução livre).
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
198
DA POSSE
DAS OBRIGAÇÕES
DOS CONTRATOS
4 TEPEDINO, Heloísa Helena BARBOZA, Maria Celina Bodin de MORAES et al., Código Civil Interpreta-
do conforme a Constituição da República, v. II, Rio de Janeiro, Renovar, 2006, p. 862.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
201
DO DIREITO DE FAMÍLIA
DA RESPONSABILIDADE CIVIL
CONCLUSÃO
EVOLUÇÃO HISTÓRICA E
LEGISLATIVA DA FAMÍLIA
INTRODUÇÃO
² ENGELS, Friedrich. A origem da família da propriedade privada e do Estado: Texto integral. Traduzido por Ciro
Mioranza. 2. ed. rev. São Paulo: Escala, [S.d]. p. 31-7. (Coleção Grandes Obras do Pensamento Universal, v. 2).
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
207
A FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA
4 FACHIN, Luiz Edson. Teoria Crítica do Direito Civil. Rio de Janeiro: Renovar, 2003. P. 298.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
210
5 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito de Família. 2º v. 8º ed. Atual. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 74.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
212
inicial aprovada pela casa de origem foi profundamente alterada, desde sua
apresentação até sua apreciação no Senado, que ocorreu aproximadamente
20 anos após e, dessa feita, temos um Código que apesar de novo, à época
de sua vigência já estava desgastado, em razão de a sociedade se encontrar
em constante mutação e os direitos que se diriam novos já haviam sido
contemplados pela Constituição Federal, não representando grande avan-
ço e sim, em alguns aspectos, um retrocesso.
A exemplo disso houve omissão do legislador ao deixar de incluir dis-
positivos que regulamentassem o casamento entre pessoas do mesmo sexo ou
até mesmo celebração não solene do casamento, tratando-o inexistente.
Igualmente o legislador deixou de mencionar na regulamentação a
família monoparental e o respeito a esta, apesar das estatísticas mostrarem
que vinte e seis por cento dos brasileiros vivem dessa forma.
Gisele Leite6 ressalta a mais importante das alterações como sen-
do aquela que diz respeito à isonomia conjugal, abarcando que pelo casa-
mento homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes
ou companheiros, sendo responsáveis pelos encargos da família, a saber,
fidelidade recíproca, a vida em comum no domicílio conjugal, a mútua
assistência e o sustento, guarda e educação dos filhos, com o adendo do
respeito e consideração mútuos.
Por fim, malgrado tenhamos observado toda a evolução histórica das
inúmeras transformações na família e propriamente nos seus direitos, boa par-
te deste progresso é fruto de sólida construção doutrinária e jurisprudencial.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
6 LEITE, Gisele. “O Novo Direito de Família”. Revista Brasileira de Direito de Família. Porto Alegre, v. 9, n. 49,
e afeto, à luz dos princípios trazidos pela Carta Magna, sendo, cada vez
mais, imposta ao jurista essa interpretação. Hoje se reconhece a validade da
norma observando a sua conformidade com a evolução social e sobretudo
com os preceitos constitucionais, o que exige uma revisão dos institutos
que forma a espinha dorsal do Direito Civil: as obrigações, a propriedade
e, sem dúvida, a família.
A nova roupagem do Direito de Família e por que não dizer do todo
do Direito Civil transcorreram do livramento das amarras do liberalismo
e da patrimonialização das relações sociais, permitindo que os interesses
puramente individuais passassem a se submeter a outros valores.
Por tal forma, novas concepções acerca da família vêm surgindo no
ordenamento pátrio, conceitos tais que se fundam sobre a personalidade hu-
mana, devendo a entidade familiar ser entendida como grupo social fundado
em laços afetivos, promovendo a dignidade do ser humano, no que toca a
seus anseios e sentimentos, de modo a alcançar a felicidade plena.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Lúcio Durante¹
Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até
duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos ininter-
ruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de
sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja pro-
prietário de outro imóvel urbano ou rural.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
³ - COLTRO, Antonio Carlos Mathias, MAFRA, Tereza Cristina Monteiro, TEIXEIRA, Sálvio de Figueiredo,
Comentários ao Novo Código Civil, 2ª Edição, Ed. Forense, 2005, p. 215/217.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
229
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
E prosseguem os Doutrinadores:
“Dignidade da pessoa humana, nessa ordem de ideias, expressa
uma gama de valores humanizadores e civilizatórios incorporados
ao sistema jurídico brasileiro, com reflexos multidisciplinares”.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
238
A mesma lei acima referida revogou, em seu art. 3º, a Lei nº 883.
Assim, atualmente, toda criança tem direito à filiação completa e
sem discriminação.
Bibliografia
PROTEÇÃO CONTRATUAL NO
DIREITO BRASILEIRO
VISÃO DO DIREITO CIVIL SOB PRISMA DE INFLUÊNCIA
CONSTITUCIONAL – PRINCÍPIOS
que essas coisas não tenham sofrido modificações essenciais, que designa a
cláusula tida como um pressuposto contratual, resultante da teoria da impre-
visão, para evitar o enriquecimento ilícito de uma das partes e obrigando a
outra à restituição do montante auferido indevidamente.
É óbvio que o atual Código Civil buscou na Teoria da Imprevisão o
equilíbrio econômico-financeiro do contrato, fundado na ideia moral de
que o credor comete uma suprema injustiça quando usa de seu direito com
absoluto rigor pretendendo enriquecer-se à custa de seu devedor, seguindo
a opinião do civilista francês Georges Ripert (1880/1959), considerado o
maior defensor do controle do direito pela moral, pois este entendia inexis-
tir diferença de domínio, de conteúdo, de natureza ou de finalidade entre
o direito e a moral, mas só diferença de forma.
Importante comentar a matéria pertinente à Sucessão Heredi-
tária no atual Código Civil, em que na ordem de vocação hereditária–
tomando-se, ainda, o disposto no Código Civil de 1916/1917 – observa-se
que se deferia a sucessão legítima em terceiro lugar ao cônjuge sobreviven-
te, conforme o previsto no art. 1.603, inciso III (daquele Código), isto é,
o cônjuge era o terceiro a ser chamado na linha da vocação hereditária.
Vale dizer que, somente à falta de descendentes, é que se poderia receber
herança se, ao tempo da morte do outro, não estava dissolvida a sociedade
conjugal (art. 1.611).
Do que conta o Código julgado bom, o cônjuge supérstite passa a
concorrer de igual para igual com os descendentes do de cujus, a não ser
que já apresente direito à meação, consoante o regime de bens adotado no
casamento e, faltando os descendentes, concorre com os ascendentes. No-
te-se que o cônjuge, além de meeiro, será posicionado, também, como
herdeiro necessário, ao lado dos descendentes e dos ascendentes do faleci-
do, salvo nos casos devidamente comprovados de indignidade ou de deser-
ção. É bom lembrar que o mesmo ocorrerá, por força da Lei-nº 8.971/94,
com o “companheiro” ou “companheira” sobrevivente de união estável.
Cumpre realçar, finalmente, que o comentado Código Civil torna
mais simples a elaboração dos testamentos, quando reduz o número de
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
247
Comercial de 1850, sim, no artigo 131, inciso I, em que pese pouca im-
portância tenha este dispositivo legal frente à doutrina e à jurisprudência
pátria. Contudo, com o advento do Código de Defesa do Consumidor,
Lei-nº 8.078/90, que trata dos direitos dos consumidores, introduziu-se
expressamente o princípio da boa-fé objetiva, inclusive como norma ex-
pressa reguladora das relações de consumo. Por outro lado, mais recen-
temente, com a promulgação do Novo Código Civil Brasileiro, Lei-nº
10.406, de 10 de janeiro de 2002, que entrou em vigor em 10 de janeiro
de 2003, consta expressamente previsão legal de aplicação objetiva do
princípio da boa-fé. Aproveitamos a oportunidade para transcrever os
artigos que entraram em vigor, regulando definitivamente a aplicação de
relevante princípio:
“Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados confor-
me a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.
Síntese Conclusiva
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LIVROS
LEGALIDADE E EFICÁCIA
CONSTITUCIONAL NA APLICAÇÃO
DO CÓDIGO CIVIL DE 2002
Introdução
Desenvolvimento
Embora não seja fácil se estabelecer uma definição exata deste prin-
cípio, pode-se dizer que é um reconhecimento dos direitos fundamentais,
ou seja, aqueles tratados no art. 5º da Constituição Federal, no âmbito do
direito privado. Como no Brasil os direitos fundamentais são de aplicação
imediata, a eficácia horizontal se processa na aplicação dos direitos funda-
mentais independentemente da existência de lei.
Esses princípios acabaram por erodir a velha dicotomia entre direito
privado e direito privado, fazendo com que hoje esta divisão seja bem tê-
nue, com interpenetração e complementação entre os dois ramos.
Em decorrência da publicização do Direito Civil, que nada mais é
do que uma releitura dos institutos do direito privado à luz dos preceitos
constitucionais que se espraiaram por toda a sociedade, hoje já existem ins-
tituições de ensino oferecendo aos alunos do curso de direito matéria de-
nominada “Direito Civil Constitucional”. Podemos dizer que chegamos
a uma integração simbiótica entre os dois ramos do direito, com perfeita
integração sem que cada um deixe de perder sua essência.
Conclusões
PONDERAÇÕES SOBRE OS
10 ANOS DO CÓDIGO CIVIL
FAMÍLIAS CONTEMPORÂNEAS
NA LEGALIDADE CIVIL-
CONSTITUCIONAL
Programação do Curso
Dia 29/03/2012
18 horas
MESA DE ABERTURA:
Des Manoel Alberto Rebêlo dos Santos - Presidente do TJ/RJ
Des. Antônio José Azevedo Pinto – Corregedor-Geral da Justiça
Des. Nametala Machado Jorge – 1º Vice-Presidente
Des. Nascimento Antonio Povoas Vaz – 2º Vice-Presidente
Des. Antonio Eduardo Ferreira Duarte – 3º Vice-Presidente
Des. Leila Mariano – Diretora-Geral da EMERJ
Des. Edson de Aguiar Vasconcelos – Vice-Diretor da EMERJ
Des. Luiz Gustavo Grandinetti Castanho de Carvalho – Presidente
da Comissão Acadêmica da EMERJ
Dr. Cláudio Soares Lopes - Procurador Geral de Justiça/RJ
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
285
19 horas
- Conferência de Abertura e Homenagem ao Desembargador Sylvio
Capanema de Souza.
Legalidade e Eficácia Constitucional na Aplicação do Código Civil.
Palestrante: Desembargador Sylvio Capanema de Souza
20h15min
A Posse dos Imóveis como Instrumento de Garantias Fundamentais e as
Limitações Ambientais.
Palestrantes: Desembargadores Sidney Hartung Buarque e Marco
Aurélio Bezerra de Melo
21h30min
Encerramento das Atividades.
Dia 30/03/2012
09h30min
Aplicação dos Princípios e Cláusulas Gerais nas Relações Nego-
ciais e Reais Imobiliárias.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
286
12 horas
Intervalo
13h30min
O Código Civil e a Defesa do Consumidor.
Palestrantes: Desembargador José Carlos Maldonado de Carvalho
e Procurador do Estado Leonardo Mattietto
14h45min
Consequências do Inadimplemento das Obrigações.
Palestrantes: Desembargador Carlos Santos de Oliveira e Advogado
Fábio Oliveira Azevedo
16 horas
Coffee-Break
16h30min
Da Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (Lei 12411/2011)
Palestrantes: Promotor de Justiça Leonardo de Araújo Marques e
Professora Mônica Gusmão
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
287
17h45min
- Conferência de Encerramento e Homenagem ao Desembargador
Sergio Cavalieri Filho.
Palestrante: Desembargador Sergio Cavalieri Filho
A Responsabilidade Civil nos Dez Anos da Codificação Civil na Cons-
trução da Doutrina e Jurisprudência.
19h30min
Encerramento das atividades.
2
Anexo 2
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
290
PROCESSO Nº 2012062
PARECER Nº 2012062–0012012
INTERESSADA: Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro - EMERJ
CURSO: Os 10 anos do Código Civil
I – Relatório
TEMA 1
DIREITO CIVIL
DISCIPLINA: 10 ANOS DE CÓDIGO CIVIL
EMENTA
Legalidade e eficácia constitucional na aplicação do Código Civil.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Abordagem do Direito Civil Constitucional.
OBJETIVO ESPECÍFICO
Refletir no papel da Constituição para o aprimoramento do Direito Civil.
TEMA 2
DIREITO CIVIL
DISCIPLINA: 10 ANOS DE CÓDIGO CIVIL
EMENTA
10 anos de Código Civil. Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Código Civil e a Lei n. 8078/90.
OBJETIVO ESPECÍFICO
Análise do diálogo das fontes normativas do Código Civil e do Código de Defesa do
Consumidor.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
292
TEMA 3
DIREITO CIVIL
DISCIPLINA: 10 ANOS DO CÓDIGO CIVIL
EMENTA
Cláusulas gerais e conceito jurídico indeterminado: método e legitimidade democrática nas
relações negociais.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Cláusulas gerais e conceitos jurídicos indeterminados.
OBJETIVO ESPECÍFICO
Auxiliar o magistrado a decidir em consonância com as regras e princípios que norteiam o
Direito Civil na contemporaneidade.
TEMA 4
DIREITO CIVIL
DISCIPLINA: POSSE
EMENTA
A posse dos imóveis como instrumento de garantias fundamentais e as limitações
ambientais.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Posse, Propriedade e Limites.
OBJETIVO ESPECÍFICO
Análise da função social da posse como garantia individual e a tutela do meio ambiente.
TEMA 5
DIREITO CIVIL
DISCIPLINA: DAS OBRIGAÇÕES
EMENTA
Consequências do inadimplemento das obrigações.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Adimplemento e inadimplemento das obrigações.
OBJETIVO ESPECÍFICO
O estudo aprofundado dos efeitos do inadimplemento passando à análise das regras e
princípios.
TEMA 6
DIREITO CIVIL
DISCIPLINA: DIREITO DE FAMÍLIA
EMENTA
Famílias contemporâneas na legalidade civil-constitucional.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Evolução do Direito de Família e a Constituição da República.
OBJETIVO ESPECÍFICO
Trazer à discussão e reflexão as recentes inovações legais, doutrinárias e jurisprudenciais
no Direito de Família.
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
293
4
TEMA 7
DIREITO CIVIL
DISCIPLINA: RESPONSABILIDADE CIVIL
EMENTA
A responsabilidade civil nos dez anos da codificação civil na construção da doutrina e da
jurisprudência.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Da Responsabilidade Civil.
OBJETIVO ESPECÍFICO
Análise da evolução doutrinária e jurisprudencial da objetivação da Responsabilidade Civil.
TEMA 8
DIREITO CIVIL
DISCIPLINA: DA EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE
LIMITADA
EMENTA
Condição do empresário individual.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Empresa individual de Responsabilidade Limitada. Conceito. Formação. Capital.
Responsabilidade do titular. Distinção entre empresa, empresário, estabelecimento,
sociedade e pessoa jurídica. Fraude. Desconsideração da Personalidade Jurídica. Críticas.
Inovações da V Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal.
OBJETIVO ESPECÍFICO
Análise das atualizações advindas com a Lei n. 12.441/11, de 11/07/11.
Foi apresentada a bibliografia que foi sugerida aos cursistas, assim como seus
meios de acesso.
É o Relatório.
II – Fundamentação
I – (...);
II – (...); e
III – Conclusão
Rodrigo L. D. Campos
Analista Judiciário - Enfam
Série Aperfeiçoamento de Magistrados 13 • 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos Rumos Volume I
296
RESOLVE