1° Fórum de Debate

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Introdução ao Estudo dos riscos Ambientais

De acordo co Maquenze (s/a), o estudo de risco ambiental apareceu como disciplina


formal nos Estados Unidos de 1940 a 1950, paralelamente ao lançamento da indústria
nuclear e também para a segurança de instalações de refinação de petróleo, indústria
química e aeroespacial. No Brasil, o início ao uso institucional de estudo de risco
verifica-se em 1983, especificamente em Cubatão, com o Plano de Controle da Poluição
de Cubatão, que tinha em vista garantir a boa operação e manutenção de processos e
tubulações e terminais de petróleo e de produtos químicos das unidades industriais
locais. Entretanto, face os riscos eminentes que estão sendo mostrados o seu interesse ao
nível de toda a população do planeta tem aumentado. Contudo, é fundamental que a
humanidade tome mais atenção e assuma atitudes responsáveis na sua maneira de
interagir com o meio que o rodeia, contribuindo deste modo para a gestão dos riscos
ambientais e permitindo que as valiosas reservas de recursos naturais ainda existentes,
contribuam para o desenvolvimento económico das diferentes nações.

Actualmente, são reportados muitos acidentes ou desastres resultantes da deficiente ou


ausência da gestão dos riscos ambientais, que tem causado enormes perdas económicas.
Por exemplo as cheias de 2000 ocorridas em Moçambique tiveram varias
consequências, de entre elas: o prejuízo em 600 milhões de USD, a economia teve um
recuo equivalente a 5 ano, mais de 800 pessoas perderam a vida, entre outras. (UEM,
Faculdade de Ciências, 2012).
Analisando o que acima foi referenciado, e concentrando-se na sua área de origem,
tenha em atenção algumas práticas que estejam a decorrer no seu local de residência ou
mesmo na cidade/distrito/ Província de uma forma geral que na sua óptica constitui um
risco para o meio ambiente e para população. Comece a enumerá-las tendo em conta a
significância (os que menos afectam aos que mais afectam) ao ambiente e as
populações.

Conceito de Risco
A palavra Risco está ligada ao termo latino riscu, ligado por sua vez a resecare, que
significa ‘corte’. Como uma ruptura na continuidade, como um risco que se faz numa
tela em branco, (Monteiro, 1991, p.10 apud Maquenze, s/a).

Segundo Castro (2015), Risco é a potencialidade de que ocorra um acidente, um


desastre, um evento físico que resulte em perdas e danos sociais ou económicos.
Landis (2014) define Risco, como a percepção do perigo ou da catástrofe possível.
Considera que ele existe apenas em relação a uma sociedade que o apreende por meio
de representações mentais e com ele convive por meio de práticas específicas. Não há
riscos, portanto, sem uma população que o perceba e que poderia sofrer seus efeitos.
Deste modo, o risco deve ser entendido como a possibilidade de ocorrência de um
perigo, enquanto que Perigo, como sendo uma situação (incêndio, explosão ou
vazamento de substâncias tóxicas) que ameaça a existência de uma pessoa ou a
integridade física de instalações e edificações (Maquenze, s/a).

Classificação dos Riscos Ambientais


Riscos ambientais são todos aqueles que têm potencial de causar danos ao Meio
Ambiente. Segundo a classificação proposta por Cerri e Amaral (1998), os riscos
ambientais subdividem-se em 4 grupos: (i) Riscos naturais, (ii) Riscos tecnológicos, (iii)
Riscos sociais e (iv) Riscos ambientais (Maquenze, s/a).

Riscos Naturais
Rebelo (2003, P 11-12) citado por Maquenze (s/a), considera o risco natural como
sendo a dominação preferencial para fazer referencia aqueles riscos que não podem ser
facilmente atribuídos ou relacionados à acção humana, embora nos dias de hoje essa
seja uma tarefa cada vez mais difícil. Por outro lado, Castro (2015), defini riscos
naturais como todos aqueles eventos da natureza que afectam directamente o globo,
provenientes de fenómenos da dinâmica externa e/ou interna.

 Os fenómenos da dinâmica externa são essencialmente os de ordem atmosférica


desencadeados por ventos, chuvas e tornados, além da participação antrópica.

 Os agentes internos são todos aqueles decorrentes da dinâmica geológica


(terramotos, vulcanismo, tectonismo), onde o homem detém uma participação
substancial, interferindo directamente na dinâmica externa através de diversas
formas de intervenção.
De acordo com Maquenze (s/a), os riscos naturais podem ser subdivididos em:

 Riscos tectónicos e magmáticos (p.ex., vulcões);

 Riscos climáticos (tempestades, furacões);

 Riscos geomorfológicos (deslizamentos/desabamentos, ravinamento,);


 Riscos hidrológicos (alagamentos/inundações)

Risco Tecnológico
De acordo com Sevá Filho (1988, p.81) apud Maquenze (s/a), a abordagem desse tipo
risco deve levar em conta três factores indissociáveis:

 O processo de produção (recursos, técnicas, equipamentos, maquinaria);

 O processo de trabalho (relações entre direcções empresariais e estatais e


assalariados); e

 Condição humana (existência individual e colectiva)


Equivale dizer que onde pelo menos um desses factores for encontrado, haverá risco
tecnológico ou a probabilidade de um problema causado por ele.

O risco Social
Segundo Landis (2014), devido à polissemia da expressão social, pode-se qualificar
como Risco Social a maior parte dos riscos, “quer nos a tenhamos às suas causas
sociais, quer atentemos para suas consequências humanas”. O autor distingue dois tipos
de riscos principais que podem afectar ou ser afectados pelos riscos sociais e a
sociedade humana:

 Riscos endógenos - relacionados aos elementos naturais e às ameaças externas


(terramotos, epidemias, secas e inundações);

 Riscos exógenos, relacionados directamente ao produto das sociedades e às


formas de política e administração adoptadas, como (o crescimento urbano e a
industrialização, a formação de povoamentos e a densidade excessiva de alguns
bairros).
Os riscos sociais carecem sempre de uma abordagem inter- multidisciplinar pois
implicam uma pluralidade de atores e resultam da combinação de um grande número de
variáveis, particularmente difíceis de serem consideradas ao mesmo tempo. Para
entender esses riscos e contribuir para a formação de políticas de prevenção, é
necessária a integração de diversos campos do saber. Desde as geociências, a história, as
ciências políticas, o direito, a psicossociologia, a ciências exactas, etc (Landis, 2014).
Riscos Ambientais
Riscos ambientais "resultam da associação entre os riscos naturais e os riscos
decorrentes de processos naturais agravados pela actividade humana e pela ocupação do
território.” (Maquenze, s/a).
Para Landis (2014, p. 49), o risco ambiental pode ser entendido como “toda e qualquer
forma de degradação que afecte o equilíbrio do meio ambiente”.

Castro (2015) desenvolve longo levantamento bibliográfico sobre o conceito de risco


ambiental e concluem que o risco ambiental é objecto de avaliação sistemática da
ciência, podendo ser associado “às noções de incerteza, exposição ao perigo, perda e
prejuízos materiais, económicos e humanos”, tanto para processos naturais quanto
antrópicos.

Risco Ambiental, está relacionado “à incerteza e ao desconhecimento das verdadeiras


dimensões do problema ambiental” (UEM, 2012).
Segundo Maquenze (s/a), os Riscos ambientais fazem-se sentir na:

 Hidrosfera: através de inundações, enchentes, salinização e contaminação de


mananciais, e

 Litosfera: por meio de deslizamentos, erosão hídrica, assoreamento e


subsistência.
O meio ambiente é tudo aquilo que está ao nosso redor. Portanto, Riscos Ambientais
(RA) são riscos que nos cercam, dentro de um contexto de segurança no trabalho, são
eles, riscos físicos, químicos, biológicos e acidente. Os RA nascem de actos ou factores
externos, contudo são identificáveis, controláveis podendo até serem eliminados. Os
mesmos podem trazer ou ocasionar danos à saúde do trabalhador nos ambientes de
trabalho, em função de sua natureza, concentração, intensidade e tempo de exposição ao
agente, (Maquenze, s/a)

A importância do estudo dos riscos ambientais


Segundo Castro (2015), o estudo dos riscos ambientais desempenha um papel crucial na
compreensão das ameaças que afetam nosso ambiente natural e, por extensão, nossa
própria qualidade de vida. Trata-se de uma investigação aprofundada das situações e
condições que têm o potencial de causar danos significativos aos ecossistemas, à saúde
humana e ao equilíbrio ambiental. A importância desse estudo transcende as barreiras
disciplinares, pois abrange uma variedade de campos, incluindo ciências ambientais,
saúde pública, engenharia, política e até mesmo ética.
Ao examinar os riscos ambientais, somos capazes de identificar e avaliar ameaças como
poluição do ar, da água e do solo, exposição a substâncias químicas tóxicas,
desmatamento, perda de biodiversidade, mudanças climáticas e outros perigos que
surgem das atividades humanas e processos naturais. Essa análise aprofundada permite-
nos entender os efeitos diretos e indiretos desses riscos, bem como os impactos sobre a
saúde humana, a biodiversidade, os ecossistemas e até mesmo a economia (Landis,
2014).
Através do estudo de riscos ambientais, somos capacitados a tomar medidas proativas
para minimizar e mitigar essas ameaças. Isso inclui a implementação de
regulamentações ambientais, o desenvolvimento de estratégias de conservação, a
promoção de tecnologias mais limpas e sustentáveis, e a conscientização pública sobre
práticas ambientalmente responsáveis. Além disso, a pesquisa nessa área também
contribui para a identificação de áreas críticas onde a intervenção é mais urgente e
necessária (Castro, 2015).

Conforme Landis (2014), ao promover a compreensão dos riscos ambientais, somos


capazes de buscar soluções de longo prazo que equilibrem as necessidades humanas
com a conservação do meio ambiente. Isso envolve a promoção do desenvolvimento
sustentável, a mitigação das mudanças climáticas, a proteção de habitats vitais e a
criação de um futuro onde as gerações atuais e futuras possam coexistir em harmonia
com o planeta.
Portanto, o estudo dos riscos ambientais transcende o âmbito acadêmico, influenciando
políticas, práticas empresariais e ações individuais. Ele nos lembra da interconexão
profunda entre a humanidade e a natureza, e da necessidade de agir de maneira
responsável para garantir um ambiente saudável, sustentável e vibrante para todos.

Referências Bibliográficas
Castro, C. M. (2015). Riscos ambientais e geografia: conceituações, abordagens e
escalas., vol.28, n°.2.
Landis, W. G. (2014). Introdução à toxicologia ambiental: Impactos dos produtos
químicos nos sistemas ecológicos. Editora Interciência.
Maquenze, E. X. (s/a). Módulo Gestão de Riscos Ambientais: Noções sobre riscos
ambientais, Beira: UCM-CED.
Universidade Eduardo Mondlane (UEM) - Faculdade de Ciência. (2012). Introdução ao
Curso de Redução do Risco de Desastres, Maputo.

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