Ensino As Sete Leis
Ensino As Sete Leis
Ensino As Sete Leis
Reio de Janeiro:
Juerp 1980.
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INTRODUÇÃO
Como o Mestre Jesus, observemos cuidadosamente uma criança para
aprender dela o que vem a ser a educação. Sim, porque a educação no seu
sentido mais largo abarca todos os passos e processos pelos quais o
infante gradativamente é transformado num adulto inteligente e bem
desenvolvido.
Consideremos a criança. Tem ela um corpo humano completo, com
olhos, mãos e pés — todos os órgãos do sentido, da ação e da locomoção
— e, não obstante, está ali inerme e desajudada no seu berço. Ri, chora,
sente. Tem os atributos dum adulto, mas não os poderes dele.
Em que o bebê difere do adulto? Só no fato de ser um bebê. Tem
corpo e membros pequenos, frágeis e sem uso voluntário. Seus pés não
podem andar; as mãos, sem habilidade; seus lábios não falam. Seus olhos
veem, mas não percebem; e seus ouvidos não entendem. O universo no
qual acaba de entrar e que a rodeia é para ela coisa misteriosa e
desconhecida.
Maior consideração e estudo nos aclaram que a criança é apenas um
germe — não tendo ainda o crescimento que lhe é destinado — e é
ignorante — sem ideias adquiridas.
Sobre esses dois fatos descansam os dois conceitos da educação.
Primeiro, o desenvolvimento das capacidades; segundo, a aquisição de
experiência. Aquele é a maturação do corpo e da mente para o completo
crescimento e força; e este, o processo de fornecer à criança a herança da
raça.
Cada um desses fatos — a imaturidade da criança e a sua ignorância
— devem servir de base à ciência da educação. O primeiro enfatizara as
capacidades do ser humano, bem como a ordem em que se desenvolvem
e as suas leis de crescimento e ação. O segundo abarcará o estudo dos
vários ramos do conhecimento humano, e como são descobertos,
desenvolvidos e aperfeiçoados. Cada uma dessas ciências
necessariamente inclui a outra, assim como o estudo dos poderes inclui o
conhecimento dos seus produtos, assim como o estudo dos efeitos abarca
uma revisão das causas.
Baseados nessas duas formas da ciência educacional, podemos ver
que a arte da educação é dupla: a arte de exercitar e a arte de ensinar.
Uma vez que a criança mostra-se imatura no uso de todas as suas
capacidades, vê-se que o primeiro passo na educação é exercitá-la no
sentido de desenvolver inteiramente essas capacidades. Tal preparo deve
ser físico, mental e moral.
Visto que a criança é ignorante, a educação deve comunicar-lhe a
experiência da raça. Esta é propriamente a obra ou a função do ensino.
Vista a esta luz, a escola é uma das agencias de educação, uma vez que
continuamos por toda a vida a adquirir experiência. Então, o primeiro
objetivo do ensino é estimular ou criar no aluno o amor ou a vontade de
aprender, e formar nele hábitos e ideais de estudo independente.
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Estas duas coisas juntas — o cultivo das capacidades e a transmissão
de experiência é que constituem a obra do professor. Toda organização e
toda direção são subsidiárias a esse alvo duplo. O resultado que se deve
procurar é justamente este: uma personalidade bem desenvolvida física,
intelectual e moralmente, com recursos tais que lhe tornem a vida útil e
feliz, e habilitem o indivíduo a continuar aprendendo através de todas as
atividades da vida.
Estes dois grandes ramos da arte educacional — treinamento e
ensino — conquanto separados em o nosso pensamento, não estão
separados na prática. Só podemos treinar ensinando, e ensinamos melhor
quando melhor treinamos ou praticamos. O próprio treinamento das
capacidades intelectuais é encontrado na aquisição, elaboração e
aplicação do conhecimento e das artes que representam a herança da
raça.
Todavia, há uma vantagem prática em se ter sempre em mente esses
dois processos da educação. O mestre, tendo-os claramente diante de si,
mais facilmente observará, e estimulará mais inteligentemente o
progresso real dos alunos. Não se contentará com um seco exercício diário
que conserve os alunos em ação como se estivessem num moinho, e nem
se contentará também com encher e abarrotar a mente dos estudantes de
fatos e nomes sem uso prático. Ele anotará cuidadosamente os dois lados
da educação de seus alunos, e norteará seus trabalhos e adaptará suas
lições sábia e escrupulosamente para conseguir as duas finalidades que
tem em vista.
Essa exposição dos dois lados da ciência e arte do ensino nos leva ao
posto de observação de onde podemos ver claramente o objetivo real
deste pequeno volume. O alvo encontra-se no seu titulo — AS SETE LEIS
DO ENSINO. O seu objetivo é apresentar, de modo sistemático, os
princípios da arte de ensinar. Trata das capacidades mentais somente no
que urge serem consideradas numa discussão clara sobre o esforço de se
adquirir experiência no processo da educação.
Como a função essencial na sala de aula é estudar os vários ramos do
conhecimento, assim a obra ou função do ensinar — planejar, explicar e
ouvir as lições — é a que principalmente ocupa o tempo e a atenção do
professor. Portanto, explicar as leis do ensino parece ser a maneira mais
direta e prática de instruir os professores na sua arte. Apresenta-se,
então, imediatamente, a visão mais clara e mais prática dos seus deveres,
bem como dos métodos pelos quais poderão obter êxito em seu trabalho.
Uma vez aprendidas as leis do ensino, o professor facilmente dominará a
filosofia de prática, do treinamento.
Este pequeno volume não pretende expor toda a ciência da
educação, e nem também toda a arte de ensinar. Mas, se conseguiu ele
agrupar ao redor dos sete fatores que estão presentes em cada atividade
do verdadeiro ensino, os capitais princípios e regras da arte de ensinar, de
modo que sejam vistos em sua ordem e relações naturais e possam ser
metodicamente aprendidos e usados, por certo cumpriu-se, então, o
desejo do autor.
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Capítulo 1
AS SETE LEIS DO ENSINO
1. O ensinar tem suas leis naturais tão fixas como as leis que regem os
planetas ou o crescimento dos organismos. É um processo no qual se
empregam definidas forças para produzir resultados definidos. E tais
resultados aparecem tão certo e regularmente como o dia ao vir o sol. O
que o mestre faz, o faz por meios naturais que produzem seus efeitos
naturais. A relação de causa e efeito é tão certa — embora nem sempre
tão clara e tão facilmente entendida — nos movimentos da mente como
nos da matéria. As leis da mente são tão exatas como as leis da matéria.
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Os Sete Fatores
4. Para se descobrir a lei de qualquer fenômeno, urge sujeitá-lo a uma
análise científica e estudar separadamente seus componentes. Se assim
analisarmos um ato completo de ensino, veremos que ele contém sete
elementos ou fatores distintos. Primeiro, dois fatores pessoais — o
professor e o aluno. Segundo, dois fatores mentais — a linguagem
comum ou o meio de comunicação e a lição, ou verdade, ou arte a ser
comunicada. Terceiro, três atos funcionais ou processos — o do professor,
o do aluno e um processo final ou verificador, para testar e fixar o
resultado.
7. Parece ocioso, talvez, insistir nisto. Alguém poderá dizer: “É mais que
claro que não pode haver ensino sem professor e aluno, sem uma
linguagem e uma lição, e sem que o professor ensine e o aluno aprenda;
ou, finalmente, sem uma revisão própria, se se quer ter a certeza de que o
trabalho obteve pleno êxito. Tudo isso está tão claro que dispensa
referência”. Assim também está claro que quando se reúnem somente
solo, calor, luze humidade, tudo em medida apropriada, colhemos farta
messe. Mas o fato dessas verdades comuns serem patentes não impede
que estejam ocultas entre elas as leis mais profundas e misteriosas da
natureza. Também, um simples ato de ensino pode esconder em seu bojo
algumas das mais potentes e significativas leis da vida mental.
As Leis Explicadas
8 Tais leis não são obscuras e nem difíceis de ser alcançadas. São, por
certo, tão simples e naturais que quase se apresentam espontaneamente
aos olhos do observador cuidadoso. Acham-se engastadas na mais simples
descrição que se possa fazer dos sete elementos citados, como se segue:
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2) O aluno é aquele que escuta ou atende com interesse a lição.
3) A linguagem usada como meio ou instrumento entre professor e aluno
deve ser comum a ambos.
4) A lição a ser ensinada e aprendida deve ser explicada em termos de
verdade já conhecida pelo aluno, explicando-se o desconhecido por meio
do conhecido.
5) Ensinar é despertar e usar a mente do aluno para que apanhe o
pensamento desejado, ou para que venha a dominar a arte que quer
aprender.
6) Aprender é pensar com seu próprio entendimento numa nova ideia ou
verdade, ou tornar em hábito uma nova arte ou habilidade.
7) O teste e prova do ensino feito — o processo final e de fixação — deve
ser uma revisão, uma reprodução, uma recapitulação e aplicação do
material que foi ensinado, do conhecimento e ideais e artes que foram
comunicados.
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vez que também possua as qualidades que o habilitem a manter de modo
próprio a boa ordem necessária para lhes facultar atuação livre e
desimpedida. A desordem, o barulho e a confusão podem impedir e
prejudicar OS resultados desejados, assim como a constante perturbação
de alguns elementos químicos inibe a formação dos compostos ou ligas
que as leis da química visam produzir. Mas o bom ensino por si mesmo
muitas vezes traz consigo a boa ordem.
11. Como todas as grandes leis da natureza, estas leis do ensino parecem
claras e óbvias. Mas, à semelhança doutras verdades fundamentais, a
simplicidade delas é mais aparente do que real. Cada lei varia em suas
aplicações à diversidade de mentes e pessoas, muito embora
permaneçam constantes. E cada uma conserva sua relação para com
outras leis e fatos, até atingir os mais largos limites da arte de ensinar. Nos
capítulos seguintes estudaremos cuidadosamente estas sete leis,
chegando, em nosso exame, a muitos princípios valiosos da educação e às
regras práticas que podem ser de grande uso e proveito à obra do mestre.
13. Existem muitos professores ótimos que nunca ouviram falar nestas leis
e que não as seguem conscientemente, bem como há pessoas que andam
e caminham seguramente sem terem qualquer conhecimento da lei de
gravidade, e que falam inteligivelmente sem jamais terem estudado
gramática. Como o músico que toca “de ouvido”, esses professores
naturais aprenderam com a prática as leis do ensino, e habituaram-se a
obedecê-las. E não é menos verdadeiro que o sucesso deles vem da
obediência à lei, e não apesar da lei.
Habilidade e Entusiasmo
14. Ninguém receie que um estudo das leis do ensino tenda a substituir
por um trabalho mecânico e frio o ensino entusiástico e caloroso, tão
desejado, e muito admirado e louvado. A verdadeira habilidade acende e
conserva vivo o entusiasmo, levando-o ao sucesso, justamente onde
doutra forma poderia haver desencorajamento por frustração O amor do
verdadeiro trabalhador por sua obra aumenta com sua habilidade de
realizá-la melhor. Assim, o entusiasmo conseguira bem mais, ao ser guiado
pela inteligência e ao ser escudado pela habilidade.
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que pecam por falta de entusiasmo. Mas, qual preferimos: o entusiasta
ignorante ou o preguiçoso preparado? O entusiasmo não é monopólio
nem atributo exclusivo do ignorante e despreparado, e nem todos os frios
e calmos são ociosos. Há um entusiasmo que vem da habilidade — da
alegria de se fazer bem o que se tem a fazer — que é muito mais eficaz,
quando se trata de arte, do que o entusiasmo vindo dum sentimento vivo
e forte. O lento avanço dos veteranos tem mais poder do que a nervosa
corrida de recrutas inexperientes. O melhor trabalho que se faz no
mundo, tanto nas escolas como nas lojas e oficinas, é aquele realizado por
esforços calmos, firmes e persistentes de obreiros que sabem como
conservar afiados seus instrumentos e como levar cada esforço a atingir o
objetivo colimado.
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num território comum. À medida que escalamos cada um,
sucessivamente, muitos pontos do panorama, então contemplados de
suas elevações, veremos incluídos em diferentes vistas, mas sempre numa
nova luz e com novo horizonte. Novos agrupamentos nos revelarão novas
relações, e trarão à luz, para o cuidadoso estudante, novos usos e
aspectos. As repetições em si não são sem propósito, visto que servirão
para enfatizar os aspectos mais importantes da arte de ensinar, e farão
calar nos professores aqueles princípios que exigem atenção mui
freqüente.
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Capítulo 2
I: A LEI DO PROFESSOR
A Filosofia da Lei
2 Parece que não exige prova à afirmativa de que não podemos ensinar
sem saber, ou conhecer. Como pode uma coisa provir do que
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não existe, ou como pode a treva trazer luz? Afirmar-se esta lei parece
com o declarar um axioma; mas, o fato é que um exame mais
aprofundado nos revela que se trata duma verdade fundamental — a lei
do professor. Nenhuma outra qualificação é tão fundamental e tão
essencial. Se invertermos os vocábulos da lei, veremos outra verdade
importante: O que o professor ensinar, deve saber.
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causas que preenchem as idades e que modelaram o globo terráqueo.
Para aqueles professores a geografia é um capítulo da ciência e da historia
do universo. Assim também se dá com as verdades bíblicas; são de magro
significado para o leitor descuidado e para o professor que não estuda.
Mas constituem realidades brilhantes de verdade e riquezas de rara
significação, para todos quantos fazem convergir para os seus estudos as
luzes da história, da ciência e de todas as formas de experiências
registradas.
7. Mas a lei do professor vai ainda mais fundo. É preciso entender bem
claramente a verdade antes de se poder senti-la de maneira viva. Somente
os verdadeiros estudantes de qualquer ciência sentem-se entusiasmados
por ela. É a clareza de visão que inspira a maravilhosa eloquência do poeta
e do orador, e faz deles os professores de sua raça. Foi Hugo Miller, o
geólogo, quem teve olhos para decifrar e pena para escrever The
Testimony of the Rocks. Kepler, o grande astrônomo, tornou-se um
arrebatado, à medida que os mistérios dos astros se desvendavam diante
dele; e Agassiz não podia achar tempo para ganhar dinheiro com
preleções, por achar-se absorvido no estudo dos peixes do mundo antigo.
Mostrar-se-á frio e sem vida o professor que conhece mal ou
superficialmente aquilo que vai ensinar. Mas o mestre ardente de
entusiasmo, inconscientemente transmitirá aos discípulos o seu
conhecimento.
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Em alguns casos infelizes, vasto conhecimento vem desacompanhado
dessa capacidade de inspirar nos alunos o amor pelo estudo, e essa é uma
fatalidade para o ensino vitorioso, notadamente tratando-se de alunos
jovens. É melhor um professor com limitados conhecimentos, mas dotado
de poder estimulador junto a seus discípulos, do que um Agassiz sem isso.
5) Achar as relações que a lição tem com a vida dos aprendizes. O valor
prático da lição está fundamentado nessas relações.
10) Não deixar de buscara ajuda de bons livros que tratem do assunto de
suas lições. Comprar, tomar emprestado, ou pedir, se necessário, mas
conseguir, de algum modo, o auxílio dos melhores pensadores, o
suficiente ao menos para estimular o seu pensamento. Mas nunca ler sem
pensar. Se possível, conversar sobre a lição com um amigo inteligente;
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o encontro de ideias muitas vezes traz luz. Não podendo conseguir ajuda,
escrever suas ideias, pois que, expressando-as por escrito, poderá aclarar
seus pensamentos.
Violações e Enganos
3) Outros mestres passam pela lição como gato por cima de brasas. E
concluem que, embora não a tenham aprendido bem ou inteiramente, ou
talvez uma parte dela, já apanharam bastante material para encher o
período de aula, e podem, caso necessário, suplementar o pouco que
sabem com “conversa mole”, ou historinhas. Ou por falta de tempo ou de
ânimo para bem se prepararem, deixam de lado a ideia de ensinar e
enchem o tempo de aula com exercícios que lhes ocorrem na hora.
Esperam, pelo fato de a escola ser muito boa ou de fama, que os alunos
recebam algum benefício só por frequentá-la.
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Capítulo 3
II: A LEI DO DISCÍPULO
Segunda Lei:
O aluno deve dedicar-se com interesse à matéria a ser aprendida.
Descrição da Atenção
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objeto focalizado está ocupando todo o campo da consciência. Mas a
verdade é que se pode prestar atenção em vários graus de absorção ou
concentração. Pode-se permitir que a mente passe dum objeto para
outro, tomando cada estímulo passageiro um momento ou dois, até que
algo “prenda a atenção”; ou pode-se firmar resolutamente num certo
objeto e ainda ter consciência de que outros objetos tentam a pessoa
noutras direções - e ainda a pessoa pode ficar tão completamente
absorvida na contemplação dum dado objeto que os outros praticamente
deixam de existir para a consciência.
Existem, pois, três diferentes qualidades de atenção. Cada uma delas mui
importantes do ponto de vista do ensino e do aprendizado.
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Mas o veredicto geral da experiência humana confirma que não se
conseguem mui facilmente essas condições tão desejáveis; e, quando
alcançadas, haverá pouca necessidade tanto de professores como de
escolas. Parece ser verdade geral que esses interesses permanentes e
fortes só se compram a um preço, que é o esforço bastante intenso. Não
se pode, porém, admitir isso como regra invariável, pois que, sem dúvida,
existem alguns interesses dignos que em nós penetram com pouco
esforço — quase que obedecendo às linhas da menor resistência. Isso é
possível, mas também é possível a um navio, deixado à mercê dos ventos,
ser levado suavemente a um ancoradouro agradável e seguro. A
experiência humana no decorrer de muitas idades tem ensinado poucas
lições mais valiosas do que esta: o esforço, o sacrifício e a persistência são
as principais causas do êxito; e isto tem valor tanto para o êxito no
aprendizado, como nos negócios, na arte, nas descobertas e na indústria.
O homem que simplesmente deixa correr o barco, em qualquer que seja o
ramo da atividade humana, pode ser comparado à raridade dum navio,
que navega sem objetivo e chega a um porto seguro. É mui certo que
todos quantos conhecem bem as coisas e fatos pagaram bom preço por
isso, tanto em esforço mental como em trabalhos intelectuais para
aprender essas coisas e fatos — e esforço mental e trabalhos intelectuais
são apenas palavras outras para significar atenção viva.
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tal tópico como uma unidade de informação. Então se localizaria a
Palestina com referência ao seu lugar no globo terrestre, referindo-se
ainda aos países circunvizinhos ou limítrofes. Passaríamos depois à
descrever os aspectos naturais do país — suas montanhas, planícies,
mares, e rios — faríamos, também, referência ao clima, explicando-o,
talvez, com os vários fatores de latitude e longitude, ventos prevalecentes,
vizinhança de massas de água, deserto, etc. Em conclusão examinaríamos
o povo e os produtos da região. Já o método de problemas começaria de
maneira diferente. Procuramos interessar os alunos, convidando-os a
fazermos juntos uma viagem imaginária à Palestina. Como chegarmos
àquele país, como lá viveríamos e como viajaríamos por lá; como aquela
gente se veste, vive e trabalha; tudo isso, e muito outros problemas
subordinados criarão o que chamamos de a natural busca de informações,
que, à luz do método antigo, seriam apresentadas sistematicamente e um
tanto abstratamente.
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6. O conceito de que a mente humana é apenas um receptáculo em que
se empilham as ideias doutras pessoas é inteiramente errado A natureza
de nossa mente, até onde a podemos compreender, é constituída dum
poder, ou força, acionado por motivos. O relógio de parede pode bater as
horas, e suas batidas soarem aos nossos ouvidos e um objeto que passa
por nós pode desenhar sua imagem em nossos olhos, mas a mente
desatenta não ouve nem vê. Quem já não leu toda uma pagina dum livro
com os olhos, e ao chegar ao fim não pôde lembrar sequer uma ideia nela
exarada? Os sentidos fizeram seu trabalho, mas a mente esteve ocupada
com outros pensamentos.
Fontes de Interesse
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inspirado pelo gosto do professor para com o tema ou assunto ou matéria
e pelo estimulo dos condiscípulos ou colegas. Tudo isso toca a
personalidade do aluno, pois que há um apelo ao interesse próprio bem
esclarecido.
Empecilhos à Atenção
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Estudar por alguns instantes a fisionomia dos alunos, para ver se, de fato,
todos estão presentes corporal e mentalmente.
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compelir os alunos a que se dediquem à lição, é claro que ele só
despertará neles desgosto e não prazer em aprender.
Não admira, pois, que, com estas e outras violações da lei do ensino, as
nossas salas de aula se tornem lugares desagradáveis e nada atrativos Se
obedecer a essas leis é coisa de suma importância em nossas escolas
publicas, onde se exige a atenção das crianças, e onde professores
profissionais ensinam com plena autoridade da lei, mais necessário se faz
essa obediência nas escolas dominicais, onde a frequência e o
aprendizado são voluntários. O professor de escola bíblica dominical que
quiser alcançar os menores e mais ricos resultados no seu sagrado
magistério precisa dar o melhor de sua atenção e obediência a esta Lei do
Aluno. Deve estar cônscio da arte de chamar e prender a atenção, de
provocar genuíno interesse, e daí, certamente, se regozijará com a
frutificação do seu trabalho.
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Capítulo 4
III: A LEI DA LINGUAGEM
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5. A linguagem em sua forma mais simples é um sistema de sinais
artificiais. Suas palavras ou sinais separados podem não ter semelhança
alguma com as coisas que significam, e nenhum significado a não ser
aquele que arbitrariamente lhe conferimos. Uma palavra expressa uma
ideia somente para quem tem a ideia e aprendeu a palavra como o seu
sinal ou símbolo. Sem a imagem ou a ideia na mente, a palavra chega aos
ouvidos apenas como um som sem significado, um sinal de coisa
nenhuma. Ninguém tem mais linguagem do que aquilo que aprendeu. O
vocabulário do professor pode ser muitas vezes maior do que o do aluno,
mas as ideias da criança são representadas pelo seu vocabulário. E o
professor precisa entrar nessa esfera da linguagem da criança, se desejar
ser entendido. Fora desses limites, a linguagem do professor se
caracterizará pela ausência de significado, ou, talvez, por significado
pervertido, na proporção em que as palavras desconhecidas excederem às
conhecidas.
O Veículo do Pensamento
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mui ricas para o amadurecido, já de mente treinada. Assim, a palavra arte
pode significar engenho ou perícia para algumas mentes, e astúcia ou
manha, e arte mecânica, e ainda oficio ou profissão para outros; podendo
ainda significar hipocrisia. Para um Reynolds ou um Ruskin é também a
expressão de tudo que é belo na experiência humana e daquilo que há de
elevado na civilização. Refere-se à escultura, à pintura, a catedrais e a
tudo que há de lindo na natureza, nos panoramas, no céu, na terra e no
mar — a tudo quanto é pitoresco ou nobre na história e na vida — a tudo
que está escondido na natureza moral e estética do homem. As palavras
humanas são como navios carregados das riquezas de cada porto de
conhecimento que os seus possuidores têm visitado. Assim, as palavras
duma criança são como barcos de brinquedo, nos quais se colocam
noções simples que ela apanhou em sua breve experiência.
O Instrumento do Pensamento
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imperfeitamente. Nenhum ensino é completo se deixar de ser expresso de
maneira clara e inteligente. Isto quer dizer que devemos falar na
linguagem da criança, e não empregarmos mera repetição de definições já
feitas, e usar, então, vocábulos conhecidos.
11. Podemos avançar mais e dizer que conversar é pensar, visto que as
ideias devem, em tudo, anteceder às palavras, a não ser quando se
papagueie. Os mais úteis, e algumas vezes os mais difíceis processos de
pensamento são aqueles nos quais adaptamos as palavras às ideias. A
declaração completa e clara dum problema muitas vezes é a melhor
maneira de resolvê-lo. A principio as ideias se levantam de nós como
confusas massas de objetos numa nova paisagem; dispô-las em palavras e
sentenças claras e corretas é tornar familiar essa paisagem.
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a linguagem de nossos alunos, chamamos em nosso auxilio a experiência
que eles adquiriram. Novas palavras devem ser aprendidas quando se
tiver de dar nomes a novos objetos, ou surgirem novas ideias a serem
simbolizadas. Mas, se se tomar cuidado para que a ideia possa ser usada
na conversa, isso orientará e iluminará a percepção da criança em vez de
anuviá-la.
15. As-palavras não são o único meio pelo qual falamos. Há muitas
maneiras de expressar o pensamento. Os olhos, a cabeça, as mãos, os pés,
os ombros são, muitas vezes, usados para expressar bem inteligivelmente
o que pensamos. Entre os povos selvagens, cuja linguagem é mui precária
para atender às suas necessidades, gestos e atos simbólicos, muitas vezes,
tomam o lugar das palavras. Os gestos de alguns oradores
frequentemente falam mais do que as falas de outros. Também se fala
através de quadros. Desde os rudes esboços no quadro-negro às telas
mais notáveis e verdadeiras obras-primas, o ensino por representação
visual é suave e impressivo.
Violações e Enganos
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mencionarmos aqueles mestres que tentam encobrir sua ignorância ou
indolência com uma nuvem verborrágica — embora sabendo que os
alunos não vão entender mesmo, e ainda deixando de parte os mestres
mais ansiosos de fazer exibição de sua sapiência do que mesmo ensinar —
existem muitos mestres sinceros que se esforçam por ministrar lições
claras: e, conscientes de que assim cumpriram seu dever, acham que, se
os alunos não entenderam, isso se deu por falha deles — por voluntária
desatenção ou irremediável ignorância. Tais mestres nem sequer
suspeitam que tenham empregado palavras sem qualquer significado para
a classe, ou, que, às quais os alunos deram duplo ou errado sentido.
4) Pode muito bem ser que um vocábulo simples mas desusado, ou mal
entendido, tenha quebrado a ligação do sentido da frase, e ao professor
não ocorre restabelecer essa ligação. As crianças nem sempre pedem
explicações, desencorajadas, algumas vezes por medo do professor, ou
por vergonha de sua ignorância. O professor por sua vez se lhes lança em
rosto sua desatenção ou estupidez, quando, na verdade, seu raciocínio
não conseguiu ajudá-las a entender uma linguagem desconhecida.
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Capítulo 5
IV: A LEI DA LIÇÃO
A Filospfiada Lei
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8. Mas a filosofia dessa lei alcança ainda mais fundo. Deve-se recordar que
o conhecimento não é uma massa de fatos simples e independentes, mas
é constituído da experiência da raça cristalizada e organizada na forma de
fatos ligados a suas leis e relações. Os fatos estão ligados em sistemas,
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e associados por semelhanças duma sorte ou doutra. Cada fato conduz a
outro, e o explica. O velho revela o novo, e este confirma e corrige aquele.
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Para indivíduos estrangeiros conhecedores apenas de sua língua pátria o
norte-americano estaria perdendo o seu tempo, pois que as palavras dele
não teriam significado.
Engano análogo a esse é cometido pelo professor que pensa que apenas
com suas maneiras, com palavras cuidadosamente escolhidas e que lhe
são familiares, conseguirá transmitir suas ideias à compreensão dos
alunos, sem sequer procurar saber que conhecimento seus alunos têm do
assunto.
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16. A nossa discussão da lição será incompleta se não fizermos menção à
natureza do processo de pensamento aplicado à solução de problemas. O
vocábulo problema é coisa familiar ao professor, porque os problemas e
tarefas de cada dia de aula lhe são mui conhecidos. Mas consideremos,
agora, o problema num sentido diferente. Temos falado da lição e de sua
lei. Pensemos no processo de aprender lições como afim ao de resolver
problemas, como um processo em que o aluno enfrenta uma situação
real, cujo aprendizado ou domínio envolve a aplicação do seu pendor do
pensamento. Como deve ele pensar?
17. A velha noção que admite que, pelo fato de os alunos serem jovens e
imaturos, são incapazes de pensar de modo real é uma falácia. A miúdo,
os mestres creem que seus discípulos pensam apenas de maneira
simbólica, que reagem apenas a situações artificiais em que suas tarefas
consistem em realizar aquilo que os mestres querem, em vez de pensarem
por si mesmos de maneira real e independente. Isso não é verdade. E
embora o seja em alguns casos, é certo que a falha está no professor. A
verdade é que o poder de pensar é parte e parcela do equipamento
mental original da criança, e se desenvolve gradualmente, como as demais
capacidades. As situações que desafiam esse poder das crianças são
simples, mas não são menos reais. A diferença de pensamento entre a
criança e o adulto é apenas diferença de grau.
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enquanto a criança não sentir funda necessidade disso, enquanto ela não
vir que é essencial resolver um problema que é real e vital à sua
existência. Por certo, isso é exagerar, é extremismo. Mas não se deve
esquecer que o professor precisa conhecer os problemas da vida infantil e
utilizá-los, o quanto possível, em suas lições de modo tão rico quanto
significativo.
1) Descobrir o que seus alunos sabem do assunto que você lhes vai
ensinar. Este será o seu ponto de partida. Isto se refere não só ao
conhecimento do que traz o compêndio, mas também a toda informação
que eles tenham adquirido.
6) Dispor a sua apresentação de tal forma que cada passo duma lição
conduza fácil e naturalmente à lição seguinte.
10) Tornar familiar a seus alunos cada novo fato ou principio; procurar
firmá-lo e entrincheirá-lo de tal forma que possa utilizá-lo na explicação
do novo material da lição seguinte.
12) Tornar claro e familiar cada avanço, de modo que o progresso para o
passo seguinte se dê em todos os casos sobre terreno conhecido.
13) No que for possível, escolher os problemas que proporá aos alunos
tirando-os da experiência deles; assim aumentará você as possibilidades
de tais problemas serem reais e não artificiais.
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Erros e Violações
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Capítulo 6
A LEI DO PROCESSO DE ENSINO
1. Vimos já que este nosso estudo da arte de ensinar abrange essas quatro
partes: o professor, o aluno, a linguagem e a lição. Agora as veremos em
ação, e observaremos a conduta do professor e do seu aluno. As
discussões anteriores já focalizaram esses assuntos. Mas, como cada um
deles tem suas leis próprias, exige atenção mais cuidadosa do que até aqui
demos a cada um. Nas leis do professor e do aluno, vemos
necessariamente refletidas as ações de ambos. Mas, um agente e a sua
parte são facilmente separados no pensamento, e cada um possui aspetos
e característicos próprios.
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Estimular e dirigir as atividades do aluno, e, se possível, nada lhe dizer
do que ele possa aprender por si.
A Filosofia da Lei
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aquilo que elas acham ser mais útil à experiência da raça, organiza-o e o
oferece aos alunos através das facilidades de ensino. Oferece também aos
alunos tempo apropriado e sossegado para estudo, e, com seus livros e
outros materiais de educação, os resultados do trabalho de outras
pessoas, que servem como roteiros dos territórios a serem explorados, e
como trilhas batidas dos campos do conhecimento. O verdadeiro ensino,
portanto, não é aquele que dá conhecimento, e, sim, aquele que estimula
os alunos a ganhá-lo. Pode-se dizer que ensina melhor aquele que ensina
pouco. Ou, ensina melhor aquele cujos alunos aprendem mais sem serem
diretamente ensinados. Mas devemos reter em nossa mente que nestas
afirmativas epigramáticas estão contidos dois sentidos do vocábulo
ensino: um, o de simples falar; e o outro, o de criar as condições do
verdadeiro aprendizado.
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13. A diferença entre o aluno que trabalha por si e aquele que opera só
quando guiado, é tão clara que dispensa explanação. Um é agente livre e o
outro é uma máquina. O primeiro é atraído pelo seu trabalho, e
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mostra, e ouve o que se lhe diz, e avança quando o mestre avança, e para
quando ele para. Um movimenta-se por suas próprias energias, mas o
outro, por impulso emprestado. O primeiro é uma torrente das
montanhas, alimentada por mananciais vivos: já o segundo é um fosso
que recebe água duma bomba manejada por mãos alheias.
16. As duas principais fontes de interesse pelos quais a mente pode ser
despertada são: o amor de se conhecer por amor do próprio
conhecimento, isto é, pelo seu valor cultural; e o desejo de se conhecer
para usá-lo como instrumento na solução de problemas ou para se obter
outros conhecimentos. No primeiro acham-se misturadas a satisfação da
inata curiosidade que aspira conhecer a natureza real e as causas reais dos
fenômenos que nos cercam, a resposta às perguntas que muitas vezes nos
perturbam a mente, a libertação das apreensões que a ignorância faz
sentir na presença de mistérios da natureza, o senso de poder e liberdade
que o conhecimento traz quase sempre, o sentimento de elevação,
propiciado por mais este e mais aquele novo incremento de
conhecimentos, e “O regozijo na verdade” por causa de sua beleza e
sublimidade, ou por seu encanto e doçura moral, por seus apelos ao nosso
gosto pela justiça e equilíbrio, e pelo que é maravilhoso. Tudo isso entra
separadamente ou em mistura a fazer parte do apetite intelectual para o
qual apelam as varias formas de conhecimento, e que emprestam à leitura
e ao estudo a sua maior atração. Cada uma abre uma avenida pela qual a
mente pode ser alcançada e despertada pelo professor de mão-cheia.
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17. É evidente que esse múltiplo apetite mental deve variar em caráter e
intensidade conforme os gostos e conquistas dos alunos. Alguns amam a
natureza e as suas ciências de observação e experimentação; outros
gostam da matemática e se deliciam com os seus problemas intrincados;
outros mais preferem línguas e literatura; e outros, ainda, a historia e as
ciências que tratam dos poderes, feitos e destino dos homens. Cada
preferência especial cresce quando fomentada, e se torna absorvente à
medida que as aquisições avultam. As grandes obras-primas da arte, da
literatura e das ciências provieram desses gostos ou tendências inatas, e
em tudo isso “a criança é o pai do adulto”.
O Conhecimento e os Sentimentos
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24. A cláusula monitoria dessa lei que proíbe ao professor ajudar demais
os alunos não é coisa necessária ao professor que tem clara visão do seu
trabalho. Como um operário cuidadoso que conhece a força de sua
maquina, prefere o professor ficar junto do aluno e vigiar o
funcionamento dessa esplêndida máquina e maravilhar-se com a
facilidade, destreza e vigor dos seus movimentos. Só o professor
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27. A explanação que resolve tudo e põe fim a todas as questões costuma
também pôr fim a todo pensamento. Depois de se entender claramente
uma questão ou verdade, ou depois de se firmar um ato ou um princípio
estabelecido, permanecem, ainda, suas consequências, aplicações e usos.
Cada fato e verdade inteiramente estudados conduzem a outros fatos que
renovam as perguntas e demandam nova investigação. A mente alerta e
científica é aquela que jamais deixa de fazer perguntas e de buscar
respostas. O espírito científico é o espírito de incansável pesquisa e
inquérito. O tempo em que vivemos, de muito maior desenvolvimento nas
artes e ciências do que o passado é a época das grandes perguntas.
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Como as nossas outras leis, esta é uma que sugere também algumas
regras práticas ao ensino.
1) Adaptar as lições e as tarefas á idade e conquistas, ou progresso, dos
alunos. Crianças pequenas estarão mais interessadas naquilo que apela
aos sentidos, e especialmente a atividades; os mais maduros são atraídos
por problemas de raciocínio e de reflexão.
4) Estimular o interesse do aluno pela lição a ser dada, isso por meio duma
pergunta ou afirmativa que desperte indagação, ou pesquisa. Sugerir que
algo de valor então se descobrirá, caso a lição seja bem estudada; e então,
mais tarde, certificar-se de que o aluno busca a verdade a ser descoberta.
Este não gostará disso, pois sentirá que poderia ter respondido caso j você
lhe tivesse dado oportunidade, ou tempo.
9) Ter em mente que o seu dever capital é despertar a mente dos alunos,
e não descansar enquanto cada criança não revelar sua atividade mental,
fazendo perguntas.
10) Reprimir o desejo de dizer tudo quanto você sabe ou pensa sobre a
lição ou assunto. Se disser algo à guisa de ilustração ou explanação que
isso provoque nova pergunta.
11) Dar ao aluno tempo para pensar, depois de estar certo de que a mente
dele está trabalhando ativamente, e animá-lo a perguntar quando
embaraçado.
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Também o Onde, Quando, Por quem, e Qual o resultado de algo, o lugar, o
tempo, quais os agentes e as consequências do fato.
14. As aulas não devem esgotar um assunto, mas deixar tarefa adicional
que estimule os pensamentos e os esforços dos alunos.
Violações e Erros
2) É outro erro queixar-se da memória pelo fato de não guardar aquilo que
nunca entendeu. Para se recordar fatos ou princípios, é claro que a
atenção deve estar concentrada neles em tempo, e então haverá esforço
consciente para lembrar.
3) Uma terceira violação da lei provém do fato de o professor exigir pronta
e rápida recitação nas mesmas palavras do compêndio, e de, se faz uma
pergunta na classe, não dar tempo aos alunos para pensar. Se o aluno
hesita ou para por não haver ainda pensado, ou por aparente falta de
lembrança, a falta está no ensino de ontem que está a revelar hoje o seu
fruto. Mas se provém da vagarosidade do pensamento do aluno, ou da
real dificuldade do assunto ou lição, deve-se, então, dar tempo para
pensar mais. E, se o período de aula não o permite, que a resposta fique
adiada para a aula seguinte.
Capítulo 7
A LEI DO PROCESSO DA APRENDIZAGEM
A Filosofia da Lei
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verdadeiro aprendizado não é mero decorar ou repetir as palavras e ideias
do instrutor. A obra de educar, ao contrário do que comumente se
entende, é muito mais atuação do aluno que do professor. Esta ideia, que
apresentamos antes deste capitulo, é aqui agora reafirmada como
fundamental.
Primeira: Algumas vezes se diz que o aluno aprendeu a lição uma vez que
decorou e pode recitá-la ou repeti-la, palavra por palavra. Isso é tudo
quanto desejam muitos alunos, ou tudo quanto certos mestres exigem. E
estes acham que realizaram sua tarefa, já que os alunos reproduzem a
lição ao pé da letra, palavra por palavra! A educação seria coisa fácil e
barata, caso isso fosse ensino real e permanente.
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Dar a razão por que acredita nestas e naquelas coisas é melhor estudante,
bem como crente mais forte do que aquele que crê, mas não sabe por
quê. O verdadeiro estudante busca as provas. E grande parte da obra do
estudante da natureza é provar as coisas que descobre. O estudante da
Bíblia deve buscar descobrir por si se tais coisas são assim. Até o aluno
mais atrasado firmará bem sua posição na verdade, se vir a razão que tem
para isso. No buscar a prova, o estudante encontra muito conhecimento
pelo caminho, assim como o alpinista desfruta de panoramas cada vez
mais vastos à medida que sobe a píncaros mais elevados. O problema
particular que ele está atacando é então encarado como uma parcela do
grande império da verdade.
9. É certo que muitas lições não são aprendidas com essa inteireza tão
compreensiva, mas isso não altera o fato de que uma lição só é
verdadeiramente aprendida quando bem entendida e bem conhecida.
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ou movimento, ou de executarem uma obra ativa pode ser eficientemente
utilizado no treinamento deles. Quando a madureza se aproxima, as
pessoas passam a pensar mais e mais nas razões ou motivos, e daí o as
lições que mais as atraem serem as que suscitam perguntas e oferecem
conclusões.
11. Herman Krüsi, um dos melhores mestres, por ter sido um dos maiores
e mais compreensivos estudiosos de crianças, disse: “Toda criança que
tenho observado e estudado durante toda a minha vida tem passado por
certos períodos notáveis de indagação que parecem originar-se no seu
íntimo. Depois de passar da época inicial do balbucio e da gaguez para a
da fala correta, chegando à idade das perguntas, diante de cada fenômeno
a criança repete esta pergunta: 'Que é aquilo?' Se em resposta recebe o
nome duma coisa, isso a satisfaz por completo; não quer saber mais nada.
Passados meses, apresenta-se um segundo estágio, no qual a criança, â
primeira pergunta, acrescenta uma segunda: 'Por que aquilo é assim?' Tais
perguntas, para mim, têm grande significação, e muito tempo passei a
nelas meditar. Por fim tornou-se-me claro que a criança revelou o
verdadeiro e acertado método de desenvolver suas faculdades de
pensamento”. As perguntas de Krüsi pertencem principalmente ao
primeiro período do crescimento e educação; nos períodos posteriores
surgem outras perguntas.
5) Que a razão Por Que é sempre perguntada é para o aluno sentir que
você espera que ele dê a razão de suas opiniões. Mas, fazer também com
que ele entenda claramente que as razões devem variar com a natureza
da matéria que está estudando.
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Violações e Erros
3) O não insistir sobre o pensamento original por parte dos alunos é uma
das falhas mais comuns em nossas escolas.
Capítulo 8
A LEI DA RECAPITU LAÇÃO E DA APLICAÇÃO
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9. É certo que certa ocasião o grande Mestre lançou mão desse poder da
repetição, quando, por três vezes sucessivas, perguntou ao apóstolo
Pedro: “Tu me amas?” O coração do discípulo se aqueceu de modo
sobrenatural a essa poderosa reiteração, e, com memória e consciência
despertadas, apelou ao Mestre que desse testemunho da verdade do seu
amor e afeição por Ele.
10. Mas as repetições de uma recapitulação não devem ser feitas sempre
na mesma hora. São espalhadas por dias e semanas, e eis que surge um
novo elemento no cenário. O decorrer do tempo modifica o ponto de
vista. Em cada recapitulação vemos a lição dum novo ponto de vista. Seus
fatos apresentam uma nova ordem e são eles vistos em novas relações.
Assim, verdades que estavam sombreadas no primeiro estudo agora vêm
à luz. Quando subimos uma montanha, em cada vista que se vai
sucedendo, o olhar alcança o mesmo panorama, mas a posição do
observador sempre muda. As características do panorama são percebidas
em diferentes perspectivas, e cada vista sucessiva é maior, mais
compreensiva e mais completa que a anterior.
11. A mente humana não consegue suas vitórias num só esforço. Há uma
espécie de incubação mental que, de vez em quando, resulta numa
esplêndida descoberta. Os fisiologistas chamam a isso de cerebração
inconsciente, significando, com isso, que o cérebro avança a trabalhar sem
que o percebamos. E uma explicação mais fácil que a mente, sempre a se
desenvolver, alcança novas posições e obtém nova luz pela qual uma nova
verdade se torna visível. Uma nova experiência ou uma ideai recém-
adquirida serve de chave para a lição antiga, e aquilo que no estudo
anterior era escuro aclara-se e brilha na recapitulação.
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permanentemente se lembra e usa que é a medida correta do seu
progresso no assunto.
14. Não basta conhecer ou saber; é preciso, sim, conhecer para usar —
possuir o conhecimento de modo completo, como o dinheiro para os
gastos diários, ou como as ferramentas e materiais para a tarefa do dia —
este, sim, é o alvo do verdadeiro estudo. E essa prontidão de saber não se
adquire mediante um único estudo. Somente recapitulações frequentes e
completas podem propiciar essa firme aquisição e livre manejo da
herdade. Há uma destreza nas lides escolares assim como na execução de
trabalhos manuais, e tal destreza depende de hábitos; e o hábito é filho da
repetição.
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com novas declarações de outro autor. Uma verdade escriturística pode
ser revista com nova aplicação ao coração e à consciência ou ao
julgamento dos deveres e acontecimentos da vida.
20. Qualquer exercício pode servir para recapitulação para nos lembrar o
material a ser revisto. Uma das melhores e mais práticas formas de
recapitulação é recordar uma verdade ou fato aprendido e aplicá-lo de
algum modo. Nada como isso para fixá-lo na memória ou firmá-lo em
nossa mente. Assim, pode-se aprender a tabuada de multiplicar mediante
ordenadas repetições dos sucessivos fatores e produtos. Mas somente a
sua frequente repetição e emprego em computações diárias nos pode dar
o perfeito domínio dela, o que então se fará sem se precisar repetir.
Assim, também, no que respeita à mais vasta, maravilhosa e à mais
perfeita aquisição da mente humana — esses milhares de sinais das
palavras e dos idiomas de nossa língua materna, inteiramente artificiais —
nada, a não ser as incessantes repetições e recapitulações do seu emprego
diário, poderá melhor incuti-las em nossa memória e então fazer delas
hábitos mentais que vêm com as ideias que elas simbolizam e com as
quais marcham, como parte natural do processo do pensamento.
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5) Onde quer que se possa fazer de modo eficaz uma referência a lições
anteriores, deve-se aproveitar tal oportunidade para se projetar nova luz
sobre conhecimentos antigos ou anteriores.
10) A recapitulação final, que jamais deve ser omitida, deverá ser
compreensiva, geral, ou global, agrupando os diferentes tópicos do
assunto ou material, como num mapa, e ajudando-se o aluno a ter
completo domínio da matéria que aprendeu.
Violações e Enganos
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Conclusão
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químipas produzem os compostos, combinações ou misturas químicas,
bem como as leis da vida produzem o crescimento do corpo.