Direito Penal Parte Geral 1

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“É para frente que se anda, é para cima que se olha e é lutando que se conquista”

DIREITO
PENAL

2019
ronaldobandeira.com.br

MATERIAL DE APOIO
Curso Preparatório
Ronaldo Bandeira - Carreiras Policiais

@cursoronaldobandeira /ronaldobandeira
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DIREITO PENAL - PARTE GERAL

Princípios Constitucionais aplicáveis ao Direito Penal


➢ Legalidade

FUNDAMENTO:
1º do Código Penal
5º, XXXIX, da CF
OBS: Tal princípio pode ser encontrado no art. 1º do Código Penal, bem como no artigo
5º, XXXIX, da CF, que estabelece: “Não há crime sem lei anterior que o defina, nem
pena sem prévia cominação legal”
OBS: Esse princípio alega que só será considerado crime o que realmente está descrito
na lei penal incriminadora, prevalecendo-se da taxatividade, isto é, se está escrito na
lei é crime se não está escrito não é crime.

➢ Reserva legal

OBS: Normas penais incriminadoras somente por meio de lei formal em sentido estrito
(leis ordinárias). Salvo, normas penais NÃO incriminadoras (poderá medida
provisória).

➢ Anterioridade da lei penal

OBS: Este princípio fala que não haverá nenhum crime sem antes uma lei que o defina
tal conduta como um tipo penal incriminador
Princípio da Individualização da pena

FUNDAMENTO:
Art. 5º, XLVI da CF
Art´s. 5º, 8º, 41, XII e 92, parágrafo único, II, da LEP

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Art. 34 do CP
OBS: Tal princípio diz que no momento da condenação a pena deverá ser
individualizada levando em consideração as peculiaridades aplicadas a cada caso
concreto.
EX: Ao ser julgado 5 pessoas por organização criminosa, tráfico e roubo, cada membro
receberá uma pena diversa, pois no memento da aplicação o juiz irá levar em conta o
histórico de cada indivíduo, grau de periculosidade e a importância destes na
organização, devendo cada um receber a pena que lhe é devida.
O princípio em tela pode ser dividido em 3 etapas:
1-Fase in abstrato: O legislador fixa para cada conduta uma ou mais penas
proporcionais a importância do bem tutelado e a gravidade da ofensa
2-Individualização judiciária: É o momento em que o juiz faz aplicação da lei penal ao
ato em que o acusado cometeu, verificando, todavia, a pena mais adequada
3-Aplicação da sanção/executória/admnistrativa: É quando o magistrado que irá
fixar determinará o cumprimento individualizado.

➢ Princípio da Intranscendência da pena

FUNDAMENTO:
5º, XLV – CF
OBS: Esse princípio preconiza que somente o condenado poderá responder pelo fato
praticado, dessa forma se o condenado morrer no momento em que estiver cumprindo
a pena automaticamente gerará a extinção da punibilidade. É importante salientar que,
mesmo que o condenado tenha falecido deixando patrimônio a pena de multa não
passará aos seus herdeiros.
Princípio da limitação das penas ou da humanidade

FUNDAMENTO:
5°, XLVII

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OBS: A constituição federal em seu art. 5°, XLVII, de forma taxativa alega que não
haverá penas:
• Pena de morte, SALVO em caso de guerra declarada
• Pena de caráter perpétuo
• Pena de trabalhos forçados
• Pena de banimento
• Penas cruéis

➢ Princípio da inocência ou da não culpabilidade

FUNDAMENTO:
Art 5º, LVII – CF Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de
sentença penal condenatória
OBS: Esse princípio aduz que nenhuma pessoa deverá ser considerada culpada após o
transito em julgado da sentença penal condenatória, ou seja, sentença imodificável por
recurso, irrecorrível. Atualmente existe divergências no que tange ao cumprimento da
pena, uns dizem que após decisão de primeiro grau já pode o acusado começar a
cumprir pena, para o STF isso só será cabível após sentença de segundo grau.

➢ Princípio do contraditório e ampla defesa

FUNDAMENTO:
Art. 5º, LV e LVII – CF
OBS: Este princípio da as partes o direito de se defender de qualquer acusação que
estejam sofrendo podendo utilizar de todos os meios de provas admitidos no
ordenamento jurídico brasileiro. O contraditório dá ao indivíduo o direito de se
manifestar a respeito do lhe foi imputado, a ampla defesa dá o direito de valer-se de
todos os meios de provas admitido em direito bem como esgotar todos os meios
jurídicos necessários.

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Ler Súmula 707 STF


LEI PENAL NO TEMPO
FUNDAMENTO:
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que
outro seja o momento do resultado
No que tange a lei penal no tempo o Código Penal brasileiro adota a TEORIA DA
ATIVIDADE.

IMPORTANTE: É de grande valia conhecer as três TEORIAS existentes ATIVIDADE


(momento da ação/omissão).

• RESULTADO (momento que ocorreu o resultado).


• MISTA/UBIQUIDADE(no momento da ação/omissão OU no momento do
resultado) .
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-
se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em
julgado
A partir do Art. 2º, podemos extrair dois princípios fundamentais adotado pelo Código
Penal.
➢ RETROATIVIDADE DA LEI PENAL MAIS BENÉFICA

momento julgamento
EX: momento da ação/omissão
Lei A (MAIS SEVERA) Lei B (MAIS BENÉFICA) .

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EX: No exemplo acima temos a RETROATIVIDADE DA LEI PENAL MAIS


BENÉFICA, isto é, no momento do julgamento onde em tese esta vigorando a lei mais
benéfica está vai retroagir à data da AÇÃO/OMISSÃO para beneficiar o réu.

BIZU: Lei penal BENÉFICA RETROAGIRÁ MESMO QUE:


• Encerrado processo
• Sentença penal definitiva
• Execução penal
• Sentença penal condenatória transitado em julgado

OBS: A lei penal MAIS BENÉFICA atingirá também MEDIDA DE SEGURANÇA e


INFRAÇÃO PENAL
✓ INFRAÇÃO PENAL
✓ CRIME
✓ CONTRAVENÇÃO PENAL
✓ SANÇÃO PENAL
✓ PENA
✓ MEDIDA DE SEGURANÇA.

➢ IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL MAIS SEVERA/MALÉFICA

BIZU: SEMPRE QUE FOR MAIS MALÉFICO NÃO RETROAGE, ENTRETANTO, SÓ TERÁ
EFICÁCIA LEI MAIS GRAVE DO MOMENTO DO FATO EM DIANTE.
momento do julgamento
EX: momento da ação/omissão Lei A (MAIS BENÉFICA) Lei B (MAIS SEVERA)
EX: No exemplo acima temo o exemplo de IRRETROATIVIDADE DA LEI PELANL MAIS
SEVERA/MELÉFICA, ou seja, a lei mais MALÉFICA só atingirão condutas que
acontecerem a partir de sua vigência.

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LEI PENAL NO TEMPO

APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO


“Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime,
cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.”
Parágrafo único:” A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente,
aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada
em julgado”.

Trataremos aqui de alguns princípios básicos referentes à lei penal no tempo:

IRRETROATIVIDADE DE LEI PENAL


Princípio da Irretroatividade da Lei (Art. 5º, XL, CR). A lei penal não retroagirá,
salvo para beneficiar o réu.
Cumpre destacar que quando temos duas ou mais leis que tratem do mesmo tema,
porém de modos distinto, estaremos diante do CONFLITO DE LEIS PENAIS NO TEMPO.
Assim, teremos outros dois princípios para resolver esta questão:

✓ Irretroatividade da Lei mais severa

Ex: Lei A, já revogada, estabeleceu pena de 8 anos para um réu, e lei B, vigente, de
12 anos. Esta última não retroagirá.
NÃO HÁ ABOLÍTIO
CRÍMINIS

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Deve-se observar que há exceções, como, por exemplo, a aplicação da lei vigente
(mesmo que mais grave) aos crimes permanente e continuado, conforme preceitua a
Súmula 711 do STF; e nas leis penais intermitentes (temporária e excepcional).

✓ Retroatividade da Lei mais benéfica

Lei A, já revogada, estabelece pena de 12 anos e lei B, vigente, de 4 anos. Esta última
retroagirá.

Ex: Com a edição da Lei 11.343/06 (Lei de Drogas), o STJ entendeu aplicável aos
crimes de tráfico de entorpecentes praticados na vigência da Lei 6.368/76 a causa de
diminuição da pena prevista pelo Art. 33, § 4º, da nova lei, por se tratar de dispositivo
favorável ao réu. A Ministra Ellen Grace entende que não há essa possibilidade, sob pena
de ser criada uma terceira lei. A Ministra utilizou a expressão lex tertia, no julgamento do
HC 95435/RS.

ABOLITIO CRIMINIS
Lei nova passa a não mais considerar a conduta como criminosa
(descriminalização da conduta). Como, por exemplo, os antigos crimes de adultério,
rapto consensual e sedução.

CUIDADO PARA NÃO CONFUNDIR DESCRIMINALIZAÇÃO COM


DESPENALIZAÇÃO.
Descriminalizar é abolir a criminalização (tipificação), tornando a ação jurídico-
penalmente irrelevante. Já a despenalização é a substituição (legislativa ou judicial) da
pena de prisão por penas de outra natureza (restritiva de direito etc.). Portanto, se com
a descriminalização o fato deixa de ser infração penal (crime ou contravenção); com a
despenalização a conduta permanece criminosa.

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É comum que o candidato caia na pegadinha da banca quanto ao crime de uso de


drogas achando que tal conduta foi descriminalizada quando, na verdade, foi
despenalizada, mas isso nós discutiremos melhor na aula da lei 11.343.

CONTINUIDADE TÍPICO-NORMATIVA
Em alguns casos, embora a lei nova revogue um determinado artigo que previa um
tipo penal, a conduta pode continuar sendo considerada crime.

# Quando a Lei nova simultaneamente insere esse fato dentro de outro tipo penal.
# Quando, mesmo revogado o tipo penal, a conduta está prevista como crime em outro
tipo penal.
OBS.: FAZ CESSAR A PENA E OS EFEITOS PENAIS DA CONDENAÇÃO.

CRIMES PERMANENTES E CONTINUADOS


Já aprendemos que a teoria adotada pelo nosso Código Penal é a teoria da
ATIVIDADE. Isso implica em muitos aspectos da aplicação da lei penal, pois esta depende
da data do fato, que, como vimos, é a data da conduta.
Contudo, aos crimes permanentes, aplica-se a lei em vigor do momento da cessação
do delito, ou seja, se este crime durar seis meses, a lei a ser aplicada deverá ser a que
estiver em vigor neste exato momento. Podemos ilustrar esta situação no crime de
extorsão mediante sequestro.

O mesmo ocorre nos crimes continuados, hipótese em que se aplica a lei vigente à
época do último ato (crime) praticado, podemos visualizar o crime continuado na
atitude de um funcionário que todos os dias, no fim do expediente, subtrai algo de
sua empresa.

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Essa tese está consagrada pelo STF, através do enunciado n° 711 da súmula de sua
Jurisprudência:

ou da permanência.

Mas isso não ofende o princípio da irretroatividade da lei mais gravosa?


Não, pois neste caso, NÃO HÁ RETROATIVIDADE. Neste caso, a lei mais grave está
sendo aplicada a um crime que ainda está sendo praticado, e não a um crime que já foi
praticado.
Vamos ver isso na prática:

1) (CESPE) A regra do Código Penal é a retroatividade de lei mais gravosa.

(Errado)
COMENTARIO: Temos, via de regra, no código penal artigo 2º a irretroatividade da lei
penal, a retroatividade da lei mais benéfica, ultratividade de leis mais benéfica e a abolítio
criminis.
A lei, mesmo que revogada, deve ser aplicada ao caso concreto se for mais benéfica e o
agente cometeu o fato sob seu império.
A ultratividade de lei mais benéfica corresponde ao caso em que, no momento da ação,
vigorava a Lei “A”; entretanto, no decorrer do processo, entrou em vigência nova Lei “B”,
revogando a Lei “A”, tornando mais gravosa a conduta anteriormente praticada pelo
agente. Sendo assim, no momento do julgamento, ocorrerá a ultratividade da lei, ou seja,

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a Lei “A”, mesmo não estando mais em vigor, irá ultra agir ao momento do julgamento
para beneficiar o réu, por ser menos gravosa a punição que o agente receberá.

2) Pode o juiz combinar duas leis para beneficiar o réu?

(Errado)
COMENTÁRIO: Conforme já tratamos você pode entender que não! Nem mesmo para
beneficiar o réu porque isso caracterizaria um ato legislativo oriundo do Juiz, ou seja, o
Magistrado invadiria a competência do legislativo.

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LEI PENAL NO ESPAÇO

AULA 03 – LEI PENAL NO ESPAÇO

Fundamento Teórico
Art. 6° Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão,
no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
Vale a pena destacar a teoria adotada pelo CP

• Teoria da Atividade (LEI PENAL NO TEMPO) – Considera-se praticado o crime


no momento em que ocorreu a ação ou omissão ainda que outro seja o momento
do resultado.
• Teoria do Resultado - considera lugar do crime o do resultado/consumação.

ADOTADA • Teoria MISTA OU UBIQUIDADE – Pela teoria mista, conforme


PELO CP
previsto no CP, o lugar do crime pode ser dado tanto no lugar em que
ocorreu a ação ou omissão quanto no lugar onde se PRODUZIU ou
DEVERIA produzir o resultado.

ANALISE ESTA QUESTÃO COMIGO.

Um cidadão brasileiro expediu, de Rio Branco – AC, uma carta-bomba para Pablo, cidadão argentino
residente em Bogotá, Colômbia. Pablo morreu ao abrir o artefato em sua residência.

Nessa situação, e para os efeitos de eventual crime, o remetente não poderá ficar sujeito à lei penal
brasileira, mas sim à lei penal colombiana ou argentina, conforme disponham as legislações desses
países.

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GABARITO: Uma verdadeira salada nessa questão. Mas a partir de agora você não
cairá mais em pegadinhas da sua banca. Primeiro ponto a observar é que o autor do crime
se trata de um cidadão brasileiro que expediu uma bomba no território brasileiro. Ou
seja, a ação foi feita no Brasil e conforme o Art. 6° do CP. Considera-se praticado o crime
no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. Ademais,
vimos que pela teoria da UBIQUIDADE o lugar do crime é considerado onde se produziu
OU deveria produzir o resultado. Logo, aplica-se sim a lei penal brasileira visto que o Art.
5° Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional.
Ou seja, como regra, aplica-se a lei penal brasileira ao crime cometido no território
nacional. Vale destacar, todavia, a teoria adotada pelo código penal Brasileiro.

Fundamentação:
§ 1° Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as
embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo
brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no
espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§ 2° É também aplicável a lei penal brasileira aos crimes praticados a bordo de
aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em
pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto
ou mar territorial do Brasil.

• Territorialidade

✓ Temperada – Aplica-se lei penal brasileira ao crime cometido


no território brasileiro.

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✓ Conceito de território – Para efeitos jurídicos é considerado


como território nacional a área correspondente ao espaço
terrestre, subsolo, marítimo (12 milhas), fluvial e aéreo onde o
estado brasileiro é soberano.
✓ Territorialidade por equiparação (Art. 5, I) – Embarcações e
aeronaves brasileiras, PUBLICA OU PRIVADA, OU a serviço do
governo brasileiro, MERCANTES OU PRIVADAS, que se achem
no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.

OBS: Zona econômica exclusiva é diferente de mar territorial. Senão vejamos: ZEE define-se por
uma faixa de água que se inicia no mar territorial de um estado e finaliza a uma distância de 200
milhas náuticas.

Embarcação Onde quer que se


BRASILEIRA Pública encontre.
E aeronave brasileira
RESUMÃO PÚBLICA
FEROZ

Embarcação brasileira Em alto mar e no


PRIVADA e espaço aéreo
AERONAVE brasileira correspondente,
PRIVADA respectivamente

Embarcação No território nacional


estrangeira PRIVADA e
AERONAVE
estrangeira PRIVADA

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EXTRATERRITORIALIDADE

Extraterritorialidade
Considera-se extraterritorialidade á aplicação da lei penal brasileira a um fato
criminoso
que não ocorreu no território nacional. Esse fato pode ser

Princípio da Personalidade ou da nacionalidade

Divide-se em princípio da personalidade ativa e da personalidade passiva.


Pelo princípio da personalidade ativa, aplica-se a lei penal brasileira ao crime
cometido por brasileiro, ainda que no exterior. As hipóteses de aplicação deste
princípio estão previstas no art. 7°, I, “d” e II, “b” do CPB:

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:


I - os crimes:

(...)
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
(...)
II - os crimes:
(...)
b) praticados por brasileiro;
No primeiro caso, basta que o crime de genocídio tenha sido cometido por brasileiro para que
a lei brasileira seja aplicada, não havendo qualquer condição além desta.
No segundo caso (crime comum cometido por brasileiro no exterior), algumas condições
devem estar presentes, conforme preceitua o §2° do art. 7° do CPB:
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: (Incluído
pela Lei nº 7.209, de 1984)
a) entrar o agente no território nacional; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)

c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; (Incluído pela Lei nº
7.209, de 1984)
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; (Incluído pela Lei nº 7.209, de
1984)
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo
a lei mais favorável. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)

Desse modo, o crime, além de ter sido cometido por brasileiro, deve trazer as
características acima, ou seja: O fato deve ser punível também no local onde fora

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cometido o crime; deve o gente entrar no território brasileiro; O crime deve estar
incluído no rol daqueles que autorizam extradição e não pode o agente ter sido
absolvido ou ter sido extinta sua punibilidade no
estrangeiro.

Pelo princípio da personalidade passiva, aplica-se a lei brasileira aos crimes


cometidos contra brasileiro, ainda que no exterior. Nos termos do art. 7°, §3° do CPB:

§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se,
reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:

a) não foi pedida ou foi negada a extradição;


b) houve requisição do Ministro da Justiça.

Percebam que, além das condições previstas para a aplicação do princípio da


personalidade ativa, para a aplicação do princípio da personalidade passiva o
Código prevê ainda outras duas condições:
➢ Ter havido requisição do Ministro da Justiça
➢ Não ter sido pedida ou ter sido negada a extradição do estrangeiro que praticou o
crime.

PRESTE ATENÇÃO
Além das condições previstas para se aplicar o princípio da personalidade ativa,
precisa-se de mais duas condições na personalidade passiva, vejamos:

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PERSONALIDADE PASSIVA
PERS. ATIVA

REQUISIÇÃO DO MIN. DA
JUST

NÃO PEDIDA OU NEGADA


A EXTRADIÇÃO

PRINCÍPIO DO DOMICÍLIO

De acordo com este princípio, a lei brasileira é aplicada aos crimes cometido por
pessoa domiciliada no Brasil, não havendo qualquer outra condição. A lei Penal brasileira
traz em seu art. 7º, I, “d” a seguinte redação:

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:


I - os crimes:
(...)
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;”

Portanto, somente no caso do crime de genocídio será aplicado o princípio do


domicílio,
devendo ser aplicada a lei brasileira ainda que se trate crime cometido no estrangeiro
por agente
estrangeiro contra vítima estrangeira, desde que o autor seja domiciliado no Brasil.
Vale salientar que alguns autores entendem que ao genocídio cabe o princípio da
Justiça Universal.

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PRINCÍPIO DA DEFESA

Também conhecido como princípio da proteção, este princípio visa a garantir a


aplicação da lei penal brasileira aos crimes cometidos, em qualquer lugar e por qualquer
agente, mas que ofendam bens jurídicos nacionais. Está previsto no art. 7°, I, “a, b e c”:
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território,
de Município, de
empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder
Público;

c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;

Nesse princípio, é tratado a garantia de que um crime que seja praticado contra a
figura do Presidente da República não passe sem as devidas correções, pois o crime não
é contra a pessoa do presidente, mas sim contra toda a nação.
Ressalto ainda que os crimes que podem ser punidos de acordo com este
princípio não são quaisquer um, somente crime contra a vida ou a liberdade do
Presidente, ou seja, se o Presidente em viajem à Argentina, venha a ser furtado em seu
hotel, não poderá se recorrer a este princípio.
Perceba ainda que estas hipóteses dispensam outras condições, pois basta que
tenha sido o crime cometido contra os bens jurídicos citados acima, além disso, é de
muita importância lembrar que, mesmo que o agente já tenha sido condenado ou até
mesmo absolvido no exterior, este princípio será aplicado.
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou
condenado no estrangeiro.

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MAS E QUANTO AO BIS IN IDEM

Como já sabemos bis in idem é um termo que designa a ação de se punir alguém duas
vezes pelo mesmo erro, e para que seja evitado o cumprimento duplo de pena (bis in idem),
caso tenha sido o agente condenado no exterior, a pena a ser cumprida no Brasil será abatida
da pena cumprida no exterior, o que se chama DETRAÇÃO PENAL. Nos termos do art. 8° do
CPB:

Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime,
quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.

PRINCÍPIO DA JUSTIÇÃO UNIVERSAL.

Este princípio também é conhecido como princípio da justiça cosmopolita,


princípio da jurisdição mundial. Esse princípio rege normalmente os crimes em que o
Brasil se obrigou a reprimir em Tratados, independentemente do local onde foi
praticado, quem praticou ou contra quem foi praticado. Exemplo: tráfico internacional.

Tem previsão no art. 7°, II, a do CPB:

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:


(...)

II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; Como a previsão se
encontra no inciso II do art. 7°, aplicam-se as condições previstas no § 2°, como ingresso do
agente no território nacional, etc.

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PRINCÍPIO DA REPRESENTAÇÃO.

Também conhecido como princípio da bandeira ou do Pavilhão. Por este


princípio, aplica-se a lei penal brasileira aos crimes cometidos no estrangeiro, a bordo de
aeronaves e embarcações privadas, mas que possuam bandeira brasileira, quando, no país
em que ocorreu o crime, este não for julgado.

A previsão está no art. 7°, II, “c” do CPB:

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:


(...)
II - os crimes:
(...)
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território
estrangeiro e aí não sejam julgados.

QPP

A EMBAIXADA BRASILEIRA NA ARGENTINA É CONSIDERADO TERRITÓRIO DO


BRASIL?

NÃO! PORTANTO, A LEI QUE DEVE SER APLICADA NA EMBAIXADA, VIA DE REGRA
E PARA EFEITO PENAL, É A LEI DA ARGENTINA.

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TEORIA GERAL DO CRIME

Devemos iniciar está matéria entendendo o que é crime. O Crime pode ser
entendido sob três aspectos: Material, formal (legal) e analítico:

❖ Formal (legal) – Crime é a conduta prevista em Lei como crime. No Brasil, mais
especificamente, é toda infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou
detenção.

❖ Material – Crime é a conduta que afeta, de maneira significativa (mediante


lesão ou exposição a perigo), um bem jurídico relevante de terceira pessoa.

❖ Analítico – Adoção da teoria tripartida. Crime é composto por fato típico,


ilicitude e culpabilidade.

Agora que entendemos um pouco melhor o que é crime, vamos entender como ele se
divide:
Segundo a doutrina majoritária, o crime pode ser dividido em:

ILICITUDE

FATO TÍPICO CULPABILIDADE

CRIME

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Algumas doutrinas falam que o crime se divide em 2 partes: (FATO TIPICO +


ILICITUDE) sendo a culpabilidade apenas um pressuposto da punibilidade, outras dizem
que o crime se divide em 4 partes: (FATO TÍPICO + ILICITUDE + CULPABILIDADE +
PUNIBILIDADE) porém, ambos os entendimentos são minoritários.

Vamos agora destrinchar cada elemento do crime:

FATO TÍPICO E SEUS ELEMENTOS

O fato típico é o primeiro substrato do crime, ou seja, o primeiro


requisito/elemento do crime. Pelo conceito material, temos que o fato típico é um fato
humano indesejado norteado pelo princípio da intervenção mínima consistente numa
conduta produtora de um resultado e que se ajusta formal e materialmente ao direito
penal.
O fato típico também pode ser dividido em elementos:

Conduta humana

(pode-se encontrar doutrinadores que entendem ser possível a conduta de pessoa


jurídica) – Adoção da teoria FINALISTA: conduta humana é a ação ou omissão
voluntária dirigida a uma determinada finalidade.

Resultado naturalístico

Consiste em dizer que a conduta do agente provoca modificação no mundo real.


Apenas nos crimes materiais se exige um resultado naturalístico. Nos crimes
formais e de mera conduta não há essa exigência. Além do resultado naturalístico (que

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nem sempre estará presente), há também o resultado jurídico (ou normativo), que é
a lesão ao bem jurídico tutelado pela norma penal. Esse resultado sempre estará
presente.

Nexo de causalidade

Nexo é o elo entre a conduta do agente e o resultado. Nosso Código Penal adota a
teoria da equivalência dos antecedentes (causa do crime é toda conduta sem a qual o
resultado não teria ocorrido). Utilização do elemento subjetivo (dolo ou culpa) como
filtro, para evirar a “regressão infinita”. Adoção, subsidiariamente, da teoria da
causalidade adequada, na hipótese de superveniência de causa relativamente
independente que produz, por si só, o resultado.

OBS.: Teoria da imputação objetiva não foi expressamente adotada pelo CP, mas há
decisões jurisprudenciais aplicando a Teoria.

Só a titulo de curiosidade, esta teoria surgiu no mundo jurídico a partir da doutrina


de Roxin que, por meio de seus estudos, passou a fundamentar os estudos da estrutura
criminal observando os aspectos políticos do crime.

Para alguns doutrinadores a teoria da imputação objetiva consiste na fusão entre


a teoria causal, finalista e a teoria da adequação social, em contrapartida, há o
entendimento de que esta é uma teoria nova e revolucionária que conceitua que no
âmbito do fato típico, deve-se atribuir ao agente apenas responsabilidade penal, não
levando em consideração o dolo do agente, pois este, é requisito subjetivo e deve ser
analisado somente no que tange a imputação subjetiva.

É para frente que se anda, é para cima que se olha e é lutando que se conquista. 22
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Esta teoria determina que não há imputação objetiva quando o risco criado é
permitido, devendo o agente responder penalmente apenas se ele criou ou incrementou
um risco proibido relevante.

Sendo assim, ficamos tranquilo, caso a banca venha a mencionar tal teoria, você
terá entendimento para acertar a questão.

Tipicidade

Falamos em tipicidade quando comparamos a conduta do agente à conduta


descrita pela norma penal incriminadora (tipicidade formal). A tipicidade material é o
desdobramento do conceito material de crime: só haverá tipicidade material quando
houver lesão (ou exposição a perigo) significativa a bem jurídico relevante de terceiro
(afasta-se a tipicidade material, por exemplo, quando se reconhece o princípio da
insignificância). OBS.: Adequação típica mediata: Nem sempre a conduta praticada
pelo agente se amolda perfeitamente ao tipo penal (adequação imediata). Às vezes é
necessário que se proceda à conjugação de outro dispositivo da Lei Penal para se
chegar à conclusão de que um fato é típico (adequação mediata).

Ex.: homicídio tentado (art. 121 + art. 14, II do CP).

DOLO

Dolo é a vontade, livre e consciente, dirigida a produção do resultado (Eugênio


Zaffaroni).

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Art. 18 do CP:
Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Crime doloso (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; (Incluído pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

Crime culposo (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Essa vontade livre é o elemento VOLITIVO. (representado pela vontade do agente em


realizar a conduta típica, deve abranger a ação ou omissão, o resultado e o nexo causal.).

A vontade consciente é o elemento INTELECTUAL OU COGNITIVO. (é uma expressão


que está relacionada com o processo de aquisição de conhecimento (cognição). A cognição envolve
fatores diversos como o pensamento, a linguagem, a percepção, a memória, o raciocínio etc., que fazem
parte do desenvolvimento intelectual.).

O DOLO é dividido em: DOLO DOLO


DIRETO INDIRETO

DOLO DIRETO:
(ou determinado): o agente prevê um resultado, dirigindo sua conduta na busca
de realizá-lo. Já no dolo indireto ou indeterminado, o agente, com a sua conduta, não
busca resultado certo e determinado.

DOLO INDIRETO:
Se subdivide em:
A) Dolo alternativo: o agente prevê e quer um ou outro dos resultados
possíveis da sua conduta.

B) Dolo eventual: a intenção do agente se dirige a um resultado, aceitando,


porém, outro também previsto e consequente possível da sua conduta.

O dolo ainda pode ser NATURAL ou NORMATIVO:

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NATURAL: É o dolo adotado pelo Código Penal brasileiro, ele leva em conta a
existência fundamental da vontade consciente.

Atenção!
CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE não é elemento do dolo! Ela é analisada na CULPA!

NORMATIVO: É formado da consciência (percepção da realidade), vontade (querer


ou aceitação da conduta) e consciência da ilicitude (conhecimento do erro na conduta).
É acatado pelo sistema causal-naturalista da teoria do crime.

CULPA

CULPA.
O conceito de Culpa é abordado no Código Penal no artigo 18, inciso II, onde a
legislação procura diferenciar a conduta ilícita entre crime doloso e crime culposo. A
principal distinção se dá pelo fato do dolo ser movido pela intenção e vontade do agente
ao praticar o crime, assumindo os risos e consequências do resultado. Em contrapartida,
a culpa é baseada na falta de cuidado do agente ao praticar alguma conduta que produziu
um resultado não desejado, porém era previsível que acontecesse.

Artigo 18.

Diz-se o crime: I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.

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Pode se dar por:

• Negligência – O agente deixa de tomar todas as cautelas necessárias para que


sua conduta não venha a lesar o bem jurídico de terceiro.

• Imprudência – É o caso do afoito, daquele que pratica atos temerários, que


não se coadunam com a prudência que se deve ter na vida em sociedade.

• Imperícia – Decorre do desconhecimento de uma regra técnica profissional


para a prática da conduta.

A culpa ainda pode ser dividida em modalidades, vejamos:


CULPA CONSCIENTE E INCONSCIENTE:

• Culpa consciente, o agente prevê o resultado como possível, mas acredita que
este não irá ocorrer (previsibilidade SUBJETIVA). É a famosa frase: “Ih
FUDEU!”

EX: atirador de facas. O cara tem uma habilidade fenomenal, já faz isso há
anos, porém, determinada ocasião acaba por acertar uma de suas facas na
cabeça de sua assistente de palco. Pergunta: ele fez por querer? Não! E,
inclusive, por suas habilidades, ele acreditava veemente que nada poderia
acontecer de errado.

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ATENÇÃO
NÃO CONFUNDA CULPA CONSCIENTE COM DOLO EVENTUAL.

• PENSA QUE PODE EVITAR O


CULPA RESULTADO
CONSCIENTE • BOA FÉ
• IH FUDEU!

• NÃO SE IMPORTA COM O


DOLO RESULTADO
EVENTUAL • MÁ FÉ
• FODA-SE!

• culpa inconsciente, o agente não prevê que o resultado possa ocorrer (há
apenas PREVISIBILIDADE objetiva NÃO SUBJETIVA).

CULPA PRÓPRIA E IMPRÓPRIA:

• A culpa própria é aquela na qual o agente NÃO QUER O RESULTADO


criminoso. É a culpa propriamente dita. Pode ser consciente, quando o
agente preve o resultado como possível, ou inconsciente, quando não há essa
previsão.

• Na culpa imprópria, o agente quer o resultado, mas, por erro inescusável,


acredita que o está fazendo amparado por uma causa excludente da ilicitude
ou da culpabilidade. A culpa, portanto, não está na execução da conduta, mas
no momento de escolher praticar a conduta. Deriva de um erro de tipo
vencível (inescusável).

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EX: Um caçador que, estando na mata, atira em um arbusto que está se


mexendo pensando ser uma caça quando na verdade era um rapaz que ali se
escondia e acaba por matar o sujeito. O tipo penal descreve o homicídio
como: “matar alguém”, mas em momento nenhum o caçador queria matar
alguém, ele acreditava veemente que estava atirando em um animal.

OBS.: que redundou em resultado mais grave, embora a vontade do criminoso


fosse dirigida à prática menos grave (diz-se de crime); preterintencional. Acaba
por praticar crime mais grave, não com dolo, mas por culpa

O direito penal admite:


CONCORRÊNCIA DE CULPA: que consiste em analisar a parcela de culpa da vítima
na dosimetria de pena do réu.
Art. 59 CP:

O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente,


aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima,
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Critérios especiais da pena de multa
CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA: Também é levada em consideração pelo juiz para
a análise de pena do acusado.
Obs: A COMPENSAÇÃO DE CULPA não é aceita no Código Penal, não se pode excluir
a culpa de um em detrimento da culpa do outro.
EX: um rapaz embriagado em alta velocidade atropela um pedestre, também
embriagado, que atravessou o sinal verde. Levar-se-á em conta a culpa dos dois agentes.

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NEXO DE CAUSALIDADE

Estamos estudando que o FATO TÍPICO é quando uma conduta gera um resultado,
e o quê liga essas duas partes é o NEXO CAUSAL.

E o que seria este resultado?


Ele é dividido em:
NATURALÍSTICO: provoca alteração no mundo exterior.
EX: homicídio – uma vida deixa de existir (resultado no mundo exterior)
EX: Roubo – um bem deixa de estar com seu referido dono (resultado no mundo
exterior).

Crimes de mera conduta: não criam resultados no mundo exterior.


EX: posse de arma, este crime é de mera conduta pois não modifica nada no
mundo exterior.

JURÍDICO: Lesão ou perigo concreto de lesão ao bem jurídico.

Visto isso, podemos, enfim, adentrar ao estudo do Nexo de Causalidade.

TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS.


O nosso código penal, no tema “relação de causalidade”, adotou como regra, a de
teoria da equivalência dos antecedentes causais ou (da causalidade simples, ou “conditio
sine qua non”), considerando causa toda a ação ou omissão sem a qual o resultado não
se teria produzido.

TEORIA DE THYREN

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“Idealizado pelo sueco Thyrén, em 1894, este método é empregado· no campo


mental da suposição ou da cogitação: causa é todo fato que, suprimido mentalmente, o
resultado não teria ocorrido como ocorreu ou no momento em que ocorreu.” (SANCHES,
2016).

Em suma, esta teoria implica em observar quais condutas DE FATO levaram ao


resultado.
EX: Bandeirinha decide que quer matar P.M, para isso, pede emprestada a arma de
T.Rex, que por sua vez a empresta mesmo sabendo para qual finalidade. Bandeirinha
então pega o taxi do sr. Gugu e vai até a casa de P.M. e é recebido pela empregada Xuxeta,
que lhe abre a porta. Encontrando P.M. e descarregando a arma nele causando-lhe óbito
imediato.
Neste caso, temos que analisar quais condutas causaram o resultado (morte) de
P.M. Observe que a conduta do Sr. Gugu e da empregada Xuxeta, por mais que tenham
certo nexo, não foram causadas por dolo nem culpa, já a conduta de T.Rex, emprestar a
arma, está envolvida com o resultado.

REGRESSÃO AO INFINITO.
O problema da teoria da equivalência dos antecedentes causais- é o regresso ao
infinito, daí surge a teoria da imputação objetiva, que é o freio. Por isso, para se saber se
determinado aspecto é causa do resultado deve-se utilizar o processo de eliminação
hipotética de Thyrén.

CAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES;


Por sí só geram o resultado.
Art. 13. ,I, C.P.

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Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu
causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Superveniência de causa independente (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só,
produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. (Incluído pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

CAUSAS
ABSOLUTAMENTE
INDEPENDENTES

RELATIVAMENTE
INDEPENDENTE

ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE:
As absolutamente independentes não possuem qualquer vínculo com a conduta do
agente, ou seja, possuem uma origem totalmente divorciada da conduta delitiva e
ocorreriam ainda que o agente jamais tivesse agido. Por isso, trazem uma solução mais
simples e não podem, jamais, ser confundidas pelo intérprete, até porque seus exemplos
são clássicos e trazidos pela mais ampla doutrina. Possuem três modalidades, a saber:

1) Preexistente: é a causa que existe anteriormente à conduta do agente. Ex: "A"


deseja matar a vítima "B" e para tanto a espanca, atingindo-a em diversas regiões vitais.
A vítima é socorrida, mas vem a falecer. O laudo necroscópico, no entanto, evidencia
como causa mortis envenenamento anterior, causado por "C", cujo veneno ministrado
demorou mais de 10 horas para fazer efeito1;

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2) Concomitante: é a causa que surge no mesmo instante em que o agente realiza a


conduta. Ex: "A" efetua disparos de arma de fogo contra "B", que vem a falecer em razão
de um súbito colapso cardíaco (cuidado, não se trata de doença cardíaca preexistente,
mas sim de um colapso ocorrido no mesmo instante da conduta do agente!);

3) Superveniente: é a causa que atua após a conduta do agente. "A" administra dose
letal de veneno para "B". Enquanto este último ainda está vivo, desprende-se um lustre
da casa, que acaba por acertar qualquer região vital de "B" e vem a ser sua causa mortis.

RELATIVAMENTE INDEPENDENTE:
causas relativamente independentes, por sua vez, têm origem na conduta do
agente e, por isso, são relativas: dependem da atuação do agente para existir. Também
possuem três modalidades:

1) Preexistente: a causa existe antes da prática da conduta, embora seja dela


dependente. O clássico exemplo é o agente que dispara arma de fogo contra a vítima,
causando-lhe ferimentos não fatais. Porém, ela vem a falecer em virtude do agravamento
das lesões pela hemofilia.

2) Concomitante: ocorre simultaneamente à conduta do agente. Outro clássico


exemplo é o do agente que dispara arma de fogo contra a vítima, que foge correndo em
via pública e morre atropelada por algum veículo que ali trafegava.

Nessas duas hipóteses, por expressa previsão legal (art. 13, caput, CP), aplica-se a
teoria da equivalência dos antecedentes causais e o agente responde pelo resultado
naturalístico, já que se suprimindo mentalmente sua conduta, o crime não teria ocorrido
como e quando ocorreu. Assim, responde por homicídio consumado.

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A grande e essencial diferença aparece na terceira causa relativamente


independente:

3) Superveniente: aquela que ocorre posteriormente à conduta do agente. Neste


específico caso, torna-se necessário fazer uma distinção, em virtude do comando
expresso ao artigo 13, §1º, CP: A superveniência de causa relativamente independente
exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores,
entretanto, imputam-se a quem os praticou.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

Crime consumado: Todos os elementos da definição legal da conduta estão presentes.


• ITER CRIMINIS:

O Iter Criminis divide-se duas fases: uma interna e outra externa. Na fase interna,
está a cogitação. Já na fase externa, estão preparação, execução e consumação. É
importante perceber que nem todo crime percorre o iter criminis completo.

Pode não haver cogitação ou preparação, em alguns casos, enquanto outros crimes
não exigem consumação – como é o exemplo de uma tentativa de homicídio. Por isso, é
importante conhecer o Iter Criminis e suas fases, para compreender corretamente a
execução de um crime.

COGITAÇÃO
A cogitação de um crime é popularmente chamada de a “ideia” de cometer o
crime. A cogitação é o único elemento da fase interna do Iter Criminis, pois ocorre

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apenas na cabeça do agente. Quando ocorre, ela é sempre, por óbvio, a primeira
etapa de um crime.

Nem toda cogitação leva a um crime e nem todo crime precisa ter sido
previamente cogitado. As fases do Iter Criminis não são estáticas ou obrigatórias.

Direito à perversão
O direito à perversão é um tema tratado dentro da perspectiva da cogitação. Quando falamos
que nem toda cogitação leva a um crime, é importante considerar que a cogitação, por si só,
também não representa um crime. Nada impede que você tenha o desejo de matar alguém,
por exemplo. Você pode imaginar a situação, a arma utilizada e até mesmo deliciar-se
diariamente com a ideia deste assassinato. Desde que você não tome nenhuma medida para
que esta cogitação ocorra de fato, você não cometeu nenhum crime – e este é o direito à
perversão. Ele garante que ninguém seja punido por suas ideias.

PREPARAÇÃO
A preparação é o primeiro elemento da fase externa do Iter Criminis. Ela também
não é obrigatória na execução de um crime.

A preparação, como o próprio nome indica, ocorre quando o agente começa a


tomar as medidas necessárias para que o crime possa ocorrer.

Comprar a arma do crime, dispor os elementos necessários, estudar o local ou a


pessoa, comprar equipamentos diversos e quaisquer outros atos que sejam voltados
especificamente para o cometimento daquele crime fazem parte desta etapa.

O arrependimento durante a preparação de um crime, assim como o impedimento


de um crime durante a preparação garantem que o agente não seja punido por um crime.

Não se esqueça! Os atos preparatórios não são responsabilidade, porém, o


legislador, previu no texto da lei alguns atos preparatórios como um crime autônomo que

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são punidos, como a exemplo do crime de petrechos para falsificação de moedas e o crime
de associação.

Veja um exemplo de prova:


“Uma esposa contrata um pistoleiro para matar seu marido quando ele sair de casa
as cinco da manhã. A esposa e o pistoleiro se reúnem em um bar as 23h do dia anterior e
na mesa ao lado há um policial que presencia a conversa e a esposa entregando o dinheiro
ao pistoleiro. Sendo assim, o policial dá vós de prisão a ambos por tentativa de homicídio.
O policial agiu certo ou errado?

Errado! O policial não poderia ter realizado esta prisão em flagrante por que
preparar um homicídio não é crime!

EXECUÇÃO
A execução, obviamente, é o momento em que o crime é, de fato, praticado. É
importante levar em conta que a separação entre a preparação e a execução nem sempre
são estabelecidas de forma muito clara.

Para realizar a distinção, a doutrina costuma utilizar um critério misto. Considera-


se início da execução o primeiro ato realizado que seja capaz de levar à consumação do
crime e que o agente compreenda como um passo nesta direção.

CONSUMAÇÃO

A consumação é a última fase do Iter Criminis, quando ele chega ao fim. É quando
ocorre o resultado do crime. No caso do homicídio, a consumação é a morte da vítima.

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Para que um crime ocorra, não é necessário que haja consumação. Uma execução
falha também é considerada um crime, mesmo que não gere os resultados esperados pelo
agente.

COGITAÇÃO PREPARAÇÃO EXECUÇÃO CONSUMAÇÃO

EXAURIMENTO NÃO É UMA DAS FASES DO


CRIME, SÃO APENAS CONSEQUÊNCIAS QUE
SURGEM APÓS A CONSUMAÇÃO

Neste ponto, vale recordar o que é crime formal e material.

intenção do agente é presumida de seu


próprio ato, que se considera
consumado independentemente do
resultado
• FORMAL

(de resultado) é aquele que descreve a


conduta cujo resultado integra o
próprio tipo penal. A não ocorrência
do resultado configura tentativa. O
conceito de crime
material contrapõe-se aos conceitos
de crime formal e de crime de mera
conduta .

• MATERIAL

É importante, também, saber sobre a diferença de crime tentado para o crime


consumado. Vejamos:

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Crime tentado: há crime tentado quando o resultado não ocorre por


circunstâncias alheias à vontade do agente. Adoção da teoria objetiva da punibilidade
da tentativa: como regra, o agente responde pela pena do crime consumado, diminuída
de um a dois terços. EXCEÇÃO: (1) crimes em que a mera tentativa de alcançar o
resultado já consuma o delito. Ex: art. 352 do CP (Evasão mediante violência contra a
pessoa); (2) outras exceções legais.

Tentativa perfeita: (ou acabada ou crime falho): quando o agente faz TODOS OS
ATOS executórios, porém não consegue consumar por circunstâncias alheias a sua
vontade.

Tentativa imperfeita: (ou inacabada) INICIADOS OS ATOS executórios, o agente


não consegue esgotá-lo.
Tentativa BRANCA: Incruenta, não deixa lesões (o objeto desejado não é
alcançado).

Tentativa VERMELHA : Cruenta, deixa lesões (o objeto desejado é alcançado).

Desistência voluntária - Na desistência voluntária o agente, por ato voluntário,


desiste de dar sequência aos atos executórios, mesmo podendo fazê-lo. FÓRMULA DE
FRANK: (1) Na tentativa – O agente quer, mas não pode prosseguir; (2) Na desistência
voluntária – O agente pode, mas não quer prosseguir. Se o resultado não ocorre, o agente
não responde pela tentativa, mas apenas pelos atos efetivamente praticados.
PONTE DE OURO

Haverá desistência voluntária ainda que o agente desista com a intenção de


voltar depois!
Arrependimento eficaz: Aqui o agente já praticou todos os atos executórios que
queria e podia, mas após isto, se arrepende do ato e adota medidas que acabam por

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impedir a consumação do resultado. Se o resultado não ocorre, o agente não responde


pela tentativa, mas apenas pelos atos efetivamente praticados.

PONTE DE OURO

Arrependimento posterior: Não exclui o crime, pois este já se consumou. Ocorre


quando o agente repara o dano provocado ou restitui a coisa. Consequência: diminuição
de pena, de um a dois terços. Só cabe:

PONTE DE PRATA

• Nos crimes em que não há violência ou grave ameaça à pessoa;


• Se a reparação do dano ou restituição da coisa é anterior ao recebimento da
denúncia ou queixa.

Crime impossível (tentativa inidônea ou crime oco) – o resultado não ocorre


por ser absolutamente impossível sua ocorrência, em razão: (1) da absoluta
impropriedade do objeto; ou (2) da absoluta ineficácia do meio. Adoção da teoria
objetiva da punibilidade da tentativa inidônea: a conduta do agente não é punível.

• Impropriedade absoluta do OBJETO


EX: mulher que compra remédio para abortar, mas não está gravida
EX: pessoa que dá tiro de pistola de arma em outra pessoa para matá-lo.

• Ineficácia absoluta do MEIO.


EX: mulher quer abortar, mas usa pílula de farinha para isso.

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CAUSA DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE

Neste bloco vamos iniciar o estudo das EXCLUDENTES DE ILICITUDE.


Anteriormente vimos que a conduta deve ser considerada um fato típico o que faz o
primeiro elemento do crime ser acionado. Contudo, não é o suficiente pois esta conduta
também precisa ser ilícita perante o direito. Desse modo, a antijuridicidade (ou
ilicitude) é a condição de contrariedade da conduta perante o Direito.

Um fato relevante é entender que, estando presente o fato típico, presume-se


presente a ilicitude, cabendo ao acusado comprovar a existência de uma das causas de
exclusão da ilicitude. Percebam, assim, que uma das funções do fato típico é gerar uma
presunção de ilicitude da conduta, que pode ser desconstituída diante da presença de
uma das causas de exclusão da ilicitude.

As causas de exclusão da ilicitude podem ser:


✓ Genéricas – Estão elencadas no art. 23 do Código Penal e se aplicam a todos os
crimes.

✓ Específicas – São aquelas que são próprias de determinados crimes, não se


aplicando a outros. Por exemplo: Furto de coisas comum, previsto no art. 156, §2°.
Nesse caso, o fato de a coisa furtada ser comum retira a ilicitude da conduta. Porém,
só nesse crime!

ESTADO DE NECESSIDADE

Está previsto no art. 24 do Código Penal:

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Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de


perigo atual, que não
provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio,
cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se

O Brasil adotou a teoria unitária de estado de necessidade, que estabelece que


o bem jurídico protegido deve ser de valor igual ou superior ao sacrificado,
afastando-se em ambos os casos a ilicitude da conduta.

O exemplo mais clássico que cai em provas é aquele que fala sobre dois indivíduos
dentro de um avião em queda livre, e neste avião há somente um paraquedas, eis que um
indivíduo mata o outro para garantir que consiga pegar o paraquedas e salvar a sua
própria vida.
Veja que aqui o valor dos bens jurídicos é o mesmo (vida x vida), caso o bem que
se tenha protegido fosse de valor inferior ao bem sacrificado, o agente responde pelo
crime, porém, com pena diminuída conforme o art. 24 parágrafo 2º do CP.

Os requisitos para a configuração do estado de necessidade são basicamente dois:


✓ a existência de uma situação de perigo a um bem jurídico próprio ou de terceiro.
✓ b) o fato necessitado (conduta do agente na qual ele sacrifica o bem alheio para
salvar o próprio ou do terceiro).

Entretanto, a situação de perigo deve:

➢ Não ter sido criada voluntariamente pelo agente (ou seja, se foi ele
mesmo quem deu causa, não poderá sacrificar o direito de um terceiro a
pretexto de salvar o seu). EXEMPLO: O agente provoca ao naufrágio de um
navio e, para se salvar, mata um terceiro, a fim de ficar com o último colete
disponível. Nesse caso, embora os bens sejam de igual valor, a situação de
perigo foi criada pelo próprio agente, logo, ele não estará agindo em estado
de necessidade.

➢ Perigo atual. O perigo deve estar ocorrendo. A lei não permite o estado de
necessidade diante de um perigo futuro, ainda que iminente;

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➢ A situação de perigo deve estar expondo a risco de lesão um bem jurídico


do próprio agente ou de um terceiro.

➢ O agente não pode ter o dever jurídico enfrentar o perigo.

➢ Ser conhecida pelo agente – O agente deve saber que está agindo em
estado de necessidade (elemento subjetivo).

➢ Não pode alegar estado de necessidade se for o causador da situação de


perigo. (há doutrina que fala que só não pode alegar o agente que age com
DOLO, em caso de CULPA poderia).

Estado de necessidade de estado de necessidade.

Existe, podemos exemplificar com um caso concreto. Imagine que em um barco só


possua um colete e há dois tripulantes, o barco começa a afundar e o tripulante A, para
garantir sua salvação, parte para cima de B e este, por sua vez, se defende e pensando a
mesma coisa, que precisa lutar pela sua vida, revida e acaba por matar o tripulante A.
Neste caso, resta configurado o estado de necessidade mediante a outro estado de
necessidade.

Estado de necessidade contra animal.

É extremamente comum o candidato achar que existe LEGÍTIMA DEFESA contra


animal, mas quem age contra animal se encontra em ESTADO DE NECESSIDADE.
EX: caçador que para defender seu rebanho atira em uma onça que está preste a
atacar.

É para frente que se anda, é para cima que se olha e é lutando que se conquista. 41
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ATENÇÃO! Caso o animal esteja sendo utilizado como INSTRUMENTO para atacar
alguém, e esse alguém mata o animal estará em LEGÍTIMA DEFESA, pois neste caso o
animal é mero instrumento do crime cometido por uma pessoa.

ESTADO DE NECESSIDADE AGRESSIVO:


Bem jurídico lesado é de 3º inocente!
EX: pessoa que, para fugir de assalto, quebra o portão da casa do vizinho.

ESTADO DE DEFENSIVO:
Bem jurídico lesado é do causador da situação do perigo.
EX: o vizinho deixa o seu Pit Bull soltar da coleira e este vem na sua direção, para
se proteger, você mata o cachorro.

LEGÍTIMA DEFESA

Na injusta agressão.
Precisa ser crime? Não, a exemplo de alguém que tranca o seu carro em uma vaga
apertada e você precisa urgentemente sair pois está atrasado para a prova do concurso,
é claro que você não pode atirar na pessoa (seria desproporcional), mas é legítima defesa
caso você cause um dano no carro da pessoa que lhe trancou.

Agressão atual ou iminente.

Deve estar prestes a acontecer ou estar acontecendo, sendo assim, não há legítima
defesa de algo passado tampouco de algo que vai acontecer no futuro, ex: uma ameaça de
morte.
Não há necessidade de que o fato seja atual como acontece no estado de necessidade
bastando que seja iminente.
Também não precisa ser agressão à própria pessoa, sendo aceito legitima defesa
contra agressão a terceiros.

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Os meios utilizados para cessar a agressão devem ser moderados, sendo punível o
excesso, seja ele doloso ou culposo.
O agente deve saber que está agindo em legítima defesa, ou seja, deve conhecer a
situação que justifique e agir com intenção de defesa (animus defendendi).

OBSERVE COMO CAI EM PROVA

1) Em um duelo de armas à moda antiga, a pessoa que aceitou o desafio, ou seja, foi
desafiada, pode alegar legitima defesa?
ERRADO. Nenhum dos dois poderá alegar legítima defesa, nem mesmo quem
foi desafiado pois aceitou o desafio, ambos agem em injusta agressão.

2) Em uma dada época, Paulo ameaçou João de morte, porém foi preso antes que
pudesse realizar o fato. Anos depois, Paulo sai da cadeia e João fica sabendo, eis
que João acaba por encontrar com Paulo em uma esquina, este caminha em
direção a João com as mãos para trás, João, por sua vez, saca sua arma e dispara
contra Paulo, ao se aproximar de Paulo, percebe que ele só estava carregando
flores para pedir desculpas a João. Neste caso, há legitima defesa?
ERRADO. Neste caso há o que a doutrina chama de legítima defesa putativa,
ou seja, não houve nenhuma agressão real ou iminente, apenas no imaginário de
João devido a uma ameaça antiga.
A legítima defesa putativa não é causa de exclusão da ilicitude, ela será ou
causa de exclusão do fato típico (porque é um erro de tipo, é a falsa percepção da
realidade), ou será causa de exclusão da culpabilidade.

3) No mesmo caso acima apresentado, se Paulo, ao perceber que João pegara a arma,
atirasse para se defender estaria em legitima defesa?
CERTO. Isso se chama legítima defesa real de legítima defesa putativa.

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4) Um assaltante tenta bater a carteira de um cidadão, só que não contava que ele
era lutador de MMA, o lutador domina o assaltante que para de reagir na mesma
hora, porém, o lutador não para de bater no assaltante, momento este em que o
assaltante começa a revidar para se defender. Há, neste caso, legítima defesa
aplicada pelo assaltante?
CERTO. Dá se o nome de legítima defesa sucessiva, pois o lutador estava
agindo em excesso.

ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL

Nos termos do art. 23, III do CP:


Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
(...)
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

Veja-se assim, que a lei penal apenas menciona o instituto, mas não o conceitua,
deixando a cargo da doutrina fazê-lo.

Nas palavras do Professor Rogério Sanches: "Os agentes públicos, no desempenho


de suas atividades, não raras vezes, devem agir interferindo na esfera privada dos
cidadãos, exatamente para assegurar o cumprimento da lei. Essa intervenção redunda
em agressão a bens jurídicos como a liberdade, a integridade física ou a própria vida.
Dentro de limites aceitáveis, tal intervenção é justificada pelo estrito cumprimento de
um dever legal".
Assim, o Policial tem o dever legal de manter a ordem pública. Se alguém
comete crime, eventuais lesões corporais praticadas pelo policial (quando da
perseguição) não são consideradas ilícitas, pois embora tenha sido provocada
lesão corporal (prevista no art. 129 do CP), o policial agiu no estrito cumprimento
do seu dever legal.

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Um particular pode agir em estrito cumprimento do dever legal? Sim, a exemplo


temos o advogado que pode se recusar a testemunhar em um caso que conheceu no
exercício da função, não pratica crime, pois está cumprindo seu dever legal de sigilo,
previsto no estatuto da OAB.

EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO

Como vimos acima, sua previsão está no artigo 23, III, do CP juntamente
com o estrito cumprimento do dever legal.
Desse modo, quem age no exercício regular de direito não pode ser
considerado um criminoso, pois é um direito oriundo da letra da lei, sendo assim,
o direito deve estar previsto em lei o que não abarca os costumeis locais,
entendimento da Doutrina majoritária

EXEMPLO:
• Pugilista que desfere socos e causa lesão corporal em seu adversário
age em exercício regular de um direito legal da prática do esporte
• O médico que faz uma incisão para realizar um procedimento
cirúrgico também lesiona seu paciente, mas, do mesmo modo, não
responderá pela lesão.
• O poder familiar é outro exemplo de exercício regular de um direito,
dessa maneira, um pai que tranca em casa um filho de 8 anos que está
querendo sair de casa à noite não comete o crime de cárcere privado.

OBSERVE ESTA QUESTÃO.

Um ladrão escalando um muro, toma um choque na cerca elétrica o que é


considerado?

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Observe que, no momento do choque, não está configurado exercício regular de


um direito, pois este instituto se configurou no momento em que o proprietário do
imóvel resolveu proteger seu patrimônio com a instalação da cerca elétrica. Logo, no
momento em que o ladrão toma o choque, o que ficou considerado foi a legítima defesa,
que os doutrinadores chamam de LEGÍTIMA DEFESA PREORDENADA.

A QUESTÃO QUE SEMMMMMPRE CAI EM TODAS AS BANCAS

Assaltante que troca tiros com os policiais vem a morrer, os policiais agiram em?
a) Estado de necessidade
b) Estrito cumprimento de um dever legal
c) Exercício regular de um direito
d) Legítima defesa

Muitos erram por que partem da lógica de que o policial está em exercício e
marcam a letra “b”, mas caro aluno, onde está escrito que matar alguém é estrito
cumprimento de um dever legal? No ordenamento jurídico brasileiro, a única hipótese
em que se autoriza matar é em caso de guerra declarada.
Temos neste caso, uma LEGÍTIMA DEFESA, letra “d”, pois como o assaltante estava
disferindo uma injusta agressão, o policial agiu para defender seu bem jurídico, a vida.

Consentimento do ofendido
O consentimento do ofendido é causa SUPRALEGAL, de acordo com entendimento
doutrinário, não está expressamente previsto no CP como causa de exclusão da
ilicitude.
Neste caso, o bem deve ser DISPONÍVEL.
EX: a honra, tem amigos que se xingam de modo carinhoso, sem a menor intensão de
ofender, não configura injúria. Do mesmo modo, o caso uma pessoa que pede para outra
dar-lhe uma facada não configura consentimento por que a vida é um bem
indisponível.

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CULPABILIDADE

Este é o último elemento do crime.


OS FATOS QUE EXCLUEM A CULPABILIDADE NÃO EXCLUEM O CRIME, COMO ACONTECE NA EXCLUSÃO
DO FATO TÍPICO E DA ILICITUDE (ANTIJURIDICIDADE), ELES ISENTAM DE PENA O ACUSADO.

Nas palavras de Rogério Greco, “Culpabilidade é o juízo de reprovação pessoal que


se realiza sobre a conduta típica e ilícita praticada pelo agente” (GRECO, Rogério. Curso
de Direito Penal – Parte Geral. Vol.1, p. 379). Em outras palavras, culpabilidade é o juízo
de reprovação de determinada conduta, assim, não basta que a ação seja típica e ilícita,
é necessário que também haja uma reprovabilidade em relação aquele comportamento.

A culpabilidade é dividida em três elementos, conforme a teoria normativa pura,


quais sejam:

IMPUTABILIDADE
;

culpabilidade

Potencial
exigibilidade
consciência
de conduta
sobre a
diversa
ilicitude

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Analisaremos cada um individualmente:

a) IMPUTABILIDADE:
É a capacidade de entender o caráter ilícito do seu ato e de se determinar de
acordo com esse entendimento.

Para que haja a configuração da capacidade de culpabilidade é necessário


observar dois momentos, o primeiro é cognoscível ou intelectual e o segundo o volitivo
ou de vontade, ou seja, a capacidade de compreensão do delito e a determinação da
vontade conforme tal compreensão.

O Código Penal no art. 26 diz:

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento


mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.

Com a leitura do artigo é possível verificar que corresponde exatamente aos dois
momentos mencionados anteriormente.

Deste modo, para concluir pela imputabilidade do agente deve-se observar se o


mesmo era portador de alguma doença mental ou se possuía o desenvolvimento mental
incompleto ou retardo, e se ao tempo do fato, detinha incapacidade de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

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Por essa razão, restou-se demonstrado que o Código Penal adotou o


critério biopsicológico.

Conforme Rogério Greco, O critério biológico, portanto, reside na aferição da


doença mental ou no desenvolvimento mental incompleto ou retardado. Contudo,
mesmo que comprovado, ainda não será suficiente a fim de conduzir à situação de
inimputabilidade. Será preciso verificar se o agente, era, ao tempo da ação ou da
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
de acordo com esse entendimento (critério psicológico).

A escolha do legislador foi pela adoção dos dois critérios, simultaneamente,


surgindo, com isso, o critério biopsicológico.

Nos casos em que se provar a inimputabilidade do agente, conforme os critério


mencionados anteriormente, o juiz deverá absolver, nos termos do art. 386,
inciso VI do CPP, aplicando uma medida de segurança, trata-se da espécie de absolvição
imprópria.

O Parágrafo único do art. 26 do CP diz que:

Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em


virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto
ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou
de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Nesse caso haverá uma redução de pena de um a dois terços e a diferença em


relação ao caput do artigo 26 é que enquanto no caput o agente deve
ser inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de

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acordo com esse entendimento, no Parágrafo único o agressor não era


inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento. Em grosso modo, o caso do Parágrafo único é quando o autor
possui um pouco de consciência da ilicitude de sua conduta.

Por fim, a outra possibilidade de inimputabilidade é a questão da maioridade


penal. Tanto o art. 228 da Constituição Federal de 1988 quanto o
art. 27 do CP estabelecem que os menor de 18 anos são inimputáveis, ficando sujeitos
às normas estabelecidas pela legislação especial, qual seja a Lei 8.069/90 – Estatuto da
Criança e do Adolescente.

b) POTENCIAL CONSCIÊNCIA SOBRE A ILICITUDE DO FATO:

A potencial consciência da ilicitude é o elemento da culpabilidade que determina


só ser possível a punição do agente que, diante das condições fáticas na quais estava
inserido, tinha a possibilidade de atingir o entendimento sobre o caráter criminoso da
conduta que perpetrava.

Importante lembrar que a consciência sobe a ilicitude da conduta para a teoria


causalista fazia parte do dolo, que era alocado na culpabilidade. É por isso, repisa-se,
que a partir do finalismo, quando o dolo e a culpa migraram para a conduta, o dolo
passou a ser natural, já que ficou desprovido do caráter normativo que representava a
consciência da ilicitude. Foi também o finalismo quem criou a necessidade de punição
quando o agente, mesmo praticando determinado fato sem a noção acerca da ilicitude,
tinha a possibilidade de atingir essa conclusão. Por isso fala-se hoje em POTENCIAL
consciência da ilicitude como requisito para a culpabilidade.

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O artigo 21 do CP diz que:

Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se


inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.

Nesse sentido, a pessoa não pode alegar que não sabia que certo comportamento
era crime. Entretanto, se o agente agira sobre o erro de proibição pode haver a isenção
de pena se inevitável ou a redução de evitável.

Existe três modalidades de erro de proibição, que são os: direto, indireto,
mandamental.

· No erro de proibição direito o agente não possuía conhecimento que aquela ação era
reprovável por desconhecer que havia uma norma proibitiva, ou porque não conhece
completamente o seu conteúdo, ou porque não entende o seu âmbito de incidência. Um
exemplo clássico da doutrina é a do ou porque não conhece completamente o seu
conteúdo, ou porque não entende o seu âmbito de incidência

· No erro de proibição indireto o agente sabe que aquele comportamento é típico,


entretanto, acredita haver alguma circunstância que autorize cometê-lo (Ex: O marido
que ao descobrir que a esposa o traiu vem a lesionar a esposa por acreditar que estava
em seu direito);

· Erro de proibição mandamental: Trata-se da hipótese onde o agente acreditando não


possuir determinada obrigação, deixa de prestá-la. Ocorre nos casos de crimes
omissivos, próprios ou impróprios. (Ex: O banhista que ao ver uma pessoa afogando e
por não possuir qualquer vínculo com a mesma, deixa de prestar socorro).

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c) EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA:

A exigibilidade de conduta diversa deve ser vista como a possibilidade que se abre
no sentido de se cobrar do agente uma postura diferente em relação ao fato típico e ilícito
que perpetrou. Para que o agente seja culpável, além de imputável e inserido em contexto
que lhe permita atingir a consciência sobre a ilicitude de sua conduta, também a situação
fática na qual está submetido deve mostrar que seu rol de escolhas não estava
excepcionalmente restringindo, sendo, por isso, possível exigir que tivesse tido
comportamento conforme o direito. Ou seja, a exigibilidade de conduta diversa considera
os fatos paralelos à conduta e apenas se constatado que o agente teve livre atuação no
processo de escolha deverá ser responsabilizado. De outro ponto, diagnosticado que o
agente agiu de modo típico e ilícito porque não tinha liberdade de escolha, tem-se
desproporcional puni-lo pelo comportamento que não invoca culpabilidade diante da
certeza de que qualquer outra conduta, ainda que possível, mostra-se inexigível.

Sendo assim, é fundamental ter em mente os institutos trazidos pelo Código Penal
que permitem concluir situações onde fica afastada a exigibilidade de conduta diversa e
que, por consequência, provocam dirimente de culpabilidade, isentando o agente de
pena. Então, são causas legais de inexibilidade de conduta diversa a coação moral
irresistível e a obediência hierárquica.
Ilustramos este instituto com o velho caso do gerente de banco que, tendo sua
família sobra a mira do revólver de um bandido, é coagido moralmente a realizar saques
de quantias do banco onde trabalha. Isso é coação moral irresistível por que qualquer
pessoa faria o mesmo.

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TEORIAS SOBRE A CULPABILIDADE.


Existem 3 teorias neste sentido que são: TEORIA PSICOLÓGICA, TEORIA LIMITADA
DA CULPABILIDADE e a TEORIA EXTREMADA. Para este nosso estudo tome nota apenas
da TEORIA LIMITADA DA CULPABILIDADE pois é esta a adotada pelo Código Penal.

Para a teoria limitada da culpabilidade, se o erro do agente incidir sobre uma


situação fática que, se existisse, tornaria a conduta legítima, fala-se em erro de tipo (erro
de tipo permissivo); mas, se o erro recair sobre a existência ou, os limites de uma causa
de justificação, o erro é de proibição (erro de proibição indireto/ erro de permissão). Em
contrapartida, a teoria extremada da culpabilidade não faz qualquer distinção,
entendendo que, tanto o erro sobre a situação fática, como aquele em relação à existência
ou limites da causa de justificação devem ser considerados erros de proibição, já que o
indivíduo supõe lícito o que não é.

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IMPUTABILIDADE PENAL

A imputabilidade penal está prevista nos Art. 26, 27 e 28 do Código Penal.

Inimputáveis
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado,
era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Redução de pena
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde
mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Menores de dezoito anos
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na
legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Emoção e paixão
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - a emoção ou a paixão; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Embriaguez
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.(Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou
força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

No art 26 são citadas as hipóteses de imputabilidade que são:

BIOLÓGICO PSICOLÓGICO

• Doença mental
• Desenvolvimento mental retardado Inteiramente incapaz
• Desenvolvimento mental incompleto
O legislador adotou o aspecto BIOPSICOLÓGICO

Caso o indivíduo seja apenas semi-inimputável, a pena será diminuída de 1⁄3 a 2⁄3.
EXCEÇÃO: aspecto BIOLÓGICO ART. 27 CP, MENORES DE 18 ANOS.

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EMBREAGUEZ (ART. 28CP)

A embriaguez por si só, não exclui a imputabilidade, a única capaz de excluir é a


embriaguez COMPLETA por CASO FORTÚITO ou FORÇA MAIOR.

Ainda há muita
divergência nestas
definições!!!

CASO FORTÚITO: É o evento proveniente de ato humano, imprevisível e inevitável,


que impede o cumprimento de uma obrigação, tais como: a greve, a guerra etc. Não se
confunde com força maior, que é um evento previsível ou imprevisível, porém inevitável,
decorrente das forças da natureza, como o raio, a tempestade etc.

FORÇA MAIOR: (Force majeure) é um conceito clássico do Direito desenvolvido no


direito romano e presente nas codificações jurídicas atuais. É um evento previsível ou
imprevisível, porém inevitável, decorrente das forças da natureza, como o raio, a
tempestade etc.

POSICIONAMENTO DO STF.
Qual é a ligação entre um buraco no meio da via pública, um assalto à mão armada
dentro de um banco e um urubu sugado pela turbina do avião que atrasou o vôo de
centenas de pessoas? Todas essas situações geraram pedidos de indenização e foram
julgados no Superior Tribunal de Justiça (STJ) com base num tema muito comum no
Direito: o caso fortuito ou de força maior. O Código Civil diz que o caso fortuito ou de
força maior existe quando uma determinada ação gera consequências, efeitos
imprevisíveis, impossíveis de evitar ou impedir:

Caso fortuito + Força maior = Fato/Ocorrência imprevisível ou difícil de prever que gera
um ou mais efeitos/consequências inevitáveis.

ART. 22 COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL E OBEDIÊNCIA A ORDEM HIERÁRQUICA


NÃO MANIFESTAMENTE ILEGAL.
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente
ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

No artigo 22 do Código Penal nós encontramos duas excludentes da culpabilidade,


a coação moral irresistível e a obediência a ordem hierárquica não manifestamente ilegal,
vamos estuda-las separadamente.

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COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL:

A primeira coisa que deve ter na sua cabeça é que coação MORAL irresistível é
diferente de coação FÍSICA irresistível.
Na Coação física existe uma total exclusão da vontade do agente, ou seja, este é
forçado a praticar um ato contra a sua vontade, por meio de uma violência a sua
integridade física. A sua responsabilidade penal será excluída e não haverá Tipicidade,
pois como vimos a sua vontade foi totalmente eliminada não respondendo assim pelo ato
praticado. Um exemplo clássico é o do gerente bancário, que acaba por colocar suas
digitais do cofre da agência, pois está sendo coagido fisicamente pelo assaltante.

Já na Coação Moral Irresistível a vontade do agente não é eliminada, mas viciada.


Nesse caso, o agente foi moralmente constrangido na prática da infração. Como exemplo:
podemos usar caso semelhante ao que utilizamos na coação física. Um gerente que tem
sua família sob a mira de um revólver é coagido a trazer todo o dinheiro do cofre do banco
onde trabalha, ele pode escolher fazer ou não, porém, não é desarrazoável entender que
qualquer pessoa no lugar dele também iria cumprir a exigência do bandido em
detrimento da vida de sua família . Assim, entende-se que a Coação Moral Irresistível
exclui a Culpabilidade por conduta diversa inexigível.

COAÇÃO • EXCLUI A CULPABILIDADE


MORAL
COAÇÃO • EXCLUI O FATO TÍPICO
FÍSICA

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OBEDIÊNCIA A ORDEM HIERÁRQUICA NÃO MANIFESTAMENTE ILEGAL.

A segunda causa excludente da culpabilidade do artigo 22 refere-se a prática do


crime “em estrita obediência à ordem, não manifestamente ilegal, de superior
hierárquico”.

Trata-se, segundo a doutrina, de um caso especial de erro de proibição. Supondo


obedecer a uma ordem legítima do superior, o agente pratica o fato incriminado.

Não sendo a ordem manifestamente ilegal, se o agente não tem condições de se


opor a ela em decorrência das consequências que podem advir no sistema de hierarquia
e disciplina a que está submetido, inexistirá a culpabilidade pela coação moral
irresistível, estando à ameaça implícita na ordem ilegal. Em vez de erro de proibição, há
inexigibilidade de conduta diversa.

Para que o subordinado cumpra a ordem e se exclua a culpabilidade, é necessário


que aquela:

Seja emanada da autoridade competente.

Tenha o agente atribuições para a prática do ato.

Não seja a ordem manifestamente ilegal.

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CONCURSO DE PESSOAS

Previsão legal.

“Art. 29 – Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a
este cominadas, na medida de sua culpabilidade.”

O concurso de pessoas, hora chamado de concurso de agentes, determina que


quando há um crime cometido por duas ou mais pessoas (via de regra) deverão
responder pelo mesmo crime. O concurso de pessoas é uma norma de extensão que
funciona para os crimes unissubjetivos (monossubjetivos), de concurso eventual, ou seja,
aquele que pode ser praticado por um único agente, mas que eventualmente duas ou
mais pessoas podem concorrer para o mesmo crime.
ATENÇÃO: crimes plurissubjetivos (de concurso necessário) NÃO há concurso de
pessoas, pois poderia ser considerado um tipo de bis in iden.
EX: artigo 288 do CP = Associação Criminosa, aqui já é requisito que tenha 3
pessoas ou mais.

TEORIAS:

Existem duas teorias que dizem a respeito do concurso de pessoas, a teoria


MONISTA e a teoria PLURALISTA.

• TEORIA MONISTA:
A teoria monista é, em regra, a adotada no ordenamento jurídico, A teoria
monista ou unitária é a adotada como regra pelo Código Penal, no artigo 29, caput, ao

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prescrever: Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade.
A teoria monista evoluiu ao longo do tempo. Em um primeiro momento, ela
adotava um sistema unitário clássico, que não diferenciava autor de partícipe, todos
os indivíduos que participavam do crime seriam autores, sem qualquer distinção
entre aqueles que executavam o núcleo do tipo penal e os que contribuíam de outra
maneira para o crime, não havia a figura do partícipe.

Com a evolução da teoria monista, surgiu o sistema diferenciador, de acordo


com o qual autor e partícipes seriam responsabilizados de maneira diferente,
concorrendo de forma distinta na execução do crime, e exatamente por isso recebeu
a denominação de sistema diferenciador, por diferenciar, tratar de maneira distinta
aqueles que seriam autores e aqueles que seriam partícipes.

Deste modo, podemos punir de maneira mais justa e objetiva cada indivíduo
participante do crime. Por exemplo, em um assalto em que Maria era quem dirigia o
carro, José e Carlos que entraram no banco e pegaram o dinheiro, Luiz que arquitetou
toda a ação e a fuga e Joana quem acobertou e guardou todo o produto do roubo. Aqui,
cada um destes indivíduos será julgado e sua pena será avaliada na medida de sua
participação.

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NÃO HAVIA DISTINÇÃO ENTRE AQUELES QUE PRATICAVAM O


NÚCLEO DO TIPO PENAL DAQUELES QUE PARTICIPAVAM DE
OUTRA MANEIRA PARA O CRIME


NÃO DIFERENCIAVA AUTOR DE
MOMENTO PARTÍCIPE

TODOS OS PARTICIPANTES DO
CRIME SERIAM AUTORES

NÃO HAVIA DISTINÇÃO ENTRE AQUELES QUE PRATICAVAM O


NÚCLEO DO TIPO PENAL DAQUELES QUE PARTICIPAVAM DE
OUTRA MANEIRA PARA O CRIME

2º MOMENTO NÃO DIFERENCIAVA AUTOR DE


(evolução da PARTÍCIPE
teoria monista)

TODOS OS PARTICIPANTES DO
CRIME SERIAM AUTORES

• TEORIA PLURALISTA:

quando houver mais de um agente, praticando cada um uma conduta diversa dos
demais, ainda que obtendo apenas um resultado, cada qual responderá por um delito.
Esta teoria foi adotada pelo Código Penal ao tratar do aborto, pois quando praticado pela
gestante, esta incorrerá na pena do art. 124, se praticado por outrem, aplicar-se-á a pena
do art. 126. O mesmo procedimento ocorre na corrupção ativa e passiva.

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• MULHER QUE
ABORTO SOLICITA AO
DO ART MÉDICO A
124 PRÁTICA DO
ABORTO

• MÉDICO QUE
ABORTO ACEITA REALIZAR
DO ART O ABORTO FORA
126 DA PREVISÃO
LEGAL

• PARTICULAR QUE
CORRUPÇÃO
ATIVA OFERECE OU
ART 333 PROMETE VANTAGEM
INDEVIDA

• FUNCIONÁRIO QUE
CORRUPÇÃO
PASSIVA SOLICITA OU RECEBE
ART 317 VANTAGEM
INDEVIDA

A título de curiosidade, caso venha a ser um item de sua prova, vamos analisar um
pouco a TEORIA DUALISTA: segundo tal teoria, quando houver mais de um agente, com
diversidades de conduta, provocando-se um resultado, deve-se separar os coautores e
partícipes, sendo que cada "grupo" responderá por um delito.

ELEMENTOS DO CONCURSO DE PESSOAS


É essencial que estes elementos estejam presentes para que seja configurado o
concurso de pessoas, as provas de concursos costumam confundir o aluno trocando o
numero mínimo de agentes, ou retirando um dos elementos e afirmando que os

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apresentados são suficientes para configurar o concurso de pessoas, e a pegadinha mais


recorrente que é dizer que o acordo prévio é um dos elementos.

➢ Duas ou mais pessoas.


➢ Unidade delitiva (mesmo crime)
➢ Relevância causal das condutas = As condutas devem servir em algo no crime
que será praticado.
➢ Nexo psicológico (SUBJETIVO) = tem que ser o mesmo interesse, “adesão de
vontades”

Atenção: Não há necessidade de acordo prévio! Isso não é pré-requisito.

Vamos ilustrar para melhor fixar esta ideia:


Observe este caso: Um rapaz, em uma boate, toma todas e sai tentando beijar todas
as mulheres que ali estavam – inclusive as que estavam com seus namorados. Em dado
momento, os namorados enfurecidos começam a bater no rapaz, os seguranças que
assistiram a investida deste rapaz bêbado também começam a bater nele e o jogam para
o lado de fora da boate. Eis que este rapaz vem a óbito.
Obs: todos eles vão responder pelo mesmo crime (homicídio) e em concurso de
agentes uma vez que podemos observar a presença de todos os elementos: havia mais de
duas pessoas, cometendo o mesmo crime, todas as condutas serviram para a causa da
morte e houve a adesão de vontades. Mas eles se conheciam? Provavelmente não, e
tampouco acordaram a prática deste crime como podemos bem observar.

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FORMAS DE PARTICIPAÇÃO

Participação é o estudo do comportamento e ação de cada elemento que colabora


para o crime.
A participação também é estudada nos Art. 29, 30 e 31 do CP

Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua
culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa
pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Circunstâncias incomunicáveis
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares
do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Casos de impunibilidade
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são
puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

TEORIA RESTRITIVA.

O Código Penal adota a teoria restritiva (Objetiva ou dualista) que apresenta


um conceito restritivo de autor, ou seja, diferencia autor e partícipe. Para Teoria
Restritiva, autor é apenas aquele que pratica o núcleo do verbo incriminador; já o
partícipe é aquele que participa de qualquer outra forma para a configuração do
delito.

AUTOR •executa o núcleo do tipo

COAUTOR •o domínio de fato é de várias pessoas, com respectivas divisões de funções.

PARTÍCIPE •colaboração dolosa em fato alheio, sem o domínio do fato.


•Acessória, secundária

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O partícipe responde pelo mesmo crime, porém com diminuição da pena de


𝟏⁄ a 𝟏⁄ pois sua participação para tal crime é de menor importância.
𝟔 𝟑
EX: crime de “pistolagem”
Um fazendeiro combina com um pistoleiro para matar um desafeto seu, na noite
anterior ao crime, eles se encontram e fica acertado a hora e o valor do homicídio, por
fim, o crime é realizado.
FAZENDEIRO = mandante (é considerado o partícipe do crime)
PISTOLEIRO= matador (é quem de fato realizou o crime, autor.)

TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO.


reúne os critérios objetivos e subjetivos, razão por que se pode denominá-la de
teoria objetivo-subjetiva. Para esta teoria, autor é quem detém o controle final do fato
típico e de suas circunstâncias.
Para esta teoria, autor é quem executa a ação OU tem o domínio da ação dos outros
agentes, sendo assim, se analisarmos o mesmo caso que utilizamos acima, tanto
mandante quanto o pistoleiro seriam COAUTORES.
Desse modo, só é partícipe quem não tiver executado a ação e nem teve o domínio
da ação dos outros agentes.

COLABORAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA.

Também conhecida como DESVIO SUBJETIVO DA CONDUTA, quer dizer que


se um indivíduo (A) combina a práica de um crime com outra pessoa(B) e esta vem a
praticar ato diferente daquele combinado, (A) não responderá pelo desvio que (B)
cometeu.
EX: Tico combinou com Teco para furtar uma residência que supostamente está
desvigiada, quando ambos estão dentro da casa furtando, Tico na sala e Teco na cozinha,

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chega alguém, o possível proprietário. Tico sai correndo com os objetos que conseguira
apanhar sem saber que Teco estava armado, pois não haviam combinado este quesito,
enquanto Teco saca de sua arma e mata o proprietário e foge em seguida.
TICO = responde só pelo furto
TECO = será responsável também pela morte do proprietário da residência.

OBSERVAÇÕES SOBRE O ART 30. CP.


A redação do artigo 30 do Código Penal nos relata que Não se comunicam as
circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
Mas o que isso quer dizer?
Vamos a um exemplo prático.
Imagine que uma filha deseje matar seus pais e, para isso, combina tudo com seu
namorado.
Neste caso, a filha terá um agravante por ter cometido o crime contra seus
ascendentes, já seu namorado não responderá com este agravante uma vez que o fato de
ser ascendente não se comunica pois não é elementar do crime de homicídio (matar
alguém).
E o que seria esta elementar que se comunica?
Pois bem, é muito fácil, ela deve estar descrita pelo legislador. É o exemplo do
Peculato veja o que diz o Código Penal.

Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer


outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou
desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:

Veja que a elementar “funcionário público” está descrita, logo ela se comunica.
Desse modo, se um particular, se juntar a um funcionário público para furtar

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computadores da repartição pública onde esse funcionário trabalha, sabendo que ele é
funcionário público, cometerá PECULATO juntamente com o funcionário.
Do mesmo modo, podemos analisar o INFANTICÍDIO, que consiste na morte da
criança causada pela própria mãe quando em estado puerperal. Se houver a participação
da enfermeira, por exemplo, esta também responderá pelo infanticídio.

LEMBRE-SE: é necessário se conhecer a circunstância apresentada!

AUTORIA

A autoria pode ser dividida em COLATERAL, INCERTA e MEDIATA.

COLATERAL:
Ocorre autoria colateral quando várias pessoas executam o fato (contexto fático
único) sem nenhum vínculo subjetivo entre elas, ou seja, UM DESCONHECE A
EXISTÊNCIA DO OUTRO. Exemplo: policiais de duas viaturas distintas, sem nenhum
acordo ou vínculo entre eles, abusivamente, disparam contra vítima comum, que vem a
falecer em razão de um dos disparos.
INCERTA:
é aquela em que se sabe quem são os possíveis autores, MAS NÃO QUEM PRODUZIU
O RESULTADO. Na autoria desconhecida os autores é que não são conhecidos, não
podendo imputar o fato a qualquer pessoa.” Cezar Roberto Bitencourt² também clarifica
sobre o que é a autoria incerta: “A autoria incerta...incerta, todos devem responder pelo
delito.
Aqui observaremos o instituto do INDÚBIO PRÓ RÉU.
Ex: Se duas pessoas, uma sem saber da existência da outra, decidem matar uma
terceira pessoa ao mesmo tempo de forma que não dê para identificar quem foi o real

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causador da morte, ambos deverão responder por TENTATIVA DE HOMICÍDIO, mesmo


o crime tendo sido concluído!

MEDIATA:
Ocorre autoria mediata quando o autor domina a vontade alheia e, desse
modo, se serve de outra pessoa que atua como instrumento.
Esta autoria divide o autor em MEDIATO e IMEDIATO

• MEDIATO = tem responsabilidade penal.


• IMEDIATO = não tem responsabilidade penal.

Neste tipo de autoria, geralmente, o autor mediato se utiliza do autor imediato para
o cometimento de um crime.
Temos como autores imediato
✓ INIMPUTÁVEL. A exemplo do traficante que se utiliza de crianças para
entregar drogas na favela.
✓ INDUZIDO A ERRO. Neste caso, o autor mediato ENGANA o autor imediato
para que este cometa o crime. Pode-se vislumbrar este caso na situação em
que um sujeito, com intuito de matar, diz que quer dar um susto em uma
menina, e para isso pega uma arma, municia, entrega para terceira pessoa
dizendo que a arma está desmuni ciada e solicita ajuda para realizar a
brincadeira. Eis que esta terceira pessoa, achando que realmente está
participando de uma brincadeira, dispara a arma em direção da menina que
é atingida e vem a falecer.
✓ COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL. Já estudamos este instituto e ilustramos
bem com o caso do gerente do banco que é coagido a roubar seu banco
quando sua família está sob a mira do revolve de bandidos.

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HOMICÍDIO

Iniciaremos nossos estudos da parte especial pelos crimes contra a pessoa.


Seguindo esta linha, vamos abordar agora o artigo 121 e seguintes acerca do
HOMICÍDIO.

HOMICÍDIO.

Art. 121. Matar alguem:

Pena - reclusão, de seis a vinte anos

Homicídio é a morte de um homem provocada por outro homem. É a eliminação da


vida de uma pessoa praticada por outra. O homicídio é o crime por excelência. “Como
dizia Impallomeni, todos os direitos partem do direito de viver, pelo que, numa ordem
lógica, o primeiro dos bens é o bem vida. O homicídio tem a primazia entre os crimes
mais graves, pois é o atentado contra a fonte mesma da ordem e segurança geral,
sabendo-se que todos os bens públicos e privados, todas as instituições se fundam sobre
o respeito à existência dos indivíduos que compõem o agregado social”. (Fernando
Capez).

Partindo este princípio, vamos explorar um pouco mais sobre este dispositivo.

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SUJEITO
COMUM SUJEITO
COMUM OBJETO VIDA OBJETO
PESSOA
ATIVO PASSIVO JURÍDICO
HUMANA MATERIAL

ELEMENTO SUBJETIVO

O elemento subjetivo do homicídio se dá pela vontade do agente de matar alguém,


”dolo”, tendo sua conduta, consciente para finalidade de matar alguém, ser humano com
vida.

Este delito embora tenha seu objetivo que é a morte do ser humano em momento
futuro, se caracteriza sua consumação no momento da sua ação ou omissão como bem
prevê o Art. 4º do CP. Pode ser caracterizado uma tentativa quando por motivo alheio ao
meios usados pelo agente o fato não se consume com o resultado morte.

DIRETO

DOLO ALTERNATIVO

INDIRETO

EVENTUAL

ELEMENTO IMPRUDÊNCIA
SUBJETIVO

NEGLIGÊNCIA

CULPA IMPERÍCIA

CONCIENTE

INCONCIENTE

DOLO INDIRETO ALTERNATIVO:

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No dolo alternativo, o agente prevê pluralidade de resultados e dirige sua


conduta na busca de realizar qualquer um deles indistintamente. Exemplo: o agente
quer praticar lesão corporal ou homicídio indistintamente. O agente tem a mesma
vontade de um ou de outro.

DOLO INDIRETO EVENTUAL:

Aqui, a vontade do agente não está dirigida para a obtenção do resultado, mas sim
para algo diverso; sendo que mesmo prevendo que o evento possa ocorrer, o agente
assume o risco de causá-lo.
Essa possibilidade de ocorrência do resultado não detém o agente e ele pratica a
conduta, consentindo no resultado. Há dolo eventual, portanto, quando o autor tem
seriamente como possível a realização do tipo legal se praticar a conduta e se conforma
com isso.

EX: Uma pessoa dirige em uma rua movimentada a 200 KM/h, ele pode até não
querer atropelar ninguém, mas sabe qualquer pessoa sabe que nesta velocidade é muito
provável que se atropele alguém ao se locomover em uma rua muito movimentada.

É O FAMOSO “FODA-SE”

CULPA CONCIENTE:

A culpa consciente ocorre quando o agente prevê o resultado, mas espera


que ele não ocorra, supondo que pode evitá-lo com a sua habilidade.
EX: Brilhante atirador de facas que, acreditando ser muito bom no que faz-
e o faz a muito tempo-, atira facas em sua assistente de palco e acaba por acertá-
la.
É O FAMOSO “IH FUDEU”

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CULPA INCONCIENTE:

Culpa inconsciente, o agente não prevê o resultado, que, entretanto,


era objetiva e subjetivamente previsível.

ATENÇÃO!
No homicídio culposo existe o dispositivo do PERDÃO JUDICIAL. Desse modo o juiz,
estando presentes os requisitos, DEVERÁ (na lei está escrito PODERÁ) aplicar o perdão
judicial.

HOMICÍDIO DOLOSO
O homicídio doloso é dividido em: qualificado, simples e privilegiado.

✓ QUALIFICADO:

Existem 7 qualificadoras a saber:

1. MEDIANTE A PAGA OU PROMESSA DE RECOMPENSA OU QUALQUER


OUTRO MOTIVO TORPE.
A paga ou promessa é são conhecidas como “homicídio mercenário”, em que o
pistoleiro trabalha como ceifador de vidas.
Entendimento doutrinário: a paga ou promessa de recompensa atinge tanto o
pistoleiro quanto o mandante, porém, não se transmite ao mandante de forma
automática. O STF entende que é preciso entender a motivação do mandante.
EX: um pai que paga um pistoleiro para que este mate o estuprador de sua filha, Este
mandante não responderá pela qualificadora e sim na privilegiadora que estudaremos
depois.

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A paga ou promessa de recompensa poderá ser sexo? Não! O instrumento utilizado


para esta paga ou promessa teria que ter um “reflexo patrimonial” (carro, terreno, algo
valorável). Mas esta paga com sexo não fica impune, ele pode entrar no motivo TORPE.

Motivo torpe se define como a pior razão de matar dentre as razões de matar.
(REPUGNANTE, OGERIZA, ASCO).

2. MOTIVO FÚTIL.

É a razão de matar que não se consegue compreender, nem por meio da própria
razão. (Heleno C. Fragroso).

EX: “Matei por que ele me olhou”. “ Matei por que ele estava usando a camisa
do vasco”.

MOTIVO FÚTIL AUSÊNCIA DE MOTIVO

Sem motivo é a ausência de motivo, o motivo fútil tem uma razão, fútil, mas tem!
Um exemplo de ausência de motivo é o assassino que mata por simples prazer.

Nunca confunda fútil com torpe, a torpeza traz uma razão macabra e a futilidade
traz uma razão pequena.

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EX:

R$ 5,00 FÚTIL
MATOU POR
UMA DÍVIDA
R$ 90.000,00 TORPE

3. MEIO INSIDIOSO OU CRUEL.


INSIDIOSO:
Consiste em algo camuflado, uma conduta verdadeiramente traiçoeira, como ocorre
no referido caso de emprego de substância venenosa.
GRAVE BEM. A vítima NÃO SABE que está ingerindo o veneno!

CRUEL:
É o ato de causar na vítima um sofrimento desnecessário, o criminoso não quer
simplesmente matar, mas fazer a vítima sofrer. Tem-se por cruéis os homicídios
cometidos com fogo, asfixia, ou através da prática de tortura. Ressalte-se que asfixia não
se confunde com enforcamento. Asfixia se refere à suspensão de respiração por qualquer
meio. Logo, o enforcamento pode ser considerado como uma forma de asfixia, mas não é
a única. O afogamento, por exemplo, traduz forma recorrente de asfixia, conforme ilustra
o acórdão abaixo:

"Quem, movido pela vingança, por causa de uma agressão sofrida três dias
antes, elimina o ofendido com golpes de pedaços de pau e, em seguida, asfixia-o nas
águas de um rio, comete um crime de homicídio qualificado, pelo motivo fútil e pelo
meio cruel" (TJMG. Número do processo: 1.0000.00.304442-7/000. Rel. Des.
Edelberto Santiago. Data do acordão: 11/03/2003)

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Armas de fogo, facas e pedaço de madeira, por si só, são considerados meio
cruel?
Não, porque senão todo homicídio cometido com emprego de tais armas
seria qualificado. É necessário que cause sofrimento desnecessário, por
exemplo, um criminoso mata sua vítima com uma facada (simples), um
criminoso mata sua vítima, lentamente, com cinquenta facadas por todo o corpo
(cruel).

4. EMBOSCADA, TRAIÇÃO, DISSIMULAÇÃO OU OUTRO MEIO DE EXECUÇÃO


QUE DIFICULTE OU TORNE IMPOSSÍVEL A DEFESA DA VÍTIMA.

A palavra chave é a SURPRESA, pois tanto a traição quanto a emboscada e a


dissimulação são exemplos trazidos pela lei penal de situações em que a vítima,
surpreendida pelo comportamento sorrateiro do agente, tem sua possibilidade de reação
reduzida ou até eliminada por completo. Todos os exemplos mencionados possuem entre
si uma característica em comum, qual seja a surpresa.

5. PARA ASSEGURAR A EXECUÇÃO, A OCULTAÇÃO, A IMPUNIDADE OU


VANTAGEM DE OUTRO CRIME:

PARA ASSEGURAR A EXECUÇÃO = TELEOLÓGICA


Ocorre a conexão teleológica quando o homicídio é meio para executar outro crime,
finalidade última do agente.
OCULTAÇÃO, IMPUNIDADE OU VANTAGEM DE OUTRO CRIME = CONSEQUENCIAL
É consequencial quando praticado para ocultar a prática de outro ilícito ou para
assegurar a impunidade ou vantagem do produto, preço ou proveito dele.

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6. FEMINICÍDIO
Feminicídio é diferente de femicídio, neste basta ser mulher, naquele, além da
necessidade de ser mulher, o sujeito tem que discriminar ou menosprezar a CONDIÇÃO
de mulher da vítima.
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA.
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)

I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)

II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora
de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; (Redação
dada pela Lei nº 13.771, de 2018)

III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; (Redação dada pela Lei nº
13.771, de 2018)

IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do
art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006.

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7. CONTRA AUTORIDADE OU AGENTE.

Estas autoridades e agentes estão descritos nos arts. 142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no

VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela,
ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou


parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição.

DICA

GRUPO DE EXTERMÍNIO e MILÍCIA não qualificam o homicídio, mesmo


figurando no rol dos crimes considerados hediondo, no caso do grupo de extermínio,
não é o suficiente para torna-lo uma qualificadora.
Ambos os casos serão considerados para aumentar a pena, de 1/3. a 1/2.

Parricídio (matar o próprio pai) e matricídio (matar a própria mãe) não é


qualificadora. Também não qualifica se o crime for premeditado.

HOMICÍDIO PRIVILEGIADO.
O homicídio é privilegiado porque se tem situações que beneficiam o agente,
pois são razões de matar e circunstâncias que o levam a matar menos graves e
reprováveis que as formas qualificadas. Ele é dividido em três tipos que estudaremos a
seguir:

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➢ RELEVANTE VALOR MORAL.


É uma motivação de natureza nobre e individual. A exemplo, tem-se a eutanásia que
consiste em findar o sofrimento de uma pessoa querida que é dada pelos médicos como
um caso que não há solução.

Outro exemplo clássico é o do pai que assassina o estuprador da filha.

➢ RELEVANTE VALOR SOCIAL.


É uma motivação de natureza nobre, mas diferente do relevante valor moral, aqui é
de ordem coletiva. A exemplo, a doutrina utiliza o caso de uma pessoa que mata alguém
que traiu a pátria.

➢ SOB DOMÍNIO DE VIOLENTA EMOÇÃO, LOGO APÓS INJUSTA PROVOCAÇÃO


DA VÍTIMA.
Este ponto é dividido em três requisitos:
1. DOMÍNIO DA VIOLENTA EMOÇÃO.
É diferente de influência, pois, no domínio, a pessoa está totalmente descontrolada
(ação de curto circuito).
2. INJUSTA PROVOCAÇÃO DA VÍTIMA.
Sem injusta provocação, não se fala em privilegiadora.
3. LOGO APÓS.
O intervalo de tempo deve ser muito curto, não é aceito a premeditação.
É um requisito temporal, diferentemente do “relevante valor moral” e do “relevante
valor social” que podem ser depois de um mês, um ano...

HOMICÍDIO CULPOSO.

O homicídio doloso está previsto no artigo 121, p. 1-2 do Código Penal Brasileiro. O
homicídio culposo é quando uma pessoa mata outra sem a intenção, quando a culpa é

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inconsciente. As causas do homicídio culposo são norteadas pela negligência,


imprudência ou imperícia.

O homicídio culposo poderá ser aumentado de 1/3 caso:

INOBSERVÂNCIA
DEIXAR DE NÃO PROCURAR
DE REGRA FOGE PARA
PRESTAR DIMINUIR AS
TÉCNICA DE EVITAR PRISÃO
IMEDIATO CONSEQUENCIAS
PROFISSÃO, ARTE EM FLAGRANTE
SOCORRO DOS ATOS
OU OFÍCIO

HOMICÍDIO HÍBRIDO.

QUALIFICADO

PRIVILEGIADO

HOMICÍDIO HÍBRIDO

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Pode existir homicídio híbrido, desde que, a qualificadora do homicídio seja de


natureza objetiva. As qualificadoras de natureza objetiva estão previstas nos incisos III
e IV do § 2º do art. 121 do CP[2].
Ex: eutanásia, modalidade de homicídio qualificado pelo relevante valor moral.
Josué matou o pai aplicando veneno: é homicídio privilegiado, mas é qualificado pelo
veneno.
Matar o traidor da pátria: homicídio privilegiado pelo relevante valor social, se o matar
mediante emboscada, também será qualificado.
João, sob domínio de violenta emoção, matou a mulher mediante asfixia (violenta
emoção privilegiado e asfixia qualificado).
Se a qualificadora for subjetiva não é possível: mata a empregada porque o feijão
queimou (motivo fútil).
Fixação da pena para o sujeito ativo deste homicídio híbrido: é a pena do homicídio
qualificado de 12 a 30 anos reduzida no § 1º, de 1/6 a 1/3.

ATENÇÃO! O STJ decidiu que o FEMINICÍDIO é uma qualificadora OBJETIVA.

Privilegiado qualificado é hediondo? Não! Segundo o STF

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SUICÍDIO

Como sempre, vamos iniciar analisando a letra da lei e observando seus verbos.

Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa
de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
Parágrafo único - A pena é duplicada:
Aumento de pena
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.

Olhe Bem, quando o legislador diz induzir, também quer dizer convencer, nós já
sabemos que não se deve incriminar alguém por alguma ação que não esteja tipificada
em lei, mas entenda que induzimento e convencimento, para o entendimento deste
crime, são quase sinônimos. Logo, se em seu concurso vier convencimento em vez de
induzimento marque como certa.

E como podemos diferenciar induzimento de instigação? Bem tranquilo,


enquanto no induzimento o sujeito coloca a ideia na cabeça da vítima, ou seja, a vítima é
convencida de que a solução para o seu problema é cercear a própria vida (AUXÍLIO
MORAL), no auxílio esta vítima já possuía a ideia do suicídio (AUXÍLIO MATERIAL).

ATENÇÃO!!! Se tem alguém que está prestes a cometer um suicídio, por exemplo pulando
de um prédio, e outras pessoas ficam gritando para ela pular, essas pessoas que gritaram
entram perfeitamente no art. 122.

ATENÇÃO!!! O auxílio jamais poderá ser o determinante da morte da pessoa. Por


exemplo: João quer se matar, Maria lhe empresta uma corda e uma cadeira para que ele

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consiga. João sobe na cadeira, enrola a corda no pescoço, amarra na árvore, mas não
consegue pular, então pede a Maria que empurre a cadeira. Se ela fizer este ato estará
cometendo HOMICÍDIO e não SUICÍDIO pois o ato foi determinante para a morte de João.

AMBICÍDIO (PACTO DE MORTE)

Nelson Hungria, grande nome do direito, dava este exemplo para ilustrar quando
varias pessoas concorrem para destruírem suas vidas concomitantemente.
EX:
A, B, C e D são pessoas que decidiram o suicídio e resolveram fazer isso juntos na
câmara de gás. Todos entram na câmara e A abre a torneira do gás, porém, o plano deles
é frustrado pela chegada da polícia que logo abre a porta. No entanto, a polícia encontra
D já morto. Quais crimes a policia deverá lavra para A, B e C?

B e C = responderão pelo art. 122 – auxílio ao suicídio.


A = responderá pelo art. 121 – homicídio pois a conduta de abrir o gás foi determinante
para a morte de D.

Este crime é, doutrinariamente, conhecido como CRIME DE AÇÃO VINCULADA.


Pois no suicídio tem que acontecer um dos dois resultados, a MORTE ou a LESÃO
CORPORAL GRAVE.

NÃO ADMITE TENTATIVA

Se a vitima for inimputável ( sem capacidade de entendimento por doença ou


menor) o crime deixa de ser induzimento e passa a ser HOMICÍDIO.

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ROLETA RUSSA:
Essa prática consiste em inserir uma única bala no tambor de um revólver e
sucessivamente, cada pessoa puxa o gatilho contra sua própria cabeça até que a bala
atinja alguém. As pessoas que não morreram responderão no art. 122.

INFANTICÍDIO

Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto
ou logo após:
1. Pena - detenção, de dois a seis anos.

Objeto material: O tipo penal descreve o ato de matar, sem destacar alguma forma
preestabelecida para tanto.

O crime precisa acontecer durante ou logo após o parto, ainda estando autora sob a
INFLUÊNCIA DO ESTADO PUERPERAL.

Perceba que o crime traz um elemento temporal, pois o ato deve ser praticado
durante o parto ou logo após. Se for praticado antes do parto, será aborto. Se for
praticado muito após o parto, será homicídio. Sem ignorar, também, o estado puerperal.

O estado puerperal é considerado um desequilíbrio fisiopsíquico da mãe, não sendo


suficiente para reconhecê-lo apenas alguma motivação moral para o crime.

Sujeito ativo: É um crime PRÓPRIO porque a lei impõe ao sujeito ativo uma
qualidade especial. No caso, a mãe da vítima será a autora do crime de infanticídio
(“Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho...”). Há doutrinadores que

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nomeiam este crime como BIPRÓPRIO pelo motivo de tanto o sujeito ativo ser pré-
determinado (mãe) quanto o sujeito passivo do crime (próprio filho).

Apesar de se considerar crime próprio, reconhece-se no infanticídio a coautoria e a


participação de terceiros, que também responderão por ele, mesmo que, sob o aspecto
fisiopsíquico, não estejam sob influência do estado puerperal. Isso ocorre sob o
argumento de que as condições de caráter pessoal, no caso, são elementares do tipo,
assim, elas se comunicam a terceiros (artigo 30 do Código Penal).

Sujeito passivo: Recém-nascido, quando possuírem vida. A prova da vida deve


ocorrer através de exame pericial, pelas docimasias respiratórias e não respiratórias,
mas não vamos aprofundar muito neste assunto pois ele é cobrado em medicina legal.

Elemento subjetivo: É o dolo. Por não prever a norma penal modalidade de


infanticídio culposo, a autora só responderá pela prática de homicídio culposo.

Consumação: O crime se consuma com a morte da vítima, admitindo-se a tentativa


quando o óbito não sobrevém por circunstâncias alheias à vontade do autor.

Participação: Tanto a doutrina quanto a jurisprudência vêm entendendo que, em


alguns casos, é possível se ter a participação de alguém no referido crime (CONCURSO
DE PESSOAS).
EX: Uma mulher, logo após dar a luz e sob influência do parto, resolve matar o
recém-nascido, para isso, pede ajuda a enfermeira que a ajuda a segurar a criança e jogá-
la ao chão.

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ABORTO

Vamos estudar, aqui, a letra de lei conforme formos passando pelos tópicos, pois o
crime tem bastantes nuanças.
Vamos iniciar pelo caput:

Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: (Vide ADPF 54)

Pena - detenção, de um a três anos.

Aborto provocado por terceiro

Temos que o aborto pode se dar por três modos: ACIDENTAL, NATURAL, E
CRIMINOSO.
O aborto natural não é considerado crime, logo, não será objeto de nossos estudos.
O aborto acidental, por imprudência ou Negligência, seria um modo de aborto
culposo, porém, o legislador não previu a forma culposa para este crime, logo, não há o
que se falar em crime neste caso.
O aborto criminoso será o nosso objeto de estudos.

ABORTO DA GESTANTE (art. 124).

Como vimos no art. 124, a gestante que provocar em si mesma o aborto ou


consentir para que terceiro o faça cometerá o crime de aborto com detenção de 1 a 3
anos.
É um crime PRÓPRIO, que possui duas alternativas, ou a gestante comete o auto
aborto ou ela consente – deixa outro causá-lo.
EX: Gestante que busca ajuda médica para causar o aborto.

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ABORTO POR TERCEIROS (art. 125).

Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:

Pena - reclusão, de três a dez anos.

Este tipo de aborto é o causado por terceira pessoa SEM QUE A GESTANTE SAIBA.
O sujeito deve agir de modo a causar o aborto de modo furtivo, sorrateiro.

ABORTO POR TERCEIROS (art. 126).

Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: (Vide ADPF 54)
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada
ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência

Diferentemente do crime do artigo 125, neste artigo o terceiro TEM O


CONSENTIMENTO DA GESTANTE. Ele provoca o aborto na gestante a pedidos dela ou
com a sua permissão.

EX: A gestante busca uma clínica de aborto clandestino e paga para que um médico
lhe cause o aborto. Este médico cometerá o crime de aborto do artigo 126.

Não existe concurso de pessoas

Seguindo o exemplo dado acima, cada ator cometerá crime tipificado em artigo
diferente.
GESTANTE = artigo 124
MÉDICO = artigo 125.

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PARAGRAFO ÚNICO = Se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou


débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência
a pena é de RECLUSÃO de 3 a 10 ANOS porque não será considerado CONSENTIMENTO,
logo recairá sob o art. 125 e não do art. 126.

Não existe unidade delitiva, pois o legislador adotou, neste caso, a TEORIA
PLURALISTA.

QUALIFICADORA

Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do
aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são
duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.

Logo temos como qualificadora:

Observe que a lei nada fala sobre a lesão corporal considerada GRAVÍSSIMA,
porém, e de bom senso que se entenda que, se a lesão grave é considerada qualificadora,
também a lesão gravíssima o será.

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Também se deve ter em mente que estas qualificadoras são de caráter


PRETERDOLOSO. O causador da lesão ou morte da gestante de modo nenhum pode ter
como dolo estas intenções sendo elas, então, classificadas como condutas culposas.

ABORTO
• DOLOSAMENTE

MORTE OU LESÃO GRAVE


• CULPOSAMENTE

EXCLUDENTES DA ILICITUDE.

A lei considera duas formas de aborto como excludentes da ilicitude, vejamos:

➢ ABORTO NECESSÁRIO (TERAPEUTICO)

Esta modalidade de aborto é realizada pelo médico para salvar a vida da gestante,
ele não precisa de consentimento da mesma pois o médico tem o dever de salvar a vida
da gestante.

➢ ABORTO SENTIMENTAL (ESTUPRO)

Esta modalidade é de vontade da própria mulher, O médico não pode realizar esta
conduta caso a mulher não queira.
À mulher, ao chegar na unidade de saúde, basta dizer que foi vítima de estupro e
terá o direito de realizar esta modalidade de aborto.

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ABORTO DE ANENCÉFALO.

STF - não se fala em aborto, nestes casos, pois não existe vida ainda, logo, é
considerado interrupção da gravidez e não aborto. Assim, não existe o FATO TÍPICO, pois
a conduta não atinge a nenhum bem jurídico tutelado em direito.

MINISTRO BARROSO - “Até a 12ª semana não se considera aborto pois o feto não
tem sua estrutura nervosa totalmente formada ( não há atividade cerebral)”.

CUIDADO!!!

O aborto eugênico ( retirar a vida do feto por ter ele anomalias) não é autorizado,
logo, consiste em crime de aborto quem o faz.

LESÃO CORPORAL

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

Nos crimes de lesão corporal, identificam-se três tipos: LEVE, GRAVE E


GRAVÍSSIMO (doutrinário). A lesão culposa não é dividida, somente a lesão dolosa é que
tem esta divisão.

Não só a integridade física como também a mental é alvo da lesão.

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GRAVE GRAVÍSSIMA

Incapacidade para o exercício das Incapacidade PERMANENTE para o


ocupações habituais + de 30 DIAS trabalho.

Debilidade permanente de membro, Perda ou inutilização de membro, sentido


sentido ou função (diminuição) ou função.

Perigo de vida Deformidade permanente

Aceleração para o parto Aborto

Enfermidade incurável

Cuidado: Em órgãos duplos se perder apenas um é grave! Só quando for um órgão


singular que a sua perda é considerada gravíssima.

Ocupações habituais é diferente de trabalho, pois aquele pode ser entendido como
toda atividade rotineira da pessoa como, praticar exercícios regularmente, limar a casa,
alimentar os animais...

STJ – transmitir o vírus da AIDS dolosamente é crime de lesão corporal gravíssima.

ABORTO- É necessário que o causador do aborto saiba que a mulher estava grávida.
PRETERDOLO.
Já sabemos que se considera preterdolo quando de uma ação dolosa acaba por
gerar um resultado diferente do pretendido, ou seja, culposamente. Neste sentido, pode
haver o preterdolo no caso de um sujeito querer apenas lesionar alguém e acabar por
matar esta pessoa culposamente.

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Lesão corporal de natureza grave .

§ 1º Se resulta:

I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;

II - perigo de vida;

III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;

IV - aceleração de parto:

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

§ 2° Se resulta:

I - Incapacidade permanente para o trabalho;

II - enfermidade incuravel;

III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;

IV - deformidade permanente;

V - aborto:

Pena - reclusão, de dois a oito anos

DIMINUIÇÃO DA PENA:
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

SUBSTITUIÇÃO DA PENA:
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a
dois contos de réis:

I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;

II - se as lesões são recíprocas.

AUMENTO DE PENA:

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§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4 o e 6o do art. 121 deste
Código. (Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012)
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990)

LESÃO E MARIA DA PENHA


§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem
conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)

§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste
artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra
pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006)
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição, a pena é aumentada de um a dois terços. (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)

OMISSÃO DE SOCORRO

Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou
extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses
casos, o socorro da autoridade pública:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e
triplicada, se resulta a morte.

Essa parte do código penal é bem tranquila de se estudar, basicamente é entender


a letra da lei e se atentar aos tipos (verbos), basicamente se resume em deixar de prestar
assistência ou não pedir socorro da autoridade pública.

O que você precisa saber e que pode vir a ser objeto de prova é que este crime é
considerado OMISSIVO PURO (PRÓPRIO), ou seja, basta deixar de fazer algo, de imediato,

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observasse-se a pessoa prestou socorro (aí não há crime) ou se ela deixou de fazê-lo
(configurando o crime).

Este crime não admite TENTATIVA pois o simples fato de deixar de fazer algo já se
enquadra na conduta típica. O que é interessante de entender é que, mesmo que outro
alguém socorra, ainda ficará configurada a omissão de socorro pelo primeiro que deixou
de prestar o socorro.

GARANTIDOR.
Se o agente for garantidor e a vítima venha a falecer por falta de socorro, não
responderá pela omissão de socorro e sim por HOMICÍDIO.

CONDICIONAMENTO DE ATENDIMENTO MÉDICO-HOSPITALAR EMERGENCIAL

Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de
formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial: (Incluído pela Lei nº
12.653, de 2012).

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).

Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza
grave, e até o triplo se resulta a morte. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).

Veja bem, este artigo não é tão cobrado em prova, mas se cair, muitos candidatos
poderão errar pelo simples fato de omitir a leitura deste dispositivo.
A questão poderá vir trazendo um caso em que um médico de um hospital público
“x” exigiu do paciente, para atendê-lo, certa quantia e perguntar se essa conduta se
enquadraria no crime do art. 135-A . Pois bem, não se enquadra, essa conduta descrita é
caso de CONCUSSÃO ( crime que veremos mais la na frente).

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RIXA

Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:

Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.

Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a
pena de detenção, de seis meses a dois anos.

Artigo bem fácil de lembrar na hora da prova, mas existem algumas


peculiaridades que não podem ser negligenciadas.
O doutrinador não descreveu com exatidão o que seria a rixa, porém,
sabemos que ela se configura quando há uma briga DESORGANIZADA ENTRE 3 OU MAIS
PESSOAS.
QUALIFICADORA

Outros pontos que devemos observar são as qualificadoras do crime que


são lesão corporal grave e a morte.
O mais peculiar é o fato de que, havendo morte no contexto da rixa, os
participantes não responderão por homicídio, mas sim por rixa qualificada. Já se
conseguir identificar claramente quem foi o causador dessa morte este responderá
também pelo homicídio, vejamos:

Na festa de abertura da copa do mundo, onde pessoas de todos os países se


reuniram e beberam para comemorar os jogos, 5 pessoas acabaram por se encontrarem
em um beco: um brasileiro, um argentino, um paraguaio, um chileno e um peruano. Eis
que, sem nenhuma afronta um ao outro, começaram a brigar, um desferindo socos e
pontapés nos outros mutuamente. Em um dado momento a briga termina com a chegada
da polícia e tem como resultado a morte do argentino. Após a investigação, a polícia, por

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meio de uma câmera de uma das casas do beco, observou que o argentino havia sido
morto por uma facada disferida pelo chileno, nesse caso.

O brasileiro, o paraguaio e o peruano = responderão por rixa qualificada


O chileno = responde pela rixa qualificada + homicídio.

Mas e o bis in idem? O chileno não foi prejudicado? A posição majoritária entende que
não se configura nesse caso.

CRIMES CONTRA A HONRA

No capítulo V do Código Penal, nós estudamos os crimes contra honra que


se divide em: CALÚNIA, DIFAMAÇÃO e INJÚRIA. Vamos analisar cada um deles.

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CALÚNIA.

Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.

§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.

A calúnia tutela “o que os outros pensam de você”.


OBJETO JURÍDICO PROTEGIDO: HONRA OBJETIVA.

Só se consuma quando um terceiro toma conhecimento do fato. consiste em


atribuir FALSAMENTE A ALGUÉM A AUTORIA DE UM CRIME. Não comete esse crime a
pessoa que não tem consciência de ser falsa a informação que está passando. Para que se
configure o crime de calúnia, é preciso que seja narrado publicamente um fato criminoso.
Um exemplo seria expor, na internet, o nome e foto de uma pessoa como autor de um
homicídio, sem ter provas disso.
O crime de calúnia pode ser direcionado à pessoa morta, e a família deste
morto pode acionar quem o praticou.

Caso alguém seja acusado de calúnia, e puder apresentar provas de que o


fato criminoso narrado é verdadeiro, é possível que se defenda judicialmente, em
processo criminal, por meio de um incidente processual chamado “exceção de verdade”.
A pena pelo crime de calúnia é detenção de seis meses a dois anos e multa. (CNJ)
EXCEÇÃO DA VERDADE:

§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:

I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;

II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;

III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível

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Se a pessoa que imputou o fato conseguir prová-lo, não cometerá calúnia.


DIFAMAÇÃO.
A difamação tutela “O que pensam de mim”

Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

OBJETO JURÍDICO PROTEGIDO: HONRA OBJETIVA.

Só se consuma quando um terceiro toma conhecimento do fato. Ela


consiste em IMPUTAR A ALGUÉM UM FATO OFENSIVO A SUA REPUTAÇÃO, embora o
fato não constitua crime, como ocorre com a calúnia, o fato pode ser verdadeiro ou falso.
É o caso, por exemplo, de uma atriz que tem detalhes de sua vida privada exposta em
uma revista.

Neste caso, ainda que o fato narrado seja verídico, divulgá-lo constitui
crime. A única exceção de verdade é se a difamação se der contra funcionário público e a
ofensa for relativa ao exercício de suas funções. A pena para este crime é detenção de
três meses a um ano e multa.

No entanto, caso o réu, antes da sentença, se retrate cabalmente da calúnia


ou da difamação, fica isento de pena, conforme determina o artigo 143 do Código Penal.
Injúria O crime de injúria, previsto no artigo 140 do Código Penal, ocorre quando uma
pessoa dirige a outra algo desonroso e que ofende a sua dignidade – é o famoso
xingamento.

Como se trata de um crime que ofende a honra subjetiva, ao contrário do


que ocorre com a calúnia e difamação, no crime de injúria não é necessário que terceiros
tomem ciência da ofensa.

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O juiz pode deixar de aplicara pena quando a pessoa ofendida tiver


provocado a ofensa de forma reprovável, ou caso tenha respondido imediatamente com
outra injúria.
Não caracteriza injúria a crítica literária, artística ou científica, conforme o
artigo 142 do Código Penal, assim como ofensas proferidas durante um julgamento,
durante a discussão da causa, por qualquer uma das partes. A pena para este crime é
detenção de um a seis meses ou multa.
Se for inequívoca a intenção de ofender, restará configurada a difamação.

EXCEÇÃO DA VERDADE.

Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao
exercício de suas funções

Em regra não se admite a exceção da verdade, salvo no caso de o ofendido


for Funcionário Público e a ofensa for irrogada no exercício da função do servidor.

INJÚRIA.

Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:

I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;

II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.

§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem
aviltantes:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.

§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de
pessoa idosa ou portadora de deficiência:(Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)

Pena - reclusão de um a três anos e multa.

A injúria tutela “O que eu penso”

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OBJETO JURÍDICO PROTEGIDO: HONRA SUBJETIVA.

Já se consuma com o conhecimento da injúria pela própria vítima. É atribuir


a alguém qualidade negativa não se importando se falsa ou verdadeira. Ela pode ser
acometida de modo verbal, por gestos, escrita ou até mesmo física.
Mas física não é lesão? Nesse caso, a Injúria física deve ser aquela utilizada
para menosprezar, rebaixar o indivíduo, a exemplo de uma pessoa que disfere um tapa
no rosto de outro sem nenhuma intenção de feri-lo somente a intensão de humilhar
perante um público.

QUALIFICADA. (RACISMO IMPRÓPRIO)

Na hipótese de a injúria envolver elementos referentes à raça, cor, etnia,


religião origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência (injúria
discriminatória), a pena é aumentada para reclusão de um a três anos e multa.

RETRATAÇÃO.

A injuria não admite retratação, diferentemente da calúnia e da difamação,


pois na injúria não tem fato.
A retratação pode ser realizada até antes da sentença penal condenatória
RECORRÍVEL.

IMUNIDADE JUDICIÁRIA:

Não existe a imunidade para o crime de CALÚNIA, somente para INJÚRIA e


DIFAMAÇÃO.

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A imunidade judiciária abarca as PARTES e seus PROCURADORES em uma


audiência. Ao JUIZ não é direcionado a imunidade judiciaria de modo que, se uma das
partes ou seus procuradores ofenderem o juiz, responderão por desacato!

INJÚRIA REAL.
É quando a injuria e intentada com vias de fato ou violência.

CONSTRANGIMENTO ILEGAL

Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro
meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa

VIOLÊNCIA (física)

CONSTRANGER
ALGUÉM

GRAVE AMEAÇA
(moral)

FAZER / DEIXAR DE FAZER / TOLERAR

O estudo do constrangimento ilegal é bem fácil, vamos iniciá-lo entendendo o que


diz a Constituição Federal.
“Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude
de lei” (CF, art. 5º, II)

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Este crime só admite a conduta DOLOSA.


A ação penal é PÚBLICA INCONDICIONADA.

SUJEITO ATIVO
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do constrangimento ilegal.

SUJEITO PASSIVO
É indispensável que possua capacidade de autodeterminação.

Para que haja constrangimento ilegal é necessário que seja ilegítima a pretensão do
sujeito ativo, ou seja, que o sujeito ativo não tenha o direito de exigir da vítima
determinado comportamento – porque se tiver o direito estará incurso no crime de
exercício arbitrário das próprias razões.

O sujeito para realizar o tipo, pode empregar violência, grave ameaça ou qualquer
outro meio capaz de reduzir a resistência do ofendido.

Trata-se de delito subsidiário, constituindo-se elemento de vários tipos penais.

Caso tenha objetivo econômico passaremos ao crime de extorsão. (Art. 158 do CP)

DELITO MATERIAL.
Consuma-se no momento em que a vítima faz ou deixa de fazer alguma coisa. E,
tratando-se de delito material, em que pode haver fracionamento das fases de realização,
admite a tentativa, desde que a vítima não realize o comportamento desejado pelo sujeito
ativo por circunstâncias alheias a sua vontade.

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No caso de emprego de arma, teremos o concurso material do crime de


constrangimento ilegal com o crime previsto na lei de armas, uma vez que com a edição
desta lei específica o porte e uso da arma passou a ter pena isoladamente maior do que
o aumento previsto na qualificadora do tipo em estudo.

AMEAÇA

Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal
injusto e grave:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.

O crime de ameaça é previsto no artigo 147 do Código Penal e consiste no ato de


ameaçar alguém, por palavras, gestos ou outros meios, de lhe causar mal injusto e grave
e, como punição, a lei determina detenção de um a seis meses ou multa.

Intimidar alguém impondo-lhe temor de sofrer mal injusto e grave é crime de


ameaça. Ex: jurar alguém de morte.

A promessa de mal pode ser contra a própria vítima, contra pessoa próxima ou até
contra seus bens. Mal injusto é diferente do mal justo pois este se refere a um ato que não
é agradável, porém, legal, EX: rebocar um carro que está atrapalhando a entrada de uma
garaçem. Para o dono do carro isso é um mal, porém ele é justo.

A ameaça é considerada um crime de menor potencial ofensivo, por isso é apurado


nos juizados especiais criminais, e o condenado poder ter a pena de prisão substituída
por outra pena alternativa, como prestação de serviço à comunidade, pagamento de
cestas básicas a alguma instituição, dentre outras.

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Para a ocorrência do crime não precisa que o criminoso cumpra o que disse, basta
que ele tenha intenção de causar medo e que a vítima se sinta atemorizada.

SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO

Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado: (Vide Lei nº 10.446, de 2002)

Pena - reclusão, de um a três anos.

§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:

I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos;


(Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)

II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital;

III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.

IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005)

V – se o crime é praticado com fins libidinosos. (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005)

§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

DIFERENÇA ENTRE SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO.

De acordo com o Código Penal brasileiro, ambos são tratados da mesma forma e
estão previstas as mesmas penas. No entanto, apesar de os dois crimes falarem de
privação de liberdade, há uma ligeira diferença em cada tipo de ação. No crime de
sequestro, a vítima é mantida num espaço de privação maior, que pode ser até em um
local aberto, como uma casa no campo, por exemplo. Tem seu direito de ir e vir vedados
pelo sequestrador, mas pode se locomover e ter acesso a vários ambientes. É um tipo de
crime bastante usado para extorquir dinheiro de terceiros.

O mesmo não ocorre com o crime de cárcere privado. Nessa modalidade, a vítima
fica confinada em um ambiente de pequenas proporções, como um quarto ou banheiro,

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e dificilmente é pedido algo em troca de sua liberdade. Isso pode ocorrer em ambiente
familiar, por exemplo, quando o marido sai de casa e deixa a esposa trancada e impedida
de ter contato o exterior.

AUMENTO DE PENA. GRAVE SOFRIMENTO

FISICO

MORAL

O sequestro é crime subsidiário, só existe de forma autônoma quando a conduta não


se encaixa em crime mais grave (SOLDADO DE RESERVA).

Ex: Extorsão mediante sequestro (art. 159), a privação da liberdade é elemento; o


crime de roubo pode ter, em seu contexto, a privação da liberdade quando o criminoso
entra no carro da vítima e fica rodando com ela até lograr êxito em sua investida. Nesses
dois casos, a privação da liberdade não configura crime autônomo pois é circunstância
majorante dos referidos crimes.

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REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANALOGA À DE ESCRAVO

Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada
exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção
em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência. (Redação dada pela
Lei nº 10.803, de 11.12.2003.

O crime de redução a condição análoga à de escravo, também denominado pela


doutrina de plágio, consiste no fato de “reduzir alguém a condição análoga à de escravo,
quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a
condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção
em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto”.

AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA = (Nem mesmo se a pessoa quisesse ela


poderia se submeter a estas condições).
CRIME COMUM = (pode ser praticado por qualquer pessoa).
PLURISSUBSISTENTE = (em regra, é praticado por meio de vários atos).
COMISSIVO = (decorre de uma atividade positiva do agente: “reduzir”).
DE FORMA VINCULADA (somente pode ser cometido pelos meios de execução descritos
no tipo penal).
MATERIAL = (só se consuma com a produção do resultado naturalístico, consistente na
imposição de trabalho excessivo ou em condições degradantes como também na
privação da liberdade de locomoção da vítima em razão de dívida contraída com seu
empregador).
DE DANO = (só se consuma com a efetiva lesão ao bem jurídico protegido).
PERMANENTE = (a consumação se prolonga no tempo).
MONOSSUBJETIVO= (pode ser praticado por um único agente).

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§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de
trabalho; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do


trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

I – contra criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.

§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

I – contra criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.

TRÁFICO DE PESSOAS

Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça,
violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de:
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo;
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão;
IV - adoção ilegal; ou
V - exploração sexual.
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa
§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se
I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de dependência
econômica, de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou função; ou
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional.

O Tráfico de Pessoas é tido como um dos crimes mais vil e repugnante que existe,
ele assume dimensões internacionais e precisa ser combatido pela união de forças
policiais de todo o mundo.

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O trafico de pessoas tem sua definição bem amparada no artigo 3º, alínea “a” do
Protocolo de Palermo:
“o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas,
recorrendo à ameaça ou ao uso da força ou a outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao
engano, ao abuso de autoridade ou de situação de vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de
pagamentos ou benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que tem autoridade sobre
outra, para fins de exploração. A exploração deverá incluir, pelo menos, a exploração da
prostituição de outrem ou outras formas de exploração sexual, o trabalho ou serviços forçados,
a escravatura ou práticas similares à escravatura, a servidão ou a extração de órgãos”.

A Lei 13.344/16, por seus artigos 13 e 16, alterou o Código Penal Brasileiro,
inserindo o artigo 149 – A com o “nomen juris” de “Tráfico de Pessoas” e revogando
expressamente os artigos 231 e 231 –A, CP que anteriormente tratavam da matéria.

Crime de ação múltipla (conteúdo variado/ tipo misto alternativo).


O legislador quis que fosse punido, o autor, de uma OU outra ação, sendo: ALICIAR,
AGENCIAR, RECRUTAR, TRANSFERIR, COMPRAR, ALOJAR ou ACOLHER.

Sujeito ativo: qualquer pessoa (comum).


Sujeito passivo; qualquer um (comum), mas aqui poderemos ver aumento de pena
a depender de qual sujeito passivo estamos falando.

A prática dos verbos deve se dar mediante meios especialmente elencados na


norma: GRAVE AMEAÇA, VIOLÊNCIA, COAÇÃO, FRAUDE ou ABUSO.

Este crime só é punido a título de DOLO, não sendo previsível a CULPA.


É CRIME FORMAL (resultado cortado) o crime se consuma quando o agente está
realizando uma conduta com o fim citado nos tipos.

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AUMENTO DE PENA.

Há vários casos que incidem na pena que pode variar de 1/3 a 1/2:

✓ SUJEITO ATIVO.

se o autor for funcionário público no exercício de suas funções ou a pretexto de


exercê-las, o que equivale a dizer que sempre que a condição de funcionário público for
utilizada para facilitar ou perpetrar o crime de Tráfico de Pessoas, haverá incremento da
reprimenda, ainda que o agente não esteja efetivamente no exercício da função.

✓ SUJEITO PASSIVO.

1.

CRIANÇA

DEFICIENTE CONTRA ADOLESCENTE

IDOSO

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2. PARENTESCO

AGENTE SE PREVALECER
DOMÉSNTICA

DE RELAÇÕES:
HOSPITALIDADE

DEP.
ECONÔMICA

AUTORIDADE

SUP.
HIERÁRQUICA

3.

Se a vítima for retirada do território nacional será configurado o tráfico


internacional de pessoas ou ao menos transnacional, o que torna a conduta mais gravosa
por sua amplitude territorial. Entenda, porém, que o ingresso (e não a retirada) da pessoa
no território nacional não conduz ao aumento de pena, mas tão somente a eventual
concurso material com os crimes dos artigos 309, Parágrafo Único, CP ou 310, CP, que
dizem respeito ao ingresso irregular de estrangeiros no Brasil.

“TRÁFICO PRIVILEGIADO DE PESSOAS”

Haverá redução de 1/3 a 2/3 se o agente for primário e não integrar


organização criminosa. A primariedade de que trata a lei é aquela técnica, não

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afastando o privilégio a mera existência de maus antecedentes, processos em


andamento, condenações que não geram reincidência, conduta social
reprovável etc.

VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO

Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem
de direito, em casa alheia ou em suas dependências:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma,
ou por duas ou mais pessoas:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência.
§ 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por funcionário público, fora dos casos legais, ou
com inobservância das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder.
§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências:
I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou outra diligência;
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado ou na iminência de o
ser.
§ 4º - A expressão "casa" compreende:
I - qualquer compartimento habitado;
II - aposento ocupado de habitação coletiva;
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade.
§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa":
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II
do parágrafo anterior;
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.

Basicamente são duas as ações:

✓ entrar no domicílio alheio sem ser convidado.


✓ Permanecer nele quando não se tem mais autorização.

Casa desabitada: não caracteriza violação de domicílio caso alguém entre, mas
atente que se os moradores estiverem viajando, não configura que a casa esteja
desabitada!

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FURTO

Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

O furto é crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, exceto na
forma qualificada pelo abuso de confiança (CP, art. 155, § 4º, II), em que o agente deve
ser pessoa em quem a vítima deposite confiança.
O proprietário da coisa também não pode ser autor do crime de furto, ainda que
ela esteja sob a posse legítima de terceiro, situação que pode caracterizar o crime do art.
346 do CP: “Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de
terceiro por determinação judicial ou convenção”.
Caso a coisa subtraída seja de propriedade comum do agente e do terceiro
prejudicado, o crime será o do art. 156 do CP: “Subtrair o condômino, co-herdeiro ou
sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum”. A lei não
exige qualidade especial da vítima.

Furto de coisa comum

Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa
comum:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

§ 1º - Somente se procede mediante representação.

§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente

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O elemento subjetivo do furto é o dolo de subtração (“animus furandi”).


Contudo, é essencial que o agente tenha a intenção de apoderar-se definitivamente da
coisa (“animus rem sibi habendi”), e não somente usá-la temporariamente.

Os Tribunais Superiores firmaram entendimento no sentido de que, para a


consumação do delito de roubo, assim como no de furto, não é necessária a posse mansa
e pacífica do bem subtraído, sendo suficiente a inversão da posse, adotando-se, portanto,
a teoria da APPREHENSIO ou AMOTIO.

§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.

§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela
de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.

§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.

Temos aqui o aumento da pena fixado de 1/3 caso o furto seja praticado durante
o repouso noturno. Por repouso noturno entende-se o período, não importando se o
senhor da coisa esteja dormindo ou não.

O crime de furto é considerado PRIVILEGIADO se:

• Sujeito primário.
• For a coisa de pequeno valor.

A privilegiadora pode beneficiar o agente das seguintes maneiras:

• Substituir a pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos.


• Substituir a pena privativa de liberdade por pena de multa.
• Diminuir até 1/3 da pena.

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QUALIFICADORAS

§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:


I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.

Cumpre destacar alguns apontamentos sobre as qualificadoras. A destruição do


obstáculo nunca pode ser a própria coisa, a exemplo do bandido que quebra o vidro do
carro para subtraí-lo, diferentemente acontece se este mesmo bandido quebrar o vidro
do carro para roubar uma bolsa que está em seu interior, este sim é qualificado.

No concurso de agentes, leva-se em conta, também, para fins de quantidade de


pessoas, os menores que participarem, ou seja, os menores não cometem o crime
qualificado, mas servem para caracterizar a qualificadora para os oustros participantes
maiores.

No abuso de confiança a relação deve ser praticamente íntima, não configura


esta qualificadora a simples relação empregatícia.
Não confundir esta qualificadora com o crime de FAMULATO que consiste no
roubo do empregado ao empregador.

A fraude no furto é utilizada pelo agente com o fim de burlar a vigilância da


vítima, que, por desatenção, tem seu bem subtraído, diferente do que acontece na
hipótese de estelionato em que a fraude é usada como meio para obter o consentimento
da vítima que, iludida, entrega voluntariamente o bem.

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No furto com destreza a vítima não pode participar para o seu acontecimento,
Exemplo: se alguém larga o carro aberto e é furtado sem que ninguém veja, não pode
configurar a qualificadora pois houve facilitação por parte da vítima. A destreza é bem
exemplificada no caso do PUNGISTA que é o famoso “batedor de carteira”. Alguns destes
criminosos são tão habilidosos que conseguem abrir a mochila de alguém e subtrair-lhes
seus bens sem que ninguém perceba.

A qualificadora da escalada pode confundir muitos candidatos pois também é


considerado escalada o fato de o criminoso abrir um buraco no chão para alcançar o
objeto do furto.

§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo
que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado
para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção,
ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)

§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de
acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.

Atente-se bastante a estes dispositivos, principalmente o parágrafo 4º pois é


muito recente esta tipificação!

A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver


emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.

Outra dica bem relevante que vem sendo objeto de questão é o fato de o
estabelecimento estar totalmente monitorado, isso não torna o furto impossível, mas as

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perguntas sempre tentam induzir o candidato a entender que seria impossível roubar
um local totalmente vigiado.

Poderá existir o furto PRIVILEGIADO + QUALIFICADO, caso a qualificadora seja


da ordem objetiva.

Não há furto de uso, pois se a intenção é SOMENTE utilizar o bem alheio, não á o
animus de assenhoramento exigido pelo tipo penal.

ROUBO

Vamos agora estudar o crime de roubo, este delito passou por recentes
modificações que, com certeza, serão objetos de questões das provas.

Objeto jurídico. O patrimônio, bem como a incolumidade física e a liberdade


individual.
Sujeito ativo. Qualquer pessoa
Sujeito passivo. O dono do bem subtraído e demais pessoas que sofrerem violência
no mesmo ato.
Consumação. No momento em que o agente se apossa do bem da vítima, ainda que
não obtenha a posse mansa e pacífica ou desvigiada (Súmula 582 do STJ).
É crime de ação penal pública incondicionada e não admite o princípio da
insignificância ou roubo de uso.

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Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou
depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

Podemos notar que o crime de roubo possui redação muito semelhante ao crime
de furto, porém, com peculiaridades que diferenciam bem os dois crimes.

No crime de roubo, além de o criminoso subtrair coisa móvel alheia, para si ou para
outrem, ele deve fazer isso MEDIANTE GRAVE AMEAÇA, ou VIOLÊNCIA.

Note, também, que o legislador descreve outra conduta que é a de IMPOSSIBILITAR


QUE A VÍTIMA RESISTA. Essa parte do dispositivo é referente ao que chamamos de
ROUBO PRÓPRIO COM VIOLÊNCIA IMPRÓPRIA. É chamado assim pelo fato de que a
violência empregada, nestes casos, é mais “sorrateira”, isto é, não existe uma violência
propriamente dita, o que acontece é que o criminoso se utiliza de modos que eliminam o
entendimento da vítima quanto ao roubo, exemplo clássico é o “boa noite cinderela” que
consiste em se utilizar um medicamento que cause rebaixamento da consciência da
vítima para depois roubá-la.
Não confunda o que foi falado acima com o roubo IMPROPRIO! São dispositivos
diferentes.

§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave
ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.

Observe que o legislador trouxe no paragrafo primeiro o ROUBO IMPRÓPRIO. Por


que é chamado de roubo improprio?

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Ele é assim chamado por que a violência empregada se dá DEPOIS de ter subtraído
a coisa pretendida, diferentemente do roubo próprio em que a violência é empregada
ANTES de haver a coisa.
VIOLÊNCIA OU GRAVE
AMEAÇA

COM
VIOLENCIA
PRÓPRIO PRÓPRIA
(emprega-se violência
ANTES de subtrair)
COM
ROUBO VIOLÊNCIA
IMPRÓPRIO IMPRÓPRIA
(emprega-se violência
DEPOIS de subtrair)

REDUZIR A RESISTÊNCIA
DA VÍTIMA
PARA ASSEGURAR A IMPUNIDADE
OU DETENÇÃO DA COISA

DICA:
O roubo impróprio, geralmente, acontece de um “furto que deu errado” como
assim?
Imagine que um casal que estava viajando resolve voltar para casa mais cedo, ao
abrirem o portão de sua casa, se deparam com ladrões que estava saindo com vários
pertences do casal, PARA GARANTIR O SUCESSO DO CRIME, um dos bandidos saca um
revolve e AMEAÇA o casal a ficarem bem quietos enquanto eles fogem.

Repare que o crime apresentado era de furto (se o casal não resolvesse chegar
antes em casa, os bandidos teriam furtado tudo e só depois o casal veria que foi lesado).
Mas neste caso o furto ia dar errado por isso teve de se empregar VIOLÊNCIA DEPOIS, o
que transforma o até então furto em roubo impróprio.

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Outros dois pontos são importantes que você tenha no caderno sobre o roubo
impróprio:

• Não se admite tentativa (diferentemente do roubo próprio)


• Não pode ser praticado com violência imprópria.

AUMENTO

§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)

I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)

II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;

III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.

IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior;
(Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426,
de 1996)

VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem


sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

Perceba que o legislador modificou esta parte recentemente, revogou-se o inciso I


(que falava sobre armas – no geral-) e criou outro AUMENTO FIXO DE 2/3 mas apenas
para o crime cometido com ARMA DE FOGO. Isso causou muita polêmica pois todas as
pessoas que tiveram aumento de pena em seus crimes de roubo por terem o cometido
com uma arma BRANCA, puderam pedir a redução de suas penas já que o legislador (ao
revogar o inciso I do artigo 2 e criar o artigo 2-A) esqueceu-se de falar novamente sobre
as armas brancas.
Desse modo, o roubo praticado com emprego de uma arma branca agora é
considerado roubo simples.

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§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause
perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

Outro ponto muito importante que vem caindo em prova é o emprego de


EXPLOSIVO no roubo, você não pode esquecer que ele também aumenta a pena do roubo
em exatamente 2/3.

ATENÇÃO!

ROUBAR O EXPLOSIVO
• AUMENTA A PENA DE 1/3 A 1/2

ROUBAR COM EXPLOSIVO


• AUMENTA A PENA EM 2/3

QUALIFICADORA

§ 3º Se da violência resulta: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)

I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa;(Incluído pela Lei nº 13.654, de
2018)

II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.654, de
2018)

Desta parte do dispositivo, o que precisa ser bem observado é o inciso II pois
quando há morte no cenário do roubo, fala-se em LATROCÍNIO.

É para frente que se anda, é para cima que se olha e é lutando que se conquista. 119
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Vejamos a súmula 610 do STF:


“Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que
não realize o agente a subtração de bens da vítima.”

Observe bem que o latrocínio é consumado no momento da MORTE e não no


momento da subtração do bem, tanto que mesmo que não haja sucesso na subtração,
mas, ainda sim haja morte, o latrocínio é considerado CONSUMADO!

Veja o que fala a jurisprudência sobre o assunto:


Quanto à configuração típica, observo, inicialmente, que, superado o
questionamento probatório, não há divergência no que se refere ao cerne dos fatos:
em um assalto contra dois motoristas de caminhão, um foi alvejado e faleceu e o
outro sofreu ferimentos, mas sobreviveu. O Recorrente, diante da tentativa de fuga
dos motoristas, efetuou disparos de arma de fogo em sua direção, vindo a atingi-los.
Não foi esclarecido na denúncia ou na sentença e acórdão, se o Recorrente logrou
obter a subtração patrimonial. Entretanto, a questão perde relevância diante da
morte de uma das vítimas, incidindo na espécie a Súmula 610 desta Suprema Corte:
"Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o
agente a subtração de bens da vítima".

[RHC 107.210, voto da min. Rosa Weber, 1ª T, j. 10-9-2013, DJE 210 de 23-
10-2013.]

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EXTORSÃO

Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem
indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

O crime de extorsão carrega semelhança com o crime de roubo, mas estudaremos


um ponto muito importante que fará você entender a diferença entre eles.

Crime formal – se consuma no momento em que o criminoso constrange alguém


mediante violência ou grave ameaça a FAZER, DEIXAR DE FAZER ou TOLERAR QUE SE
FAÇA alguma coisa. É conhecido como crime de resultado cortado, pois a consumação é
antecipara, ou seja, a obtenção da vantagem econômica é mero exaurimento do crime.

ROUBO ≠ EXTORSÃO.

ROUBO EXTORSÃO
A participação da vítima é DISPENSÁVEL, A participação da vítima é
ou seja, o criminoso consegue obter INDISPENSÁVEL, ou seja, o criminoso não
sucesso na investida mesmo sem a consegue obter sucesso caso a vítima não
participação da vítima. colabore.

Observe os exemplos:
Em um bairro, um criminoso armado entra em um ônibus e começa a exigir dos
passageiros que entreguem as suas carteiras e celulares. Em outro ponto do bairro, outro

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pilantra armado exige que uma senhora saque todo seu dinheiro do caixa eletrônico e o
entregue.

Veja que o “modos operandi” é basicamente igual nos dois casos e que em ambos
ouve exigência da entrega de bens materiais economicamente consideráveis. Porém,
observe o ponto diferencial que é muito cobrado em prova. Na primeira cena, o
criminoso consegue obter o bem mesmo se as pessoas ficassem imóveis, bastaria que ele
alcançasse os objetos e pronto. Já na segunda cena, o pilantra não iria obter o dinheiro
caso a senhora não “COLABORASSE” e digitasse a senha para ele.

AUMENTO

§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até
metade.

§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº
8.072, de 25.7.90

Observe que, diferentemente do crime de roubo, aqui o legislador não modificou o


aumento pelo emprego de arma, ou seja, continua valendo arma branca ou arma de fogo.
E o parágrafo segundo fala sobre a conduta de gerar lesão corporal grave ou a
morte da vítima, do mesmo modo que já tratamos no crime de roubo.

SEQUESTRO RELÂMPAGO

§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da
vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave
ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923,
de 2009)

É diferente da extorsão mediante sequestro!

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EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO

Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço
do resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Vide Lei nº 10.446, de 2002)

Pena - reclusão, de oito a quinze anos.

O crime consiste em privar alguém de sua liberdade como moeda de troca de uma
vantagem.

Esse crime é formal, se consuma no exato instante que se tem o sequestro, ainda
que o criminoso não consiga a vantagem. É UM CRIME HEDIONDO.

EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO ≠ SEQUESTRO RELÂMPAGO


EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO SEQUESTRO RELÂMPAGO
Privar alguém para obter uma moeda de Privar alguém de sua liberdade para
troca, um resgate obrigar a fazer algo.

A moeda de troca referida na extorsão mediante sequestro deve, necessariamente,


ter natureza PATRIMONIAL, por isso, se a moeda de troca for uma pessoa não será
considerado extorsão mediante sequestro.

Veja um caso concreto.

Os bandidos de uma facção sequestram o filho do diretor de um presídio, e como


resgate, exigem que o diretor solte um dos membros desta facção que se encontra preso
na prisão em que este diretor trabalha.

Qual crime esses bandidos cometem:

• Artigo 148 CP – sequestro


• Lei 9455/87 tortura.

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QUALIFICADORAS:

§ 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior
de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
(Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
§ 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)

PRIVILEGIADORA:

§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação


do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 9.269, de 1996)

APROPRIAÇÃO INDÉBIDA

Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

• PRIMEIRO MOMENTO:
Posse LÍCITA da coisa.

• SEGUNDO MOMENTO:
O criminoso incorpora a coisa em seu patrimônio.

RESUMINDO: O dolo do criminoso, obrigatoriamente, tem que ser posterior,


primeiro ele deve ter o bem em sua posse de maneira lícita e só depois disso deve ter o
DOLO de se apoderar de tal coisa. Se o dolo for desde o início, ou seja, desde o momento
da posse, o crime passa a ser o de ESTELIONATO.

EX: uma noiva vai casar e aluga um vestido. Passado o seu casamento, ela se esquece
de devolver o vestido e, nesse momento, decide ficar com o vestido. (apropriação
indébita).

EX2: Uma pessoa empresta dinheiro a um amigo, mas este amigo não devolve o
dinheiro. (apropriação indébita). Caso a intenção deste amigo fosse desde o início de não
devolver, seria estelionato.

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Pode-se ter uma posse lícita e o crime não ser de apropriação indébita?
Sim, pode ser caracterizado o crime de furto.
Caso a posse lícita seja uma posse VIGIADA, e o sujeito leva a coisa, haverá
configurado o FURTO!

Por exemplo, se uma mulher pede a uma vendedora que lhe mostre algumas roupas
para experimentar e esconda em sua bolsa uma das peças e saia da loja, configurará
FURTO pois as roupas estavam sobre a vigilância da vendedora.

APROPRIAÇÃO INDEBITA (CONTINUAÇÃO)

Dando continuidade ao crime de apropriação indébita.

Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza


Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.

O parágrafo único também traz hipóteses em que a pena se dará de um mês a um


ano, ou multa.

Parágrafo único - Na mesma pena incorre:


Apropriação de tesouro
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito o
proprietário do prédio;
Apropriação de coisa achada
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono
ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias.
Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto no art. 155, § 2º

ACHADO NÃO É ROUBADO?

De fato, não é roubado, mas não deixa de ser crime pois é tipificado no inciso II do
paragrafo único do crime de apropriação indébita!

Se não se sabe quem é o dono da coisa ou não se dá para saber, quem achou a coisa
terá o prazo de 15 dias para entrega-la às autoridades, caso contrário incorrerá no crime
de apropriação indébita de coisa achada.

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Não se considera a coisa perdida quando esta coisa está perdida dentro da própria
casa do dono, logo, se a empregada achar e ficar para ela, não cometerá apropriação
indébita de coisa achada, mas sim furto.

APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA.

Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal
ou convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

O bem jurídico tutelado é o patrimônio de todos que participam do sistema de


seguridade, mais precisamente o previdenciário. Nota-se que a conduta prevista no tipo
penal é a de deixar de repassar, ou seja, basta que o agente deixe de transmitir ao órgão
previdenciário o valor recolhido do contribuinte. Além do mais, no artigo 168-A há três
personagens, o administrador da pessoa jurídica que recolhe a contribuição, o
contribuinte e a Previdência Social.

Sujeito ativo é a pessoa que tem o dever legal de repassar à Previdência Social a
contribuição recolhida dos contribuintes. Nota-se que não é possível imputar o delito à
pessoa jurídica, mas somente aos seus administradores.
Sujeito passivo é a Previdência Social, podendo concorrer com ela os segurados
lesados pelo comportamento do agente.
Esse crime não admite a forma tentada pois é CRIME OMISSIVO PURO OU
PRÓPRIO. (deixar de repassar).

O pagamento desta dívida será causa de EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE, seja ela em


qualquer momento.

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§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido
descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público; (Incluído pela Lei nº 9.983, de
2000)
II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos
à venda de produtos ou à prestação de serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à
empresa pela previdência social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições,
importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento,
antes do início da ação fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

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ESTELIONATO

Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro,
mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.

É um crime MATERIAL: se consuma quando a pessoa é enganada e o criminoso


consegue a coisa. Por isso, cabe a tentativa.

Esta vantagem ilícita deve ser de origem PATRIMÔNIAL. Caso esta vantagem
seja de cunho sexual, o crime a ser cometido será aquele do artigo 215 (violação sexual
mediante fraude).

TORPEZA BILATERAL.

É quando duas pessoas tentam se enganar reciprocamente.

Exemplo: João tenta enganar Pedro vendendo um carro que não é seu. Por sua
vez, Pedro paga a João com um cheque sem fundo. Ambos são enquadrados no
estelionato.

João – disposição de coisa alheia como própria.


Pedro – emissão de cheque sem suficiente profissão de fundos dolosamente.

Vejamos o que diz a SUMULA 554 do STF.

“O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da


denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal.”

ATENÇÃO!

Esta súmula só se aplica no caso do estelionato na modalidade de emissão de


cheques sem suficiente provisão de fundo, prevista no art. 171, § 2°, inc. VI.

Súmula 554: inaplicabilidade aos crimes de estelionato na sua forma prevista no


artigo 171, caput, do Código Penal

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1. Inviável a pretendida aplicação analógica do art. 34 da Lei 9.249/1995, obstada


pelos princípios da legalidade e da especialidade, sendo certo que a analogia pressupõe
uma lacuna involuntária. 2. A Súmula 554 do Supremo Tribunal Federal não se aplica ao
crime de estelionato na sua forma fundamental: "Tratando-se de crime de estelionato,
previsto no art. 171, "caput", não tem aplicação a Súmula 554-STF" (HC nº 72.944/SP,
Relator o Ministro Carlos Velloso, DJ 8/3/96). A orientação contida na Súmula 554 é
restrita ao estelionato na modalidade de emissão de cheques sem suficiente provisão de
fundo, prevista no art. 171, § 2°, inc. VI, do Código Penal (Informativo 53 do STF). 3. A
reparação do dano antes da denúncia é tão-somente uma causa de redução da pena, nos
termos do art. 16 do Código Penal, e não uma causa de excludente de culpabilidade. 4. Não
cabe acolher a prescrição da pena de multa considerando que mesmo no estelionato
privilegiado (art. 171, § 1º, do CP) possível é a aplicação de pena de detenção em
substituição à de reclusão ou a diminuição de um a dois terços (art. 155, § 2º, do CP).
Entendendo o Juiz de aplicar a pena de multa, então, poderá no mesmo ato conhecer a
prescrição. 5. Habeas corpus denegado. Ordem concedida de ofício para que o Juízo aprecie
a impetração com base no art. 171, § 1º, do Código Penal.
[HC 94.777, rel. min. Menezes Direito, 1ª T, j. 5-8-2008, DJE 177 de 19-9-2008.]

FRAUDE PARA RECEBIMENTO DE INDENIZAÇÃO OU VALOR DE SEGURO

Destaco o inciso V do paragrafo 2ª do artigo 171 pois ele cai muito em prova.
“ V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a
saúde, ou agrava as conseqüências da lesão ou doença, com o intuito de haver
indenização ou valor de seguro;”

Vale ressaltar que quem pratica autolesão não comete crime(princípio da


auteridade), mas como ele é mero meio para atingir o crime fim que é o estelionato, ele
será punido!

PRIVILEGIADORA.

§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto
no art. 155, § 2º.

• Prejuízo de pequeno valor.


• Pessoa for primária.

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RECEPTAÇÃO

Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto
de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de
1996)
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Crime comum.
Doloso, na receptação simples e na qualificada.
Culposo no caso do § 3º, do art. 180 do CP.
Material na receptação própria.
Formal na receptação imprópria
Comissivo, salvo na modalidade de ocultar que é omissivo.
Instantâneo, salvo nas formas de transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito e
expor à venda que é permanente.
Unissubjetivo.
Plurissubsistente e acessório, pois depende do crime antecedente.
Sujeito ativo e passivo, ambos podem ser comuns.
Objeto jurídico, o patrimônio.

Trata-se de crime autônomo, não se podendo falar em autoria ou participação


quando o agente pratica a conduta após a consumação do delito antecedente.

Com a redação que lhe foi dada pela Lei 9.426, de 24 de dezembro de 1996, tem-se
para o crime de receptação dolosa (artigo 180 do Código Penal):

¨Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio,


coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira,
receba ou oculte.¨ (tem que ser produto de CRIME)

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Pena: reclusão de um a quatro anos e multa.

A ação penal é pública incondicionada e pode ser proposta no local em que se


consumou a receptação ou, havendo conexão, diante da regra constante do artigo 76, III,
do Código de Processo Penal.

É conhecido como delito PARASITÁRIO, pois para se obter receptação precisa de um


crime anterior.
Não precisa provar a autoria do crime anterior para que a pessoa que receptou seja
condenada! Um crime não condiciona o outro.
Se a pessoa pediu para outra adquirir tal objeto, não responderá por receptação mas,
sim por furto ou roubo como participação ou autoria do crime anterior.

RECEPTAÇÃO QUALIFICADA:
O criminoso se vale de atividade comercial ou industrial para a prática do delito.

RECEPTAÇÃO DOLOSA:

• DOLO EVENTUAL: A pessoa deve saber que tal objeto é produto de crime.
• DOLO DIRETO: A pessoa sabe que tal objeto é produto de crime.

RECEPTAÇÃO CULPOSA:
O sujeito deveria saber que é produto de crime devido à diferença bruta do valor da
coisa, ou até pela natureza e condições da pessoa que está oferecendo a coisa.

RECEPTAÇÃO IMPROPRIA:
Influir para que terceiro de boa fé adquira produto de crime.

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Pode existir receptação de receptação.

EX: Tiago compra celular da mão de Jr e sabe que é produto de furto, e presenteia
Maria com este celular e conta para ela que é produto de furto e mesmo assim aceita.

O produto do ato infracional análogo ao furto cometido por menor de 18 anos que é
vendido para outra pessoa maior de idade configura a receptação! Mesmo sendo produto
de ato infracional!

ATENÇÃO!
Não comete receptação quem tem seu bem furtado, descobre onde ele está e compra
de volta o próprio bem!

ATUALIZAÇÕES

Vamos observar algumas das mais recentes atualizações quanto aos crimes contra
o patrimônio. Essas mudanças, possivelmente, serão objetos da sua prova.

FURTO

QUALIFICADORAS:

Furto de semovente domesticável de produção.


1. Vivo
2. Abatido no local e dividido em partes.
Pena: 2 – 5 Anos.

Subtração de substância explosiva ou de acessórios que conjunta ou


isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.

Pena: 4 – 10 anos.

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ROUBO

§ 2º A PENA E AUMENTADA DE 1/3 A 1/2.

I (revogado) aqui trazia o emprego de arma (seja de fogo seja branca).

VI subtração de substância explosiva ou de acessório que, conjunta ou


isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.

§ 2º A PENA E AUMENTADA 2/3.

I se a violência ou grave ameaça é exercida com arma de FOGO


II se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de
explosivo ou de artefato análogo que cause perigo em comum.

ATENÇÃO AO EXPLOSIVO!
SE O OBJETO DO CRIME FOR O EXPLOSIVO:
NO FURTO QUALIFICADORA (4-10 ANOS)

NO ROUBO AUMENTO DE PENA (1/3 a 1/4)

ESTELIONATO

Aplica-se a pena EM DOBRO se o estelionato for contra pessoa idosa.

RECEPTAÇÃO
Art. 180-A (acrescentado em 2016) Adquirir, receber, transportar, conduzir,
ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade de produção ou de
comercialização, semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou
dividido em partes, que deve saber ser produto de crime

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Pena: 2 – 5 Anos.

IMUNIDADES

O artigo 181 do Código Penal traz disposições gerais sobre isenção de pena quanto
aos crimes contra o patrimônio.

IMUNIDADE ABSOLUTA

É ISENTO DE PENA:

O cônjuge, na constância da sociedade conjugal.


O ascendente ou descendente (de sangue ou adotado)

IMUNIDADE RELATIVA

SÓ SE PROCEDE MEDIANTE REPRESENTAÇÃO:

O cônjuge separado
Irmão (de sangue ou adotado)
Entre tio e sobrinho que coabitem.

NÃO SE ADMITE A IMUNIDADE

Se praticado com emprego de violência ou grave ameaça


Ao “estranho” que participar.
EX: um filho comete estelionato contra o pai com a ajuda de seu amigo, a
imunidade só servirá para o filho, não abarcando o amigo.
Se a vítima for MAIOR de 60.

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CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL

Nesta aula nós estudaremos alguns crimes contra a dignidade sexual, passaremos
pelos que mais caem em prova.

Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que
com ele se pratique outro ato libidinoso: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.

O crime de estupro consiste no fato de o agente “constranger alguém, mediante


violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele
se pratique outro ato libidinoso”

O delito é dividido em quatro elementos:


1º constrangimento decorrente da violência física (vis corporalis) ou da grave
ameaça (vis compulsiva);
2º dirigido a qualquer pessoa, seja do sexo feminino ou masculino;
3º para ter conjunção carnal;
4º ou, ainda, para fazer com que a vítima pratique ou permita que com ela se
pratique qualquer ato libidinoso. O estupro, consumado ou tentado, em qualquer de suas
figuras (simples ou qualificadas), é crime hediondo (Lei 8.072/90, art. 1º, V).

CRIME COMUM (aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa).
PLURISSUBSISTENTE(costuma se realizar por meio de vários atos).
COMISSIVO (decorre de uma atividade positiva do agente “constranger”).
COMISSIVO POR OMISSÃO (quando o resultado deveria ser impedido pelos
garantes – art. 13, § 2º, do CP).
DE FORMA VINCULADA (somente pode ser cometido pelos meios de execução
previstos no tipo penal: violência ou grave ameaça).

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MATERIAL (só se consuma com a produção do resultado conjunção carnal ou


outro ato libidinoso).
DE DANO (só se consuma com a efetiva lesão ao bem jurídico protegido, a
liberdade sexual da vítima).
INSTANTÂNEO (uma vez consumado, está encerrado, a consumação não se
prolonga).
MONOSSUBJETIVO (pode ser praticado por um único agente).
DOLOSO (não há previsão de modalidade culposa).
NÃO TRANSEUNTE (quando praticado de forma que deixa vestígios)
TRANSEUNTE (quando praticado de forma que não deixa vestígios).
OBJETO JURÍDICO (liberdade sexual).
OBJETO MATERIAL (é a pessoa constrangida, sobre a qual recai a conduta
criminosa do agente).
SUJEITOS (tanto o sujeito ativo quanto o passivo são considerados comuns).

O crime de estupro deve ser intentado mediante VIOLÊNCIA ou GRAVE A MEAÇA,


ambos são meios de execução, o sujeito ativo deve cometer conjunção carnal ou outro
ato libidinoso.

Violência – é o emprego de força física (vis absoluta) capaz de dificultar, paralisar


ou impossibilitar a real ou suposta capacidade de resistência da vítima, resultando em
vias de fato ou lesão corporal.
Grave ameaça – também denominada de violência moral (vis compulsiva) é a
promessa da prática de um mal a alguém, de acordo com a vontade do agente, consistente
na ação ou omissão, capaz de perturbar a liberdade psíquica e a tranquilidade da vítima.

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Conjunção carnal - Coito vagínico, é a cópula entre homem e mulher.


Ato libidinoso – qualquer outro ato que não seja conjunção carnal, como:
masturbação, toques íntimos, sexo oral, sexo anal...

✓ Pode ser cometido pelo marido contra a esposa (que não queria realizar o
ato sexual).
✓ É considerado inclusive quando alguém obriga a mulher a introduzir algo em
sua vagina.
✓ Pode ser considerado mesmo que não haja o contato físico. Conforme o
exemplo acima.
✓ Pode se realizar de forma virtual. Como em um caso em que um indivíduo,
via Skype obriga uma mulher a se masturbar.

CONSUMAÇÃO: o crime se consuma no momento que se é praticada a conjunção


carnal ou o ato libidinoso (MATERIAL). Neste sentido, entende-se que cabe a tentativa.

PRETERDOLO.

Se do estupro sobrevier a morte da vítima de modo CULPOSO, o agente responderá


no instituto do preterdolo, ou seja, qualificando o crime.
Caso esta morte já esteja na ideia do agente, ou seja, já havia a intensão de matar a
vítima, será caso de CONCURSO DE CRIMES.
QUALIFICADORES:

§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou


maior de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 2o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos

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VIOLAÇÃO SEXUAL MEDIANTE A FRAUDE


Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que
impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.

FRAUDE:
EX: Irmão gêmeo que engana a esposa do irmão para ter conjunção carnal.
EX2: Líder espiritual que engana um fiel dizendo que precisa ter conjunção
com ele para expulsar o demônio.
EX3: Quem promete casamento somente para conseguir sexo.

O parágrafo único relata que se o crime é cometido com o fim de obter VANTAGEM
ECONÔMICA, além da pena de reclusão também se aplicará a MULTA.

IMPORTUNAÇÃO SEXUAL

Art. 215-A. praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria
lascívia ou a de terceiro: (incluído pela lei nº 13.718, de 2018)

pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais grave.

O crime de importunação sexual, diferentemente do estupro, não pode haver


VIOLÊNCIA ou GRAVE AMEAÇA.

Deve ser realizado com fim de satisfazer a própria lascívia ou a de outrem

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REGISTRO NÃO AUTORIZADO DA INTIMIDADE SEXUAL

Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou ato
sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos participantes: (Incluído pela Lei nº 13.772, de
2018)

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa.

Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza montagem em fotografia, vídeo, áudio ou qualquer outro
registro com o fim de incluir pessoa em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo

O crime consiste em registrar, por qualquer meio, cenas ou atos sem


consentimento de quem os praticam. E seu parágrafo único traz outro tipo penal que é o
de realizar montagens com cunho sexual.

ASSÉDIO SEXUAL

Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da
sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. (Incluído
pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)
Parágrafo único. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)
§ 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos.

Para a tipificação do crime de assédio sexual do art. 216-B, terá que,


NECESSARIAMENTE, haver uma relação de hierarquia entre o sujeito ativo e o sujeito
passivo. Além de o sujeito ativo ter de se valer do cargo.

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ESTUPRO DE VULNERÁVEL

Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: (Incluído
pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou
deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode
oferecer resistência. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 2o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 4o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se independentemente do consentimento
da vítima ou do fato de ela ter mantido relações sexuais anteriormente ao crime. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

Configura-se esse crime quando o ato é contra:

CONTRA

MENOR DE 14 ANOS

MESMO QUE ESTES “CONSINTAM” O ATO.


CONTRA

DOENTE MENTAL SEM CAPACIDADE DE


DISSERNIR O ATO SEXUAL.

CONTRA

PESSOA QUE NÃO OFEREÇA RESISTÊNCIA

Caso a pessoa tenha entre 14 e 18 anos e não consentir o ato, este recairá nas
penas do Art. 213 (estupro).

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