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RH e Saúde Ocupacional

Segundo a OMS, a finalidade dos Serviços de Saúde Ocupacional consiste:

• Promoção de condições laborais;


• Proteção da saúde dos trabalhadores;
• Promoção do bem-estar físico, mental e social;
• Prevenção e controlo dos acidentes e de doenças através da redução das condições de risco.

MODELO BIOMÉDICO

O modelo biomédico é uma abordagem tradicional na medicina que se foca principalmente em explicar as doenças
e promover a saúde com base em fatores biológicos.

As doenças são frequentemente consideradas como disfunções ou desequilíbrios nos sistemas biológicos do corpo,
e o tratamento é direcionado para corrigir essas disfunções através de intervenções médicas, como medicamentos,
cirurgias e outros procedimentos. As emoções e imagens pertencem à mente e não afetam o corpo.

Críticas:

• Baseia-se em tratamentos caros e invasivos.


• Não promove a prevenção, a promoção da saúde ou a responsabilidade individual.

Desafios:

• Provas científicas da ligação entre sistema nervoso central e imunológico, sugerindo que algumas respostas
imunológicas podem ser aprendidas;
• As pessoas podem controlar voluntariamente os movimentos “involuntários” do corpo;
• Nem todas as pessoas ficam doentes quando expostas ao mesmo agente.

MODELO BIOPSICOSSOCIAL

Este modelo expandiu o modelo biomédico, ao introduzir outros fatores na saúde e na doença, como o
comportamento, as atitudes e o estilo de vida.
Os aspetos psicológicos e sociais são relevantes e integrados no tratamento do doente, assim como os aspetos
biomédicos são tidos em consideração neste processo.

Características:
• O individuo é visto como um todo, com múltiplas dimensões (física, afetiva, cognitiva, comportamental,
etc.) que se reflete nos fenómenos de saúde e doença;
• A saúde e a doença são vistas como processos dinâmicos, em evolução constante, em que se considera a
relevância dos fatores biológicos, psicológicos e sociais;
• O sujeito é agente dos seus próprios estados de saúde e doença e, consequentemente, autor nos processos
de recuperação.

CONCEITO DE SAÚDE

Segundo a OMS, a saúde não é apenas a ausência de doença. Esta manifesta-se ao nível do bem-estar e da
funcionalidade a nível mental, social e físico.
Define-se por uma configuração de bem-estar resultante de uma autoavaliação, da expressão de uma opinião
pessoal acerca de si próprio.
A saúde inclui várias dimensões de caracter subjetivo (sentir-se bem) e objetivo (capacidade funcional):

→ Saúde emocional;
→ Saúde social;
→ Saúde intelectual;
→ Saúde física;
→ Saúde espiritual.

DEFINIÇÃO DE DOENÇA

Disease (ter uma doença) – pode ser visto como um acontecimento biológico, caracterizado por mudanças
anatómicas, fisiológicas, bioquímicas.

Illness (sentir-se doente) – é um acontecimento humano, isto é, consiste numa configuração de desconforto e
desorganização psicossocial. A pessoa pode sentir-se doente com sintomas, mas, no entanto, nada ser detetado.

Sickness (comportar-se como doente) – é vista como uma identidade social, um estatuto ou papel assumido por
pessoas que foram rotuladas como não saudáveis.

PORTUGAL 2030 – Agenda e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável


GESTÃO DA SEGURANÇA

Atividade que se ocupa da identificação e avaliação dos riscos inerentes a cada atividade específica e, da sua
minimização, eliminação ou controlo.
Estes riscos podem manifestar-se de várias maneiras, no âmbito de diversas relações, designadamente empregador
– trabalhador (quadro das relações laborais) e produtor – consumidor (quadro das relações de consumo).

Enquadramento da área de SHST

Segurança no trabalho – conjunto de métodos que visam a prevenção dos acidentes de trabalho, através da
avaliação e controlo de riscos profissionais.
Higiene no trabalho – conjunto de métodos não médicos que visam a prevenção de doenças profissionais, através
do controlo da exposição a agentes físicos, químicos e biológicos.
• Segurança e higiene no trabalho – atividades exercidas por técnicos ou técnicos superiores de
segurança no trabalho

Saúde no trabalho – conjunto de métodos médicos que visam a vigilância médica e controlo dos elementos físicos,
sociais e mentais que possam afetar a saúde dos trabalhadores. A responsabilidade é do médico do trabalho.

Higiene do Trabalho Segurança do Trabalho


Agentes químicos Prevenção de acidentes
Agentes físicos Incêndios / explosões
Agentes biológicos Segurança de máquinas e equipamento

Objetivos da Gestão de Segurança:


• Assegurar as condições de trabalho;
• Desenvolver as condições técnicas que assegurem a aplicação das medidas de prevenção dos riscos
profissionais;
• Informar e formar os trabalhadores no domínio da SHST.

A organização de segurança tem como principal objetivo:


• Definir e implementar as medidas que permitam alcançar, manter e atualizar os níveis de segurança
ajustados a cada caso

Deve, portanto, estar constituído por uma estrutura capaz de pensar e executar as medidas de segurança
necessárias e, dotada de duas componentes principais:
• Organização para a gestão da segurança;
• Organização de segurança para emergência.

Organização para a Gestão da Segurança

Comissão de higiene e segurança → Organismo próprio para informar, vigiar e, sensibilizar em questões que
envolvam riscos para a saúde e segurança dos trabalhadores:

• Técnico de segurança do trabalho: profissional que desenvolve atividades de prevenção e de proteção


contra riscos profissionais
o Execução do programa de segurança
o Recolha e tratamento de informação de segurança
o Promover avaliações do local de trabalho
• Representante dos trabalhadores: Devem ser auscultados pelo empregador e pelo departamento de
higiene e segurança, com quem devem colaborar. Devem ser consultados sobre:
o Avaliação dos riscos profissionais
o Medidas de SHST antes de serem postas em prática
o Primeiros socorros e atuação em caso de perigo
• Medicina Ocupacional
identificação e avaliação
da situação de risco

Desenvolvimento de técnicas de
prevenção de acidentes e controlo
de perdas

seleção de
medidas
corretivas

aplicação de
medidas corretivas

controlo de
resultados
• Representante da administração ou gerência

Funções da comissão de higiene e segurança:

• Desenvolvimento do sentido de risco profissional;


• Inspeções dos locais de trabalho;
• Organização e controlo do serviço de incêndios e salvamento;
• Participação na elaboração de normas de higiene, segurança e saúde no local de trabalho.

Medicina Ocupacional

Tem por objetivo a prevenção da ocorrência de alterações na saúde que sejam causadas ou agravadas pelo exercício
de uma atividade profissional

Atribuições:

• Conhecer e analisar os postos de trabalho;


• Conceber e implementar programas de promoção de saúde nos locais de trabalho
• Realizar os exames médios de admissão, periódicos e ocasionais, e analisar os exames complementares de
diagnóstico;
• Incentivar os trabalhadores a adotarem boas práticas de trabalho;

Modelo de gestão de segurança

Obrigações gerais do empregador:

Assegurar ao trabalhador condições de segurança, higiene e saúde em todos os aspetos relacionados com o trabalho
(esta obrigação geral está configurada como uma obrigação de resultado, uma vez que, são fixados ao empregador
os objetivos a atingir).

Princípios gerais do empregador:

• Integrar no conjunto das atividades da empresa, estabelecimento ou serviço, a avaliação dos riscos para a
segurança e saúde dos trabalhadores, com a adoção de convenientes medidas de prevenção;
• Assegurar que as exposições aos agentes químicos, físicos e biológicos nos locais de trabalho não
constituam risco para a segurança e saúde do trabalhador;
• Dar instruções adequadas aos trabalhadores;
• Verificar se os trabalhadores têm formação e aptidão suficientes em matérias de SHST para exercer
determinadas tarefas;

Obrigações gerais do trabalhador:

• Cumprir as disposições legais e convencionais e as instruções do empregador sobre SHST;


• Zelar pela sua segurança e saúde, bem como de terceiros que possam ser afetados pelas suas ações ou
omissões no trabalho;
• Utilizar corretamente, de acordo com as instruções do empregador, os equipamentos, as substâncias
perigosas e, os equipamentos de proteção coletiva e individual;
• Adotar as medidas e instruções previstas em caso de perigo grave e iminente.

Organização dos Serviços da SHST:

Modalidades dos serviços de SHST:

• Serviços internos: Criados pela própria empresa, abrangendo exclusivamente os seus trabalhadores:
o Obrigatória em empresas com mais de 400 pessoas e/ou que desenvolvam atividades de risco
elevado
• Serviços comuns: Criados por várias empresas para utilização comum dos seus trabalhadores (pouco
utilizado)
• Serviços externos: Contratados pela empresa a outras entidades, mantendo o empregador as
responsabilidades atribuídas pela legislação.
o Tem as seguintes modalidades: associativos, cooperativos, privados (sociedades) e convencionados
(entidade da administração pública).
o O empregador não reúna as competências internas necessárias para a garantia da prevenção de
riscos profissionais e promoção da vigilância da saúde dos trabalhadores.

Atividades de risco elevado:

• Trabalhos em obras de construção, escavação, movimentação de terras, de túneis, etc.


• Atividades que envolvam a utilização ou armazenagem de produtos químicos perigosos suscetíveis de
provocar acidentes graves;
• Fabrico, transporte e utilização de explosivos e pirotecnia;
• Atividades que impliquem a exposição a radiações ionizantes;

Na empresa, estabelecimento ou conjunto de estabelecimentos distanciados até 50 km do de maior dimensão, que


empregue no máximo nove trabalhadores (vulgarmente designadas por microempresas), e cuja atividade não seja
de risco elevado, as atividades de SHST podem ser exercidas diretamente pelo próprio empregador ou pelo
trabalhador por ele designado, desde que tenha formação adequada e permaneça habitualmente nos
estabelecimentos.

ANÁLISE, AVALIAÇÃO E GESTÃO DE RISCOS

Obrigação de prevenção – artigo 273º CT: Assegurar aos trabalhadores condições de segurança e saúde em todos
os aspetos relacionados com o trabalho.

Avaliação dos riscos – Exame sistemático de todos os aspetos do trabalho, com o objetivo de identificar causas
prováveis de lesões ou danos e determinar de que forma tais causas podem ser controladas a fim de eliminar ou
reduzir os riscos.

FASES:
Proativa
Condições de trabalho Riscos potenciais;
• Trabalhador; Dano;
• Material; Probabilidade
• Tarefa;
• Ambiente.
1. IDENTIFICAÇÃO DOS PERIGOS
2. IDENTIFICAÇÃO DAS CATEGORIAS TRABALHADORES
3. AVALIAÇÃO DOS RISCOS

Para a avaliação de riscos é englobada toda a atividade laboral, que inclui a organização, as pessoas e a atividade
técnica.

Avaliação técnica Organização Pessoas


• Matérias; • Gestão; • Motivação;
• Tecnologias; • Financiamento; • Qualificações;
• Fluxo matérias- • Organização do trabalho; • Estatuto;
primas/produto • Políticas e serviços de • Competências;
• Instalações e locais; prevenção • Aptidão física;
• Ambiente. • Comunicação; • Formação.
• Relações sociais

Análise dos riscos:

Reativa
Clínica Epidemiológica
• Recolha de factos; • Analise de dados estatísticos;
• Dinâmica do acidente;
• Árvore das causas;

Métodos proativos:

• Segurança de máquinas;
• Controlo e verificações;
• Ergonomia;
• Auditorias.

Os riscos podem ser:

• Percecionados diretamente;
• Percebidos através da ciência;
• Virtuais.

Participação dos trabalhadores (crucial na criação de):

• Listas de risco;
• Propostas de prevenção;
• Plano de prevenção;
• Planificação de prevenção.

Princípios da prevenção: Desafios


• Define prioridades; • Mobilizar recursos;
• Empregador define a avaliação; • Promover informação/formação aos
• Participação de todos; trabalhadores;
• Deve ser sistemática • Incluir intervenções externas;
Papel do IGT:

• Melhorar a informação;
• Melhorar a inspeção;
• Cooperar com outras entidades;
• Divulgar boas práticas.

ACIDENTES DE TRABALHO
“É acidente de trabalho aquele que se verifique no local e tempo de trabalho e produza direta ou indiretamente
lesão corporal, perturbação funcional ou doença de que resulte redução na capacidade de trabalho ou de ganho ou
a morte”.

• Impulsionou a criação de legislação laboral;


• Proteção a terceiros (vizinhança), contra riscos derivados da instalação e funcionamento de
estabelecimentos industriais;

Aspetos económicos

• Custos diretos – incluem indemnizações, gastos em assistência médica, custos judiciais e encargos
acessórios de gestão, podendo ser representados pelo prémio do seguro;
• Custos indiretos – geralmente designados por não segurados;

Custos totais = CD + CI

Considera-se acidente de trabalho o ocorrido:

• trajeto de ida para o local de trabalho ou de regresso;


• No local de trabalho e fora deste, quando no exercício do direito de reunião ou de atividade de
representante dos trabalhadores:
• No local de trabalho ou fora deste, quando em frequência de curso de formação profissional;
• No local de pagamento da retribuição;

O empregador não tem de reparar os danos decorrentes do acidente que:

• For dolosamente provocado pelo trabalhador;


• Provier exclusivamente de negligência grosseira do trabalhador;
• Resultar da privação permanente ou acidental do uso da razão do trabalhador

Artigo 11.º Predisposição patológica e incapacidade

1 - A predisposição patológica do trabalhador num acidente não exclui o direito à reparação integral, salvo quando
tiver sido ocultada.

2 - Quando a lesão ou doença consecutiva ao acidente for agravada por lesão ou doença anterior, ou quando esta
for agravada pelo acidente, a incapacidade avaliar-se-á como se tudo dele resultasse, a não ser que pela lesão ou
doença anterior o trabalhador já esteja a receber pensão ou tenha recebido um capital de remição nos termos da
presente lei.

3 - No caso de o trabalhador estar afetado de incapacidade permanente anterior ao acidente, a reparação é apenas
a correspondente à diferença entre a incapacidade anterior e a que for calculada como se tudo fosse imputado ao
acidente.

Direito à reparação:

• Em espécie - prestações de natureza médica, cirúrgica, farmacêutica, hospitalar e quaisquer outras, seja
qual for a sua forma, desde que necessárias e adequadas ao restabelecimento do estado de saúde e da
capacidade de trabalho ou de ganho do sinistrado e à sua recuperação para avida ativa;
• Em dinheiro - indemnizações, pensões, prestações e subsídios previstos na presente lei.
Indemnizações e pensões:

Ao trabalhador:

• Indemnização por incapacidade temporária absoluta (ITA) ou parcial (ITP) para o trabalho;
• Indemnização por incapacidade permanente absoluta (IPA) ou parcial (IPP);
• Em capital ou em pensões (sujeitas a revisão e remíveis);

Aos familiares do trabalhador (em caso de morte deste):

• Despesas de funeral
• Pensões (igualmente sujeitas a revisão e remíveis)

Prestações por incapacidade:

• A indemnização por incapacidade temporária para o trabalho destina-se a compensar o trabalhador,


durante um período limitado, pela perda ou redução da capacidade de trabalho ou de ganho resultante de
acidente de trabalho.
• A indemnização em capital e a pensão por incapacidade permanente e o subsídio de elevada incapacidade
permanente são prestações destinadas a compensar o trabalhador pela perda ou redução permanente da
sua capacidade de trabalho ou de ganho resultante de acidente de trabalho.

Artigo 50.º Modo de fixação da incapacidade temporária e permanente

• A indemnização por incapacidade temporária é paga em relação a todos os dias, incluindo os de descanso
e feriados, e começa a vencer-se no dia seguinte ao do acidente.
• A pensão por incapacidade permanente é fixada em montante anual e começa a vencer-se no dia seguinte
ao da alta do sinistrado.

Artigo 22.º Conversão da incapacidade temporária em permanente

• A incapacidade temporária converte-se em permanente decorridos 18 meses consecutivos, devendo o


perito médico do tribunal reavaliar o respectivo grau de incapacidade.

Cálculo e pagamento das prestações

• A indemnização por incapacidade temporária e a pensão por morte e por incapacidade permanente,
absoluta ou parcial, são calculadas com base na retribuição anual ilíquida normalmente devida ao
sinistrado, à data do acidente.

Revisão das prestações

• Quando se verifique uma modificação na capacidade de trabalho ou de ganho do trabalhador proveniente


de agravamento, recidiva, recaída ou melhoria da lesão ou doença que deu origem à reparação, ou de
intervenção clínica ou aplicação de ajudas técnicas e outros dispositivos técnicos de compensação das
limitações funcionais ou ainda de reabilitação e reintegração profissional e readaptação ao trabalho, a
prestação pode ser alterada ou extinta, de harmonia com a modificação verificada.

Obrigatoriedade do Seguro de Acidentes de Trabalho

• O empregador é obrigado a transferir a responsabilidade pela reparação para entidades legalmente


autorizadas a realizar o seguro de acidentes de trabalho.

A garantia do pagamento das prestações que forem devidas por acidentes de trabalho que não possam ser pagas
pela entidade responsável, nomeadamente por incapacidade económica, é assumida pelo Fundo de Acidentes de
Trabalho.

Participação dos acidentes de trabalho


• Participação, por parte do sinistrado ou beneficiários legais, em caso de morte, ao empregador, verbalmente
ou por escrito, nas 48 horas seguintes ao acidente, salvo se ele o tiver presenciado ou dele vier a ter
conhecimento no mesmo período;
• participação, por parte do empregador com a responsabilidade transferida, à respetiva entidade seguradora
no prazo de 24 horas a partir da data do conhecimento;
• participação à respetiva instituição de previdência (até ao dia 20 do mês seguinte àquele em que tenha
ocorrido o acidente);
• participação do acidente de trabalho ao tribunal competente, por parte dos empregadores sem
responsabilidade transferida e pelas entidades seguradoras, por escrito, independentemente de qualquer
apreciação das condições legais de reparação.

Análise dos riscos:

• Perigo – fonte, situação ou ato com potencial para o dano em termos de lesão ou afetação da saúde, ou
uma combinação destes.
• Risco – combinação da probabilidade de ocorrência de um acontecimento ou de exposição(ões) perigosas
e da gravidade de lesões ou afeções da saúde que possam ser causadas pelo acontecimento ou pela(s)
exposição(ões).

Os métodos de análise de riscos podem ser diretos ou indiretos.

• Nos métodos diretos a apreciação é feita aprioristicamente, estabelecendo se fatores de risco antes da
ocorrência do acidente.
• Nos métodos indiretos, são os acidentes que fornecem indicações relativamente aos fatores de risco. Os
métodos indiretos dão-nos uma visão parcial dos fatores de risco, embora, sob o ponto de vista pragmático,
se deva reconhecer a sua eficácia.

Tanto os métodos diretos como os métodos diretos podem ser classificados em casuísticos (quando se analisam
casos individuais) e estatísticos (quando se retiram elementos a partir de um elevado número de casos).

Causalidade dos acidentes:

Teoria:

• O dano é, invariavelmente, causado por um acidente e este, por seu turno, é sempre o resultado do fator
que imediatamente o precede.
• Esta teoria mostra que o acidente e consequentemente a lesão são causados por alguma coisa anterior,
alguma coisa onde se encontra o homem.
• Todo o acidente é sempre causado, ou seja, ele nunca acontece sozinho.
• É causado porque o homem não se encontra devidamente preparado e comete atos inseguros, ou então
existem condições inseguras que comprometem a sua segurança.

Fatores na série de ocorrência do acidente:

1. Ascendência e ambiente social (personalidade)


2. Falha humana
3. Ato inseguro e/ou condição perigosa
4. Acidente
5. Dano pessoal

→ Segundo Heinrich, a ocorrência do acidente seria o somatório, em cadeia, dos 5 pontos anteriores, que seriam
traduzidos pela figura em efeito dominó.

Incidente: acontecimento relacionado com o trabalho em que ocorreu, ou poderia ter ocorrido, lesão, afeção da
saúde (independentemente da gravidade) ou morte.

Acidente: incidente de que resultou lesão, afetação da saúde ou morte.


Modelo de motivação-recompensa-satisfação:

• Se a capacidade de cada indivíduo depende da seleção e da formação, a motivação, por sua vez, revela-se
muito mais complexa, envolvendo diversas variáveis como a própria personalidade, o clima laboral, o tipo
de tarefas que compõem o trabalho, entre outras.
• A recompensa atribuída, fruto do desempenho do trabalhador, vai ser comparada com as suas expectativas,
resultando daí um determinado grau de satisfação, que influencia o seu nível de motivação para o
desempenho com segurança das suas tarefas.

Segundo Peterson, o erro humano não pode ser visto como uma simples falha provocada por um individuo, mas
sim como um produto de um sistema de trabalho que permitiu a existência e a continuação de determinada prática
que se provou insegura.

Segundo Reason, os operadores não são os principais “instigadores” dos acidentes, mas antes herdeiros das
deficiências de um sistema, geradas por um design deficiente, instalações incorretas, manutenção defeituosa ou
más decisões de gestão.

ERGONOMIA
Estudo da relação entre o homem e a sua ocupação, o equipamento em que decorre a sua atividade, e a aplicação
de conhecimentos no domínio das ciências Humanas por forma a obter a humanização do trabalho.

Consiste na conceção de produtos, ambientes e sistemas que sejam compatíveis com as capacidades, limitações e
necessidades das pessoas. O seu objetivo é garantir que os sistemas sejam projetados e adaptados de forma a
promover a segurança, eficiência, conforto e satisfação dos utilizadores. É utilizado para resolver problemas da SO.

Importância Social da ergonomia:

• Humanização dos sistemas de saúde


• Compreender a atividade das pessoas, observando os utilizadores utilizando instrumentos e metodologias
para fazer um diagnóstico dos problemas propondo soluções
• Colocar à disposição da gestão, informação (precisa e operacional) para que as decisões (Organizacional,
Técnica, Social e Humana) permitam alcançar com eficiência e eficácia os objetivos definidos.
• Adaptar (tarefas, dispositivos técnicos, o envolvimento e a organização do trabalho) às características do
operador humano.

Indicadores de potenciais problemas:

• Novos processos e equipamentos, pois terão que ser alvo de avaliações de forma a perceber ue mudanças
iram trazer e quais são as alterações necessárias a fazer;
• Lesões por trauma cumulativo;
• Absentismo e rotatividade elevada;
• Modificações de postos de trabalho/máquinas (iniciativa dos trabalhadores);
• Sistemas de incentivos salariais.

Analise ergonómica:

Avaliar instalações e postos de trabalho de uma forma sistemática e metódica:

• Divisão das tarefas e subtarefas a serem analisadas


• Descrição de cada tarefa e sua documentação
• Análise ergonómica passo a passo
Tudo isto é muito complicado de gerir, que podem muitas vezes levar a acidentes de trabalho, aumentando os custos
de produtividade, ou seja, uma baixa ergonomia é mau para o negócio.

Objetivos da ergonomia:

• Otimizar ao máximo as interações entre o Homem e o seu contexto com vista a promover a segurança,
saúde e bem-estar do utilizador;
• Promover a eficácia do sistema;

Tipos de ergonomia:

• Ergonomia de Produção - direcionada para o estudo e adaptação das condições de trabalho, em termos
organizacionais e de posto e ambiente de trabalho, em função das características e capacidades dos
trabalhadores
• Ergonomia do Produto - disciplina que disponibiliza metodologias para orientação acerca das escolhas
estratégicas do desenvolvimento de um produto.

Quanto a abrangência:

• Ergonomia do posto de trabalho: passa por uma abordagem microergonómica


• Ergonomia de sistemas de produção: passa por uma abordagem macroergonómica

Quanto a contribuição:

• Ergonomia de conceção: são as normas e especificações de projeto


• Ergonomia de correção: são as modificações de situações existentes
• Ergonomia de arranjo físico: é a melhoria de sequências e fluxos de produção
• Ergonomia de consciencialização: é a capacitação em ergonomia

Quanto a interdisciplinaridade:

• Engenharia: projeto e produção ergonomicamente seguros


• Design: metodologia de projeto e o design do produto
• Psicologia: formação e motivação do pessoal
• Medicina/enfermagem: prevenção de acidentes/doenças do trabalho
• Administração: projetos organizacionais e gestão de R.H.

Áreas principais de intervenção:

• Conceção/reformulação de produtos, serviços e/ou sistemas


• Higiene, segurança e saúde ocupacional
• Formação profissional

Contributos/vantagens da ergonomia:

• Preservar a saúde física, mental e espiritual


• Aumentar a motivação
• Impulsionar a produtividade

Ergonomia nos RH:

• DAF´s:
o Na (re)organização do trabalho;
o No desenho dos postos de trabalho e seu relativo espaço;
o Na adequação do ambiente físico com as características dos trabalhadores;
o No desenvolvimento de ações de formação profissional com vista a promover a HST
• Analise postos de trabalho:
o Informação relativa ao trabalhador/a que efetua o trabalho;
o Aos instrumentos de trabalho;
o Às tarefas a realizar;
o Às consequências da realização do trabalho quer para a organização quer para o trabalhador.
• Combate ao stress – este pode suscitar:
o Mal-estar psicológico;
o Diminuição da capacidade de trabalho;
o Esgotamento físico;

Ignorar a ergonomia é perder competitividade de mercado, ter dificuldade de escoar o produto e produzir sem
qualidade.

HIGIENE
Disciplina associada à prevenção de riscos ambientais com a finalidade de identificar e medir agentes (físicos,
químicos, biológicos, radiológicos), tomando medidas de eliminação ou controlo para resguardar a saúde e o
conforto dos trabalhadores durante toda sua vida de trabalho.

Riscos ambientais:

• Químicos:
o Aerodispersoides
o Gases e vapores
• Físicos:
o temperaturas extremas
o ruído;
o vibrações;
• Biológicos:
o Vírus;
o Bactérias;
o Fungos;
o Parasitas.

Agravantes dos riscos ambientais:

• Tempo de exposição: Quanto maior o tempo de exposição, maiores serão as possibilidades de se produzir
uma doença do trabalho.
• Concentração ou intensidade dos agentes ambientais: Quanto maior a concentração ou intensidade dos
agentes agressivos presentes no ambiente de trabalho, tanto maior a possibilidade de danos à saúde dos
trabalhadores exposto.
• Características dos agentes ambientais

Avaliação dos riscos:

• Estudo qualitativo: coletar o maior número possível de informações e dados necessários, a fim de fixar as
diretrizes a serem seguidas no levantamento quantitativo.
o Número de trabalhadores;
o Horários de trabalho;
o Matérias-primas;
o Maquinarias e processos;
o Produtos semi-elaborados; e acabados;
o Tipo de iluminação;
o Presença de poeiras, fumos, névoas.
• Estudo quantitativo: completará o reconhecimento preliminar dos ambientes de trabalho, através de
medições adequadas que nos dirão no final quais são as possibilidades de os trabalhadores serem afetados
pelos diferentes agentes agressivos presentes nos locais de trabalho
o Minucioso e completo;
o Representante das condições reais do ambiente de trabalho;
o Verificar a intensidade ou concentração dos agentes;
o Adotar medidas de controle.

Ventilação:

Técnica que permite a substituição do ar de um ambiente interior por ar do exterior, com o objetivo de reduzir as
concentrações dos contaminantes e/ou por razões de conforto.

• Ventilação geral: Introdução de ar limpo em quantidade suficiente para que as concentrações dos
contaminantes no ar ambiente se reduzam a níveis aceitáveis.
Limitações:
o Quando os postos de trabalho estão localizados muito perto da fonte emissora e, portanto, ser
difícil apenas por diluição atingir os níveis aceitáveis.
o Contra-indicado no caso do controlo do empoeiramento.

• Ventilação local: Captação do contaminante na fonte, a sua condução em tubagem até a um coletor que o
retém lançando o ar na atmosfera.
Limitações:
o Movimentar quantidades de ar muito menores que a VG
o Custos de investimento e de manutenção menores
o Uma vez instalado o sistema, o processo produtivo não deve ser mudado de lugar para garantir a
sua eficiência

Sistema de ventilação por exaustão:

• O dispositivo de captação deve ser colocado o mais perto possível da emissão do contaminante e de forma
envolvente da fonte;
• O trabalhador não deve estar colocado entre a captação e a fonte;
• Para uma captação eficiente, o ar aspirado deve ser compensado com entrada de ar exterior. Recomenda-
se que o ar entrado tenha um caudal 10% superior ao caudal de aspiração;
• As saídas de ar poluído não devem ser colocadas perto das entradas do ar novo.

Ventilação e desenfumagem:

• A ventilação permite evitar a eclosão de incêndios, assegurando a evacuação, à medida que se produzem,
dos gases ou vapores inflamáveis emitidos por certos produtos armazenados ou utilizados.
• A desenfumagem permite:
o Evitar a propagação de incêndios;
o Evitar o pânico;
o Facilitar a intervenção dos socorros exteriores.

Síndrome do edifício doente:

Manifesta-se pela aparição nos locais de trabalho (escolas, escritórios) dos seguintes sintomas, num número (20%)
significativo de ocupantes desses locais:

• Irritação das mucosas do globo ocular, nariz e garganta;


• Distúrbios neuropsiquiatrias;
• Afeções cutâneas (pele seca, comichão);
• Sintomatologia asmática;
• Odor e gosto desagradáveis;

Ruídos

Mistura de sons cujas frequências diferem entre si por valor inferior à discriminação em frequências da orelha;
• Subjetivamente, o ruído é um som desagradável e indesejável.
• Objetivamente, o ruído é um sinal acústico aperiódico, originado da super posição de vários movimentos
de vibração com diferentes frequências, as quais não apresentam relação entre si.
• Quantitativamente, a sua duração em tempo, espectro de frequência em Hertz (Hz) e intensidade sonora
(nível de pressão sonora) em dB (deciBel).
• Qualitativamente
o Contínuos
o Intermitentes
o De impacto ou impulso

Efeitos da exposição ao ruído:

• Perda auditiva:
o Exposição aguda
o Exposição crónica
• Tipos:
o Trauma acústico

Perda auditiva súbita, provocada por ruído repentino e de grande intensidade, como uma explosão. Em certos casos,
a audição pode ser recuperada total ou parcialmente com tratamento.

o Perda auditiva temporária

Ocorre após a exposição a ruído intenso, por um curto período.

o Perda auditiva permanente

A exposição repetida ao ruído excessivo pode levar, ao cabo de alguns anos, a uma perda auditiva irreversível –
permanente.

Classificação da perda auditiva:

• 0 – 25 dB audição normal
• 26 – 40 dB perda auditiva leve
• 41 – 70 dB perda auditiva moderada
• 71 – 90 dB perda auditiva severa
• Mais de 90 dB perda auditiva profunda

Medidas de proteção:

• Adquirir máquinas que cumpram as normas CE


• Substituir partes metálicas por partes plásticas menos ruidosas
• Blindar as partes das máquinas particularmente ruidosas
• Instalar painéis de absorção de ruído/vibrações no ambiente de trabalho

Vibrações

Quando um corpo exibe um movimento oscilatório em torno de uma posição de referência diz-se que está a vibrar.

As vibrações podem provocar

• Perturbações da circulação sanguínea;


• Perturbações neurológicos;
• Perturbações músculo-esqueléticas;
• Lesões da coluna vertebral;
• Perturbações do aparelho digestivo.

Prevenção e proteção:
• Vigilância médica
• Proceder em cada caso ou situação a medições
• Implementação de medidas adequadas que previnam ou diminuam o mais possível os riscos das vibrações:
o Vigilância do estado da máquina;
o Modificação da frequência de ressonância, alterando a massa ou a rigidez do elemento afetado;
o Interposição de materiais isolantes e absorventes.

STRESS, DISTRESS E EUSTRESS


Stress:

➢ Ativação do corpo ou da mente em resposta a exigências;

Fontes de stress no trabalho:

• Tempo, perigo físico, falta de condições;


• Papel na organização;
• Falta de segurança do trabalho;
• Relações problemáticas.
• Clima e estrutura da empresa.

Moderadores individuais:

• Autoestima;
• Expectativas de autoeficácia;
• Competência;
• Crenças religiosas;
• Suporte social;
• Coping.

Consequências individuais:

• Cancro;
• Depressão;
• Distúrbios de ansiedade;
• Burnout;
• Perdas de memória.

Consequências organizacionais:

• Custos diretos:
o Absentismo e Turnover;
o Greves;
o Desempenho;
o Acidentes de trabalho.
• Custos indiretos:
o Clima organizacional;
o Oportunidades perdidas.

Distress:

➢ resultado de uma excessiva ou insuficiente estimulação:

Um factor de distress é uma exigência que resulta em dano para o corpo ou para a mente.

Os acontecimentos não são, por si só, fonte de distress, tornando-se apenas capazes de causar distress quando são
interpretados como tal.
Sintomas:

• Emocionais – ansiedade, depressão, raiva, medo, tristeza e frustração;


• Cognitivos – dificuldade em pensar com clareza, dificuldades de concentração;
• Comportamentais – resultam directamente da tensão interior, como a irritabilidade, ou constituem-se
como comportamentos dirigidos para a redução do mal-estar físico e mental (p.e. consumo de álcool).

Eustress:

➢ Stress bom, ajuda o individuo a adaptar-se;


➢ O stressor é visto como um desafio.

Já está provado que existe uma relação entre stress ocupacional e o desenvolvimento de doença, desde doenças
cardíacas, até perturbações da saúde mental.

Coping:

➢ o que se pensa e o que se faz para lidar com as exigências internas ou externas que são avaliadas como
excedendo os recursos pessoais;
➢ O padrão de coping de uma pessoa torna-se no seu estilo de coping.

Existem 3 estádios de coping:

1. Avaliação primária:

Passo inicial, no qual o sujeito avalia se a exigência que enfrenta é potencialmente ameaçadora ou causadora de
dano. Se a exigência é avaliada como irrelevante, o processo de coping termina.

2. Avaliação secundária:

Se a situação é vista como potencialmente ameaçadora e perigosa, o sujeito passa a avaliar os recursos que possui
para lidar com a situação.

3. Coping:

O sujeito atua, implementando as ações que considera necessárias para lidar com a situação.

Recursos de coping:

• exercício;
• competências sociais, de resolução de problemas e comunicação;
• apoio social;
• recursos materiais.

Opções de coping:

• Focado na emoção:

Trata-se de lidar preferencialmente com a reação emocional (e.g., medo, raiva, culpa). Esta abordagem é útil quando
não se pode alterar a situação.

• Focado no problema:

O sujeito lida construtivamente com o stress, tentando alterar as condições em que se encontra.

Modelo de coping de Schafer:

• Opção 1: alterar a situação


• Opção 2: adaptação ao stressor
• Opção 3: evitar o stressor

Estilos de diálogo interno negativo:


• Negativismo – tendência para ignorar os aspetos positivos da situação, enfatizando os aspetos negativos;
• Catastrofização – tendência para esperar que o pior aconteça;
• Sobregeneralização – tendência para chegar a conclusões gerais a partir de um único acontecimento ou
partes de informação;
• Culpabilização – atribuição da responsabilidade dos acontecimentos, particularmente dos acontecimentos
negativos, a outra pessoa (mesmo quando o próprio é o responsável);
• Padrões rígidos - exigência de que tudo se resolva como pretende, caso contrário será inevitavelmente
perturbado pela contrariedade.

Método P e Q

Uma das formas de lidar com o diálogo interno é aumentar a consciência relativamente ao aparecimento de
pensamentos negativos e consequentes reações emocionais como a ansiedade e a frustração.

Depois de detetar a existência de um pensamento negativo deverá usar o método P (pausa) e Q (questão).

Modelo de Karasek

O Stress e a produtividade são função de 3 fatores: Exigências, controlo e apoio.

RISCOS PSICOSSOCIAIS
As condições de vida e o bem-estar no trabalho não são influenciadas apenas pela segurança e pela saúde nos locais
de trabalho, mas também por fatores psicossociais, como as relações interpessoais ou a organização do trabalho.

Fatores de risco psicossociais:

• Exigências quantitativas;
• Ritmo de trabalho;
• Exigências cognitivas e emocionais;
• Influência no trabalho
• Recompensas;
• Conflitos Laborais;
• Apoio social de colegas e superiores.

Os efeitos adversos dos problemas de Saúde Psicológica e do stress ocupacional para as organizações:

• Diminuição da motivação, desempenho e produtividade, do compromisso dos colaboradores com a


organização e o trabalho, da imagem e reputação positivas da organização.
• Aumento do absentismo, presentismo e dos custos de saúde.
• Aumento dos conflitos no trabalho.

Vantagens de prevenir as causas do Stress Ocupacional:

• Aumento da produtividade;
• Níveis elevados de bem-estar, concentração e motivação;
• Diminuição dos problemas (e custos) de saúde física e psicológica;
• Diminuição dos conflitos laborais e da violência no local de trabalho;

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