Argamassa Com Adição de Residuo de Poliuretano
Argamassa Com Adição de Residuo de Poliuretano
Argamassa Com Adição de Residuo de Poliuretano
São Cristóvão - SE
2019
ARGAMASSA COM ADIÇÃO DE RESÍDUO DE POLIURETANO:
PROPRIEDADES MECÂNICAS E TÉRMICAS
São Cristóvão - SE
2019
MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
BANCA EXAMINADORA:
___________________________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Carla Fernanda Barbosa Teixeira
Orientadora
___________________________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Ângela Teresa Costa Sales
1º Examinador
Universidade Federal de Sergipe
___________________________________________________________________________
Prof. Dr. George Santos Marinho
2º Examinador
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
___________________________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Lucila Chebel Labaki
3º Examinador
Universidade Estadual de Campinas
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, pois seria impossível ter chegado até aqui sem sua
permissão. Aos meus pais José Izidoro e Angelina pelo amor e pelos sacrifícios que sempre
fizeram para que eu tivesse a melhor educação; ao meu esposo Josafá por todo amor,
compreensão, paciência e incentivo; e aos meus irmãos Lane e Dayvid por todo apoio,
carinho e amizade concedidos durante toda a minha vida.
Agradeço à minha orientadora professora Dra. Carla Teixeira pelos sábios conselhos
durante toda essa jornada. Agradeço imensamente à UFS e à UFRN através dos professores
Dra. Ângela Sales e Dr. George Marinho, respectivamente, por terem aberto as portas dos
seus laboratórios e à Unicamp através da professora Dra. Lucila Labaki que muito
prontamente emprestou os equipamentos de medição de temperatura para que eu pudesse
realizar os ensaios necessários à pesquisa.
Agradeço ao IFS por ter permitido que eu utilizasse o Laboratório de Edificações para
realização de ensaios.
The civil construction sector has great relevance in the context of environmental crisis and
waste generation, since, in addition to using a lot of raw material, it also presents high rates
of discards. The incorporation of several types of residues, mainly in mortars and concretes,
products with wide applicability in the sector, has been shown as a viable solution for the
saving of natural resources, as well as for the correct destination of this waste. The
polyurethane residue from the manufacture of surfboards has potential for application in civil
construction. Therefore, this research had as main objective the analysis of the influence of
the addition of this residue on the mechanical and thermal properties of mixed mortar
(cement, lime and sand) with different contents of incorporation. The mortars studied were
produced with the incorporation of polyurethane residue in substitution of natural sand,
commonly used aggregate. Characterization tests of the materials used for the production of
mortar were carried out, using 50, 75 and 100% (AR50, AR75 and AR100, respectively)
substitution contents of sand for polyurethane residue and a mortar without residue (AR00).
The mortars produced were submitted to tests aimed at the verification and analysis of the
mechanical and thermal properties, as well as the thermal performance through the heat
exchanges. It was possible to verify the influence of the residue on the properties of the fresh
state (the higher the substitution content, the greater the amount of water needed for the same
consistency) and the hardened state (reduction of mechanical resistance and mass density at
percentage of replacement). It was also possible to verify the reduction of the thermal
conductivity values as the sand substitution content increased, giving the mortars studied a
greater thermal insulation compared to the reference mortar.
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 15
1.1 Objetivos ......................................................................................................................................... 17
1.1.1 Objetivo geral ....................................................................................................................... 17
1.1.2 Objetivos específicos ............................................................................................................ 17
1.2 Organização do trabalho.................................................................................................................. 17
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................................... 18
2.1 Sustentabilidade e construção civil ................................................................................................. 18
2.1.1 Alternativas para uma parte do problema ambiental: a geração de resíduos sólidos ........ 18
2.1.2 Estudos de materiais não-convencionais – propriedades mecânicas e térmicas ................. 19
2.1.3 Argamassas .......................................................................................................................... 25
2.1.4 Argamassa para isolamento térmico .................................................................................... 29
2.1.5 Polímeros ............................................................................................................................. 30
2.1.6 Produção de pranchas de surfe ............................................................................................ 33
2.2 Desempenho térmico ....................................................................................................................... 36
2.2.1 Trocas térmicas .................................................................................................................... 36
2.2.1.1 Radiação............................................................................................................................ 36
2.2.1.2 Convecção ......................................................................................................................... 37
2.2.1.3 Condução .......................................................................................................................... 38
2.2.2 Propriedades térmicas ......................................................................................................... 39
2.2.2.1 Condutividade térmica ...................................................................................................... 39
2.2.2.2 Resistência térmica ........................................................................................................... 40
2.2.2.3 Capacidade térmica .......................................................................................................... 41
2.2.2.4 Calor específico................................................................................................................. 41
2.2.2.5 Difusividade térmica ......................................................................................................... 42
2.2.2.6 Inércia térmica ....................................................................... Erro! Indicador não definido.
2.2.3 Desempenho térmico dos fechamentos................................................................................. 43
3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS ............................................................... 45
3.1 Caracterização dos materiais e produção das argamassas ............................................................... 45
3.1.1 Caracterização dos materiais .............................................................................................. 45
3.1.2 Produção das misturas de argamassas ................................................................................ 47
3.2 Determinação das propriedades mecânicas ..................................................................................... 48
3.2.1 Resistência à tração na flexão ............................................................................................. 48
3.2.2 Resistência à compressão..................................................................................................... 49
3.2.3 Densidade de massa aparente no estado endurecido........................................................... 50
3.2.4 Absorção de água por capilaridade e coeficiente de capilaridade ...................................... 51
3.2.5 Densidade de massa no estado fresco .................................................................................. 52
3.2.6 Resistência potencial de aderência à tração ........................................................................ 54
3.3 Determinação das propriedades térmicas ........................................................................................ 57
3.4 Monitoramento de temperatura ....................................................................................................... 60
3.4.1 Experimento – Parte 1.......................................................................................................... 60
3.4.2 Experimento – Parte 2.......................................................................................................... 61
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................................................... 63
4.1 Caracterização dos materiais e análise da dosagem das argamassas ............................................... 63
4.1.1 Caracterização dos materiais .............................................................................................. 63
4.1.2 Análise da dosagem das argamassas ................................................................................... 66
4.2 Análise das propriedades mecânicas ............................................................................................... 67
4.2.1 Resistência à tração na flexão ............................................................................................. 67
4.2.2 Resistência à compressão..................................................................................................... 70
4.2.3 Densidade de massa aparente no estado endurecido........................................................... 72
4.2.4 Absorção de água por capilaridade e coeficiente de capilaridade ...................................... 74
4.2.5 Densidade de massa no estado fresco .................................................................................. 75
4.2.6 Resistência potencial de aderência à tração ........................................................................ 77
4.3 Análise das propriedades térmicas .................................................................................................. 80
4.3.1 Condutividade térmica ......................................................................................................... 80
4.3.2 Resistência térmica .............................................................................................................. 81
4.3.3 Capacidade térmica ............................................................................................................. 83
4.3.4 Difusividade térmica ............................................................................................................ 85
4.4 Análise das trocas térmicas ............................................................................................................. 87
4.4.1 Monitoramento da temperatura – Parte 1 ........................................................................... 87
4.4.2 Monitoramento da temperatura – Parte 2 ........................................................................... 90
5 CONCLUSÃO ................................................................................................................................... 93
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 96
ANEXO A – Informações sobre o poliuretano utilizado na fabricação das pranchas de surfe ........... 101
LISTA DE FIGURAS
Quadro 1: Síntese das características físicas e mecânicas do reboco isolante térmico ......................... 29
Quadro 2: Resistência térmica da argamassa ........................................................................................ 30
Quadro 3: Especificações da sonda SH-1.............................................................................................. 58
Quadro 4: Caracterização dos materiais ................................................................................................ 63
Quadro 5: Granulometria dos materiais ................................................................................................ 65
Quadro 6: Dosagem das argamassas ..................................................................................................... 66
Quadro 7: Resistência à tração na flexão (MPa) aos 14 e 28 dias ......................................................... 68
Quadro 8: Classificação das argamassas quanto a resistência à tração na flexão ................................. 70
Quadro 9: Resistência à compressão (MPa) aos 14 e 28 dias ............................................................... 71
Quadro 10: Classificação das argamassas quanto a resistência à compressão ...................................... 72
Quadro 11: Classificação das argamassas quanto à densidade ............................................................. 73
Quadro 12: Absorção de água e coeficiente de capilaridade ................................................................. 75
Quadro 13: Classificação das argamassas quanto ao coeficiente de capilaridade ................................. 75
Quadro 14: Densidade de massa no estado fresco ................................................................................ 76
Quadro 15: Classificação das argamassas quanto à densidade de massa no estado fresco ................... 77
Quadro 16: Ensaio de resistência potencial de aderência à tração AR00.............................................. 77
Quadro 17: Ensaio de resistência potencial de aderência à tração AR50.............................................. 77
Quadro 18: Ensaio de resistência potencial de aderência à tração AR75.............................................. 78
Quadro 19: Ensaio de resistência potencial de aderência à tração AR100............................................ 78
Quadro 20: Classificação das argamassas quanto à resistência potencial de aderência à tração .......... 79
Quadro 21: Condutividade térmica das argamassas estudadas ............................................................. 80
Quadro 22: Resistência térmica das argamassas estudadas................................................................... 82
Quadro 23: Capacidade térmica volumétrica das argamassas estudadas .............................................. 84
Quadro 24: Difusividade térmica das argamassas estudadas ................................................................ 86
Quadro 25: Temperaturas máximas atingidas pelas placas – Comparativo Parte 1 e 2 ........................ 91
Quadro 26: Diferenças de temperaturas máximas atingidas pelas placas – Comparativo Parte 1 e 2 .. 92
LISTA DE TABELAS
1 INTRODUÇÃO
Neste cenário, a indústria da Construção Civil, por ser responsável por grande parte do
consumo de matéria-prima, de energia e dos resíduos gerados em todo o mundo, precisa
mudar seus paradigmas e começar a absorver os materiais descartados tanto pelas obras
quanto por outros setores. Dessa forma, o setor deve procurar atender às diretrizes
estabelecidas pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei Federal nº12.305
(BRASIL, 2010). Um dos principais conceitos presentes nessa lei é o da logística reversa,
definido no capítulo II como:
Vários estudos buscam analisar a viabilidade construtiva dos mais diversos resíduos.
Assim, ao invés de continuar poluindo o meio ambiente em aterros ou até mesmo lixões, esses
resíduos terão uma nova destinação, o que trará inúmeros benefícios não só para a
preservação da natureza, mas também para a redução dos custos finais de produção, o que
certamente é fundamental para o setor, que atualmente está vivenciando uma retração
considerável, devido ao momento econômico do país. Segundo o IBGE (2017), o desemprego
atingiu o elevado índice de 13,6% no primeiro trimestre de 2017, fazendo com que a queda no
poder aquisitivo da população impossibilite a compra de imóveis.
Outro fator importante para a incorporação de novos materiais alternativos que possam
ocasionar tanto o equilíbrio ambiental, como a redução dos custos de construção, é o grande
déficit habitacional que ainda existe no país. Segundo o estudo mais recente da Fundação João
Pinheiro (2015), o déficit habitacional no Brasil corresponde a cerca de 6,2 milhões de
domicílios e 85% dessas famílias ganham até 3 salários mínimos.
16
Dentre os resíduos produzidos pelas mais diversas indústrias que apresentam potencial
para serem incorporados à Construção Civil, tem-se os resíduos provenientes da produção de
pranchas de surfe – espuma de poliuretano, resinas, fibras de vidro, entre outros. Esta
pesquisa utilizou apenas o resíduo gerado na primeira etapa da fabricação – a espuma de
poliuretano. Até pouco tempo, esse resíduo era considerado um item descartável, mas pode
ser uma solução viável para ser utilizado na produção de argamassas em substituição ao
agregado natural.
Segundo Sorima Neto (2016), no Brasil, são produzidas 80 mil pranchas por ano,
correspondendo a 20% da produção mundial. Conforme estudo de Mazzoco (2007 apud
ZAMBON, LUNA e CAMPOS, 2016) cerca de 50% da matéria-prima utilizada na produção
das pranchas de surfe é descartada como resíduo. Esse dado é semelhante com o fornecido por
Grijó (2004) cujo percentual informado de descarte é de cerca de 50 a 70% da matéria-prima
e que em média para cada prancha produzida são descartados cerca de 7 kg de resíduos no
meio ambiente, o que significa cerca de 600 toneladas, apenas no Brasil. Pode-se concluir
então que o volume de resíduo que é descartado anualmente no Brasil e no mundo é bastante
relevante, já que a massa unitária desse resíduo é de 90 kg/m³, sendo, portanto, um material
extremamente leve, onde pequenas massas representam grandes volumes.
Por conta de tudo isso é que se resolveu realizar esse trabalho, como uma forma de
buscar alternativa de destinação para os resíduos gerados a partir da fabricação das pranchas
de surfe. Entende-se que, além da contribuição ambiental, sua relevância reside na
possibilidade de se ter uma argamassa que proporcione desempenho térmico satisfatório e
com baixo custo para enchimentos, rebocos ou até mesmo para utilização como forros ou
placas cimentícias para fechamentos não estruturais.
17
Com esta pesquisa, pretende-se verificar: é possível fabricar uma argamassa mista
(cimento+areia+cal) substituindo parte da areia por resíduo de poliuretano, mantendo as
propriedades de aderência e resistência e proporcionando uma resistência térmica superior,
isto é, mais isolante, se comparado com uma argamassa sem substituição da areia?
1.1 Objetivos
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Existe uma discussão e pontos de vista diferentes a respeito do tema crise ambiental
mas, conforme afirma Veiga (2005), diversas atividades têm a capacidade de alteração
expressiva do solo, da atmosfera, da água, da flora e da fauna, bem como da interação entre
esses ecossistemas. Assim, não deve existir a possibilidade de se ignorar os impactos
causados pelo avanço da ciência e da tecnologia e muito menos a ideia de que o
desenvolvimento de hoje não deve impedir que as gerações futuras também o alcancem. Por
isso, a ciência e a tecnologia devem estar alinhadas ao progresso na busca por alternativas que
não causem tanta agressão ao meio ambiente. A partir daí surge a expressão utópica 1
“desenvolvimento sustentável”, que foi consagrada definitivamente na Rio-92.
Segundo Sachs (2007), é um cenário muito perturbador que se forma ano após ano,
com o aumento cada vez maior do consumismo e o descompasso entre fabricação e
conservação das fontes de matéria-prima. Por outro lado, o aumento do consumismo tem por
consequência a grande geração de resíduos, tanto durante a fabricação, quanto no descarte dos
objetos inservíveis.
2.1.1 Alternativas para uma parte do problema ambiental: a geração de resíduos sólidos
Não é difícil perceber que, apesar da atual preocupação em relação ao futuro do meio
ambiente e consequentemente da própria humanidade, ainda é uma utopia pensar que o
homem se sentirá novamente parte da natureza. A partir de rápidas análises, pela maioria das
1
O “desenvolvimento sustentável” é considerado por Veiga (2005) uma expressão utópica e não um conceito
propriamente dito, pois apesar da grande dificuldade que rodeia a colisão entre políticas ambientais e
econômicas, onde os grupos de elite ao se sentirem prejudicados fazem de tudo para evitar que medidas
ambientalmente amigáveis possam prosperar, não há como sugerir o fim ou obsolescência do termo, já que a
menos que o mundo se transforme em uma espécie de jardim do Éden (em um mundo ideal) a humanidade
certamente continuará a almejar liberdade, igualdade, fraternidade e acima de tudo sua própria sobrevivência.
19
cidades do mundo, é fácil encontrar, por exemplo, vários pontos de deposição irregular de
resíduos, o que demonstra a completa falta de sensibilidade com relação à vida em sociedade
e pouca preocupação com o meio ambiente.
Como exemplo, pode-se citar o mapeamento realizado por Oliveira et al. (2016) na
cidade de Mossoró no Rio Grande do Norte, em relação ao descarte dos resíduos provenientes
da Construção Civil. A pesquisa aponta dois problemas principais: o primeiro é que na época
do estudo a área utilizada pela Prefeitura para a disposição desses resíduos era em um lixão,
que certamente é um local inadequado, inclusive o mesmo foi desativado em 2008, para a
disposição de resíduos domésticos; o segundo é que foram identificados 11 pontos de
deposição irregular espalhados pela cidade. Foram encontrados pontos próximos a áreas
residenciais, o que prejudica, não só o aspecto visual dos bairros, mas também a saúde da
população por conta das condições favoráveis ao aparecimento de vetores de doenças. Além
disso, ainda foram encontrados pontos próximos de cursos d’água, o que aumenta ainda mais
os problemas ambientais.
O estudo realizado por Gadea et al. (2010) apresentou resultados de uma pesquisa
experimental sobre o uso de resíduos de espuma de poliuretano proveniente da destruição de
painéis utilizados na indústria automotiva. Esse resíduo foi moído e utilizou-se o tamanho de
partícula até 4 mm como um substituto do agregado miúdo para misturas à base de cimento, a
fim de se produzir argamassa leve. Foi fabricada uma argamassa tradicional (mistura de
20
cimento, areia e água) para servir de referência e, em seguida, fabricaram-se argamassas com
diferentes percentuais de substituição de areia pelo resíduo moído (25%, 50%, 75% e 100%).
Pode-se citar também o estudo apresentado por Junco et al. (2015), o qual apresentou
uma análise experimental sobre o comportamento de fadiga de compósitos feitos com
cimento, areia, água e resíduos de espuma de poliuretano. O resíduo de espuma de
poliuretano, usado na substituição parcial de areia, veio da reciclagem de resíduos de dois
tipos de espuma: uma foi recuperada da indústria de construção e refrigeração e a outra da
indústria de componentes automotivos. Diferentes misturas foram primeiramente preparadas
através da substituição de areia por volumes equivalentes de poliuretano (50 e 75% para cada
tipo de resíduo).
as seguintes, sendo que a primeira letra do código de cada mistura representa o material que
substitui o agregado fino (CT para controle, O para ostra, S para sorgo e SO para sorgo e
ostra):
• Foi utilizada uma relação água/cimento fixa de 0,485 para todas as misturas.
Tendo em vista que a crise ambiental é uma realidade, medidas precisam ser tomadas
para que o crescimento econômico não continue impactando tão negativamente o meio
ambiente, colocando em risco o equilíbrio do mesmo. Por isso estudos como os apresentados
anteriormente se tornam cada vez mais necessários.
25
2.1.3 Argamassas
A presente pesquisa teve como base a produção de argamassas. Para isso, fez-se
necessário entender o conceito, composição e propriedades desse material que é amplamente
utilizado no setor de construção civil.
ser utilizadas para assentamentos de alvenarias (vedação ou estrutural), para contrapisos, para
emboços de lajes e paredes, entre outros (FIORITO, 2009).
Segundo Petrucci (2003), uma argamassa de boa qualidade deve ser dosada
adequadamente, garantindo envolvimento e aderência à pasta de todos os grãos de material
inerte, bem como o preenchimento dos vazios pela pasta. Dessa forma, a argamassa atende a
requisitos como resistência mecânica, compacidade, impermeabilidade, aderência, constância
de volume (baixa retração na secagem) e durabilidade.
A norma NBR 13749 (ABNT, 2013b) aponta as condições que devem ser atendidas
pelos revestimentos de argamassa. Além de ser compatível com o acabamento decorativo
(pintura, revestimento cerâmico e outros), o revestimento de argamassa deve ser constituído
por uma ou mais camadas superpostas e uniformes, sendo a resistência mecânica das camadas
decrescente ou equivalente no sentido base-exterior. No caso dos revestimentos externos, a
argamassa deve ser dimensionada de modo a resistir às variações normais de umidade e
temperatura, bem como às ações das intempéries. Para tanto, além de resistência mecânica e
aderência adequadas, devem apresentar propriedades hidrofugantes e, no caso de haver
contato com o solo, propriedades impermeabilizantes.
As argamassas mistas, objeto de estudo desta pesquisa, são compostas por água,
cimento, cal e agregados. Carasek (2010) afirma que, devido à ocorrência de patologias
relacionadas à presença de sais solúveis ou matéria orgânica, deve-se utilizar sempre que
possível, água potável da rede pública de abastecimento, sendo necessária a realização de
testes para garantir a qualidade, quando for empregada água não tratada. Segundo a autora, as
eflorescências são resultado da presença dos sais solúveis, que também podem vir a acelerar a
pega da argamassa. A ocorrência de matéria orgânica na água de amassamento pode retardar a
pega e o endurecimento. Por essa razão não se deve empregar águas com alto teor de sais
solúveis e outras substâncias nocivas.
proporcionamento dos materiais, como no caso de argamassas muito ricas, que podem ser
excessivamente rígidas, apresentando retração, fissuração e descolamento, ou mesmo nas
argamassas pobres, onde se observa a ocorrência de desagregação. A autora comenta que os
cimentos mais finos e de maior classe de resistência têm alta velocidade de hidratação,
principalmente o cimento Portland de alta resistência inicial (CP V-ARI) e podem
proporcionar maior retração na secagem, favorecendo a formação de fissuras que facilitam a
entrada de água e comprometem a durabilidade.
A norma NBR 13529 (ABNT, 2013a) define agregados miúdos como aqueles “[...]
cujos grãos passam pela peneira de malha 4,75 mm”, desde que observados os limites
definidos pela norma NBR 7211 (ABNT, 2009a).
28
De acordo com Carasek (2010), dadas as funções exercidas pelas argamassas, pode-se
afirmar que a capacidade de aderência, fortemente influenciada pelo teor e características dos
agregados, é essencial ao desempenho e à durabilidade do sistema, especialmente nos
revestimentos. Teores elevados de areia na mistura resultam em argamassas com menor
resistência de aderência. Por outro lado, por conta de seu papel de esqueleto indeformável, a
areia contribui para a redução da retração, elevando a durabilidade da aderência.
Segundo Frade et al (2010), foi realizada, em laboratório, uma bateria de ensaios que
resultou nos dados apresentados no Quadro 1 e que, através da análise dos resultados obtidos,
a argamassa formulada pertence à classe T1, definida na norma EN 998-1 (MIA, 2015) para
os rebocos com características térmicas e, por isso, pode cumprir um papel decisivo num
sistema de revestimento de fachada.
Por outro lado, a fabricação sem adições pode gerar alguns entraves em relação à
possibilidade de utilização das argamassas. A inserção de aditivos, por exemplo, pode reduzir
a relação água/materiais secos, o que impacta positivamente nas propriedades mecânicas, pois
quanto maior essa relação, menos resistente e mais porosa será a argamassa por causa dos
vazios causados pela evaporação do excesso de água da mistura.
2.1.5 Polímeros
Segundo Vilar (2004), os PU’s foram desenvolvidos por Otto Bayer, em 1937,
tornando-se um material de sucesso no mundo atual. Eles são produzidos pela reação de
poliadição de um isocianato (di ou polifuncional) com um poliol e outros reagentes, tais
como: agentes de cura ou extensores de cadeia, contendo dois ou mais grupos reativos;
catalisadores; agentes de expansão; agentes antienvelhecimento; retardantes de chama etc. Os
isocionatos podem ser aromáticos ou alifáticos, já os compostos hidroxilados podem variar
quanto ao peso molecular, natureza química e funcionalidade e os poliois podem ser
poliéteres, poliésteres ou possuir estrutura hidrocarbônica. A natureza química, bem como a
funcionalidade dos reagentes, deve ser escolhida de acordo com as propriedades finais
desejadas. É essa flexibilidade que possibilita a obtenção de materiais com diferentes
propriedades físicas e químicas e faz com que os PU’s ocupem posição importante no
mercado mundial de polímeros sintéticos de alto desempenho.
Na tecnologia dos PU’s, existem cinco reações principais dos isocianatos: com poliois
(álcoois) formando poliuretano; com aminas formando poliureias; com água originando
poliureia e liberando CO2 que é o principal agente de expansão nas espumas de PU; com
33
grupos uretanos e com ureia resultando na formação de ligações cruzadas alofanato e biureto,
respectivamente (VILAR, 2004).
Existem alguns estudos que visam a minimizar o impacto ambiental gerado por essa
indústria, como é o caso do trabalho realizado por Grijó (2004), no qual substituiu a areia por
resíduos de Poliuretano (PU), para a produção de blocos de concreto para vedação, obtendo
resistências satisfatórias, com valores superiores a 2,0 MPa, superando o mínimo exigido por
norma para esse tipo de utilização, que é de 1,5 MPa para blocos de vedação utilizados com
furos na horizontal.
O tipo de prancha mais utilizado atualmente é aquele que utiliza o poliuretano (PU)
como material do bloco (blank), revestido por uma matriz polimérica de resina de poliéster
34
insaturado (UPR) reforçada com fibra de vidro. Pranchas produzidas com bloco de espuma de
poliestireno expandido (EPS) e revestidas por matriz polimérica tipo epóxi também têm sido
produzidas, mas em volume muito menor. Outros materiais utilizados no processo são os
solventes, aceleradores, catalisadores, entre outros. A Figura 1 mostra os materiais que
compõem uma prancha de surfe (PIERINI, 2016).
Figura 3: Resíduo de poliuretano coletado na fábrica para ser utilizado nesta pesquisa
Após o bloco receber sua forma final, é submetido à etapa de pintura, onde é utilizado
compressor de ar com regulador de pressão, aerógrafo, pistola de tinta, fita crepe e tintas
vinílicas. Após a secagem completa, pode-se iniciar a etapa de laminação, que consiste na
colocação do tecido de fibras de vidro sem emendas sobre a superfície da prancha, seguida da
aplicação da resina, como mostrado na Figura 4 (GRIJÓ, 2004); (BARCELOS, MAGNAGO
e LERIPIO, 2017); (JESUS et al., 2013); (PIERINI, 2016).
gestão desses rejeitos, mas principalmente com a otimização dos seus processos, pois a
redução da geração de resíduos ocasiona consequentemente a redução nos custos de produção,
diminuindo os gastos com matérias-primas (JESUS et al., 2013).
O desempenho térmico, tanto dos materiais, quanto dos sistemas construtivos, está
relacionado com as propriedades e características dos materiais constituintes. Outro fator que
também influencia nesse comportamento térmico são as trocas de calor a que os materiais ou
sistemas construtivos estão submetidos. Assim, este capítulo aborda os conceitos necessários
para um completo entendimento sobre o desempenho térmico.
2.2.1.1 Radiação
A radiação ocorre entre as superfícies de dois corpos separados por um fluido ou pelo
vácuo. A quantidade de energia, que deixa uma superfície como calor radiante, depende da
temperatura absoluta e da natureza da superfície. Um radiador perfeito é chamado de corpo
negro, já os corpos reais não satisfazem às especificações de um radiador ideal e emitem
radiação em uma taxa mais baixa do que os corpos negros (KREITH, MANGLIK e BOHN,
2014).
𝑞𝑟 = ℎ𝑟 (𝑇 − 𝑇𝑟 ) (1)
Onde:
2.2.1.2 Convecção
A transferência de calor por convecção ocorre entre uma superfície sólida e um fluido,
que pode ser um líquido ou um gás. O fluido é composto por um grande número de moléculas
que se movem em razão de uma força externa, que pode ser devida a um gradiente de
densidade, como é o caso da convecção natural, devida a uma diferença de pressão gerada por
bomba ou ventilador, ou ainda, devida a uma combinação dos dois (KREITH, MANGLIK e
BOHN, 2014).
𝑞𝑐 = ℎ𝑐 . 𝐴. 𝛥𝑇 (2)
Onde:
Segundo Kreith, Manglik e Bohn (2014), para a maioria das aplicações de engenharia
interessam os valores médios em detrimento dos locais, pois o coeficiente de transferência de
calor por convecção pode variar de ponto a ponto. Por isso adota-se o valor numérico do ℎ𝑐 ,
que em um sistema depende da geometria da superfície, da velocidade, bem como das
propriedades físicas do fluido e, muitas vezes, da diferença de temperatura 𝛥𝑇.
2.2.1.3 Condução
Segundo Frota e Schiffer (2003), a troca térmica denominada condução ocorre entre
dois corpos que se tocam e se encontram com temperaturas distintas ou ainda entre partes de
um mesmo corpo que também apresentam temperaturas diferentes, como apresentado na
Figura 5, onde Te ≠ Ti. Sempre que um gradiente de temperatura ocorre em meio sólido, o
calor fluirá da região de temperatura mais alta para a de temperatura mais baixa. A taxa na
qual o calor é transferido por condução é proporcional ao gradiente de temperatura e à área
por meio da qual o calor é transferido (KREITH, MANGLIK e BOHN, 2014).
𝜆 (3)
𝑞𝑐𝑑 = (𝑇𝑒 − 𝑇𝑖 )
𝑒
Onde:
𝑒 (4)
𝑅=
𝜆
Onde:
A norma NBR 15220-2 (ABNT, 2005f) traz a definição da capacidade térmica como
sendo a quantidade de calor necessária para variar, em uma unidade, a temperatura de um
sistema. Representa numericamente a razão entre a variação de energia Q (energia ganha ou
cedida) e a variação de temperatura resultante (Δ𝑇), isto é, a medida da capacidade de receber
ou perder calor para uma dada variação de temperatura e é expressa em J/K (CALLISTER e
RETHWISCH, 2013). Pode ser representada de acordo com a equação (5):
𝑄 (5)
𝐶=
Δ𝑇
Onde:
Por outro lado, de acordo com Lamberts, Dutra e Pereira (2014), um componente de
grande capacidade térmica precisa de grande quantidade de calor para variar a sua
temperatura em 1ºC. Essa propriedade térmica está intimamente ligada à inércia térmica, pois
o material ao ser submetido a um aumento de temperatura retém uma parte do calor em seu
interior, liberando-o mais tarde. Quanto maior a inércia térmica, maior o calor retido.
1 (ABNT, 2005e), é descrito como o quociente da capacidade térmica pela massa e é dado em
J/(kg.K).
Em Ramalho Júnior, Ferraro e Soares (2007), tem-se que a quantidade de calor (Q)
recebida ou cedida por um corpo é diretamente proporcional à sua massa (m) e à variação de
temperatura (Δ𝑇) sofrida pelo corpo, o que pode ser representado pela chamada Equação
Fundamental da Calorimetria (6):
𝑄 = 𝑚. 𝑐. Δ𝑇 (6)
Onde:
m é a massa [kg];
𝑄 (7)
𝑐=
𝑚. Δ𝑇
Onde:
m é a massa [kg];
𝜆 (8)
𝑎=
𝜌. 𝑐𝑝
Onde:
direção ao ambiente interno. A intensidade desses fluxos dependerá, dentre outros fatores, da
espessura da parede, da capacidade calorífica do material, da sua densidade aparente e da sua
condutividade térmica.
45
Essa caracterização dos materiais foi realizada através das normas NBR 16605
(ABNT, 2017), que especifica como deve ser feita a determinação da massa específica do
cimento; da NBR NM 45 (ABNT, 2006), que trata sobre a determinação da massa unitária e
do volume de vazios dos agregados; da NBR 11579 (ABNT, 2012), que discorre sobre a
determinação do índice de finura do cimento; da NBR 7175 (ABNT, 2003a), que apresenta os
requisitos para a cal hidratada utilizadas em argamassas; da NBR NM 52 (ABNT, 2009b), que
especifica como devem ser determinadas as massas específicas e aparentes de agregados
miúdos e da NBR NM 248 (ABNT, 2003b), que trata sobre a determinação da composição
granulométrica de agregados.
Segundo Carasek (2010), não existe método racional de dosagem para as argamassas
totalmente consagrado no Brasil, logo, o método de dosagem utilizado é empírico. Assim, a
determinação da proporção em volume foi baseada em traços tradicionalmente usuais de
fabricação de argamassas, adotando-se o traço em volume 1:1:8 (cimento:cal:areia) para a
mistura de referência. Em relação aos teores de substituição da areia pelo resíduo estudado,
foram adotados os percentuais de 0%, 50%, 75% e 100%. As argamassas foram identificadas
como AR00, AR50, AR75 e AR100, respectivamente. Sendo o AR00 a argamassa de
referência, sem adição de resíduos.
A norma NBR 13279 (ABNT, 2005b) foi utilizada como base para a realização dos
ensaios de determinação da resistência à tração na flexão das argamassas estudadas nesta
pesquisa. De acordo com tal norma, para cada idade ensaiada devem ser fabricados três
corpos de prova prismáticos com dimensões de 4x4x16cm (profundidade, largura e
comprimento, respectivamente). Por isso, foram preparados seis corpos de prova para cada
tipo de argamassa, sendo três para a idade de 14 dias e os outros três para a idade de 28 dias
(Figura 7).
1,5. 𝐹𝑓 . 𝐿 (9)
𝑅𝑓 =
403
Onde:
A norma NBR 13279 (ABNT, 2005b) foi utilizada como base para a realização dos
ensaios de determinação da resistência à compressão das argamassas estudadas nesta
pesquisa. De acordo com tal norma, para cada idade ensaiada devem ser utilizadas as metades
dos três corpos de prova prismáticos com dimensões de 4x4x16cm (profundidade, largura e
comprimento, respectivamente) do ensaio de flexão. Por isso, foram utilizados no total doze
corpos de prova para cada tipo de argamassa, sendo seis para a idade de 14 dias e os outros
seis para a idade de 28 dias (Figura 8).
𝐹𝑐 (10)
𝑅𝑐 =
1600
Onde:
A norma NBR 13280 (ABNT, 2005c) foi utilizada como base para a realização do
ensaio de determinação da densidade de massa aparente no estado endurecido das argamassas
estudadas nesta pesquisa. De acordo com tal norma, devem ser fabricados três corpos de
prova prismáticos com dimensões de 4x4x16cm (profundidade, largura e comprimento,
respectivamente). Os corpos de prova devem ser moldados e curados até a idade de 28 dias,
conforme a norma NBR 13279 (ABNT, 2005b).
𝑚 (11)
𝜌𝑚á𝑥 = 1000
𝑙. ℎ. 𝑐
Onde:
A norma NBR 15259 (ABNT, 2005h) foi utilizada como base para a realização do
ensaio de determinação da absorção de água por capilaridade e do coeficiente de capilaridade
das argamassas estudadas nesta pesquisa. De acordo com tal norma, devem ser fabricados três
corpos de prova prismáticos com dimensões de 4x4x16cm (profundidade, largura e
comprimento, respectivamente). Os corpos de prova devem ser ensaiados aos 28 dias de
idade.
Primeiramente, lixou-se a superfície do corpo de prova com lixa grossa, limpando ao
final com pincel. Foi determinada a massa inicial, em gramas, de cada corpo de prova.
Posteriormente, os corpos de prova foram posicionados com a face quadrada sobre os
suportes no recipiente de ensaio, evitando a molhagem de outras superfícies. O nível da água
foi mantido constante a 5 ± 1 mm acima da face em contato com a água (Figura 9).
𝑚𝑡 − 𝑚 0 (12)
𝐴𝑡 =
16
Onde:
At é a absorção de água por capilaridade, para cada tempo, aproximada ao centésimo mais
próximo [g/cm²];
mt é a massa do corpo de prova em cada tempo, aproximada ao centésimo mais próximo [g];
Onde:
A norma NBR 13278 (ABNT, 2005a) foi utilizada como base para a realização do
ensaio de determinação da densidade de massa no estado fresco das argamassas estudadas
nesta pesquisa. De acordo com tal norma, deve ser utilizado um recipiente rígido, cilíndrico,
de material não absorvente, com capacidade aproximada de 400 cm³, altura aproximada de 85
mm e diâmetro aproximado de 80 mm. O recipiente utilizado foi feito a partir de um tubo de
PVC fechado em uma das extremidades conforme a Figura 10.
53
Figura 10: Recipiente utilizado para determinação da densidade de massa no estado fresco
Com os dados de mv e ma, a norma NBR 13278 (ABNT, 2005a) apresenta o cálculo do
volume (vr) do recipiente de acordo com a equação (14). Esse cálculo só é possível, pois a
densidade da água destilada à temperatura ambiente é de 1g/cm³.
𝑣𝑟 = 𝑚𝑎 − 𝑚𝑣 (14)
Onde:
recipiente e, nas demais camadas, a espátula foi aplicada somente com a força necessária para
penetrar na superfície da camada imediatamente inferior.
𝑚𝑐 − 𝑚𝑣 (15)
𝑑= . 1000
𝑣𝑟
Onde:
A norma NBR 15258 (ABNT, 2005g) foi utilizada como base para a realização do
ensaio de determinação da resistência potencial de aderência à tração das argamassas
estudadas nesta pesquisa. De acordo com tal norma, a resistência de aderência à tração é a
tensão máxima aplicada por uma carga perpendicular à superfície da argamassa aplicada no
substrato e o corpo de prova deve ser parte da argamassa, de seção circular, com diâmetro de
50 mm. Blocos de vedação cerâmicos foram utilizados como substrato para esse ensaio.
A preparação das amostras iniciou-se com a colocação do bloco cerâmico na posição
horizontal sobre uma base plana e firme, depois houve a limpeza da superfície com pincel e a
fixação de um gabarito para delimitação da espessura (20 mm) da área que seria revestida. Em
seguida, foram produzidas argamassas de acordo com a norma NBR 13276 (ABNT, 2016a).
As porções de argamassa foram aplicadas no bloco cerâmico com auxílio de uma colher de
pedreiro em duas camadas. A primeira, de aproximadamente 5 mm, foi bem pressionada
55
sobre o substrato, de forma a eliminar os vazios e garantir que toda a superfície estivesse
coberta com a argamassa (Figura 11). Imediatamente após a conclusão da primeira camada,
foi aplicada a segunda, pressionando-se novamente e deixou-se um ligeiro excesso de
material. A superfície foi rasada com uma régua metálica, o que proporcionou um acabamento
uniforme, mas sem deixá-la lisa. Por fim, o gabarito foi removido cuidadosamente, não
afetando a argamassa aplicada.
Figura 11: Aplicação da primeira camada da argamassa no substrato para ensaio de aderência
De acordo com a norma NBR 15258 (ABNT, 2005g) devem ser ensaiados dez corpos
de prova, distribuídos no substrato, espaçados em no mínimo 40 mm das bordas e no mínimo
em 20 mm entre si. Para essa pesquisa foram revestidos 6 blocos, o que resultou em 12 corpos
de prova para cada tipo de argamassa. Sendo que dos 12 corpos de prova, apenas 10 deles
foram ensaiados, conforme determina a referida norma.
Em seguida, as superfícies foram limpas com uma escova, pois as mesmas deveriam
estar livres de qualquer resíduo. Posteriormente, foi realizada a colagem da pastilha metálica
com cola epóxi, pressionando-se a pastilha de maneira que a cola ficasse totalmente espalhada
entre a pastilha e a argamassa (Figura 13).
Figura 13: Pastilhas metálicas coladas nos corpos de prova para ensaio de aderência
Após a secagem da cola por 24 horas (28 dias depois do revestimento dos blocos com
a argamassa), procedeu-se à ruptura dos corpos de prova. O ensaio de resistência potencial de
aderência à tração foi realizado com a utilização de um aderímetro (aparelho para
arrancamento e medição de aderência), marca Contenco®, do Laboratório de Edificações do
Instituto Federal de Sergipe. O equipamento de tração foi acoplado à pastilha e aplicou-se um
esforço de tração perpendicular ao corpo de prova com a taxa de carregamento constante de
250 ± 50 N/s, até a ruptura do corpo de prova (Figura 14).
57
Por fim, a resistência potencial de aderência à tração de cada corpo de prova foi
calculada de acordo com a equação (16):
𝑃𝑖 (16)
𝑅𝑖 =
𝐴𝑖
Onde:
Foram moldados 3 corpos de prova para cada tipo de argamassa estudada, totalizando
12 corpos de prova cilíndricos com diâmetro de 5 cm e altura de 10 cm. O aparelho KD2 Pro
possui alguns sensores e para a presente pesquisa foi escolhida a sonda SH-1 por permitir a
aquisição de dados de um maior número de propriedades térmicas. No Quadro 3, são
apresentadas as especificações dessa sonda.
Após a cura das argamassas fabricadas (28 dias), foram realizadas as medições
seguindo-se os procedimentos recomendados pelo manual do fabricante. Primeiramente
passou-se pasta térmica na sonda antes da inserção no corpo de prova (Figura 17),
preenchendo eventuais vazios entre a argamassa e a superfície da sonda e melhorando a
condução de calor entre os dois corpos. Em seguida, o corpo de prova já com a sonda inserida
nos orifícios existentes foi isolado termicamente em uma câmara (Figura 18).
Figura 17: Sonda SH-1 com agulhas revestidas por pasta térmica
Figura 19: Sistema de aquecimento e medição com lâmpadas e localização do sensor na placa
Após a cura das argamassas fabricadas (28 dias), cada placa foi submetida a uma fonte
de calor artificial composta por 16 lâmpadas incandescentes de 100W cada, em apenas uma
das faces, ficando a outra face confinada em uma câmara isolada termicamente do ambiente
externo (Figura 20).
O ensaio foi dividido em duas etapas: oito horas de aquecimento, onde a estrutura com
a fonte de radiação luminosa era ligada e aquecia todo o sistema até que se obtivesse o regime
permanente (estabilização térmica), em seguida as lâmpadas eram desligadas até o
resfriamento das placas. Cada placa foi submetida a três ciclos de ensaio, isto é, três ciclos de
aquecimento e resfriamento. Durante todo o período de ensaio a sala foi mantida fechada e
com o ar-condicionado ligado a 24º C, a fim de se manter a temperatura do ambiente
constante, já que ao contrário da Parte 1 do ensaio não foi possível a obtenção dos valores de
temperatura ambiente. Os dados obtidos foram coletados por uma placa receptora com
capacidade de receber a informação de até 16 termopares ao mesmo tempo. A placa era ligada
a um computador com software próprio para leitura e armazenamento das temperaturas
obtidas.
63
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
(a) (b)
Figura 24 tem-se a do resíduo. As zonas ótimas e utilizáveis para a areia foram obtidas da
norma NBR 7211 (ABNT, 2009a) e os limites inferiores e superiores para o resíduo foram
obtidos da norma NBR 7213 (ABNT, 2013c), considerando os agregados leves do Grupo I.
- 100,00
Porcentagem Retida Acumulada (%)
10,00 90,00
- 100,00
10,00 90,00
Porcentagem Retida Acumulada (%)
20,00 80,00
Porcentagem Passante (%)
30,00 70,00
40,00 60,00
50,00 50,00
60,00 40,00
70,00 30,00
80,00 20,00
90,00 10,00
100,00 -
0,01 0,1 1 10
- 100,00
10,00 90,00
Porcentagem Retida Acumulada (%)
20,00 80,00
40,00 60,00
50,00 50,00
60,00 40,00
70,00 30,00
80,00 20,00
90,00 10,00
100,00 -
0,01 0,1 1 10
maior envolvimento das partículas pela pasta (maior lubrificação), já que existem menos
vazios a serem preenchidos.
Assim, os agregados com maior fator de empacotamento resultam nas misturas com
maior índice de espalhamento. Para evidenciar essa influência, calculou-se o fator de
empacotamento da areia natural e do resíduo de poliuretano utilizados na presente pesquisa.
De fato, a areia natural utilizada apresentou fator de empacotamento de 57,14% e o resíduo de
poliuretano apenas 7,27%, conforme a Tabela 1.
O ensaio de resistência à tração na flexão foi realizado de acordo com a norma NBR
13279 (ABNT, 2005b), que prescreve que sejam moldados três corpos de prova prismáticos,
por idade, com argamassa recém-preparada. Para tal ensaio foram preparados seis corpos de
prova, sendo três para a idade de 14 dias e os outros três para a idade de 28 dias. Os corpos de
prova eram prismáticos com dimensões de 4x4x16cm (profundidade, largura e comprimento,
respectivamente). Na Figura 27, tem-se o corpo de prova no momento do ensaio de resistência
à tração na flexão.
68
chegou a 58%. De forma geral, quanto maior o teor de substituição, menor foi a resistência à
tração na flexão obtida.
Essa diminuição de resistência pode ter ocorrido por alguns fatores, dentre eles o
aumento da relação água-materiais secos das argamassas com teores de substituição em
relação à argamassa de referência, para obter o índice de consistência desejado. Essa hipótese
também foi adotada no estudo de Casali et al. (2018), que apresentou a influência da
substituição da areia natural por areia de fundição fenólica.
A Figura 28 expõe o gráfico da influência da incorporação do resíduo de PU sobre os
valores de resistência à tração na flexão, nas idades ensaiadas, das argamassas produzidas.
2 1,9
Resistência à tração na flexão (MPa)
1,8 1,7
1,8
1,6
1,4 1,5
1,2 1,1
1 0,8
0,8 0,9
0,6
0,6
0,4
0,2
0
AR00 AR50 AR75 AR100
14 dias 28 dias
Logo após a realização do ensaio de resistência à tração na flexão, as metades dos três
corpos de prova de cada idade (14 e 28 dias) foram submetidos ao ensaio de resistência à
compressão, conforme a norma NBR 13279 (ABNT, 2005b). Por isso, para cada idade foram
ensaiados seis corpos de prova. Foram utilizados pratos de aço, como descritos na referida
norma, com comprimento de (40,0 ± 0,1) mm e com lado de (40,0 ± 0,1) mm e no mínimo 10
mm de espessura, conforme mostrado na Figura 29.
classificação e observando a Figura 30, pode-se afirmar que a argamassa AR00 é da classe P6,
a AR50 é classe P4, a AR75 é classe P2 e a AR100 é classe P1.
Na Figura 31, apresentam-se os valores das densidades de massa aparente médias para
cada argamassa estudada aos 28 dias.
73
2500
1931
2000
Densidade (kg/m³) 1431
1500
1071
1000
628
500
0
AR00 AR50 AR75 AR100
(1) (2)
(3) (4)
2500 2153
Densidade no estado fresco
2000
1467
1500 1289
(kg/m³)
1000 825
500
0
AR00 AR50 AR75 AR100
Quadro 15: Classificação das argamassas quanto à densidade de massa no estado fresco
Coeficiente de capilaridade Argamassas estudadas Método de
Classe
(g/dm².min1/2) AR00 AR50 AR75 AR100 ensaio
D1 ≤ 1400 825
D2 1200 a 1600 1289
D3 1400 a 1800 1467 ABNT NBR
D4 1600 a 2000 13278
D5 1800 a 2200
D6 > 2000 2153
Fonte: Adaptado de NBR 13281 (ABNT, 2005d)
norma NBR 13528 (ABNT, 2010), quando a ruptura ocorre na interface argamassa/substrato,
o valor da resistência é igual ao valor encontrado no ensaio, mas nos demais casos (ruptura no
substrato ou na argamassa) a resistência não é determinada e é maior do que o valor obtido no
ensaio, devendo ser apresentado precedido pelo sinal maior que (>). No caso de ruptura na
interface cola/pastilha, o resultado deve ser desprezado, pois indica falha na colagem.
Trabalhos como os de Gupta e Vyas (2018) e Oliveira, Brito e Veiga (2013) também
analisaram a resistência à aderência de argamassas e apresentaram rupturas tanto nas
interfaces argamassa/substrato quanto nas argamassas. Os autores apontaram em seus textos
que essa falha coesiva quando acontece na argamassa significa que a resistência de aderência
é maior do que o valor experimental encontrado.
Quadro 20: Classificação das argamassas quanto à resistência potencial de aderência à tração
Resistência potencial de Argamassas estudadas Método de
Classe
aderência à tração (MPa) AR00 AR50 AR75 AR100 ensaio
A1 < 0,20 > 0,16
ABNT NBR
A2 ≥ 0,20 > 0,29 > 0,21
15258
A3 ≥ 0,30 0,37
Fonte: Adaptado de NBR 13281 (ABNT, 2005d)
3,000 2,706
Condutividade térmica
2,500
(W/m.K) 2,000
1,500
1,083
1,000
0,407
0,500 0,163
0,000
AR00 AR50 AR75 AR100
Analisando-se o Quadro 21 e a Figura 34, pode-se perceber que quanto maior a adição
de resíduo de PU na argamassa, menor foi o valor da condutividade térmica. Este resultado
era esperado, pois a condutividade térmica depende da densidade do material. Ao se substituir
a areia pelo resíduo de PU, aumentou-se a quantidade de ar incorporado na mistura, pois de
acordo com a Tabela 1, constante no item 4.1.2 deste trabalho, o resíduo de PU tem uma
porosidade de 92,73%, ao passo que a areia possui porosidade de 42,86%. Assim, como a
matéria é mais condutora que o ar contido nos poros do material, quanto mais poroso, maior a
tendência ao isolamento térmico, isto é, o material tende a possuir baixas condutividades
térmicas.
Portanto, a AR00 terá uma maior facilidade de condução do fluxo de calor no material,
quando seus extremos forem submetidos a variações de temperatura, em relação a todas as
argamassas com teores de substituição. Já a AR100 é a que possui características mais
isolantes, pois os isolantes térmicos possuem condutividades térmicas baixas e, por isso,
oferecem uma resistência maior à condução do fluxo de calor de um extremo a outro do
material.
DEVICES, 2016). Foram moldados 3 corpos de prova para cada tipo de argamassa estudada,
totalizando 12 corpos de prova cilíndricos com diâmetro de 5cm e altura de 10cm. As leituras
através do equipamento se deram aos 28 dias (5 leituras para cada corpo de prova) e os
resultados estão apresentados no Quadro 22.
700,00
611,78
Resistência térmica (°C.cm/W)
600,00
500,00
400,00
300,00 245,79
200,00
92,57
100,00 36,98
-
AR00 AR50 AR75 AR100
Analisando-se o Quadro 22 e a Figura 35, pode-se perceber que quanto maior a adição
de resíduo de PU na argamassa, maior foi o valor da resistividade térmica. Esse resultado era
esperado, pois a resistência térmica, que pode ser traduzida como a facilidade ou a resistência
exercida por um determinado material em relação ao deslocamento do fluxo de calor em certa
83
Figura 36: Influência da incorporação do resíduo de PU sobre os valores da capacidade térmica volumétrica
3,50
2,89
3,00
volumétrica (MJ/m³.K)
Capacidade térmica
2,50
2,00 1,75
1,50 1,13
0,87
1,00
0,50
-
AR00 AR50 AR75 AR100
Analisando-se o Quadro 23 e a Figura 36, pode-se perceber que quanto maior a adição
de resíduo de PU na argamassa, menor foi o valor da capacidade térmica volumétrica. Esse
resultado era esperado, pois segundo Lamberts, Dutra e Pereira (2014), a capacidade térmica
de um material é diretamente proporcional à densidade do mesmo. Assim, a AR00 por possuir
a maior densidade dentre as argamassas estudadas, possui a maior capacidade térmica. Por
outro lado, a AR100, que é a argamassa mais leve (de menor densidade), apresentou a menor
capacidade térmica dentre as argamassas pesquisadas.
85
Quanto maior a capacidade térmica, mais o corpo necessita de calor para variar a sua
temperatura. O ensaio para determinação do desempenho térmico através do monitoramento
de temperatura das argamassas apresentado no item 3.4 serve para exemplificar essa
propriedade. Para a execução desse ensaio, todas as argamassas foram submetidas à mesma
fonte de calor. Dessa forma, a que possui a maior capacidade térmica deve ter uma variação
de temperatura menor do que a argamassa que possui capacidade térmica inferior. Esse fato
foi confirmado e será apresentado nos resultados do item 4.4.
1,00 0,94
0,90
Difusividade térmica (mm²/s)
0,80
0,70 0,63
0,60
0,50
0,36
0,40
0,30 0,19
0,20
0,10
-
AR00 AR50 AR75 AR100
Analisando-se o Quadro 24 e a Figura 37, pode-se perceber que quanto maior a adição
de resíduo de PU na argamassa, menor foi o valor da difusividade térmica. Esse resultado era
esperado, pois a difusividade térmica de um material é a medida da rapidez com a qual o calor
se propaga através de um material e está intimamente ligada com a condutividade térmica.
Assim, um elevado valor da difusividade térmica significa uma rápida transferência do calor
dentro do material.
87
A difusividade térmica pode ser considerada uma variável mais importante para o
controle térmico das construções do que a condutividade térmica, pois expressa quão
rapidamente um corpo se ajusta por inteiro à temperatura do seu entorno. Assim, materiais de
baixa condutividade, como é o caso da AR100 (menor condutividade das argamassas
estudadas), retardam a transferência de variações externas de temperatura para o interior das
construções, isto é, são mais isolantes termicamente.
A partir da leitura das temperaturas, os dados obtidos são apresentados na Figura 38,
que representa as diferenças entre a temperatura das faces da argamassa (expostas e não
expostas à fonte de calor) e a temperatura ambiente, representando o aumento absoluto de
temperatura sofrido em cada face. Nessa etapa do experimento, foi realizada apenas 1
medição para cada tipo de argamassa.
88
Figura 38: Diferenças entre temperaturas das faces das placas e temperatura ambiente – Parte 1
AR00 EXPOSTA AR00 NÃO EXPOSTA AR50 EXPOSTA AR50 NÃO EXPOSTA
AR75 EXPOSTA AR75 NÃO EXPOSTA AR100 EXPOSTA AR100 NÃO EXPOSTA
35
30
TEMPERATURA (ºC)
25
20
15
10
0
0 30 60 90 120 150
TEMPO (MIN)
Observam-se que as placas com maiores teores de substituição de resíduo por areia
apresentaram uma variação maior entre as faces provocando grande aumento de temperatura
na face exposta em detrimento à face não-exposta, demonstrando que a condutividade térmica
das argamassas diminuiu à medida que se aumentou a quantidade de resíduo, tornando as
argamassas mais isolantes.
Assim, ao se expor uma das faces da AR100 à fonte de calor, esta apresentou um
grande aumento de temperatura (em torno de 30ºC em relação à temperatura ambiente),
considerando a dificuldade da transferência de calor de uma face para a outra (SENA,
TEIXEIRA e LABAKI, 2018).
A Figura 39 por sua vez apresenta as temperaturas nas faces de cada placa (expostas e
não-expostas à fonte de calor) sem levar em consideração a diferença em relação à
temperatura ambiente, demonstrando a elevação mais acentuada de temperatura da face
exposta em detrimento à não-exposta para as argamassas com maiores teores de resíduo.
89
70
60
TEMPERATURA (ºC)
50
40
30
20
0 30 60 90 120 150
TEMPO (MIN)
AR00 DIF. FACES (ºC) AR50 DIF. FACES (ºC) AR75 DIF. FACES (ºC) AR100 DIF. FACES (ºC)
25
20
TEMPERATURA (ºC)
15
10
0
0 30 60 90 120 150
TEMPO (MIN)
Figura 41: Temperatura nas faces externas e internas das placas de argamassas – Parte 2
80
70
60
Temperatura ºC
50
40
30
20
61
161
261
1
21
41
81
101
121
141
181
201
221
241
281
301
321
341
361
381
401
421
441
461
481
501
521
541
561
581
601
621
641
Tempo (minutos)
100 ext 100 int 75 ext 75 int 50 ext 50 int 00 ext 00 int
40
35
30
25
Temperatura °C
20
15
10
5
0
-5
-10
-15
101
461
1
21
41
61
81
121
141
161
181
201
221
241
261
281
301
321
341
361
381
401
421
441
481
501
521
541
561
581
601
621
641
Tempo (minutos)
Quadro 26: Diferenças de temperaturas máximas atingidas pelas placas – Comparativo Parte 1 e 2
Diferenças de Temperaturas (máximas) - Diferenças de Temperaturas (máximas) -
Argamassa
Parte 1 (ºC) Parte 2 (ºC)
AR00 7,2 14,7
AR 50 10,4 16,9
AR 75 13,7 24,0
AR 100 20,4 36,8
De acordo com os valores apresentados no Quadro 26, pode-se inferir que todas as
proporções de substituição estudadas são mais isolantes termicamente do que a AR00, que é a
argamassa sem mistura. A AR100, principalmente, apresentou valores bastante relevantes,
com a possibilidade de emprego em climas extremos, já que obteve diferenças de
temperaturas próximas de 20º e 37°C entre as faces nas etapas 1 e 2 do ensaio,
respectivamente.
5 CONCLUSÃO
Através dos agregados estudados, pôde-se evidenciar que quanto maior o fator de
empacotamento, ou seja, menor porosidade, maior será a fluidez e densidade de massa da
mistura, pois quanto menos vazios, maior será a “lubrificação” das partículas fornecida pela
pasta, o que irá afastar os grãos e reduzir o atrito interno.
precisam mais de ventilação (trocas de ar) do que de elevado isolamento térmico para permitir
o conforto térmico dos usuários, sem o uso de condicionadores de ar.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6508: Grãos de solos que passam
na peneira 4,8 mm: Determinação da massa específica. Rio de Janeiro. 1984.
BATISTA, J. O.; LAMBERTS, R.; GÜTHS, S. Influência dos algoritmos de condução e convecção
sobre os resultados de simulação do comportamento térmico de edificações. Ambiente Construído,
Porto Alegre, v. 11, n. 4, p. 79-97, out/dez 2011.
BAUER, L. A. F. Materiais de Construção, 5ª. ed. revisada (2013). São Paulo: [s.n], 1994. 488p.
BOLORINO, H.; CINCOTTO, M. A. A influência dos tipos de cimento nas argamassas., In: II
Simpósio Brasileiro de Tecnologia das Argamassas, Salvador, 1997. 15-25. Disponível em:
https://goo.gl/AQbBF6. Acesso em: 15 de março de 2019.
BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Política Nacional de Resíduos Sólidos. Brasília, DF,
ago 2010.
CARASEK, H. et al. Parâmetros da areia que influenciam a consistência e a densidade de massa das
argamassas de revestimento. Matéria, Rio de Janeiro, v. 21, n. 3, p. 714-732, Jul./Set. 2016.
DECAGON DEVICES. KD2 Pro Thermal Properties Analyzer. Operations manual. Pullman, p.
71. 2016.
DUPAS, G. O mito do progresso ou progresso como ideologia. São Paulo: UNESP, 2006.
FROTA, A.; SCHIFFER, S. R. Manual de conforto térmico. 8ª. ed. São Paulo: Studio Nobel, 2003.
GADEA, J. et al. Lightweight mortar made with recycled polyurethane foam. Cement and Concrete
Composites, v. 32, n. 9, p. 672-677, Oct. 2010. ISSN 0958-9465.
GRIJÓ, P. E. A.; BRÜGGER, P. Estudo Preliminar para Gestão Ambiental na Produção de Pranchas
de Surfe. 3º International Workshop Advances in Cleaner Production, São Paulo, 18 - 20 Maio
2011.
GUPTA, L. K.; VYAS, A. K. Impact on mechanical properties of cement sand mortar containing
waste granite powder. Construction and Building Materials, v. 191, p. 155-164, Dec. 2018.
HUA-YUEH, L.; HAN-SHENG, W.; CHEN-PEI, C. Study on engineering and thermal properties of
environment-friendly lightweight brick made from Kinmen oyster shells & sorghum waste.
Construction and Building Materials, v. 246, June 2020. ISSN 0950-0618.
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p. 30. 2013.
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compression fatigue tests. Advanced Materials Research, v. 1129, p. 477-483, Nov. 2015. ISSN
1662-8985.
LAMBERTS, R.; DUTRA, L.; PEREIRA, F. O. R. Eficiência Energética na Arquitetura. 3ª. ed. Rio
de Janeiro: Eletrobras/ Procel, 2014.
MORTAR INDUSTRY ASSOCIATION. A guide to BS EN 998-1 and BS EN 998-2. Data sheet 19.
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OLIVEIRA, R.; BRITO, J. D.; VEIGA, R. Incorporation of fine glass aggregates in renderings.
Construction and Building Materials, v. 44, p. 329-341, July 2013.
VEIGA, J. E. D. Do global ao local. Campinas, SP: Armazém do Ipê (Autores Associados), 2005.
VILAR, W. Química e tecnologia dos poliuretanos. 3ª. ed. Rio de Janeiro: Vilar Consultoria, 2004.
Disponivel em: <https://www.poliuretanos.com.br>. Acesso em: 24 Outubro 2018.
PARTE 1:
Email: [email protected]
__________________________________________________________
CHEMICAL/TECHNICAL DESCRIPTION
Liquid foam polyol suitable for use in ‘pour in place’ rigid polyurethane foam for surfboards.
OTHER PROPERTIES
INGREDIENTS
__________________________________________________________
Health Effects
103
Acute - Ingestion:Single dose oral toxicity is low . Irritant to digestive mucosas, mouth and
throat.
Acute - Eye: May cause slight transient (temporary) eye irritation. Corneal injury is unlikely.
Acute - Skin: Prolonged or repeated contact can cause dryness of the skin, chapping, skin
irritation
__________________________________________________________
Eye: Irrigate with copious flowing water immediately, and continuously for 15 minutes.
Skin: Wash off in flowing water or shower. Remove contaminated clothing, and wash before
reuse.
First Aid Facilities: It is good practice to have an eye washing facility adjacent to the work
place location.
Advice to Doctor: No specific antidote. Supportive care. Treatment based on judgement of the
doctor in response to the reactions of the patient.
__________________________________________________________
Clothing: Coveralls
__________________________________________________________
Storage Transport: This product is not classified in the Australian Dangerous Goods Code
either by reference to a specific substance name or a generic substance name or group. Store
in a cool dry area away from any source of ignition, strong acids and oxidising agents.
Storage life: Six months in a cool dry area in fully sealed containers.
Spills and disposal: Clean Up Spills/Leaks: Absorb spilled material with inert absorbent
(sand, vermiculite etc ) and put in closed containers for disposal to approved site. Do not
permit to contaminate waterways, sewers or drains.
Precautions for Clean Up Crew: Avoid skin and eye contact,wear gloves, glasses and
coveralls. Avoid breathing vapours directly.
Hazards of Use/Storage: Will support combustion. No explosive hazard. Do not breath smoke
from burning product.
Types of Extinguisher/fire- Fighting Agents: Foam, alcohol resistant foam, CO, and dry
chemical.
Reactivity: Stable under normal handling and storage conditions. Incompatible with oxidising
materials and strong acids.
__________________________________________________________
The above information is given in good faith. No guarantee is implied or given since
processors of the Foam System use a variety of methods unknown to Surfblanks Australia P/L.
Surfblanks Phenolic Foam Polyol has been specifically designed for the surfboard industry
for the manufacture of foam cores suitable for hand and machine shaping. Surfblanks
Australia manufactures the Polyol to a proprietary formulation and process from base
petroleum chemicals and some processed polyalcohols. The Polyol complies with
specifications set only by Surfblanks Australia P/L.
105
PARTE 2:
Surfblanks Australia. 11 West St, Brookvale, NSW, 2100, Australia
Email: [email protected]
_____________________________________________________________
CHEMICAL/TECHNICAL DESCRIPTION
Liquid foam prepolymer suitable for use in ‘pour in place’ rigid polyurethane foam for
surfboards
UN No : 2078
IMDG : 6230
Package Group : II
Flashpoint : >125
Hazard Classification : Lung toxin, skin and eye hazard, sensitiser, irritant,
water reactive.
INGREDIENTS
The Prepolymer is the product of a reaction of 80/20 toluene di isocyanate and a phenolic
sensitive sucrose based polyether polyols with polyethylene polyalcohols. The isocyanate is in
excess by approximately 33% ( plus or minus 1%)
106
PHYSICAL SPECIFICATIONS
_____________________________________________________________
Health Effects
Acute - Ingestion: Toxic. Ingestion may cause gastrointestinal irritation. Ingestion may cause
burns to mouth sand throat.
Acute - Eye: Irritating to eyes. Effects include lacrimation, burning and considerable
irritation of the outer eye. High vapour concentration can severely irritate the eyes.
Acute - Skin: Irritating to skin. Prolonged or repeated exposure may cause skin irritation.
May stain the skin. Skin contact may result in allergic skin reactions or respiratory
sensitisation but is not expected to result in absorption of amounts sufficient to cause other
adverse effects. The LD50 for skin absorption in rabbits is greater than 4000 mg/Kg.
Acute - Inhaled: Very toxic inhalation. May cause sensitisation by inhalation. Irritating to
respiratory system. Symptoms may include coughing, difficult breathing and a feeling of
tightness in the chest. Effects may be delayed. Impaired lung function (decreased ventilatory
capacity) has been associated with overexposure to isocyanates.
Chronic Effects: SYSTEMIC (OTHER TARGET ORGAN) EFFECTS: Tissue injury in the
upper respiratory tract and lungs has been observed in laboratory animals after repeated
excessive exposures to TDI.
_____________________________________________________________
Inhaled: Remove patient to fresh air, if not breathing apply artificial respiration. Exposure to
Prepolymer may cause delayed respiratory reaction.
Skin: Immediately remove all contaminated clothing including footware. Wash thoroughly all
affected areas with soap and water for at least 15 minutes.
Eyes: Immediately hold eyes open and wash with large amounts of water for at least 15
minutes.
107
Swallowed: If conscious give water or milk. Induce vomiting by giving patient Ipecac Syrup
APF or by finger down throat. Do not attempt to give liquids by mouth if patient is
unconscious.
_____________________________________________________________
Exposure Standards: The Prepolymer contains toluene diisocyanate (TDI), whose vapour
pressure at room temperature is 3 x 10 2mbar. The industrial hygiene exposure limit for
toluene diisocyanate varies from country to country at approximately .01 to .05 parts per
million in the air.
Engineering Controls: Work with the Prepolymer should only be carried out in a well
ventilated area with adequate exhaust ventilation at each workplace, otherwise the exposure
limit will be exceeded even at room temperature. Air should be drawn away from personnel
handling the product. Exhaust equipment should be checked periodically. When processing at
elevated temperatures, more stringent safety precautions should be observed.
Personal Protection: Contact of the reacting material with skin or eyes may cause severe
burns and may be difficult to remove from the affected areas. Immediately wash affected
areas with plenty of water (warm, soapy water is preferable) and seek medical attention. In
addition, such contact increases the risk of exposure to isocyanate vapours. Use only
approved protective clothing and equipment when handling this material (refer to Australian
Standards below).
Skin Protection: Use protective clothing impervious to this material. Selection of specific
items such as face shield, gloves, boots, apron, or full body suit will depend on operation.
Remove contaminated clothing immediately, wash skin area with warm soapy water and
launder clothing before reuse.
Glove Type: AS 2161: Industrial Safety gloves (butyl rubber or viton, excluding electrical or
108
medical gloves).
Eye/Face Protection: Used approved safety glasses. If vapour exposure causes eye
discomfort, use a full face respirator. Selection and use of personal protection equipment
should be in accordance with the recommendations in one more of the relevant Australian
Standards, including: AS 1336: Recommended practices for eye protection in the industrial
environment. AS/NZS: Eye protectors for industrial application. AS/NZS: Selection, use and
maintenance of respiratory protective devices.
_____________________________________________________________
Protective clothing and breathing respirators must be worn when handling opened containers
or processing the System to foam.
The Prepolymer should be stored in a well ventilated area at temperatures between 10 and 40
degrees C.
All containers must be stored securely sealed. No moisture must make contact with the
Prepolymer otherwise involuntary foaming will occur.
Fire
Hot Prepolymer reacts vigourously with small amounts of water. Where water is used it
should be used in very large quantities. If involved in a fire it will give off large amounts of
hydrogen cyanide and other toxic fumes.
Alert fire brigade. Tell them location of material and quantity. Evacuate area.
Environmental hazard - Contain spillage. Evacuate all personnel from downwind area. Avoid
breathing vapour. Wear air supplied breathing apparatus and full protective rubber clothing
including boots. Do not allow spillage to enter drains. Stop leak where possible. Contain and
absorb spills with sawdust, earth or sand, transfer to open top container, remove to well
ventilated area, add decontaminant and allow to neutralise for 24 - 48 hours.
_____________________________________________________________
FIRE/EXPLOSION HAZARD
_____________________________________________________________
Fire Hazards: Combustible. May evolve toxic gases (carbon oxides, hydrocarbons) when
heated to decomposition.
Sources of Ignition: Incompatible with oxidising agents, acids, alkalies, alcohols, water.
109
Hazardous Combustion Products: Isocyanate vapour and mist, carbon dioxide, carbon
monoxide, nitrogen oxides and hydrogen cyanide.
Fire Fighting Equipment: People who are fighting isocyanate fires must be protected
against isocyanate vapours and hazardous combustion products by wearing positive air
pressure self-contained breathing apparatus and full protective clothing.
Extinguishing Media: Carbon dioxide, dry chemical foam. For large fires, alcohol resistant
foams are preferred if available. general purpose synthetic foams or protein foams may
function but much less effectively. Water may be used as a blanket for fire extinguishment. If it
is used, it should be used in very large quantities. The reaction between water and isocyanate
may be vigorous. If possible contain fire run off water.
Chemical Stability Conditions to Avoid: Avoid prolonged heating over 40c. Stable when
stored under normal conditions. Thermal decomposition begins at at temperatures above
180c. High concentrations of toxic TDI vapours may be evolved at temperatures above 40c.
Incompatibility with other materials: Water, acid, bases, alcohols and metal compounds.
Avoid water as it reacts to form heat and carbon dioxide. Enough heat and pressure can be
produced to rupture a container. The reaction with water is slow at temperatures less than
40c, but accelerated at at higher temperatures and in the presence of the above mentioned
materials. Some reactions are violent.
Hazardous Polymerisation: May occur with incompatible reactants, especially strong bases,
water, or temperatures over 180c.
_____________________________________________________________
The above information is given in good faith. No guarantee is implied or given since
processors of the Foam System use a variety of methods unknown to Surfblanks Australia P/L.
Surfblanks Phenolic Foam Prepolymer has been specifically designed for the surfboard
industry for the manufacture of foam cores suitable for hand and machine shaping.
Surfblanks Australia manufactures the Prepolymer to a proprietary formulation and process
from base petroleum chemicals and some processed polyalcohols. The Prepolymer complies
with specifications set only by Surfblanks Australia P/L.