Apostila Sobre Forças e Leis de Newton

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Forças

Até agora, estudamos a Cinemática e pudemos conhecer vários tipos de movimentos. No


entanto, nosso foco foi apenas descrever esses movimentos, sem nos preocupar com a
causa deles. A partir desta semana estudaremos as forças, que são responsáveis por
produzir ou modificar um movimento. Nosso objetivo para as próximas semanas é
compreender e aplicar as leis de Newton em resolução de problemas e explicação de
fenômenos que envolvem forças. Para facilitar a sua aprendizagem, o conteúdo será
dividido em três partes, ao longo das três próximas semanas, mas você deve sempre ter
consciência que elas se inter-relacionam e que ao final será necessário reunir todos os
conhecimentos para aplicá-los. Portanto, mesmo já estando nas semanas seguintes, se
for preciso, retorne ao estudo desta semana para relembrar os conceitos. Vamos em
frente para cumprir mais essa etapa?

Forças

Força é um conceito comum no nosso cotidiano, que está frequentemente associado à


noção de força mecânica, como por exemplo, no caso da força que fazemos para
empurrar um caixote ou para levantá-lo. Uma força é capaz de deformar um objeto, no
entanto, aqui, estamos interessados em outro efeito que uma força pode causar: alterar o
estado de movimento de um corpo. As três leis de Newton, que veremos mais adiante,
nos darão condições de entender porque e como um corpo pode ter seu estado de
movimento alterado. Antes, no entanto, é conveniente compreender melhor esta
grandeza vetorial chamada força. No Sistema Internacional de Unidades (SI) a unidade
de força é o newton (N).

Tipos de Força

Podemos classificá-las em dois tipos: forças de contato e forças de ação à distância. As


forças de contato, como o próprio nome diz, necessitam que haja contato entre o corpo
que faz a força e o corpo que a recebe. Por exemplo, a força que um jogador de futebol
faz na bola quando a chuta é uma força de contato, portanto a força só existe enquanto
houver contato entre o pé do jogador e a bola. Fique atento a isso: após cessar o
contato entre os corpos que exercem/sofrem a força de contato, esta força também
deixa de existir. Você deve estar se perguntando: se a força deixa de existir, então
porque a bola continua em movimento? A resposta é simples: no momento em que
exerce a força na bola (chuta), o jogador acelera a bola. Lembre-se que a aceleração é
responsável pela mudança de velocidade da bola. Por isso ela entra em movimento.
Depois que a bola está em movimento e a força do jogador não atua mais, se não houver
outra força contrária para retardar seu movimento, ela continuará se deslocando em linha
reta e com velocidade constante (veremos isso com mais detalhe ao estudar a lei da
inércia).

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As forças de ação à distância atuam mesmo sem que exista contato entre o corpo que
exerce a força e o corpo que sofre a força. Por exemplo, a força que um imã exerce
sobre uma moeda, quando aproximamos um do outro. O imã consegue atrair a moeda,
sem que seja necessário encostar nela.

Dentre as forças de contato, iremos estudar a força Normal, a força de Tração (ou
Tensão), a força Elástica e a força de Atrito. A força Peso será a única força de ação a
distância abordada neste curso. Vejamos agora as características de cada uma delas e
também como identificá-las:

a) Força Normal (n): existe entre duas superfícies que estejam em contato, como por
exemplo, um livro sobre uma mesa. A mesa exerce uma força chamada normal sobre o
livro. O livro também exerce esta força sobre a mesa (de acordo com a terceira lei de
Newton, que será estudada na próxima semana). Quanto mais comprimidas estiverem as
superfícies, maior será a força Normal.
Esta força atua em direção perpendicular (formando 90º) às superfícies de contato. A
força normal não surge somente do contato com superfícies planas e horizontais; em
qualquer situação em que um corpo tocar e comprimir um outro, surgirá uma reação
normal. O termo normal é utilizado em Física para situações em que se forma um ângulo
de 90° entre duas direções, daí o fato de essa reação sempre ser perpendicular à
superfície de apoio.

b) Força de Tração ou Tensão (T): é uma força exercida por meio de um fio ou uma
corda, desta maneira, ela existe quando um objeto é puxado ou sustentado por uma
corda, um fio ou um cabo tensionado. Para evitar complicações consideraremos, em
geral, um fio ideal: flexível, porém inextensível, isto é, que não estica, de massa nula e
capaz de suportar qualquer intensidade de força. Sabemos que na prática, não existe um
fio com estas características. Porém "idealizamos" um fio com estes atributos, para que
ele não interfira no problema. Em um fio ideal, a tração tem a mesma intensidade nas
duas extremidades do fio. A direção da força de Tração é a mesma direção do fio.

c) Força Elástica: força com a qual uma mola ou um elástico reage quando os esticamos
(ou comprimimos, no caso da mola). Esta força de reação é proporcional à distensão da
mola ou elástico, e atua no sentido de desfazer a alteração provocada em sua forma, por
isso é chamada de força restauradora. Todas as vezes que no sistema, existir um corpo
elástico esticado ou comprimido, existe força elástica atuando no sistema.
A intensidade da força elástica é dada pela Lei de Hooke:

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O sinal negativo na equação da força elástica indica que esta força atua no sentido
contrário ao da deformação do corpo elástico.

d) Força de atrito: força que age sobre corpos em movimento ou tendência de


movimento. A força de atrito existe devido à rugosidade das superfícies dos corpos que
estão em contato. O atrito depende da força normal entre o objeto e a superfície de
apoio; por isso, quanto maior for a força normal, maior será a força de atrito.
Matematicamente podemos calcular a força de atrito a partir da seguinte equação:

O coeficiente de atrito depende da natureza dos corpos em contato e do estado de


polimento e lubrificação da superfície. Essa é uma grandeza adimensional, ou seja, ela
não tem unidade. Existem dois tipos de força de atrito: força de atrito estático e força de
atrito cinético. Tanto um quanto o outro estão sempre contrários à tendência de
movimento ou à movimentação dos corpos, ou seja, a força de atrito atua no sentido
contrário ao sentido do movimento ou tendência de movimento.

e) Força Peso: é o resultado da atração gravitacional exercida pela Terra não somente
sobre os objetos localizados próximo à sua superfície mas atuando também a distâncias
relativamente longas. Esta força atua no sentido do centro da Terra e pode ser calculada
com a equação:

Todos os corpos na superfície terrestre sofrem esta força, que é vertical para baixo.

Para compreender melhor como identificar as forças anteriores, vamos analisar alguns
exemplos:

1) Identificando as forças externas que agem em um carro em movimento:

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Consideraremos somente as forças externas, dessa forma, sabemos que existe a força
exercida pelo motor sobre o carro, porém como não é uma força externa não será
considerada.
Neste caso são três forças externas: Normal (N) exercida pelo solo, é uma reação à
compressão que o carro faz no solo; Força de atrito (A) cinético exercida pelo solo,
contrária ao sentido do movimento, devido às rugosidades no solo e nos pneus do
carro; Peso (P) exercida pela Terra.

2) Identificando as forças que atuam sobre um objeto em repouso sobre uma mesa:

Sobre o objeto atuam duas forças: a força Normal, vertical para cima, que é exercida
pela mesa; e a força Peso, vertical para baixo, exercida pela Terra.

3) Identificando as forças que atuam em uma caixa em repouso sobre uma rampa:

São três forças que atuam sobre a caixa: a força Normal (N), exercida pela rampa e que
forma 90º com a superfície; a força Peso (P), exercida pela Terra e vertical para baixo; e
a força de atrito estático ( Fat), exercida pela rampa e no sentido contrário a tendência
de movimento. A força de atrito estático é que impede da caixa deslizar.

Representanto uma força através de vetores.


Você deve ter observado, nos exemplos anteriores, que utilizamos "setas" para
representar as forças. Essas "setas" na verdade, são os vetores. Vetores são
segmentos de reta orientados, que servem para caracterizar as grandezas vetoriais.
Já vimos no primeiro ciclo que as grandezas podem ser escalares ou vetoriais. As
grandezas vetoriais são aquelas que para ficar bem conhecida, precisamos informar seu
valor, a unidade, a direção e o sentido. Na próxima semana estudaremos outros
aspectos dessa representação.

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Exercícios de Fixação

1. Enquanto leciona, o professor de física mantém sobre a mesa, perfeitamente


horizontal, sua caneca cheia de café. Nessas condições, a massa total da caneca+café é
de 0,7 kg. Sendo assim:

a) Quais forças atuam na caneca? Faça um desenho representando todas as forças que
atuam na caneca.
b) Calcule o valor da força peso.

2. Um homem tenta levantar uma caixa de massa m = 5 kg, apoiada sobre a mesa,
aplicando uma força vertical para cima com intensidade de 10 N, através de um fio.
Observe a figura abaixo.

Com relação a essa situação:


a)Quais forças atuam na caixa? Faça um desenho representando todas as forças que
atuam na caixa;
b) Calcule o peso da caixa;
c) O que aconteceria com o valor da força normal (aumentaria ou diminuiria) se a pessoa
parasse de tentar levantar a caixa?

3. Uma mola sofre uma deformação de 0,5 m quando é aplicada, em sua extremidade,
uma força de 100 N. A respeito dessa situação:
a) Qual o valor da constante elástica da mola?
b) Se na mesma mola fossem aplicados 22,5 N de força, qual seria a deformação que ela
sofreria?

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4. (UFLA-MG - adaptada) Um bloco de gelo desprende-se de uma geleira e desce um
plano inclinado com atrito. Represente em um diagrama todas as forças que atuam sobre
o bloco.

5. O bloco da figura, de massa 5 Kg, move-se com velocidade constante em um plano


horizontal, sob a ação da força F, constante e horizontal.

O coeficiente de atrito entre o bloco e o plano vale 0,20, e a força Normal tem mesma
intensidade que a força Peso.

a) Identifique as forças que atuam sobre o bloco, representando-as com vetores.


b) Calcule a força Peso sobre o bloco.
c) Calcule a força de atrito sobre o bloco.

6. Considere um homem dentro de um elevador, que sobre em velocidade constante.


a)Quais forças atuam no homem? Faça um desenho representando todas as forças que
atuam no homem.
b)Quais forças atuam no elevador? Faça um desenho representando todas as forças que
atuam no elevador.

7. Em um jogo de basquete, um dos jogadores arremessa a bola para a cesta. Considere


o instante representado na imagem abaixo, pouco antes da bola passar pela cesta.

a) Quais forças atuam na bola? Faça um desenho representando todas as forças que
atuam nela.
b) Considere que a massa da bola é 600g. Calcule a força Peso sobre a bola.

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8. (ENEM 2013) Uma pessoa necessita da força de atrito em seus pés para deslocar-se
sobre uma superfície. Logo, uma pessoa que sobe uma rampa em linha reta será
auxiliada pela força de atrito exercida pelo chão em seus pés.
Em relação ao movimento dessa pessoa, quais são a direção e o sentido da força de
atrito mencionada no texto?

a) Perpendicular ao plano e no mesmo sentido do movimento.


b) Paralelo ao plano e no sentido contrário ao movimento.
c) Paralelo ao plano e no mesmo sentido do movimento.
d) Horizontal e no mesmo sentido do movimento.
e) Vertical e no sentido para cima.

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Força resultante - método de vetores

As forças são grandezas vetoriais, pois precisamos conhecer a direção e o sentido em


que elas atuam. Por exemplo, se eu pedir que você mude uma cadeira de lugar, aplicando
uma força de 50N nela, você não conseguirá saber para qual lado deve aplicar a força na
cadeira. Para que a informação fique completa, eu preciso dizer: aplique na cadeira uma
força horizontal, para a direita, de 50N. Agora sim, você saberá em qual sentido a cadeira
deve ser deslocada.
Os vetores nos permitem informar a direção e o sentido da força (através da ponta da
"seta") e também o valor da força (através do tamanho do vetor).
Os vetores representam as grandezas vetoriais e indicam seu módulo, direção e sentido.
O módulo é o valor numérico do vetor seguido da unidade de medida que define a
grandeza vetorial. A direção é a reta onde o vetor está localizado, e as direções possíveis
são: diagonal, horizontal e vertical. O sentido trata-se de para onde o vetor atua de
acordo com sua direção, assim, os sentidos podem ser para a direita, para a esquerda,
para cima, para baixo, para o leste, para o norte, etc.
O vetor a seguir representa uma força que atua na horizontal, para a direita e que possui
módulo igual a 50 N. Veja:

Já o vetor abaixo possui o mesmo módulo do vetor anterior (valor numérico), porém sua
direção é diagonal, com sentido para cima e para esquerda.

Como você viu nos exemplos das páginas 7 e 8, muitas vezes existirão mais de uma
força atuando em um corpo. E como é possível determinar o valor da força total, quando
várias forças atuam em um corpo? Essa força total é chamada de força resultante. Não é
correto somar os valores das forças, já que cada uma atua em uma direção ou sentido
diferente. Por isso, é conveniente que saibamos, além de representar as forças utilizando
os vetores, também fazer as operações com vetores. Para facilitar a compreensão,
vamos conhecer estas operações utilizando os vetores força. Mas saiba que elas valem
para qualquer vetor, que represente qualquer grandeza vetorial.

a) Cálculo da força resultante, quando as forças atuam na mesma direção e sentido:

Fonte: http://fisicoquimica-8ano.blogspot.com
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A figura representa duas pessoas exercendo força no barco, através de uma corda. As
forças exercidas são horizontais e para a direita (ou seja, possuem a mesma direção -
horizontal- e o mesmo sentido - para direita). Portanto, para determinar a força
resultante, basta somar os módulos das duas forças.

A força resultante também será horizontal para a direita e terá módulo (valor) de 180 N.

b) Cálculo da força resultante, quando as forças atuam na mesma direção e possuem


sentidos contrários:

Fonte: http://fisicoquimica-8ano.blogspot.com

A figura representa duas pessoas exercendo força na corda. As forças exercidas são
horizontais e contrárias. A força para a direita vale 100N, enquanto a força para a esquerda
vale 80N.
Para determinar a força resultante, basta subtrair os módulos da força menor do módulo da
força maior.

A força resultante tem o mesmo sentido da força maior, neste caso, para a direita.

b) Cálculo da força resultante, quando as forças atuam em direções diferentes:

Fonte: http://fisicoquimica-8ano.blogspot.com

A figura representa duas pessoas exercendo força na caixa, através da corda. As forças
exercidas possuem direções diferentes. A força diagonal para cima vale 80N, enquanto a força
diagonal para baixo vale 100N.
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Nesta situação, as forças aplicadas no corpo têm direções diferentes que fazem entre si
um ângulo de 90º. Para calcular a força resultante utiliza-se o Teorema de Pitágoras:

Quando o ângulo entre as duas forças é diferente de 90º, não é possível calcular a
intensidade da força resultante através do teorema de Pitágoras, e precisaremos utilizar
a Regra do Paralelogramo:

Para determinar o sentido e a direção da força resultante quando as forças não possuem
a mesma direção devemos fazer o seguinte: Traçamos uma linha pontilhada partindo da
ponta de F1 e paralela a F2. Depois traçamos uma linha pontilhada partindo da ponta de
F2 e paralela a F1. A força resultante FR é a diagonal do paralelogramo formado.

F1 FR

F2

É importante mencionar que a força resultante não é uma "nova força" qua atua sobre o corpo.
Ao contrário, ela é entendida como a força total que age sobre um corpo sujeito a várias forças,
ou seja, o resultado destas várias forças. Para você compreender melhor esse conceito,
vamos retomar o caso representado na figura da página 9, no qual duas pessoas puxam o
barco. A força resultante é o resultado das forças exercidas pelas duas pessoas, e vale 180N.
Na prática, poderíamos desprezar as duas forças realizadas pelas pessoas e considerar
somente a força resultante. Porém vale reforçar, que ela não é uma terceira força que atua no
barco, e sim equivalente ao efeito das forças exercidas pelas pessoas.

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Agora que você já leu e anotou em seu caderno os pontos mais importantes do conteúdo desta
semana, que tal fazer uma cruzadinha, para ajudar a fixar as ideias, enquanto se diverte um
pouco? Os conceitos da cruzadinha envolvem o conteúdo da semana 12, já que ele será
importantíssimo para os estudos das próximas semanas.

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Exercícios de Fixação

1.Considere que em um corpo atuem duas forças, F1 e F2 conforme representado na


figura abaixo.

a) Podemos dizer que as forças possuem a mesma intensidade? Explique.


b) Considere que cada uma das forças, valem 60N. Calcule o valor da força resultante.
c) Represente a força resultante, utilizando um vetor.

2. Em uma caixa, atuam duas forças iguais a 70N, conforme figura. Calcule a intensidade
da força resultante.

3. Em um momento de lazer, uma família brinca de "cabo de guerra", com duas equipes: a
equipe formada pelos pais, que puxam a corda para direita; e a equipe formada pelos
filhos, que puxa a corda para a esquerda. Veja figura:

Considere que a força exercida pelo pai vale 60N, a força exercida pela mãe vale 100N, a
força exercida pela filha vale 80N e a força exercida pelo filho vale 90 N.
a) Qual das equipes ganhará a brincadeira? Justifique.
b) Para qual lado a corda se moverá? Justifique.

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4. Duas forças, F1 = 30N e F2 = 40N, perpendiculares, agem em um corpo, conforme
figura abaixo:

a) Calcule a força resultante sobre o corpo.


b) Represente a força resultante sobre o corpo, utilizando um vetor.

5. No exemplo da questão anterior, considere que uma terceira força passe a atuar no
sistema, de modo que a força resultante seja nula.

a) Quanto valeria essa terceira força?


b) Represente esta terceira força, através de um vetor.

6. Um livro de 300g está em repouso sobre uma mesa. Como está em repouso, a força
resultante sobre o livro é zero.

a) Represente as forças que atuam sobre o corpo, utilizando vetores.


b) Calcule a força Peso sobre o livro.
c) Considerando que a força resultante sobre o livro é nula, calcule a força Normal que
atua sobre o livro.

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Leis de Newton

Agora que já conhecemos alguns tipos de forças e como calcular a força resultante,
vamos dedicar esta semana ao estudo das leis de Newton. Essas leis fundamentam a
base da Mecânica Clássica. São um conjunto de três leis capazes de explicar a dinâmica
que envolve o movimento dos corpos. Essas leis foram publicadas pela primeira vez pelo
físico inglês Isaac Newton, no ano de 1687, em sua obra de três volumes intitulada
Princípios Matemáticos da Filosofia Natural.

1ª Lei de Newton

A Primeira Lei de Newton é chamada de Lei da Inércia. Seu enunciado original encontra-
se traduzido abaixo:

“Todo corpo continua em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em uma


linha reta, a menos que seja forçado a mudar aquele estado por forças aplicadas sobre
ele.”

Essa lei diz que, ao menos que haja alguma força resultante não nula sobre um corpo,
esse deverá manter-se em repouso ou se mover ao longo de uma linha reta com
velocidade constante.
A Lei de Inércia também explica o porquê ao pisar no acelerador do carro, um motorista
pode sentir-se comprimido em seu banco, como se houvesse uma força empurrando-o
para trás. Na verdade, o que ele sente é a expressão de sua inércia, ou seja, a tendência
que seu corpo tem de permanecer parado ou em velocidade constante.
Além disso, quanto maior for a massa de um corpo, maior será sua inércia. Assim, alterar
o estado de movimento de um corpo de massa grande requer a aplicação de uma força
maior. Corpos de massa pequena têm seu estado de movimento alterado facilmente com
a aplicação de forças menos intensas.

A Primeira Lei de Newton é pouco intuitiva, pois ao rolarmos uma bola no chão, ela para
diante de nossos olhos. Sabemos que ela não rola eternamente. Mas isso não contradiz a
primeira lei?
Na verdade não. No caso descrito, a bola está sujeita a uma força resultante que não é
nula: há uma força de atrito entre a bola e a superfície do chão, e é essa força de atrito
que desacelera a bola continuamente.

2ª Lei de Newton

A Segunda Lei de Newton, também conhecida como Princípio Fundamental da Dinâmica,


traduzida de sua forma original, é:

“A mudança de movimento é proporcional à força motora imprimida e é produzida na


direção de linha reta na qual aquela força é aplicada.”

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Em outras palavras, a segunda lei afirma que o módulo da aceleração produzida sobre
um corpo é diretamente proporcional ao módulo da força aplicada sobre ele e
inversamente proporcional à sua massa.
Newton apresentou a segunda lei de forma diferente da que utilizamos hoje. Porém
podemos reescrevê-la conforme a equação abaixo, sem prejuízo a seu significado:

Já vimos que a unidade para força no Sistema Internacional de Unidades é o newton.


Para isto, a aceleração e a massa também devem estar em unidades do SI, (m/s²) e (kg),
respectivamente.
As forças são grandezas vetoriais, portanto, são escrevê-las à mão, utilizamos uma seta
apontada sempre para direita acima de seu símbolo. Essa seta não indica o módulo ou a
direção da grandeza vetorial, indica somente que elas são vetoriais.

Observação: Na semana anterior, vimos como calcular a força


resultante através do método vetorial. A segunda lei de Newton nos
fornece uma nova maneira de calcular a força resultante:
multiplicando a massa pela aceleração do corpo.
Você deve utilizar a forma que for mais conveniente em cada caso.

3ª Lei de Newton

A Terceira Lei de Newton recebe o nome de Lei da Ação e Reação. Essa lei diz que todas
as forças surgem aos pares: ao aplicarmos uma força sobre um corpo (ação), recebemos
desse corpo a mesma força (reação), com mesmo módulo e na mesma direção, porém
com sentido oposto.
O enunciado original da Terceira Lei de Newton encontra-se traduzido abaixo:

“A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade: as ações mútuas de
dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas em sentidos opostos.”

Essa lei permite-nos entender que, para que surja uma força, é necessário que dois
corpos interajam, produzindo forças de ação e reação. Além disso, é impossível que um
par de ação e reação forme-se no mesmo corpo.
Outra informação contida no enunciado da Terceira Lei de Newton indica que os pares
de ação e reação têm a mesma intensidade, mesma direção, porém sentidos opostos.
Assim, se produzirmos uma força direcionada para baixo sobre um corpo, receberemos
dele uma força de reação direcionada para cima.

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Por exemplo: se estivermos usando patins e empurrarmos um carrinho de supermercado
lotado de compras, seremos empurrados para trás, em decorrência da fraca intensidade
da força de atrito entre as rodas dos patins e o piso.
É importante mencionar que embora as forças que atuam nos dois corpos sejam iguais,
os efeitos destas forças em cada corpo podem ser diferentes. Considere o caso em que
a força Peso, exercida pela Terra em uma bolinha em queda livre seja de 1N. Pela terceira
lei de Newton, a bolinha também exercerá uma força com mesma intensidade na Terra,
(1N). Porém esta força de 1N não é suficiente para deslocar o planeta Terra, pois sua
massa é muito grande.

Em síntese, a respeito das forças de ação e reação, devemos lembrar que:

não existe força de ação sem a correspondente força de reação, ou seja, é impossível
um corpo agir sobre o outro e não sofrer a consequente reação;
as forças de ação e reação são simultâneas, ou seja, não existe a possibilidade de
ocorrer a ação e depois a reação - elas ocorrem no mesmo instante;
elas podem apresentar efeitos diferentes - quando uma bola bate em uma vidraça,
embora o vidro e a bola sejam submetidos à forças de mesma intensidade, o vidro se
quebra ou permanece imóvel, mas a bola não;
é indiferente saber qual é a força de ação e qual é a de reação;
elas não se anulam, pois são aplicadas em corpos diferentes;
elas possuem sempre a mesma intensidade, a mesma linha de ação e sentidos
contrários;
as forças de ação e reação são da mesma natureza - se a interação é de contato, o
par de ação e reação é constituído por duas forças de contato, se por outro lado, a
interação é de ação à distância, o par de ação e reação é constituído por duas forças
de ação à distância.

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Após ler a apostila, faça um resumo em seu caderno, abordando os pontos principais.
Depois, resolva a cruzadinha abaixo:

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Exercícios de Fixação

1.É possível haver movimento na ausência de força? Explique.

2. É possível haver força na ausência de movimento? Explique.

3. Leia as afirmativas abaixo. Assinale C se a afirmativa estiver correta e E, se estiver


errada.

( ) Se um corpo está parado, não existem forças agindo sobre ele.

( ) Se um corpo está em movimento, então existem forças agindo sobre ele.

( ) Um corpo em repouso sempre permanecará em repouso

( ) Se a força resultante sobre um corpo é nula, ele tanto pode estar em repouso como
em movimento em linha reta com velocidade constante.

( ) De acordo com a segunda lei de Newton, a força resultante é igual ao produto da


massa pela aceleração do corpo.

4. Explique as três leis de Newton, dando um exemplo de situações que sejam explicadas
por cada uma dessas leis.

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5. Um corpo de massa 5kg, inicialmente em repouso, sofre a ação de uma força
resultante de durante 20s, e por isso, adquire uma velocidade de 20m/s.
a) Calcule a aceleração sobre o corpo.
b) Calcule a força resultante sobre o corpo.

6. Duas pessoas empurram uma caixa grande, com 80kg de massa. Cada uma das
pessoas exerce uma força de 80N. Considere que estas são as únicas forças que
atuam na caixa na direção horizontal.

a) Represente em um desenho, utilizando vetores, as forças exercidas pelas pessoas.


b) Calcule a força resultante sobre caixa.
c) Calcule a aceleração da caixa.

7. Considere um corpo de 10Kg, em queda livre, nas proximidades da Terra. Neste


caso, quais são as forças que formam um par de ação e reação?

8. No movimento de um foguete no vácuo, temos uma força de ação, caracterizada


pela expulsão dos gases pelo foguete. Como se caracteriza a força de reação?

9. Considere um choque frontal entre um caminhão e um pequeno carro. Em qual


deles atua uma força mais intensa?

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Aplicação das Leis de Newton

Durante esta semana, utilizaremos todos os conhecimentos adquiridos até aqui na resolução
de problemas que envolvam as leis de Newton. Para isso, é conveniente estabelecer um
roteiro, que nos ajudará a organizar o processo de resolução.

Aplicação das leis de Newton

Passo a passo para resolver problemas sobre as leis de Newton

1º) Isolar os corpos e identificar as forças que atuam em cada corpo;

2º) Aplicar a 2ª lei de Newton para cada corpo, considerando as forças identificadas. Nesta
etapa, será obtida uma equação para cada corpo.

3º) Resolver o sistema das equações obtidas no passo anterior.

Exemplo Resolvido

1.Dois blocos A e B, de massas respectivamente iguais a 10 kg e 5 kg, estão apoiados em uma


superfície horizontal perfeitamente lisa, conforme apresentado na figura abaixo. Uma força F
constante e horizontal de intensidade 30N passa a atuar sobre o bloco A. Determine:
a) a aceleração adquirida pelo sistema;
b) a intensidade da força que o bloco A exerce no bloco B.

1º Passo:

Primeiro, vamos identificar as forças que atuam em cada bloco. Para isso, isolamos os blocos
e identificamos as forças, conforme as figuras abaixo:

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Note que no bloco A atuam as forças: Normal, Peso, a força de F e fBA: força que o bloco B
exerce sobre o bloco A (esta força existe pois é a reação que o bloco B faz no bloco A, de acordo
com a terceira lei de Newton).
No bloco B, atuam as forças Peso, Normal e fAB, que é a força que o bloco A exerce sobre o bloco B.

2º Passo:

Os blocos não apresentam movimento na vertical, assim, a força resultante nesta direção é igual
a zero (primeira lei de Newton). Portanto, o peso e a força normal são iguais e se anulam (para os
dois blocos).
Já na horizontal, os blocos apresentam movimento. Vamos então aplicar a 2ª Lei de Newton
(FR = m . a), somente para esta direção e escrever as equações para cada bloco:

Bloco A:
Neste bloco atuam duas forças na direção horizontal, e estas duas forças são contrárias.
Portanto a resultante será obtida subtraindo estas forças. Veja na equação abaixo que a força
resultante foi substituída por esta subtração, assim como a massa foi substituída por 10kg, que é
a massa do bloco A. E ainda, a força F foi substituída por 30N.

FR = m . a
F - fBA = mA . a
30 - fBA = 10 . a (Equação I)

Bloco B:
Neste bloco atua somente uma força na direção horizontal, então ela é a resultante. Veja na
equação abaixo que a força resultante foi substituída por esta força, assim como a massa foi
substituída por 5kg, que é a massa do bloco B.

FR = m . a
fAB = mB . a
fAB = 5 . a (Equação II)

3º Passo:

Juntando as duas equações obtidas no passo anterior, temos:

30 - fBA = 10 . a
fAB = 5 . a

Nosso objetivo é encontrar o valor da aceleração, representada pela letra a, nas equações acima.
Para isso devemos "eliminar" as outras incógnitas. Lembrando que as forças fBA e fAB são
iguais, de acordo com a terceira lei, podemos somar as equações acima como maneira de
resolver o sistema formado por elas. Veja:

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30 - fBA+ fAB= (10 . a) + (5 . a)

Como a intensidade de fAB é igual a intensidade de fBA, pois uma é a reação a outra, elas se
cancelam:
30 - fBA+ fAB= (10 . a) + (5 . a)

E a equação fica assim:


30 = (10 . a) + (5 . a)
30 = 15 . a

Agora, podemos encontrar o valor da força que o bloco A exerce sobre o bloco B. Usando a
equação do bloco B, basta substituir o valor da aceleração:
fAB = mB . a
fAB = 5 . 2 = 10 N
fAB = 10 N

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Exercícios de Fixação

1.Uma folha de massa igual 0,3 g cai de uma árvore com velocidade constante.
Determine a força resultante sobre essa folha, sabendo que ela está sujeita à força de
resistência do ar. Dado: a aceleração da gravidade tem valor igual a 10 m/s².

2. Um bloco de massa 50 Kg é empurrado sobre uma superfície horizontal por uma força
F = 220 N. Sabendo que o coeficiente de atrito cinético (μc) entre o bloco e a superfície é
igual a 0,2, calcule:
a) a força Peso sobre o bloco;
b) a força Normal sobre o bloco;
c) a aceleração sofrida pelo bloco.

3.A figura a seguir representa as forças que agem em um elevador vazio. FG representa
a força Peso exercida pelo planeta Terra sobre o elevador. Já FC representa a força de
Tração no cabo do elevador. Suponha que a intensidade da força Peso do elevador seja
de 12000N.
a) Se o elevador está subindo em movimento uniforme, quanto vale FC?
b) Onde está aplicada a reação da força Peso? Qual sua intensidade?

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4. Uma caixa de massa mc = 10 kg é ligada a um bloco de massa mb = 5,0 kg, por meio
de um fio fino e inextensível que passa por uma pequena polia sem atrito, como mostra a
figura. Uma força F de intensidade 80N atua sobre o bloco C. Despreze o atrito entre o
bloco C e a mesa.

a) Identifique a calcule todas as forças que atuam, sobre C e B;


b) calcule a aceleração do conjunto.

5. (UFPE) A figura abaixo mostra três blocos de massas mA = 1,0 kg, mB = 2,0 kg e mc =
3,0 kg. Os blocos se movem em conjunto, sob a ação de uma força F constante e
horizontal, de módulo 4,2 N. Desprezando o atrito, qual o módulo da força resultante
sobre o bloco B?

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