Florestan Fernandes. Poder e Contrapoder Na América Latina
Florestan Fernandes. Poder e Contrapoder Na América Latina
Florestan Fernandes. Poder e Contrapoder Na América Latina
NA AMÉRICA LATINA1
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Notas da exposição apresentada na mesa redonda sobre “A Natureza do Fascismo
e a Relevância do Conceito na Ciência Política Contemporânea” (Departamento
de Sociologia, Harvard University, de 10 a 11 de março de 1971). As poucas
alterações feitas não afetaram a essência do texto original. Além disso, as ideias
expostas se mantiveram presas à última metade da década de 1960 e ao início
da década de 1970.
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C. J. Friedrich e Z. K. Brzezinski, Totalitarian dictatorship and autocracy.
Cambridge, Massachusetts, Harvard University Press, 2ª ed., 1965, p. 8-9.
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Parece-me que a delimitação empírica do fascismo, introduzida por E. Nolte
(Three faces of fascism. Action Française, Italian Fascism. National Socialism,
Londres, Weidenfeld & Nicolson, 1966), é bastante frutífera e corrobora a
análise feita (ver especialmente p. 460). Com referência à Espanha, sua carac-
terização é acurada, mostrando a vantagem do conceito, tão evitado por vários
cientistas sociais.
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O “totalitarismo de classe” só é possível em sociedades estratificadas nas quais
a cultura especial da classe dominante (ou setores de classe dominante) opera
e é imposta como se fosse a cultura universal de toda a sociedade (ou a “civi-
lização”). Às vezes, a cultura especial da classe baixa é contraposta a ela como
“folclore” ou “cultura popular”. Quando os membros da classe baixa “saem de
seu mundo” e desempenham papéis que se vinculam às esferas econômica, social
e política da sociedade global, eles compartilham, de uma forma ou de outra,
traços ou complexos institucionais da “civilização” (ou, em outras palavras, da
cultura oficial e dominante).
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Esse tipo de fascismo corresponde às duas funções de autodefesa e de autopri-
vilegiamento que ele alcança nas mãos de classes ameaçadas, descritas por F.
Neumann (The democratic and the authoritarian State – Essays in political and
legal theory. Glencoe, IlIinois, The Free Press, 1957, p. 250-251). (Ed. bras.:
Estado democrático e Estado autoritário. Rio, Zahar, 1969.)
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Se consideramos a queda de Batista e o colapso do capitalismo em Cuba, esta
não vem a ser uma simples suposição.
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Nota Suplementar
Elaborado há tempo, este ensaio não apanha evoluções pos-
teriores da forma política do fascismo na América Latina. Em
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Operação
Embora se diga investido “constitucionalmente”, na Presidên-
cia, por força da nova Constituição “aprovada” em plebiscito
no ano passado, Pinochet prorrogou o estado de emergência;
estão funcionando no Chile tribunais de guerra, continuam as
prisões “ilegais”, o desterro e a tortura. Um conhecido ator e
diretor, com peça em cartaz, Fernando Gallardo, foi preso pela
CNI, Central Nacional de Informações, que vai alcançando os
mesmos níveis de brutalidade repressiva de sua antecessora, a
Dina. Será este o tipo de regime “moderadamente repressivo”,
dito como tolerável, desde que amigo, por Jeane Kirkpatrick,
um dos latino-americanistas de Reagan? Pinochet foi convidado
por Reagan a visitar Washington, onde já esteve o general Viola,
da Argentina. Reagan suspendeu as sanções econômicas contra
o Chile, decretadas por Carter em represália à impunidade dos
mandatos e executantes do assassinato em Washington de um
ex-ministro chileno, Orlando Letelier.
Relaxadas as pressões externas e apertados os controles internos,
Pinochet parte para a grande operação “cívica”. Observem com
atenção o que acontece nos municípios chilenos, é o recado da
oposição. O mapa municipal do Chile foi alterado por decreto,
com a criação de novas “células” que ajudarão a dar vida ao
“movimento cívico-militar” de Pinochet. Os prefeitos estão en-
carregados de criar e desenvolver grupos comunais, organizações
de bairros, de mães, de “pobladores”, favelados. O pinochetis-
mo investe sobre setores urbanos, no passado em grande parte
responsáveis pela força da Democracia-Cristã, do ex-presidente
Eduardo Frei. Para enfrentar a esquerda com o controle dos
sindicatos, o PDC tratou de organizar as populações margina-
lizadas das cidades. Pinochet vai mais a fundo nessa estratégia,
transformando as prefeituras em cabeças da montagem de um
amplo movimento “cívico” de apoio ao regime militar.
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Luta
A oposição chilena, toda fragmentada, empunhando diferentes
opções, se vê ainda mais acuada. O próprio regime, no entanto,
não está isento de consequências dessa operação. A ideia de
uma ditadura com “base social” é defendida pelos setores mais
duros do pinochetismo, que querem uma ditadura populista
e combatem o atual modelo econômico. Os “moderados” ou
“aberturistas”, partidários do modelo econômico, vinculados às
grandes empresas, querem um governo “autoritário submetido
a limitações de poderes, “constitucional”, “institucionalizado”.
Têm medo de que um movimento de massas, estilo franquista,
termine se voltando contra eles. Até agora Pinochet tem conse-
guido manejar as duas facções, mas os “moderados” já estão de
olho para ver o alcance da revolução municipalista.
Quanto à oposição, passa por seus piores momentos. A própria
esquerda “histórica”, tradicionalmente ajustada ao jogo polí-
tico, começa a optar pela violência. Outros setores se rendem
à sensação de impotência total. O ex-presidente Frei passou a
escrever uma coluna de política internacional.
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