Revista Inter-Legere: Didática Transdisciplinar Como Expressão de Uma Fenomenologia Complexa
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Revista Inter-Legere: Didática Transdisciplinar Como Expressão de Uma Fenomenologia Complexa
RESUMO
ABSTRACT
INTRODUÇÃO
Desde Comenius, com sua “arte de ensinar tudo a todos”, inúmeras são
as definições propostas a respeito do termo didática, o que de certa forma
aumenta também a sua imprecisão. Etimologicamente, essa palavra vem do
grego: didaktiké, didátikos, do verbo didasko, que significa instruir, ensinar,
expor com clareza. Didaktikos é aquele que está apto para a docência
(MALLART, 2001). De acordo com Escudero (1980 apud MALLART, 2001), a
didática está mais relacionada com os processos de ensino e aprendizagem. O
autor em estudo a define como “a ciência que tem por objeto a organização e
orientação de situações de ensino-aprendizagem, de caráter instrutivo,
tendente à formação do indivíduo em estreita dependência de sua educação
integral” (MALLART, 2001, p. 30). Nota-se, nessa definição, o caráter instrutivo
ou formalizado da palavra didática.
Saturnino de la Torre (2012, p. 29), por sua vez, entende a didática
“como uma disciplina pedagógica reflexiva e prática que orienta a ação
formativa. De acordo com o autor, “a Didática, como qualquer disciplina que
aspira a um tipo de conhecimento específico, busca compreender e, na medida
do possível, explicar o processo formativo” (TORRE, 2012, p. 29). Para tanto,
“a Didática elabora teorias explicativas de ensino, seja a partir de uma reflexão
filosófica ou a partir da prática” (TORRE, 2012, p. 29). É uma disciplina que
constrói o saber mediante a práxis, a ação de seus agentes, tanto dentro como
fora da sala de aula, tendo como seu objeto os processos de ensino e
aprendizagem, os processos de formação, e como finalidade última o
desenvolvimento humano.
No Brasil, em especial, a partir de 1982, após a organização do
Seminário na PUC/SP, intitulado “A Didática em questão”, mais precisamente
durante a década de 1990 e o início do século passado, os estudos e as
discussões a respeito da didática vêm sendo cada vez mais aquecidos por
diversos olhares (CANDAU, 1993; LIBÂNEO, 2006, 2012a; OLIVEIRA, 1992;
VEIGA, 1989), os quais, de certa forma, convergem em relação ao conceito e
à perspectiva teórica que fundamenta o tema. Entre outros aspectos, para
Assim, fica mais fácil perceber nessas explicações que, em todas essas
definições e compreensões a respeito da didática, vários elementos
estruturantes se repetem, tais como: ensino, aprendizagem, instrução, contexto
sociocultural, mediação, formação, que, de certa forma, representam os
elementos em torno dos quais a didática, dependendo do enfoque
epistemológico adotado, desenvolve suas práticas.
É oportuno também observar que em vários textos explicativos sobre
estratégias didáticas, bem como em algumas ementas de cursos de Pedagogia
obtidas na internet, notamos que, por razões intrínsecas à própria natureza da
palavra didática, a maioria destaca um determinado elemento estruturante. Em
grande parte desses textos, encontramos um certo formalismo estrutural, um
formalismo lógico, em que nem o sujeito nem os conteúdos, ou o contexto
social, são os elementos estruturantes da ação pedagógica, porém atribuímos
esse formalismo à organização lógica dos conteúdos a partir de princípios
universais e lógicos que regem o processo instrucional. É a didática tradicional
centrada nos conteúdos. Há textos que reforçam o formalismo subjetivista,
centrado nas atividades do aluno e pautado mais na sequência de
competências e habilidades a serem aprendidas, em vez de priorizar os
conteúdos e o contexto. É o caso da didática escolanovista, centrada nos
métodos e técnicas e voltada para as atividades desenvolvidas pelo sujeito
“aprendente”.
Por outro lado, existem também aqueles que se preocupam mais
com os conteúdos ou com a racionalidade predominante no formalismo
técnico objetivista ou, então, aqueles textos didáticos de natureza tecnicista
que privilegiam a técnica em detrimento das demais dimensões, tendo como
preocupação fundamental a eficiência e a eficácia dos processos educacionais
desenvolvidos.
Na contramão desses enfoques predominantemente divorciados do social
e do cultural, encontra-se a didática histórico-crítica, voltada para as questões
sociais, com ênfase na dimensão sociopolítica das práticas pedagógicas.
Segundo Oliveira (1992), essa perspectiva teórica busca superar o formalismo
1
Segundo Morin (1997, p. 45), a dialógica é “a unidade complexa entre duas lógicas,
entidades ou instâncias complementares, concorrentes ou antagônicas que se nutrem, se
completam, mas também se opõem e se combatem”.
Inter-Legere - Revista do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFRN.
Natal-RN, n.16, jan./jun. de 2015. p. 186-213 ISSN 1982-1662
Página 196
REVISTA INTER-LEGERE
DIDÁTICA TRANSDISCIPLINAR COMO EXPRESSÃO DE UMA FENOMENOLOGIA COMPLEXA
Maria Cândida Moraes
CONCLUINDO PROVISORIAMENTE
REFERÊNCIAS
CANDAU, Vera (Org.). Rumo a uma nova didática. Petrópolis: Vozes, 1993.
LIBÂNEO, José Carlos. Sistemas de ensino, escola, sala de aula: onde se produz
a qualidade da aprendizagem? In: LOPEZ, A.; MACEDO, E. (Org.). Políticas
de currículo em múltiplos contextos. São Paulo: Cortez, 2006.