Máquinas Elétricas

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MÁQUINAS ELÉTRICAS

AULA 5
Prof. Samuel Polato Ribas

CONVERSA INICIAL

Nesta aula, vamos estudar os geradores síncronos. Devemos estudar esse

tipo de máquina porque é utilizado em termelétricas e hidrelétricas – usinas

com a maior capacidade de geração de energia.

Na primeira parte de nossos estudos, estudaremos a parte construtiva da

máquina, as características do rotor e do estator da máquina, e especificamente

qual é a diferença entre as máquinas de usinas termelétricas e de hidrelétricas.

Na sequência, mostraremos dois tipos de análise matemática: a primeira delas –

análise linear – pelo método geral e pelo método da reatância síncrona; a

segunda – análise não linear –, pelos mesmos métodos.

O próximo ponto de estudo será a obtenção experimental de parâmetros

do circuito equivalente utilizando a curva de fator de potência nulo. Para

finalizar a aula, estudaremos a máquina de polos salientes, utilizada nas grandes

centrais hidrelétricas.

TEMA 1 – CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS

Os geradores síncronos utilizados em usinas de geração de energia

termelétricas e hidrelétricas têm basicamente duas partes que definem seu

funcionamento: rotor e estator. Nos geradores síncronos, o rotor recebe o

nome de campo, e o estator, armadura.


Os geradores síncronos são classificados de acordo com o tipo de rotor, e

cada tipo tem características específicas para determinado tipo de geração.

Usinas termelétricas utilizam o gerador síncrono de polos lisos, construído com

um eixo longo e com grande diâmetro em relação ao diâmetro total da

máquina. Esse tipo de máquina deve ser instalado horizontalmente, conforme a

Figura 1.

Figura 1 – Exemplo de gerador de polos lisos

Crédito: Elias Dahlke.

A Figura 2 mostra em detalhes o aspecto do gerador de polos lisos,

construídos com baixo número de polos (2 ou 4), para operar na velocidade

síncrona de 3.600 ou 1.800 rpm, respectivamente, acoplados ao eixo de turbinas

a gás.

Figura 2 – Exemplo de rotor de polos lisos


Crédito: Elias Dahlke.

As máquinas com rotor de polos salientes são usadas em hidrelétricas. O

rotor dessas máquinas tem saliências, e cada uma representa um polo da

máquina, conforme a Figura 3.

Figura 3 – Exemplo de rotor de polos salientes

Crédito: Elias Dahlke.

Na Figura 3, a altura de cada polo e o diâmetro do eixo são pequenos em

relação ao diâmetro do rotor. Além disso, o rotor e o estator da máquina se

posicionam verticalmente, ficando evidente que é uma máquina com elevado

número de polos e, portanto, uma baixa velocidade síncrona. Isso se deve ao

fato de a inércia da água que movimenta a turbina ser muito grande, o que leva

a uma atuação lenta do controlador de velocidade. Portanto, pequenas

variações na velocidade da máquina resultam em pequenas variações na

frequência da tensão gerada.

O estator das máquinas de rotores de polos lisos e de polos salientes é

igual, composto por um núcleo de material ferromagnético, e as bobinas estão

dispostas de forma a gerar, na saída, tensões defasadas de 120º entre si.

A Figura 4 apresenta o aspecto geral do estator de um gerador síncrono.

Figura 4 – Exemplo de estator de um gerador síncrono


Crédito: Samuel Polato Ribas.

As bobinas dos geradores síncronos de alta potência normalmente têm

poucas espiras, sendo construídas e depois encaixadas corretamente nas

ranhuras do estator. A Figura 5 mostra o exemplo de uma bobina, e a Figura 6,

o detalhe de uma bobina colocada no estator.

Figura 5 – Exemplo de bobina do estator de um gerador síncrono

Crédito: Samuel Polato Ribas.

Figura 6 – Detalhe da colocação da bobina no estator de um gerador

síncrono
Crédito: Samuel Polato Ribas.

Quando a potência do gerador é muito elevada, os condutores

convencionais podem ser usados; nessas situações, utilizamos barras

condutoras. Um exemplo de barras condutoras é mostrado na Figura 7.

Figura 7 – Exemplo de barras do estator de um gerador síncrono

Crédito: Samuel Polato Ribas.

De maneira geral, os geradores síncronos de polos lisos têm potência

inferior aos geradores síncronos de polos salientes. Para fins de comparação, a

Tabela 1 mostra a especificação das unidades geradoras da usina de Itaipu, que

opera com geradores de polos salientes.

Tabela 1 – Especificação das unidades geradoras da usina hidrelétrica de

Itaipu
Quantidade 20 unidades

Frequência – 60 Hz 10 unidades

Frequência – 50 Hz 10 unidades

Potência nominal – 50/60 Hz 823,6/737 MVA

Tensão nominal 18 kV

Número de polos – 50/60 Hz 66/78

Momento de inércia – GD2 320.000 t.m²

Fator de potência – 50/60 Hz 0,85/0,95

Peça mais pesada – rotor 1.760 t

Peso de cada unidade – 50/60 Hz 3.343/3.242 t

Fonte: Itaipu Nacional, 2010.

A Figura 8 mostra uma foto da placa de especificação do gerador da Usina

Elétrica a Gás de Araucária (UEG Araucária), subsidiária da Companhia

Paranaense de Eletricidade (Copel).

Figura 8 – Placa de identificação de uma unidade geradora da UEG Araucária


Crédito: Samuel Polato Ribas.

Comparando as especificações da Tabela 1 e da Figura 8, é clara a maior

potência do gerador de polos salientes e a velocidade de operação de cada um

deles, sendo a velocidade do gerador da UEG Araucária referente a uma

máquina de dois polos.

TEMA 2 – ANÁLISE LINEAR DO GERADOR SÍNCRONO

A análise linear do gerador síncrono, seu princípio de funcionamento e suas

características podem ser executadas pela análise do circuito equivalente e do

diagrama fasorial. Para a análise linear, é possível utilizar dois métodos:

o método geral de análise linear e o método de análise pela reatância

síncrona não saturada.

2.1 ANÁLISE LINEAR PELO MÉTODO GERAL

O método geral determina a corrente de campo necessária para obter uma

determinada tensão nos terminais do gerador.

Como o fluxo no entreferro depende da corrente de excitação (a corrente

do enrolamento de campo) e da corrente de armadura, é necessário conhecer a


curva de magnetização do gerador. Ela é obtida pelos ensaios de circuito aberto

e de curto-circuito, conforme descreveremos a seguir.

A Figura 9 mostra a disposição interna dos enrolamentos da armadura e do

campo em um gerador síncrono trifásico.

Figura 9 – Diagrama interno de uma máquina síncrona trifásica

Fonte: Ribas, 2020.

Os três enrolamentos da armadura se ligam em estrela, que é a ligação

usual utilizada em geradores síncronos. Também é possível notar a presença do

enrolamento de campo alimentado por uma fonte de corrente contínua. Essa

fonte é responsável pela criação do fluxo magnético do campo, que induzirá

tensão nas bobinas do estator. Isso acontecerá mediante a aplicação da força

motriz ao rotor do gerador, na velocidade síncrona nS. É possível notar também

a presença de um reostato de campo, cuja função é regular a corrente do

enrolamento de campo, ajustando a excitação da máquina e,

consequentemente, a amplitude da tensão induzida na armadura.


Voltando aos ensaios: o ensaio de circuito aberto é feito com a ligação do

gerador conforme a Figura 9. Nele, a força motriz faz o rotor da máquina girar

na velocidade síncrona, e então a corrente de campo varia por meio do

reostato. Para cada valor predeterminado da tensão de fase da armadura,

mede-se o valor da corrente de campo. Com as informações obtidas do ensaio,

é possível obter a curva (a) da Figura 10, chamada de curva de característica em

vazio ou curva de circuito aberto, sendo a parte linear chamada de reta

característica do entreferro ou reta de magnetização.

Figura 10 – Característica de circuito aberto (a), característica do entreferro (b) e

característica de curto-circuito (c), referentes a um gerador de polos lisos de

10.000 kVA, 13.800 V, 2 polos, 60 Hz

Fonte: Ribas, 2020.


Como estamos fazendo a análise linear, nosso estudo se concentrará na

reta de magnetização, mostrada na reta (b) da Figura 10.

Outra análise é feita em relação à característica de curto-circuito, em que os

terminais da armadura são curto-circuitados, e a força motriz faz o rotor girar na

velocidade síncrona. Para cada valor de corrente de campo obtido

anteriormente, no ensaio de circuito aberto medimos o valor da corrente de

armadura curto-circuitada, obtendo-se assim uma reta que relaciona a corrente

de linha da armadura em curto-circuito e a corrente de campo. Essa relação é

linear porque o fluxo no entreferro é muito pequeno, não saturando o núcleo

do estator, diferentemente do que ocorre no ensaio de circuito aberto, que

resulta na região não linear.

A Figura 10 apresenta as três características do gerador síncrono: a

curva (a) representa a característica de circuito aberto; a reta (b) representa a

reta de magnetização, ou característica do entreferro; e a reta (c) representa a

característica de curto-circuito.

Para fazer a análise linear pelo método geral na forma matemática,

devemos primeiramente considerar o circuito equivalente por fase da máquina

síncrona, conforme a Figura 11.

Figura 11 – Circuito equivalente da armadura de um gerador síncrono por fase

Fonte: Ribas, 2020.


Na análise da máquina síncrona, devemos considerar duas forças

magnetomotrizes (FMMs): uma delas é uma senoide, gerada pelo enrolamento

de campo, que será representada por FMMF; a outra é uma senoide gerada pelo

enrolamento de armadura, chamada de FMMA. A interação dessas duas FMMs

no entreferro da máquina resulta na FMM R – força magnetomotriz resultante –,

responsável pela tensão induzida na armadura, representada por .

A FMMR induz o fluxo magnético que, por sua vez, induz a tensão na

armadura ( ). A tensão nos terminais da armadura é a tensão induzida neles

menos a queda de tensão na resistência do enrolamento de armadura ( ) e na

reatância de dispersão da armadura ( ), ocasionada pela corrente de

armadura . Considerando que o gerador está alimentando uma carga com

característica indutiva, a corrente se atrasa em relação à tensão , em

graus – sendo este o ângulo da carga. Portanto, aplicando a lei de Kirchhoff das

malhas ao circuito da Figura 11, temos:

(1)

Ou ainda:

(2)

Para se adequar aos cálculos, a partir de agora as FMMs serão expressas

em ampères de campo equivalente. Essa representação é válida porque todas as

FMMs são equivalentes a um valor da corrente de campo. Como a FMM é dada

pelo produto da corrente que passa por determinado número de espiras, a

FMMF sofre influência direta da corrente de campo; e esta influencia também a

tensão induzida na armadura.


Se considerarmos a carga constante, à medida que a tensão induzida na

armadura aumenta, a corrente da armadura também aumenta, aumentando a

FMMA. Por consequência, a FMMR sofre alteração também, podendo-se afirmar

que todas as FMMs são um valor equivalente à corrente de campo, por isso

podem ser expressas em ampères de campo equivalente.

Sendo assim, usaremos a grandeza para representar a grandeza que

produz a tensão , também representada no diagrama fasorial do circuito

equivalente da Figura 11, mostrado na Figura 12, considerando a carga indutiva.

A grandeza – que pode ser escrita como – representa o

vetor da FMM resultante no entreferro, responsável pela indução de . Além

disso, o diagrama fasorial da Figura 12 apresenta o fasor que, por sua vez,

representa a FMM da armadura em ampère de campo equivalente e o vetor ,

cujo módulo é a própria corrente de campo.

Como mencionamos, a FMMR é o resultado da soma de FMMF com FMMA.

Figura 12 – Diagrama fasorial do gerador síncrono com carga indutiva

Fonte: Ribas, 2020.

Escrevendo a soma das FMMs em ampères de campo equivalente, temos,

conforme o diagrama fasorial da Figura 12:


(3)

Pelo mesmo diagrama e pela Equação 3, chegamos a:

(4)

Ainda em relação ao diagrama fasorial da Figura 12, é possível analisar o

fasor , que representa a tensão de excitação, a qual – estando 90º atrasada

em relação a – indica a tensão induzida na armadura se a carga for

desconectada subitamente dos terminais do gerador e se o valor da corrente de

campo for mantido e com velocidade constante.

Como exemplo de aplicação da análise linear pelo método geral, considere

o gerador síncrono da Figura 10 – de 10.000 kVA, 13.800 V, 60 Hz, 2 polos,

conectado em Y. A resistência do enrolamento de armadura é de 0,073 W/fase,

e a reatância de dispersão do enrolamento de armadura é de 1,92 W/fase. A

FMM de armadura é de 160 ampères de campo equivalente. Assim, determine a

corrente de campo que produz a tensão terminal nominal quando a corrente de

armadura nominal é entregue a uma carga equilibrada com fator de potência

de 0,85 atrasado.

O primeiro passo é determinar a tensão terminal nominal:

(5)

A corrente nominal da armadura é dada por:


(6)

Assim, a tensão induzida no enrolamento da armadura será:

(7)

Dessa forma, é possível determinar o valor de , referente ao entreferro,

com a ajuda dos dados da Figura 10. Para uma tensão de fase de 8.442 V, o

módulo de , encontrado na reta característica do entreferro, é de

aproximadamente 153 ampères de campo equivalente. Portanto:

(8)

Assim, a corrente de campo necessária para gerar a tensão nominal nos

terminais do gerador é dada por:

(9)

Portanto, a corrente de campo necessária é de 279,3 A.


Ainda analisando a Figura 10, o valor da tensão de excitação produzida por

essa corrente de campo – caso a corrente e a velocidade fossem constantes

após a desconexão da carga – seria de aproximadamente:

(10)

2.2 ANÁLISE LINEAR PELO MÉTODO DA REATÂNCIA


SÍNCRONA NÃO SATURADA

Em qualquer estudo do comportamento de máquinas síncronas, é preciso


considerar os efeitos da corrente que circula pelo enrolamento de armadura,

chamados de reação da armadura.

Uma análise diferente do método geral pode ser feita se tratarmos a reação

da armadura em termos de um fluxo adequado e de suas tensões induzidas.

Assim como no método geral, este não considera a saturação do núcleo,

podendo levar a resultados que não condigam com a realidade.

Considerando o conjunto de polos das FMMs girantes criado pelas

correntes de armadura que circulam pelo enrolamento trifásico, haverá a

produção de um fluxo magnético de reação da armadura, representado por .

Esse fluxo tem uma relação fixa com a FMM que o originou ( ), conforme a

Figura 13.

Figura 13 – Tensão induzida pelo fluxo de reação de armadura


Fonte: Ribas, 2020.

É comum substituir o fasor pelo produto da corrente de armadura e da

reatância de reação de armadura ( ) com um fator –j, pelo fato de estar

atrasada 90º em relação a . Portanto, por definição:

(11)

Com o diagrama fasorial da Figura 13, podemos obter o diagrama fasorial

completo, conforme a Figura 14. A principal diferença em relação ao diagrama

fasorial obtido pela análise linear é que, aqui, representamos o fluxo de reação

da armadura e a tensão induzida por ele, além das quedas de tensão na

resistência e na reatância de dispersão do enrolamento de armadura e da

tensão terminal e induzida na armadura. No entanto, em vez de analisarmos o

diagrama do ponto de vista das FMMs, a análise permanece nas tensões.

Figura 14 – Diagrama fasorial do gerador síncrono com carga indutiva

considerando a tensão induzida pelo fluxo

Fonte: Ribas, 2020.

Como estamos trabalhando com tensões, a tensão terminal do gerador e as

quedas de tensão na resistência e na reatância de dispersão do enrolamento de


armadura devem ser somadas à tensão induzida pelo fluxo de reação da

armadura, resultando na tensão de excitação . Note que os fasores

e estão em fase. A soma algébrica de e resulta na reatância total,

chamada de reatância síncrona, representada por e definida como:

(12)

Analisando o diagrama fasorial da Figura 14, também é possível afirmar:

(13)

Ou ainda:

(14)

Esse método de análise é chamado de método da reatância síncrona. Vale

ressaltar que a reatância síncrona é uma grandeza que não existe fisicamente;

trata-se de uma grandeza fictícia que substitui o efeito do fluxo de dispersão do

enrolamento da armadura e de sua FMM girante.

A Equação 13, junto com o conceito de reatância síncrona, leva ao circuito

equivalente da Figura 15.

Figura 15 – Circuito equivalente do gerador síncrono do ponto de vista da

reatância síncrona
Fonte: Ribas, 2020.

A reatância síncrona pode ser determinada se conhecermos os dados de

projeto da máquina que possibilitem calcular o número de espiras efetivas do

estator. Caso isso não seja possível, a reatância síncrona pode ser determinada

se conhecermos as características do entreferro e de curto-circuito.

Para compreender como isso é possível, vamos estudar o diagrama fasorial

do gerador com a armadura em curto-circuito, com a corrente de campo

ajustada de modo que circule corrente nominal pelo enrolamento da armadura,

conforme a Figura 16.

Figura 16 – Diagrama fasorial do gerador síncrono com a armadura curto-

circuitada

Fonte: Ribas, 2020.


Como o enrolamento está curto-circuitado, a tensão é zero, porém, as

FMMs existem, pois existe corrente no enrolamento de campo, e corrente

circulando pelo enrolamento de armadura. Vamos utilizar o subíndice SC para

indicar grandezas na situação do gerador em curto-circuito.

Como o fator de potência em curto-circuito é praticamente nulo, a corrente

de armadura fica atrasada de 90º em relação à referência. Note que a tensão

induzida na armadura ( ) é dada pela soma das quedas de tensão na

resistência e na reatância de dispersão da armadura. A tensão de excitação (

) em curto-circuito é praticamente igual à queda de tensão na reatância

síncrona, ou seja:

(15)

Sabendo que, pela Equação 12, a soma da reatância de dispersão do

enrolamento de armadura com a reatância da reação da armadura é igual à

reatância síncrona, é possível escrever:

(16)

Esse valor de reatância síncrona não considera a saturação do núcleo da

máquina, pois estamos trabalhando com a reta característica do entreferro. Essa

reatância recebe o nome de reatância síncrona não saturada.

Considerando o exemplo da análise linear pelo método geral visto

anteriormente, vamos agora determinar a corrente de campo e a tensão de

excitação pelo método da reatância síncrona não saturada. Analisando a reta


característica de curto-circuito na Figura 10, percebemos que, para uma

corrente de armadura nominal de 418,37 A, é necessária uma corrente de

campo de aproximadamente 170 A. Para o mesmo valor de corrente de campo,

a tensão de excitação na reta característica do entreferro é de aproximadamente

9.200 V.

Portanto, a reatância síncrona não saturada será:

(17)

Sendo assim, utilizando a Equação 14, temos:

(18)

Esse valor de corresponde, pela reta característica do entreferro, a uma

corrente de campo de aproximadamente 280 A.

Em resumo, a análise linear, seja ela pelo método geral ou pela reatância

síncrona, resulta em valores que não condizem com a realidade no que diz

respeito à tensão de excitação e a valores de corrente de campo. No entanto,

isso não significa que a análise não seja válida; pelo contrário – desde que o

gerador opere na região linear, em que os efeitos da saturação ainda não são

percebidos pela máquina.


TEMA 3 – ANÁLISE NÃO LINEAR DO GERADOR
SÍNCRONO

A análise não linear do gerador síncrono diferencia-se da análise linear

porque, aqui, consideramos a característica dos materiais do ferro e do cobre da

máquina, em especial a permeabilidade magnética do ferro (núcleo). A análise

linear considera a reta característica do entreferro, a curva de circuito aberto e a

permeabilidade magnética – esta é a capacidade de um material permitir a

passagem do fluxo magnético.

Essa característica nos leva ao conceito de saturação. Dizemos que, quando

a densidade de fluxo magnético atinge seu valor máximo, o aumento da

corrente de campo, com o objetivo de elevar a densidade de fluxo, não surte

mais o efeito esperado, pois o material que conduz o fluxo magnético – nesse

caso o núcleo da armadura – atingiu sua capacidade máxima.

Por isso, ao analisarmos a curva característica de circuito aberto, a partir de

certo ponto, mesmo aumentando a corrente de campo, a tensão induzida na

armadura não aumenta, devido ao efeito da saturação do núcleo.

3.1 ANÁLISE LINEAR PELO MÉTODO GERAL

Para evidenciar a diferença entre a análise linear e a não linear,

determinaremos novamente a corrente de campo necessária para produzir a

tensão terminal quando a corrente nominal circula pela armadura para uma

carga equilibrada com fator de potência em atraso. Os dados do gerador e da

carga são os mesmos dos exemplos anteriores.

O diagrama fasorial da Figura 12 continua válido e, portanto, a tensão

induzida no enrolamento da armadura será:


(19)

Analisando a curva característica de circuito aberto da Figura 10, nota-se

que o valor da FMM para induzir a tensão de fase da armadura de 8.442 V é de

aproximadamente 218 ampères de campo equivalente. Ou seja:

(20)

Se compararmos esse valor com aquele obtido pela análise linear – 153

ampères de campo equivalente –, conforme a Equação 8, confirmamos a

hipótese de que o nível de saturação está muito elevado em relação ao valor

real.

A FMM da armadura expressa em ampères de campo equivalente é a

mesma, independente do tipo de análise feita. Portanto, o valor de é calculado

assim:

(21)

Para o valor de 338 A de corrente de campo, a tensão de excitação pode

ser determinada pela curva característica de circuito aberto, chegando a um

valor de aproximadamente 9.600 V, ou seja:


(22)

Novamente é clara a diferença de valor em relação à análise linear, que foi

de 15.360 V. Conhecendo esses valores (de 15.360 V e 9.600 V), é evidente que

a análise linear é válida enquanto a reta característica do entreferro é

sobreposta à curva característica de circuito aberto. A partir do ponto em que

elas divergem, a análise não linear deve ser utilizada.

3.2 ANÁLISE LINEAR PELO MÉTODO DA REATÂNCIA


SÍNCRONA SATURADA

Mostramos anteriormente que a análise linear pelo método da reatância

síncrona não saturada pode levar a valores e soluções que não condizem com a

realidade. Por isso o método da reatância síncrona saturada faz a mesma

análise, mas considera os efeitos da saturação do núcleo.

A análise não linear pela reatância síncrona saturada considera a FMM

necessária para produzir a tensão nominal nos terminais do gerador a vazio.

Para essa análise, é necessário conhecer a curva característica de circuito aberto

do gerador e a reta característica de curto-circuito. Para entender como é feita a

análise, considere a Figura 17.

Figura 17 – Dados para determinar reatância síncrona saturada e relação de

curto-circuito
Fonte: Ribas, 2020.

Verifica-se a corrente de campo necessária para gerar a tensão terminal

nominal com o gerador a vazio. No caso da Figura 17, a corrente de campo

necessária é indicada pela letra a, e a tensão terminal gerada, por . Após esse

procedimento, curto-circuitamos os terminais da armadura e verificamos qual é

a corrente que circula pela armadura para a mesma corrente de campo. A

corrente de curto-circuito resultante é indicada na Figura 17 por , que deve

ser ligeiramente inferior à corrente nominal de armadura. Com esses dados, por

definição, a reatância síncrona saturada é dada assim:

(23)

Além disso, o valor de fornece um dado bastante utilizado na prática,

chamado de relação de curto-circuito, representada por . Por definição, ela é

dada pela relação entre a corrente fornecida pela armadura ( e a corrente (

. Analisando a Figura 17, a pode ser expressa por:


(24)

Tomando como exemplo o gerador e a situação de funcionamento

considerada desde a análise linear pelo método geral, a corrente de campo

necessária para induzir a tensão nominal nos terminais da armadura sem carga

é de 188 A. Para essa mesma corrente de campo, o valor da corrente de

armadura na situação de curto-circuito é de aproximadamente 462 A.

Assim, utilizando a Equação 23, a reatância síncrona é:

(25)

Também é possível determinar a para essa situação. Sabemos que o

gerador opera com carga nominal e, portanto, fornece corrente nominal. Assim,

a será:

(26)

Utilizando a Equação 14, temos:

(27)
Percebe-se uma diferença entre o resultado desse método e o resultado do

método da reatância síncrona não saturada na Equação 18: o método pela

reatância síncrona saturada apresenta valores mais próximos de valores reais.

TEMA 4 – DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DOS


PARÂMETROS DO GERADOR SÍNCRONO

Conhecer os parâmetros do gerador é indispensável à análise não linear do

gerador síncrono. Se dados de projeto forem conhecidos, podemos determinar

tais parâmetros sem muita dificuldade. Entretanto, quando isso não é possível,

os parâmetros do gerador podem ser determinados experimentalmente.

Para isso, é necessário conectar uma carga com fator de potência nulo aos

terminais do gerador. Em um primeiro momento, parece complexo obter uma

carga com fator de potência zero, mas isso consiste em bobinas que possam ser

consideradas puramente indutivas, conectadas aos terminais do gerador,

conforme a Figura 18.

Figura 18 – Gerador síncrono com carga e fator de potência nulo

Fonte: Ribas, 2020.


Conhecer a curva característica do gerador com fator de potência nulo é

fundamental para levantar dois parâmetros da máquina: a reatância de

dispersão do enrolamento de armadura ( ) e a FMM de reação da

armadura ( ) em ampères de campo equivalente. Para que isso seja possível,

devemos conhecer as curvas características de circuito aberto e de fator de

potência zero.

A obtenção experimental de e de pode ocorrer se considerarmos o

caso linear e o não linear. Como na prática costumamos considerar o caso não

linear, é este que estudaremos aqui, omitindo o caso linear. A característica de

fator de potência zero é mostrada na Figura 19.

Figura 19 – Curva característica de fator de potência zero para determinar a

reatância de dispersão ( ) e a FMM de reação da armadura ( )

Fonte: Ribas, 2020.


Primeiramente devemos conhecer a curva característica de circuito aberto.

Note que a corrente de campo é necessária para o gerador atingir a

corrente nominal de armadura com reatância nula. Perceba também que a

corrente de campo é necessária para superar a queda de tensão na

reatância de dispersão.

Assim, é possível construir o triângulo Oac, e agora é necessário reproduzir

o triângulo para o valor nominal de . Portanto, devemos conectar a carga com

fator de potência zero aos terminais do gerador e elevar a corrente de campo

até o valor de , que é a corrente de campo necessária para o gerador

atingir com carga nominal com fator de potência nulo. O segmento de

reta Oc pode ser reproduzido em O’c’.

Por fim, o ponto a’ é obtido se traçarmos uma reta paralela à característica

do entreferro, passando pelo ponto O’, e assim formamos o triângulo O’a’c’. O

trecho obtido (a’b’) representa a queda de tensão na reatância de dispersão da

armadura em condições nominais de funcionamento. Portanto, pode ser

determinada por:

(28)

A FMM de reação da armadura pode ser determinada se conhecermos o

segmento b’c’, ou seja:

(29)
Com um ensaio mais simples, sem conhecer as curvas do gerador, é

possível determinar a resistência do enrolamento de armadura ( ). Para isso,

devemos elaborar a montagem da Figura 20.

Figura 20 – Circuito para determinar a resistência de armadura

Fonte: Ribas, 2020.

Como a fonte CC é contínua, o efeito da reatância de dispersão do

enrolamento não influencia o circuito, pois a frequência é zero. Assim, o circuito

resultante da montagem da Figura 20 é mostrado na Figura 21.

Figura 21 – Circuito equivalente para determinar a resistência de armadura

Fonte: Ribas, 2020.

Com o circuito da Figura 21 concluímos que o valor da resistência de

armadura por fase é igual a:


(30)

TEMA 5 – MÁQUINAS DE POLOS SALIENTES

Diferentemente da máquina síncrona de polos lisos estudada até agora,

que tem o entreferro uniforme, as máquinas de polos salientes apresentam

protuberâncias que tornam o entreferro acentuadamente não uniforme. Essas

protuberâncias fazem com que o fluxo magnético tenha que atravessar dois

entreferros de relutâncias distintas.

Uma dessas relutâncias é baixa, chamada de percurso de baixa relutância,

percorrido por um fluxo magnético , chamado de fluxo magnético de eixo

direto. Já o caminho de maior relutância é percorrido por um fluxo

magnético , chamado de fluxo magnético de eixo em quadratura. Em modo

de operação normal, a FMM de armadura se distribui com seu valor de pico

localizado em algum ponto entre o eixo direto e o de quadratura, produzindo

um efeito sobre os dois eixos, mas de forma distinta, pois o entreferro é

diferente devido à considerável diferença entre as relutâncias.

Consequentemente, a análise feita para máquinas de polos lisos não é

válida, devido à relutância uniforme do entreferro. Portanto, uma nova teoria

que envolva o eixo direto e o de quadratura deve ser desenvolvida. Para que

essa teoria seja entendida, a Figura 22 mostra o aspecto de uma máquina de

polos salientes, como o caminho percorrido pelos fluxos magnéticos e .

Figura 22 – Aspecto interno de uma máquina de polos salientes


Fonte: Ribas, 2020.

Observando a Figura 22, o entreferro que o fluxo deve percorrer é muito

maior que o entreferro do fluxo , portanto a relutância é maior.

Faremos duas análises para a máquina de polos salientes. A primeira é o

método das duas reatâncias – análogo ao método da reatância síncrona para a

máquina de polos lisos – e o método geral.

5.1 MÉTODO DAS DUAS REATÂNCIAS PARA MÁQUINAS DE


POLOS SALIENTES

Considere inicialmente a planificação da Figura 22. Nela, devemos localizar

a posição da FMM de armadura em relação à distribuição da excitação no

campo do rotor. Comece chamando de o ângulo entre a tensão de excitação

e a corrente de armadura. De acordo com o sentido de rotação e com o sentido

do fluxo magnético da Figura 22, a força eletromotriz (induzida nos condutores

que sofrem influência do polo sul) é dirigida para dentro do plano do papel e,

consequentemente, os que sofrem influência do polo norte vão para fora do

plano do papel.
A bobina ef–ef’ representa a distribuição da corrente no mesmo

enrolamento, porém atrasada em relação à força eletromotriz, considerando o

gerador com carga indutiva. A planificação da estrutura da máquina de polos

salientes (Figura 23) mostra a FMM de armadura em função da FMM de campo

equivalente, ou Na Figura 23 observamos que a FMM da armadura é a

soma das FMMs de campo equivalente do eixo direto ( e do eixo de

quadratura ( ).

Figura 23 – Planificação do corte transversal de uma máquina de polos salientes

Fonte: Ribas, 2020.

Independentemente do valor de especificado, a FMM de armadura será

composta pela FMM do eixo direto e pela FMM do eixo de quadratura. Uma

análise da Figura 23 mostra que a FMM do eixo direto pode ser dada por:

(31)

Sendo expressa em ampères de campo equivalente. Do mesmo modo, a

FMM do eixo de quadratura pode ser dada por:


(32)

De acordo com as Equações 31e 32, a FMM de armadura é composta de

dois componentes. Portanto, é correto afirmar que a corrente de armadura que

origina a FMM de armadura também será formada por duas componentes, uma

de eixo direto e outra de eixo em quadratura, dadas por:

(33)

E:

(34)

Assim, se considerarmos que os valores de , e são conhecidos, assim

como as FMMs e , é possível representá-las no diagrama fasorial,

conforme a Figura 24. Por uma análise do diagrama fasorial da Figura 24, o eixo

direto é o mesmo eixo de atuação da FMM de campo . Dessa forma, o eixo de

quadratura pode ser o mesmo eixo da representação de .

Figura 24 – Composição da corrente de armadura e da FMM de armadura


Fonte: Ribas, 2020.

Seguindo o mesmo raciocínio adotado para representar a FMM por uma

queda de tensão na reatância, como na máquina de polos lisos, é possível

representar as FMMs de eixo direto ( ) e de eixo de quadratura ( ) por

quedas de tensão dadas por e , sendo a reatância de reação da

armadura de eixo direto, e a reatância de reação da armadura de eixo de

quadratura. A letra j indica que as quedas de tensão nas reatâncias estão

adiantadas em 90º em relação às respectivas correntes que ocasionam tais

quedas.

Com essas considerações, o diagrama fasorial da máquina de polos

salientes, do ponto de vista das reatâncias, fica conforme a Figura 25.

Figura 25 – Diagrama fasorial da máquina síncrona de polos salientes do ponto

de vista das reatâncias de eixo direto e de quadratura

Fonte: Ribas, 2020.

O diagrama fasorial da Figura 25 não pode ser expresso em função de

apenas uma reatância, devido à diferença de relutância entre os eixos. Pelo

mesmo motivo, o valor de é inferior ao de , visto que a força

eletromotriz induzida para FMM é sempre menor no eixo de quadratura. O


mesmo diagrama considera conhecidos os valores da tensão terminal do

gerador ( ) da corrente de armadura ( ), do ângulo da carga ( ), da reatância

de dispersão ( ) e das reatâncias de reação de eixo direto e de quadratura (

e , respectivamente).

A partir do final do fasor , que representa a tensão induzida no

enrolamento de armadura, traçamos o fasor adiantado de 90º em relação

a , terminando no ponto d, a partir do qual traçamos o fasor adiantado

de 90º em relação à corrente de eixo direto ( ), terminando no ponto f. A

tensão de excitação ( ) se posiciona ao longo da linha , e o módulo de é

dado pela soma dos fasores , , , e , resultando no

segmento que, numa escala correta de tensão, resulta no módulo de .

Sem conhecer dados de projeto da máquina, as reatâncias e ficam

indisponíveis e, diferentemente das reatâncias de dispersão e de reação da

armadura, não podem ser determinadas por ensaios de circuito aberto.

Portanto, precisamos de uma análise mais detalhada do diagrama fasorial da

Figura 25. Note que , portanto é correto escrever que:

(35)

Além disso, também é correto escrever que:

(36)

Portanto, podemos definir que:


(37)

Sendo a reatância síncrona do eixo de quadratura.

Fazendo uma análise similar, podemos escrever:

(38)

E:

(39)

Por fim:

(40)

Sendo a reatância síncrona de eixo direto.

Conhecendo os valores de e , podemos determinar a tensão e o

valor da corrente de campo – a esse método de análise damos o nome

de método das duas reatâncias. O diagrama fasorial da Figura 26 é expresso

exclusivamente nos termos das duas reatâncias.

Figura 26 – Diagrama fasorial da máquina síncrona de polos salientes em

termos das reatâncias síncronas de eixo direto e de quadratura


Fonte: Ribas, 2020.

Com base na análise matemática do diagrama fasorial da Figura 26, o

cálculo de pode se resumir nos passos a seguir.

Passo 1: determine a direção de pelo ângulo , fazendo:

(41)

Passo 2: calcule o módulo e a direção das correntes de eixo direto e de

quadratura:

(42)

Sendo:

(43)
Passo 3: determine o valor de pela equação:

(44)

Note que a Equação 44 satisfaz o diagrama fasorial da Figura 26.

5.2 MÉTODO GERAL PARA MÁQUINAS DE POLOS SALIENTES

A análise pelo método geral para máquinas de polos salientes considera o

diagrama fasorial da Figura 25. Com ele o procedimento segue os seguintes

passos:

Passo 1: calcule o ângulo utilizando a Equação 41.

Passo 2: calcule a tensão induzida pelo fluxo magnético no eixo direto,

chamada de . Essa tensão se refere ao segmento no diagrama fasorial da

Figura 25, sendo calculado por:

(45)

Em alguns casos, a resistência de armadura é desprezada, e a Equação 45

fica assim:

(46)

Passo 3: de posse do valor de , determine o valor da FMM resultante em

ampère de campo equivalente ( ) na curva característica de circuito aberto.


Passo 4: calcule a FMM de eixo direto da armadura ( ):

(47)

Passo 5: considerando atrasado, ou seja, o gerador alimentando uma

carga indutiva, a corrente de campo é calculada por:

(48)

De forma alternativa às Equações 45 e 46, a tensão induzida pode ser

calculada por:

(49)

Ou:

(50)

Se a resistência de armadura for desprezada, temos:

(51)

Ou:
(52)

FINALIZANDO

Nesta aula, apresentamos os geradores síncronos de polos lisos e polos

salientes, além de suas características construtivas, seu princípio de

funcionamento e suas formas de análise – linear e não linear –, ambas pelo

método geral e pelo método da reatância síncrona.

Também apresentamos seu circuito equivalente e os ensaios para


determinar a curva característica a vazio (de fator de potência nulo) e as retas

do entreferro e de circuito aberto.

REFERÊNCIAS

CHAPMAN, S. J. Fundamentos de máquinas elétricas. 5. ed. Porto Alegre:

AMGH, 2013.

ITAUPU NACIONAL. Unidades geradoras. 2010. Disponível em:

<https://www.itaipu.gov.br/energia/unidades-geradoras>. Acesso em: 18 out.

2020.

MOHAN, N. Máquinas elétricas e acionamentos: curso introdutório. Rio

de Janeiro: LTC, 2015.

UMANS, S. D. Máquinas elétricas de Fitzgerald e Kingsley. 7. ed. Porto

Alegre: AMGH, 2014.

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