Processo Penal
Processo Penal
Processo Penal
Processo Penal
Renato Brasileiro 56
Inquérito policial
Conceito:
É um procedimento administrativo inquisitório e preparatório, consistente em um conjunto de
diligências realizadas pela polícia investigativa para apuração da infração penal e sua autoria a fim
de fornecer elementos de informação para que o titular da ação penal possa ingressar em juízo.
Natureza Jurídica:
Procedimento Administrativo. Eventuais vícios constantes do Inquérito Policial não afetam a ação
penal a que der origem.
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Art. 399 §2° do CPP – O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença.
Art. 155 CPP – O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova
produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão
exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as
provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
É a polícia que auxilia o poder judiciário, no É a polícia quando atua na apuração de infrações
cumprimento de mandados de prisão ou de penais e de sua autoria.
busca e apreensão. É a mesma polícia, com A CF faz a distinção.
funções diferenças. O CPP não faz distinção, Art. 144, §1° CF.
mas a CF faz. I – A Polícia federal tem atribuições de polícia
Art. 144, §1° CF. investigativa.
IV – Exercer, com exclusividade, as funções de
polícia judiciária.
Se o crime for de competência da Justiça Militar da União, a investigação é feita pelas Forças
Armadas. Instaura-se um Inquérito Policial Militar.
Se o crime for de competência da Justiça Militar Estadual, a investigação será feita pela Polícia
Militar ou pelo Corpo de Bombeiros, por meio de um Inquérito Policial Militar.
Se o crime for de competência da Justiça Federal, a investigação será feita pela Polícia Federal.
Se o crime é de competência da Justiça Eleitoral, será investigado pela Polícia Federal.
Se o crime é de competência da Justiça Estadual, a investigação é feita pela Polícia Civil, mas a
Polícia Federal também investiga crimes de competência da justiça estadual, previstos na Lei
10.446/02. (Repercussão interestadual ou internacional).
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1)Trata-se de uma peça escrita, mas alguns doutrinadores aceitam a gravação do mesmo.
2) É uma peça dispensável. Se o titular da Ação Penal contar com peças de informação com
elementos da prova do crime e da autoria, poderá dispensar o inquérito policial.
Ex: CPI, Investigações pelo MP.
Art. 27 e 39 §5° do CPP.
3) Em regra, é uma peça sigilosa, para que possa surtir os efeitos necessários, entretanto, não é o
que ocorre na prática, tendo em vista a grande atuação da mídia e exposição das investigações. Art.
20 CPP. Esse sigilo não se opõe ao juiz, ao Ministério Público e ao advogado.
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Art. 5°, LXIII CF– o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado.
Lei 8.906/94 – Art. 7°, XIV – examinar em qualquer repartição policial, mesmo sem
procuração, autos de flagrante e de inquérito, findos ou em andamento, ainda que
conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos.
O advogado tem acesso aos autos do inquérito policial, porém limitado às informações já
introduzidas nos autos, e não em relação às diligências em andamento.
Negativa do delegado.
Se o delegado negar acesso aos autos, o advogado poderá apresentar reclamação (art. 102, I, “l”),
prevista na CF, tendo em vista o descumprimento da súmula vinculante e/ou a impetração de
Mandado de Segurança, em nome do advogado, o qual tem o direito líquido e certo ao acesso aos
autos. O Habeas Corpus pode ser usado? A negativa de acesso ao inquérito relaciona-se ao direito
de locomoção, caso o crime seja punido com pena privativa de liberdade. Para o STF, sempre que
houver risco potencial à liberdade de locomoção, ainda que de modo potencial, será cabível o
Habeas Corpus (impetrado em nome do cliente).
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O delegado não pode arquivar o inquérito. Somente o juiz, mediante pedido do legitimado
(Ministério Público), pode arquivar o inquérito policial.
Art. 17 CPP. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
Art. 10 §3° CPP - Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto,
a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores
diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.
O STJ tem um julgado pioneiro relativo a inquérito policial de investigado solto que tramitava há 07
anos, no qual, em razão da garantia da razoável duração do processo, determinou o trancamento
(fim) do inquérito policial.
Se o investigado estiver preso, o prazo de 10 dias para a conclusão do inquérito não pode ser
prorrogado (se está preso, já existem motivos suficientes para o oferecimento da denúncia).
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Requisição do juiz ou do Ministério Público : Para a doutrina, a requisição do juiz não deve
ser considerada válida, para que se preserve a imparcialidade, em razão do provável pré-
julgamento por parte do magistrado, devendo a requisição ser feita pelo MP. O delegado é
obrigado a atender a requisição? Para uma corrente, o delegado estaria obrigado a atender
essa requisição (respostas em provas de magistratura e MP), já que a requisição é sinônimo
de ordem. Por outro lado, em provas de delegado, requisição não é sinônimo de ordem, já
que, em razão da inexistência de hierarquia entre o delegado e o promotor, o delegado não
instaura o inquérito policial por ter recebido uma ordem e sim por força da obrigatoriedade
da ação penal pública;
Auto de Prisão em Flagrante delito: No Código de Processo Penal Militar (art. 27), se o auto
de prisão em flagrante for suficiente, não é necessária a instauração de inquérito policial;
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Depende de quem instaurou o inquérito policial, se foi instaurado de ofício, a autoridade coatora
é o delegado e o HC deverá ser encaminhado ao juiz de primeira instância (aplicável aos casos de
requerimento da vítima, auto de prisão em flagrante e notícia oferecida por qualquer do povo).
Entretanto, quando o inquérito for instaurado por requisição do Ministério Público, a
autoridade coatora será o promotor de justiça ou procurador da república, logo, o HC deverá
ser julgado pelo Tribunal onde o promotor é julgado, ou seja, promotor de SP – TJSP.
Notitia Criminis:
Classificação:
Identificação Criminal:
Envolve dois procedimentos, a identificação datiloscópica e a identificação fotográfica.
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Antes da CF/88, a identificação criminal era a regra, mesmo que você se identificasse civilmente.
Indiciamento:
Indiciar é atribuir a alguém a autoria de determinada infração penal. Devem existir ao menos
indícios de autoria e prova da materialidade (prova de menor valor persuasivo).
Indiciamento Direto:
Ocorre quando o indiciado está presente.
Indiciamento Indireto:
Ocorre quando o indiciado está ausente.
Para a maioria da doutrina, esse artigo não foi recepcionado pela CF, pois esta veda a
incomunicabilidade no Estado de Defesa e no Estado de Sítio, logo, veda também a
incomunicabilidade em qualquer tempo.
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Em relação ao investigado solto, trata-se de prazo processual penal (não conta o dia do início).
Em relação ao investigado preso, existem duas correntes: uma entende que é prazo processual penal
e outra entende que é prazo penal.
Concluído o inquérito policial, os autos devem ser encaminhados ao Poder Judiciário, segundo o
CPP. O juiz dará vista ao Ministério Público.
Art. 10, §1°. A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e
enviara os autos ao juiz competente.
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Resolução 63 do Conselho da Justiça Federal: deve ocorrer uma tramitação direta dos inquéritos
policiais entre a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, salvo quando houver pedido de
medida cautelar.
Art. 1°.
Conflito de Competência:
É aquele estabelecido entre duas ou mais autoridades jurisdicionais. Pode ser positivo (quando as
autoridades consideram-se competentes) ou negativo (quando as autoridades consideram-se
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incompetentes). Art. 114 CPP. Em regra, será decidido pelo tribunal hierarquicamente superior às
autoridades envolvidas. Na maioria das vezes será decidido pelo STJ, mas se existir algum tribunal
superior envolvido (STM, STJ, TST, TSE), será decidido pelo STF.
Conflito de Atribuições:
Conflito que se dá entre autoridades administrativas. Normalmente, é um conflito entre órgãos do
Ministério Público.
Se o conflito se dá entre promotores de justiça do mesmo Estado, será decidido pelo Procurador-
Geral de Justiça.
Se o conflito se dá entre promotores de justiça de Estados diversos, será decidido pelo STF (art.
102, I, “f” CF).
Se o conflito se der entre um promotor estadual e um procurador da república, também será
decidido pelo STF (conflito entre união e estado, art. 102, I, “f”).
STF – ACO 88 – PET 3.528 – PET 3.631.
Se o conflito se der entre dois procuradores da república, será decidido pela Câmara de
Coordenação e Revisão do MPF, com recurso para o PGR.
Se o conflito se der entre MPDF x MPF/DF, será decidido pelo Procurador Geral da República, já
que ambos estão no mesmo ramo (União).
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Coisa julgada:
Decisão imutável.
Formal: imutabilidade da decisão no processo em que foi proferida.
Material: pressupõe a coisa julgada formal, torna a decisão imutável fora do processo em
que foi proferida.
O arquivamento (decisão judicial) fará coisa julgada formal ou material, a depender do motivo do
arquivamento.
Quando for por falta de elementos, só faz coisa julgada formal. Se o arquivamento ocorrer por causa
de atipicidade, analisa-se o mérito, então faz coisa julgada formal e material (STF/HC 84.156). O
arquivamento com base em excludentes da ilicitude/culpabilidade – a doutrina sempre disse que
esse arquivamento faria coisa julgada formal e material, mas deve-se atentar para o HC 95.211/ES
(arquivamento com base em excludente da ilicitude só faz coisa julgada formal) e HC 87.395 do
STF. O arquivamento com base numa causa extintiva da punibilidade faz coisa julgada formal e
material.
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Procedimento do arquivamento:
Justiça Estadual: o promotor encaminha ao juiz a promoção de arquivamento. Se o juiz
concorda com o pedido, o inquérito será arquivado. Se o juiz não concorda com o pedido,
não pode requisitar diligências, então deve remeter os autos ao Procurador-Geral de Justiça.
Princípio da devolução ocorre quando o juiz devolve a apreciação do caso ao chefe do MP,
exercendo uma função anômala de fiscal do princípio da obrigatoriedade. O procurador-
geral pode: a) oferecer denúncia; b) requisitar diligências; c) designar outro órgão do MP
para oferecer denúncia (não pode ser o órgão que requereu o arquivamento por causa de sua
independência funcional). Já o novo órgão atua como longa manus, em delegação, razão
pela qual deve oferecer a denúncia. O problema é resolvido pelo promotor do 28, que atua
ao lado do procurador-geral; d) insistir no pedido de arquivamento, quando o juiz estará
obrigado a fazê-lo.
Justiça Eleitoral: O promotor faz o pedido de arquivamento ao juiz estadual, que deve
remeter os autos para o procurador regional eleitoral, um procurador regional da república,
que atua perante o TRE.
Arquivamento indireto:
Ocorre quando o promotor se recusa a oferecer denúncia por considerar o juiz incompetente. Porém,
o magistrado se dá por competente. Deve ser aplicado, por analogia, o art. 28 do CPP.
Se o órgão do MP requer a declinação de competência, mas o juiz não concorda, estaria ocorrendo
um pedido de arquivamento indireto, sendo possível a aplicação por analogia do art. 28 do CPP.
Arquivamento implícito:
Ocorre quando o MP deixa de incluir na denúncia algum co-réu ou algum outro fato delituoso, não
se manifestando quanto ao arquivamento. Esse arquivamento implícito não é admitido pelos
Tribunais, devendo o juiz devolver os autos ao MP para que se manifeste sobre o co-réu, sob pena
de aplicação do art. 28.
02/02/2010
Recorribilidade no arquivamento:
Em regra não cabe recurso contra o arquivamento do inquérito policial, nem tampouco ação penal
privada subsidiária da pública.
Exceções:
Crimes contra a economia popular (Lei 1.521/51, art. 7°): cabe recurso de ofício.
Contravenções de jogo do bicho e corrida de cavalos (Lei 1.508/51, art. 6°, parágrafo
único);
Se o juiz arquiva o inquérito policial de ofício, sem a iniciativa do MP, cabe correição
parcial.
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Conclusão do PIC:
1) Oferecimento de denúncia;
2) Declinação das atribuições para outro órgão ministerial;
3) Requerimento de arquivamento do PIC, que pode ser apresentado ao juízo competente ou ao
órgão superior do próprio MP.
O STF, apesar da posição contrária do min. Marco Aurélio, tem prevalecido a tese de que o MP
pode investigar (HC 84.548, RE 464.893, HC 89.837).
Exercido pelos promotores com atribuição Exercido pelo órgão do MP com atribuições
criminal. específicas para tanto.
Toda essa forma de controle externo (difuso e concentrado) está prevista na Resolução 20 do
CNMP.
Contra essa resolução, foi ajuizada a ADI 4.220 no STF, a qual não foi conhecida por se tratar a
resolução de ato regulamentar.
Ação Penal
Condições genéricas da ação penal: estarão presentes em toda e qualquer ação penal.
Posição conservadora/tradicional (Ada Pellegrini – Teoria Geral do Processo):
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1. Possibilidade jurídica do pedido: o pedido deve se referir a uma providência admitida pelo
direito objetivo. Essa apreciação deve ser feita sobre a causa de pedir, abstratamente
considerada, desvinculada de qualquer análise probatória (no processo penal o acusado
defende-se dos fatos que lhe são imputados, podendo o juiz corrigir eventual classificação
equivocada pelo MP). Caso seja oferecida denúncia por uma conduta atípica, deverá ocorrer
verdadeiro julgamento antecipado do mérito, com a formação de coisa julgada formal e
material. Art. 397, §3° do CPP (Absolvição sumária);
Ex: Questão de prova. Dois candidatos trocam ofensas durante a propaganda eleitoral. Um deles
entra com uma queixa crime. Vista ao MP para parecer. Resposta: Como os crimes contra a honra
foram praticados durante a propaganda eleitoral, sendo portando crimes eleitorais, que são crimes
de ação penal pública incondicionada, não possui o candidato legitimidade para ingressar com a
ação.
Verificada a ausência de uma condição da ação penal no curso do processo, nada impede a
aplicação subsidiária do artigo 267, VI do CPC (extinção do processo sem resolução do mérito
quando o juiz verificar a não concorrência de qualquer das condições da ação).
A legitimidade passiva pertence ao provável autor do fato delituoso, maior de 18 anos.
Art. 6 CPC. Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando
autorizado por lei.
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Exemplos de legitimação extraordinária no processo penal: Ação penal privada (o direito de punir
pertence ao Estado, que transfere ao ofendido a possibilidade de ingressar em juízo); Ação civil ex
delicto proposta pelo MP em favor de vítima pobre (art. 68 do CPP). Para o STF o art. 68 do CPP é
dotado de uma inconstitucionalidade progressiva, ou seja, enquanto não houver defensoria pública
na comarca, o MP pode pleitear em juízo a reparação do dano em favor de vítima pobre (RE
135.328).
Se o órgão do MP antecipadamente consegue visualizar que vai ocorrer a prescrição, deve requerer
o arquivamento com base na ausência de interesse de agir: Qual a utilidade de se levar adiante um
processo fadado à prescrição?
Essa prescrição não é admitida pelos tribunais, por ausência de previsão legal.
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163 desta Lei é condição objetiva de punibilidade das infrações penais descritas nesta Lei),
deixou de ser uma condição da ação para ser uma condição objetiva de punibilidade.
Está relacionada ao direito processual penal. São Está relacionada ao direito penal. Essas
condições necessárias para o exercício regular condições situam-se entre o preceito primário e
do direito de ação, podendo ser de natureza secundário da norma penal incriminadora,
genérica ou específica. condicionando a existência da pretensão punitiva
do Estado. Chamam-se objetivas porque
independem do dolo ou da culpa do agente.
Ausência das condições da ação: se verificada Sem o implemento dessa condição, sequer será
no momento do oferecimento da peça possível a instauração de um inquérito policial.
acusatória, o juiz deverá rejeitá-la, mas se a
ausência for verificada durante o processo, o juiz
deve anular o processo (corrente conservadora) (STJ HC 54.248 e STF RHC 90.532)
ou deve usar o CPC (art. 267, VI) para extinguir
o processo sem julgamento do mérito.
Essa decisão só faz coisa julgada formal, ou Exemplos: Sentença declaratória da falência nos
seja, removido o defeito, nada impede o crimes falimentares; Decisão final do
oferecimento de nova peça acusatória. procedimento administrativo de lançamento nos
crimes materiais contra a ordem tributária.
(súmula vinculante 24. Não se tipifica crime
material contra a ordem tributária previsto no
art.1°, incisos I a IV, da Lei n° 8.137/90, antes do
lançamento definitivo do crime).
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Lei 9.099/95.
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de
representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões
culposas.
Art. 91. Nos casos em que esta Lei passa a exigir representação para a propositura
da ação penal publica, o ofendido ou seu representante legal será intimado para
oferecê-la no prazo de trinta dias de decadência.
Processo Judicialiforme: Ação Penal de Ofício. O juiz poderia dar início a um processo, nos casos
de contravenções e de lesões corporais culposas e homicídio culposo. Art. 26. A ação penal nas
contravenções será iniciada com o auto de prisão em flagrante ou por meio de portaria expedida
pela autoridade judiciária ou policial. Não foi recepcionado pela CF/88, em virtude do art. 129, I.
2.2) Ação Penal Exclusivamente Privada: Há sucessão processual. Ex: crimes contra a honra, em
regra.
2.3) Ação Penal Privada Subsidiária da Pública: Prevista na CF. Depende da inércia do MP.
Art. 100 CP. A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara
privativa do ofendido.
3. Ação Penal Popular: Ação penal que poderia ser ajuizada por qualquer do povo. Professora Ada
cita como exemplo o Habeas Corpus, que pode ser impetrado por qualquer pessoa, independente de
sua capacidade, e a faculdade de qualquer cidadão oferecer denúncia contra agentes políticos por
crimes de responsabilidade. Entretanto, esses dois exemplos não são espécies de Ação Penal, pois o
Habeas Corpus é uma ação libertária de índole constitucional (visa à liberdade de locomoção) e a
faculdade de qualquer cidadão oferecer denúncia, tecnicamente não se trata de uma denúncia, mas
sim de uma notitia criminis de crime de responsabilidade.
Ne bis in idem: ninguém pode ser processado Ne bis in idem: ninguém pode ser processado
duas vezes pela mesma imputação. Double duas vezes pela mesma imputação. Double
Jeopardy.Previsto expressamente na Convenção Jeopardy. Previsto expressamente na Convenção
de Direitos Humanos, no art. 8° §4°. de Direitos Humanos, no art. 8° §4°.
Obs: Para o STF decisão absolutória ou O acusado absolvido por sentença transitada em
declaratória extintiva da punibilidade, mesmo julgado não poderá ser submetido a novo
que proferida com vício de incompetência processo pelos mesmos fatos.
absoluta, é capaz de transitar em julgado e
produzir seus efeitos (STF – HC 86.606).
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presentes as demais condições da ação penal, conveniência, o ofendido pode optar pelo
o MP é obrigado a oferecer denúncia. Esse oferecimento ou não da queixa-crime.
princípio deriva do CPP, art. 24. Nos crimes de Pode se dar por meio de renúncia (o ofendido
ação pública, esta será promovida por denúncia abre mão do direito de queixa, ocorre antes do
do Ministério Público, mas dependerá, quando a início da ação); decurso do prazo decadencial;
lei exigir, de requisição do Ministro da Justiça, arquivamento do inquérito policial.
ou de representação do ofendido ou de quem
tiver qualidade para representá-lo.(Prof.
Afrânio. Ação civil pública: princípio da
obrigatoriedade).
Exceções: transação penal (art. 76 da Lei
9.099/95) IMPO (infração de menor potencial
ofensivo). A doutrina diz que, nesse caso, o
princípio da obrigatoriedade dá origem ao
princípio da obrigatoriedade mitigada ou
princípio da discricionariedade regrada;
Segunda: Acordo de leniência, também chamado
de acordo de doçura ou de brandura, é uma
espécie de delação premiada em crimes contra
ordem econômica. (art. 35-B e 35-C da Lei
8.884/94);
Terceira: Termo de ajustamento da conduta nos
crimes ambientais. A celebração desse termo não
impede o oferecimento de denúncia na hipótese
de reiteração da atividade ilícita (STF HC
92.921);
Quarta: Parcelamento do débito tributário. O
parcelamento é causa de suspensão do processo
e da prescrição. Se a denúncia ainda não foi
oferecida, o MP não poderá fazê-lo. (Art. 9° da
Lei 10.684).
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recurso que haja interposto. Art. 42 CP. O Formas: perdão do ofendido (deve haver a
Ministério Público não poderá desistir da ação aceitação do réu); dar causa à perempção (deixa
penal. Art. 576 CP. O Ministério Público não de fazer algum ato); desistência da ação no
poderá desistir de recurso que haja interposto. procedimento especial nos crimes contra honra.
Obs: Nada impede que o MP peça a absolvição.
Exceção: Suspensão Condicional do Processo.
Art. 89 da Lei 9.099/95. Essa suspensão se
aplica a qualquer delito que tenha a pena mínima
de um ano, mesmo que não seja julgado pelo
juizado. Cuidado com o art. 5° da Lei
8.137/90!! Para o STF, quando a pena de
multa estiver cominada de maneira
alternativa, será cabível a suspensão, mesmo
que a pena mínima seja superior a um ano.
Representação do ofendido
Conceito:
Representação é a manifestação do ofendido ou de seu representante legal no sentido de que tem
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Natureza Jurídica:
A representação em regra, é uma condição específica de procedibilidade.
Dependendo do caso concreto pode funcionar como uma condição de prosseguibilidade.
Ex. lesão corporal leve, crimes sexuais, etc.
Direcionamento da Representação
Pode ser encaminhada ao MP, ao juiz ou à autoridade policial.
06 meses.
Aplica-se para a representação e para a queixa-crime.
Exceção: alguns crimes irão prever um prazo diferente. No crime do artigo 236 do código penal
esse prazo de seis meses começa a correr após o trânsito em julgado da decisão que anulou o
casamento.
Art. 236 CP
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não
pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo
de erro ou impedimento, anule o casamento.
Na lei de imprensa (ADPF 130 – não recepcionou a lei de imprensa), esse prazo é de 03 meses.
Menor de 18 anos, mentalmente enfermo, retardado mental que não tenha representante
legal: deve ser nomeado curador especial.
Morte da vítima:
Ocorre a Sucessão Processual. O direito de oferecer a queixa ou a representação ou de dar
prosseguimento ao processo já em andamento é transferido ao CADI (cônjuge, ascendentes,
descendentes e irmão).Sucessores.
Art. 24CPP
§1°No caso de morte do ofendido, ou quando declarado ausente por decisão
judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou
irmão.
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Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão
judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão.
A maioria da doutrina inclui o companheiro no CADI (apesar de ser uma analogia prejudicial ao
réu).
CADI:
A ordem é preferencial, ou seja, se o cônjuge quiser, o direito é dele.
Prevalece a vontade de quem tiver interesse na persecução penal, então se o cônjuge não quiser, os
outros podem ingressar em juízo ou dar prosseguimento ao processo em andamento.
Retratação da representação:
Pode ocorrer até o oferecimento da denúncia. (cuidado: o examinador costuma trocar
oferecimento por recebimento).
Atenção:
Lei Maria da Penha.
retratação, na medida em que o direito de representação já havia sido exercido. Na Lei Maria da
Penha, portanto, a retratação da representação pode ser feita até o recebimento da denúncia, em
audiência especialmente designada.
Renunciar é abrir mão de um direito, sem exercê-lo, o que não acontece não retratação, em que o
direito foi exercido.
OBS: Retratação no CPP pode ocorrer até o Oferecimento da Denúncia.
Retratação na lei Maria da Penha pode ocorrer até o Recebimento da Denúncia
Art. 5° LIX. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for
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Legislação Especial:
Art. 80 e 82 do CDC: PROCON e Associações de Defesa dos Direitos do Consumidor
Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:
I - o Ministério Público,
II - a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;
III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que
sem personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e
direitos protegidos por este código;
IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam
entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este
código, dispensada a autorização assemblear.
Art. 80. No processo penal atinente aos crimes previstos neste código, bem como
outros crimes e contravenções que envolvam relações de consumo, poderão intervir,
como assistentes do Ministério Público os legitimados indicados no art. 82, inciso III
e IV, aos quais também é facultado propor ação penal subsidiária, se a denúncia não
for oferecida no prazo legal.
Art. 184. Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada.
Parágrafo único. Decorrido o prazo a que se refere o art. 187, § 1o, sem que o
representante do Ministério Público ofereça denúncia, qualquer credor habilitado ou
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Prazo:
06 meses, contados a partir da inércia do MP.
Ex: dia 21/09/2010 vista ao MP do inquérito policial de réu solto. O MP tem o prazo de 15 dias para
oferecer denúncia (prazo processual penal), então começa a contar no dia 22/09/2010, terminando
no dia 06/10/2010(último dia do prazo do MP).
Portanto, dia 07/10/2010 surge o direito de ação privada subsidiária da publica.
O prazo de 06 meses para a vítima é um prazo de direito material. A decadência ocorrerá no dia
06/04/2011.
Essa decadência não vai acarretar a extinção da punibilidade (decadência imprópria – apesar do
querelante perder o direito dele, não ocorrerá à extinção da punibilidade). Pois o crime é de ação
penal publica.
Art. 29CPP. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for
intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la
e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do
querelante, retomar a ação como parte principal.
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Código Penal:
Regra:
Ação Privada.
Exceções:
1) Crime contra a honra do Presidente da República ou Chefe de Governo estrangeiro – A
ação será pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça.
2) Crime contra funcionário público em razão de suas funções. (Súmula 714 do STF: é
concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à
representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em
razão do exercício de suas funções).
3) Injúria real: se praticada mediante vias de fato, ação penal privada. Se praticada mediante lesão
corporal leve, ação penal pública condicionada à representação. Se praticada mediante lesão
corporal grave ou gravíssima, ação penal pública incondicionada.
4) Injúria racial: art. 140, §3° Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça,
cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência. Não
confundir com o crime de racismo (referente a toda uma raça, etnia, etc.). STJ - RHC 19.166 e
STF - HC 90.187. O crime de racismo, previsto na Lei 7.716/89 é um crime de ação penal
pública incondicionada. Na injúria racial, a ação penal, que antes era privada, com a Lei
12.033/09 passou a ser ação penal pública condicionada à representação.
Exceções: Exceções:
Vítima pobre: ação penal pública condicionada à Parágrafo único do art. 225.
representação, mesmo havendo defensoria Delito praticado contra menor de 18 anos ou se o
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
pública na comarca (STF – RHC 88.143); crime for praticado contra pessoa vulnerável:
Crime cometido com abuso do poder familiar: ação penal pública incondicionada.
ação penal pública incondicionada; Art. 217 – A: estupro de vulnerável.
Crime cometido com emprego de violência real: Crime cometido com violência real: a lei não diz
violência real é o emprego de força física sobre nada, então segue a regra, qual seja, ação penal
o corpo da vítima como forma de vencer sua pública condicionada à representação.
resistência. Ação penal pública incondicionada. Ficar atenta ao posicionamento do STF !!
STF – Súmula 608 No crime de estupro Para os processos em andamento, não precisa de
praticado mediante violência real, a ação penal representação para o professor Rogério Sanches
é pública incondicionada. Pouco importando se e precisa de representação para Nucci e outros,
resultou lesão corporal leve, grave ou gravíssima sendo, assim, condição de prosseguibilidade.
(STF – HC 82.206). Súmula aplicada ao estupro Crime resultar lesão corporal ou morte: ação
e ao atentado violento ao poder. Fundamento penal pública incondicionada. (ADI 4.301).
legal da súmula: art. 101 CP. Se um crime de
ação penal privada ou de ação penal pública Como a lei é nova, ficar atenta à jurisprudência!
condicionada à representação possuir elementos
ou circunstâncias que, por si só, sejam crimes de
ação penal pública incondicionada, tal crime
complexo também passará a ser crime de ação
penal pública incondicionada (ação penal
pública de natureza extensiva).
Crime de estupro com resultado lesão grave ou
morte: ação penal pública incondicionada.
Crime praticado com violência presumida: ação
penal privada.
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Ação Penal no crime de lesão corporal leve envolvendo violência doméstica e familiar contra a
mulher
Ação penal pública incondicionada
STJ em um primeiro momento entendia que o namoro não estava abrangido pela lei. Entretanto,
agora entende que depende do caso concreto. Art. 5º, III.
Art. 5º da lei.
No crime de lesão corporal leve, temos a ação penal pública condicionada à representação, com
base no art. 88 da lei 9.099/95
Já o artigo 41 da LMP diz que não se aplica a lei dos juizados. Portanto, não será aplicável o artigo
88, que exige representação. Logo, a ação penal é pública incondicionada. (Lendo o artigo 41,
chegaríamos a essa conclusão, mas a lei contém artigos contraditórios, ver artigo 16).
Para a terceira seção do STJ (5ª e 6ª turmas), a lesão corporal leve envolvendo violência doméstica
e familiar contra a mulher depende de representação (RESP 1.097.042). O STJ entendeu que se
fosse incondicionada, estaria impedindo a conciliação do casal.
(9.099/95) aos crimes cometidos no âmbito da Lei Maria da Penha (11.340/2006), bem
como para determinar que o crime de lesão corporal de natureza leve cometido contra
mulher seja processado mediante ação penal pública incondicionada, o procurador-geral
da República, Roberto Gurgel, propôs Ação Direta de Inconstitucionalidade, com pedido
de medida cautelar, no Supremo Tribunal Federal. O relator é o ministro Março Aurélio.
1) Ocorre nas hipóteses de litisconsórcio ativo entre o MP (no crime de ação penal pública) e o
querelante (no crime de ação penal privada). Nestor Távora.
2) Ocorre no direito penal alemão: Nos crimes de ação penal privada é possível que o MP
promova a ação penal, desde que visualize um interesse público. Nesse caso, o ofendido ou
seu representante legal pode intervir no processo como assistente. Fernando da Costa
Tourinho Filho.
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as
suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se
possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das
testemunhas.
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
1) Exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias: deve o titular da ação penal
narrar o fato delituoso com todas as suas circunstâncias, sob pena de inviabilizar o exercício
do direito de defesa, pois no processo penal o acusado defende-se dos fatos que lhe são
imputados. Em crimes culposos, não basta citar a modalidade da culpa, devendo o MP
descrever em que consistiu a imprudência, a negligência e a imperícia. Se a peça acusatória
não narrar o fato delituoso será considerada inepta (em caso de inépcia, o juiz deve rejeitar a
peça acusatória. Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando for manifestamente
inepta). Caso não haja a rejeição da peça acusatória, entende a jurisprudência que a inépcia
deve ser arguida até o momento da sentença, sob pena de preclusão.
Denúncia que não indica a data do delito é inepta?
Não. Pode ser que, no caso concreto, não consiga precisar exatamente a data do crime.
Diferença entre os elementos necessários/essenciais dos chamados elementos
secundários/acidentais: os primeiros são aqueles necessários para identificar a conduta
como fato típico. A ausência desses elementos causa evidente prejuízo à defesa e, portanto,
nulidade absoluta. Já os últimos são aqueles ligados às circunstâncias de tempo ou de
espaço, cuja ausência nem sempre prejudica a defesa. Portanto, eventual vício quanto ao
elemento acidental pode produzir, no máximo, nulidade relativa.
O que é Cripto Imputação?
É uma imputação contaminada por grave deficiência na narrativa do fato delituoso,
causando evidente prejuízo a defesa.
Denúncia genérica: posição antiga do STF: entendia ser apta a denúncia que não
individualizava a conduta de cada um dos denunciados, bastando a indicação de que os
acusados eram responsáveis pela condução da sociedade empresarial. Estritamente ligado
aos crimes societários (crimes de gabinete: crimes praticados por pessoa física valendo-se do
manto protetor da pessoa jurídica).
A posição mais moderna do STF entende que quando se tratar de crimes societários, a
denúncia não pode ser genérica, devendo estabelecer o vínculo do administrador ao ato
ilícito que lhe está sendo imputado. (STF – HC 80.549 e HC 85.327). Pacceli faz uma
distinção entre acusação geral e acusação genérica. Ocorre a acusação geral quando o órgão
da acusação imputa a todos os acusados o mesmo fato delituoso independentemente das
funções por eles exercidas na empresa. A acusação genérica ocorre quando vários fatos
delituosos são atribuídos aos agentes, imputando a acusação tais fatos de maneira genérica a
todos os integrantes da sociedade.
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo
constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a menção do fato
criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem
ser previamente requeridas no juízo criminal.
Denúncia alternativa:
Imputação alternativa. Professor Afrânio Silva Jardim.
Pode ser de duas espécies:
a) originária: ocorre quando a alternatividade está contida na própria peça acusatória. Ex: ou
praticou um furto ou praticou receptação. Narração de dois ou mais fatos de modo alternativo. Essa
imputação alternativa originária não é admitida pela doutrina, pois viola a ampla defesa.
b) superveniente: ocorre nos casos de mutatio libelli, quando o MP adita a peça acusatória. Ex: fato
narrado seria um furto, mas durante o curso do processo surge prova de que o crime teria sido
cometido com violência, aí o MP deve fazer um aditamento para incluir a imputação do crime de
roubo. Sempre prevaleceu o entendimento de que havendo aditamento por conta da mutatio libelli,
era possível a condenação tanto pela imputação originária quanto pela imputação superveniente.
Atenção para a nova redação do artigo 384, §4° (havendo aditamento, cada parte poderá arrolar
até 3 testemunhas, no prazo de 5 dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Procuração na queixa-crime
Art. 44 CPP. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais,
devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante (leia-se
querelado) e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos
dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo.
Procuração com poderes especiais, devendo dela constar o nome do querelado e menção do fato
criminoso (basta classificar o delito ou citar o seu nome).
Essa procuração defeituosa pode ser sanada a qualquer momento, mediante ratificação dos atos
processuais. (STJ – RESP 663.934 e STF – HC 84.397).
Para alguns doutrinadores (Paulo Rangel), o não recebimento não se confundia com a rejeição a
peça acusatória.
- A rejeição equivale ao próprio julgamento do mérito antecipado, fazendo coisa julgada formal e
material. Da decisão caberia apelação.
- O não recebimento estaria ligado à ausência de pressuposto processual ou de uma condição da
ação penal, fazendo apenas coisa julgada formal. Da decisão caberia RESE.
Agora, as causas de rejeição estão previstas no art. 395 do CPP.
Com a lei 11.719/08 não há mais diferença entre rejeição e não recebimento da peça acusatória.
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Todas as hipóteses não enfrentam o mérito e fazem apenas coisa julgada formal.
Pressupostos processuais de existência:
a) Demanda veiculada pela peça acusatória;
b) Órgão estatal investido de jurisdição (competência e imparcialidade);
c) Partes que possam estar em juízo.
Momento da rejeição:
Logo após o oferecimento da peça acusatória.
Uma vez recebida a peça acusatória, não pode o juiz querer rejeitá-la posteriormente, pois se operou
a preclusão pro judicato.
Há uma corrente minoritária (Pacelli) que admite que após o recebimento o juiz extinga o processo
sem julgamento do mérito (analogia ao CPC, art. 267, VI).
Pode ocorrer a rejeição parcial da peça acusatória, que é cabível quando o juiz verificar um excesso
do órgão acusatório.
Para a doutrina, quando o magistrado perceber que há uma classificação abusiva formulada pelo
MP, privando o acusado do gozo de direitos assegurados pela constituição e pelo CPP, nada impede
sua concessão imediata (rejeição parcial), aplicando-se o artigo 383.
Nos Juizados Especiais, o recurso cabível contra a rejeição é Apelação, conforme artigo 82 da Lei
9.099/95.
Na lei de imprensa e nos juizados, cabe Apelação.
Nas hipóteses de competência originária dos Tribunais cabe Agravo Regimental.
Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a
audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério
Público e, se for o caso, do querelante e do assistente.
artigo 396.
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou
tacitamente.
Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato
incompatível com a vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o
ofendido a indenização do dano causado pelo crime.
O recebimento de indenização não importa a renúncia do direito de queixa, salvo nos juizados onde
há a composição civil dos danos.
Renúncia dada pelo querelante para um dos co-autores estende-se aos demais?
STF – Renúncia concedida a um dos co-autores estende-se aos demais (princípio da
indivisibilidade).
Renúncia dada por uma das vítimas prejudica o direito das demais?
Não prejudica o direito das demais.
Cuidado com a lei dos juizados, especialmente o artigo 74 que prevê expressamente a renúncia ao
direito de representação, quando houver a composição civil dos danos.
Perdão do ofendido
O perdão do ofendido só pode ser concedido durante todo o curso do processo, mas desde que
antes do trânsito em julgado de sentença condenatória.
É um desdobramento do princípio da disponibilidade.
Conceito:
É o ato pelo qual o ofendido ou seu representante legal desiste de prosseguir com o andamento do
processo, perdoando o querelado.
É um ato bilateral, ao contrário da renúncia que é unilateral. Portanto, o perdão depende de
aceitação.
A aceitação pode ser expressa ou tácita.
O silêncio do querelado é tido como uma aceitação tácita do perdão.
Art. 58 CPP. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado
será intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser
cientificado de que o seu silêncio importará aceitação.
O perdão concedido a um dos querelados estende-se aos demais (Indivisibilidade), mas nem todos
os querelados são obrigados são obrigados a aceitá-lo.
Porém, o perdão concedido por um dos querelantes não prejudica o direito dos demais.
Perempção
A perempção é uma causa extintiva da punibilidade. Só vai gerar a extinção da punibilidade nos
casos de ação penal exclusivamente privada ou nos casos de ação penal privada personalíssima.
Conceito: é a perda do direito de prosseguir no exercício da ação penal exclusivamente privada ou
personalíssima, em virtude da negligência do querelante.
Não cabe perempção na ação penal privada subsidiária da pública. Não gera a extinção da
punibilidade na ação penal privada subsidiaria da publica.
Jurisdição e Competência:
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Jurisdição:
É uma das funções do Estado mediante a qual o Estado-Juiz se substitui aos titulares dos interesses
em conflito para aplicar o direito objetivo ao caso concreto. Pacificação social.
Um dos princípios mais importantes sobre jurisdição é o Princípio do Juiz Natural, que é o direito
que cada cidadão tem de saber previamente a autoridade que irá processar e julgá-lo, caso venha a
praticar um delito.
Pode ser extraído do art. 5º, XXXVII da CF. “Não haverá juízo ou tribunal de exceção”.
Tribunal de exceção é um órgão jurisdicional criado após a prática do delituoso especificamente
para julgá-lo. No Brasil não é permitido Tribunal de Exceção.
Justiça militar e justiça eleitoral não são tribunais de exceção. São justiças especializadas cuja
competência está prevista na própria CF.
Art. 5º. LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
competente;
Regras de proteção:
1. Só podem exercer jurisdição os órgãos instituídos pela constituição.
2. Ninguém pode ser julgado por órgão jurisdicional criado após a prática do fato delituoso.
3. Entre os juízes pré-constituídos vigora uma ordem taxativa de competências, que impede
qualquer discricionariedade em relação à escolha do juiz.
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Art. 2º- A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos
atos realizados sob a vigência da lei anterior.
Crime de tráfico internacional de drogas praticado em município que não tenha vara federal.
Durante a vigência da lei 6.368/76, se no município não houvesse vara federal, a competência seria
da justiça estadual, com recurso, porém, para o TRF.
Entretanto, esta lei foi revogada, estando em vigor à lei 11.343/06, segundo a qual, se não houver
vara federal na cidade, o tráfico internacional será julgado pela vara federal da circunscrição
respectiva.
Art. 70. O processo e julgamento dos crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se
caracterizado ilícito transnacional, são da competência da Justiça Federal.
Parágrafo único. Os crimes praticados nos Municípios que não sejam sede de vara
federal serão processados e julgados na vara federal da circunscrição respectiva.
Será que essas convocações de juízes de 1º grau violam o Princípio do Juiz natural?
Existe previsão legal (art. 118 da LC 35/79).
Art. 118. Em caso de vaga ou afastamento, por prazo superior a 30 (trinta) dias, de
membro dos Tribunais Superiores, dos Tribunais Regionais, dos Tribunais de Justiça
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Competência:
Competência: é a medida e o limite da jurisdição dentro dos quais o órgão jurisdicional poderá dizer
o direito.
Espécies de Competência:
1) Competência ratione materiae:
É aquela fixada em virtude da natureza da infração penal. Ex: justiça eleitoral, justiça militar. A
natureza do delito delimita a competência.
4) Competência funcional:
É fixada conforme a função que cada órgão jurisdicional exerce no processo.
A) Competência funcional por fase do processo: a competência é fixada de acordo com a fase do
processo. Exemplo: procedimento bifásico do júri. Numa primeira fase (judicium accusationis) atua
o juiz sumariante (quatro decisões que ele pode proferir: pronúncia; impronúncia; desclassificação e
absolvição sumária). Na segunda fase, conhecida como juízo da causa (judicium causae) tem a
atuação do chamado juiz presidente e do conselho de sentença.
B) Competência por objeto do juízo: de acordo com as questões a serem decididas, um órgão
jurisdicional diferente exercerá a competência. Exemplo: no júri, os jurados decidem sobre a
existência do crime e sobre a autoria, cabendo ao juiz presidente apreciar as questões de direito e
fazer a dosimetria da pena.
C) Competência por grau de jurisdição: divide a competência entre: órgãos jurisdicionais superiores
e inferiores. Está ligada a competência recursal.
D) Alguns doutrinadores dizem que a competência funcional pode ser Horizontal (quando não há
hierarquia entre os órgãos jurisdicionais) ou Vertical (quando há hierarquia entre os órgãos
jurisdicionais). A e B são competências horizontais e a C é vertical.
A incompetência Absoluta pode ser reconhecida A Incompetência Absoluta pode ser reconhecida
de oficio. de oficio.
Obs. A súmula 33 do STJ só se aplica ao Obs. A súmula 33 do STJ só se aplica ao
processo civil e não ao processo penal. processo civil e não ao processo penal.
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Características: Características:
1- não está sujeita a preclusão, ou seja, pode ser 1- deve ser arguida no momento oportuno, sob
arguida a qualquer momento. Em se tratando de pena de preclusão (art. 571, CPP). Ex: quesitos
sentença condenatória ou absolutória imprópria no júri. Se não impugnar no momento adequado,
(em favor da defesa), uma nulidade absoluta há preclusão. Em se tratando de incompetência
pode ser arguida mesmo após o trânsito em relativa, esse momento (para argui-la) é o da
julgado, seja por meio de um HC, seja por meio resposta à acusação. Art. 396A CPP.
de uma revisão criminal. Essas medidas só 2- o prejuízo deve ser comprovado.
podem ser arguidas em favor da defesa, pois não 3- pode ser impugnada por meio de uma exceção
existe revisão criminal pro societate, e MS não de incompetência. Mesmo que a incompetência
pode ser impetrado depois do trânsito em seja arguida fora de uma exceção poderá ser
julgado. apreciada pelo juiz.
2- o prejuízo é presumido. Não precisa 4 - pode ser declarada de ofício pelo juiz no
comprovar o prejuízo. direito penal.
Obs: decisão absolutória ou extintiva da Art. 109, CPP.
punibilidade, ainda que prolatada com suposto
vício de incompetência, é capaz de transitar em Até quando o juiz pode declarar a sua
julgado e produzir efeitos, impedindo que o incompetência de ofício?
acusado seja novamente processado pela mesma Art. 399 §2°, CPP: Princípio da Identidade
imputação perante a justiça competente. (STF Física do Juiz:
HC-86606) - NE BIS IN IDEM. Antes da lei 11719/08 a incompetência
3- pode ser impugnada por meio de uma exceção relativa podia ser declarada de ofício até
de incompetência. Mesmo que a incompetência o momento da sentença.
seja arguida fora de uma exceção poderá ser Com a adoção do princípio da identidade
apreciada pelo juiz. física do juiz no processo penal (art. 399,
4- pode ser declarada de ofício pelo juiz no §2°, CPP), a incompetência relativa só
direito penal. pode ser reconhecida de ofício pelo juiz
A súmula 33 do STJ só é aplicada no processo até o início da instrução processual, pois
civil, não é aplicável ao processo penal (art. 109, se o juiz fizer a audiência e mandar para
CPP). outro juiz terá que fazer a audiência toda
✄ Em se tratando de incompetência absoluta, o novamente. Paccelli.
juiz pode reconhecê-la enquanto exercer
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O Tribunal pode reformar a sentença para agravar a situação do réu? Diante desse princípio,
ao juízo ad quem não é permitido reconhecer de ofício incompetência absoluta nem relativa, salvo
nas hipóteses de recurso de ofício ou quando a acusação devolver ao Tribunal o conhecimento
daquela matéria (Súmula 160, STF).
Se numa primeira decisão foi condenado a 04 anos pela Justiça Estadual. A defesa depois recorre e
pede ao Tribunal que declare a incompetência. O Tribunal reconhece a incompetência, anula tudo e
manda o processo para a justiça competente, Justiça Federal. Aí, o juiz competente pode aplicar
uma pena maior do que 04 anos? Pacelli entende que sim, mas é entendimento minoritário. Assim,
se a incompetência for reconhecida pelo Tribunal em recurso exclusivo da defesa, o juízo para o
qual o processo for remetido não poderá agravar a situação do acusado, aplicando-lhe pena mais
grave, sob pena de violação ao princípio da non reformatio in pejus indireta.
Portanto, em se tratando de recurso exclusivo da defesa, reconhecida a incompetência pelo Tribunal,
não é possível que o novo juízo aplique pena mais grave.
STF: RHC 72.175, STJ: HC 105.384.
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Nos casos de incompetência relativa também prevalece o entendimento de que os atos decisórios
podem ser ratificados, a partir do HC 83.006. A doutrina aqui, porém, entende que somente os atos
decisórios serão anulados. Concorda, pois, com a jurisprudência.
Problema: com o princípio da identidade física do juiz, como pode aproveitar atos probatórios
produzidos por juízo incompetente? Teoricamente haveria violação do princípio.
Conexão e Continência:
São causas de alteração/modificação da competência.
Como a competência absoluta não admite modificações, conclui-se que a competência absoluta
não pode ser alterada pela conexão e a continência.
Como a competência relativa admite modificações, a conexão e a continência podem modificar
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Justiças competentes:
1 - Justiça Especial:
A- justiça militar;
B- justiça eleitoral;
C- justiça do trabalho;
D- justiça política/extraordinária. Ligada aos crimes de responsabilidade. Senado.
2 - Justiça Comum:
A- justiça federal;
B- justiça estadual: competência residual.
Quando se compara a justiça federal com a justiça estadual ela é especial porque tem de maneira
expressa a sua competência na CF.
Conexão: havendo conexão entre crime militar e crime comum, os processos deverão ser separados
Súmula 90, STJ - “Compete à Justiça Estadual Militar processar e julgar o policial militar pela
prática do crime militar, e à Comum pela prática do crime comum simultâneo àquele”
Se você é pego com uma arma do exército responde pelo porte ilegal de arma de fogo (justiça
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Súmula 75 do STJ - “Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar o policial militar por
crime de promover ou facilitar a fuga de preso de Estabelecimento Penal”
CUIDADO: se o estabelecimento penal for de natureza comum, a competência será da Justiça
Comum Estadual (art. 351, CP). Se o estabelecimento for de natureza militar, o delito será
considerado crime militar, recaindo a competência sobre a Justiça Militar (art. 178, CPM).
Não tem competência cível. Só julga crimes. A EC 45/04 prevê a competência para julgar
Se no caso for militar das forças armadas, como ações judiciais contra atos disciplinares
a justiça militar da união não tem competência militares. Ex: PM chega atrasado, sujo, vai ser
cível, terá que ir para justiça federal. punido. Se ele quiser questionar essa posição
quem vai apreciar é a justiça militar estadual.
Ex2: ação anulatória de punição disciplinar; HC
contra punição disciplinar (não cabe HC quanto
ao mérito da punição, pois quanto à legalidade é
possível).
Quem pode ser julgado? qualquer pessoa pode Quem pode ser julgado? Só pode julgar os
ser processada, seja ela militar, seja ela civil. militares dos estados, que são:
Para a Justiça Militar da União, militar é o Integrantes da PM;
militar da ativa das forças armadas (militar da Corpo de bombeiros;
ativa é o militar regularmente incorporado às Polícia rodoviária estadual.
forças armadas, esteja ele em serviço ou não, Obs: guarda municipal não é militar do Estado.
não é sinônimo de militar em serviço). Essa condição de militar do Estado deve ser
Civis são: os civis propriamente ditos, mas analisada à época do delito.
também os militares estaduais, e os militares da Ex: Se um crime for praticado em coautoria por
reserva (aposentado por tempo) e reformados um policial militar e por um civil, como o civil
(doença invalidante, como se fosse não pode ser julgado na JME, deverá haver a
aposentadoria por invalidez) das forças armadas. separação dos processos. O crime militar
praticado pelo PM será julgado pela JME; o
crime comum praticado pelo civil será julgado
pela justiça comum.
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E uma ação de improbidade contra um PM, é considerada ação judicial contra ato disciplinar
militar? Não, é da competência da Justiça Comum.
A justiça militar julga tanto os crimes propriamente militares quanto os crimes impropriamente
militares.
Art. 5º, LXI CF.
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Para a doutrina, o civil não pode praticar crime propriamente militar. Atenção para o HC 81438
(STF): neste julgado, o Supremo entendeu que como a condição de militar é uma elementar do
crime, pode se comunicar ao civil, desde que agindo em co-autoria com o militar (analogia ao crime
de peculato - particular praticando o crime junto com um funcionário público será julgado por
peculato).
Quem julga conflito de competência entre juiz estadual e um juiz de direito do juízo militar?
Se esse conflito se der no RS/MG/SP (Estados onde há TJM), a competência será do STJ.
Se esse conflito se der nos demais Estados, a competência é do próprio TJ.
Observações:
*Crime praticado por militar, fora do serviço, com arma da corporação: antes da lei 9.299, era crime
militar; com esta lei tornou-se crime comum. Súmula 47 do STJ está ultrapassada.
*Crime de homicídio doloso praticado por militar em serviço contra civil. Onde será julgado?
- antes da lei 9299/96 (Lei Rambo), esse crime era de competência da justiça militar.
- depois da lei 9299/96, com a mudança do CP, a competência é do Tribunal do Júri. Se for PM -
júri Estadual. Se for das forças armadas - júri federal. Art. 9°, § único do CPM.
Essa lei é conhecida como Lei Rambo, para o STF e STJ, essa lei é plenamente constitucional (RE-
260.404 e no STJ - HC 102.227). Só que para o STM essa Lei não é constitucional. PREVALECE
LOGICAMENTE A POSIÇÃO DO STF.
*militares das forças armadas são considerados funcionários públicos federais, portanto, no caso de
homicídio doloso deverão ser julgados por um tribunal do júri federal.
*Se os jurados desclassificarem de homicídio doloso para culposo, a competência não será do juiz
presidente, mas sim da justiça militar.
*Se queria matar militar, mas matou civil, será julgado na justiça comum. Hipótese de aberratio
ictus (erro na execução) - leva-se em consideração a vítima real ou virtual? Se um militar, querendo
atingir outro militar e por erro na execução atinge um civil, a competência será do Tribunal do Júri,
pois a competência é sempre fixada com base em critérios objetivos, pouco importando a intenção
do agente. Assim, leva-se em consideração a vítima real (STJ - CC 27.368).
Obs:
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
CRIME MILITAR DE TIPIFICAÇÃO INDIRETA: são aqueles que embora previstos com igual
definição na lei penal comum, são considerados militares por meio de um juízo de tipicidade
indireta. Nesse caso é imprescindível a menção a uma das alíneas dos incisos II e III do art. 9°
CPM.
Ex1: Estelionato está previsto na lei comum, mas também no CPM. Vai denunciar assim:
Art. 251 CP + art. 9°, III, “a” CPM.
Limita-se aos crimes eleitorais. Para a doutrina, somente são crimes eleitorais aqueles previstos no
código eleitoral e os que a lei eventual e expressamente defina como eleitorais.
Quando os crimes eleitorais forem conexos a crimes comuns, surgirão alguns problemas.
Se o crime conexo for federal ou militar, ainda assim será julgado pela justiça eleitoral?
Verificar se a competência está determinada na CF.
Havendo conexão entre crime eleitoral e crime da competência da justiça estadual, prevalece a
competência da justiça eleitoral (jurisdição especial). Se essa conexão envolver crime federal ou
crime militar, deverá haver a separação dos processos, na medida em que a competência da justiça
federal e da justiça militar estão previstas expressamente na constituição federal. (STJ – CC 19.478)
O HC será julgado pela justiça do trabalho apenas quando o ato questionado envolver matéria
sujeita à jurisdição trabalhista.
Como não há mais prisão do depositário infiel, fica difícil imaginar o uso do HC na justiça do
trabalho.
Quem julga HC envolvendo ato do juiz do trabalho é o TRF.
Corresponde à atividade jurisdicional exercida por órgãos políticos, alheios ao poder judiciário, com
o objetivo de afastar o agente público que comete crimes de responsabilidade.
64
Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Crimes Políticos:
São aqueles previstos na lei 7.170/83.
Para que seja crime político, não basta estar previsto na lei 7.170/83, deve existir motivação
política.
Art. 2º - Quando o fato estiver também previsto como crime no Código Penal, no
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Art. 30 - Compete à Justiça Militar processar e julgar os crimes previstos nesta Lei,
com observância das normas estabelecidas no Código de Processo Penal Militar, no
que não colidirem com disposição desta Lei, ressalvada a competência originária do
Supremo Tribunal Federal nos casos previstos na Constituição.
Contra crimes políticos julgados na primeira instância da justiça federal o recurso cabível não é o de
apelação, mas sim o recurso ordinário para o STF. Art. 102, II CF. Esse recurso funciona como uma
apelação. No julgamento o STF poderá fazer o reexame da matéria de fato e de direito.
Súmula 107 do STJ “Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime
de estelionato praticado mediante falsificação das guias de recolhimento das
contribuições previdenciárias, quando não ocorrente lesão a autarquia federal”.
Crimes contra os correios: se o delito for praticado contra uma franquia dos correios, a competência
será da justiça estadual; se o crime for praticado contra a própria EBCT ou um carteiro, a
competência será da justiça federal.
A fraude pela internet pode ser praticada por vários meios, principalmente estelionato ou furto.
Falso pacote de turismo. A pessoa abre uma página da internet, com dados do hotel, pedindo que a
pessoa faça o depósito. “A” induzido a erro, faz o depósito. É estelionato, pois a vítima é induzida a
erro, mediante fraude, e voluntariamente, faz o depósito.
No caso de clonagem do cartão, é um crime de furto qualificado pela fraude.
A competência será da justiça estadual ou federal?
Quem é a vítima do delito? “A” ou a Caixa Econômica Federal.
Para a jurisprudência, como a fraude (clonagem) foi usada para burlar o sistema de vigilância do
banco, quem suportará o prejuízo financeiro é a instituição bancária. Sendo a instituição a CEF, a
competência será da justiça federal.
O crime de furto se consuma no local em que a coisa é retirada da esfera de vigilância da vítima.
Portanto, para a jurisprudência, a competência territorial será determinada em face do local onde
mantida a conta corrente (foro do local da agência).
Fundação pública federal: FUNASA. A fundação seria uma espécie de autarquia, logo a
competência será da justiça federal.
seu detrimento”.
Crime de concussão (exigir vantagem indevida, em razão de suas funções) praticado por médico em
hospital privado credenciado ao SUS: esses hospitais são apenas permissionários, não havendo
interesse direto da União, então a competência da justiça estadual.
STJ:
Súmula 208 “Compete à Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal por
desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal”. O prefeito
possui foro por prerrogativa de função (TJ), aplicando-se no caso a simetria, o
competente é o TRF.
Súmula 209 “Compete à Justiça Estadual processar e julgar prefeito por desvio de
verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal”. O prefeito será julgado
pelo TJ.
Quanto ao interesse, este deve ser particular e direto; se o interesse for apenas genérico, a
competência é da justiça estadual.
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Exemplos:
Art. 334. Contrabando (importar ou exportar mercadoria proibida) ou descaminho (iludir, no todo
ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de
mercadoria).
Para o STJ, o simples fato de o ministério da saúde exercer as funções de órgão central do sistema
nacional de transplante não atrai a competência para a justiça federal.
Emissão de moeda:
Quem emite moeda é a União, por meio da casa da moeda. Se quem emite é a união, a justiça
federal irá julgar crime de moeda falsa, pois está lesando interesse da união. Mesmo sendo moeda
estrangeira, pois é da competência do BACEN fiscalizar, ou seja, justiça federal.
A falsificação grosseira não tipifica o crime de moeda falsa. Porém, se ela for idônea para enganar
alguém, subsiste o crime de estelionato, da competência da justiça estadual.
Não confundir com o crime de recepção clandestina de sinal de TV a cabo, justiça estadual.
Crimes praticados em programas de TV: competência da justiça estadual.
Crime praticado contra a justiça do trabalho, justiça militar da união ou justiça eleitoral:
Todas essas justiças são consideradas “justiças da união”, portanto, eventual crime praticado perante
elas será julgado pela justiça federal.
Súmula 165 STJ. “Compete à justiça federal processar e julgar crime de falso
testemunho cometido no processo trabalhista”
Crime praticado contra juiz estadual no exercício de funções eleitorais deve ser julgado pela justiça
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
federal.
Atenção para o cancelamento da súmula 348 do STJ e para a edição da súmula 428.
15/04/10
Crime praticado contra funcionário público federal:
Se esse crime for cometido em razão do exercício da função, teremos um crime de competência da
JF; se não tiver nenhuma relação, então a competência é da justiça estadual.
Exemplos:
Crime praticado contra um funcionário público federal aposentado.
Se já está aposentado a competência é da justiça estadual.
Crime praticado contra dirigente sindical também será julgado pela justiça estadual, já que este não
é funcionário público.
Crime praticado contra funcionário do TJ/DF, será julgado pela justiça estadual do DF, pois apesar
de este ser mantido pela União, o seu servidor não é funcionário público federal.
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Súmula 254 do TFR: “Compete à justiça federal processar e julgar os delitos praticados por
funcionário público federal, no exercício de suas funções e com estas relacionados”
Exemplo:
Tráfico de influência.
Art. 332 CP: Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou
promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário
público no exercício da função.
Crime cometido por particular contra a administração pública. O STJ entende que como ele pede
para influenciar funcionário público federal, haveria interesse da união.
O crime de tráfico de influência será julgado pela justiça federal sempre que o funcionário público
objeto da suposta influência for federal.
Exemplos:
*Crime de pesca do camarão no período de defeso no mar territorial.
O mar territorial pertence à União (art. 20, VI da CF). Competência da justiça federal.
*Crime de pesca proibida praticado em rio que faz a divisa entre dois estados. O delito será julgado
pela justiça federal, pois rio que banha mais de um estado pertence à União (art. 20, III da CF).
*Crime de extração ilegal de recursos minerais praticada em propriedade particular. São bens da
União os recursos minerais, inclusive os do subsolo. Portanto, o crime é praticado contra um bem
da união, art. 20, IX da CF, sendo a competência da justiça federal.
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
*Em se tratando de crime de uso de documento falso, por terceiro que não tenha sido responsável
pela falsificação do documento, a competência será determinada em virtude da pessoa física ou
jurídica prejudicada pelo uso, pouco importando quem emitiu o documento. STJ – CC 4.632.
*Em se tratando de falsificação ou uso de documento falso cometidos como meio para a prática do
estelionato, a competência será determinada em virtude do sujeito passivo do crime patrimonial.
Quando o falso funciona como um meio para o estelionato, este absorve o falso.
Para falsificar o diploma de uma faculdade particular, tem certificação do MEC, portanto é preciso
falsificar a assinatura de um funcionário do MEC, logo, a competência será da justiça federal.
Essa súmula foi pensada antes da lei 9.983, que inseriu os §3º e §4º do artigo 297 do código penal.
Súmula 62 do STJ:
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Se a falsa anotação na carteira de trabalho tiver sido produzida com o objetivo de gerar efeito
perante a previdência social, a competência será da justiça federal (STJ – CC 58.443); caso
contrário a competência será da justiça estadual (se a falsificação não tiver relação com a
previdência social).
Execução Penal
Quem é o juiz da execução?
Lei 11.671/08.
Se foi condenado pela justiça federal e está recolhido em presídio estadual, quem será o juiz da
execução?
Súmula 192 do STJ “Compete ao juízo das execuções penais do estado a execução
das penas impostas a sentenciados pela justiça federal, militar ou eleitoral, quando
recolhidos a estabelecimentos sujeitos à administração estadual”.
Se um juiz federal praticar um crime, será julgado pelo TRF – competência por prerrogativa de
função.
Súmula 522 do STF: Salvo ocorrência de tráfico com o exterior, quando, então, a
competência será da Justiça Federal, compete à justiça dos estados o processo e o
julgamento dos crimes relativos a entorpecentes.
Exemplos:
*Tráfico internacional de drogas.
Art. 70, parágrafo único da Lei 11.343/06.
Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei,
se caracterizado ilícito transnacional, são da competência da Justiça Federal.
Parágrafo único. Os crimes praticados nos Municípios que não sejam sede de vara
federal serão processados e julgados na vara federal da circunscrição respectiva.
Uma pessoa que traz lança-perfume da argentina, via terrestre. É tráfico internacional? Aqui é
droga, na Argentina não é droga. Para que seja tráfico internacional, a droga tem que ser
considerada em ambos os países. Será então tráfico doméstico.
Para que se possa em tráfico internacional de drogas é indispensável que a droga apreendida no
Brasil também seja considerada ilícita no país de origem.
Se na hora que o juiz federal for sentenciar, ele entender que não se trata de tráfico internacional,
sendo caso de desclassificação para tráfico doméstico de drogas, ele pode julgar ou deve declinar da
competência?
Para os TRF's, aplica-se a regra da perpetuação de jurisdição (art. 81 do CPP). A competência
continua pertencendo ao juiz federal.
Porém, para o STJ, quando o juiz federal conclui que não é tráfico internacional está se declarando
absolutamente incompetente, sendo obrigatória a remessa à justiça estadual. O STF também entende
assim.
*Rol exemplificativo:
a) Tráfico internacional de armas. Art. 18 da lei 10.826/03;
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
b) Tráfico internacional de pessoas. Art. 231 do CP. Abrange mulher, criança e homem;
c) Transferência ilegal de criança ou adolescente para o exterior. Art. 239 do ECA;
d) Pedofilia praticada pela internet. Há crimes praticados pela internet que são julgados pela justiça
estadual. Entretanto, a pedofilia está prevista no artigo 241-A do ECA em convenção internacional.
Para que seja da competência da justiça federal deve ser demonstrado que o acesso ao material de
pornografia infantil se deu além das fronteiras nacionais. Quanto à competência territorial,
entendem os tribunais que a consumação do delito se dá no local de onde emanaram as imagens,
pouco importando a localização do provedor.
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Apenas nos casos determinados por lei os crimes contra o sistema financeiro e a ordem econômico-
financeira serão julgados pela justiça federal.
Quais são as leis relacionadas a estas matérias?
Lei 7.492. Lei dos crimes contra o sistema financeiro nacional. Art. 26. Competência da justiça
federal.
Lei 4.595/64. Como a lei não fala nada, a competência pertence à justiça estadual.
Lei 1.521/51. Crimes previstos na lei que define os crimes contra a economia popular. Competência
da justiça estadual.
Súmula 498 do STF. Compete à justiça dos estados, em ambas as instâncias o
processo e o julgamento dos crimes contra a economia popular.
Lei 8.176/91. Adulteração de combustíveis. Justiça estadual, pouco importando o fato da Agência
Nacional de Petróleo exercer a fiscalização.
Lei 8.137/90:
a) Quanto aos crimes contra a ordem tributária, a competência será determinada em virtude da
natureza do tributo sonegado.
b) Quanto ao crime de formação de cartel, em regra a competência é da justiça estadual. Porém,
para o STJ, se o ilícito tiver a possibilidade de abranger vários estados da federação, prejudicar setor
econômico estratégico ou o fornecimento de serviços essenciais, competência da justiça federal.
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Lei 9.613/98. Lei de lavagens de capitais. Em regra, competência da justiça estadual. Porém, a
competência será da justiça federal nas seguintes hipóteses:
a) quando praticado em detrimento de bens, serviços ou interessa da união, autarquias federais ou
empresas públicas federais;
b) quando o crime antecedente for de competência da justiça federal.
Aeronave pode estar em solo ou precisa estar voando? Pouco importa se a aeronave está em terra ou
no ar.
Em regra, o crime praticado por ou contra índio será julgado pela justiça estadual, salvo se o delito
envolver direitos indígenas. Art. 231 da CF.
Súmula 140 do STJ. Compete à justiça comum estadual processar e julgar crime em
que o indígena figure como autor ou vítima.
21/04/10
Competência especial por prerrogativa de função
Fixada em razão da relevância das funções desempenhadas pelo agente.
Regras básicas:
Como funciona o duplo grau de jurisdição quando o acusado tem foro por prerrogativa de função?
Duplo grau de jurisdição não é a mesma coisa que possibilidade de recorrer. Refere-se a
possibilidade de recorrer, devolvendo ao tribunal, devolvendo todo o conhecimento da matéria de
fato e de direito, o que se dá por meio de apelação. Recurso extraordinário não significa duplo grau
de jurisdição, já que não devolve ao tribunal toda matéria de fato e de direito.
O agente com essa prerrogativa já é julgado por um tribunal, então não tem mais para onde subir
para o julgamento de uma apelação. Pode-se valer de recurso especial e extraordinário.
Acusados com foro por prerrogativa de função não têm direito ao duplo grau de jurisdição, aí
entendido como a possibilidade de reexame integral da sentença de primeiro grau por um órgão
diverso e de hierarquia superior.
Ou seja, quando se fala em duplo grau, refere-se ao direito de apelar. O duplo grau deve ser
entendido como a possibilidade de reexame integral da decisão, seja em relação à matéria de fato,
de direito, seja em relação a questões probatórias. Mas isso não significa que não tenha direito aos
recursos extraordinários, RE para STF e RESP para STJ. Estes recursos não seriam duplo grau, pois
não se tem a mesma liberdade recursal, eles não se prestam à defesa do interesse da parte (RHC
81
Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
79.785).
Cidadão comum pratica um crime, julgado pelo juiz de 1ª instância. Apelou. Eleito deputado. Se já
apelou, tem direito adquirido à apelação. STF entende que neste caso, a apelação será julgada por
ele.
Se o acusado tiver sido diplomado deputado federal após ter sido condenado em primeira instância,
condenação da qual tenha apelado, caberá ao STF o julgamento da respectiva apelação (STF – AP
428).
Cessado o exercício funcional, ainda que por ato voluntário do agente (renúncia) e, caso o
julgamento ainda não tenha sido iniciado pelo respectivo tribunal, cessa o direito ao foro por
prerrogativa de função. (STF – AP 333).
STF entendeu que a competência por prerrogativa existe em razão da função. Inquérito 687. Aplica-
se a regra da contemporaneidade do cargo. Enquanto tiver o cargo, possui o foro especial. Assim,
foi cancelada a súmula 394.
Em virtude do cancelamento da súmula 394, entra em vigor a lei 10.628, que acrescenta os
parágrafos 1º e 2º ao artigo 84 do CPP, com o claro objetivo de ressuscitar a referida súmula. A lei
82
Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
entrou em vigor no dia 24/12/2002, por isso alguns doutrinadores dizem que se trata de um
“presente do papai noel”. Vide ADI 2.797.
O STF declarou a inconstitucionalidade dos parágrafos 1º e 2º do artigo 84 do CPP, sob o
fundamento de que ao legislador ordinário não é dado fazer interpretação autêntica da CF, atentando
contra a taxatividade constitucional das competências do supremo.
Atenção para a PEC 358A/2005. Está tramitando no CN e dentre as alterações, está o foro por
prerrogativa.
Local da infração
Nos casos de foro por prerrogativa de função, pouco importa o local onde o delito foi cometido,
recaindo a competência sobre o tribunal ao qual se encontra vinculada a autoridade.
Promotor do Ministério Público Militar (MPU) – Julgado pelo TRF ao qual está vinculado.
Membros do MPU (MPM, MPT, MPF, MPDFT) que atuam na primeira instância são julgados pelo
respectivo TRF, salvo em relação a crimes eleitorais, quando serão julgados pelo TRE.
Deputado estadual:
É um tema polêmico.
Tem foro por prerrogativa de função?
Sim, ele tem foro. É julgado pelo seu TJ.
Onde está previsto o foro por prerrogativa de função? Está previsto na CF ou somente nas
constituições estaduais?
Há duas correntes:
A)Pacelli e Capez: o foro por prerrogativa de função dos deputados estaduais está previsto na CF,
no artigo 27, §1º - Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as
regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda
de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.
B)Nucci: o foro dos deputados estaduais está previsto exclusivamente nas constituições estaduais.
Lendo com calma o artigo, percebe-se que não há previsão do foro especial na CF.
Hipóteses de co-autoria
Um cidadão do povo que pratica um delito em co-autoria com um deputado federal. Onde serão
julgados? Haverá separação de processos ou ambos serão julgados pelo STF? E se o crime for
doloso contra a vida?
Neste caso, prevalece o entendimento de que como o deputado é julgado pelo STF, o cidadão
também será lá julgado. Entretanto, a reunião dos processos não é obrigatória (pode não ser julgado
pelo STF).
Se o crime for doloso contra a vida, haverá separação dos processos. A continência não prevalece
sobre a competência do júri.
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Se um crime for praticado em co-autoria com titular de foro por prerrogativa de função, prevalece a
competência do tribunal para julgar ambos os acusados, salvo se o delito praticado for um crime
doloso contra a vida, quando deverá haver a separação obrigatória dos processos.
Princípio da Simetria
Considerando que os Estados não podem legislar sobre direito penal ou processual penal, as
constituições estaduais só podem atribuir aos seus agentes políticos as mesmas prerrogativas que a
CF concede às autoridades que lhe sejam correspondentes.
Apesar do princípio da simetria, constituições estaduais têm atribuído foro a procuradores do estado
e defensores públicos.
Para o STF (ADI 2.587), é constitucional o foro previsto em constituições estaduais de procuradores
estaduais e defensores públicos.
Leis orgânicas dos municípios não podem criar foro por prerrogativa de função.
Exceção da verdade
Art. 85 do CPP. Nos processos por crime contra a honra, em que forem querelantes
as pessoas que a Constituição sujeita à jurisdição do Supremo Tribunal Federal e
dos Tribunais de Apelação, àquele ou a estes caberá o julgamento, quando oposta e
admitida a exceção da verdade.
85
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Crime de Calúnia. Ação proposta por juiz estadual em face de um cidadão comum. O processo
tramita perante o juiz de primeira instância (o foro especial ocorre quando a autoridade for o
acusado, não a vítima). Surge a possibilidade de o querelado ingressar com a exceção da verdade
(procedimento incidental nos crimes contra a honra). A exceção da verdade será julgada pelo TJ ao
qual está vinculado o juiz estadual, que deve ser admitida e instruída pelo juiz de primeira instância.
Se o querelante for titular de prerrogativa de função, ao respectivo tribunal caberá o julgamento da
exceção da verdade. Nesse caso, cabe ao juiz de primeira instância admitir a exceção e fazer a
instrução.
Casuística:
Ver quadro de competência no material de apoio.
A) Prefeitos:
São julgados pelo TJ em relação aos crimes comuns (abrange o crime doloso contra a vida).
Se praticar um crime federal, será julgado pelo TRF.
Se praticar um crime eleitoral, será julgado pelo TRE.
Se praticar um crime militar federal, será julgado pelo STM.
Se praticar um crime de responsabilidade, será julgado pela câmara municipal.
B) Juízes estaduais:
Juiz aposentado compulsoriamente não tem direito ao foro por prerrogativa de função.
Juiz convocado para substituir desembargador, continua sendo julgado pelo TJ.
C) Senadores:
Crime comum – STF.
Crime de responsabilidade – Senado.
Suplente tem foro por prerrogativa de função? Tem mera expectativa de direito, portanto, enquanto
suplente não tem direito ao foro por prerrogativa de função.
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
D) Vereadores:
Vereadores não são dotados de foro por prerrogativa de função, salvo se a constituição estadual
assim o prever.
Competência territorial
Em regra, é determinada pelo local da consumação do delito.
Nos casos de tentativa, a competência será determinada pelo local do último ato de execução.
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar
a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de
execução.
Motivos:
Será mais fácil a colheita de provas.
Política criminal. O julgamento deve ocorrer no local da consumação do delito, para que a
sociedade sinta os efeitos.
Casuística:
A) Crimes formais:
Crime de extorsão. Ligação de presídio. Ligação de São Paulo. Vítima em Santos. Dinheiro em
Curitiba. É o local da consumação, ou seja, Santos, onde se deu o constrangimento,
independentemente da produção do resultado.
B) Crimes plurilocais:
São aqueles em que a conduta e o resultado ocorrem em lugares distintos, porém ambos dentro do
território nacional.
Para a jurisprudência prevalece nesse caso a competência territorial do local da conduta, pouco
importando a regra do artigo 70 do CPP.
Súmula 521 do STF: O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de
estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos,
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Cuidado para não confundir essa hipótese com o delito de estelionato mediante falsificação de
cheque. Não é um cheque sem fundo, está falsificando a cártula. O delito aqui é o do art. 171, caput.
A competência territorial é do local da obtenção da vantagem ilícita.
Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de
domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.
Conexão e continência
São causas modificativas da competência.
Efeitos:
Processo e julgamento único. Simultaneus processus. Celeridade e economia processual.
Um juízo exercerá força atrativa em relação ao outro. Essa força atrativa está regulada pelos artigos
78 e 79 do CPP.
O juízo com força atrativa deve avocar o processo que corra perante os outros juízos, sendo que
avocatória só pode ocorrer enquanto não houver sentença definitiva.
Por sentença definitiva compreende-se a decisão de primeira instância.
Súmula 235 do STJ: A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles
já foi julgado.
Espécies de conexão:
A) Conexão intersubjetiva:
Obrigatoriamente envolve várias pessoas e vários crimes.
A.1) Conexão intersubjetiva por simultaneidade:
Duas ou mais infrações praticadas ao mesmo tempo por diversas pessoas ocasionalmente reunidas.
Ex: caminhão que tomba em estrada, várias pessoas pegam uma caixa.
A.2) Conexão intersubjetiva por concurso:
Duas ou mais infrações cometidas por várias pessoas em concurso, ainda que em tempo e local
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
diversos.
Ex: quadrilha de roubo de cargas.
A.3) Conexão intersubjetiva por reciprocidade:
Duas ou mais infrações cometidas por várias pessoas, umas contra as outras.
Não é o caso da rixa, que é crime único. Aqui são vários crimes.
Ex: brigas de torcidas.
B) Conexão objetiva, lógica ou material:
Quando uma infração for praticada para facilitar, ocultar, assegurar a impunidade ou vantagem em
relação a outro delito.
C) Conexão probatória ou instrumental:
Quando a prova de uma infração influenciar na prova de outra.
Ex: receptação e crime antecedente. Lavagem de capitais e crime antecedente.
Espécies de continência:
A) Continência por cumulação subjetiva
Ocorre quando duas ou mais pessoas são acusadas pela mesma infração penal. Não confundir com a
conexão intersubjetiva por concurso, já que nesta última são vários crimes, na continência apenas
um delito.
B) Continência por cumulação objetiva
Ocorre nas hipóteses de concurso formal de crimes, aberratio ictus (art. 73, erro na execução) e
aberratio criminis (art. 74, resultado diverso do pretendido).
25/04/10
Provas
Análise da teoria geral da prova em virtude da lei 11.690/08.
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares,
não repetíveis e antecipadas.
Parágrafo único.
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Provas não repetíveis: são aquelas que não têm Utilização dos elementos informativos para
como ser novamente coletadas ou produzidas, fundamentar a sentença: não se podem utilizar
em virtude do desaparecimento, destruição ou apenas os elementos informativos para
perecimento da fonte probatória. condenação. Entretanto, os elementos
Sua produção não depende de prévia autorização informativos podem ser utilizados de maneira
judicial, devendo sua realização ser determinada complementar.
pela própria autoridade policial. Portanto, elementos informativos, isoladamente
Em relação a elas, o contraditório também será considerados, não podem servir de fundamento
diferido. (Pode chamar o perito para prestar para uma decisão, sob pena de violação ao
depoimento, assim como pode nomear assistente princípio do contraditório e da ampla defesa. No
técnico) entanto, não devem ser completamente
Exemplo: exame pericial em infração que deixa desprezados, podendo se somar à prova
vestígios. produzida em juízo como mais um elemento na
formação da convicção do juiz. STF: RE AgR
425.734 e RE 287.658.
CF. Art. 93, IX. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei
limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou
somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;
CPP. Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova
produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Art. 197 do CPP. O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para
outros elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com
as demais provas do processo, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade
ou concordância.
Deve o magistrado valorar todas as provas produzidas no processo, mesmo que para afastá-las.
Quanto ao estado das pessoas não vigora tal liberdade probatória, estando a prova submetida às
restrições estabelecidas na lei civil.
Exemplo: como provar a idade da vítima menor de 14 anos em hipótese de estupro de vulnerável?
Certidão de nascimento.
Súmula 74 do STJ.
Já a morte do acusado é comprovada mediante certidão de óbito, nos termos do artigo 62 do CPP.
Comprovada a falsidade desta, o acusado pode ser novamente processado, tendo em vista a
absolvição baseada em ato inexistente.
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
juiz de ofício:
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas
consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e
proporcionalidade da medida;
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de
diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.
Ônus da Prova
Conceito: é o encargo que as partes têm de provar pelos meios legalmente admissíveis a veracidade
das afirmações por elas formuladas ao longo do processo, resultando de sua inatividade uma
situação de desvantagem perante o direito.
Não confundir ônus com obrigação. Se não quiser usar, estará em desvantagem, mas não é obrigado
a tanto.
Espécies de ônus:
A) Ônus da prova perfeito: ocorre quando o prejuízo, que é o resultado de seu descumprimento,
ocorre necessária e inevitavelmente. Se não cumpre o que lhe foi posto, inevitavelmente sofrerá o
prejuízo. Ex: faculdade de recorrer de uma decisão. Se não recorrer, inevitavelmente se submeterá
às consequências da decisão não impugnada.
B) Ônus da prova menos perfeito: ocorre quando os prejuízos que derivam de seu descumprimento
se produzem de acordo com a avaliação judicial. Quer dizer que, na verdade, por mais que não
tenha praticado a prova, não necessariamente sofrerá o prejuízo.
No processo penal, o ônus probatório deve ser considerado menos perfeito, pois mesmo que a parte
não tenha provado a veracidade das afirmações por ela feitas, isso não significa dizer que vai sofrer
inevitavelmente um prejuízo, diante da possibilidade da prova produzida de ofício pelo juiz e da
regra da comunhão da prova.
C) Ônus da prova imperfeito: jamais vai haver qualquer prejuízo. Logo, não se trata
verdadeiramente de ônus, sendo apenas uma faculdade.
D) Ônus da prova objetivo: funciona como regra de julgamento destinada ao juiz acerca do
conteúdo da sentença que deve proferir caso não tenha sido provada a verdade de uma afirmação
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
feita no processo. O destinatário é o juiz. Como o juiz não pode se abster de julgar o caso ( non
liquet = o juiz não julga, pois não sabe como decidir), se ao final do processo ele estiver na dúvida,
utiliza o ônus objetivo.
E) Ônus da prova subjetivo: deve ser compreendido como o encargo que recai sobre as partes de
buscar as fontes de prova capazes de comprovar suas afirmações, introduzindo-as no processo
através dos meios de prova legalmente admissíveis.
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Qual é o grau de convencimento que deve produzir no juiz como acusação ou defesa?
Art. 386,VI CPP.
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde
que reconheça:
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts.
20, 21, 22, 23, 26 e §1º do art. 28, todos do código penal), ou mesmo se houver
fundada dúvida sobre a sua existência.
A acusação tem o ônus de provar os fatos delituosos além de qualquer dúvida razoável, produzindo
no magistrado um juízo de certeza. A defesa tem o ônus de gerar apenas uma fundada dúvida sobre
causas excludentes da ilicitude, da culpabilidade ou da punibilidade.
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao
juiz de ofício:
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas
consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e
proporcionalidade da medida;
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença , a realização
de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Extrema concentração de poderes nas mãos do É adotado pela Constituição Federal. Art. 129, I.
julgador.
Não há separação das funções de acusar, Separação das funções de acusar, defender e
defender e julgar. Todas estas funções estão julgar.
concentradas nas mãos de uma só pessoa. Juiz
inquisidor.
Atenção para o artigo 3º da lei 9.034/95. Qual é o papel do juiz, quanto à iniciativa
Permitia que o magistrado atuasse de ofício na probatória?
fase investigatória, quando houvesse a
necessidade de quebra do sigilo de dados Ao magistrado se defere a possibilidade de
bancários, fiscais, eleitorais e financeiros. determinar de ofício a produção de provas,
ADI 1.570. durante o curso do processo penal, devendo
O STF Declarou a inconstitucionalidade no que fazê-lo de modo complementar, subsidiário.
se refere aos dados fiscais e eleitorais.
Quanto aos sigilos bancário e financeiro, o O inciso II tem sido considerado válido pela
artigo 3º teria sido revogado pela LC 105/01. doutrina, desde que ocorra no curso do processo,
Porém, quanto aos sigilos fiscal e eleitoral, o de maneira complementar.
STF declarou a inconstitucionalidade do artigo
3º, em virtude da violação ao princípio da Vide exemplo do artigo 212 do CPP.
imparcialidade e do devido processo legal. As perguntas serão formuladas pelas partes
diretamente à testemunha (sistema do cross
Para a doutrina, o artigo 156, I padece do examination), não admitindo o juiz aquelas que
mesmo vício de inconstitucionalidade do artigo puderem induzir a resposta, não tiverem relação
3º da lei 9.034/95. com a causa ou importarem na repetição de
outra já respondida.
Parágrafo único. Sobre os pontos não
esclarecidos, o juiz poderá complementar a
inquirição.
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Prova ilegal
Art. 5º, LVI.
Inadmissíveis no processo, as provas obtidas por meios ilícitos.
Teoria das nulidades: como houve violação de norma processual, a prova está sujeita ao
reconhecimento de sua nulidade e decretação de sua ineficácia no processo.
Atenção para o conceito de provas ilícitas do artigo 157 caput. Lei 11.690/08.
Há duas correntes:
A) LFG: como o artigo 157 não faz qualquer distinção quanto à natureza da norma legal, doravante
será considerada ilícita tanto a prova que viole disposições materiais quanto processuais. Assim, não
haveria mais prova ilegítima, sendo todas ilícitas.
B) Ada, Antônio Magalhães Gomes Filho e Denilson Feitosa: quando o caput do artigo 157 faz
menção às normas legais, deve ser feita uma interpretação restritiva, entendendo-se que o
dispositivo refere-se única e exclusivamente às normas de direito material, mantendo-se quanto às
provas ilegítimas o regime jurídico da teoria das nulidades, ou seja, continua havendo distinção
entre prova ilícita e ilegítima.
07/05/10
Prova ilícita por derivação:
São os meios probatórios que não obstante produzidos validamente em momento posterior,
encontram-se afetados pelo vício da ilicitude originária, que a eles se transmite, contaminando-os
por efeito de repercussão causal.
Art. 5º, LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas
puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras.
§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas
puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras.
Cuidado:
102
Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
A doutrina está dizendo que apesar de a lei colocar aqui a expressão “fonte independente”, este
parágrafo se refere à outra teoria e não à fonte independente.
c) Teoria da limitação da mancha purgada (purged taint, tinta diluída, mancha purgada, nexo causal
atenuado).
Também surge no direito norte-americano. Origem no caso Wong Sun v. U.S. (1963).
Conceito: de acordo com essa teoria, não se aplica a teoria da prova ilícita por derivação se a
relação entre a ilegalidade entre a prova primária e secundária for atenuada em virtude do decurso
do tempo, de circunstâncias supervenientes na cadeia probatória, ou da vontade de um dos
envolvidos em colaborar com a persecução criminal.
Não há julgados do STF e STJ adotando esta teoria. Não há precedentes no Brasil.
Para a doutrina, esta teoria foi adotada pelo art. 157, § 1º.
§1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas (PROVA ILÍCITA POR
DERIVAÇÃO), salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras (TEORIA
DO NEXO CAUSAL ATENUADO), ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte
independente das primeiras (TEORIA DA FONTE INDEPENDENTE).
Essa teoria deve ser utilizada nos casos em que, no cumprimento de uma diligência relativa a um
delito, a autoridade policial, casualmente, encontra provas pertinentes a outra infração penal, que
não estava na linha de desdobramento da investigação.
Se restou caracterizado desvio de finalidade no cumprimento da diligência, a prova não deve ser
considerada válida. Se não houve desvio de finalidade, a prova será lícita.
Exemplos:
*No Brasil, a interceptação telefônica só pode ser autorizada para crimes punidos com reclusão. No
entanto, se no curso de interceptação regularmente autorizada forem descobertos elementos
probatórios relacionados a outros delitos e ou outros indivíduos, esses elementos podem ser
utilizados validamente para dar início a novas investigações. STF – HC 83.515.
* Mandados de busca e apreensão em escritórios de advocacia: o mandado deve ser específico e
pormenorizado, a ser cumprido na presença de representante da OAB, sendo vedada a utilização de
documentos pertencentes a clientes do advogado investigado, salvo se tais clientes também
estiverem sendo investigados como partícipes ou coautores. Há previsão expressa na lei 8.906/04
(Estatuto da Advocacia).
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
deve ser inutilizada (não deve ficar arquivada na secretaria, deve ser destruída).
Hipóteses em que a prova ilícita, apesar de desentranhada, não deve ser destruída:
Quando essa prova ilícita pertencer licitamente a alguém;
Quando essa prova ilícita constituir-se em corpo de delito em relação a quem praticou o crime para
obtê-la.
Descontaminação do julgado:
Estava prevista no artigo 157, §4º do CPP “o juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada
inadmissível não poderá proferir a sentença ou o acórdão”.
Esse parágrafo foi vetado pelo Presidente da República.
Qual a diferença entre fonte de prova, meios de prova e meios de obtenção de prova?
Fonte de prova:
São as pessoas ou coisas das quais se consegue a prova. Derivam do fato delituoso em si,
independentemente da existência do processo, sendo que sua introdução no processo se dá através
dos meios de prova.
Meios de prova:
São os instrumentos por meio dos quais as fontes de prova são levadas ao processo. Dizem respeito
a uma atividade endo-processual que se desenvolve perante o juiz, com o conhecimento das partes.
Indícios
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Pode-se condenar com base em indícios, lembrar dos Nardoni. Ninguém o viu atirando a menina
pela janela. Portanto, é perfeitamente possível uma condenação com base em indícios, desde que
eles sejam plurais, relacionados entre si e incriminadores.
Exemplo:
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública,
da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a
aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime (quanto à
existência do crime deve haver um juízo de certeza, deve ter certeza da existência do
crime) e indício suficiente de autoria.(basta ter indícios da autoria, não é necessário
ter certeza).
Objeto da prova
Alguns doutrinadores entendem que são os fatos que devem ser provadas.
Entretanto, os fatos jamais são provados. O que se prova são as afirmações feitas sobre os fatos.
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Conceito:
Objeto da prova é a verdade ou falsidade de uma afirmação sobre um fato que interessa à solução
do processo.
Prova emprestada:
Consiste na utilização em um processo de prova que foi produzida em outro, sendo que o transporte
da prova se dá pela forma documental.
Quando ela é trazida para o novo processo, preserva o mesmo valor do processo anterior. Ex:
depoimento de uma testemunha.
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Embora seja trazida ao segundo processo pela forma documental, a prova emprestada tem o mesmo
valor da prova originalmente produzida.
Deve observar o contraditório em ambos os processos.
De acordo com a doutrina, a utilização da prova emprestada só é possível se aquele contra quem ela
for utilizada tiver participado do processo onde essa prova foi produzida, observando-se o
contraditório e a ampla defesa em relação à mesma pessoa.
Para a doutrina, não se pode falar em prova emprestada de elementos produzidos no inquérito
policial, pois não há contraditório. O STF possui julgados que aceitam a utilização de provas
empresadas, oriundas de inquérito (RE 328.138).
Os elementos obtidos numa interceptação telefônica podem ser usados em processo cível?
Uma vez autorizada no processo penal, pode ser utilizada em processo de natureza cível ou
administrativo. (STF – PET 3.683).
12.05.10
Prova nominada: é aquela que se encontra prevista em lei, ou seja, existe a previsão desse meio de
prova no CPP ou em legislação especial (quebra de sigilo bancário, lei complementar 105/01).
Prova inominada: é aquela cujo nomen iuris não esta previsto na lei. Princípio da liberdade
probatória ou principio da taxatividade das provas? Adota-se o princípio da liberdade probatória, no
processo penal. Portanto, podem ser utilizados quaisquer meios de prova, ainda que não
especificados na lei, desde que não sejam ilícitos e nem imorais.
Prova típica: é uma prova que tem procedimento probatório previsto em lei. Art. 226 CPP.
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o reconhecimento, por
efeito de intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da pessoa que
deve ser reconhecida, a autoridade providenciará para que esta não veja aquela;
O próprio código já diz como a prova deve ser produzida. Portanto, o reconhecimento é um meio de
prova típico.
Prova atípica: é aquela que não tem um procedimento probatório previsto em lei.
Ex: a reconstituição do fato delituoso esta prevista na lei, mas a lei não diz como ela deve ser feita.
Portanto, é nominada, mas atípica.
Prova irritual: é aquela colhida sem a observância do modelo previsto em lei. Trata-se de prova
ilegítima, devendo ser reconhecida a sua nulidade.
Prova anômala: é aquela utilizada para fins diversos daqueles que lhes são próprios, com
características de outra prova típica, ou seja, existe meio de prova legalmente previsto para a
colheita da prova. Porém, deixa-se de lado esse meio de prova para se valer de outro.
Ex: ao invés de expedir carta precatória, o juiz chama o oficial de justiça, que liga para a
testemunha e conversa com esta, lavrando, após, certidão da conversa. O juiz, alegando a fé publica
do oficial de justiça, substitui o depoimento da testemunha pela declaração feita pelo oficial.
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Testemunha:
Se se trata de uma testemunha, seu conhecimento deve vir aos autos através de um depoimento
prestado em juízo e não através de uma mera certidão juntada aos autos, sob pena de violação aos
princípios do contraditório e da ampla defesa.
A CF usa a seguinte expressão: ninguém será considerado culpado, até o trânsito em julgado de
sentença penal condenatória.
A Convenção, por sua vez, prevê o seguinte: presume a sua inocência, enquanto não se comprove
legalmente a sua culpa (fazendo-se uma interpretação sistemática da convenção, como todo acusado
tem direito ao duplo grau de jurisdição, a presunção de inocência prevalece até que exista o
julgamento de uma apelação por tribunal de segundo grau).
1 – Regra probatória: para que alguém possa ser condenado, a parte acusatória tem o ônus de
comprovar a pratica do fato delituoso, produzindo no magistrado um juízo de certeza, sendo que no
caso de duvida, deve absolver o acusado com base no in dubio pro reo.
Exemplos:
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Art. 386 CPP. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva,
desde que reconheça:
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts.
20, 21, 22, 23, 26 e § 1 o do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver
fundada dúvida sobre sua existência;
2 – Regra de tratamento: a regra é que o acusado responda ao processo penal em liberdade, sendo
que sua prisão só pode ser declarada antes do trânsito em julgado se houver necessidade para
assegurar a eficácia do processo.
Art. 637 CPP. O recurso extraordinário não tem efeito suspensivo, e uma vez
arrazoados pelo recorrido os autos do traslado, os originais baixarão à primeira
instância, para a execução da sentença.
Ano passado, ao julgar o HC 84.078, o STF entendeu que o princípio da não culpabilidade vai até o
transito em julgado.
Durante anos, como os recursos extraordinários não são dotados de efeito suspensivo (Art. 637 CPP
e art. 27 §2º da lei 8.038/90), tinha-se como efeito de um acórdão condenatório de tribunal de
segundo grau a expedição de mandado de prisão (execução provisória da pena). A partir do HC
84.078 esse entendimento foi modificado, portanto, enquanto não houver o trânsito em julgado
de sentença penal condenatória, o acusado não poderá ser recolhido à prisão, salvo se
presentes uma das hipóteses que autorizam a prisão preventiva.
Preso cautelarmente tem direito aos benefícios prisionais, como o livramento condicional,
progressão de regimes?
STF
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
O in dubio pro reo somente incide até o trânsito em julgado de sentença condenatória. Portanto, na
revisão criminal que pressupõe o trânsito em julgado de sentença penal condenatória ou absolutória
imprópria, não se aplica o in dubio pro reo, mas sim o in dubio contra reum.
Durante muito tempo houve distinção entre verdade formal e verdade real.
Alguns manuais ainda insistem na verdade real no processo penal, pela qual o juiz poderia ir atrás
da prova. Deu margem a muitos absurdos, pois tudo era justificado com base nessa verdade
(torturava-se para buscar a verdade real, por exemplo).
Entretanto, a verdade real jamais existirá no processo, já que não se atingirá a verdade absoluta.
Busca-se a máxima reconstrução. Por isso, atualmente usa-se a expressão verdade processual.
Hoje em dia, a melhor doutrina já não usa mais essa expressão (verdade real) no processo penal. O
ideal é usar a expressão princípio da busca da verdade pelo juiz.
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao
juiz de ofício:
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Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não
admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a
causa ou importarem na repetição de outra já respondida.
Princípio da proporcionalidade
Art. 198 CPP. O silêncio do acusado não importara confissão, mas poderá constituir
elemento para a formação do convencimento do juiz.
Lei 11.689/08.
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
O direito ao silêncio não pode ser usado como argumento para convencer os jurados.
Antes dessa lei, se o crime fosse inafiançável, a presença do acusado no júri era obrigatória. Com a
lei 11.689/08, independentemente da natureza do delito, o julgamento poderá ser realizado sem a
presença do acusado.
Dever de Informação
Há um dever de informação quanto ao direito ao silêncio.
Para o STF, se o acusado não foi prévia e formalmente advertido quanto ao direito ao silêncio,
eventual confissão deve ser considerada prova ilícita (HC 80.949).
* No reconhecimento não se exige qualquer comportamento ativo do acusado (ele fica parado, não
precisa fazer nada). Portanto, não está acobertado pelo princípio da não auto-incriminação.
3 – Direito de não produzir qualquer prova incriminadora que envolva o corpo humano do suspeito.
Deve-se diferenciar prova invasiva de prova não invasiva.
Prova invasiva: é aquela que envolve o corpo humano e implica na utilização ou extração de alguma
parte dele. Ex: exame de urina; exame de sangue; bafômetro. Estas provas estão protegidas pelo
princípio da não auto-incriminação, então, dependem do consentimento do acusado.
Uma coisa é a produção forçada de prova invasiva, o que não se admite. Outra coisa é a produção
voluntária ou involuntária de prova pelo acusado, descartando-a no lixo ou no meio da rua.
(Reclamação 2.040 – Gloria Trevi – admitiu-se o uso da placenta, já que esta seria descartada).
Prova não invasiva: consiste numa inspeção ou verificação corporal, não implicando na extração de
nenhuma parte do corpo humano.
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
13/05
Interrogatório Judicial do Acusado
Conceito: é o ato processual por meio do qual o juiz ouve o acusado sobre sua pessoa e sobre a
imputação que lhe é feita.
Natureza jurídica: durante muitos anos, o interrogatório foi considerado um meio de prova, até
mesmo pela sua localização no CPP. Hoje, a maioria da doutrina entende que o interrogatório
funciona como um meio de defesa (assim também tem entendido o STF).
Cuidado, pois ainda há doutrinadores que adotam posição mista (meio de defesa e meio de prova).
Princípio da ampla defesa: a ampla defesa está prevista na CF e subdividi-se em defesa técnica
(patrocinada por advogado, defensor) e auto-defesa (feita pelo próprio acusado). O direito de
constituir o advogado pertence ao acusado.
Quando o advogado constituído abandona o processo, o juiz, antes da nomeação da defensoria
pública, deve intimar pessoalmente o acusado, para que seja preservado o seu direito de constituir
novo advogado.
Caso as teses defensivas sejam colidentes, os acusados não podem ser defendidos pelo mesmo
advogado.
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Auto-defesa:
Ao contrário da defesa técnica, é renunciável, mas o seu advogado estará patrocinando seu
interesse.
A auto-defesa possui três desdobramentos:
1 – Direito de audiência: é o direito que o acusado tem de ser ouvido pelo juiz, apresentando sua
versão sobre os fatos. Concretiza-se por meio do interrogatório. O juiz deve assegurar ao acusado o
interrogatório, mas o acusado não é obrigado a comparecer (trata-se de um ato facultativo para o
acusado e obrigatório para o juiz).
2 – Direito de presença: é o direito que o acusado tem de acompanhar os atos da instrução
processual ao lado de seu defensor. O fato de o acusado estar longe do local da audiência inviabiliza
o direito de presença? O STF já disse mais de uma vez que problemas estruturais (distância, escolta)
do estado não podem privar o acusado do seu direito de presença. Agora, esse direito de presença
não mais é compreendido como presença física. Há, portanto, a presença direta (o acusado está
fisicamente presente) e a presença remota (presença virtual, videoconferência).
Imagine que em 10.05.08 foi realizado o primeiro interrogatório. No dia 22.08.08 entrou em vigor a
lei 11.719, alterando o procedimento. No dia 10.10.08 estava marcado para ouvir as testemunhas.
Portanto, após a oitiva das testemunhas, o juiz deve realizar novo interrogatório do acusado
(Antonio Magalhães Gomes Filho).
Cuidado com alguns procedimentos especiais, onde o interrogatório continua sendo o primeiro ato
da instrução.
Exemplos: lei de drogas; código de processo penal militar; competência originaria dos tribunais.
Pela leitura do art. 260 do CPP, seria possível. Entretanto, se o acusado, pela CF, tem o direito ao
silêncio, não faz muito sentido essa condução coercitiva.
Portanto, em relação ao interrrogatório, a condução coercitiva não é possível, tendo em vista
que o interrogatório está protegido pelo direito ao silêncio. Porém, o reconhecimento não está
protegido pelo princípio da não auto-incriminação, sendo, aqui, possível a condução coercitiva.
O interrogatório deve ser realizado perante o juízo da causa, ao final da audiência una de instrução e
julgamento.
Apesar da adoção do princípio da identidade física do juiz pelo CPP, ele não pode prevalecer sobre
a ampla defesa, prevista na CF.
Portanto, o princípio da identidade física do juiz não impede a expedição de cartas precatórias, sob
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Características do interrogatório:
- O interrogatório é um ato personalíssimo. Em se tratando de pessoa jurídica, o seu representante
legal será interrogado.
- É um ato contraditório. Antes da lei 10.792/03 não era obrigatória a presença das partes, era,
portanto, um ato privativo do juiz, no qual não se admitia a intervenção das partes. A partir de 2003,
o interrogatório passou a se submeter ao contraditório.
No interrogatório quem faz as perguntas primeiro é o juiz (sistema presidencialista); no depoimento
de testemunhas, quem pergunta primeiro são as partes (sistema do cross examination).
Primeiro o MP, depois a defesa.
Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes se restou
algum fato para ser esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o
entender pertinente e relevante.
Se tiver dois acusados, com dois advogados distintos, todos têm o direito de fazer perguntas.
Portanto, havendo dois ou mais acusados, o interrogatório deve ser feito separadamente. Porém, de
acordo com o STF, deve-se assegurar a qualquer um dos advogados o direito de formular perguntas
aos demais co-réus, desde que assim o requeiram em audiência. (STF – HC 94.016 e HC 90.830).
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
- É um ato bi-fasico. Num primeiro momento, o juiz faz o interrogatório sobre a pessoa do acusado.
Depois deve versar também sobre a imputação feita ao acusado, ou seja, os fatos delituosos.
- É um ato realizável a qualquer momento, antes do trânsito em julgado. Art. 196 CPP. Art. 616
CPP.
Art. 196. A todo tempo o juiz poderá proceder a novo interrogatório de ofício ou a
pedido fundamentado de qualquer das partes.
Nomeação de curador:
Menor de 21 anos. Não precisa mais nomear curador, tendo em vista a aquisição da capacidade aos
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18 anos.
Deve-se nomear curador para os índios e inimputáveis.
Art. 149. Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz
ordenará, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do
curador, do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este
submetido a exame médico-legal.
Histórico:
Lei 11.900/09
Esta diretamente ligada à lei paulista 11.819, de 2005.
A Quinta Turma do STJ, no HC 76.046 concluiu que não havia qualquer nulidade.
Logo após, veio uma decisão em sentido contrário, proferida pela Segunda Turma do STF, que
reconheceu a nulidade, no HC 88.914 (o juiz não motivou o interrogatório; não havia lei federal o
que viola o devido processo legal; em termos de garantia, o virtual não é a mesma coisa que o real,
não se podendo justiçar a videoconferência por razões de celeridade, economia, segurança).
Em 2009, o plenário do STF reconheceu a inconstitucionalidade formal da lei paulista, já que
somente a União pode legislar sobre direito processual. (HC 90.900, publicado no dia 22.10.09).
Finalidades:
A videoconferência pode ser usada para:
Prevenir risco a segurança pública: quando o acusado integrar organização criminosa ou quando
exista possibilidade de fuga durante o deslocamento.
Para viabilizar a participação do acusado no ato processual quando houver dificuldade para seu
comparecimento em juízo. Ex: enfermidade; grandes deslocamentos.
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Direito de Defesa:
Intimação com 10 dias de antecedência.
Presença de 02 advogados, um no presídio, ao lado do acusado e outro na sala de audiências no
fórum.
Entrevista prévia do acusado com seus defensores.
Presença remota do acusado, que pode acompanhar os atos da instrução através da
videoconferência.
O delegado não pode determinar o exame de insanidade mental, que só pode ser determinado pelo
juiz.
O laudo pericial, em regra, não é uma condição de procedibilidade, ou seja, o laudo pericial não é
indispensável para o início do processo. Portanto, o laudo pericial pode ser juntado durante o curso
do processo, porem com pelo menos 10 dias de antecedência da audiência una de instrução e
julgamento.
Há exceções a essa regra, ou seja, tem duas situações em que o laudo pericial funciona como
verdadeira condição de procedibilidade (o laudo pericial é necessário para o oferecimento da
denúncia). Drogas e crimes contra a propriedade material. Art. 525 CPP.
Art. 167 CPP. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
2 – Trata-se de um exame pericial feito por peritos após a colheita dos depoimentos ou da análise
dos documentos.
Peritos:
Peritos oficiais: a lei exige apenas 01 perito. Em se tratando de perícia complexa, pode haver a
nomeação de mais de um perito oficial.
Peritos não oficiais: a lei exige 02 peritos.
Em ambos os casos o perito deve ser portador de diploma de curso superior, sendo que no caso do
não oficial, ele deve prestar compromisso.
Para fins de direito penal, ambos são considerados funcionários públicos. Art. 327 CPP. Caso façam
afirmação falsa podem responder pelo crime de falsa perícia, previsto no artigo 342 CP.
Assistente técnico:
O perito é um auxiliar do juiz. O assistente técnico é um auxiliar das partes (atuação parcial).
O assistente só pode atuar durante o curso do processo.
Para fins penais, não é considerado funcionário público.
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Não responde pelo crime de falsa perícia, que só pode ser praticado pelo perito.
01.06.10
PRISÃO
Prisão Penal: é aquela que resulta de sentença penal condenatória com trânsito em julgado que
impôs o cumprimento de pena privativa de liberdade.
Prisão extrapenal:
1 – Prisão civil: a CF autoriza a prisão civil do devedor de alimentos e também prevê a prisão civil
do depositário infiel. Este dispositivo não é autoaplicável, dependendo, portanto, de previsão infra-
constitucional.
A Convenção Americana de Direitos Humanos proíbe a prisão por dívidas, com exceção do devedor
de alimentos.
Em 2008 o STF entendeu que a CADH tem status supralegal, produzindo um efeito paralisante em
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Antiga lei de falências – DL7661, em seu artigo 35 previa a prisão administrativa do falido. A
jurisprudência sempre entendeu que tal dispositivo não foi recepcionado pela CF.
Súmula 280 do STJ: O art. 35 do Decreto-Lei n° 7.661, de 1945, que estabelece a prisão
administrativa, foi revogado pelos incisos LXI e LXVII do art. 5° da Constituição Federal de 1988.
Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações:
VII. eterminará as diligências necessárias para salvaguardar os interesses das
partes envolvidas, podendo ordenar a prisão preventiva do falido ou de seus
administradores quando requerida com fundamento em provas da prática de crime
definido nesta Lei;
Há doutrinadores que entendem que essa prisão não é válida, por ser decretada por juiz falimentar.
Essa prisão até seria considerada válida, se decretada por um juiz criminal.
Duas correntes:
A primeira, majoritária, entende que é perfeitamente possível que a prisão preventiva seja
decretada pelo juiz da falência, pois é ele a autoridade competente para tanto.
A segunda corrente, sustentada por Paulo Rangel sustenta que essa prisão preventiva não pode ser
decretada pelo juiz falimentar, sob pena de violação ao artigo 5º, LXVII da CF, o que, no entanto,
não impede sua decretação por um juízo criminal.
2 – Prisão Administrativa: prisão que visa compelir alguém a cumprir um dever de direito público.
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No estado de defesa e no estado de sítio, autoridades não judiciárias podem decretar prisões.
Primeira corrente: ainda é possível falar-se em prisão administrativa desde que seja decretada por
uma autoridade judiciária.
Segunda corrente: não é possível falar-se em prisão administrativa diante da CF/88, pois tal prisão
necessariamente é decretada por uma autoridade judiciária. (Majoritária).
Ex: Estatuto do estrangeiro. Lei 6.815. Prisão do estrangeiro para fins de extradição, deportação e
expulsão.
Para fins de extradição, quem decreta a prisão é o ministro relator no STF.
Prisão para fins de deportação é decretada por um juiz federal.
Para fins de expulsão, quem decreta a prisão é o ministro relator no STF.
3 – Prisão disciplinar:
- Transgressão disciplinar.
- Crime propriamente militar.
Essa prisão disciplinar independe de prévia autorização judicial.
O prazo máximo previsto no Estatuto dos Militares é de 30 dias.
A prisão disciplinar visa à preservação da hierarquia e da disciplina.
Prisão Cautelar:
É aquela decretada antes do trânsito em julgado de sentença penal condenatória com o objetivo de
assegurar a eficácia das investigações ou do processo criminal.
Trata-se de medida de natureza excepcional que não pode ser utilizada como cumprimento
antecipado de pena, nem tampouco para dar satisfação à opinião pública ou a mídia.
Prisão ex lege: é aquela imposta por força de lei, de maneira automática e obrigatória,
independentemente da análise de sua necessidade pelo poder judiciário.
Na redação original do CPP havia uma prisão preventiva obrigatória nos crimes com pena de
reclusão igual ou superior a 10 anos. (REVOGADO).
Para parte da doutrina, subsiste a prisão ex lege nos casos em que o legislador veda a concessão de
liberdade provisória àquele que foi preso em flagrante.
Poder geral de cautela é um poder atribuído ao juiz destinado a autorizar a concessão de medidas
cautelares atípicas, sempre que as medidas cautelares típicas não se mostrarem suficientes para
assegurar a eficácia do processo. (Art. 798 do CPC).
Primeira corrente: tratando-se de limitação da liberdade de locomoção, é indispensável expressa
previsão legal, sob pena de ofensa ao princípio da legalidade. Logo, não é possível o poder geral de
cautela no processo penal.
Segunda corrente: de modo a se evitar uma medida mais gravosa (prisão cautelar), e em virtude da
bipolaridade do sistema cautelar do CPP, é possível a aplicação subsidiária do poder geral de cautela
no processo penal. (O STF já tem julgados admitindo essa possibilidade). A medida mais comum
tem sido a retenção de passaporte. STF – HC 94.147.
Art. 283. A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora,
respeitadas as...
Inviolabilidade do domicílio:
Art. 5º, XI.
Com o consentimento do morador, pode entrar de dia ou à noite.
Nos casos de flagrante delito: pode entrar de dia ou à noite. Para Nucci, somente o flagrante próprio
(está cometendo a infração ou acabou de cometer) autoriza o ingresso em domicílio sem autorização
judicial. Para uma segunda corrente, sustentada por Fernando Tourinho Filho, qualquer flagrante
delito autoriza o ingresso em domicílio.
Nos casos de desastre ou para prestar socorro: pode entrar de dia ou à noite.
Quando tiver autorização judicial: somente durante o dia.
Iniciado o cumprimento de um mandado de busca e apreensão durante o dia, nada impede que se
prolongue durante a noite.
Dia é o período compreendido entre o nascer e o por do sol; ou o período compreendido entre 06 e
18 horas.
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Conceito de casa:
Extraído do código penal (art. 150 §4º).
Exemplos do que a doutrina e a jurisprudência consideram como casa:
Quarto ocupado de hotel ou motel;
Quarto de hospital;
Consultório médico ou escritório de advocacia;
Trailler residencial (carro não é casa).
Autoridades tributárias (agentes do fisco) também dependem de autorização judicial para ingressar
em domicílio (STF – HC 82.788).
Órgão público: o local aberto ao público não goza da proteção do domicílio (é o mesmo caso da
mercearia); porém o local não aberto ao público onde alguém exerce a sua profissão é considerado
domicílio (ex: gabinete do juiz).
Código Eleitoral: nenhum eleitor pode ser preso desde 05 dias antes até 48 horas depois das
eleições, salvo em caso de flagrante delito, sentença condenatória por crime inafiançável com
trânsito em julgado ou por desrespeito a salvo conduto (salvo conduto é uma ordem concedida em
um HC preventivo. Já estaria em flagrante delito do crime de desobediência, em razão do
descumprimento de ordem judicial).
Em se tratando de candidatos, esse prazo é de 15 dias antes das eleições.
Prisão especial
Não é uma espécie de prisão cautelar, mas sim uma forma especial de cumprimento de prisão
cautelar. Só se aplica nos casos de prisão cautelar. O direito a prisão especial cessa com o trânsito
em julgado de sentença penal condenatória.
Art. 295 do CPP.
De acordo com a lei 5.256 de 67, deve ser recolhido em local distinto dos demais presos. Na prática,
há em regra, uma delegacia para presos especiais.
Se não houver localidade especifica, o preso será colocado em cela distinta dos demais presos.
Prisão em flagrante
Conceito: é uma medida de auto-defesa da sociedade caracterizada pela privação da liberdade de
locomoção daquele que é surpreendido em situação de flagrância, a ser executada
independentemente de prévia autorização judicial.
Condução coercitiva:
Não se imporá a prisão em flagrante:
Porte de drogas para consumo pessoal. Ao invés de lavrar APF, deve ser lavrado um termo
circunstanciado.
Infrações de menor potencial ofensivo. Ao invés de lavrar APF, deve ser lavrado um termo
circunstanciado.
Código de Trânsito Brasileiro, quando o autor do delito presta socorro.
Lavratura do APF.
Recolhimento à prisão. Até esse exato momento, a prisão em flagrante é um ato administrativo, já
que ainda não houve intervenção do judiciário.
Obs: no caso de usuário de maconha: art. 48, §2º da lei de drogas (tratando-se da conduta
prevista...). Não se imporá prisão em flagrante, devendo o autor ser encaminhado ao juízo
competente.
Comunicação e remessa do APF ao juiz competente: deve ser feita em até 24 horas após a prisão.
Para a doutrina, inicialmente o juiz deve verificar a legalidade da prisão em flagrante, relaxando-a
em caso de ilegalidade; caso a prisão seja legal, deve o magistrado verificar o cabimento da
liberdade provisória com ou sem fiança. Para a jurisprudência, o juiz não é obrigado a analisar de
oficio o cabimento da liberdade provisória.
Caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia do APF deve ser remetida à defensoria
pública: se não há defensoria pública, cópia do APF deve ser remetida a um advogado dativo, a ser
nomeado pelo juiz.
A inobservância das formalidades legais no momento da lavratura do APF torna a prisão ilegal,
devendo ser objeto de relaxamento, o que, no entanto, não impede a decretação da prisão
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão
prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.
CF Art. 86, §3º. Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Essa imunidade abrange Governadores de Estado? Ver o inquérito 650 do STJ no qual foi
decretada a prisão preventiva do Governador do DF. Decidido pelo STJ e confirmado pelo STF.
O STJ e o STF disseram que a imunidade prisional relativa ao Presidente da República é exclusiva
dele como chefe de estado, não podendo ser estendida a Governadores de Estado.
Por se tratar de medida de natureza cautelar, e considerando ainda o suposto envolvimento de
membros da casa legislativa, a decretação da prisão preventiva independe de autorização da câmara
distrital.
STF – HC 102.732.
2 – Imunidade Diplomática: prevista na Convenção de Viena.
Chefes de governo ou de estados estrangeiros, suas respectivas famílias.
Embaixadores e suas famílias.
Funcionários de organizações internacionais em serviço (ONU, OEA).
Só podem responder no país de origem pelo delito praticado no Brasil. Apesar de não poder ser
processada e presa, isso não impede que o delito seja investigado no Brasil e as informações sejam
remetidas ao Estado.
O Cônsul só goza de imunidade em relação aos crimes funcionais.
3 – Senadores, deputados federais, estaduais ou distritais.
CF. Art. 53 § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional
não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os
autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que,
pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.
Art. 27, §1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-
lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade,
imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação
às Forças Armadas.
A imunidade do art. 53, §2º também se estende aos deputados estaduais e distritais. Essa imunidade
não se aplica aos vereadores.
Senadores podem ser presos em qual hipótese? O STF entende que só estão sujeitos a uma
hipótese de prisão cautelar, qual seja o flagrante por crime inafiançável. Portanto, para o supremo,
congressistas só poderão sofrer prisão cautelar numa única hipótese: flagrante de crime
inafiançável. STF – Inquérito 510.
Vale a pena ficar atento ao HC 89.417, que se refere à operação dominó (deflagrada no Estado de
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Rondônia): como eram vários os integrantes da assembléia legislativa no esquema, se a prisão fosse
apreciada por eles, haveria uma desordem. Para o STF e STJ, considerando que praticamente a
totalidade dos membros da Assembléia Legislativa de Rondônia estaria envolvida com a
organização criminosa, não seria possível a aplicação do artigo 53, §2º da CF.
4 – Magistrados e Membros do Ministério Público:
As respectivas leis orgânicas também prevêem as imunidades. Podem ser objeto de prisão
preventiva, prisão temporária e flagrante em crime inafiançável.
As investigações devem ser remetidas à chefia da instituição. No caso do MP, procurador-geral, no
caso de um juiz, ao presidente do respectivo tribunal.
Para a doutrina, no caso de flagrante de crime inafiançável, a captura pode ser efetuada pela
autoridade policial, porém a lavratura do APF deve ser feita pelo Presidente do Tribunal ou pelo
Procurador-Geral.
5 – Advogados:
Por motivo ligado ao exercício da profissão, advogados só poderão ser presos em flagrante de crime
inafiançável, assegurada a presença de representante da OAB. Art. 7º, §3º do Estatuto da OAB.
Espécies de Flagrante:
CPP. Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal; (próprio)
II - acaba de cometê-la;(próprio)
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer
pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;(impróprio)
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que
façam presumir ser ele autor da infração. (presumido)
1 – Flagrante próprio: também conhecido como flagrante perfeito, real ou verdadeiro. Está previsto
nos incisos I e II do artigo 302.
2 – Flagrante impróprio: também conhecido como imperfeito, irreal ou quase flagrante. Está
previsto no inciso III. Possui três requisitos: deve haver uma perseguição; essa perseguição deve ter
início logo após o cometimento do delito; deve haver uma situação que faça presumir a autoria.
A perseguição deve ser ininterrupta (pode durar mais de 24 horas). “Logo após” é o lapso temporal
entre o acionamento da polícia, seu comparecimento ao local e colheita de elementos necessários
para que dê início à perseguição.
De acordo com a jurisprudência, em se tratando de crimes contra menores de idade, a expressão
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
“logo após” deve ser considerada a partir do momento em que o representante legal toma ciência do
fato delituoso. STJ – HC 3.496.
3 – Flagrante presumido: também conhecido como ficto ou assimilado. É aquele previsto no inciso
IV. Ao contrário do inciso anterior, não há necessidade de perseguição, basta que seja encontrado.
Aqui usa a expressão “logo depois” (no inciso III usa a expressão logo após). Portanto, tem
doutrinador que diz que se a lei usou palavras distintas, o significado é diverso. Entretanto, a melhor
posição é a do Professor Pacelli, dizendo que são expressões idênticas.
4 – Flagrante preparado: também conhecido como flagrante provocado, crime de ensaio, delito
putativo por obra do agente provocador.
Requisitos: indução à prática do delito (a pessoa que induz é o agente provocador, que pode ser
tanto o particular quanto uma autoridade policial); adoção de precauções para que o delito não se
consume. Diante disso, há a configuração de um crime impossível, por causa da ineficácia absoluta
do meio (precauções). A doutrina diz que quem praticou o delito nada mais é que o protagonista de
uma cena teatral.
Portanto, a prisão decorrente do flagrante preparado é ilegal, devendo ser relaxada.
Caso o delito se consume, mesmo com todas as precauções, não é caso de crime impossível,
podendo haver a prisão.
Súmula 145 do STF: não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna
impossível a sua consumação.
Na prática, a autoridade policial jamais diz que houve a indução do delito.
5 – Flagrante esperado: a autoridade policial limita-se a aguardar o momento da prática do delito
para efetuar a prisão em flagrante. Aqui não há induzimento ou agente provocador. Portanto, a
prisão é legal.
Venda simulada de droga:
Em relação ao verbo vender, trata-se de flagrante preparado. Porém, como o crime de tráfico de
drogas é um crime de ação múltipla, nada impede que o agente responda pelo delito nas
modalidades de trazer consigo e guardar, desde que a posse da droga seja pré-existente.
6 – Flagrante prorrogado, retardado ou diferido: também conhecido como ação controlada. Consiste
no retardamento da intervenção policial que deve se dar no momento mais oportuno do ponto de
vista da colheita de provas. Ex: casos de aeroportos, em que o cidadão passa no raio x e se visualiza
a posse de drogas. Deixa que o indivíduo siga para que a prisão seja efetuada no momento posterior,
visando descobrir o seu destino.
Essa ação controlada é tratada na lei de drogas (lei 11.343), lei das organizações criminosas (lei
9.034/95), lei de lavagem de capitais (art. 4º, §4º da lei 9.613/98).
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
Na lei das organizações criminosas a ação controlada independe de prévia autorização judicial. Há
quem a chame de ação controlada descontrolada.
STJ - HC 119.205.
7 – Flagrante forjado: também conhecido como flagrante urdido ou maquinado. Ocorre quando a
autoridade policial ou o particular cria provas de um crime inexistente, a fim de legitimar uma
prisão em flagrante. Trata-se de prisão ilegal, devendo o policial responder pelo crime de abuso de
autoridade.
Art. 303 CPP. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito
enquanto não cessar a permanência.
Crimes habituais:
Habitual é o crime que depende de reiteração de determinada conduta. Ex: exercício ilegal da
medicina. Art. 282 do CP.
Posição majoritária entende que não é possível a prisão em flagrante em crimes habituais (Fernando
Capez, Tourinho Filho, Paulo Rangel), pois não seria possível comprovar a reiteração da conduta no
momento da prisão.
Há a posição do Mirabete, segundo a qual é possível a prisão em flagrante, desde que, no momento
da captura, seja comprovada a habitualidade.
Crimes culposos:
Perfeitamente possível, só não se permite a prisão preventiva. Entretanto, por ser culposo,
provavelmente será punido com detenção, quando a autoridade policial pode arbitrar fiança.
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O juiz pode lavrar um APF? De acordo com o CPP, é possível que o juiz lavre um APF quando o
crime for cometido na sua presença e esteja ligado ao exercício de suas funções.
Art. 307. Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou contra esta, no
exercício de suas funções, constarão do auto a narração deste fato, a voz de prisão,
as declarações que fizer o preso e os depoimentos das testemunhas, sendo tudo
assinado pela autoridade, pelo preso e pelas testemunhas e remetido imediatamente
ao juiz a quem couber tomar conhecimento do fato delituoso, se não o for a
autoridade que houver presidido o auto.
Condutor é aquele responsável pela apresentação do preso à autoridade. É sempre o primeiro a ser
ouvido. Não necessariamente precisa ter presenciado a prática do delito.
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
De acordo com o CPP, precisa ainda ouvir duas testemunhas. Para a jurisprudência, se o condutor
presenciou a prática do delito, pode ser ouvido como se fosse uma testemunha.
Se não tiver duas testemunhas que presenciaram a prática do delito, deve buscar duas testemunhas
de apresentação. Chamadas de testemunha fedatária.
Policiais podem funcionar como testemunha.
Interrogatório do preso:
Deve ser assegurado ao preso o direito de ser ouvido.
Deve haver advertência formal e expressa quanto ao direito ao silêncio.
A presença de advogado não é obrigatória.
Para o menor de 21 anos não há necessidade de curador. Porém, a figura do curador não foi abolida.
O curador ainda é importante para os índios não adaptados e presos com perturbações mentais.
Fracionamento do APF:
Lei 11.113/05 que deu nova redação ao artigo 304 do CPP. A partir dessa lei, o APF passou a ser
dividido em partes, deixando de ser uma peça única.
Nota de culpa:
É o documento informativo dos motivos e dos responsáveis pela prisão. Tem amparo no artigo 5º,
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LXIV. Deve ser entregue em até 24 horas após a captura. Se não entregue, a prisão passa a ser
ilegal.
Prisão Preventiva:
Conceito: é uma espécie de prisão cautelar decretada pela autoridade judiciária competente em
qualquer fase das investigações ou do processo criminal, desde que preenchidos os requisitos e
pressupostos dos artigos 312 e 313 do CPP.
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública,
da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a
aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício
suficiente de autoria.
Art. 313. Em qualquer das circunstâncias, previstas no artigo anterior, será admitida
a decretação da prisão preventiva nos crimes dolosos:
I - punidos com reclusão;
II - punidos com detenção, quando se apurar que o indiciado é vadio ou, havendo
dúvida sobre a sua identidade, não fornecer ou não indicar elementos para
esclarecê-la;
III - se o réu tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada
em julgado, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 46 do Código Penal.
IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos
da lei específica, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência.
Pela leitura isolada do art. 311 a prisão preventiva só poderia ser decretada durante o inquérito
policial ou instrução criminal (teoricamente é a fase processual destinada à colheita de provas).
Numa interpretação mais atual, conclui-se que pode ocorrer em qualquer fase da investigação (não
só o inquérito) e do processo (até o transito em julgado da sentença condenatória).
Portanto, a prisão preventiva pode ser decretada durante a fase investigatória (não é indispensável a
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Federica Garita Giordano– Intensivo I – LFG – 2º semestre 2010
existência de inquérito policial) e também pode ser decretada durante o curso do processo.
Exemplo:
Art. 492. Em seguida, o presidente proferirá sentença que:
I – no caso de condenação:
e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra,
se presentes os requisitos da prisão preventiva;
Pode ser decretada mediante representação da autoridade policial. Também pode ser decretada
mediante requerimento do MP ou do querelante. Até aqui não há polêmica. A grande discussão se
refere à decretação de ofício. A prisão preventiva de ofício jamais poderá ser decretada na fase
investigatória, só podendo ser decretada na fase processual.
Na fase investigatória a prisão preventiva não pode ser decretada de ofício, sob pena de violação ao
sistema acusatório (separação das funções) e à imparcialidade do juiz.
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado,
ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz
determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o
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O artigo 366 não criou hipótese de prisão preventiva obrigatória. Na verdade, a decretação da prisão
depende também dos pressupostos do artigo 312.
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública,
da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a
aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício
suficiente de autoria.
Art. 313. Em qualquer das circunstâncias, previstas no artigo anterior, será admitida
a decretação da prisão preventiva nos crimes dolosos:
I - punidos com reclusão;
II - punidos com detenção, quando se apurar que o indiciado é vadio ou, havendo
dúvida sobre a sua identidade, não fornecer ou não indicar elementos para
esclarecê-la;
III - se o réu tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada
em julgado, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 46 do Código Penal.
IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos
da lei específica, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência.
Inciso IV: o descumprimento de uma medida protetiva de urgência não autoriza por si só a
decretação da prisão preventiva, a qual também está condicionada à presença de um dos
pressupostos do artigo 312.
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Já vêm sendo relativizadas pelos próprios tribunais superiores, ou seja, é possível o reconhecimento
do excesso de prazo mesmo após a pronúncia ou a instrução criminal. STJ – RHC 20566.
Recursos:
Contra a decretação da preventiva não há recurso específico, mas será cabível o HC.
Contra o indeferimento da preventiva, caberá RESE.
Contra a revogação da prisão preventiva, cabe RESE. Para a prova do MP: como o RESE não é
dotado de efeito suspensivo, deve o MP impetrar MS para consegui-lo.
Prisão temporária:
Conceito:
Espécie de prisão cautelar decretada pela autoridade judiciária durante a fase investigatória quando
a prisão for indispensável para a obtenção de elementos probatórios quanto à autoria e materialidade
das infrações penais listadas na lei 7.960/89 e também em relação a crimes hediondos e
equiparados, com prazo pré-determinado.
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Origem:
Está prevista na lei 7.960/89, mas a origem desta lei está ligada à MP 111.89. Hoje a CF veda a
edição de medida provisória sobre direito processual penal.
Em relação à constitucionalidade da lei da prisão temporária, há duas correntes:
1) A lei da prisão temporária é dotada de inconstitucionalidade formal em virtude de um vício
de iniciativa.
2) ADI 162. Para o STF, a lei da prisão temporária é perfeitamente constitucional.
A prisão temporária é cabível em relação a todo delito? Ao contrário das outras prisões, é
cabível em relação a um rol taxativo de delitos.
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Cabe prisão temporária no crime de estupro de vulnerável (art. 217-A)? Não consta do rol dos
delitos da lei. Entretanto, além desses crimes, há ainda os crimes hediondos que também permitem a
decretação da prisão temporária (lei 8.072, art. 1º, VI e art. 2º, §4º).
Os delitos são aqueles citados no artigo 1º, III da lei 7.960/89 e os crimes hediondos e equiparados.
Cabe prisão temporária em crimes de ação penal privada? Não. A lei da prisão temporária
(7.960/89) não confere legitimidade ao querelante e não há nenhum crime de ação privada que
comporte prisão temporária (estupro não é mais, já que em regra é ação penal pública condicionada
à representação).
Portanto, em relação aos crimes sujeitos à prisão temporária, todos eles são de ação penal pública.
A mudança veio com o HC 88.420 do STF. O STF reconheceu a previsão do duplo grau de
jurisdição (convenção americana de direitos humanos assegura de maneira expressa o direito ao
duplo grau de jurisdição. Art. 8º, §2º, H).
Portanto, o acusado tem direito ao duplo grau de jurisdição independentemente de seu recolhimento
à prisão.
Atenção para o artigo 595 do CPP: diante da convenção americana de direitos humanos, o artigo
595 também já não é mais considerado válido, apesar de não ter sido expressamente revogado (STF
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– HC 101.244 e HC 84.469).
Liberdade provisória:
Não confundir com livramento condicional.
Está prevista expressamente no art. 5º, LXVI.
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança;
Conceito: é uma medida de contracautela que substitui a prisão em flagrante, desde que o acusado
preencha certos requisitos, ficando o agente submetido ao cumprimento de certas condições.
Só é cabível nos casos de prisão em flagrante. Se foi preso preventivamente, pede-se a revogação da
prisão e não a liberdade provisória.
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prisão temporária.
Se obtém êxito no Também recebe uma A doutrina diz que a
relaxamento, obtém uma liberdade plena, ou seja, é liberdade não é plena, mas
liberdade plena (não fica colocado em liberdade sem sim vinculada, uma vez
submetido ao cumprimento ficar submetido ao que fica submetido ao
de qualquer obrigação). Os cumprimento de certas cumprimento de certas
tribunais, apesar de condições. condições.
determinar o relaxamento,
têm usado o poder geral de
cautela para impor alguma
obrigação.
É cabível em relação a todo É cabível em relação a todo Há dispositivos legais que
e qualquer delito. e qualquer delito. vedam a concessão de
Súmula 697 do STF: A liberdade provisória.
proibição de liberdade
provisória nos processos
por crimes hediondos não
veda o relaxamento da
prisão processual por
excesso de prazo.
Quem tem competência A competência para Quem pode conceder
para determinar o revogar a prisão cautelar liberdade provisória é a
relaxamento da prisão é recai, originariamente, autoridade judiciária e a
apenas a autoridade sobre o órgão jurisdicional autoridade policial (o
judiciária. (Há controvérsia que decretou a prisão delegado pode conceder a
sobre a possibilidade de ser cautelar. Se ele não liberdade provisória com
feito pelo delegado). revogar, transforma-se em fiança, nos crimes punidos
autoridade coatora, aí com detenção ou prisão
pede-se para o tribunal. simples).
Art. 321. Ressalvado o disposto no art. 323, III e IV, o réu livrar-se-á solto,
independentemente de fiança:
I - no caso de infração, a que não for, isolada, cumulativa ou
alternativamente, cominada pena privativa de liberdade; Ex: porte de drogas
para consumo pessoal.
II - quando o máximo da pena privativa de liberdade, isolada, cumulativa ou
alternativamente cominada, não exceder a três meses.
Hoje isso foi muito esvaziado pela lei dos juizados onde não se prende em flagrante o autor de uma
infração de menor potencial ofensivo. Lavra-se um TCO, mas para que este seja lavrado o acusado
precisa assumir o compromisso de comparecer ao juizado.
Quando o acusado livra-se solto não fica submetido a qualquer vinculação. Por isso a doutrina
entende que não é espécie de liberdade provisória (Denilson Feitosa, Pacelli), já que nesta o
indivíduo fica sujeito ao cumprimento de determinadas condições.
Para a doutrina o artigo 310 caput também é aplicável às hipóteses de excludentes da culpabilidade,
salvo em se tratando de inimputável, hipótese em que deve ser mantida a sua internação provisória.
Art. 310. Parágrafo único. Igual procedimento será adotado quando o juiz
verificar, pelo auto de prisão em flagrante, a inocorrência de qualquer das
hipóteses que autorizam a prisão preventiva (arts. 311 e 312).
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Art. 350. Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando ser impossível ao réu
prestá-la, por motivo de pobreza, poderá conceder-lhe a liberdade provisória,
sujeitando-o às obrigações constantes dos arts. 327 e 328. Se o réu infringir, sem
motivo justo, qualquer dessas obrigações ou praticar outra infração penal, será
revogado o benefício.
Parágrafo único. O escrivão intimará o réu das obrigações e sanções previstas
neste artigo.
Fiança é uma garantia prestada pelo acusado ou por terceiro de modo a assegurar o cumprimento de
uma obrigação.
A fiança pode ser concedida desde a prisão em flagrante até o trânsito em julgado de sentença
condenatória. Trata-se de direito subjetivo constitucional do acusado.
Em regra, a fiança deve ser concedida pela autoridade judiciária, mas a própria lei prevê a
possibilidade de o delegado conceder fiança nos casos de crimes punidos com detenção ou prisão
simples.
Infrações inafiançáveis:
Algumas infrações não comportam fiança.
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